Breve Histórico Sobre Números Primos
Breve Histórico Sobre Números Primos
Breve Histórico Sobre Números Primos
Números Primos
(Licenciatura em Ensino de Matemática)
Universidade Rovuma
Nampula
2021
Francisco Cordeiro Fabula
Joana Augusto Victor
Jorge Pilal Rodrigues
Musselo Baptista
Números Primos
Universidade Rovuma
Nampula
2021
2
Índice
Introdução ................................................................................................................................... 4
1. Breve histórico sobre números primos ................................................................................ 6
1.1 Causas .............................................................................................................................. 7
2. Caracterização de números primos ..................................................................................... 8
Definiçoes Preliminares .............................................................................................................. 8
Teorema de teste de primalidade ................................................................................................ 8
Teorema fundamental da aritmética ........................................................................................... 8
Terorema de Wilson ................................................................................................................... 9
a) As fórmulas de estimação sobre os tipos de números primos especiais; ............................ 9
Primos ......................................................................................................................................... 9
Primos fatoriais ........................................................................................................................... 9
Primos de Mersenne ................................................................................................................... 9
Primos de Fermat ...................................................................................................................... 10
Primos de Wilson ..................................................................................................................... 10
Primos de Germain ................................................................................................................... 10
b) Funções que fornecem quantidades de números primos ................................................... 10
Função 𝜋 dos números primos ................................................................................................ 10
Primos de Fibonacci ................................................................................................................. 11
3. Aplicações de números primos ......................................................................................... 11
3.1 Na construção de ternos pitagóricos .............................................................................. 11
3.2 Criptografia.................................................................................................................... 11
4. Análise da abordagem dos conjuntos numéricos na Matemática escolar ......................... 12
Conclusão ................................................................................................................................. 14
Bibliografia ............................................................................................................................... 15
3
Introdução
O presente trabalho aborda sobre Números primos. Os números primos são uma das mais
fascinantes partes da matemática. Eles vêm intrigando os matemáticos desde a época dos
antigos filósofos gregos, a mais de dois milênios atrás. A área da Matemática que estuda os
números inteiros e suas propriedades é chamada Teoria dos Números. Atualmente, os números
primos ocupam um papel reduzido nos primeiros capítulos dos livros de Teoria dos Números e
Álgebra Moderna. Isto chega a ser uma injustiça, pelo papel fundamental que os números
primos exercem hoje, em áreas aplicadas como a criptografia. Este trabalho tem o propósito de
apresentar os números primos não como uma introdução às Estruturas Algébricas, mas como
uma disciplina independente, capaz de despertar o interesse por suas aplicações.
4
Objetivos:
Geral: Este trabalho tem como objetivo geral organizar de modo sistemático os mais destacados
avanços dentro da Teoria dos Números, no que se refere aos números primos.
Metodologia
O trabalho será feito consoante pesquisa bibliográfica, internet e revistas, e depois sera
compilado como resultados de discussão.
5
1. Breve histórico sobre números primos
Os romanos apenas traduziram literalmente a palavra grega para primeiro que em latim é
primus. Daí vem os nossos números primos. Primeiros números primos, bem como suas
propriedades, foram pela primeira vez estudados intensamente pelos antigos matemáticos
gregos. No papiro de Rhindi, por exemplo, há indícios de que o antigo povo egípcio tinha algum
conhecimento sobre os números primos. No entanto, o registro mais antigo de um estudo
explicito sobre números primos é devido aos gregos.
Pitágoras de Samos foi um dos percursores desse estudo, embora seu interesse mais direcionado
para o místico, chegando a criar a escola Pitagórica (500 a 300 a.c). Os grandes seguidores da
época entendiam a ideia de primalidade, revelavam interesses em números perfeitos e
amigáveis. A escola dava grande importância ao número “1”, que era chamado de unidade. Os
outros números tinham importância reduzida, pois todos eles representavam apenas
multiplicidades da unidade e por isso eram chamados de números.
A partir dessas denominações, os pitagóricos começaram perceber que existiam dois tipos de
números: Números primos: são números que não podem ser gerados pela multiplicação, a partir
de outros números, como 2, 3, 5, 7, 11, e etc.
Números compostos ou secundários: são números que podem ser gerados a partir de outros
números, como o 6=2.3; 9=3.3
No livro “Os elementos”, Euclides prova que existem infinitos números primos. Esta é uma das
demonstrações conhecidas a usar o método da contradição, com a obtenção de um resultado.
