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SUSTENTABILIDADE
Claudete Rempel
Luciana Turatti
Marlon Dalmoro
(Orgs.)
Claudete Rempel
Luciana Turatti
Marlon Dalmoro
(Orgs.)
Desafios da sustentabilidade
1ª edição
Lajeado, 2021
Universidade do Vale do Taquari - Univates
Reitora: Profa. Ma. Evania Schneider
Vice-Reitora e Pró-Reitora de Ensino: Profa. Dra. Fernanda Storck Pinheiro
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Dr. Carlos Cândido da Silva Cyrne
Editora Univates
Coordenação: Prof. Dr. Carlos Cândido da Silva Cyrne
Editoração e capa: Glauber Röhrig e Marlon Alceu Cristófoli
Capa: Projeto vetor criado por freepik
D441
Desafios da sustentabilidade / Claudete Rempel, Luciana Turatti,
Marlon Dalmoro (Org.) - Lajeado : Ed. Univates, 2021.
ISBN 978-65-86648-46-1
CDU: 504.03
!
As opiniões e os conceitos emitidos, bem como a exatidão,
adequação e procedência das citações e referências,
são de exclusiva responsabilidade dos autores.
Desafios da sustentabilidade
APRESENTAÇÃO
- Eficiência Produtiva em prol de uma sociedade mais justa e sustentável, com três
capítulos;
SUMÁRIO 4
Desafios da sustentabilidade
no âmbito dos Comitês de Bacias Hidrográficas” (de Josiane Paula da Luz, Luciana
Turatti e Jane Márcia Mazzarino) abordam possibilidades no âmbito da sustentabilidade
ambiental.
SUMÁRIO 5
Desafios da sustentabilidade
Claudete Rempel
Luciana Turatti
Marlon Dalmoro
SUMÁRIO 6
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO
SUMÁRIO 7
Desafios da sustentabilidade
POSFÁCIO
DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE NA AGRICULTURA................................239
SUMÁRIO 8
Desafios da sustentabilidade
Parte 1 - Legislação
aplicada no âmbito da
sustentabilidade
SUMÁRIO 9
Desafios da sustentabilidade
Notas iniciais
1 Este ensaio foi desenvolvido no âmbito do Grupo de Pesquisa sobre Justiça Ambiental ASAS: Alimentos,
Saberes e Sustentabilidade que conta com apoio da FAPERGS por meio do Edital Pesquisador Gaúcho
05/2019
2 Acadêmico do Curso de Direito da Universidade do Vale do Taquari – UNIVATES. Bolsista de Pesquisa
do Grupo de Pesquisa sobre Justiça Ambiental ASAS: Alimentos, Saberes e Sustentabilidade. Contato:
guilherme.n@universo.univates.br
3 Doutora em Direito. Professora do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis
– PPGSAS da Univates, Coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Justiça Ambiental ASAS: Alimentos,
Saberes e Sustentabilidade. Contato: lucianat@univates.br
4 Doutora em Comunicação. Professora do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento –
PPGAD da Univates. Contato: janemazzarino@univates.br
SUMÁRIO 10
Desafios da sustentabilidade
Uma das inspirações do movimento vinha de Justus Liebig, o qual, em período bem
anterior (1803-73), já havia proposto o aumento considerável da produção rural, através do
emprego de substâncias químicas no solo. Em 1943, a equipe liderada por Norman Borlaug
iniciou suas pesquisas, objetivando o aumento da produção de grãos no México, por meio
SUMÁRIO 11
Desafios da sustentabilidade
Ainda que a Revolução Verde tenha, de fato, elevado a produção de grãos (SOBY,
2012), as consequências socioambientais foram catastróficas, uma vez que: a) o uso de
agroquímicos (pesticidas, herbicidas e fertilizantes) aumentou em proporção exponencial
a consequente demanda por água, gerando uma crise de gestão hídrica, além de
alimentos extremamente tóxicos; b) a implementação da monocultura reduziu em 75%
a biodiversidade genética ao redor do globo, aliada ao empobrecimento do solo; c) o
desmatamento visando à criação de “novas terras produtivas” eliminou as reservas de
sequestro de carbono; d) a falta de manejo adequado do solo e o aumento da demanda
industrial contribuíram para o esgotamento das reservas energéticas do planeta; e) as
intoxicações de trabalhadores do campo, especialmente em países em desenvolvimento,
passaram a ser mais frequentes; por fim, f) o aumento da disparidade socioeconômica
entre os grandes empresários do ramo alimentício e as famílias camponesas e de produção
de subsistência (GARCÍA, 2015).
Para Moore (2010), fica evidente que o neoliberalismo, enquanto sistema econômico
atuante da Revolução Verde, falhou em gerar a terceira revolução tecnológica, ainda
que tenha havido desenvolvimento, sobretudo, nos setores de controle e informação.
5 Presente em boa parte das construções político-intelectuais entre as décadas de 1940 e 1960, o efeito
derrame, operar-se-ia pelo escorrer gradativo de renda até as famílias em posições mais baixas da estrutura
social (KAPUR; LEWIS; WEBB, 1997).
SUMÁRIO 12
Desafios da sustentabilidade
Outrossim, tal sistema, diferentemente de seus antecessores, não produziu uma revolução
produtiva que reduzisse os custos e gerasse um crescimento generalizado.
A crise ecológica passa assim a ser uma das consequências do desespero financeiro,
manifestando-se quando as condições iniciais para uma rápida expansão do superavit
ecológico se esvaem e os alimentos, a energia e os insumos se tornam mais caros (Moore,
2010).
Além de não atingir seus objetivos sociais e econômicos, a Revolução Verde não
sanou o maior problema que se propusera resolver: a erradicação da fome ao redor do
planeta. Conforme Garcia (2015), em 1999, pela primeira vez na história, alcançou-se a
aterradora marca de um bilhão de pessoas famintas.
