Admisão e Escape
Admisão e Escape
Admisão e Escape
Guaratinguetá - SP
2018
Fábia Renata Rodrigues de Moraes
Guaratinguetá - SP
2018
DEDICATÓRIA
À minha família, sempre, e a todos aqueles que já se foram, mas que fazem questão de
serem lembrados no meu dia a dia através de um simples gesto ou ação.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço aos meus pais por sempre acreditarem em mim e fornecerem
o suporte, financeiro e psicológico, para entrar e cursar engenharia em uma faculdade como a
UNESP. Sem vocês não teria sido possível. Agradeço também às minhas irmãs e a meu irmão
que também sempre me apoiaram, como uma família deve ser.
A meu namorado Bruno, que sempre esteve ao meu lado e me apoiou muito durante os
momentos (e matérias) difíceis da faculdade. Obrigada por sempre me incentivar a ser melhor,
a buscar os meus sonhos e a não desistir quando as coisas parecem difíceis.
Agradeço também a República das Ursas que me acolheu durante os primeiros anos de
faculdade como uma segunda família. Fiz amizades que levarei para o resto de minha vida e
sei que sempre terei uma segunda casa em Guaratinguetá.
Por fim, agradeço ao meu orientador e coordenador da equipe de Fórmula SAE, Prof.
Dr. Antonio Wagner Forti e também ao professor Fernando Henrique Araújo, por me guiarem
nesse árduo caminho que é completar a escrita de um trabalho.
EPÍGRAFE
It is introduced in this project the study and design of intake manifold and exhaust systems of
a Formula SAE prototype, considering the acoustic phenomena that occur within this process
and directly influences the performance of the engine.
In order to achieve better performance of the engine, this acoustic phenomena, acting in a
determined range of rotation established as ideal, is used to improve the feed in the cylinder.
The calculated rotation determines the opening and closing time interval of the engine inlet and
exhaust valves. Based on this rotation it will be possible to find the ideal length of the
collectors.
The results obtained, considering the study engine a Honda CB600F of the team UNESP
Racing of Formula SAE, were length of the intake manifold of 245mm and the exhaust
manifold of 780mm.
KEYWORDS: Formula SAE. Intake manifold. Exhaust manifold. Venturi.
LISTA DE TABELAS
𝜂𝑉 eficiência volumétrica
𝑚𝑎𝑠 massa de ar real introduzida no cilindro [kg]
𝑚𝑚𝑐 massa de ar teórica inserida no cilindro [kg]
𝜌𝑎𝑡 massa específica [kg/m3]
Vc volume [m3]
𝑝𝑎𝑡 pressão ambiente [mbar]
𝑇𝑎𝑡 temperatura ambiente [°C]
𝑅𝑎 constante universal [J/kg*K]
𝑝𝑚𝑒 pressão média efetiva [Bar]
𝑊̇𝑒 potência [W]
𝑖 tipo de motor (2 ou 4 tempos)
𝑁 rotação do motor [rpm]
𝐷 diâmetro do pistão [mm]
𝑛𝑐𝑖𝑙 número de cilindros
𝐿𝑠𝑡 curso do pistão [mm]
𝐴𝑖𝑝 área disponível na garganta da admissão [mm2]
𝑛𝑖𝑣 número de válvulas de admissão por cilindro
𝑑𝑖𝑝 diâmetro da garganta [mm]
𝑑𝑠𝑡 diâmetro da haste da válvula [mm]
𝐴𝑒𝑝 área disponível na garganta da exaustão [mm2]
𝑛𝑒𝑣 número de válvulas de exaustão por cilindro
𝐿𝑙𝑖𝑚 levante limite para medição da cortina perpendicular ao assento na sede [mm]
𝑑𝑜𝑠 diâmetro externo do assentamento da sede [mm]
𝑑𝑖𝑠 diâmetro interno do assentamento da sede [mm]
𝜙 ângulo de assentamento da válvula na sede
𝐿 levante da válvula em um instante qualquer [mm]
𝐶𝑑 coeficiente de descarga
𝑚̇𝑒𝑥 vazão mássica medida em teste de fluxo [kg/s]
𝑚̇𝑖𝑑 vazão mássica ideal baseada nas mesmas condições do teste de fluxo [kg/s]
𝑚̇ vazão mássica [kg/s[
𝑉𝑎𝑟 velocidade do fluxo de ar através do duto [m/s]
𝐴𝑡 área da cortina [mm2]
𝜌𝑎𝑟 densidade do ar [kg/m3]
𝑄 vazão volumétrica de ar [m3/s]
𝑉𝑡ℎ velocidade isentrópica do ar nas condições do teste de fluxo [m/s]
𝑃𝑜 pressão atmosférica [mbar]
𝛾 coeficiente politrópico do ar
∆𝑃 diferença de pressão utilizada no teste de fluxo [mbar]
𝜌𝑜 densidade do ar nas condições atmosféricas [kg/m3]
𝐴𝑡𝑒 área efetiva do duto do cabeçote [mm2]
𝑀𝑜 número de Mach
𝑐𝑜 velocidade do fluxo analisado [m/s]
𝑎𝑜 velocidade local do som nas condições do fluxo [m/s]
𝐴𝑐𝑖𝑙 área do cilindro [mm2]
𝑉𝑝𝑖𝑠𝑡𝑚𝑎𝑥 velocidade máxima do pistão para determinada rotação do motor [m/s]
𝑑𝑐𝑖𝑙 diâmetro do cilindro [mm]
