Caderno Das Melhores Praticas de Diversidade e Inclusao Nas Empresas
Caderno Das Melhores Praticas de Diversidade e Inclusao Nas Empresas
Caderno Das Melhores Praticas de Diversidade e Inclusao Nas Empresas
MELHORES PRÁTICAS DE
DIVERSIDADE E INCLUSÃO
NAS EMPRESAS
2019 1ª Edição
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO E ÉTICA EMPRESARIAL – IBDEE
PROPÓSITO
Presidente Vice-Presidente
Edmo Colnaghi Neves André Castro Carvalho
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
COORDENAÇÃO
COMISSÃO REDATORA
Ana Alice Queiroz, Ana Carolina Moreira Bavon, Anna Lygia Rego, Bruno Paiva,
Catharina Jesus da Silva, Gabriela Alves Mendes Blanchet, Paula Teixeira Garcia
Civolani, Renato Souza, Victor Chaves.
CRÉDITOS
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.......................................................................... 6
1 INTRODUÇÃO.......................................................................... 8
1.1 Objetivos do Caderno e delimitação do escopo.............................. 9
3 DIVERSIDADE NO BRASIL............................................................ 19
3.1 Legislação......................................................................... 20
3.1.1 Constituição Federal de 1988........................................... 20
3.1.2 Legislação trabalhista.................................................... 21
3.2 Diversidade nas empresas brasileiras......................................... 25
3.2.1 Diversidade nas empresas privadas.................................... 26
3.2.2 Diversidade nas organizações públicas................................ 27
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5 RECOMENDAÇÕES.................................................................... 36
5.1 Comprometimento da alta liderança......................................... 37
5.2 Criação de uma diretoria, departamento ou área
responsável pelo tema............................................................... 38
5.3 Desenvolvimento e elaboração de políticas internas efetivas............ 38
5.4 Recrutamento e contratação.................................................. 39
5.5 Programas de treinamento e sensibilização................................. 40
5.5.1 Atração e seleção......................................................... 40
5.5.2 Entrevistas................................................................. 41
5.5.3 Montagem de equipe..................................................... 41
5.5.4 Preparação do ambiente................................................. 42
5.6 Licenças maternidade e paternidade......................................... 43
5.7 Jurídico/compliance: controles internos..................................... 44
5.7.1 Canal de denúncia........................................................ 45
5.7.2 Métodos de avaliação.................................................... 45
5.7.3 Mecanismos de rating e evolução dos índices na empresa......... 46
6 CONCLUSÃO........................................................................... 47
REFERÊNCIAS............................................................................ 48
5
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APRESENTAÇÃO
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
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1
INTRODUÇÃO
1 BACELO, Joice. Escritórios de advocacia investem na diversidade para atrair clientes. Valor, 2 jul. 2018. Dis-
ponível em: https://www.valor.com.br/legislacao/5631045/escritorios-de-advocacia-investem-na-diversidade-para-
atrair-clientes.
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
2 Mulheres e negros são maiorias estatisticamente; porém, são considerados minorias em razão de sua posição social.
3 HUNT, Vivian; YEE, Lareina; PRINCE, Sara; DIXON-FYLE, Sundiatu. A diversidade como alavanca de performan-
ce. McKinsey, jan. 2018. Disponível em: https://www.mckinsey.com/business-functions/organization/our-
insights/delivering-through-diversity/pt-br.
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DIVERSIDADE:
PANORAMA MUNDIAL
4 LORENZO, Rocío. How Diversity Makes Teams More Innovative. TED@BCG, out. 2017. Disponível em: https://www.ted.
com/talks/rocio_lorenzo_want_a_more_innovative_company_hire_more_women.
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
2.1 Europa
5 Como exemplo da abrangência da questão de inclusão e diversidade, veja-se o seguinte vídeo: ACCENTURE. In-
clusion Starts With I. YouTube, 23 jun. 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2g88Ju6nkcg.
6 Apresentamos aqui algumas reflexões trazidas por Eduardo Faria Santos, consultor em Diversidade & Inclusão
e mestre em estudos de desenvolvimento, direitos humanos e gênero pelo International Institute of Social
Studies (ISS) de Haia, na Holanda, com o intuito de informar a decisão de todos sobre qual sigla deve ser usada.
