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A Falência

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Instituto Superior De Ciências e Tecnologia de Moçambique

Direito Comercial - Falência e Recuperação de Empresas

Docente: Dra. Luisa Manuel


Discente: Hugo Abel De Morais - 20180853

Maputo, 19.02.2021

1
Índice
Introdução............................................................................................................................................2
Falência................................................................................................................................................4
Legislação aplicável.............................................................................................................................5
Sujeito a falência..................................................................................................................................5
Reclamação de Créditos......................................................................................................................5
Administrador da Insolvência............................................................................................................6
Requerimento do processo da falência...............................................................................................6
Efeitos da Sentença declatória da falência em relação ao falido......................................................7
Efeitos da Sentença declatória da falência em relação aos credores................................................7
Recuperação das empresas.................................................................................................................8
Recuperação Judicial..........................................................................................................................8
Plano de recuperação judicial.............................................................................................................8
Papel do administrador judicial na recuperação judicial.................................................................8
Papel da assembleia geral de credores na recuperação judicial.......................................................9
Recuperação Extrajudicial.................................................................................................................9
Pedido de homologação do plano de recuperação extajudicial........................................................9
Referências Bibliográficas.................................................................................................................12

2
Introdução

Diferente do que acontece no direito penal, onde a responsabilidade é pessoal, no direito civil
o que responde pelo inadimplemento das obrigacoes (O não cumprimento de determinada
avença) é o património das obrigcões e não a sua própria pessoa.

Porém nem todos os bens do devedor respondem por suas dividas, dito isto, podemos afirmar
que como regra o devedor responde por suas obrigações com o seu patrimonio, excepto os
bens que estão expressamente indicados no código processual civil.

Antes de mais nada, é necessário dizer que se entende por património, um complexo de
relações jurídicas revestidas de valor económico. O património de uma pessoa é composto
pelos bens materiais, ou seja, bens tangíveis, mas também pelos bens incorpóreos (bens que
não possuem existência física).

Esse complexo de relações jurídicas, abrange dois tipos de situações jurídicas, as situações
jurídicas activas e as passivas, isto é, as activas que são os bens e direitos da pessoa, e as
passivas que são as suas dívidas.

É por esta razão que se diz que o património de uma pessoa é caracterizado pelo património
activo e passivo.

Portanto, nos casos em que é preciso fazer o levantamento do património de uma pessoa, é
necessário que se faça a comparação do património activo, do património passivo, onde o
resultado dessa comparação será o que nos vai permitir saber qual é o património líquido da
tal pessoa.

Nos casos em que que o património líquido da pessoa é positivo, ou melhor dizendo, nos
casos em que a soma dos seus bens e obrigações são maiores que as suas dívidas, significará
que se porventura, todos os credores quisessem executar ao mesmo tempo as suas dívidas, a
pessoa teria condições suficientes para assim o fazer. De outra forma, quando o patimónio
líquido for negativo, isso significaria que a pessoa tem mais dívidas do que bens e direitos
para efectuar o pagamento. Quando assim ocorre, o Estado pode interromprer todas as
execuções individuais, afastar o devedor da administração do seu próprio património, reunir
todos os credores, liquidar os seus bens e direitos, e como consequência, fazer pagar aos
credores reunidos, seguindo uma ordem pré-definida, que segundo a lei, respeita os critérios
mais justos nesse tipo de situação.

3
E é isto que é considerado, ou que consiste o instituto de falência, um grupo de credores que
deseja que as suas dívidas sejam executadas contra o devedor insolvente.

Portanto, dito tudo isto, importa referir que neste presente trabalho iremos tratar sobre o tema
de falência e recuperação das empresas. Iremos desenvolver alguns conceitos, tentar perceber
como é que se atingem essas situações, ou seja quais são os pressupostos, e enunciar e
explorar de certa forma a legislação que compete regular esse tipo de relações jurídicas.

4
Falência

Dissemos e explicamos na introdução deste trabalho o que seria o instituto da falência, que é
nada mais, nada menos que uma acção judicial pela qual se reúne o património do devedor,
com o intuito de satisfazer as dívidas dos credores.