Os elementos de Euclides (cerca de 300 a.C), contém teoremas importantíssimos sobre os
números primos, incluindo a demonstração de sua infinitude e o teorema fundamental da
aritmética. Euclides também mostrou como construir um número perfeito a partir de um primo
de Mersenne. Ao grego Erastóstenes (nasceu em Cirene, na Grécia, por volta de 276 anos, no
século III a.c), atribuiu-se um método simples para cálculo de números primos, conhecido
actualmente como crivo de Erastóstenes. Por outro lado, nos tempos actuais, os grandes
números primos são encontrados por computadores, através de testes de primalidade mais
complexos, como por exemplo o teste de primalidade AKS.
6
de primalidade que são utilizados até hoje. Fermat correspondeu-se com outros matemáticos do
seu tempo, como Marin Mersenne, que junto com Fermat, formularam os números de Mersenne
(número da forma 2𝑛 − 1).
Em uma carta enviada a Mersenne (Padre, matemático, filosofo natural e teólogo francês,
nascido de família camponesa) Fermat afirma ter descoberto uma formula para achar os
𝑛
números primos para todo n natural, 22 + 1 que ficou conhecida como Pequeno teorema de
Fermat. Embora não tivesse conseguido provar esse resultado, a formula funcionava para 𝑛=
𝑛
0, 1, 2, 3 𝑒 4. Os números dessa forma 22 + 1 ficaram conhecidos como números de Fermat.
Alguns anos depois o matemático Leonhard Euler (1707-1783) mostrou que para 𝑛=
5
5 𝑜 𝑛𝑢𝑚𝑒𝑟𝑜 22 + 1 era divisível por 641, ou seja, que esse número não era primo. Euler
demonstrou uma afirmação mais geral, que ficou conhecida como função 𝜑 de Euler. Função
𝜑(𝑛) de Euler definida como número de naturais menores que n que primos com n.
Karl Friedrich Gauss (1.777 – 1.855) foi o primeiro matemático a fazer alguns avanços neste
sentido: ele estimou
𝑥
1
𝑃(𝑥) ≅ ∫ 𝑑𝑡
2 ln 𝑡
1.1 Causas
1.1.1 Místicas: Os matemáticos da escola de Pitágoras (500 a 300 A.C.) estavam interessados
nos números pelas suas propriedades numerológicas e místicas (acreditavam na
transmissao das almas e, portanto, que não se devia matar ou comer animal porque ele
podia ser a moradia de um amigo morto).
1.1.2 Naturais: algumas propriedades de números que vem desafiando a humanidade há mais
de dois milênios sendo chamados por alguns autores “átomos da aritmética”.
1.1.3 Cientificas: medição do meridiano terrestre e a circunferência da terra.
7
2. Caracterização de números primos
Um número primo caracteriza-se por possuir apenas dois divisores (1 e ele próprio).
Definiçoes Preliminares
Definicao 1: Sejam 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ 𝑍. Dizemos que 𝑎 é um divisor de 𝑐 se existe 𝑏 tal que 𝑎𝑏 = 𝑐.
Notacao: a|c (le-se a divide c).
Vamos supor que 𝑎 não é primo. Então 𝑎 admite um divisor efectivo, seja ele 𝑝 Assim teremos
𝑎 = 𝑝. 𝑞
Como, por hipótese ,𝑎 não admite nenhum divisor menor que 𝑛,então teremos 𝑝 ≥ 𝑛 e 𝑞 ≥ 𝑛
onde 𝑝. 𝑞 ≥ 𝑛2 e consequentemente 𝑎 ≥ 𝑛2 , o que contradiz a hipótese. C.q.d
Demonstração:
1°Caso : se 𝑎 é primo, o teorema esta demonstrado, visto que qualquer número (diferente de
zero) é divisor de si próprio ;
2°Caso: Se 𝑎 é composto, então admite pelo menos um divisor efectivo e se admite mais que
um, então indiquemos o menor por 𝑝.
𝑝 é necessariamente primo, pois, pelo contrário 𝑝 admitiria por sua vez um divisor efectivo
𝑝1 < 𝑝, que seria também um divisor de 𝑎, o que contraria a hipótese de ser 𝑝 o menor divisor
efectivo de 𝑎. C.q.d
8
Terorema de Wilson
Se p é um numero primo entao (𝑝 − 1)! ≡ −1(𝑚𝑜𝑑 𝑝)
Demonstracao. Como (2 − 1)! ≡ 1(𝑚𝑜𝑑 2) ≡ −1(𝑚𝑜𝑑 2), logo o resultado é valido para
𝑝 = 2. Sabemos que 𝑎𝑥 ≡ 1(𝑚𝑜𝑑 𝑝) possui uma única solucao para todo a no conjunto
{1, 2, 3, … , (𝑝 − 2), (𝑝 − 1)} somente 1 e 𝑝 − 1 são seus próprios inversos modulo p, podemos
(𝑝 − 3)⁄
agrupar os números 2, 3, 4, … , (𝑝 − 2) em 2 pares cujo produto seja congruente a 1
modulo p. se multiplicarmos essas congruências, membro a membro, teremos 2 ∙ 3 ∙ 4 ∙ 5 ∙ … ∙
(𝑝 − 2) ≡ 1(𝑚𝑜𝑑 𝑝), multiplicando ambos os lados por 𝑝 − 1 teremos 2 ∙ 3 ∙ 4 ∙ 5 ∙ … ∙
(𝑝 − 2)(𝑝 − 1) ≡ (𝑝 − 1)1(𝑚𝑜𝑑 𝑝) isto é (𝑝 − 1)! ≡ −1(𝑚𝑜𝑑 𝑝) uma vez que 𝑝 − 1 ≡
−1(𝑚𝑜𝑑 𝑝).