6 What this means in practice is that the real economy of goods and services has been subordinated to the
competitive logic of global financial markets. Food companies, for example, are no longer simply competing
in yoghurt, or carbonated drinks or processed meats. They are competing on financial markets to deliver
the fastest and biggest possible rates of return to ‘impatient’ financial capital. (excerto original)
SUMÁRIO 13
Desafios da sustentabilidade
O que pode ser constatado a partir do exposto acerca da Revolução Verde é que ela
provocou uma mudança sistêmica da lógica da segurança alimentar, pois passou a priorizar
a entrega imediata de alimentos, visando ao lucro, pouco se atendo a questões sociais.
Para fins deste escrito, vamos ater-nos ao Objetivo número 2, que visa: “acabar
com a fome, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição e promover a
agricultura sustentável” (NAÇÕES UNIDAS, 2015). Tal objetivo é aberto em outros, que,
por sua vez, contemplam indicadores, conforme se identifica no quadro a seguir.
7 Há de se ter presente que esta não foi a primeira tentativa mundial de tratar de causas globais, pois, no
ano 2000, após a adoção por parte das Nações Unidas da Declaração do Milênio, foram estabelecidos
os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Apesar de serem reconhecidos por todos os 191
membros da ONU, suas metas não foram alcançadas na integralidade. Nos 08 objetivos propostos, já havia
preocupações com a erradicação da pobreza extrema e da fome e com a sustentabilidade ambiental.
SUMÁRIO 14
Desafios da sustentabilidade
O objetivo apresentado pode ser considerado peça chave para o sucesso da Agenda
2030, uma vez que o modo de produção e o acesso aos alimentos está intrinsecamente
relacionado à sociedade, à economia e ao meio ambiente. Ademais, infere-se da leitura
do objetivo e das suas metas, um fazer-comprometer da ONU com os países signatários,
no sentido de cessar a perpetuação dos danos já causados pela lógica convencional de
produção de alimentos, visando ao agora e desenhando para o futuro, uma mudança
SUMÁRIO 15
Desafios da sustentabilidade
8 Para Gil et al. (2018), os quatro pilares da segurança alimentar são: disponibilidade (alimentos em quantidade
suficiente cuja a produção também não esgote os recursos ambientais); acesso (população com condições
físicas e econômicas de acessar o alimento produzido); utilização (ingestão satisfatória de nutrientes em
uma dieta padrão) e estabilidade (assegurar que os outros três pilares persistam de forma consistente).
9 Artigo 19: Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade
de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer
meios e independentemente de fronteiras (ONU, 1948, texto digital).
SUMÁRIO 16
Desafios da sustentabilidade
É tamanha a relevância do tema, que, em 2018, foi editado o “Acordo Regional sobre
Acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na
América Latina e no Caribe”, o Acordo de Escazu.
Apesar de o Brasil ser signatário, ainda não o ratificou, demonstrando total descaso
com a importante questão relacionada à informação ambiental. Descaso esse que é
reforçado considerando que, passados cinco anos da entrada em vigor das ODS e dois
anos desde que o país definiu seus indicadores, apenas o indicador 2.4.1 apresenta algum
dado na página oficial das ODS junto ao governo brasileiro,11 motivo pelo qual reforça-se
a necessidade de uma gestão ambiental mais transparente, em especial, por parte do
Poder Público brasileiro.
10 Artigo 5°, inciso XXXIII: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.( BRASIL, 1988,
texto digital).
11 Ver para isso https://odsbrasil.gov.br/objetivo/objetivo?n=2.
SUMÁRIO 17
Desafios da sustentabilidade
Citando Beck e Leff, Turatti et al. (2018) expõem a necessidade de o rigor científico
assumir sua incapacidade ante a vastidão do real e abrir-se ao diálogo de saberes, uma vez
que o monopólio da ciência sobre a verdade, enquanto mecanismo de vinculação social,
torna-se mais necessário na mesma medida em que se demonstra menos eficiente.
Abrem-se, então, caminhos para novos atores nesse campo do saber, pois, ao assumir
o pluridisciplinar conhecimento tradicional, a epistemologia agroecológica se engrandece,
para dar conta da complexidade do real, uma vez que se rompe com a dicotômica relação
SUMÁRIO 18
Desafios da sustentabilidade
Nesse sentido, Garcia (2015) expõe que, para a plena efetivação da agroecologia
em detrimento dos padrões estabelecidos pela agricultura convencional, é necessária a
criação de redes e relações socioeconômicas baseadas no bem comum e na cooperação.
A simples busca de nichos de mercado para escoar essa produção não é suficiente.
SUMÁRIO 19
Desafios da sustentabilidade
Conclusão
O presente estudo buscou demonstrar os horizontes traçados pelas ODS até 2030
no que diz respeito à agricultura sustentável e às aproximações da agroecologia com estes
propósitos.
SUMÁRIO 20
Desafios da sustentabilidade
REFERÊNCIAS
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SUMÁRIO 21
Desafios da sustentabilidade
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Porto Alegre: Elemento Design Gráfico, 2018. v. 1. p. 196-196.
SUMÁRIO 22
Desafios da sustentabilidade
1. Introdução
SUMÁRIO 23
Desafios da sustentabilidade
Este texto tem como objetivo apresentar considerações sobre a PNRS e a LR,
destacando as possíveis contribuições para o alcance da sustentabilidade em três
dimensões: social, econômica e ambiental. Para o alcance do objetivo, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica e telematizada. Em seu conteúdo, são apresentados conceitos
básicos da sustentabilidade, na sequência, abordam-se a PNRS e a LR e conclui-se com
considerações sobre possíveis contribuições em cada uma das diferentes dimensões.
