Monopol I 10005156
Monopol I 10005156
Monopol I 10005156
Aprovada por:
_____________________________________
Prof. Jorge Nemésio Sousa, M.Sc.
_____________________________________
Eng. José Antonio de Castro.
_____________________________________
Prof. Sergio Sami Hazan, Ph.D.
Dedico esse trabalho em primeiro lugar aos meus pais, Jorge e Roseli, que sempre
priorizaram meu estudo e nunca deixaram me faltar nada. Acima de tudo agradeço aos princípios
éticos que me foram ensinados, que me ajudaram a chegar até aqui e que sempre carregarei comigo.
Agradeço ao meu irmão, Gabriel, pelos momentos divertidos juntos e entender que minhas
‘puxadas de orelha’ existem apenas porque o amo, e quero que ele seja sempre feliz e realizado.
Obrigado a Thaís Barcellos, por ser minha melhor amiga, ser parte da minha vida, e ter me
ajudado nesse projeto com inúmeros conselhos.
Agradeço a prima Natália, o baluarte da família Delgado, por todo seu apoio, desde os
tempos de vestibular, e sempre torcer pelo meu sucesso.
Serei eternamente grato a Jorge Nemésio Sousa, que tornou meu sonho de ser engenheiro
possível. Pelo seu lado humano, quando não hesitou em me ajudar quando mais precisei. Por suas
contribuições de profissional reconhecido na sua área, que esse trabalho tem a honra de contar.
Agradeço a João Norberto do Santos Ribeiro, o co-orientador desse projeto, que me cedeu o
tema, me apresentou ao simulador, e que nunca se negou a me ajudar. Foi mais que um chefe, foi meu
professor e me ensinou muito sobre operação de sistemas de potência.
Agradeço ao Eng. José Antonio de Castro, por ter participado da defesa desse projeto, e ter
contribuído com sua riquíssima experiência profissional, adquirida em anos no setor elétrico.
Agradeço também a todos os amigos que conheci na OMEGA, que sempre colaboraram para
meu crescimento profissional, me oferecendo oportunidade e conhecimento. Em especial agradeço:
Ilton, Welson e Edson, por serem companheiros de trabalho excepcionais, por suas contribuições
para o projeto, e por sua amizade; Francisco de Assis e Gustavo Onofre, pela oportunidade a mim
dada; Vanessa Alves, por ser a primeira pessoa que me recebeu, me ensinou e apoiou; aos
Operadores do COS, pela ajuda de sempre e colaboração nesse trabalho; e a Carlos da Silva Lima,
ser humano de valor inestimável, o qual eu tenho a honra de conhecer, por suas colaborações nesse
trabalho, por sempre compartilhar seus conhecimentos adquiridos em anos no setor elétrico, por me
ensinar sobre a vida, por ser alguém em que me espelho e que não quero nunca decepcionar.
Obrigado aos meus amigos Junior, Nelson, Igor, Sergio, Miguel, Tangi, Thiago, Felipe e Bety,
que compartilharam das melhoras risadas, e foram meu refúgio para as dificuldades acadêmicas.
Obrigado ao amigo Patamon, que sempre estará conosco nos momentos felizes desse grupo.
Obrigado aos companheiros de sofrimento: Alan, Schumacker, Hulk, Biscoito, Jabu, Carol,
Catatau, Lawson e Gustavo. Seria muito mais difícil sem vocês!
Por fim, agradeço aos amigos da ‘Manjuba’: Roberto, Elsa, Eduardo, Camila, Daniele, João,
Lucas, Vinícius, Rocha, Felipe, Flávia, Débora, Andreia e Lia, por estarem comigo na melhor fase da
minha vida, e por sempre me amarem.
ii
Resumo do Projeto Final apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista
Por meio de quilômetros de cabos condutores, a energia gerada nas usinas hidrelétricas
brasileiras chega aos centros de consumo, nas capitais e regiões metropolitanas. No Brasil,
essas linhas de transmissão formam um complexo sistema malhado de características
próprias. Depois de construídas, sua operação é de responsabilidade dos Agentes de
Transmissão, e a figura que executa a operação em tempo real dessas linhas e dos
equipamentos que a ela estão interligados é o Operador de Sistema.
O Operador dispõe de diversas ferramentas computacionais que o auxiliam nas
tomadas de decisão. Uma delas é o simulador de operação, onde ele pode se ambientar com as
intervenções e ocorrências que podem aparecer no cotidiano do Centro de Operação do
Sistema, e até mesmo entender como funciona o relacionamento com as entidades que estão
envolvidas com a tarefa da operação.
Este projeto tem por objetivo apresentar o cenário de operação do sistema de
transmissão através de casos exemplificados em ambiente de simulação. Para que os
exercícios fossem compreendidos, serão abordados os fundamentos e processos necessários
para o entendimento da operação de um sistema de transmissão realizada por um Agente do
Sistema Interligado Nacional.
iii
Índice
Listas de Figuras .......................................................................................................................vii
1 Capítulo 1 ........................................................................................................................... 1
Introdução ................................................................................................................................... 1
2 Capítulo 2 ........................................................................................................................... 7
3 Capítulo 3 ......................................................................................................................... 47
4 Capítulo 4 ......................................................................................................................... 61
v
4.2.1 Contextualização ................................................................................................ 71
5 Capítulo 5 ......................................................................................................................... 96
Conclusões ................................................................................................................................ 96
vi
Listas de Figuras
Figura 2.1: Chegada da LT 500 kV Itacaiúnas - Marabá Circuito Duplo ao pórtico da SE
Itacaiúnas em Marabá-PA ................................................................................................. 8
Figura 2.2: Circuito equivalente de uma carga submetida à aplicação de tensão ...................... 8
Figura 2.3: Circuito equivalente de linha curta .......................................................................... 9
Figura 2.4: Circuito equivalente de linha média....................................................................... 10
Figura 2.5: Circuito equivalente de linha longa ....................................................................... 10
Figura 2.6: Reator de neutro (esquerda) do reator de linha INRE7-02 da LT 500 kV Colinas-
Itacaiúnas......................................................................................................................... 12
Figura 2.7: Uma das fases do banco de capacitores série INCL7-01 associado a LT 500 kV
Colinas - Itacaiúnas ......................................................................................................... 13
Figura 2.8: Curva Ângulo de Carga-Potência em um sistema representado só por reatâncias
[2] .................................................................................................................................... 14
Figura 2.9: Representação esquemática de um transformador monofásico [6] ........................ 15
Figura 2.10: Representação esquemática de um transformador monofásico com derivações no
secundário [6] .................................................................................................................. 16
Figura 2.11: Representação esquemática de um autotransformador monofásico [6] ............... 17
Figura 2.12: Figura representativa de uma unidade monofásica de um autotransformador..... 17
Figura 2.13: Motoventiladores em transformador .................................................................... 19
Figura 2.14: Disjuntor 500 kV INDJ7-08 da SE Itacaiúnas ..................................................... 21
Figura 2.15: Chave Secionadora 500 kV INSD7-15 da SE Itacaiúnas .................................... 23
Figura 2.16: Chave secionadoras com lâmina de terra 500 kV INSL7-02 da SE Itacaiúnas ... 24
Figura 2.17: Diagrama unifilar de uma linha de transmissão com compensação shunt ........... 24
Figura 2.18: TC 500 kV da SE Itacaiúnas ................................................................................ 26
Figura 2.19: Figura representativa do núcleo de um TC com mais de uma enrolamento
secundário [8] .................................................................................................................. 26
Figura 2.20: Figura representativa de um TC do tipo janela [8] .............................................. 27
Figura 2.21: Figura representativa de um DCP - coluna capacitiva em série com um TPI [8] 28
Figura 2.22: DCP de 500 kV da SE Itacaiúnas ........................................................................ 28
Figura 2.23: Para-raios de 500 kV da SE Itacaiúnas ................................................................ 29
Figura 2.24: Pátio da Subestação Itacaiúnas (Marabá-PA) ...................................................... 29
Figura 2.25: Diagrama unifilar do arranjo Barra Principal e Transferência com chave
secionadora seletora de barra .......................................................................................... 30
vii
Figura 2.26: Diagrama unifilar do arranjo Barra Principal e Transferência sem chave
secionadora seletora de barra .......................................................................................... 31
Figura 2.27: Configuração normal de um barramento no arranjo Barra Principal e
Transferência com chave secionadora seletora de barra ................................................. 32
Figura 2.28: Arranjo Barra Principal e Transferência com chave de by-pass fechada e
esquema de proteção em transferência ............................................................................ 32
Figura 2.29: Arranjo Barra Principal e Transferência com disjuntor de interligação (tie) em
utilização, substituindo o disjuntor de barra ................................................................... 33
Figura 2.30: Arranjo Barra Principal e Transferência com disjuntor de interligação (tie) em
utilização, substituindo o disjuntor de barra, com o vão liberado ................................... 33
Figura 2.31: Diagrama unifilar do arranjo Barra Dupla a Disjuntor Duplo ............................. 34
Figura 2.32: Diagrama unifilar do arranjo Barramento em Anel ............................................. 34
Figura 2.33: Diagrama unifilar do arranjo Barramento em Anel Expandido ........................... 35
Figura 2.34: Diagrama unifilar do arranjo Barra Dupla a Disjuntor e Meio ............................ 35
Figura 2.35: Sala de Comando da SE Itacaiúnas ...................................................................... 36
Figura 2.36: Painéis de Proteção e Controle (visão externa) .................................................... 37
Figura 2.37: Painel de Proteção e Controle (visão interna) ...................................................... 37
Figura 2.38: Diagrama unifilar de SAUX - Barramento de Corrente Alternada ...................... 37
Figura 2.39: Diagrama unifilar de SAUX - Barramento de Corrente Contínua ....................... 39
Figura 2.40: Esquema de alimentação do SAUX ..................................................................... 39
Figura 3.1: Diagrama unifilar barramento disjuntor e meio com Agente Acessante ............... 50
Figura 3.2: Hierarquia de Operação do SIN ............................................................................. 51
Figura 4.1: Configuração normal da SE Assis ......................................................................... 62
Figura 4.2: Configuração da SE Assis após ocorrência proposta ............................................. 63
Figura 4.3: Alarmes atuados após ocorrência ........................................................................... 63
Figura 4.4: Seleção de chave a ser aberta por meio do pop-up de comando ............................ 65
Figura 4.5: Abertura da secionadora 4529-352 ........................................................................ 65
Figura 4.6: Configuração da SE ASS após abertura das chaves responsáveis por isolar o
transformador. ................................................................................................................. 66
Figura 4.7: Seleção do disjuntor de barra 4552-53 a fim de complementar o vão da SE ASS 67
Figura 4.8: Configuração após fechamento do disjuntor 4552-53 ........................................... 67
Figura 4.9: Seleção do disjuntor de meio 4552-54 a fim de complementar o vão da SE ASS 68
Figura 4.10: Configuração da SE ASS após complementação do vão ..................................... 68
viii
Figura 4.11: Seleção da ação ‘informar COSR-SE que disjuntor foi manobrado’ .................. 69
Figura 4.12: Informe de conclusão de exercício....................................................................... 70
Figura 4.13: Configuração normal do setor 500 kV da SE IN ................................................. 71
Figura 4.14: Configuração normal do setor 230 kV da SE IN ................................................. 72
Figura 4.15: Seleção da chave secionadora seletora de barra SB6-07 que estava aberta ......... 73
Figura 4.16: Configuração após fechamento da chave SB6-07. Nesse momento esta chave fica
em paralelo com a SB6-08 .............................................................................................. 74
Figura 4.17: Seleção da chave secionadora seletora de barra SB6-08 que estava fechada ...... 74