𝑉̅𝑝𝑖𝑠𝑡 velocidade média do pistão em determinada rotação do motor [m/s]
𝐿𝑐𝑟 comprimento da biela [mm]
𝐿𝑐𝑡 raio do virabrequim [mm]
𝑉𝑝𝑖𝑠𝑡𝑖𝑛𝑠𝑡 velocidade instantânea do pistão para determinada rotação do motor e posição do
virabrequim [m/s]
𝑅𝑟𝑡 razão entre comprimento da biela e do raio do virabrequim
𝑁𝑝𝑜𝑡𝑚𝑎𝑥 rotação de potência máxima do motor [rpm]
R constante do gás [J/kg*K]
𝑇𝑜 temperatura do gás no fluxo de ar [°C]
𝐿𝑖 comprimento do duto do coletor de admissão [mm]
𝐿𝑖ℎ comprimento do duto de admissão do cabeçote [mm]
𝐿𝑖𝑡 comprimento total do caminho percorrido pelo fluxo na admissão [mm]
𝐶𝑖𝑟 fator adimensional da admissão – intake ramming factor
𝐶𝑟𝑝1 fator adimensional do primeiro pico de potência da admissão
𝐶𝑟𝑝2 fator adimensional do 2º pico de potência da admissão
𝑁𝑟𝑝2 rotação do 2º pico de potência da admissão [rpm]
𝐶𝑟𝑝3 fator adimensional do 3º pico de potência da admissão
𝑁𝑟𝑝3 rotação do 3º pico de potência da admissão [rpm]
𝐶𝑟𝑝4 fator adimensional do 4º pico de potência da admissão
𝑁𝑟𝑝4 rotação do 4º pico de potência da admissão [rpm]
𝐶𝑟𝑡1 fator adimensional do 1º vale de potência da admissão
𝑁𝑟𝑡1 rotação do 1º vale de potência da admissão [rpm]
𝐶𝑟𝑡2 fator adimensional do 2º vale de potência da admissão
𝑁𝑟𝑡2 rotação do 2º vale de potência da admissão [rpm]
𝐶𝑟𝑡3 fator adimensional do 3º vale de potência da admissão
𝑁𝑟𝑡3 rotação do 3º vale de potência da admissão [rpm]
𝐶𝑟𝑡4 fator adimensional do 4º vale de potência da admissão
𝑁𝑟𝑡4 rotação do 4º vale de potência da admissão [rpm]
𝐶𝑟𝑡5 fator adimensional do 5º vale de potência da admissão
𝑁𝑟𝑡5 rotação do 5º vale de potência da admissão [rpm]
𝐿𝑒 comprimento do duto do coletor de exaustão [mm]
𝐿𝑒ℎ comprimento do duto de exaustão do cabeçote [mm]
𝐿𝑒𝑡 comprimento total do caminho percorrido pelo fluxo na exaustão [mm]
𝐶𝑒𝑡 fator adimensional da exaustão para o duto primário – exhaust tuning factor
𝐿𝑡𝑝 comprimento do duto secundário da exaustão [mm]
𝐶𝑡𝑝 fator adimensional da exaustão para o duto secundário – exhaust tailpipe tuning factor
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
2.3.1 Válvulas.......................................................................................................................... 22
2.3.2 Dutos............................................................................................................................... 23
3 MATERIAL E MÉTODO.................................................................................................. 55
4 RESULTADOS ................................................................................................................... 59
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 75
15
1 INTRODUÇÃO
Desde 1876, quando o alemão Nikolaus Otto apresentou um motor de 4 cilindros com
características básicas similares aos encontrados hoje em dia, busca-se um aumento de potência
e eficiência dessas máquinas (TILLMAN, 2013). Esse aumento só foi possível devido à
evolução de sistemas auxiliares, nos quais segundo Lopes, Furlani, Silva (2003) pode-se
destacar o sistema de admissão e escape.
O desbalanceamento do recebimento de ar mais combustível entre os cilindros é umas
das principais causas da ineficiência de um motor (CAVAGLIERI, 2014). Além disso, o
volume do cilindro poderia ser ocupado de maneira mais eficiente no funcionamento de um
motor de combustão interna de ciclo Otto tradicional, na fase de admissão de ar, período em
que a válvula de admissão está aberta para que o cilindro possa ser ocupado pela mistura ar
mais combustível. A potência entregue pelo motor é proporcional à massa de ar que ele
consegue aspirar (BRUNETTI, 2012). Dessa forma, se torna essencial o correto
dimensionamento do sistema de admissão de um carro, principalmente se tratando de um carro
de alta performance com o estudado nesse trabalho.
No estudo do processo de admissão é comum assumir que ele ocorra de maneira contínua,
como citado em Moura (2009) e Cavaglieri (2009), no entanto sabe-se que ele ocorre de maneira
pulsada, e que as ondas de pressão geradas auxiliam no preenchimento do cilindro com a
mistura de ar mais combustível.