SUMÁRIO 24
Desafios da sustentabilidade
2. Sustentabilidade
Para dar conta desta lacuna, foram buscados outros referenciais e encontrou-se em
Elkington (1994), uma explicação do que ficou conhecido como Triple Bottom Line (Tripé
SUMÁRIO 25
Desafios da sustentabilidade
da Sustentabilidade), para sinalizar os três pilares que deveriam guiar a gestão empresarial
na busca pela sustentabilidade: o econômico, o social e o ambiental, que devem estar em
equilíbrio para que se possa atingir a sustentabilidade. Já Sachs (2009) apresenta oito
diferentes dimensões da sustentabilidade: social, cultural, ecológica, ambiental, territorial,
econômica, política nacional e política internacional, ampliando assim a abrangência do
conceito e permitindo uma definição holística e integradora.
SUMÁRIO 26
Desafios da sustentabilidade
o fim de uma articulação que tramitava há cerca de vinte anos no Congresso Nacional,
envolvendo os três entes federados, União, Estados e Municípios, na expectativa de
soluções para os problemas ambientais de extensa abrangência territorial, existentes no
país (SINIR, 2017).
Para Oliveira (2017) e Nascimento et al. (2015), a PNRS colocou o Brasil num patamar
de igualdade com os países desenvolvidos quanto às normas para a gestão de resíduos
sólidos, seguindo assim uma hierarquia de gerenciamento. Como desdobramento
da PNRS, estados e municípios têm o compromisso de assegurar saúde pública e
qualidade ambiental, estimular a adoção de padrões sustentáveis, incentivar a indústria
de reciclagem e a capacitação técnica continuada em resíduos, incitando o propósito da
cooperação (RIO GRANDE DO SUL, 2014).
SUMÁRIO 27
Desafios da sustentabilidade
4. Logística Reversa
SUMÁRIO 28
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 29
Desafios da sustentabilidade
Geralmente são pessoas para quem esta atividade não é a primeira escolha, porém
é a forma que encontram para sustentar-se, sobreviver por meio do trabalho, que é
realizado, na maioria das vezes, de forma autônoma, em condições laborais desfavoráveis
nas ruas (sujeito às intempéries, à insalubridade, à periculosidade) ou nos aterros ou lixões.
É importante destacar que estas situações adversas são significativamente amenizadas
quando os catadores se organizam em cooperativas. Para além das dificuldades
inerentes ao exercício da atividade, há também o preconceito, pois trabalham com o que
comumente se denomina lixo. Com o passar do tempo, os catadores vêm conseguindo
organizar-se e articular-se melhor, alcançando maior reconhecimento social, vide as
normativas (leis, decretos, portarias, etc.) que o estado brasileiro vem instituindo.
SUMÁRIO 30
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 31
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 32
Desafios da sustentabilidade
Embora não seja de fácil mensuração, uma outra implicação econômica da atividade
são os gastos com saúde pública. Considerando que a maioria dos trabalhadores atua de
maneira informal, sem seguridade, numa atividade que apresenta riscos consideráveis de
ocorrência de acidentes de trabalho, o Estado arca com os custos de prestar atendimento.
Neste caso, impactos indiretos também são percebidos na dimensão social, já que
interferem nas condições de saúde de maneira ampla.
Como destacado ao longo do texto, resta confirmado que investir em LR traz retorno
econômico significativo; basta observar os bilhões decorrentes da atividade, mas ainda há
espaço para avanços. Há que se superar o conceito de economia linear (extrair-produzir-
descartar) e adotar um comportamento de economia circular, numa abordagem de uso
dos recursos em vez de consumi-los, o que vai além do conceito de reciclagem.
A dimensão ambiental talvez tenha sido a que teve mais atenção ao longo dos
últimos 50 anos. É preciso compreender que a atuação do ser humano e seus hábitos de
consumo têm levado a processos de fabricação e de descarte de resíduos que causam
impactos ambientais, demandando, por vezes, a implantação de um sistema de gestão
ambiental que fornece ferramentas e procedimentos para a adequada mitigação deles. A
partir da PNRS, há possibilidade de responsabilização dos atores nas esferas civil, penal e
administrativa, o que “contribui” para incrementar a desejada cooperação entre eles.
SUMÁRIO 33
Desafios da sustentabilidade
A reinserção dos resíduos no processo produtivo reduz o volume a ser destinado aos
aterros ou lixões que não são as soluções mais adequadas, além de o reaproveitamento
contribuir para a redução da necessidade do uso de matérias-primas virgens. Outro ganho
ambiental diz respeito à redução da possibilidade de contaminação do solo e das águas.
Assim como na dimensão econômica, a adoção do conceito de economia circular é
aplicável à dimensão ambiental. A implementação da LR como suporte à sustentabilidade
ambiental nos parece ser a que tem maior aderência, pois, se mitigar o consumo, reduz-
se a produção de resíduos, e, com um volume menor, minimiza-se o prejuízo ambiental.
6. Conclusões
De acordo com Cyrne et al. (2020), comumente, as funções têm sido representadas
por y = f (x) ou y = f (x1; x2; x3; ...xn), demonstrando uma relação direta das variações de
x (independente) na variável y (dependente), ou seja, modificando os valores de x,
modificam-se os de y, porém o contrário não ocorre.
SUMÁRIO 34
Desafios da sustentabilidade
Dito isso, acredita-se ter conseguido demonstrar que a PNRS e a LR são aliadas da
sustentabilidade, vista em sua forma mais ampla.
REFERÊNCIAS
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SUMÁRIO 35
Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 37
Desafios da sustentabilidade
VEIGA, José Eli da. A desgovernança mundial da sustentabilidade. São Paulo: Editora 34, 2013.
SUMÁRIO 38
Desafios da sustentabilidade
Introdução
1 Esta pesquisa teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Este
artigo aborda parte da pesquisa da primeira autora, com orientação e co-orientação das outras autoras,
respectivamente.