Figura 4.18: Configuração após abertura da chave SB6-08. Nesse momento a LT que chega
de Carajás está conectada a Barra I. ................................................................................ 75
Figura 4.19: Configuração do setor de 230 kV da SE IN após mudança da conexão do lado de
baixa do autotransformador AT7-02 da Barra II para Barra I. ....................................... 75
Figura 4.20: Ação de passar a lógica de proteção do DJ6-01 para ‘em transferência’ ............ 76
Figura 4.21: Seleção da chave secionadora de by-pass SY6-01 que estava aberta .................. 77
Figura 4.22: Configuração após fechamento da chave SY6-01. Nesse momento o disjuntor
DJ6-01 fica em paralelo com a DB6-01 (tie) .................................................................. 77
Figura 4.23: Seleção do disjuntor DJ6-01 que estava fechado ................................................. 78
Figura 4.24: Abertura do disjuntor DJ6-01 com informe de lógica de proteção transferida .... 78
Figura 4.25: Informe de conclusão de exercício....................................................................... 79
Figura 4.26: Configuração do setor de 230 kV da SE IN após a conclusão das manobras ...... 79
Figura 4.27: Configuração normal das linhas de transmissão e equipamentos pertencentes a
interligação Norte-Nordeste, de propriedade da TAESA, operados pela OMEGA ........ 81
Figura 4.28: Configuração da interligação Norte-Nordeste após ocorrência ........................... 82
Figura 4.29: Alarmes atuados após ocorrência......................................................................... 82
Figura 4.30: Configuração da SE SJI após abertura das chaves 35D4-1 e 35D4-2 que isolam o
disjuntor 15D4................................................................................................................. 83
Figura 4.31: Pop-up de comando para desarme do bloqueio do disjuntor 15D4 ..................... 84
Figura 4.32: Configuração da SE SJI após desarme do bloqueio do disjuntor 15D4 .............. 84
Figura 4.33: Pop-up de comando para desarme do bloqueio da LT SJI-SOB no terminal de
Sobradinho ...................................................................................................................... 85
Figura 4.34: Configuração da SE SOB após desarme do bloqueio da LT SJI-SOB ................ 85
Figura 4.35: Pop-up de comando para desarme do bloqueio da LT SJI-SOB no terminal de
São João do Piauí ............................................................................................................ 86
ix
Figura 4.36: Configuração da SE SJI após desarme do bloqueio da LT SJI-SOB ................... 86
Figura 4.37: Configuração da SE RGV após desarme de todos os bloqueios atuados............. 87
Figura 4.38: Configuração da SE SJI após desarme de todos os bloqueios atuados ................ 87
Figura 4.39: Configuração da SE SOB após desarme de todos os bloqueios atuados ............. 88
Figura 4.40: Disponibilização ao COSR-NE das FT interrompidas por meio de ação verbal . 88
Figura 4.41: Energização da LT SJI-SOB em sentido normal pelo disjuntor 15C2 da SE SOB
......................................................................................................................................... 89
Figura 4.42: Pop-up de comando para fechamento do disjuntor 15C2 da SE SJI afim de ligar a
LT SJI-SOB..................................................................................................................... 89
Figura 4.43: Configuração da SE SJI após normalização da LT SJI-SOB............................... 90
Figura 4.44: Tela de supervisão do BCSX com seu disjuntor de by-pass fechado, curto-
circuitando o banco ......................................................................................................... 90
Figura 4.45: Tela de supervisão do BCSX com seu disjuntor de by-pass aberto, inserindo o
banco em série a LT SJI-SOB ......................................................................................... 91
Figura 4.46: Configuração da SE RGV após normalização da LT RGV-SJI........................... 92
Figura 4.47: Tela de supervisão do BCSZ com seu disjuntor de by-pass aberto, inserindo o
banco em série a LT RGV-SJI ........................................................................................ 92
Figura 4.48: Configuração da SE SJI após normalização da LT RGV-SJI .............................. 93
Figura 4.49: Configuração da SE SOB após normalização da LT RGV-SJI ........................... 93
Figura 4.50: Informe de conclusão de exercício....................................................................... 94
x
Lista de Tabelas
Tabela 2.1: Símbolos literais dos meios de resfriamento e da natureza da sua circulação para
os transformadores (NBR 5356) [11].............................................................................. 18
Tabela 2.2: Ordem em que os símbolos dos meios de resfriamento devem ser usados [11] ... 19
Tabela 3.1: Prazos normais para cadastro de intervenções no SGI [17] .................................. 48
Tabela 3.2: Exemplos de tempos de indisponibilidades ........................................................... 54
Tabela 3.3: Valores de remuneração por mês de um empreendimento .................................... 57
Tabela 3.4: Valores de remuneração por minuto de um empreendimento ............................... 57
Tabela 4.1: Sequência de ações prioritárias a serem tomadas .................................................. 64
xi
1 Capítulo 1
Introdução
É impossível falar de desenvolvimento econômico de um país sem relacionar com seu
desenvolvimento energético. Pode-se afirmar que a curva de demanda do consumo de energia
cresce proporcionalmente ao crescimento da economia. Logo, o estudo, planejamento e
entendimento da questão energética do país se mostram um assunto de grande importância.
Pode-se dizer que o Setor Elétrico Brasileiro (SEB) [4] [13] [15] se divide em três
partes: geração, transmissão e distribuição de energia. Mesmo com a tendência internacional
das fontes de energia renováveis alternativas (eólica, solar, biomassa etc.), o nosso país ainda
mantém predominância hidrotérmica como matriz energética, com prioridade na geração
hidroelétrica. A geração térmica entra como fonte de retaguarda, em caso de períodos de seca,
por exemplo.
Considerando as dimensões de um país continental como o Brasil, surge o desafio de
como essa energia elétrica gerada nas usinas chega ao consumidor. No caso das usinas
hidroelétricas vale ressaltar que como precisam de um grande reservatório para operar, estas
se localizam distantes dos grandes centros urbanos. A solução está em uma das vertentes do
SEB: a transmissão de energia elétrica.
Através de quilômetros de cabos condutores, a energia elétrica gerada nas usinas é
transportada até as proximidades das cidades. Por características técnicas esses cabos
trabalham em níveis altíssimos de tensão, mais comumente entre 138 e 500 kV. Para chegar
ao nível de tensão do consumidor, a energia que vem das transmissoras chega até as
distribuidoras, que trabalham com classe de tensões menores (de 34,5 kV até a tensão do
consumidor, 220 V).
As unidades de geração e a malha de transmissão de energia existentes no SEB
constituem o Sistema Interligado Nacional (SIN). A razão de se optar por um sistema
interligado é em virtude da sazonalidade dos períodos de chuva no país. Enquanto os
reservatórios da região norte e nordeste estão cheios, os da região sul e sudeste estão vazios.
A situação se inverte seis meses depois e é cíclica. Por isso é necessário que a transmissão de
energia não se constitua de um sistema isolado, para que essa sazonalidade seja contornada
através dos fluxos de intercâmbio de energia. O objetivo é que o SIN opere de tal forma que
nos períodos de seca na região norte, o sul exporte energia e que o processo se inverta no
semestre posterior.
1
Além da tentativa de superar o problema da sazonalidade, a vantagem de se ter regiões
do país interligadas é que a exportação de energia se mostra uma ferramenta útil para
exploração dos potenciais energéticos do norte do país. Atualmente o Brasil possui 2/3 de seu
potencial hidrelétrico ainda a ser explorado, e 50% desse valor está justamente na região norte
[7]. As bacias hidrográficas ao sul do país estão praticamente todas saturadas, pois estão com
toda sua capacidade estimada em operação ou em construção. O crescimento ascendente da
demanda de energia aponta que esses potenciais precisam ser explorados para que não haja
déficit energético em um futuro próximo.
O SIN também traz em sua concepção o conceito da confiabilidade. Pode-se pensar
em um sistema interligado como um complexo sistema malhado, aonde em um ponto chega
mais de um caminho. Pensa-se em ‘ponto’ como um centro urbano, um centro de carga, e em
‘caminho’ como uma linha de transmissão. Como o centro de carga é alimentado por mais de
uma linha de transmissão, a ausência de uma delas não interrompe o fornecimento de energia
na região. A exigência de uma boa confiabilidade se estende por todo o SIN, por isso é
adotado por toda sua extensão o critério ‘N-1’, que define que mesmo com a perda de
qualquer elemento do SIN (não só uma linha de transmissão, como um gerador, transformador
etc.) o sistema deve continuar operando sem interrupção de fornecimento de energia, violação
de tensão e/ou de frequência e sem atingir os limites de sobrecarga dos equipamentos e das
instalações.
A gestão do SIN é notoriamente uma atribuição complexa, e o responsável por essa
tarefa é o Operador Nacional do Sistema (ONS). Sob a fiscalização e regulação da Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o ONS realiza a coordenação e controle das
instalações de geração e transmissão de energia do SIN.
Por mais que o ONS possua essa incumbência, ele não é o proprietário dessas
instalações. Os Agentes do Sistema, compostos por empresas públicas e privadas que detém
os ativos de geração e transmissão, são os reais donos desses empreendimentos. Sua função é
construir, operar e manter seus equipamentos de acordo com as normas estabelecidas pelo
ONS. Essas normas e procedimentos são conhecidos como Procedimentos de Rede.
Com participação dos Agentes, o ONS elaborou um conjunto de documentos
normativos, aprovados pela ANEEL, que define os procedimentos e os requisitos necessários
à realização das atividades de planejamento da operação eletroenergética, administração da
transmissão, programação e operação em tempo real no âmbito do SIN.
Os Procedimentos de Rede [14] têm as seguintes funções principais:
2
• Legitimar, garantir e demonstrar a Transparência, Integridade, Equanimidade,
Reprodutibilidade e Excelência da Operação do Sistema Interligado Nacional;
• Estabelecer, com base legal e contratual, as responsabilidades do ONS e dos Agentes
de Operação, no que se referem às atividades, insumos, produtos e prazos dos processos de
operação do sistema elétrico;
• Especificar os requisitos técnicos contratuais exigidos nos Contratos de Prestação de
Serviços de Transmissão - CPST, dos Contratos de Conexão ao Sistema de Transmissão -
CCT e dos Contratos de Uso do Sistema de Transmissão - CUST.
Os Agentes do Sistema que operam no SIN se dividem em dois grupos: Agentes de
Geração e Agentes de Transmissão. O local onde se realiza essa operação é o Centro de
Operação do Sistema (COS). Nele existe um robusto sistema de supervisão e controle, onde é
possível monitorar os parâmetros dos equipamentos e controlá-los através de telecomando. O
indivíduo que trabalha no COS é o Operador de Sistema.
1.1 Tema
Expor os conceitos necessários para se entender o contexto da operação dos
empreendimentos pertencentes a um Agente de Transmissão. Mostrar a importância do seu
conhecimento por parte do Operador de Sistema e apresentar ferramentas para que o Operador
realize um trabalho de excelência no que diz respeito à sua função.
Esse estudo se limitará aos elementos presentes em um sistema de transmissão em
corrente alternada.
1.2 Objetivo
O trabalho se destina a mostrar uma realidade bem próxima da que pode ser observada
dentro do centro de operação do sistema de potência, assim como situações que podem vir a
acontecer no cotidiano da operação em tempo real. Busca-se também explicar a relevância das
consequências sistêmicas oriundas dessas situações. A maneira encontrada para apresentar
estes casos é através de exemplos/exercícios, com auxilio de um software de simulação de
ocorrências no sistema.
3
Para que seja possível entender os casos apresentados, é necessário contextualizar a
operação, seus fundamentos e processos. Realizou-se uma revisão bibliográfica para que essas
premissas fossem apresentadas anteriormente à utilização do simulador.
Com o conteúdo exposto nesse trabalho, espera-se também que os futuros engenheiros
eletricistas se familiarizem com o universo de um sistema de transmissão do SIN.
1.3 Motivação
Este projeto foi motivado pelo intuito de agregar os conceitos mais importantes
existentes em um sistema de transmissão e apresentá-los aos meios profissionais e
acadêmicos, de forma que seja possível conhecer como a operação de um sistema de
transmissão é realizada.
Este material espera aglutinar conhecimentos obtidos em disciplinas de sistemas de
potência e de sistemas industriais, de forma a apresentar como aparecem na prática e sua
aplicação no cotidiano da operação.
Aliado a esses anseios, há a vontade de criar um trabalho reconhecido pelos próprios
Operadores, de modo que seja viável sua utilização como texto de apoio em seu treinamento e
certificação.