Dessa maneira, tendo em mente as noções e o conceito da teoria de ondas na qual baseia-
se em pulsos de ondas de pressão que percorrem os dutos de admissão e exaustão durante a
abertura e fechamento das válvulas, o objetivo desse trabalho é dimensionar os coletores de
admissão e exaustão de um protótipo de Fórmula SAE em relação a sua geometria e
comprimento, tendo em vista a melhora de performance do motor utilizado.
16
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
De acordo com Heywood (1998), um motor de combustão interna tem como objetivo
gerar energia mecânica utilizando a energia química proveniente do combustível. Existem,
atualmente, diferentes tipos de motores à combustão, no entanto, neste trabalho trataremos
apenas dos motores a combustão com ignição por centelha, comumente conhecidos como Otto.
Esses motores operam em ciclos de 2 e 4 tempos, sendo a diferença entre eles os ciclos que
ocorrem dentro do cilindro para que a combustão ocorra. A Figura 1 mostra o funcionamento
básico de um motor a combustão de 4 tempos.
Quando se diz que um motor é 4 tempos significa que é necessário completar 4 fases para
finalizar um ciclo, gerando a potência no eixo. A Figura 1 ilustra as fases dentro de um ciclo.
Dessa forma, segundo Heywood (1998) as 4 fases que compõe um ciclo são:
1. Admissão: tem início com o pistão no PMS e termina na posição PMI.
Aproveitando o fenômeno acústico – vide item 2.6 – para aumentar a massa de ar
admitida no cilindro, a válvula de admissão abre instantes antes do início do ciclo
e fecha instantes após o término dele;
2. Compressão: ambas as válvulas de admissão e escape estão fechadas, causando
uma compressão da mistura presente no cilindro. Ao fim dessa fase, a combustão
ocorre, gerando um rápido aumento da pressão dentro do cilindro;
3. Expansão: a alta temperatura e pressão são responsáveis por movimentar o pistão
do PMS para o PMI, girando o virabrequim. À medida que o pistão aproxima o
PMI, a válvula de escape abre para iniciar o processo de exaustão, reduzindo a
pressão até aproximadamente a pressão de escape.
4. Exaustão: é a fase na qual os gases resultantes da combustão são liberados.
Inicialmente, são liberados pela diferença de pressão existente entre o ambiente
interno do cilindro e o ambiente externo deste. Posteriormente os gases são
liberados pela movimentação do pistão do PMI para o PMS. A válvula de
admissão abre quando o pistão se aproxima do PMS e a de escape se fecha logo
após o PMS, inciando novamente o ciclo.
Sabe-se, portanto, que para que o ciclo se complete são necessários a admissão de ar e o
escape dos gases resultantes da combustão. Isso exige um sistema eficiente de admissão e
exaustão.
De acordo com Penido Filho (1983), a eficiência volumétrica é definida como a relação
entre o peso de ar efetivamente introduzido no cilindro (mas) e o peso teórico máximo que
poderia ser inserido nesse cilindro em cada ciclo (mmc), portanto:
𝑚
𝜂𝑉 = 𝑚 𝑎𝑠 (1)
𝑚𝑐
𝑝𝑎𝑡
𝜌𝑎𝑡 = 𝑅 (3)
𝑎 𝑇𝑎𝑡
De acordo com Perrella (2016), pressão média efetiva é a pressão líquida de saída, ela se
distingue da pressão média indicada pelas perdas do motor para mantê-lo em funcionamento
sem carga, chamada de pressão média de atrito. Assim, ela é definida na Equação (4):
𝑊̇𝑒 60𝑖
𝑝𝑚𝑒 = (4)
𝑉𝐶 𝑁
𝐷2
𝑉𝐶 = 𝜋 𝑛𝑐𝑖𝑙 𝐿𝑠𝑡 (5)
4
Seguindo a definição da pressão média efetiva pela Equação 4, quanto maior seu valor,
melhor o desempenho obtido, uma vez que uma menor perda no motor é observada.
Segundo Penido Filho (1983), o cabeçote é a parte superior do motor, ligado ao bloco
através de parafusos, que estrategicamente colocados, impedem a deformação do bloco e do
próprio cabeçote ao surgirem solitações termo-mecânicas produzidas pelo motor durante seu
funcionamento. Este componente possui peças importantes que terão grande influência neste
trabalho, como válvulas, câmara de combustão e dutos de admissão e exaustão. Na Figura 4 é
apresentada uma vista em corte de um cabeçote.
Cada motor possui um cabeçote padrão. No duto do cabeçote, o fluxo escoa pela área da
região de garganta para chegar ao cilindro, a qual em uma aplicação comercial é a menor área
disponível para o fluxo atravessar ao longo de todo o seu percurso. A região denominada
garganta é um parâmetro importante dentro de nosso estudo, pois interfere na quantidade de ar
que adentra o cilindro e, dessa forma, será analisado em detalhes nos tópicos seguintes.
2.3.1 Válvulas
Segundo Penido Filho (1983), as válvulas são utilizadas para interromper ou não o fluxo
de gases de aspiração e descarga nos devidos tempos, segundo o ciclo do motor. A abertura e
fechamento delas é controlado pelos comandos de válvula, posicionados de maneira a acionar
o balancim – ou o tucho diretamente - no momento correto para a admissão ou escape dos gases
de combustão.