2 Professora do IFSul campus de Venâncio Aires, RS, Doutora em Ambiente e Desenvolvimento pela Univates,
email luz.josiane@gmail.com
3 Professora da Universidade do Vale do Taquari - Univates, Doutora em Comunicação pela UNISINOS, email
janemazzarino@univates.br
4 Professora da Universidade do Vale do Taquari, Doutora em Direito pela UNISC, email lucianat@univates.br
SUMÁRIO 39
Desafios da sustentabilidade
Seu uso indiscriminado confere-lhe caráter ambíguo, sendo, por isso, necessário
estabelecer bases conceituais para que seu emprego relacionado a questões ambientais
e aos recursos hídricos seja voltado ao interesse da coletividade (TURATTI, 2014). Fonseca
e Bursztyn (2009) referem que a expressão governança esteve vinculada à propagação
de ideias e de práticas neoliberais ao longo do último quarto do século passado. Muitos
processos de governança caracterizavam-se por uma lista de elementos a serem
cumpridos, determinados de cima para baixo por organismos econômicos internacionais,
sem a participação dos afetados pelas ações.
SUMÁRIO 40
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 41
Desafios da sustentabilidade
Variável Alternativas
Nível institucional Organizacional
Interorganizacional
Multissetorial
Nível geográfico Local
Regional
Nacional
Supranacional
Global
Tipo de transação Comercial
Política
Institucional
Tema Econômico
Social
Ambiental (Climática, Resíduos, Água, etc.)
Científico
Tecnológico
Entre outros temas
Propósito Geração de valor para a organização
Geração de valor para a sociedade
Resolução de problemas complexos
Participação pública na gestão de interesses difusos da sociedade
Fonte: Smith (2012) adaptado por Luz (2017).
SUMÁRIO 42
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 43
Desafios da sustentabilidade
É necessário estar atento, pois surgem conflitos que são indicativos de que há
desigualdade na apropriação da água e dificuldade de participação nos mecanismos de
gestão dos recursos hídricos. Diversos autores concordam com que os conflitos em recursos
hídricos estão mais relacionados à forma como a água e seus usos são governados do que
à escassez de água em si (VIEIRA, 2008; RIBEIRO, 2008; JACOBI, 2011), o que demonstra
ainda mais a necessidade de que um processo de governança da água represente o
conjunto de sistemas políticos, sociais, econômicos e administrativos, organizados para
desenvolver e gerenciar os recursos hídricos, em diferentes níveis da sociedade.
SUMÁRIO 44
Desafios da sustentabilidade
Governança tridimensional
SUMÁRIO 45
Desafios da sustentabilidade
[...] a boa/nova governança das águas deveria ser feita através da participação,
envolvimento e negociação dos interessados; da descentralização; de forma
integrada e por unidade de gestão (bacia hidrográfica); e de mecanismos
para resolução dos conflitos de forma pacífica, rápida e satisfatória (SOARES,
2010, p. 63).
Para a autora, existe uma íntima relação entre governança da água e gestão dos
conflitos entre os usuários. O entendimento predominante em relação à governança da
água é que o melhor modo de lidar com os conflitos é por meio do emprego de métodos
alternativos, rápidos, participativos e consensuais. Esta alternativa, contudo, não afasta a
necessidade de emprego de métodos conservadores. É o caso, segundo Soares (2010),
do campo do direito, que tem uma função essencial na resolução dos conflitos, já que
estabelece regras e práticas para o seu tratamento, na tentativa de evitar rupturas graves e
assegurar “um mínimo de coesão e a continuidade social, para que se possa implementar
a gestão de águas” (SOARES, 2010, p. 129).
SUMÁRIO 46
Desafios da sustentabilidade
Método
SUMÁRIO 47
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 48
Desafios da sustentabilidade
GOVERNANÇA Dimensões da
Elementos
governança
- informação para a comunidade externa;
- responsável pela informação e pelas orientações
técnicas;
- informação sobre temas em votação;
Informação
- fontes de informação dos membros;
- profundidade da discussão;
- compreensão da informação disponibilizada aos
participantes dos colegiados.
- caracterização dos membros;
- influência do gestor sobre os membros;
- percepção da participação dos membros;
- quórum nas reuniões;
Participação
- número de manifestações dos membros;
- participação de não membros;
- existência de campanhas institucionais de
formação, incentivando a participação no sistema.
- identificação dos conflitos;
- relevância dos conflitos;
Gestão de
- natureza dos conflitos;
conflitos
- gravidade dos conflitos;
- formas de resolução dos conflitos.
Fonte: Luz, 2017.
A fim de aprofundar ainda mais o estudo de caso por meio de diferentes perspectivas,
realizaram-se 14 entrevistas semiestruturadas com um representante de cada categoria
do Comitê Taquari-Antas e, também, com os gestores do período 2015/2016. A entrevista
é a técnica de excelência na investigação social, considerada bastante eficiente para a
obtenção de dados em profundidade (Gil, 2012). O representante escolhido foi o que
demonstrou maior envolvimento ao responder aos questionários e que se colocou como
protagonista nas reuniões.
SUMÁRIO 49
Desafios da sustentabilidade
Contextualização
SUMÁRIO 50
Desafios da sustentabilidade
Discussão e resultados
Para a maioria dos entrevistados, o grande objetivo do CTA é gerir o uso da água para
que haja qualidade e quantidade para todos, hoje e no futuro, o que deve ocorrer com a
observância do desenvolvimento social e do necessário equilíbrio com o setor produtivo.
Como fator de união entre os membros do CTA, foi lembrado que há uma identidade
de ocupação espacial que, mesmo sendo diversa, heterogênea, precisa ser reconhecida,
já que todos pertencem à mesma bacia. Foi lembrado que a adversidade (referindo-se
à possível falta de disponibilidade hídrica e ao comprometimento de sua qualidade no
futuro) pode ser um fator de união.
O objetivo de gerir o uso da água para que se tenha qualidade e quantidade hoje
e no futuro é reconhecido pelos membros. No entanto, também entendem que não
estão conseguindo concretizá-lo, principalmente, por causa da falta da implantação
da Lei Estadual nº 10.350/1994; em virtude da falta da criação das Agências de Bacias;
devido ao distanciamento entre o Comitê e a sociedade; e, ainda, em função da falta de
monitoramento e de fiscalização da legislação existente. Estes também são os motivos
por que a maioria dos entrevistados reconhece que o trabalho do CTA não está afetando
as questões da água na sociedade, pois, com estas dificuldades, não há o que deliberar,
nem o CTA se legitima perante a sociedade.