Oficialmente (por decisão do movimento em congresso), a sigla continua sendo LGBT. No entanto, já há algum
tempo, convencionou-se acrescentar o I (de pessoas intersexo), em razão da invisibilidade histórica dessas
pessoas, que ainda hoje sofrem diversos procedimentos cirúrgicos enquanto bebês, só para agradar a família
ou o próprio médico, que “necessita” enquadrar a criança no binário masculino ou feminino. De acordo com
especialistas, entre 0,05% e 1,7% da população nasce com características intersexuais — tal estimativa se as-
semelha ao número de pessoas ruivas. Diante disso, a sigla LGBTI+ já é mais inclusiva que a LGBT. Atualmente,
nos meios de militância, tem ocorrido uma crescente utilização da sigla LGBTQIA+, muito provavelmente pela
entrada de ativistas mais jovens e consequente maior interação com a academia e com movimentos em outros
países. Muito se discute o Q, de Queer, no Brasil, considerando ser advinda de uma experiência estadunidense
que acabou gerando um novo ramo de estudos de gênero, a Teoria Queer. O Queer veio ao Brasil através da
academia e, diferentemente das outras letras, não seria uma “identidade”, justamente por acreditar na não
necessidade de rótulos e categorizações tanto em termos de identidade de gênero como de orientação sexual.
Mas o fato é que novas gerações brasileiras estão utilizando o termo para se identificar, e essa pode ser a
realidade de muitas empresas. Como acreditamos e respeitamos a autodeclaração, tem se tornado cada vez
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mais comum o acréscimo da letra Q. Já o A vem de assexuais, e representa pessoas que não querem, não se
sentem aptas ou não desejam envolvimento sexual com outras pessoas, e por serem experiências ainda mais
invisibilizadas, mas que estão saindo do armário, principalmente por uma população mais jovem, a militância
“mais moderna”, no intento de ser mais inclusiva, a acrescentou à sigla. Já o sinal de + representa outras
experiências e identidades, brasileiras ou não. Recomendamos assistir ao seguinte vídeo, que explica o porquê
de a sigla LGBTQIA+ ser a mais inclusiva atualmente: SOUZA, Jéssica. Mas afinal, qual o significado de LGBTQ-
QICAPF2K+ e outras siglas como LGBTQ+? Razões Para Acreditar. Disponível em: https://razoesparaacreditar.
com/representatividade-2/significado-lgbtqqicapf2k.
7 COMISSÃO EUROPEIA. Carta Portuguesa para a Diversidade. Disponível em: http://www.cartadiversidade.pt.
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
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11 ESTADOS UNIDOS. Equal Employment Opportunity Commission - EEOC. About EEOC. https://www.eeoc.gov/eeoc.
12 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao.
13 Para mais informações, consultar: REDE BRASIL DO PACTO GLOBAL. A iniciativa. Disponível em: https://www.
pactoglobal.org.br/a-iniciativa.
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
países, empresas e população global a fim de decidir sobre novos caminhos, me-
lhorando a vida das pessoas em todos os lugares. Essas decisões determinaram
o curso global de ação para acabar com a pobreza, promover a prosperidade
e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças
climáticas. Surgiu assim a oportunidade de se adotar a nova agenda de desen-
volvimento sustentável e chegar a um acordo global sobre a mudança climática.
Das ações tomadas nasceram os Objetivos de Desenvolvimento Susten-
tável (ODS), que são orientações da ONU visando assegurar que a justiça, a
igualdade e o desenvolvimento sustentável sejam garantidos e observados em
caráter global. Eles têm um importante papel na luta contra a desigualdade.