Na Figura 5 é apresentada a estrutura das válvulas presentes no cabeçote, que se dividem
em duas partes básicas:
- Cabeça;
- Haste
2.3.2 Dutos
Os dutos que fazem parte do cabeçote são responsáveis por carregar a mistura de ar e
combustível até o cilindro para que ocorra a combustão e, posteriormente, levar os gases
provenientes desse processo até os condutos de escapamento. Dessa forma, os dutos de
admissão do cabeçote ligam os condutos de admissão aos cilindros e os dutos de escape ligam
os mesmos cilindros até os condutos de escape para serem liberados.
São neles que estão as regiões das gargantas de admissão e exaustão do cabeçote, áreas
nas quais estão as restrições de passagem de fluxo do motor e que são responsáveis – junto com
outras variáveis geométricas – por definir em qual faixa de rotação a potência máxima será
atingida. Assim sendo, é muito importante para a definição dos projetos de ambos os coletores.
De acordo com Pignone e Vercelli (2010), o fluxo máximo de escoamento em um motor
é obtido quando a velocidade do ar na garganta do cabeçote é igual a Mach 0,5. Isso ocorre
porque essa velocidade é definida como a máxima velocidade de contração em uma seção
convergente com a mínima perda de energia, gerando a maior potência. Esse trabalho baseia-
se nessa teoria e aplicará esse conceito para o dimensionamento dos coletores do protótipo de
Fórmula SAE, porém esse conceito também pode ser utilizado em qualquer outro motor de
combustão interna.
24
Segundo Vicente (2016), o fluxo escoa pelo duto do cabeçote através da área da garganta.
Essa área corresponde à área total da entrada do duto do cabeçote menos a área ocupada pela
haste da válvula de admissão. Na Figura 6 é mostrada a área de garganta, com a válvula de
admissão acionada liberando a entrada de ar fresco para o cilindro.
A primeira regra que deve ser considerada exige que o chassi do veículo possua um arco
principal na parte central do veículo, sendo este arco o ponto mais alto do carro. Tal medida
evita que em caso de capotamento não exista contato de componentes inflamáveis do motor
27
com o solo, não agravando o acidente. Essa exigência limita o espaço físico ocupado pelo
sistema de admissão, que terá que ter seu comprimento dentro dos limites da parte externa dos
pneus até o topo do arco principal o chassi, como mostrado na Figura 8.
Figura 8 - Representação das linhas que delimitam os limites para posicionamento dos
componentes do motor
A segunda regra que interfere neste trabalho, é a restrição imposta sobre o sistema de
admissão para reduzir a capacidade de entrada de ar no motor. Ela consiste na redução da seção
do diâmetro do sistema de admissão para 20mm para veículos que utilizem gasolina como
combustível. A restrição deve estar localizada entre o corpo de borboleta e o motor, como pode
ser visto na Figura 9.
28
A fim de atender a regra da competição, nenhum coletor pode ultrapassar a linha definida
pelo topo do chassi e dos pneus, nas laterais. Essa regra busca atender às questões de segurança,
evitando a colisão dos coletores em caso de capotamento. Isso faz com que, para atender à tal
exigência, seja necessário o desenvolvimento de dutos curvados para algumas geometrias.
Algumas considerações foram feitas, a fim de manter as comparações entre os conceitos
possíveis. A primeira delas é que o mesmo restritor é usado em todos os modelos. É considerado
igual também, o volume do airbox, levando em conta os limites de cada geometria. Por fim, a
31
Figura 15 - Cônico
eficiência volumétrica entre seus cilindros é baixa, gerando um rendimento mais regular entre
seus cilindros. As geometrias de admissão central e lateral apresentam grande variação quando
submetidas a algumas rotações.
Apesar da análise indicar que a melhor geometria a ser aplicada para um sistema de
admissão de um Fórmula SAE é a cônica, o projeto como um todo deve ser analisado, uma vez
que alguns aspectos, como a limitação do comprimento dos dutos, podem gerar impecílios para
a concretização desse conceito. Tal fator será analisado neste trabalho no cálculo do
comprimento dos dutos de admissão.
De acordo com Graham Bell (2006), apesar de muitos acharem que sistema de exaustão
“são apenas dutos que conduzem os gases quentes da combustão para fora do cilindro”, o seu
correto dimensionamento é necessário para uma melhoria de perfomance.
35
Como o sistema de admissão e escape avaliado neste trabalho não é variável, ou seja, foi
dimensionado para apenas uma rotação, será utilizado o sistema 4x1, pois ele garante um maior
aumento de potência para uma determinada rotação.
Neste trabalho, será dimensonado o coletor admissão para uma rotação calculada. Essa
rotação calculada não é favorável a todos os componentes do processo, gerando pontos de baixa
na curva de potência. Para que isso não aconteça, tais pontos de baixa do gráfico serão utilizados
para desenvolver um bom projeto do coletor de escape tornando a curva mais regular e,
consequentemente, tendo a melhoria de desempenho citada acima. Os resultados comparativos
são dados no tópico 3.5.
Outro ponto de melhoria de desempenho dentro do dimensionamento do coletor de
admissão é o aproveitamento do overlap que ocorre entre as válvulas de admissão e escape para
gerar uma superalimentação no cilindro.