SUMÁRIO 51
Desafios da sustentabilidade
Outra situação citada foi que a demanda econômica estava gerando um certo
“atropelo”, provocando um desequilíbrio em relação a outras demandas. Nesse sentido,
foi citado que, em certa ocasião, havia um grande empreendimento a ser licenciado pela
FEPAM e foi dito aos membros do CTA que estes “deveriam confiar na tomada de decisão
da FEPAM”. Posteriormente, a empresa, na implantação da obra, modificou drasticamente
o projeto aprovado, pagou uma multa, “atropelando” o processo.
5 Houve menção de que, com a presidência anterior, os membros possuíam mais afinidade, “ficavam mais
à vontade, talvez isso limita um pouco esta participação do Comitê nas reuniões”, mencionou um dos
entrevistados.
SUMÁRIO 52
Desafios da sustentabilidade
O estudo de caso revelou que ainda não ocorrem processos de governança hídrica
no CTA, tendo em vista que as categorias aprofundadas apresentam-se deficitárias nos
núcleos centrais, embora alguns aspectos apresentem um satisfatório encaminhamento,
como se observa na figura 02.
SUMÁRIO 53
Desafios da sustentabilidade
A gestão de conflitos inexiste, uma vez que os conflitos, de modo geral, não são ou
são pouco discutidos. Apesar de existirem, são conflitos latentes e/ou velados. O conflito
hídrico envolvendo o uso da água para diversas atividades (geração de energia, agricultura,
pecuária, indústria, ausência de esgotamento, ocupação indevida das margens) versus
a manutenção do recurso hídrico e o ambiente preservado foi tema pouco discutido
nas reuniões, mas surge como forte preocupação nas entrevistas, revelando que não se
debatem estas questões, que são vitais para a gestão e a preservação do recurso hídrico.
Tanto os conflitos relativos aos usos da água quanto os referentes ao relacionamento entre
os membros do CTA são pouco debatidos.
Tanto o estudo teórico quanto o empírico apontam a distância que parece existir
entre os cidadãos e seus representantes e revelam uma crise fundamental de legitimidade
política, que está diretamente relacionada a uma crise de governança, quando deveria
haver uma ação conjunta do Estado e da sociedade em busca de soluções para problemas
comuns (CASTELLS, 2005; GONÇALVES, 2006).
SUMÁRIO 54
Desafios da sustentabilidade
Também é preciso haver propostas de gestão legítimas e consolidadas para que haja
a garantia de acesso à informação e a consolidação de canais abertos para a participação,
que são pré-condições para que ocorra o controle social, uma vez que a governança hídrica
é permeada de conflitos em função de diferentes interesses envolvidos, o que demanda
o investimento em canais de comunicação entre os membros, com o uso de linguagem
acessível a todos os participantes, para que se sintam corresponsáveis, tenham confiança
e legitimem o Comitê (JACOBI, 2012a; SANTOS; JACOBI, 2012).
SUMÁRIO 55
Desafios da sustentabilidade
6 Referindo-se aqui ao Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul e órgãos diretamente ligados aos
recursos hídricos: Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Departamento de Recursos Hídricos.
SUMÁRIO 56
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 57
Desafios da sustentabilidade
As responsabilidades dos atores, às vezes, dependem umas das outras; por isso, foram
identificados como pilares de sustentação dos processos de governança hídrica, pois um
está ligado à atuação dos demais, em relação de interdependência e de retroalimentação.
As responsabilidades descritas não são só fruto da imposição de competências legais,
mas, também, embasam-se nas fragilidades constatadas no estudo de caso, expostas
pelos membros do CTA nos questionários, nas entrevistas e ao longo das observações
realizadas durante as reuniões, em cotejo com pressupostos teóricos e legais. Ainda, as
responsabilidades não se esgotam em si; elas revelam a essência do que ficou exposto
no período temporal analisado, a partir das categorias eleitas para aprofundamento do
processo de governança: informação, participação e gestão de conflitos.
SUMÁRIO 58
Desafios da sustentabilidade
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Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 60
Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 61
Desafios da sustentabilidade
Parte 2 - Bases
Ecológicas para a
gestão ambiental
SUMÁRIO 62
Desafios da sustentabilidade
História
SUMÁRIO 63
Desafios da sustentabilidade
Esse clube contou com grandes líderes, evidenciando que a preocupação ambiental
surgiu de profissionais importantes, com condições tecnológicas, conhecimentos e poder
econômico para desenvolver um relatório que avaliasse os limites ecológicos em relação
ao modo de comportamento da sociedade. A interação e os estudos produzidos por esses
empresários e cientistas tiveram como resultado a publicação do relatório “Limites para
o Crescimento”, em 1972 (WATTS, 1972). O relatório pode ser considerado como o mais
importante de várias outras manifestações em relação à preocupação com o seguimento
do crescimento econômico e populacional, no qual a carência de recursos naturais e o
desgaste ambiental foram considerados como causas que reduziam esse crescimento.
Foladori (2002) esclarece que o relatório provocou grande impacto por conta da crítica
que fez a partir do próprio sistema capitalista, levando em conta os participantes do Clube
de Roma.
SUMÁRIO 64
Desafios da sustentabilidade
Após dez anos, houve uma nova conferência, a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio +10, para tentar colocar em
prática os acordos debatidos até aquele momento. Ocorrida em agosto e setembro de
2002, em Johannesburgo, África do Sul, registrou mais de 100 mil participantes, entre
eles, delegados oficiais de 189 países, milhares de representantes de organizações da
sociedade civil, ativistas ambientais e jornalistas. Um dos maiores objetivos do evento foi
avaliar os acordos e convênios desenvolvidos na Rio-92, em especial, a Agenda 21, além de
realizar o planejamento para colocar em prática o que estava previsto nos documentos
(LITTLE, 2003). Como os debates das conferências foram abordando cada vez mais a
questão social, os compromissos foram fixados entre os participantes na conferência, entre
os quais o de procurar maior acesso a mercados alternativos para estimular o consumo e
a produção sustentável.