1.4 Metodologia
Nesse projeto de graduação, a divisão do estudo se deu em seis etapas. A primeira
consistiu na escolha do tema a ser explorado. Em seguida, definiu-se o objetivo do estudo. A
terceira fase do processo foi a revisão bibliográfica, em que foram reunidos e estudados os
materiais utilizados como fonte para sua realização. Tais fontes são citadas ao final do
trabalho, na seção Referências Bibliográficas. A quarta etapa, a metodologia implementada do
estudo, é apresentada nessa seção. O trabalho que se estende do Capítulo 2 ao 4 consiste na
quinta fase do projeto, a redação e elaboração. Finalmente, no Capítulo 5 é apresentada a
última etapa, a conclusão do estudo desenvolvido.
Antes que se dê início à explicação sobre a metodologia de pesquisa adotada, é
importante esclarecer o que se entende por pesquisa, pois existem várias formas de definição.
O sentido de pesquisar pode ser explicado como um processo sistemático em que se
geram novos conhecimentos ou se corroboram conhecimentos pré-existentes. Nessa busca
emprega-se o conhecimento próprio, bem como métodos científicos.
4
Uma pesquisa pode, ainda, ser classificada de acordo com vários critérios. Entre as
formas mais comuns de classificação, pode-se mencionar quanto à natureza, aos objetivos, à
finalidade e aos meios.
Segundo SILVA E MENEZES (apud SAMPAIO, 2008), quanto à natureza, uma
pesquisa pode ser classificada como básica ou aplicada.
Na pesquisa básica, o conhecimento gerado é útil para o avanço da ciência, no entanto,
não possui aplicação prática prevista.
Na pesquisa aplicada, o conhecimento gerado possui aplicações práticas e são
dirigidos à solução de um problema.
Já do ponto de vista dos objetivos, GIL (apud SAMPAIO, 2008) classifica as
pesquisas como exploratória, descritiva ou explicativa.
A pesquisa exploratória se concentra em proporcionar maior familiaridade com o
problema, visando torná-lo explícito. Além de levantamento bibliográfico, pode envolver
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e
análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de pesquisas
bibliográficas e estudos de caso.
A pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população ou
fenômeno. Pode envolver o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, ou seja,
questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.
A pesquisa explicativa tem o propósito de identificar os fatores que determinam ou
contribuem para a ocorrência de fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque
explica a razão das coisas. Assume, em geral, as formas de pesquisa experimental e ex post
facto.
Finalmente, com relação aos meios de investigação, ou, segundo GIL (apud
SAMPAIO, 2008), aos procedimentos técnicos de coleta, a pesquisa pode ser do tipo
bibliográfica, documental, experimental, levantamento, estudo de caso, ex post facto, pesquisa
ação e participante.
A pesquisa bibliográfica é realizada quando elaborada a partir de material já
publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com
material disponibilizado na Internet.
A pesquisa documental é elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento
analítico.
5
Na pesquisa experimental, determina-se um objeto de estudo, selecionam-se as
variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de
observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
O levantamento é realizado quando a pesquisa envolve a interrogação direta das
pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
No estudo de caso é realizado estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos
de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
Na pesquisa ex-post-facto, o ‘experimento’ se realiza depois dos fatos.
A pesquisa ação é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com
a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
Por fim, na pesquisa participante se desenvolve a partir da interação entre
pesquisadores e membros das situações investigadas.
Portanto, o presente trabalho constitui uma pesquisa que pode ser classificada como
aplicada, quanto à natureza; explicativa, quanto ao objetivo; levantamento e participante,
quanto aos procedimentos técnicos de coleta.
6
2 Capítulo 2
Fundamentos da Operação de Sistemas de Transmissão
Figura 2.1: Chegada da LT 500 kV Itacaiúnas - Marabá Circuito Duplo ao pórtico da SE Itacaiúnas em
Marabá-PA
Dentre os aspectos elétricos de uma LT, está sua classe de tensão. No SIN, existem LT
de 500, 440, 345, 230 e 138 kV. Mas é natural que haja questionamentos sobre o porquê
dessas Linhas trabalharem com um valor de tensão tão elevado, visto que a tensão gerada nas
usinas geradoras e tensão residencial ou industrial não são tão altas. A explicação está no
comportamento da Potência em um circuito simples, como mostrado na figura 2.2.
(2.1)
8
Essa relação mostra que para um determinado valor de potência consumida em uma
impedância constante, quanto maior for a tensão aplicada a essa impedância, menor será a
corrente que circula nela. O interesse de ter o menor valor possível de corrente em uma LT é
de se diminuir as perdas por efeito Joule nos condutores das Linhas. Dessa forma além de
minimizar perdas de potência, os condutores ficam menos expostos ao efeito térmico das
correntes.
Em regime permanente de operação as LT podem se encontrar em dois estados:
energizadas ou ligadas. Uma LT é dita energizada quando está com apenas um dos seus
terminais fechados, ou seja, ela está submetida a tensão porém seu carregamento é nulo
(corrente que circula por ela é nula assim como sua potência transmitida). A LT é considerada
ligada quando seus dois terminais estão fechados, acarretando na circulação de corrente e
fluxo de potência. Uma LT pode estar com seus dois terminais fechados e sem carregamento
devido a alguma condição sistêmica. Nessa situação, a LT é dita ligada a vazio.
Há outros diversos aspectos elétricos que cercam as linhas de transmissão, por isso é
interessante entender a modelagem de uma LT para um circuito elétrico. A representação de
seus fenômenos através de equações faz-se necessária aos projetistas e aos estudos de fluxo de
potência. O conhecimento dos circuitos equivalentes utilizados nesses modelos, por parte de
quem está operando a LT, auxilia no cumprimento de sua tarefa, pois assim será possível
entender os fenômenos associados às LT, que estão expressos nesses modelos.
Como o comportamento de uma LT varia de acordo com seu comprimento, o modelo
de LT se difere nessas 3 classificações: linha curta, média e longa [2].
9
2.2.1.2 Circuito Equivalente de Linha Média (entre 80 e 240
km)
Neste caso a capacitância da LT se faz relevante, e é considerada por seu parâmetro
concentrado nas extremidades da linha. Assim é representada pelo modelo pi) nominal,
mostrado na figura 2.4.
10
muito maiores a sua tensão nominal por muito tempo. Para atenuar esse efeito, as LT de
comprimentos maiores, que possuem capacitância shunt relevante, trabalham com reatores em
seus terminais. Eles ajudam tanto a diminuir o efeito Ferranti quanto a drenar a potência
reativa que é injetada no sistema pela capacitância shunt da LT. Sua importância sistêmica é
tanta, que em alguns empreendimentos, alguns reatores podem ser considerados uma FT a
parte, quando explicitado no CPST.
2.2.2 Reatores
Como dito, são inseridos em LT para compensar sua capacitância shunt. No modelo de
LT, o reator é representado por uma indutância em paralelo a essa capacitância. Como é usado
para compensar a injeção de potência reativa no sistema pela própria LT, também é chamado
de elemento de compensação de reativo.
Fisicamente, os reatores são muito semelhantes aos transformadores de potência. Além
de sua função, uma outra diferença está no número de bobinas. Enquanto o transformador
possui, no mínimo, duas bobinas (enrolamentos de alta e de baixa), o reator possui apenas
uma. A exceção é o autotransformador (figura 2.11), que é um transformador especial de uma
só bobina e duas tensões.
O isolamento principal da parte ativa desses equipamentos é feito por óleo isolante.
Por ter a mesma forma de isolamento, as técnicas de manutenção aplicadas a eles (ensaios)
também se assemelham às utilizadas nos transformadores, assim como os sistemas
responsáveis por suas proteções - elétricas e intrínsecas, explicitadas no item 2.5.
Os reatores podem ser de dois tipos: reatores de linha e reatores de barra. Os dois são
construtivamente semelhantes. A diferença está na bobina de neutro existente no reator de
linha. Esta bobina (que possui carcaça e óleo isolante próprios) é chamada de reator de neutro
(figura 2.6), e sua função é minimizar a corrente de curto monofásico.
11
Figura 2.6: Reator de neutro (esquerda) do reator de linha INRE7-02 da LT 500 kV Colinas-Itacaiúnas
Os dois reatores também se diferem por terem funções distintas, mesmo que em
termos de modelagem sejam iguais (indutância shunt). O reator de linha é visto como
elemento que fará de fato a compensação reativa na LT. O reator de barra é utilizado como
ferramenta de controle de tensão no sistema.
Os reatores de barra são sempre manobráveis: por solicitação do ONS, o Operador
deve inseri-lo ou retirá-lo do sistema, por meio do comando remoto de fechamento do
disjuntor dedicado ao reator.
Os reatores de linha, normalmente não são manobráveis. As LT que possuem
capacitância shunt relevante, só podem ser energizadas e ligadas com os reatores de linha em
suas extremidades. Nessas situações, os reatores de linha serão considerados como parte da
LT e são chamados também de reatores fixos.
Um reator de linha pode ser manobrável. Isso acontece quando este possui um
disjuntor exclusivo dedicado a inseri-lo na LT. Esse reator poderá ser utilizado tanto para
controle de tensão, quanto para compensação de reativo.
Essa particularidade operativa do reator (ser manobrável ou não) será determinante
para identificá-lo como uma FT ou não. Os reatores manobráveis sempre serão FT
independentes. Já os reatores fixos, serão considerados como integrantes da Função
Transmissão Linha de Transmissão, já que a LT não pode operar sem eles.
É interessante observar que mesmo que a LT necessite de compensação de reativo,
nem sempre ela terá reatores de linha em suas duas extremidades. Ela poderá ter apenas um
reator, conectado em um dos seus terminais, e isso dependerá de suas características de
projeto - linhas médias podem necessitar de apenas um reator.
12
2.2.3 Banco de Capacitores
Os bancos de capacitores quando modelados ao sistema de potência, são representados
por seu valor de capacitância, e podem ser instalados em série (figura 2.7) nas LT ou em
derivação em um terminal de chegada ou saída de circuitos.
Figura 2.7: Uma das fases do banco de capacitores série INCL7-01 associado a LT 500 kV Colinas -
Itacaiúnas
13
um aumento no fluxo de potência máximo transferido de um terminal a outro de uma LT
(figura 2.8), de acordo com a seguinte equação:
Figura 2.8: Curva Ângulo de Carga-Potência em um sistema representado só por reatâncias [2]
(2.2)
Como:
Logo:
2.2.4 Transformadores
Os transformadores são os responsáveis por fazer a interface entre os sistemas de
transmissão e os seus sistemas adjacentes (geração e distribuição). Quando elevam a tensão de
uma unidade geradora, integrando-a ao SIN são classificados como transformadores
elevadores de tensão, e quando interligam os sistemas de transmissão de alta tensão aos de
distribuição de média tensão, são ditos transformadores abaixadores.
Esta classificação não é muito relevante no cenário da transmissão, visto que os fluxos
de potência podem se inverter de acordo com o ajuste do ponto de operação do sistema.
Fisicamente os transformadores monofásicos são compostos de duas bobinas atreladas
a um núcleo ferromagnético, como mostra a figura 2.9:
15
Cada bobina possui número distinto de espiras, e é essa relação que dita a relação de
transformação entre os terminais do transformador.
(2.3)
Essa relação mostra que um número de espiras diferente em uma das bobinas permite
uma tensão de saída diferente, e revela outra função dos transformadores no SIN: podem atuar
no controle de tensão através dos Comutadores de Derivação em Carga (CDC).
Os CDC consistem geralmente de uma chave comutadora (desviadora), com
impedidor de transição e um seletor de derivações, este último provido ou não de um pré-
seletor, sendo o conjunto operado pelo mecanismo de acionamento. Em alguns tipos de
comutador, as funções da chave comutadora e do seletor de derivações são combinadas numa
chave seletora. Através desse CDC, é possível alterar a relação de transformação de um
transformador, através da mudança de sua derivação (tap) (possíveis posições de saída do
enrolamento secundário de um transformador, vide figura 2.10). Por meio de um comando
remoto, o Operador, a pedido do ONS, pode alterar a tensão do secundário de seu
equipamento, contribuindo para um ajuste de tensão local. No caso de transformadores
operando em paralelo, o Operador atuará no ajuste de tap de apenas um deles, chamado líder.