Em um ciclo, a válvula de exaustão fecha poucos instantes depois do PMS, enquanto a
válvula de admissão se abre antes do pistão atingir o PMS. Tal fator gera o chamado overlap,
visto na Figura 21.
Figura 21 - Overlap
Para que se possa iniciar os cálculos, deve-se fixar alguns valores de contorno
importantes que foram definidos por condições medidas no dia da realização do teste. Eles estão
mostrados abaixo:
Temperatura do ar de admissão: 30ºC
Pressão atmosférica: 927mbar
Temperatura ambiente: 25ºC
Massa Específica: 1,083kg/m³
Curso do pistão: 42,5mm
Diâmetro do cilindro: 67mm
Quantidade de válvulas de admissão por cilindro: 2 unidades
Quantidade de válvulas de exaustão por cilindro: 2 unidades
Quantidade de cilindros: 4
Como tem-se a haste da válvula ocupando parte da área disponível pelo ar que passa
através do duto do cabeçote, deve-se encontrar a área disponível na garganta subtraindo uma
da outra, levando em conta também a quantidade de válvulas por cilindro e separando entre
admissão e exaustão:
𝜋
𝐴𝑖𝑝 = 𝑛𝑖𝑣 ∗ 4 ∗ (𝑑𝑖𝑝 2 − 𝑑𝑠𝑡 2 ) - admissão (6)
𝜋
𝐴𝑒𝑝 = 𝑛𝑒𝑣 ∗ 4 ∗ (𝑑𝑖𝑝 2 − 𝑑𝑠𝑡 2 ) - exaustão (7)
A área de cortina é o espaço disponível entre o topo da válvula e a face do cabeçote para
que o ar possa escoar para dentro do cilindro. O valor dessa variável é calculado de duas
diferentes maneiras, de acordo com a posição em que a válvula está. Na Figura 22 é mostrado,
40
do lado esquerdo, quais os parâmetros utilizados para o cálculo em baixos levantes e, do lado
direito, para altos levantes de válvula.
O levante limite para alterar de um método para o outro é mostrado na Equação (8).
𝑑𝑜𝑠 −𝑑𝑖𝑠
𝐿𝑙𝑖𝑚 = (8)
𝑠𝑖𝑛2𝜙
Se 𝐿 ≤ 𝐿𝑙𝑖𝑚 :
𝐴𝑡 = 𝜋 ∗ 𝐿 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜙 ∗ (𝑑𝑖𝑠 + 𝐿 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜙 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜙) (9)
Se 𝐿 > 𝐿𝑙𝑖𝑚 :
Caso seja necessário, pode-se calcular também a vazão volumétrica do fluxo, utilizando
a equação (13)
𝑄 = 𝑉𝑎𝑟 ∗ 𝐴𝑡 (13)
42
Como primeiro passo para chegar ao valor do coeficiente de descarga deve-se calcular
a vazão mássica ideal, a qual depende da velocidade teórica isentrópica mostrada na Equação
(14).
(𝛾−1)
𝑃𝑜 (2∗𝛾) 𝑃𝑜 − ∆𝑃
(14)
𝛾
𝑉𝑡ℎ = √𝜌 ∗ (𝛾−1) ∗ [1 − ( ) ]
𝑠 𝑃𝑜
Para o caso descrito neste trabalho, deve-se utilizar o coeficiente politrópico como 1,4
e os valores de temperatura, pressão e densidade ambiente mostrados na seção 2.7.1. A
diferença de pressão ΔP será mostrada posteriormente e a massa específica (𝜌𝑠 ) é descrita pela
Equação (15).
1
𝑃 − ∆𝑃 𝛾
𝜌𝑠 = 𝜌𝑜 ∗ ( 𝑜𝑃 ) (15)
𝑜
A área que será utilizada na Equação (13) varia de acordo com a condição da válvula,
utilizando as equações de área de cortina e de garganta do cabeçote. A área de referência será
sempre a mínima área geométrica e, portanto, no início será a área de cortina e, por último (em
levantes mais altos), a área da garganta – também chamada de área da porta.
Para obter a outra metade da Equação (11) é necessário fazer testes em bancada de fluxo
com o cabeçote a ser estudado, de acordo com um incremento linear de levante de válvula
(normalmente de 0,5 em 0,5mm) até o valor definido pelo fabricante como máximo levante (ou
até mesmo um pouco além). O valor que será medido na bancada de fluxo será uma vazão
volumétrica de ar, que irá variar de acordo com o levante e a diferença de pressão configurada
na máquina.
43
Como o padrão das bancadas de fluxo é a unidade CFM (pés cúbicos por minuto, em
inglês), a Equação (16) mostra a conversão para a unidade métrica de vazão volumétrica:
𝑚³
1 𝐶𝐹𝑀 = 2118,88 (16)
𝑠
Com os dois valores de vazão mássica calculados e nas mesmas unidades, é possível
chegar aos valores de coeficiente de descarga. Para utilizar com o intuito de determinar a
rotação de máxima potência, é sempre utilizado o valor no levante máximo das válvulas, pois
essa vai ser a condição de funcionamento do motor que terá a maior admissão de ar possível
dentro de um ciclo.