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e as 169 metas anuncia-
das em 2015 pela ONU para os próximos quinze anos abarcam e tratam do tema
“diversidade e inclusão” de forma mais ambiciosa e profunda em relação aos
antigos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A agenda tem como ambi-
ção “não deixar ninguém para traz”, concretizar os direitos humanos de todos
e alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas,
especialmente por meio dos ODSs 5, 8 e 10.14
O ODS 5 objetiva alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mu-
lheres e meninas. Quando enfocado em termos de diversidade e inclusão, vemos
que o assunto está imbuído em metas nos itens 5.1, 5.5 e 5.c, que tratam respec-
tivamente sobre: (5.1) o fim de todas as formas de discriminação contra todas as
mulheres e meninas em toda parte; (5.5) garantir a participação plena e efetiva
das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis
de tomada de decisão na vida política, econômica e pública; e (5.c) adotar e for-
talecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de
gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis.15
O ODS 8 tem como objetivo a promoção do crescimento econômico sus-
tentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente
para todas e todos, e, em termos de diversidade e inclusão, sua meta 8.5 está
focada em “até 2030, alcançar o emprego pleno e produtivo e trabalho decente
para todas as mulheres e homens, inclusive para os jovens e as pessoas com
deficiência, e remuneração igual para trabalho de igual valor”.16
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Recomendações:19
§ Recomendação 12 – Sobre a proteção da maternidade (agricultura);
§ Recomendação 90 – Sobre igualdade de remuneração;
§ Recomendação 95 – Sobre a proteção da maternidade;
§ Recomendação 111 – Sobre a discriminação (emprego e ocupação);
§ Recomendação 123 – Sobre o emprego das mulheres com encargos
de família;
§ Recomendação 151 – Sobre os trabalhadores migrantes;
§ Recomendação 165 – Sobre os trabalhadores com encargos de família;
§ Recomendação 191 – Sobre a proteção da maternidade;
§ Recomendação 200 – Sobre o HIV e a SIDA.
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21 Para mais informações, consultar: TUNISIAN leaders urged to support gender equality on inheritance laws.
CGTN Africa, 14 ago. 2019. Disponível em: https://africa.cgtn.com/2019/08/14/tunisian-leaders-urged-to-
support-gender-equality-on-inheritance-laws.
22 WORLD ECONOMIC FORUM. Global Gender Gap Report. 2018. Disponível em: http://reports.weforum.org/
global-gender-gap-report-2018.
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
3
DIVERSIDADE
NO BRASIL
23 HÜNEMEIER, Tábita. Brasis: diversidade e evolução da população brasileira. Darwinianas: A Ciência em Mo-
vimento, 11 abr. 2017. Disponível em: https://darwinianas.com/2017/04/11/brasis-diversidade-e-evolucao-
da-populacao-brasileira.
24 BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE. Censo Demográfico 2010: Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio
de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_
caracteristicas_populacao_domicilios.pdf.
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3.1 Legislação
20
CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
25 Código Civil: “Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissí-
veis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.”
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26 BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Assédio sexual no trabalho: perguntas de respostas. Brasília: MPT; OIT,
maio 2017. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/cao_civel/acoes_afirmativas/inc_
social_mulheres/mulh_cartilhas/Cartilha%20Assedio%20Sexual%20-%20MPT.pdf.
25
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27 VIEIRA, Renata. As empresas premiadas pelo Guia Exame de Diversidade 2019. Exame, 28 mar. 2019. Disponível
em: https://exame.abril.com.br/negocios/as-empresas-premiadas-pelo-guia-exame-de-diversidade-2019.
28 Saiba mais sobre o prêmio aqui: ONU MULHERES. Prêmio WEPs Brasil: Empresas Empoderando Mulheres. Dis-
ponível em: http://premiowepsbrasil.com.br.
29 DIVERSITYINC. DiversityInc Reveals 2016 Top 50 Companies for Diversity. 20 abr. 2016. Disponível em:
https://www.diversityinc.com/diversityinc-reveals-2016-top-50-companies-diversity.
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sem abrir mão dos princípios que regem a Administração Pública, devem criar
mecanismos de promoção e valorização da diversidade. Pela equidade, adotam-
-se ferramentas que afastam distorções que impedem o acesso dos indivíduos
que possuam as habilidades necessárias para desempenhar as atribuições do se-
tor público. Um desses mecanismos mais ágeis é o estabelecimento de cotas nas
contratações públicas, que podem ser estendidas aos serviços terceirizados.
Os concursos para contratação de servidores e os processos seletivos para
contratação de empregados públicos, assim como as seleções de estágio na Ad-
ministração Pública, não devem conter em seus regulamentos qualquer restrição
de gênero e raça ao número de vagas a serem ocupadas. Outrossim, devem con-
siderar a adoção de cotas para promoção da diversidade no mercado de trabalho.
A Administração Pública federal, em iniciativa repetida por alguns Estados
e Municípios, adota a prática de cotas raciais previstas na Lei n. 12.990/2014,
que estabelece cota de 20% para negros em concursos públicos, e no Decreto n.
9.427/2018, que determina cota de 30% para negros nas seleções para estágio.
Por sua vez, o Decreto n. 9.508/2018 reflete nos concursos públicos a mesma
reserva de vagas prevista na Lei n. 8.213/1991, que estabelece cotas a serem
adotadas por empresas privadas para pessoas com deficiência.