Problemas ambientais
O ser humano é a espécie que mais modifica o ambiente em que vive, utilizando
exageradamente os recursos naturais, dos quais muitos se tornaram escassos devido à
busca por lucro e à alta produção. Consequentemente, existe uma crise ecológica com
catástrofes naturais (terremotos, furacões, estiagem prolongada), poluição atmosférica,
destruição das florestas tropicais, falta de água potável e disseminação de doenças. Nem
todos os recursos naturais são renováveis; por isso, é bem provável uma crise ambiental,
caso as pessoas não se conscientizem a tempo. Os avanços econômicos trazem
desenvolvimento e promovem melhorias em relação ao bem-estar das pessoas; porém,
SUMÁRIO 65
Desafios da sustentabilidade
danificam as reservas naturais, visto que a economia não consegue manter-se sem o uso
extensivo dos recursos naturais. Como resultado, a falta de conscientização e de respeito
aos limites impostos pela natureza causa sérios danos (DEWES; WITTCKIND, 2006).
Uma sociedade é considerada sustentável quando não coloca em risco seus recursos
naturais, que podem ser a água, o solo, a vida vegetal, o ar. O modelo de desenvolvimento
que segue estes princípios é chamado de desenvolvimento sustentável, que se diferencia
do modelo tradicional de crescimento, baseado apenas nos aspectos econômicos, cujo
foco é o aumento da produção e do consumo (PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2011).
Consumo sustentável
SUMÁRIO 66
Desafios da sustentabilidade
Consumo consciente
Energia verde
SUMÁRIO 67
Desafios da sustentabilidade
Além dessas opções, existe a fonte de energia por meio da biomassa, que pode
ser subdividida em biomassa tradicional, considerada não sustentável, por ser utilizada
de maneira rústica, destacando-se a madeira de desflorestamento, resíduos florestais
e dejetos de animais (KAREKESI; COELHO; LATA, 2004). As biomassas modernas são
consideradas sustentáveis, como, por exemplo, os biocombustíveis, madeira proveniente
de reflorestamento, bagaço de cana-de-açúcar para geração de energia em caldeiras,
entre outras.
SUMÁRIO 68
Desafios da sustentabilidade
Tecnologias verdes
Existem diversos métodos que podem contribuir para uma sociedade mais
sustentável, minimizar a degradação do meio ambiente, diminuir a poluição e
permitir que a natureza se desenvolva de forma saudável, utilizando-a sem danificá-la
permanentemente. Como exemplo, podemos citar as tecnologias verdes, que são formas
de processo ou produtos cujo resultado é um impacto ambiental mínimo, diminuindo
consideravelmente o uso da energia e dos recursos naturais, para preservar o ambiente e
a biodiversidade (PHILIPPI JÚNIOR; PELICIONI, 2014).
A Produção Mais Limpa (P+L) teve seu conceito estabelecido no início da década
de 90 pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization - Organização
SUMÁRIO 69
Desafios da sustentabilidade
pelo Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas) e pelo Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA). A P+L utiliza a estratégia ambiental de cunho contínuo e
preventivo, integrada aos processos e serviços, com o objetivo de aumentar a ecoeficiência
e reduzir os impactos à saúde e ao meio ambiente (ALMEIDA, 2012). Ao longo dos
anos, esse conceito foi ampliado por diversos fatores, entre eles, as preocupações com
o aquecimento global, além de outros indicadores que colocavam o atual modelo em
cheque. Além das dimensões clássicas como a redução do consumo de matérias-primas,
de água e de energia e o tratamento de resíduos, o conceito de P+L também foi aplicado
à ideia de que uma produção mais limpa é um padrão que emite menos gases de efeito
estufa (GEE). Atualmente, falar em produção mais limpa significa “descarbonizar” os
setores intensivos em consumo de energia fóssil e emissor de CO2.
Para que esse método funcione, são necessárias políticas públicas que estimulem
formas de transporte coletivo e transportes não motorizados. É necessário desenvolver
sistemas integrados de transporte público, tanto fisicamente quanto em relação às tarifas.
Esses transportes precisam ter flexibilidade e serem adaptados para oferecerem ao
usuário uma boa experiência de uso. Para promover o transporte não motorizado, ou seja,
a caminhada e o ciclismo, é necessária uma infraestrutura de proteção de alta qualidade,
como, por exemplo, calçadas e faixas de pedestres, ciclovias adequadas e locais para o
estacionamento de bicicletas. Essas infraestruturas, além de serem rápidas, baratas e
fáceis de serem construídas, evidenciam sinais de apoio público à população (ALMEIDA,
2012).
SUMÁRIO 70
Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 71
Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 72
Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 73
Desafios da sustentabilidade
INTRODUÇÃO
1 Mestre em Ensino de Ciências Exatas – UNIVATES/RS, graduado em Ciências Biológicas, professor da Rede
Estadual de Minas Gerais. erisnaldoreis1@gmail.com
2 Doutora em Ecologia. Professora dos Programas de Pós graduação: Doutorado e Mestrado em Ensino
(PPGEnsino) e Doutorado e Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas (PPGECE). Universidade do
Vale do Taquari – Univates. aaguim@univates.br
SUMÁRIO 74
Desafios da sustentabilidade
De acordo com Silva (2008), o primeiro estudioso que definiu a Ecologia como
estudo científico das interações entre organismos e seu ambiente foi Ernest Haeckel. Ao
longo do tempo, a definição foi sendo aperfeiçoada à medida que novos conhecimentos
foram incorporados ao meio científico. Ainda, conforme Silva (2008), Krebs, em 1972,
definiu Ecologia como o estudo científico das interações que determinam a distribuição
e a abundância dos organismos. Essa autora salienta que tais interações consistem em
todos os fatores e fenômenos externos, quer sejam físicos e químicos (abióticos) e outros
(bióticos), que têm influência sobre os organismos.