Os demais transformadores (comandados) terão seus taps comutados automaticamente de
modo a seguir a mudança do líder, a partir de um sistema chamado de Supervisor de
Paralelismo Síncrono (SPS).
Os transformadores podem possuir apenas uma bobina (figura 2.11). Quando são
construídos dessa maneira são chamados de autotransformadores e são construídos na mesma
filosofia de derivação na bobina submetida a tensão. Nos sistemas de transmissão os
autotransformadores são mais usados por apresentarem maior custo-benefício.
16
Figura 2.11: Representação esquemática de um autotransformador monofásico [6]
17
Assim como nos reatores, um elemento de grande importância tanto na operação
quanto na manutenção de um transformador é o seu óleo isolante. Ele é responsável por atuar
como elemento refrigerante, através da troca e dissipação de calor gerado nos cabos
condutores que constituem os enrolamentos (parte ativa). Também é responsável pela isolação
elétrica do equipamento devido a sua alta rigidez dielétrica. Por fim também atua como meio
extintor de arco elétrico e barreira de proteção à contaminação de outros materiais isolantes
orgânicos do equipamento - papel etc.
Na refrigeração de transformadores há outro elemento que atua em conjunto ao óleo
isolante, os motoventiladores. Localizados abaixo do radiador, resfriam o óleo que por ali
passa, melhorando o sistema de refrigeração por convecção.
Estes elementos fazem parte do sistema de refrigeração de um transformador. De tal
forma, segunda a ABNT, os transformadores devem ser designados de acordo com seu
sistema de refrigeração. Os símbolos utilizados para essa designação podem ser observados na
tabela 2.1.
Tabela 2.1: Símbolos literais dos meios de resfriamento e da natureza da sua circulação para os
transformadores (NBR 5356) [11]
Óleo O
Gás W
Ar A
Natural N
Na tabela 2.2 observa-se a ordem em que os símbolos devem ser utilizados, segundo a
NBR 5356. Vale ressaltar que os grupos de símbolos correspondentes a diferentes métodos de
resfriamento devem ser separados por meio de um traço inclinado (barra).
18
Tabela 2.2: Ordem em que os símbolos dos meios de resfriamento devem ser usados [11]
Óleo Natural - Ar Forçado (ONAF): Esta refrigeração é igual a anterior, porém nessa há a
presença dos motoventiladores (figura 2.13), melhorando a troca de calor com o ar
externo.
Óleo Forçado - Ar Forçado (OFAF): Similar ao ONAF, porém dentro do tanque de óleo
há uma bomba que contribui para a circulação do óleo, melhorando sua funcionalidade na
refrigeração do equipamento.
19
Óleo Forçado - Agua Forçada (OFWF): Possui bomba de circulação como o OFAF, mas
seu resfriamento externo é feito com água e não com ar.
2.3.1 Disjuntores
Os disjuntores (figura 2.14) são equipamentos de manobra usados para estabelecer,
interromper ou ligar um circuito elétrico [24]. Eles devem ser projetados a suportar a tensão
máxima da rede e as eventuais correntes de curto-circuito. São comandados de maneira
manual (comando remoto do Operador ou comando in-loco do mantenedor da subestação) ou
de modo automático, através da atuação dos relés de proteção.
20
Figura 2.14: Disjuntor 500 kV INDJ7-08 da SE Itacaiúnas
21
Após sua operação, o gás deve ser armazenado no interior do equipamento para que se
regenere, retornando ao estado inicial, antes que possa ser utilizado novamente para uma nova
interrupção de corrente.
A pressurização do gás SF6 é de suma importância para que aja de maneira eficiente
no instante da extinção. Por isso o nível de pressão dos disjuntores é monitorado pelo sistema
supervisório. Em caso de uma diminuição do nível o disjuntor pode possuir até quatro
estágios de proteção contra baixa pressão:
Cada estágio está associado a um nível de pressão. O disjuntor trabalha a uma pressão
nominal, ou valor próximo a ela. Ao longo do tempo de operação, esse nível vai baixando.
Quando chega a um nível minimamente distante do considerado ideal para sua operação
normal, há a atuação do primeiro estágio da proteção contra baixa pressão de SF6. Espera-se
que com a subida do alarme de baixa pressão, o Operador acione o mantenedor local, para que
o mesmo inicie o procedimento de restaurar a pressão do disjuntor. Os estágios subsequentes
irão atuar em caso de vazamento acentuado. À medida que o gás vai vazando, os estágios vão
evoluindo até que o nível de pressão seja restaurado.
Construtivamente, além da câmara de extinção de arco, os disjuntores podem possuir
uma câmara auxiliar que contém um resistor de pré-inserção. Esse resistor é instalado junto à
câmara do disjuntor e durante o deslocamento do contato móvel do mesmo, ele é colocado
temporariamente em série com a linha, durante um intervalo aproximado de 6 a 10 ms. Esse
processo cria um divisor de tensão entre o resistor e a linha, o que reduz as sobretensões
22
durante o transitório. Por fim, o resistor é curto-circuitado, sendo retirado da LT. Esses
resistores são instalados comumente em disjuntores associados a linhas de transmissão de
extra - alta tensão. Quando o disjuntor é dedicado a conectar um reator ao sistema a extra -
alta tensão ou a energizar ou ligar um transformador, esse pode não conter o resistor de pré-
inserção. Nessa situação utiliza-se um sincronizador de corrente, que fará com que os contatos
do disjuntor se separem ou se unam no instante em que a corrente instantânea é nula. Essa
opção diminui o custo do disjuntor e funciona de maneira eficiente.
Também são consideradas equipamentos de manobras, mas não são utilizadas para
interromper ou energizar um circuito ou equipamento. As chaves são usadas para conceder
condição de segurança para o trabalho em equipamentos desenergizados [25]. Como os
contatos dos disjuntores não são visíveis, a permissão de trabalho nesses equipamentos só é
concedida após a confirmação da abertura dos três polos de uma chave secionadora. A chave
secionadora representa segurança para o indivíduo que venha a executar um trabalho no pátio
da subestação e aos equipamentos.
23
Há um tipo de chave especial usada para garantir condição de segurança no trabalho
em linhas de transmissão desenergizadas. Estas são chamadas de chaves com lâmina de terra
ou chaves de aterramento (figuras 2.16 e 2.17).
Figura 2.16: Chave secionadoras com lâmina de terra 500 kV INSL7-02 da SE Itacaiúnas
Figura 2.17: Diagrama unifilar de uma linha de transmissão com compensação shunt
Para isolar uma LT devem-se abrir as chaves secionadoras de linha (que trabalham
normalmente fechadas), depois que a linha esteja desligada e desenergizadas (ou seja, com
seus disjuntores associados abertos). Em seguida fecham-se as chaves secionadoras de
aterramento (que trabalham normalmente abertas). Desse modo, há a garantia que a LT se
encontra com o potencial zero. Sem esse aterramento, a LT poderia estar exposta às tensões
induzidas de circuitos próximos e a tensões residuais da própria LT, pois mesmo depois que
desenergizada a linha permanece com seu perfil de tensão elevado e o mesmo vai diminuindo
exponencialmente, de acordo com a constante de tempo da LT, que é alto. Ao aterrar a LT, a
24
tensão da linha vai a zero, e a equipe de linha pode realizar qualquer serviço de manutenção
necessário.
25
Figura 2.18: TC 500 kV da SE Itacaiúnas
Figura 2.19: Figura representativa do núcleo de um TC com mais de uma enrolamento secundário [8]
26
Nas subestações é comum encontrar TC de baixa reatância, conhecidos também como
TC do tipo janela ou TC de bucha. O elevado valor de corrente no enrolamento primário
exigiria do condutor uma bitola muito grossa. Fazer desse condutor, espiras para envolver o
núcleo ferromagnético seria construtivamente inviável nessa situação. Para isso utiliza-se o
próprio condutor de corrente de alta de modo a transpassar o núcleo envolvido pelo
enrolamento secundário. Essa filosofia de construção é muito similar ao princípio usado no
amperímetro do tipo alicate, usado em circuitos de baixa corrente (figura 2.20).
Figura 2.21: Figura representativa de um DCP - coluna capacitiva em série com um TPI [8]
28
2.3.4 Para-raios
Os Para-raios (figura 2.23) são equipamentos de proteção utilizados para limitar os
valores dos surtos de tensão transitórios que poderiam causar danos aos equipamentos
elétricos. O para-raio em situação normal de operação funciona como isolador. No momento
de um surto de tensão este passa a ser condutor e descarrega para a terra parte da corrente de
curto, que seria prejudicial aos equipamentos.
2.4 Subestação
O lugar onde todos os equipamentos elétricos e as FT (transformadores, reatores e
BCS) estão instalados é a Subestação (SE), de onde saem e chegam as linhas de transmissão
(figura 2.24).
Toda subestação pertence a um Agente e abriga suas FT. Porém, quando há a
expansão da SE, outros Agentes podem vir a ter equipamentos nessa instalação. Esses
Agentes são ditos Agentes Acessantes e os donos da SE são os Acessados.
29
A característica mais importante de uma subestação se refere à forma em que esses
equipamentos estão conectados entre si e com o SIN, e se refere ao arranjo da subestação. O
entendimento relativo ao arranjo de uma subestação se faz absolutamente necessário para a
realização da operação de um sistema de transmissão. O Operador precisa conhecer os
arranjos que irá trabalhar para ser capaz de entender as manobras que necessitam ser
realizadas em caso de indisponibilidade de alguma FT, liberação de equipamento a
manutenção ou a requisição sistêmica do ONS.
Os arranjos mais comuns em subestações do SIN são: Barra Principal e Transferência,
Barra Dupla a Disjuntor Duplo, Barramento em Anel e Barra Dupla a Disjuntor e Meio [10].
Figura 2.25: Diagrama unifilar do arranjo Barra Principal e Transferência com chave secionadora
seletora de barra
30
Figura 2.26: Diagrama unifilar do arranjo Barra Principal e Transferência sem chave secionadora
seletora de barra
Quando este arranjo é dotado de chave secionadora seletora de barra, as duas barras
podem ser usadas como barra principal, ou seja, em operação normal os equipamentos podem
estar conectados tanto na barra 1 quanto na barra 2, dependendo da filosofia de operação. Sem
a chave seletora de barra, a barra 2 serve apenas como barra de transferência.
O DJ 3, presente nas figuras 2.25 e 2,26, conhecido como disjuntor de interligação, de
amarre ou mais comumente como tie no jargão da operação, sempre trabalhará fechado
quando o arranjo tiver seletora de barra: as duas barras, na verdade, serão o mesmo ponto
elétrico. Quando não tiver seletora de barra no arranjo, o tie trabalhará aberto ou fechado, o
que também dependerá da filosofia de operação.
Em ambos os casos, se for necessário liberar algum vão, retirando-o de operação,
todos os outros equipamentos devem ficar na barra principal, com a barra de transferência
livre. No caso arranjo com seletora de barra, os equipamentos devem ficar em uma barra
escolhida com a outra livre. Satisfeita tal condição, o Operador precisa confirmar o tie e suas
secionadoras fechadas. Em seguida poderá fechar a secionadora de by-pass (SY), colocando
os dois disjuntores DJ 1 e DJ 3 em paralelo. Nessa situação todos os sistemas de proteção que
possam disparar comando de abertura no DJ 1, passam a disparar também no DJ 3. Nessa
condição, é dito que a proteção está em transferência. Por fim, abrindo-se o DJ 1 o
equipamento associado a ele estará agora associado ao DJ 3 assim como as proteções que
estavam em transferência. Agora a proteção é dita transferida. Ao abrir as secionadoras SD,
SB 1 e SB 2, no arranjo com secionadora seletora de barra; ou abrir SD 1 e SD 2, no arranjo
sem seletora, o vão estará desenergizado e isolado.
31
Importante frisar que apenas um equipamento por vez pode usar o tie em substituição
ao seu disjuntor, pois a barra de transferência precisa estar livre, e ela não pode estar livre
para dois vãos.