Tais normas buscam concretizar os preceitos da Lei n. 11.340/2006 (Lei
Maria da Penha), da Lei n. 12.288/2010 (Estatuto de Igualdade Racial) e da
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), em que estão pre-
vistas ações afirmativas para garantia do efetivo exercício de direitos civis,
políticos e sociais, entre os quais o direito ao trabalho, por mulheres, negros
e pessoas com deficiência, cabendo a empresas e organizações públicas e pri-
vadas criarem meios e mecanismos aptos a viabilizar o acesso igualitário ao
mercado de trabalho, como forma de realizar o mandamento constitucional
da isonomia, mediante uma tutela ainda diferenciada, haja vista a situação de
vulnerabilidade na qual estão inseridos tais grupos.
Ultrapassada a barreira do ingresso no mercado de trabalho, outras me-
didas devem ser adotadas para promover e garantir o bom desempenho e a
evolução profissional de todo cidadão, em especial dos grupos mais vulneráveis
— entre os quais se destaca o recorte “mulher negra” —, visando diminuir as
assimetrias existentes entre os inúmeros estratos sociais.
Buscando a efetividade das ações e a criação de uma cultura organiza-
cional que absorva a diversidade, o calendário anual de eventos das organi-
zações deve contemplar cursos, treinamentos e eventos para conscientização
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
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ser refletido nos planos de benefícios das organizações públicas. A extensão aos
pais dos benefícios tradicionalmente concedidos às mães, tais como ampliação
da licença-paternidade, abono de ausências para acompanhamento dos filhos
em tratamentos médicos e concessão de auxílio-creche, torna-se um imperati-
vo para equilíbrio de oportunidades entre homens e mulheres. Nesse sentido,
também vale ressaltar o olhar que as empresas devem ter sobre as políticas
afirmativas de extensão dos benefícios aos casais homoafetivos. Deve, adicio-
nalmente, ser disponibilizado ambiente adequado para aleitamento materno,
servindo tanto às mães que desejam armazenar o leite materno quanto àquelas
que desejam amamentar seus filhos durante o horário de trabalho.
Reforçando seu compromisso com a equidade de gênero, a organização
deve considerar o período de licença-maternidade no cálculo de bônus, parti-
cipações nos lucros e resultados ou qualquer que seja o mecanismo de recom-
pensa adotado. Por outro lado, as metas de desempenho individual devem ser
ajustadas para considerar o período de afastamento pela licença-maternidade,
sempre buscando não penalizar a vida reprodutiva da mulher.
30 BRASIL. Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Secretaria de Políticas para as Mulhe-
res; ONU MULHERES; ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Programa Pró-Equidade de Gênero e
Raça: rompendo fronteiras com o mundo do trabalho. 2016. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/
wp-content/uploads/2016/04/proequidade_para-site.pdf.
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
Tendo por premissa que a Diversidade não sobrevive sem uma cultura
organizacional que a contemple e a estimule, sendo resultado de inúmeras
e reiteradas ações afirmativas, o Selo Pró-Equidade é concedido a empresas
voluntariamente inscritas no programa, que concretizaram planos de ação con-
templando temáticas pré-estabelecidas, avaliados conforme atendam requisi-
tos de iniciativas, todas estruturadas em oito dimensões de ações e divididas
em dois eixos: Gestão de Pessoas e Cultura Organizacional.
O eixo Gestão de Pessoas tem foco nos indivíduos e contempla as cinco
dimensões a seguir: (i) iniciativas em recrutamento e seleção; (ii) capacitação e
treinamento; (iii) ascensão funcional e plano de cargos e carreira (salário e re-
muneração); (iv) políticas de benefícios; e (v) programas de saúde e segurança.
Já o eixo Cultura Organizacional tem abordagem voltada ao ambiente la-
boral e contempla três dimensões: (i) adoção de mecanismos de combate às
práticas de desigualdade e discriminações de gênero e raça e de combate à ocor-
rência de assédios moral e sexual; (ii) prática de capacitação na cadeia de rela-
cionamentos da organização; e (iii) propaganda institucional interna e externa.