A falência ocorre quando a situação da empresa ou entidade, que por não ter capacidade de
pagar as suas dívidas e de cumprir com as obrigações contraídas, torna-se um devedor
insolvente.

A insolvência é carcacterizada pelo estado da pessoa estar com o seu património negativo, ou
seja, o seu património tem mais dívidas do que direitos.

Segundo a Doutrina, quando se fala em falência, é necessário que se fale de três requisitos,
dois que são pressupostos materiais e um que é pressuposto formal. Os pressupostos
materiais estão subdivididos em pressuposto material subjectivo e pressuposto material
objectivo.

O pressuposto material subjectivo, ocorre quando o devedor em questão é empresário


abrangido pelo regime jurídico de falência.

O pressuposto material objectivo, ocorre exactamente quando o empresário devedor está em


situação de insolvência, por outras palavras, está com o património líquido negativo, o que
significa que este tem mais dívidas do que bens e direitos.

O pressuposto formal, é a declaração jurídica da falência, isto é, a existência de uma sentença


que declara a falência.

A insolvência é pressuposto material objectivo da falência.

Quanto ao critério para a decretação da insolvência do empresário, no contexto da falência, é


necessário que estejam presentes os seguintes requisitos, a demonstração da insolvência do
empresário.

A insolvência jurídica está carecterizada quando o empresário pratica determinados actos


previamente estabelecidos na legislação da respeitante a falência, são chamados, actos de
falência, ou então deixam de cumprir determinados obrigações que também estão
enumerados na lei. Nestes casos a lei presume a falência do empresário pela a ocorrencia
desses actos.

5
A Impotualidade injustificada, desde o momento que o devedor deixe de pagar sem razão
jurídica uma dívida, logo se pressume a insolvência, e por fim a enumeração legal, desde que
ocorra a prática de qualquer um dos actos descritos na legislação aplicável a este regime,
para que se presssuma a insolvência.

Legislação aplicável

Foi publicado o Decreto Lei n.o 1/2013, de 4 de julho, que aprova o Regime Jurídico da
Insolvência e da Recuperação de Empresários Comerciais.

O novo regime jurídico da insolvência tem como objectivo adequar o instituto da falência e
da insolvência no mercado moçambicano e promover a actividade económica no país.

Sujeito a falência

Para que se esteja sujeito a este regime de falência, é necessário que o devedor exerça a
actividade empresarial. O direito moçambicano considera como empresário todos aqueles que
abrangem os atrigos no 2 e 9, ambos do código comercial.

Portanto, nos casos em que se verificar que o devedor é de acordo com a lei, considerado
empresário, a execução da sua dívida faz-se por via do instituto da falência. Desde o
momento em que se verifique que este não consegue cumprir com as suas obrigações, ou
então quando se encontram presentes, os actos de falência estipulados na lei. “Mas para esta
última parte, iremos desenvolver melhor no título dos pressupostos da costituição da
falência.”

Reclamação de Créditos

Os credores podem fazer a reclamação de créditos contra uma empresa que se encontra em
situação de insolvência, com o objectivo de resolver os seus problemas financeiros. Onde a
Verificação de tais creditos será feita por um administrador da insolvência, que terá como
base a verificação “dos livros contabilísticos, documentos comerciais e fiscais do devedor e

6
nos documentos que lhe forem apresentados pelo credor (...)” , como vem estabelecido no n o1
do Artigo 7.o do Decreto Lei 1/2013 de 4 de Julho, relativo ao Regime Jurídico da insolvência
e da Recuperação de empresários comerciais.

Importa referir que essa reclamação de créditos impõe que sejam preenchidos os requisitos da
reclamação de créditos estipulado no Artigo 9.o do mesmo diploma.

Entretanto, depois de ser publicada a relação de credores pelo administrador da insolvência, a


lei estabelece um prazo para que qualquer uma das partes envolvidas possam requerer a
impugnação da relação de credores, abrindo espaço para que apresentem provas dentro do
prazo estabelecido no Artigo 11.o da lei em questão. Assim sendo, terminado o prazo que lhe
é conferido para a apresentação de provas, também é estabelecido um prazo de 5 dias para
que a outra parte, o devedor, se possa pronunciar sobre a impugnação.