Se 𝐴𝑡 < 𝐴𝑝 :
𝐴𝑡𝑒 = 𝐶𝑑 ∗ 𝐴𝑡 (17)
Se 𝐴𝑡 ≥ 𝐴𝑝 :
𝐴𝑡𝑒 = 𝐶𝑑 ∗ 𝐴𝑝 (18)
relação entre a velocidade do fluxo em questão e a velocidade do som no mesmo local do fluxo,
os valores de velocidade do ar nos dutos é uma das variáveis, tornando a rotação do motor uma
função direta do Mach. A Equação (19) mostra como é definido esse número adimensional.
𝑐
𝑀𝑜 = 𝑎𝑜 (19)
𝑜
2.7.5.1 Velocidade do ar
𝐴
𝑉𝑎𝑟 = ( 𝐴𝑐𝑖𝑙 ) ∗ 𝑉𝑝𝑖𝑠𝑡𝑚𝑎𝑥 = 𝑐𝑜 (20)
𝑡𝑒
𝜋∗(𝑑𝑐𝑖𝑙 )2
𝐴𝑐𝑖𝑙 = (21)
4
Sendo o diâmetro do cilindro, para o motor em questão neste trabalho, está citado na
seção 2.7.1.
45
A velocidade média do pistão é definida pela Equação (22), sendo dependente do curso
de deslocamento do pistão e da rotação.
𝐿𝑠𝑡 ∗𝑁
𝑉̅𝑝𝑖𝑠𝑡 = 30000 (22)
Para que se possa chegar na velocidade máxima do pistão – necessária na Equação (20)
– deve-se saber as velocidades instantâneas do mesmo em todas as posições durante um ciclo
de 360º e encontrar o maior valor na matriz de cálculos. Este cálculo permite obter a rotação do
motor em que o número de Mach tem o valor de 0,5 na admissão, porém não se sabe o valor da
rotação e, portanto, não se pode ter uma função com diferentes valores que dependa dessa
velocidade angular.
A Equação (23) determina a razão entre velocidade média e velocidade instantânea, em
função do ângulo de rotação do virabrequim e de uma razão R que é dependente apenas de
valores geométricos do motor, como mostra a Equação (24) e a Figura 26.
𝑉𝑝𝑖𝑠𝑡𝑖𝑛𝑠𝑡 𝜋 𝑐𝑜𝑠𝜃
̅𝑝𝑖𝑠𝑡
= 2 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃 [1 + 1 ] (23)
𝑉 (𝑅 2 − 𝑠𝑒𝑛2 𝜃) ⁄2
Sendo
𝐿𝑐𝑟
𝑅= (24)
𝐿𝑐𝑡
A Equação (24) permite obter os valores dessa razão (e consequentemente achar o valor
máximo) independente da rotação do motor, ficando com apenas uma variável de rotação que
é a Equação (22). Na Figura 26 é mostrado um exemplo genérico de como se comporta a curva
da razão calculada pela equação (23).
47
Fazendo esses cálculos em uma planilha de Excel é bastante fácil e rápido de encontrar
o valor máximo e utilizar na equação do número de Mach para se chegar na velocidade máxima
do pistão na rotação em que se quer encontrar.
Após se calcular a Equação (23) para todos os ângulos de rotação do motor, deve-se
pegar o maior valor encontrado e multiplicar pela Equação (22) para se encontrar a velocidade
máxima do pistão na rotação desejada (em rotações por minuto – RPM). Este trabalho
dependerá do valor da rotação do motor, que é o objetivo final, como mostra a Equação (25).
O último parâmetro necessário para definir todas as variáveis do número de Mach, deve-
se calcular a velocidade local do som dentro do duto de admissão do cabeçote. Essa é uma
equação bastante conhecida no meio da termodinâmica e mecânica dos fluidos, a qual é função
apenas da temperatura do gás no local, a constante do gás (que neste caso é ar atmosférico) e
do coeficiente politrópico, de acordo com a Equação (26).
𝑎𝑜 = √𝛾 ∗ 𝑅 ∗ 𝑇𝑜 (26)
É importante lembrar aqui que a temperatura 𝑇𝑜 em questão é do gás admitido que está
dentro do duto de admissão e não da temperatura atmosférica do ar. Como definido na seção
2.3.1, pode-se ver uma pequena diferença entre os dois valores de temperatura e isso poderia
gerar um pequeno erro nos cálculos de velocidade local do som no ar.
Com todas as equações calculadas e aplicando o valor de 0,5 para o número de Mach,
consegue-se finalmente encontrar a rotação na qual essa condição será atingida e que será a
qual o motor terá a maior potência gerada no eixo do virabrequim.
Como já citado na seção 2.4, os comprimentos dos dutos do coletor de admissão são
dimensionados para favorecer uma rotação específica, mais precisamente a rotação na qual tem-
se o número de Mach com o valor de 0,5 e que será o ponto de maior potência do motor.
Na Figura 27 é mostrado uma imagem para exemplificar melhor o comprimento que
será dimensionado. Esse comprimento se refere à soma do comprimento do duto de admissão
no cabeçote (que na Figura 27 está definido como 𝐿𝑖ℎ e que varia de motor para motor) e o
49
A Equação (27) então define o comprimento a ser dimensionado nesta seção do trabalho.
A Figura 28 é mostrado um gráfico desenvolvido por Blair (1999) o qual após diversos
experimentos em diferentes tipos e tamanhos de motor, conseguiu chegar em uma curva
característica de rendimento do motor e correlacionando todos através de números
adimensionais.