A Ecologia constitui uma das diversas divisões básicas da Biologia, que trata dos
princípios fundamentais, comuns a toda vida. Caracteriza-se como uma parte integrante
de cada uma e de todas as divisões da Biologia que tratam de determinadas classes
taxonômicas (ODUM, 1977). De acordo com Ricklefs (1996), os princípios de Ecologia têm
sido definidos através de mais de um século de observação, experimentação e exploração
teórica dos recursos naturais. Eles explicam os processos que mantêm a estrutura e o
funcionamento dos sistemas ecológicos, informando-nos como cada parte se encaixa
no todo, enfatizando a inter-relação da natureza e nos ajudando a compreender por
que o funcionamento dos sistemas naturais pode ser interrompido sob certos estresses.
Nesse contexto, este autor argumenta que “os princípios oferecem linhas de conduta
para a observação da biodiversidade e a administração do meio ambiente para a
sustentabilidade” (RICKELFS, 1996, p. 1). Ainda, segundo esse autor, nesse aspecto, a
Ecologia assume importância extrema para a sobrevivência do planeta. Para o autor, a
administração dos recursos bióticos no sentido de sustentar uma razoável qualidade de
vida humana depende da sábia aplicação de princípios ecológicos, não meramente para
SUMÁRIO 75
Desafios da sustentabilidade
resolver ou prevenir problemas ambientais, mas também para instruir nosso pensamento
e práticas econômicas, políticas e sociais.
Vale ressaltar que a Ecologia estuda como a estrutura ambiental surge e se mantém
ou se modifica por meio das relações entre as partes componentes do ambiente, ou
seja, o funcionamento dos ecossistemas. Assim, a Ecologia “[...] não é a mesma coisa que
preservação” (MENDONÇA Jr, 2012, p. 128). Para o autor, na ação antrópica em nível local e
global, o homem é peça indelével de qualquer ambiente em qualquer ponto do planeta,
e afirma que “não há mais natureza intocada” (MENDONÇA Jr, 2012, p. 131). Desse modo,
entende-se que se pode propor atividades por meio das quais, gradualmente, mudamos
nosso ponto de vista da preservação pura e simples para o manejo ativo dos ambientes.
Segundo Dias (2004):
Diante do exposto, fica a ideia de que é importante saber como a natureza funciona,
como as conexões existentes entre os seres vivos podem facilitar a compreensão de
como a ação do homem afeta o meio ambiente. Nesse aspecto, a Ecologia favorece o
conhecimento das interligações e das interdependências dos problemas, ou seja, favorece
a construção de uma concepção sistêmica de EA. Segundo Maciel et al. (2018), a EA
se apresenta como algo que podemos entender com ideais diversos, perpassando por
contextualizações complexas e paradoxais, que buscam cada vez mais o aprofundamento
das reflexões acerca de teorias e metodologias, para que haja um ideal epistemológico
em relação a este tipo de ensino.
SUMÁRIO 76
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 77
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 78
Desafios da sustentabilidade
Fazer com que os aprendizes concebam que a ação humana é modificadora dos
ambientes é um dos objetivos do Ensino de Biologia, que coloca sempre em evidência o
elemento principal que é a vida; não somente a vida do ser humano, mas todas as formas
de vida do planeta. Estar docente executando o fazer pedagógico e o fazer científico é
fundamental para que os estudantes aprendam de maneira efetiva (FÃO et al., 2020;
RUSCHEINSKY, 2002).
3 II Congresso de Práticas Educacionais: Forma de Planejar e Agir do professor no Cotidiano das Escolas.
MAGISTRA, Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais,2013.
SUMÁRIO 79
Desafios da sustentabilidade
tona, ideias de coletividade e de sobrevivência com qualidade. Outro aspecto que vale
salientar é que, uma vez docente, a busca pelo entendimento da relação professor-aluno
sempre foi fator importante, que, certamente, favorece a obtenção de resultados mais
profícuos nos processos de ensino e aprendizagem de Biologia, de EA e de Ecologia. A
experiência docente centrada nos princípios científicos da Biologia, sem desvalorizar a
cultura dos estudantes e os seus conhecimentos prévios nos coloca num patamar de
constante reflexão direcionada a estimular os aprendizes a mudarem de atitude e de
comportamento em relação ao meio ambiente e à utilização dos recursos naturais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este texto, pretende-se propor uma reflexão que possibilite a compreensão
de que Ecologia e Educação Ambiental estão, de algum modo, vinculadas, com base
no conhecimento básico de Ecologia. Conforme o pensamento dos autores discutidos,
as problematizações promovem esse pensar crítico e reflexivo. Acredita-se ainda que
as informações descritas têm relevância para os educadores, pois trazem os preceitos
ecológicos que podem ser associados à práxis docente. Ficou compreendido que a EA
fundamentada na Ecologia pode direcionar a formalização de ideias que colocam a
questão da sustentabilidade como ponto imprescindível a ser estudado, discutido e,
principalmente, colocado em prática nas escolas.
REFERÊNCIAS
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campo de são bentinho-PB. INTESA – Informativo Técnico do Semiárido (Pombal-PB) v.14, n 1,
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SUMÁRIO 80
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2020.
SUMÁRIO 81
Desafios da sustentabilidade
Desenvolvimento sustentável
A economia ecológica coloca o ciclo de produção como devendo ser mantido por
um sistema sustentável, uma vez que a energia não pode ser reciclada e os processos de
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Desafios da sustentabilidade
Um pouco de história...