Administrador da Insolvência

Enquanto explicavamos o sub-título anterior, usamos várias vezes o termo Administrador da


Insolvência. Segundo o Artigo 21.o, do diploma em questão, designa-se de Administrador de
Insolvência, o profissional nomeado pelo juiz responsável, onde este procura nomear um
“profissional idóneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou
contabilistas, com experiência mínima de 5 anos de actividade profissional(...)” - N o 1 do
Artigo 21.o do Decreto Lei 1/2013 de 4 de Julho. Ao Administrador da Insolvência é
conferido poderes para a condução do processo de insolvência ou de recuperação judicial,
mas claro, sobre a fiscalização do juiz e do comité, como está estabelecido no artigo n o 1 do
Artigo 22.o. O Administrador da Insolvência não pode ser substituído, excepto quando exista
uma autorização do juiz.

Em termos da remuneração do Administrador da Insolvência, esta encontra-se regulada no


Artigo 24.o, onde quem a fixa é o Juiz, tendo em conta a capacidade de pagamento do
devedor, pois é a este que incumbe a responsbilidade de suportar a renumeração do
Admnistrador da Insolvência e dos auxiliares.

Requerimento do processo da falência

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O processo de falência do devedor pode ser requerido pelo próprio devedor, pelo cônjuge
sobrevivo, qualquer herdeiro do devedor ou o cabeça de casal, o sócio ou acionista do
devedor e ou ainda quaquer credor que queira resolver o problema

Entretanto, ainda no mesmo diploma, no artigo 90. o, está estipulado os casos em que ocorrem
ilegitimidade do pedido de insolvência.

Para que o pedido de processo de falência dê início é antes de mais nada, necessário fazer
uma petição escrita. Depois, seguem-se as fases da citação, da oposição, em que todos os
citados têm um prazo estabelecido pela lei, que tem como o intuito, deduzir oposição ou
justificar os seus créditos, do despacho do prosseguimento da acção, do julgamento e da
sentença.

Uma vez declarada a sentença, aplicam-se integralmente os dispositivos relativos a


insolvência requerida pelas pessoas referidas no artigo 93.o.

Efeitos da Sentença declatória da falência em relação ao falido

Desde logo, fica inibido de administrar e dispor dos seus bens presentes ou futuros.
Referindo-se a lei à inibição de administrar e dispor dos seus bens, a mesma não se aplica no
que respeita à administração de bens de terceiro, pelo que o falido pode administrar e pode
dispor de tais bens, nos termos em que a lei geral ou os respectivos proprietários lho
permitirem.1

A determinação das inibições do falido permite a preservação de certo património


especialmente afectado à satisfação dos credores.

Efeitos da Sentença declatória da falência em relação aos credores

Depois de ser decretada a sentença declatória da falência, incidem sobre o credor, o


vencimento antecipado de todos os créditos, a interrupção do cálculo dos juros sobre a massa
falida, a supensão das acções individuais dos credores, exceto no caso das exceções previstas
e por fim a formação da massa de credores.

1
Fernando Olavo, Direito comercial, vol. I, 2.ª ed., Lisboa, 1970, p. 166.

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Recuperação das empresas

Recuperação Judicial

Em termos da recuperação judicial, esta tem por objectivo facilitar a saída da situação de
crise financeira do devedor, permitindo a manuntenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a perservação da empresa.

A recuperação judicial da empresa poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivo, herdeiros do
devedor, inventariante ou sócio remanescente e o próprio devedor que exerça regularmente as
suas actividades há mais de 12 meses e que cumulaivamente, preencha os requisitos descritos
nas alineas do no1, do Artigo 47.o.

Plano de recuperação judicial

Este plano deve ser submetido no prazo estipulado no n. o1, do artigo 52.o do decreto-lei
1/2013 de 4 de Julho, no tribunal pelo próprio devedor, onde neste deve constar, a indicação
pormenorizada dos meios de recuperação a serem empregues; a demonstração da sua
viabilidade económica; e o relatório económico-financeiro e o de avaliação dos bens e
activos do devedor, subscrito por um profissional legalmente habilitado ou empresa
especializada.