O primeiro ciclo do Programa ocorreu em 2005, com 11 empresas certifi-
cadas. O segundo ciclo, entre 2007 e 2008, certificou 23 empresas, número que
dobraria novamente no ciclo seguinte, ocorrido entre 2009 e 2010. O número
de empresas certificadas se estabilizou no quarto ciclo do programa, entre 2011
e 2013, com 57 empresas certificadas, e voltou a crescer no quinto ciclo, em
2015, quando alcançou 68 empresas certificadas. Até o presente momento, o
programa encontra-se paralisado em seu sexto ciclo. Entendemos ser este pro-
31 BRASIL. Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/sites/proequidade/o-que-e.
31
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grama um avanço no debate sobre a diversidade no Brasil, o que nos traz uma
grande preocupação com a sua descontinuidade, que trará um retrocesso no
estímulo à implementação de políticas de fomento à diversidade nas organiza-
ções públicas.
Percebe-se a inclusão da temática da diversidade nas agendas das em-
presas certificadas, com referências ao reconhecimento de suas iniciativas nos
relatórios de sustentabilidade e engajamento da alta administração, eviden-
ciando o maior interesse no tema.
32
CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
4
MOTIVAÇÃO PARA
A IMPLEMENTAÇÃO
DAS POLÍTICAS DE
DIVERSIDADE
32 HUNT, Vivian; LAYTON, Dennis; PRINCE, Sara. Why Diversity Matters. McKinsey & Company, jan. 2015. Disponí-
vel em: https://www.mckinsey.com/~/media/McKinsey/Business%20Functions/Organization/Our%20Insights/
Why%20diversity%20matters/Why%20diversity%20matters.ashx.
33 Ibidem.
33
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO E ÉTICA EMPRESARIAL – IBDEE
ou racial nos níveis executivos pode trazer aumento nos lucros empresarias
entre 20% e 30% acima das demais.
Uma equipe diversa trabalha melhor, pois todos os seus membros se sen-
tem ouvidos, incluídos e validados, impulsionando atitudes positivas e com-
portamentos produtivos. Isso ocorre porque um funcionário integrante de um
grupo minorizado, ao se ver representado na totalidade do corpo da empresa,
se sente mais confortável e confiante em sua função. A diversidade também de-
senvolve maior empatia e sensibilidade a questões de diferentes grupos sociais,
tornando a equipe mais unida. Um ambiente diverso encoraja seus funcionários
a darem o melhor de si na execução dos seus trabalhos, independentemente de
gênero, raça, orientação sexual ou idade, uma vez que todos têm equidade nas
oportunidades para o progresso e, a partir desse contexto, serão recompensa-
dos com base exclusivamente no seu desempenho.
Trata-se de um ciclo virtuoso que atrai profissionais de excelência, pois,
depois que empresas são percebidas como inclusivas, elas passam a receber
mais candidaturas.
34
CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
34 MAYER, Roger C.; WARR, Richard S.; ZHAO, Jing. Do Pro‐Diversity Policies Improve Corporate Innovation? Fi-
nancial Management, v. 47, n. 3, p. 617-650, dez. 2017. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/
full/10.1111/fima.12205.
35
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5
RECOMENDAÇÕES
35 ONU MULHERES; REDE BRASIL DO PACTO GLOBAL. Princípios de empoderamento das mulheres. 2017. Dispo-
nível em: http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/04/cartilha_ONU_Mulheres_Nov2017_
digital.pdf.
36 FÓRUM DE EMPRESAS E DIREITOS LGBTI+. 10 compromissos. Disponível em: https://www.forumempresaslgbt.
com/10-compromissos.
37 INSTITUTO ETHOS; CENTRO DE ESTUDOS DAS RELAÇÕES DE TRABALHO E DESIGUALDADES; BANCO INTERAMERI-
CANO DE DESENVOLVIMENTO. Adesão à Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero. Disponível
em: https://equidade.org.br/coalizao/adesao-cadastro.
36
CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
37
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO E ÉTICA EMPRESARIAL – IBDEE
38 ACCENTURE. Programa de Ética e Compliance e Código de Ética Empresarial. Disponível em: https://www.
accenture.com/br-pt/company-ethics-code.
38
CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
39 MANO, Cristiane; SCHERER, Aline. As empresas que mais promovem mulheres no Brasil. Exame, 7 nov. 2017.
Disponível em: https://exame.abril.com.br/revista-exame/mulheres-no-topo-2.
39
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO E ÉTICA EMPRESARIAL – IBDEE
40 MANO, Cristiane; SCHERER, Aline. As empresas que mais promovem mulheres no Brasil. Exame, 7 nov. 2017.
Disponível em: https://exame.abril.com.br/revista-exame/mulheres-no-topo-2.