As figuras 2.27, 2.28, 2.29 e 2.30 mostram, sequencialmente, as manobras descritas
acima para liberação de um vão conectado ao barramento.
Figura 2.27: Configuração normal de um barramento no arranjo Barra Principal e Transferência com
chave secionadora seletora de barra
Figura 2.28: Arranjo Barra Principal e Transferência com chave de by-pass fechada e esquema de
proteção em transferência
32
Figura 2.29: Arranjo Barra Principal e Transferência com disjuntor de interligação (tie) em utilização,
substituindo o disjuntor de barra
Figura 2.30: Arranjo Barra Principal e Transferência com disjuntor de interligação (tie) em utilização,
substituindo o disjuntor de barra, com o vão liberado
33
consideradas mais importantes sistemicamente, em que suas FT devem ter um grande nível de
confiabilidade.
34
Este tipo de arranjo pode se expandir, de modo que alguns circuitos passam a ter até
três disjuntores disponíveis para manobra e mais chegadas e saídas de circuito podem ser
acrescentados (figura 2.33).
35
O arranjo Barra Dupla a Disjuntor e Meio (ou apenas arranjo Disjuntor e Meio) possui
um bom nível de confiabilidade, perdendo somente para o arranjo Barra Dupla a Disjuntor
Duplo, porém possui também um custo menor.
Suas manobras também são bem simples. Sua filosofia principal de operação é: no
momento de abertura dos disjuntores para a retirada de um circuito, o disjuntor de meio
sempre é o primeiro a ser aberto. No instante da conexão a um circuito ou equipamento, ele é
o último a ser fechado.
36
Figura 2.36: Painéis de Proteção e Controle Figura 2.37: Painel de Proteção e Controle (visão
37
A figura 2.38 mostra um tipo de arranjo de SAUX de uma subestação. Este é apenas
um exemplo, pois o SAUX dependerá das fontes de energia e da filosofia de projeto.
Para entender qualquer arranjo de SAUX é necessário conhecer as fontes de energia
disponível. Essas fontes podem ser: um Grupo Motor-Gerador a Diesel (GMG), o terciário de
um ou mais transformadores existentes na subestação, ou um ramal da concessionária
distribuidora de energia local. E não basta ter uma única fonte de energia, pois a redundância
de alimentação do SAUX é vital.
Há tipos de cargas a serem alimentadas em uma SE que não podem nunca serem
interrompidas, como o sistema de supervisão, comando e controle de uma subestação. Outros
não são considerados tão importantes e podem ter sua alimentação temporariamente cortada
que não trarão complicações maiores, como alguns circuitos de iluminação e tomadas. Esses
dois tipos de cargas estão conectados a dois tipos de barramento: barramento de cargas
essenciais e barramento de cargas não essenciais.
Em condições normais de operação, esses barramentos trabalham interligados, com
uma fonte de alimentação principal suprindo as duas cargas - terciário de um transformador
quando disponível ou ramal de concessionária distribuidora. Quando há uma contingência,
levando a perda dessa fonte, entra em ação o automatismo do SAUX.
No automatismo, o disjuntor que conecta a fonte ao barramento de cargas essenciais
abre quando há falta de tensão da fonte, assim como o disjuntor que interliga com o
barramento de cargas não essenciais. Em seguida é dada a partida no GMG e quando ele está
pronto para operar, automaticamente os disjuntores que o conectam ao barramento de cargas
essenciais fecham. Nesse momento o GMG está suprindo todas as cargas essenciais. O
barramento de cargas não essenciais pode ser alimentado pelo GMG se o mesmo dispuser de
tal potência. Para isso basta que o Operador feche o disjuntor de interligação de barras. Para
poupar o consumo de diesel do GMG, dependendo da configuração do SAUX, é possível
alimentar as cargas não essenciais com outras fontes de energia, e até mesmo alimentar as
cargas essenciais com essa fonte, fechando o disjuntor de interligação e retirando o GMG de
operação.
Dentre as cargas essenciais, estão as que necessitam de alimentação DC, como os
circuitos de comando. Eles estão conectados ao barramento de corrente contínua que por sua
vez é alimentado por um banco de baterias em paralelo a um retificador (figura 2.39).
38
Figura 2.39: Diagrama unifilar de SAUX - Barramento de Corrente Contínua
Devem agir de forma precisa quando for necessária a retirada de um elemento do sistema,
de acordo com seus ajustes.
Devem realizar sua função de proteger o sistema garantindo um alto desempenho no que
diz respeito a sensibilidade, seletividade, rapidez, confiabilidade, robustez, vida útil,
estabilidade, operacionalidade, funcionalidade etc.
40
(através de alarmes e sinalizações) e atuar quando necessário, promovendo a abertura de
disjuntores, de forma a isolar o defeito, proteger e garantir a continuidade do sistema em
operação normal.
Os relés estão, a todo tempo, monitorando o sistema, e devem estar prontos a operar
assim que o parâmetro que ele observa ultrapasse seu valor de ajuste. Essa observação do
sistema é feita pelos relés, através da informação de tensão e/ou corrente que chegam dos
secundários dos TPC e dos TC.
As proteções elétricas se apresentam em forma de função, cada qual adequada a
realizar um tipo específico de proteção. Antigamente, cada relé possuía uma única função,
porém nos tempos atuais os avançadíssimos relés digitais costumam incorporar mais de uma
função.
42
Tabela 2.3: Zonas de Operação do Relé 21
Velocidade
Zona Distancia da LT
de Operação
1 80% Instantânea
2 120% Temporizada
4 200% Temporizada
43
2.5.5 Função Religamento Automático - F.79
Estatisticamente os desligamentos automáticos nas LT do SIN são em grande parte
originados por faltas temporárias. Sabe-se que a proteção deve atuar de forma a proteger a
integridade dos elementos protegidos e isolar qualquer defeito, de modo que a corrente de
curto seja eliminada. Portanto, para a maioria das faltas, o mais importante é retirar o
elemento sob falta do sistema e reinseri-lo o mais rápido possível. Para isso a F.79 se mostra
de grande valia na operação do sistema.
O religamento automático sempre atua sobre os dois disjuntores principais da LT. Um
deles é chamado de líder e é o primeiro a ser fechado. O segundo é chamado de seguidor, e
fecha após o fechamento do primeiro. A partida do religamento acontece quando o terminal
líder vê ‘barra viva’ e ‘linha morta’, ou seja, a barra em que o disjuntor está conectado deve
estar energizada e a sua LT associada deve estar desenergizada. O terminal seguidor fecha
quando vê ‘barra viva’ e ‘linha viva’, ou seja, a barra em que o disjuntor está conectado deve
estar energizada assim como sua LT associada.
A F.79 é utilizada respeitando algumas condições. Normalmente, ela não é usada em
curto-trifásico, pois estes curtos não costumam ser temporários e são mais severos. Nos
sistemas de transmissão, só há uma tentativa de religamento. Se ao religar, a falta não tenha
sido eliminada, há nova abertura dos disjuntores e não há nova tentativa de religamento.
Para faltas consecutivas, que acontecem com pequeno intervalo de tempo entre elas, a
F.79 possui mais uma limitação: só estará apta a uma nova atuação caso a nova falta ocorra
após um tempo pré-ajustado decorrente da sua primeira atuação, chamado de tempo de guarda
da F.79. Habitualmente trabalha-se com tempo de guarda próximo aos 15s.
O religamento automático não deve atuar quando há proteções de bloqueio sobre a
linha.
44
2.5.7 Função de Bloqueio - F.86
Há certas situações em que é interessante que algumas manobras sejam impedidas de
serem realizadas, para que não haja o comprometimento de algum equipamento ou para que
se evite uma condição operacional desaconselhada. A F.86 é responsável por realizar esses
bloqueios.
A atuação do relé 86 depende da forma em que foi ajustado a operar. Um exemplo
comum de quando deve atuar um bloqueio é após atuação da proteção de um transformador,
reator ou barramento (normalmente, proteção diferencial), visto que suas falhas internas não
são temporárias, o equipamento deve ser bloqueado e o bloqueio desarmado após isolamento
do equipamento por meio de suas chaves secionadoras.
Na lógica implementada no sistema de supervisão, proteção e controle, o desarme do
bloqueio pode ser feito pelo Operador, desde que o defeito que originou o bloqueio seja
isolado.
45
No arranjo Barramento em Anel, a falha de um disjuntor gera envio de comando de
abertura aos disjuntores adjacentes ao disjuntor em falha.
Junto à atuação de um BF há atuação de um ou mais bloqueios. Quaisquer
equipamentos desligados devido a um BF só podem ser desbloqueados quando este BF é
‘isolado’, ou seja, quando o disjuntor em falha é isolado por suas secionadoras associadas.
46
3 Capítulo 3
Etapas da Operação de Sistemas de Transmissão
3.1 Pré-Operação
A pré-operação tem por objetivo lidar com as intervenções programadas que
necessitam ser realizadas nos componentes do sistema de transmissão [3]. Elas surgem a
partir de diversos motivos, desde a realização de atividades de manutenção corretiva em um
equipamento, até desligamentos para possibilitar a expansão de uma subestação e a entrada de
novos elementos ao sistema.
A necessidade de se programar uma intervenção pode vir por essas situações
apresentadas, sendo elas de origem do Agente Acessado ou do Acessante. Como os
equipamentos são todos conectados, eventualmente faz-se necessário o desligamento de um
equipamento apenas para que seja possível desligar e trabalhar em um adjacente com
condições de segurança atendidas.
Um serviço de pré-operação bem sucedido é aquele que é capaz de otimizar o
agendamento das intervenções, visando sempre isenção ou pagamento mínimo de parcela
variável, e passar ao tempo real todas as informações pertinentes a manobras que
eventualmente serão realizadas pelos Operadores.
Toda intervenção de origem interna chega à pré-operação através de um documento
interno enviado pelo homem da manutenção que será responsável pela execução do serviço
(muitas vezes esse documento é chamado de Solicitação ou Pedido de Execução de Serviço).
Este serviço pode ser previsto, isto é, já relacionado no cronograma anual de manutenção
preventiva, ou não, como nos casos de realização de atividades de reparo em equipamentos
que apresentem falhas.
Este documento passa por avaliação da pré-operação, onde será observado se a
solicitação é condizente com o período requisitado, se as condições de segurança expostas são
as de fato exigidas e outros itens pertinentes.
Dentro deste pedido, também deve estar caracterizado o tipo dessa intervenção, que
varia de acordo com sua importância sistêmica. Para serviços mais importantes, essa
solicitação também tem que ser aprovada pela equipe de pré-operação do ONS. Portanto, cabe
a pré-operação do Agente de Transmissão, cadastrar as intervenções de relevância sistêmica
no Sistema de Gestão de Intervenções (SGI) do ONS. Dentro do SGI se tem acesso ao
47
histórico de intervenções de todo o SIN - de acordo com o Agente e se já foi executada ou
está em andamento.
As intervenções cadastradas no SGI possuem quatro tipos de classificação [17] [19]:
Tipo 2: Outros equipamentos elétricos que não são considerados FT, como disjuntores,
secionadores e barramentos. Também se referem à indisponibilização de elementos da
proteção que não tenham redundância. Intervenções para testes e ensaios de operação.
Intervenções em equipamentos energizados que implicam elevação do risco de
contingências múltiplas.
Tipo 4: São as intervenções que surgem, devem ser cadastradas e executadas em tempo
real e não se encaixam nos tipos anteriores. Também se referem aos elementos da
proteção e telecomunicação que estejam trabalhando com redundância.
Essas intervenções também possuem prazo de cadastro de acordo com seu tipo e pode
ser visto na tabela 3.1.
Tipo Prazo
1 30 dias
2 30 dias
3 2 dias
4 Tempo Real
48
Depois da caracterização do tipo, cadastram-se no SGI outros dados relativos à
intervenção como nome/identificação do equipamento, data e período solicitado, descrição do
serviço, condição de segurança etc.