Exemplo. Número 31 é primo.
1 ∙ 2 ∙ 3 ∙ … ∙ 29 ∙ 30 ≡ 30(𝑚𝑜𝑑 31), 30! ≡ 30(𝑚𝑜𝑑 31), 30! ≡ −1(𝑚𝑜𝑑 31),
(31 − 1)! ≡ −1(𝑚𝑜𝑑 31)
Primos fatoriais
Definição. Um número p é chamado de fatorial se está na forma: 𝑝 = 𝑛! ± 1 para algum n,
onde pode ser representado pela forma:
n 1 2 3 3 4 5 6 7 11 12
p 2 3 5 7 23 719 5039 39911681 479001599 87178291199
Primos de Mersenne
Definição. Um número da forma 𝑀(𝑛) = 2𝑛 − 1, com 𝑛 = 2, 3, 5, 7, … é chamado de
Mersenne. Assim a sequência de números de Mersenne são:
9
𝑀(𝑛) ≥ 2 = (3, 7, 31, 63, 127, 255, 511, 1023, … , 2𝑛 − 1, … )
Primos de Fermat
𝑛
Definição. Um número inteiro positivo que assume a forma 22 + 1 sendo n um inteiro não
negativo. Os primeiros números primos de Fermat são:
𝐹 0 = 3, 𝐹1 = 5, 𝐹 2 = 7, 𝐹 3 = 257, 𝐹 4 = 65537
Primos de Wilson
Definição. Dado p designa-se número primo de Wilson, então (𝑝 − 1)! ≡ (𝑚𝑜𝑑 𝑝). Logo, o
quociente de Wilson:
(𝑝 − 1)! + 1
𝑊(𝑝) =
𝑝
É um inteiro.
O número p é chamado de primo de Wilson se 𝑊(𝑝) ≡ 0(𝑚𝑜𝑑 𝑝), são exemplos de primos
de Wilson 5 e 13.
Primos de Germain
Definição. P é um primo de Germain se 2𝑝 + 1 é primo. Os primeiros números primos de
Germain são: 2, 5, 11, 23, 29, 41, 53, 83, 89, 113, 131, 173, 179, 191, 233, …
10
Primos de Fibonacci
Definição. Números de Fibonacci obedecem a seguinte função recorrente
0, 𝑠𝑒 𝑛 = 0
𝐹(𝑛) = { 1, 𝑠𝑒 𝑛 = 1
𝐹(𝑛 − 1) + 𝐹(𝑛 − 2), 𝑠𝑒 𝑛 > 1
Os números primos de Fibonacci são: 2, 3, 5, 13, 89, 233, 1597, 28657, 514229, 433494437.
c) No século XVIII em 1.742, Goldbach (1.690 – 1.764) escreveu uma carta para Euler
sugerindo que todo número par maior que dois é a soma de dois números primos.
Exemplo. 6=3+3, 8=3+5, 10=3+7=5+5, 12=5+7, 14=3+11=7+7, 16=3+13=5+11,
18=5+13=7+11.
Segundo SINGH (2002, p.28), graças a Pitágoras, "os números deixaram de ser apenas coisas
usadas meramente para contar e calcular e passaram a ser apreciados por suas próprias
características.". Ele estudou as propriedades de diversos números, buscando relacioná-los e
encontrar padrões. O Teorema de Pitágoras, enunciado a seguir, é um dos seus resultados mais
conhecidos: Em um triângulo retângulo qualquer, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos
quadrados dos catetos. Ou seja, tomando um triângulo retângulo com hipotenusa de medida z
e catetos medindo x e y, teríamos a igualdade: 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑧 2
Os números que pertencem a um trio pitagórico também são considerados especiais. Dados três
inteiros a, b e c que satisfazem o Teorema de Pitágoras, dizemos que tais números formam um
trio pitagórico. Alguns exemplos de conjuntos que formam um trio pitagórico são: {3, 4, 5},
{6, 8, 10}, {5, 12, 13} e {9, 12, 15}.