50
O fator adimensional 𝐶𝑖𝑟 , chamado por Blair (1999) de intake ramming factor, é
calculado de acordo com a Equação (28) e é função da rotação, comprimento dos dutos de
admissão no coletor e cabeçote e velocidade local do som.
𝑁∗𝐿𝑖𝑡
𝐶𝑖𝑟 = (28)
𝑎𝑜
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑝1
𝐿𝑖𝑡 = 𝑁 (29)
𝑝𝑜𝑡𝑚𝑎𝑥
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑝2
𝑁𝑟𝑝2 = (30)
𝐿𝑖𝑡
51
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑝3
𝑁𝑟𝑝3 = (31)
𝐿𝑖𝑡
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑝4
𝑁𝑟𝑝4 = (32)
𝐿𝑖𝑡
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑡1
𝑁𝑟𝑡1 = (33)
𝐿𝑖𝑡
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑡2
𝑁𝑟𝑡2 = (34)
𝐿𝑖𝑡
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑡3
𝑁𝑟𝑡3 = (35)
𝐿𝑖𝑡
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑡4
𝑁𝑟𝑡4 = (36)
𝐿𝑖𝑡
𝑎𝑜 ∗𝐶𝑟𝑡5
𝑁𝑟𝑡5 = (37)
𝐿𝑖𝑡
Para encontrar todos esses valores, deve-se saber exatamente quais são os números
adimensionais de cada equação. Para não gerar uma imprecisão na hora dos cálculos, pode-se
encontrar na Tabela 2 e na Tabela 3 quais os valores exatos de cada adimensional utilizado nas
Equações (29) até a (37).
Como já explicado na seção 2.5, o coletor de escapamento será dimensionado para suprir
um vale de potência gerado pela admissão e, portanto, conseguir obter uma curva mais linear
de potência do motor.
A Figura 29 exemplifica, assim como a Figura 27 para a admissão, quais as dimensões
que englobam o valor dimensionado aqui nesta seção, sendo determinados pela Equação (38).
Não se pode esquecer que o valor final encontrado se refere a uma soma e não se pode esquecer
de subtrair o comprimento do duto do cabeçote antes de se fabricar o coletor de escapamento.
Onde
Para que possa ser possível dimensionar esse duto secundário, precisa-se incluir a
quantidade de cilindros que são conectados nos dutos primários – que no caso deste projeto,
são todos os 4 cilindros do motor – além da temperatura do gás de exaustão já mencionada
54
anteriormente e de um novo fator adimensional, chamado de exhaust tailpipe tuning factor, que
está definido na Equação (42).
3 MATERIAL E MÉTODO
Para que se possa iniciar o desenvolvimento, o primeiro passo foi desmontar o motor
utilizado pela equipe UNESP Racing e fazer as medições dos componentes necessários. As
Figuras 30 e 31 mostram as peças desmontadas e separadas em uma bancada para que pudessem
ser medidas.
As Tabelas 4 e 5 compilam todos os dados que foram medidos e que serão utilizados ao
longo dos dimensionamentos dos coletores deste projeto.
Admissão
Número de válvulas de admissão (niv) 2 unid
Diâmetro da garganta de admissão (dip) 23,80 mm
Área da Garganta 444,88 mm²
Diâmetro da haste da válvula de admissão (dst) 4,00 mm
Área da garganta menos a área da haste 432,31 mm²
Área disponível na garganta (Aip) 864,63 mm²
Diâmetro externo do assentamento (dos) 27,00 mm
Ângulo assentamento (ϕ) 45 graus
Diâmetro interno do assentamento (dis) 24,17 mm
Fonte: Produção da própria autora
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Escape
Número de válvulas de escape (nev) 2 unid
Diâmetro da garganta de escape (dip) 17,17 mm
Área da garganta 231,58 mm²
Diâmetro da haste da válvula de escape (dst) 4,00 mm
Área da garganta menos a área da haste 219,02 mm²
Área disponível na garganta (Aep) 438,04 mm²
Diâmetro externo do assentamento (dos) 22,00 mm
Ângulo assentamento (ϕ) 45 graus
Diâmetro interno do assentamento (dis) 19,17 mm
Fonte: Produção da própria autora
Nas Tabelas 4 e 5, os valores que estão destacados foram todos os medidos utilizando
um paquímetro e os valores que não estão em destque são cálculos geométricos feitos para que
se possa utilizar posteriormente em passos do desenvolvimento.
O segundo passo para conseguir dimensionar os coletores foi levar o cabeçote em uma
bancada de fluxo, para que fosse possível determinar o coeficiente de descarga da admissão e
da exaustão. A Figura 32 mostra o equipamento com o componente já fixado utilizando os
aparatos necessários para fazer a adaptação à bancada.
58
4 RESULTADOS
Com o motor na posição, foi definido que seriam feitas medidas de vazões volumétricas a cada
0,5mm de levante de válvula. Além disso, foi determinada uma diferença de pressão de 15
polegadas de água para o teste.
Como o sistema de admissão originalmente tem levante máximo de 8,26mm e o de
escape tem levante máximo de 7,45mm, foi definido que o teste seria feito até o acionamento
de 8,5mm da válvula para ambos os lados. A Tabela 6 e 7 mostram os valores obtidos após o
teste.