Item importante do cadastramento no SGI é seu período solicitado, que pode ser diário
ou contínuo. Um serviço diário é aquele que começa e termina no mesmo dia, encerrando a
condição segurança ao final do tal dia. Em outras palavras, quando se desliga algum
equipamento e ao final do dia este está pronto para ser ligado novamente. O serviço contínuo
é aquele que começa em um dia e prossegue, terminando-o em outro dia, garantindo a
condição de segurança por todo esse período, ou seja, o equipamento permanecerá desligado
até o fim da duração do serviço cadastrado.
Resumidamente, o que determinará se a intervenção é diária ou contínua será a
possibilidade do equipamento ser religado ao final do dia ou não. Por exemplo, para uma
intervenção de 5 dias, em que o equipamento pode ser religado ao final do dia, é registrado
uma intervenção com período solicitado diário. Dentro do documento interno do Agente
utilizado para realização do serviço terão 5 Ordens de Serviço (OS). Cada OS será iniciada e
finalizada no dia em questão. Assim o equipamento será desligado no início do primeiro dia,
em seguida a equipe de manutenção no campo iniciará a OS e irá finalizá-la ao final do dia.
Após o fim dessa OS, o equipamento será religado e o processo se repetirá no dia seguinte, até
o quinto dia.
Se o serviço não permitir que o equipamento seja religado ao final do dia, o serviço
será contínuo e constará de uma única OS, iniciada no primeiro dia e finalizada no quinto dia.
Como dito anteriormente, as solicitações de intervenções também podem ser de
origem externa, vindas de outro Agente. Esse relacionamento entre os Agentes se dá na forma
de diferentes documentos, utilizados para cada situação.
Quando um Agente necessita que outro Agente desligue seu equipamento ou realize
algum tipo de manobra para atender a condição de segurança para a realização de seu
trabalho, é enviado um documento intitulado Autorização para Intervenção em Equipamento
de Interligação Desenergizado (AI).
Um exemplo de quando um Agente necessita enviar um AI para outro é ilustrado pela
figura 3.1:
49
Figura 3.1: Diagrama unifilar barramento disjuntor e meio com Agente Acessante
50
3.2 Operação em Tempo Real
Todos os conceitos e etapas apresentadas até então visam a excelência no desempenho
da realização da operação em tempo real. Este tarefa é realizada dentro do centro de operação,
o local que fornece ao Operador ferramentas e infraestrura que o permitem supervisionar,
comandar e interagir com as entidades que ele é subordinado e as que são subordinadas a ele.
A remuneração dos Agentes de Transmissão se baseia na disponibilidade e
continuidade dos serviços prestados. Portando, o alto desempenho da operação em tempo real
dita a maximização do lucro de um Agente. Por isso, todos os elementos apresentados são
considerados necessários e importantes para se realizar a operação do sistema.
Essa Operação é realizada em todo o SIN de maneira hierárquica [3], como pode ser
visto na figura 2.2.
SE A SE B SE C SE I SE J SE K SE X SE Y SE Z
51
Os Centros de Operação da Transmissão (COT) são como centros de operação
limitados, capazes apenas de realizar a operação de uma parte do sistema operado no COS.
Usualmente, os COT compartilham o espaço físico de uma subestação, que é a concentradora
de dados local. Isto quer dizer que os dados de supervisão de uma subestação, são enviados
até uma subestação concentradora de dados, normalmente um COT. Outras subestações
próximas também enviam seus dados ao seu COT correspondente. Os COT por sua vez
encaminham esses dados ao COS.
Em caso de perda dos links de comunicação entre o COS e os COT, o COS perde a
supervisão dos seus equipamentos e o COT passa a realizar a operação dos subsistemas de sua
jurisdição. Se há perda dos links entre o COT e uma subestação, essa passa a ser operada
localmente.
O COS representa a forma centralizada de se supervisionar e comandar o sistema. A
supervisão também é passada às entidades acima do COS. Os Centros de Operação do
Sistema Regional (COSR) do ONS recebem a supervisão da rede de transmissão dos COS de
cada agente. E por fim o Centro Nacional de Operação do Sistema (CNOS) é alimentado com
as informações e dados dos COSR.
Além de receber a supervisão dos componentes do SIN, os COSR são responsáveis
por coordenar a operação dos sistemas. O Operador do COS não pode realizar nenhuma
manobra sem informar ao COSR responsável.
Por exemplo, um COS que opera empreendimentos nas regiões sul e nordeste do país,
precisa comunicar e pedir autorização para realizar qualquer manobra ao COSR-S (quando
essa manobra se referir aos empreendimentos localizados na região sul) e ao COSR-NE (da
mesma forma, quando o equipamento a ser manobrado pertence a um empreendimento
existente na região nordeste).
O relacionamento entre os COSR e o COS acontece das seguintes formas: solicitações
operacionais do ONS, coordenação de um desligamento programado, coordenação de
recomposição após desligamentos automáticos, informes operacionais ao ONS e outras
situações pertinentes.
O ONS (através de um dos seus COSR) pode solicitar ao COS a inserção de um reator
de barra no sistema, para diminuir a tensão local, pode requisitar o by-pass de um BCS de
modo que a LT possa conduzir mais corrente em regime permanente ou pode pedir a
comutação de tap de um transformador. Cabe ao Operador executar as manobras pertinentes a
esses pedidos, e depois comunicar o sucesso delas.
52
Quando há desligamentos programados, o ONS já está ciente, pois se espera que esta
intervenção já tenha sido agendada e aprovada por ele. O Operador irá então informar ao ONS
o inicio da intervenção, irá solicitar autorização para manobrar cada disjuntor presente no
plano de manobra e confirmará o sucesso em cada manobra. Quando o equipamento for
entregue e devolvido pela manutenção, informará o fim da intervenção e procederá a
normalização, solicitando autorização a cada manobra e confirmando-a.
Quando esse desligamento se refere a uma FT, dependendo da circunstância, pode
haver desconto de PV relativo ao tempo em que a Função Transmissão foi interrompida, ou
seja, o tempo em que ela ficou indisponível. Uma FT é considerada interrompida quando essa
é retirada do sistema, desligada. No caso de LT e transformadores, considera-se como o
momento em que a FT foi interrompida quando ocorre a abertura do primeiro terminal, ou
seja, quando há interrupção de carregamento da LT ou no transformador. Considera-se a FT
normalizada quando a mesma é inserida no sistema. Para LT e transformador, a normalização
é considerada quando o segundo terminal é fechado (ou seja, quando há normalização no
carregamento da LT ou no transformador).
Nos desligamentos automáticos, oriundos da atuação de uma proteção, é onde se exige
mais do Operador. Nesse momento, ele deve ser capaz de distinguir a ocorrência sabendo se é
possível ou não disponibilizar a FT interrompida. Essa disponibilização deve ser feita sempre
o mais rápido possível, através dos hot-lines de comunicação com o ONS e só pode ser feita
na ausência de condições impeditivas como proteções de bloqueio. A disponibilização só
pode ser feita quando a FT está pronta para ser normalizada e só depende da manobra de seus
disjuntores associados.
Quando a disponibilização é feita, cessa-se o desconto de PV.
Esses descontos são calculados por minuto, porém se a disponibilização é feita em até
1 minuto, não há cobrança de PV. Esse período de 1 minuto é considerado isento.
Para a disponibilização ser aceita, além da FT não estar sob ação de impeditivos, o
Operador precisa normalizá-la em tempo inferior a 5 minutos após receber a autorização do
ONS para normalizar a FT. Se a normalização não ocorrer nesse tempo a disponibilização não
conta como fim da cobrança de PV. O desconto só irá parar quando a FT for normalizada ou
disponibilizada outra vez.
Caso, após a disponibilização da FT, o ONS não autorize a reintegração por questões
sistêmicas, o período compreendido entre o horário da disponibilização e a autorização do
ONS para o retorno da FT não é imputado no cálculo de tempo de indisponibilidade.
53
A tabela 3.2 exemplifica como os tempos de indisponibilidade são calculados para
casos distintos.
Hora da
15:57 08:32 23:18 05:05 11:51
Disponibilização
Hora da Autorização
16:01 08:32 23:19 05:20 12:33
para Normalização
Tempo considerado de
0:02 + 0:06
indisponibilidade para 00:00 00:09 00:12 00:03
= 0:08
cobrança de PV
Fonte: exemplo criado pelo autor
54
Para a análise do sistema é possível encontrar no sistema supervisório quatro
importantes tipos de listas, discriminadas por:
Eventos: Essa extensa lista registra todo o histórico de eventos, desde atuação e
normalização de alarmes, ação do operador como comutar tap de transformador ou
qualquer ação relacionada ao Supervisório (como logon de usurário).
Alarmes: Lista de todos os eventos definidos como alarmes. São de suma importância
para o operador. O acesso a essa lista agiliza a normalização dos equipamentos do
empreendimento.
3.3 Pós-Operação
A pós-operação é responsável pela análise das ocorrências que surgem no COS.
Através da elaboração de relatórios, é possível estudar e identificar falhas que geraram
dificuldades na atuação do tempo real. É responsável também pelo histórico e as estatísticas
das ocorrências, assim como o gerenciamento dos indicadores de desempenho da operação.
De certa forma a pós-operação audita o trabalho do Tempo Real, sendo um feedback para o
aprimoramento de sua tarefa [3].
Se o tempo real lida diretamente com as ocorrências, a pós-operação trabalha em
contato com suas consequências. Quando há um desligamento, este é analisado pela pós-
operação do Agente e do ONS. O Operador Nacional do Sistema possui um canal de
comunicação com o Agente, em que ele apresenta a forma que analisou a ocorrência. Ao
55
Agente basta consistir ou contestar essa análise. Esse canal é um portal extranet e um dos
sistemas utilizados pelo ONS para gerenciamento da operação, e se chama Sistema de
Apuração da Transmissão (SATRA). Nele constam dados do desligamento como tipificação e
horários, que são passíveis de consistência ou contestação, caso o Agente acredite que essa
análise está equivocada.
No SATRA o ONS mostra se considera o desligamento passível ou não de cobrança
de PV, além de caracterizar o tempo de indisponibilidade. É extremamente importante o
conhecimento das regras de penalização de PV por parte da pós-operação, para que seja
possível a realização de uma análise segura e uma eventual contestação bem fundamentada.
As penalizações acontecem quando há indisponibilidade de uma FT. Tal desconto é
calculado por minuto e seu valor é igual ao valor da remuneração da FT por minuto vezes um
fator multiplicativo que depende do tipo de desligamento [22].
Como dito, o Agente de Transmissão é remunerado anualmente através da RAP de
acordo com o CPST. Esse valor é dividido em 12 parcelas, são pagas mensalmente e recebe o
nome Pagamento Base (PB). Cada FT definida pelo CPST possui uma porcentagem de um
todo, e em cima de cada porcentagem, a PB se divide para cada FT, como no exemplo a
seguir.
56
Tabela 3.3: Valores de remuneração por mês de um empreendimento
Remuneração
FT %
por FT por Mês
LT 1 - 500 kV 25 % R$ 2.500.000,00
LT 2 - 500 kV 25 % R$ 2.500.000,00
LT 3 - 230 kV 20 % R$ 2.000.000,00
Transformador 1 - 500/230 kV 7% R$ 700.000,00
Transformador 2 - 500/230 kV 7% R$ 700.000,00
Reator 1 - 500 kV 3% R$ 300.000,00
Reator 2 - 500 kV 3% R$ 300.000,00
BCS 1 - 500 kV 5% R$ 500.000,00
BCS 2 - 500 kV 5% R$ 500.000,00
Total 100 % R$ 10.000.000,00
Fonte: exemplo criado pelo autor
( ) ( ) ( ) (3.1)
Para um mês de 30 dias, obtêm-se os valores referente a remuneração por minuto para
o exemplo anterior, de acordo com a tabela 3.4 (observa-se também que o valor da
remuneração por minuto, assim como o desconto de PV, varia de acordo com o número de
dias no mês):
57
Para estabelecer o calculo de PV por minuto para cada FT basta caracterizar o fator
multiplicativo variante com o tipo de desligamento. Os desligamentos são classificados de
acordo com [18]. Os tipos de desligamento principais são:
Desligamento Automático (DAU): São os desligamentos em advento de atuação da
proteção. Seu fator multiplicativo para penalização por indisponibilidade é k = 150. Vale
lembrar que indisponibilidades de FT com duração de até 1 minuto não são penalizadas
em caso de normalização em até 4 minutos após autorização.