3.2 Criptografia
Os numeros primos ganham relevancia em 1978, quando Ronald Rivest, Adi Shamir e Leonard
Adleman, do laboratorio de ciencias de informacao do Massachusetts Institite of Tecnology
(MIT), tiveram a ideia de implementar o sistema criptografico com chaves assimetricas,
11
idealizado por Driffie. O principio baseia-se na relativa facilidade de encontrar numeros primos
grandes e ao mesmo tempo na dificuldade pratica em fatorar o produto dois desses numeros.
Uma pessoa escolhe dois numeros primos p e q muito grandes e efectua o seu produto 𝑚 = 𝑝 ∙
𝑞 em seguida essa pessoa escolhe um par de elementos a e b tais que: 𝑎 ∙ 𝑏 ≡ 1(𝑚𝑜𝑑 𝜑(𝑚))
Note que obrigatoriamente (𝑎, 𝜑(𝑚)) = (𝑏, 𝜑(𝑚)) = 1. A primeira pessoa pode escolher
inicialmente a tal que (𝑎, 𝜑(𝑚)) = 1 e em seguida resolver a congruencia 𝑎𝑋 ≡
1(𝑚𝑜𝑑 𝜑(𝑚)). A peimeira pessoa torna publicos os numeros a e b, que são a chave publica. A
chave secreta dela serao os primos p e q, os numeros 𝜑(𝑚) = (𝑝 − 2)(𝑝 − 1) e a.
Dado um numero 𝑥 < 𝑚, a codificacao feita pela segunda pessoa que conheca a chave publica
da primeira pode cifrar x segue: a segunda pessoa acha o único 𝐶(𝑥) < 𝑚 tal que:
𝑥 𝑏 = 𝐶(𝑥)(𝑚𝑜𝑑 𝑚) a segunda pessoa envia 𝐶(𝑥) para a primeira, a segunda ao receber 𝐶(𝑥),
usa a sua chave privada a para achar o numero 𝐷(𝐶(𝑥)) < 𝑚 tal que:
𝐶(𝑥)𝑎 ≡ 𝐷(𝐶(𝑥))(𝑚𝑜𝑑 𝑚)
Note que somente a primeira pessoa consegue determinar 𝐷(𝐶(𝑥)), pois so ele detem a chave
a. Mas, 𝐷(𝐶(𝑥)) = 𝑥 pois existe 𝑘 ∈ 𝑁 tal que: 𝑎 ∙ 𝑏 = 1 + 𝑘𝜑(𝑚) e
Em classes anteriores deve ter estudado os números naturais. Vamos, porém, revê-los para
podermos depois compreender melhor os números inteiros e os números racionais.
12
Na 10ª classe: Relações entre conjuntos • Subconjunto. Relação de inclusão (contém e está
contido) • Igualdade de conjuntos • Conjunto universal; • Operações com conjuntos; • Reunião
de conjuntos; • Intersecção de conjuntos; • Diferença de conjuntos; • Complementar de
conjunto; • Propriedades das operações de conjuntos; • Resolução de problemas concretos da
vida real.
Recomendações
Este trabalho não pretende esgotar os assuntos abordados, tornando sua abordagem superficial.
Além disso, não é possível cobrir todos os campos envolvendo números primos, pois senão o
trabalho se estenderia muito além de seus objetivos.
13
Conclusão
Feito o trabalho, concluiu-se que Gauss afirma que os problemas envolvendo números primos
foram amplamente estudados e que seria inútil discuti-los detalhadamente. E Gauss está correto.
Neste trabalho, que pretendia apresentar os números primos sob diferentes enfoques, foi
necessário deixar muitos assuntos de fora. Como exemplo, podem ser citados: as demonstrações
que existem infinitos números primos de Wilson de Euler, de Fibonacci e de Lucas,
espaçamento entre primos consecutivos, primos em progressão aritmética, primos regulares, de
Sophie Germain, o teste de Miller, além de resultados probabilísticos sobre números primos.
Mas o próprio Gauss, na mesma citação, afirma também que a própria dignidade da ciência
exige que estes e outros problemas sejam estudados. Embora de forma superficial, muito dos
principais e mais interessantes resultados foram aqui expostos. Longe de esgotar o assunto, este
trabalho se propõe apenas a criar o interesse pelos números primos. Espera-se ter tido sucesso
neste sentido.
14
Bibliografia
Domingues; H.,Iezzi, G. Álgebra Moderna. São Paulo: Atual, 1982.
[2] .JR. Frank Ayres. Álgebra Moderna. Colecção Schaum, Brasil, McGraw-Hill,1979.
[3]. VIEIRA, Mª Teresa e outros. Matemática 12º2º Vol. Porto, Porto Editora, 1995.
[4]. NEVES, Mª Augusta e outros. Matemática 12º Ano-Livro de Texto- 2º Vol.Porto, Porto
Editora, 1997.
15