RESULTADOS
Admissão
Levante [mm] Q [CFM] ṁex [kg/h]
0,5 7,8 13,9
1 15,8 28,2
1,5 25,4 45,4
2 33,5 59,9
2,5 40,4 72,2
3 49,3 88,1
3,5 56 100,1
4 66,2 118,3
4,5 72,5 129,6
5 80,3 143,5
5,5 86 153,7
6 90,6 161,9
6,5 92,7 165,7
7 94,2 168,4
7,5 97,6 174,4
8 99,8 178,4
8,5 101,5 181,4
Fonte: Produção da própria autora
60
Para que seja possível calcular os valores do coeficiente de descarga, precisa-se primeiro
encontrar qual o valor da velocidade isentrópica que será utilizada, baseado nos valores de teste
e de dados barométricos do local em que a bancada estava localizada e o dia em que o teste foi
feito. A Tabela 8 apresenta, em amarelo, os dados do teste de o ambiente e, em verde, a
velocidade calculada.
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Dados do Ensaio e
Velocidade Isentrópica
γ 1.4
PATM [mbar] 927
P [Pol H20] 15
P [mbar] 37,362
T0 [ºC] 25
P0 [mbar] 927
0 [kg/m³] 1,083
S [kg/m³] 1,052
VTH [m/s] 83,662
VTH [km/h] 301,182
Fonte: Produção da própria autora
Além dos dados da Tabela 8, é necessário também saber em que momento terá a troca
da fórmula de área mínima de passagem, de acordo com a área de cortina e levante de válvula.
Utilizando a Equação (8), temos que o levante limite para alterar é de 2,828mm tanto para a
admissão quanto para a exaustão. Portanto, entre 0,5 e 2,5mm será calculado utilizando a
Equação (9) e após isso, utilizando a Equação (10). Assim que a área da cortina ultrapassa a
área da garganta, passaremos a utilizar a última como referência de área para cálculo do
coeficiente de descarga.
A Tabela 9 e a Tabela 10 mostram a área de cortina em cada levante e, marcado de
verde, qual a área mínima que será utilizada naquele instante para o cálculo do coeficiente de
descarga.
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Tabela 9 - Área mínima da cortina, garganta e a utilizada para cada instante de admissão
Tabela 10 - Área mínima da cortina, garganta e a utilizada para cada instante da exaustão
Figura 35 - Gráfico da razão entre a velocidade instantânea e média do pistão x ângulo de giro
Figura 36 - Potência x rotação do motor para diferentes comprimentos dos dutos de coletor de
admissão
Confirmando o que foi apresentado na seção 2.4, pode-se ver claramente pontos de
pico e vale de potência do motor. Para o gráfico acima, as rotações de baixa são 3.300, 5.900
e 8100 RPM.
70
Assim como feito para a admissão, antes de se iniciar os cálculos para dimensionamento
do coletor, foi necessário fazer a medição do comprimento dos dutos de exaustão do cabeçote
com a utilização do arame, encontrando o valor de 60 mm e que será descontado do valor
calculado pela Equação (33).
Utilizando a rotação de 8.100 RPM, temperatura dos gases da exaustão de 535ºC e fator
adimensional seguindo a Equação (34), calculamos o comprimento total dos dutos de
escapamento a partir da Equação (33) e obtivemos o valor de 722,2 mm. Subtraindo os 60 mm
do duto no cabeçote, tem-se o valor de 662,2 mm para os dutos do coletor de escapamento.
Assim como foi feita para a admissão, foi simulado outros valores acima e abaixo do
calculado para poder encontrar o comprimento ótimo de acordo com a análise realizada. A
Figura 39 mostra as diferentes curvas de acordo com cada comprimento, além da curva inicial
antes de se fazer o dimensionamento do coletor.
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Figura 39 - Pressão média efetiva x rotação do motor para diferentes comprimentos de coletor
de exaustão
Como último passo deste trabalho, precisa-se calcular o comprimento ótimo do duto
secundário do coletor de escapamento, o qual irá fazer a junção dos quatro dutos primários
calculados na seção 3.5.2.
Assim como foi utilizado para os dutos primários, a temperatura dos gases de exaustão
é de 535ºC, a rotação é de 8.100 RPM e a quantidade de cilindros é quatro. A partir da Equação
(35), incluindo os valores recém citados e o fator adimensional da Equação (36), encontra-se o
comprimento ideal de 787,1 mm.
Mais uma vez, foi incluído na simulação computacional e avaliado também
comprimentos menores e maiores do que o calculado para conseguir-se otimizar o componente.
A Figura 41 apresenta os resultados das diferentes simulações feitas.
73
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BELL, A. G. Four-stroke performance tuning. 3rd ed. California: Haynes Publishing, 2016,
478p.
BLAIR, G. P. Design and simulation of four-stroke engines. 2nd ed. Warrendale: SAE,
1999. 815p.
BRUNETTI, F. Motores de combustão interna. São Paulo: Ed. Blücher, 2012. 554p. v.1.
BRUNETTI, F. Motores de combustão interna. São Paulo: Ed. Blücher, 2012. 486p. v. 2.
PENIDO FILHO, P. Os motores a combustão interna. Belo Horizonte: LEMI, 1983. 691p.