Desligamento de Urgência (DUR): São os desligamentos que são cadastrados no SGI fora
do regime normal. Caso o ONS tenha tempo hábil para coordenar ações de adequação
sistêmica, este desligamento pode ser avaliado como um desligamento programado de
urgência, com fator multiplicativo k = 10. Se não for possível, o Agente ainda sim terá seu
desligamento autorizado, porém o fator multiplicativo nessa circunstância será k = 50.
58
Desligamento para Ampliação, Reforço e Melhoria (AMR): São os desligamentos
programados para atendimento às intervenções para ampliação, reforço e melhoria nas
instalações do SIN, presentes no PMI. Não são passíveis de desconto de PV.
Para os desligamentos com fator multiplicativo maior que k = 10, este fator será
reduzido para k = 10 após o 300º minuto de indisponibilidade.
Para desligamentos programados, caso a intervenção atrase e a FT acumule um tempo
de indisponibilidade maior que o programado, os minutos excedentes sofrerão desconto
adicional de 50% além dos descontos normais. Porém desde que haja declaração prévia do
Agente, no momento do cadastramento no SGI, de que o serviço depende de condições
climáticas favoráveis, os atrasos ou cancelamentos em função de condições climáticas
adversas são desconsiderados, desde que o agente comprove isto por relatório técnico com
base em informações de organizações de pesquisas climáticas reconhecidas, sujeitas à
avaliação do ONS.
Em intervenção para manutenção corretiva de FT que resulte em corte de carga em
regime normal, a penalização de PV é acrescida de 10%.
Em desligamentos programados de FT conectadas a barramentos em anel ou disjuntor
e meio, que há isolação da FT, o ONS pode solicitar a complementação do vão, ou seja, o
fechamento dos disjuntores responsáveis por inserir ou retirar essa FT. Ao fazer isso,
aumenta-se a confiabilidade sistêmica da SE (interesse do ONS), e o Agente é beneficiado
com 50% de redução de desconto de PV nesse desligamento. É uma estratégia interessante do
Operador, perguntar ao ONS se deseja que o vão seja complementado, para agregar ganho a
todas as partes envolvidas. Cabe lembrar que para uma LT, a complementação de vão de um
dos seus terminais já é suficiente para garantir a redução de PV.
Há certas situações que desligamentos não são passíveis de desconto de PV, e podem
ser encontradas em sua totalidade em [21]. Abaixo se resume as situações mais comuns em
que há isenção de PV:
59
O desligamento de uma FT para garantia de segurança de terceiros é considerado isento de
penalidade, caso o Agente comprove a necessidade da indisponibilização por meio de
relatório.
Quando há queda de torre, há isenção de 20 horas (para uma ou mais torres derrubas)
destinadas a detecção do local da queda, isolamento e mobilização de equipe de
manutenção de linha, e mais 20 horas para o reparo de cada estrutura comprometida. Para
o caso de queda de cabo ao solo e reposição de cadeia de isoladores o período de isenção é
de 8 horas para reparo por cabo e estrutura. Nessas 3 situações há franquia por utilização
de período noturno para localização da falha, e franquia por tempo adicional utilizado em
função de dificuldade comprovada para acesso ao local do evento.
60
4 Capítulo 4
Exemplos de Aplicação e Estudo de Casos
Para melhorar o desempenho dos Operadores, muitos Agentes de Transmissão
utilizam-se de ferramentas para auxiliar as tomadas de decisão na operação em tempo real.
Uma dessas ferramentas utilizadas é o simulador de manobra, ou simulador de ocorrência,
utilizado para propor situações próximas a realidade que o Operador irá encontrar no centro
de operação.
A seguir serão expostos exemplos de ocorrências implementadas no simulador de
manobras utilizado pela Omega Operação e Manutenção de Linhas de Transmissão S.A.
A Omega é uma empresa que presta serviço de operação e manutenção para as
empresas que detém as concessões de transmissão.
4.1.1 Contextualização
A subestação de Assis-SP (SE ASS) pertence ao Agente CTEEP. Possui um setor de
440 kV e um de 525 kV, este último, todo pertencente ao Agente Acessante TAESA. Esses
dois barramentos se apresentam no arranjo Disjuntor e Meio. A OMEGA presta serviços de
O&M para a TAESA. Esse exercício é atribuído aos seus Operadores em seus treinamentos de
certificação.
A configuração normal da SE ASS pode ser visto na figura 4.1.
61
Autotransformador
TR-5
Todos os equipamentos que aparecem nas telas dos exercícios pertencem a TAESA, e
a operação deles é de responsabilidade do Operador da OMEGA, com exceção das Barras 3 e
4 de 440 kV.
4.1.2 Exercício
Esse exercício traz uma ocorrência de desligamento do autotransformador TR-5 por
atuação da função 63 (relé buchholz). Quando o exercício é iniciado, um comando de abertura
para os disjuntores responsáveis por desligar e desenergizar o autotransformador é enviado.
Também há atuação da função 86 (relé de bloqueio) sobre o transformador, que impede a
manobra nos seus disjuntores associados, a menos que o autotransformador seja isolado. A
atuação dessas proteções pode ser visualizada nas figuras 4.2 e 4.3.
62
Figura 4.2: Configuração da SE Assis após ocorrência proposta
63
4.1.3 Manobras
Antes de executar qualquer manobra, o Operador deve proceder de acordo com o
sequencial exposto na tabela 4.1.
64
Figura 4.4: Seleção de chave a ser aberta por meio do pop-up de comando
Após a execução do comando, surge uma caixa de texto informando que o mantenedor
confirma visualmente a abertura dos três polos da secionadora, e em seguida executa seu
bloqueio, desconectando o motor de acionamento mecânico da chave. Esse procedimento faz
parte da condição de segurança para trabalhar no autotransformador.
65
Em seguida o processo se repete para as duas outras chaves, e o autotransformador
TR-5 estará isolado, como mostra a figura 4.6.
Figura 4.6: Configuração da SE ASS após abertura das chaves responsáveis por isolar o transformador.
66
Figura 4.7: Seleção do disjuntor de barra 4552-53 a fim de complementar o vão da SE ASS
67
Figura 4.9: Seleção do disjuntor de meio 4552-54 a fim de complementar o vão da SE ASS
68
Por fim, informa-se ao COSR-SE o sucesso na manobra dos disjuntores e
consequentemente a complementação do vão de 525 kV da SE Assis, encerrando assim esse
exercício.
No simulador, as ações verbais executadas pelo Operador são feitas selecionando a
caixa de ações no canto superior esquerdo da tela, ao lado do box que abre os alarmes -
figuras 4.11 e 4.12.
Figura 4.11: Seleção da ação ‘informar COSR-SE que disjuntor foi manobrado’
69
Figura 4.12: Informe de conclusão de exercício
70
os equipamentos, por isso é previsto no manual de operação desses equipamentos que na
indisponibilidade do transformador, o religamento da LT Assis-Londrina deve ser bloqueado.
4.2.1 Contextualização
O exercício simula as manobras na SE Itacaiúnas-PA (SE IN), no seu barramento de
230 kV. Essa subestação possui dois setores, um de 500 kV (figura 4.13) e outro de 230 kV
(figura 4.14), e toda a subestação e equipamentos presentes pertencem a TAESA e são
operados e mantidos pela OMEGA. Essa subestação é de grande importância, pois está ligada
diretamente à subestação de Colinas-TO (propriedade da ELETRONORTE), primeira
subestação das interligações Norte-Nordeste e Norte-Sul, por meio da LT 500 kV Itacaiúnas-
Colinas.
71
Figura 4.14: Configuração normal do setor 230 kV da SE IN
4.2.2 Exercício
Esse exercício não contempla as ações verbais tomadas pelo Operador
propositalmente. O objetivo deste é exclusivamente habituar o Operador com as manobras em
arranjo do tipo Barra Principal e Transferência com chave seletora de barra.
Na operação normal do Setor de 230 kV, o autotransformador AT7-01 500/230/13,8
kV e a LT 230 kV Itacaiúnas-Carajás Circuito 1 ficam conectados diretamente a Barra I,
enquanto que o autotransformador AT7-02 500/230/13,8 kV e a LT 230 kV Itacaiúnas-
Carajás Circuito 2 ficam conectados diretamente a Barra II. O disjuntor de interligação
trabalha normalmente fechado.
É proposta, nesse exercício, a utilização do disjuntor de interligação de barras em
substituição ao disjuntor que conecta o lado de baixa do autotransformador AT7-01 a Barra I.
4.2.3 Manobras
As primeiras manobras a serem realizadas são as de transferência de todos os
equipamentos conectados a Barra II para a Barra I. Antes de qualquer manobra de utilização
de tie, uma barra deve estar energizada, mas sem nenhum equipamento conectado diretamente
a ela.
72
Para isso, fecha-se a secionadora seletora de barra SB6-07 que estava aberta (figuras
4.15 e 4.16) (nesse instante as duas seletoras de barra estarão em paralelo) e em seguida abre-
se a seletora que originalmente estava fechada (figuras 4.17 e 4.18).
Figura 4.15: Seleção da chave secionadora seletora de barra SB6-07 que estava aberta
73
Figura 4.16: Configuração após fechamento da chave SB6-07. Nesse momento esta chave fica em paralelo
com a SB6-08
Figura 4.17: Seleção da chave secionadora seletora de barra SB6-08 que estava fechada
74
Figura 4.18: Configuração após abertura da chave SB6-08. Nesse momento a LT que chega de Carajás
está conectada a Barra I.
Figura 4.19: Configuração do setor de 230 kV da SE IN após mudança da conexão do lado de baixa do
autotransformador AT7-02 da Barra II para Barra I.
75
Nesse momento todos os equipamentos estão conectados à Barra I, e a Barra II está
livre. O próximo passo para utilizar o tie é fechar a secionadora de by-pass SY6-01,
colocando o tie em paralelo com o disjuntor de barra DJ6-01. Porém essa manobra ainda não
é possível, pois no sistema de supervisão e controle há uma lógica de intertravamento que
impede a manobra da secionadora de by-pass. Para habilitar a chave para ser manobrada,
antes, deve-se por as proteções associadas ao DJ6-01 em transferência (para também
enviarem comando de abertura para o tie). Nas telas do sistema supervisório real, coloca-se a
proteção em transferência através do pop-up de comando do disjuntor. No simulador essa
ação será realizada como uma ação verbal, presente na caixa de ações.
Figura 4.20: Ação de passar a lógica de proteção do DJ6-01 para ‘em transferência’
76
Figura 4.21: Seleção da chave secionadora de by-pass SY6-01 que estava aberta
Figura 4.22: Configuração após fechamento da chave SY6-01. Nesse momento o disjuntor DJ6-01 fica em
paralelo com a DB6-01 (tie)
77
Por fim, deve-se abrir o DJ6-01, liberando o vão com a proteção transferida e com o
tie sendo usado como disjuntor de baixa do autotransformador AT7-01 (figuras 4.23, 4.24 e
4.25). A figura 4.26 mostra a configuração do setor de 230 kV da SE IN após a conclusão das
manobras e consequentemente do exercício.
Figura 4.24: Abertura do disjuntor DJ6-01 com informe de lógica de proteção transferida
78
Figura 4.25: Informe de conclusão de exercício
79
4.2.4 Observações Finais
Esse exercício pode gerar dúvidas no que diz respeito à abertura de secionadoras
energizadas com carga ativa. Isto acontece quando as seletoras de barra estão ambas fechadas.
Sabe-se que as secionadoras não podem abrir interrompendo carga. Quando isto ocorre, o arco
elétrico existente entre seus contatos é suficiente para derreter a chave. Isto não acontece
nessa manobra, pois a secionadora não interrompe carga. Quando está sendo aberta, a corrente
que ali fluía passa a seguir um caminho de menor impedância, e circula exclusivamente na
outra secionadora seletora de barra que permaneceu fechada.
Outra situação que pode gerar dúvida é o fechamento da secionadora de by-pass. Seu
fechamento é possível porque a chave não está submetida a diferença de potencial quando se
fecha, pois as barras estão interligadas e são o mesmo ponto elétrico.