Caso este plano não seja apresentado no prazo estabelecido pela lei, o juiz irá julgar extinto o
processo, determinando o seu aproveitamento, com consequente revogação de certos actos
constantes no artigo 51.o.

9
Papel do administrador judicial na recuperação judicial

O administrador nestes casos têm a competência de fiscalizar as actividades do devedor e o


cumprimento do plano de recuperação judicial, requerer a falência no caso de
descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação, apresentar ao juiz, para
juntar aos autos, o relatório mensal das actividades do devedor e apresentar o relatório sobre a
execução do plano de recuperação.

Papel da assembleia geral de credores na recuperação judicial

A assembleia geral de credores tem o poder para fazer a aprovação, rejeição ou modificação
do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor, pode deliberar sobre a
constituição do comitê de credores, a escolha de seus membros e a sya substtuição; o pedido
de desistência do devedor; o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;
qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.

Recuperação Extrajudicial

A Recuperação extrajudicial é vista como um negócio jurídico entre o devedor e um grupo


de credores. O devedor poderá negociar com seus credores fora dos tribunais e dentro das
suas possibilidades.

Esta poderá ser requererida pelos detentores dos créditos que, nos termos deste Regime
Jurídico, se sujeitam à recuperação judicial.

O documento que reproduzirá o plano de recuperação extrajudicial, deverá conter a sua


justificação, os termos e as condições de pagamento dos créditos que a ele aderirem, com as
assinaturas dos titulares desses créditos.

Pedido de homologação do plano de recuperação extajudicial

O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente


pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de

10
outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos, de acordo com o n. o 5, do
artigo 158.o do decreto-lei 1/2013 de 4 de Julho.

O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará suspensão de


direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação de falência
pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial.

Importa referir que os credores somente poderão desistir da adesão ao plano de recuperação
antes da sua distribuição. Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não
poderão mais desistir, salvo com a anuência expressa dos demais signatários.

11
Conclusão

Do acima exposto, pode-se concluir que o regime jurídico da falência surge na iniciativa de
um único ou grupo de credores que desejam a execução do património do devedor insolvente,

12
ou seja, do devedor que se encontra num estado em que o seu património é negativo, ou por
outras palavras, que o seu património tem mais dívidas do que direitos.

Após analisar alguns conceitos relacionados com o nosso tema, fizemos uma análise a lei que
abrange o instituto da falência e da insolvência no mercado moçambicano, o que nos fez
perceber detalhadamente os sujeitos que podem estar envolvidos, os procedimentos dos
institutos, e o conteúdo das sentenças declaratórias da falência.

Avançando com o trabalho de investigação, analisamos a segunda parte do mesmo, que é


relativo a recuperação das empresas, onde dissemos que esta tem por objectivo facilitar a
saída da situação de crise financeira do devedor, permitindo a manuntenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a
perservação da empresa.

Para além de falar-mos sobre o seu objectivo, vimos também como é que a lei impõe que o
plano de recuperção da empresa seja feito, vimos os prazos que são estabelecidos por esta, e
vimos também o papel dos sujeitos envolvidos neste instituto jurídico.

Referências Bibliográficas

Código Comercial. 4ª Edição. Plural Editores, 2019

13
MOÇAMBIQUE. Decreto-Lei no 1/2013, de 4 de Julho. Dispõe sobre o regime jurídico da
insolvência e da recuperação das empresas comerciais.

VASCONCELOS , Miguel Pestana. FALÊNCIA, INSOLVÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE


EMPRESAS, I.º congresso de Direito Comercial das Faculdades de Direito da Universidade
do Porto, de S. Paulo e de Macau, Faculdade de Direito universidade do porto, 2017. 226.

CORREIA, Miguel J. A. Pupo. Direito Comercial. 11 a edição, revista e actualizada.


Setembro/2009.

Sites de Internet:

https://eportugal.gov.pt/inicio/espaco-empresa/guia-a-a-z/cid-0-faseneg-2-falencia

https://www.advogadosinsolvencia.pt/mapa/falencia

http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/13407/material/Per
guntas%20e%20Respostas%20Direito%20Falimentar.pdf

https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/fal%C3%AAncia

https://jus.com.br/artigos/65490/visao-geral-da-solvencia-em-mocambique

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