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CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
5.5.2 Entrevistas
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INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO E ÉTICA EMPRESARIAL – IBDEE
versas, com distintos pontos de vista e experiências únicas pode contribuir para
a construção de soluções inovadoras aos clientes e até mesmo para a própria
empresa, melhorando processos e os deixando cada vez mais inclusivos.
Vale ressaltar que a responsabilidade por garantir uma equipe equili-
brada em termos de marcadores de diversidade é também da liderança. Já
no momento da entrevista, como mencionado anteriormente, os nossos vieses
inconscientes aparecem de forma mais evidente, fazendo com que os líderes
contratem pessoas cada vez mais parecidas com eles ou elas, reforçando um
ciclo de padronização demográfica nas empresas. Sendo assim, é muito impor-
tante que líderes e entrevistadores estejam sensibilizados para o tema e cada
vez mais conscientes dos seus próprios vieses.
42
CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
mentes, quais estruturas do nosso cérebro são responsáveis por esse movimento
e como podemos atuar para entender, aceitar e valorizar o que é diferente.41
43
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO E ÉTICA EMPRESARIAL – IBDEE
42 OSTAFIN, Violetta; ABREU, Juliana; KONDO, Fabiana. Como as empresas brasileiras podem maximizar
seu investimento em diversidade. The Boston Consulting Group, set. 2017. Disponível em: http://media-
publications.bcg.com/BCG_Report_What%20Works_2017.pdf.
44
CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
45
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO E ÉTICA EMPRESARIAL – IBDEE
43 INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos MM360 para a Promoção da Equidade de Gênero. 22 set. 2015. Dis-
ponível em: https://www.ethos.org.br/cedoc/indicadores-ethos-mm360-para-a-promocao-da-equidade-de-
genero/#.XYbJwkZKhhE.
46
CADERNO DAS MELHORES PRÁTICAS DE DIVERSIDADE & INCLUSÃO NAS EMPRESAS
6
CONCLUSÃO
O olhar para a diversidade não é uma alternativa que pode ser considerada
nos processos de gestão e tomada de decisão das organizações. As estratégias de
inclusão da diversidade são consideradas fatores cruciais no sucesso e sustentabili-
dade dos negócios. Sabemos que é por meio das diferenças, sejam demográficas ou
profissionais, que a criatividade e a inovação ganham mais espaço e alavancam as
organizações em patamares antes não alcançados quando se trata de entendimen-
to da demanda dos diferentes mercados e compreensão do indivíduo.
As empresas estão em diferentes níveis de maturidade na gestão da diver-
sidade, e isso é saudável, pois demonstra que, independentemente do setor de
atuação, as políticas afirmativas estão sendo debatidas e construídas a cada dia.
Nosso desafio é assegurar que as empresas que investem em diversidade
avancem em suas áreas de atuação, e garantir que mais empresas apostem na
inclusão da diversidade como estratégia de negócio.
Esse movimento pela valorização da diversidade nas organizações traz
também uma questão que cada vez mais podemos perceber como um dos pilares
mais importantes para o sucesso dessas iniciativas, o comprometimento da lide-
rança. Os líderes estão se aperfeiçoando quando o assunto é o valor social e eco-
nômico da diversidade para os seus negócios e suas carreiras enquanto líderes.
Finalmente, vale ressaltar que o engajamento das lideranças é muito im-
portante para o avanço da agenda da diversidade nas organizações; porém, o en-
volvimento de cada pessoa nesse contexto, independentemente dos marcadores
sociais que possui, deve estar sempre presente. Será por meio do envolvimento e
da cobrança dos colaboradores que as principais discussões e demandas por uma
empresa cada vez mais diversa e inclusiva serão trazidas para o debate.
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REFERÊNCIAS
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& Company, jan. 2015. Disponível em: https://www.mckinsey.com/~/media/
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LORENZO, Rocío. How Diversity Makes Teams More Innovative. TED@BCG, out.
2017. Disponível em: https://www.ted.com/talks/rocio_lorenzo_want_a_
more_innovative_company_hire_more_women.
MAYER, Roger C.; WARR, Richard S.; ZHAO, Jing. Do Pro‐Diversity Policies
Improve Corporate Innovation? Financial Management, v. 47, n. 3, p. 617-650,
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http://reports.weforum.org/global-gender-gap-report-2018.
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