4.3.1 Contextualização
A LT 500 kV Ribeiro Gonçalves-São João do Piauí Circuito 1 é uma linha de
transmissão de 343 km do Agente TAESA, que passa por toda extensão do estado do Piauí, e
uma das linhas que compõem a interligação Norte-Nordeste do Brasil. A figura 4.27 mostra o
circuito 1 da interligação Norte-Nordeste até a subestação São João do Piauí-PI, e o circuito 2
da interligação do trecho entre SE São João do Piauí e a SE Sobradinho.
A SE Ribeiro Gonçalves (SE RGV) é de propriedade da TAESA, possui equipamentos
dos Agentes Acessantes ELETRONORTE e PLENA. Possui um setor de 500 kV (disjuntor e
meio) e outro de 230 kV (barra principal e transferência, pertencente e utilizado
exclusivamente pela ELETRONORTE).
A SE São João do Piauí (SE SJI) pertence à CHESF e os Agentes Acessantes são a
TAESA e a PLENA. Também possui dois setores, um de 500 kV (disjuntor e meio) e outro de
230 kV.
A ocorrência proposta nesse exemplo também envolverá a Subestação de Sobradinho-
BA (SE SOB), com arranjo de Disjuntor e Meio e unidades geradoras interligadas ao
80
barramento por meio de transformadores elevadores. A SE SOB é de propriedade da CHESF,
e da LT 500 kV São João do Piauí - Sobradinho Circuito 2 (do Agente TAESA).
A operação de todos os equipamentos apresentados, pertencentes à TAESA, é feita
pela OMEGA.
Figura 4.27: Configuração normal das linhas de transmissão e equipamentos pertencentes a interligação
Norte-Nordeste, de propriedade da TAESA, operados pela OMEGA
4.3.2 Exercício
Uma contingência simples, representada pelo desligamento automático da LT 500 kV
Ribeiro Gonçalves-São João do Piauí originado por uma falta fase-terra proveniente de uma
descarga atmosférica, não acarretaria dificuldades para o trabalho do Operador de Sistema.
Nessas situações, o mais provável de acontecer é o religamento automático da LT através do
Relé 79.
O cenário apresentado no ambiente do simulador nesse exercício acrescenta outra
contingência à anteriormente descrita, complicando as ações a serem executadas pelo
Operador. No momento em que há uma falta na referida LT, a proteção envia comando de
abertura para os dois disjuntores em cada terminal. A contingência acrescentada é a falha de
abertura do disjuntor de meio da SE São João do Piauí (DJ 15D4) e, consequentemente,
atuação da proteção 50/62BF.
81
BCSZ BCSX
DJ 15D4 em falha
4.3.3 Manobras
A primeira atitude tomada pelo Operador é reconhecer os alarmes que atuaram. Estes
podem ser visualizados na figura 4.29.
82
Pela análise dos alarmes atuados e pelas telas do sistema supervisório, o Operador
deve ser capaz de identificar a atuação da proteção de distância da LT Ribeiro Gonçalves-São
João do Piauí e em seguida a atuação da proteção de falha de abertura do DJ 15D4, disjuntor
de meio da SE SJI. A figura 4.29 mostra os efeitos ocasionados por essas atuações.
A consequência da atuação do relé 21 foi o by-pass do banco de capacitores série
BCSZ associado à LT RGV-SJI.
A consequência da atuação do BF do DJ 15D4 foi o envio de comando de abertura
para os disjuntores adjacentes, abrindo as extremidades do vão. Como a LT São João do
Piauí-Sobradinho está conectada a esse vão, seus disjuntores no terminal de Sobradinho
também recebem comando de abertura, retirando a LT de operação. O banco de capacitores
série BCSX associado a essa LT é curto-circuitado automaticamente. Devido à atuação do BF,
há também a atuação da proteção de bloqueio das duas LT envolvidas, que impede a manobra
nos disjuntores dessas linhas e a atuação do religamento automático.
Após entendimento da ocorrência por parte do Operador, espera-se que o mesmo
estabeleça o seguinte raciocínio: para disponibilizar as FT interrompidas é necessário
desarmar o bloqueio sobre elas. Para a retirada do bloqueio, primeiro deve-se isolar o
disjuntor em falha.
Portanto a primeira ação a ser tomada é informar ao centro de operação regional
responsável, o COSR-NE, e solicitar autorização para isolar o disjuntor 15D4 da SE SJI.
Depois de recebida a autorização, o Operador deve executar as manobras.
Figura 4.30: Configuração da SE SJI após abertura das chaves 35D4-1 e 35D4-2 que isolam o disjuntor
15D4
83
Após a confirmação da abertura dos 3 polos das chaves pelo mantenedor, o Operador
pode executar o desbloqueio dos equipamentos. Primeiramente executa-se o desbloqueio do
disjuntor em falha (figuras 4.31 e 4.32), para depois desarmar os outros bloqueios de linha.
84
Os relés 86 atuados sobre as LT podem ser desarmados sem ordem pré-definida depois
de feito o desbloqueio do disjuntor em falha 15D4. Os desbloqueios de cada linha devem ser
efetuados nos seus dois terminais (figuras 4.33, 4.34, 4.35 e 4.36).
Figura 4.33: Pop-up de comando para desarme do bloqueio da LT SJI-SOB no terminal de Sobradinho
85
Figura 4.35: Pop-up de comando para desarme do bloqueio da LT SJI-SOB no terminal de São João do
Piauí
O mesmo é feito para a outra LT que ainda está com seu bloqueio armado, resultando
nas configurações apresentadas nas figuras 4.37, 4.38 e 4.39 paras as subestações envolvidas.
86
Figura 4.37: Configuração da SE RGV após desarme de todos os bloqueios atuados
87
Figura 4.39: Configuração da SE SOB após desarme de todos os bloqueios atuados
Figura 4.40: Disponibilização ao COSR-NE das FT interrompidas por meio de ação verbal
88
Nesta etapa do exercício, é pedido pelo COSR-NE a normalização da LT SJI-SOB em
sentido normal (figuras 4.41, 4.42 e 4.43), que é o sentido preferencial de energização
definido no procedimento de normalização da linha, presente no seu manual de operação. Para
essa LT o sentido normal é da SE Sobradinho para a SE São João do Piauí.
Figura 4.41: Energização da LT SJI-SOB em sentido normal pelo disjuntor 15C2 da SE SOB
Figura 4.42: Pop-up de comando para fechamento do disjuntor 15C2 da SE SJI afim de ligar a LT SJI-
SOB
89
Figura 4.43: Configuração da SE SJI após normalização da LT SJI-SOB
Figura 4.44: Tela de supervisão do BCSX com seu disjuntor de by-pass fechado, curto-circuitando o banco
90
Figura 4.45: Tela de supervisão do BCSX com seu disjuntor de by-pass aberto, inserindo o banco em série
a LT SJI-SOB
91
Figura 4.46: Configuração da SE RGV após normalização da LT RGV-SJI
Figura 4.47: Tela de supervisão do BCSZ com seu disjuntor de by-pass aberto, inserindo o banco em série
a LT RGV-SJI
92
Figura 4.48: Configuração da SE SJI após normalização da LT RGV-SJI
93
Figura 4.50: Informe de conclusão de exercício
94
todos os equipamentos e instalações dessas subestações. As telas em que o Operador tem
acesso correspondem apenas a supervisão que é de sua responsabilidade, ou as que ele
necessita para operar os seus próprios equipamentos.
A SE SJI tem mais equipamentos e conexões do que as expostas nas telas do
simulador. Não é possível afirmar com precisão para onde vão os fluxos de potência que
chegam das subestações vizinhas. Esses fluxos inclusive se somam aos fluxos que chegam de
outras LT não supervisionadas como a LT SJI-SOB Circuito 1 da CHESF (a LT SJI-SOB
descrita no exercício é o Circuito 2, de propriedade da TAESA) e a LT RGV-SJI Circuito 2 da
PLENA (a LT RGV-SJI que aparece no simulador é o Circuito 1, também da TAESA). De
fato, a Lei dos Nós de Kirchhoff está sendo seguida pelo sistema. Toda essa potência que está
chegando da SE SJI está saindo para outras subestações próximas, como a SE Milagres, SE
Eliseu Martins e a SE Picos, por exemplo. A SE SJI ainda possui conexão com a SE Boa
Esperança e pode estar enviando ou recebendo potência de lá.
Fica claro que a ferramenta capaz de dizer o sentido dos fluxos de potência não é o
sistema supervisório de uma Agente de Transmissão. Isto apenas é possível com a supervisão
de toda a região. Portanto, só o ONS é capaz de visualizar esses fluxos.
95
5 Capítulo 5
Conclusões
Os objetivos do estudo foram alcançados, uma vez que o trabalho evidenciou a
realidade de um centro de operação do sistema de potência, assim como as situações que
acontecem no cotidiano da operação em tempo real e a relevância das consequências
sistêmicas oriundas dessas situações.
Ao longo de todo esse projeto, pôde-se conhecer o cenário que cerca a operação de um
sistema de transmissão. Foram apresentados os principais conceitos, informações e processos
utilizados pelo Operador de Sistema na execução de sua função, de modo que foi possível
compreender, pelos exemplos/exercícios, apresentados com auxilio de um software de
simulação de ocorrências que sintetizaram os assuntos abordados, as situações encontradas
em um centro de operação.
Esse trabalho foi desenvolvido baseado na ideia de que o conhecimento desses
fundamentos e processos, por parte de estudantes e profissionais da área, pode ajudá-los a
entender a função e a importância da operação. Acredita-se que esse trabalho pode, também,
auxiliar os supervisores de operação, responsáveis por treinar e capacitar os Operadores.
Além de contribuir para a capacitação e treinamento de um Operador do Sistema, o
projeto agrega valor para outras pessoas que trabalham, direta ou indiretamente, com o SIN
como, por exemplo, os projetistas, implementadores e mantenedores de equipamentos e
sistemas de proteção, controle e de telecomunicação.
Projetos Futuros
Por se tratar de um tema muito extenso, não foi possível falar sobre alguns conceitos,
mais específicos, existentes no ambiente da Operação de Sistemas, tais como Funções
Transmissão menos comuns (ao exemplo de compensadores estáticos), especificações em
funções de proteção, regras de apuração de PV menos habituais etc. No que diz respeito ao
sistema supervisório, cabe a extensão desse projeto um aprofundamento da arquitetura dos
sistemas de telecomunicação, que atualmente estão integrados com o sistema de supervisão,
controle e proteção.
O projeto auxilia também como texto de apoio a trabalhos que venham a se aprofundar
em um dos tópicos presentes como equipamentos, subestação e elementos de proteção.
96
Outra opção de extensão desse trabalho é ampliar os conteúdos de modo a apresentar e
contextualizar a operação executada por um Agente de Geração, explicando as
particularidades dos equipamentos envolvidos, suas regras de remuneração etc.
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Referências Bibliográficas
[4] CAMARGO, Luiz Gustavo Barduco Cugler. O setor elétrico brasileiro e sua
normatização contemporânea. 2005. Monografia (Graduação em Bacharelado em Direito) -
Universidade Católica de Santos. Santos.
[6] FITZGERALD, A. E.; JUNIOR, Charles Kingsley; UMANS, Stephen D.. Máquinas
elétricas. 6. ed. Rio de Janeiro: Artmed - Bookman.
[10] MUZY, Gustavo Luiz Castro de Oliveira. Subestações elétricas. 2012. Projeto
Final (Graduação em Engenharia Elétrica) - UFRJ. Rio de Janeiro.
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[13] NEOENERGIA. Histórico do Setor Elétrico. Disponível em:
www.neoenergia.com/section/historico-setor-eletrico.asp - acessado em maio de 2012.
[20] ______. Submódulo 11.1: Proteção e controle: visão geral. Disponível em:
www.ons.org.br - acessado em julho de 2012.
[22] ______. Submódulo 15.12: Apuração mensal das parcelas variáveis referentes à
disponibilidade de instalações da Rede Básica. Disponível em: www.ons.org.br - acessado
em julho de 2012.