Vinte anos depois, ocorreu no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92, Eco-92
ou Cúpula da Terra. A reunião, diferentemente da ocorrida em 1972, depreendeu que o
desenvolvimento sustentável não era um aparato apenas de países ricos, mas deveria
ser um acordo comum entre a comunidade internacional. A Rio-92 abriu caminhos para
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Desafios da sustentabilidade
outras conferências da ONU, sendo um marco mundial (FERRARI, 2016). Para Cordani
(1992, p. 97), a conferência significou “uma inflexão na história da humanidade, com a
redefinição do direcionamento do desenvolvimento humano”.
Agroecologia
SUMÁRIO 84
Desafios da sustentabilidade
A agroecologia é a ciência por trás dos sistemas de base ecológica, que propõe
alternativas ao atual sistema agrícola de utilização de pesticidas, baixa diversidade
biológica e uso de plantas geneticamente modificadas, para o aumento da produtividade
(LOPES; LOPES, 2011). O sistema de produção orgânica apresenta como suas principais
características, o policultivo, a fonte de matéria orgânica, a diversidade de organismos
e a introdução de árvores para sombra como suas principais características (AGUIAR-
MENEZES et al., 2007). Para Borges (2000, p. 31):
A agricultura natural foi fundada em 1991, em Capinas, São Paulo, por um grupo
de oito membros, como uma opção alternativa às redes varejistas (THOMSON, 2014).
Esse método de cultivo não utiliza pesticidas e fertilizantes químicos, pois entende-se
que são prejudiciais à saúde do solo, do meio ambiente e do ser humano. Baseia-se no
respeito à natureza e no consumo de alimentos saudáveis e com melhor paladar. Dentro
da agricultura natural existem duas vertentes: a que utiliza adubo e a que não utiliza.
Conhecida como agricultura pura, esta vertente não faz uso de nenhum adubo, fertilizante
ou pesticida, seja ele natural ou não. A outra vertente utiliza um composto fermentado
de farelos vegetais e microrganismos, que é diferente dos adubos orgânicos e do esterco
convencionais, sucedidos por um processo de putrefação (GONÇALVES, 2009).
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A empresa Vale Orgânico, de São José do Sul/RS, produz ovos orgânicos de aves
criadas de forma livre, em sistema extensivo. A base alimentar é ração orgânica produzida
na própria empresa, tendo as galinhas acesso a piquetes de gramíneas nativas. Elas
são criadas desde o primeiro dia de vida para se habituarem a serem animais dóceis e
tranquilos.
REFERÊNCIAS
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SUMÁRIO 89
Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 90
Desafios da sustentabilidade
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Oxford University Press, 1987.
SUMÁRIO 91
Desafios da sustentabilidade
Emeli Lappe1
Luís Fernando da Silva Laroque2
1 Introdução
O presente trabalho insere-se nas investigações que vêm sendo desenvolvidas junto
ao Projeto de Pesquisa “Identidades étnicas em espaços territoriais da Bacia Hidrográfica
do Taquari-Antas” e o Projeto de Extensão “História e Cultura Kaingang”, vinculados
ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates, cujos
resultados têm gerado trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses
de doutorado. Neste estudo, tomou-se como recorte espacial uma Terra indígena no
Vale do Taquari – TI Foxá/Lajeado e outra no Vale do Sinos – TI Por Fi Gâ/São Leopoldo.
Com base nesta delimitação e tomando como referência o binômio saúde/doença, o
objetivo consiste em analisar e compreender as doenças do corpo e do espírito Kaingang,
reafirmando a medicina tradicional indígena, presente nos remédios e nas comidas
típicas. A metodologia baseou-se em pesquisa de cunho qualitativo-descritivo, com base
em revisão bibliográfica, pesquisa documental e história oral obtida através de entrevistas
e relatos registrados em diários de campo. A amostragem foram três diários de campo
e cinco entrevistas semiestruturadas, os quais foram analisados com aportes teóricos da
territorialidade e da cultura. A identidade dos interlocutores pesquisados foi resguardada.
Também foram obtidos o Termo de Anuência Prévia com as lideranças indígenas e o
Termo de Consentimento Livre Esclarecido.
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Desafios da sustentabilidade
A justificativa para o estudo das Terras Indígenas Foxá e Por Fi Gâ, localizadas,
respectivamente, em territórios da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas e Bacia
Hidrográfica do Rio dos Sinos, deve-se ao fato de os Kaingang das duas Terras Indígenas
terem laços de parentesco e por ambas estarem inseridas em espaços urbanos na cidade
de Lajeado e São Leopoldo. Nesse sentido, também compreender as motivações e
movimentações de (re)territorialização pelo seu tradicional território, as quais podem ser
comprovadas com os resultados das pesquisas arqueológicas e com fontes documentais
que muito bem refutam versões equivocadas sobre “o que estes indígenas estão fazendo
nestes municípios”.
Nos primeiros anos do século XX, a situação dos Kaingang é praticamente a mesma
do período anterior, pois a penetração de não indígenas e o interesse de apropriação dos
territórios Kaingang continuaram. Gradativamente, as Terras Indígenas do Brasil Meridional,
de ocupação Kaingang, foram transformadas em fonte de renda, através do plantio de
grãos, da implantação de latifúndios para a criação de gado e granjas de monocultura,
bem como pela expansão imobiliária. Nesse sentido, Seeger e Castro (1979) esclarecem
que um dos argumentos mais usados na justificativa de expropriação territorial das etnias
indígenas era a de que o uso da terra pelos indígenas era improdutivo, ecologicamente
destrutivo e irracional.
SUMÁRIO 93
Desafios da sustentabilidade
Na língua Kaingang, Foxá significa cedro. Esta Terra Indígena é formada por Kaingang
que retornaram para o Vale do Taquari e, consequentemente, para a cidade de Lajeado,
há, aproximadamente, mais de vinte anos, quando as primeiras famílias oriundas de Terras
Indígenas do norte do Rio Grande do Sul, como Nonoai e, posteriormente, Serrinha, Votouro
e Guarita, se estabeleceram às margens da RS 130, próximo à rodoviária de Lajeado. Após
diversos acordos, discussões e negociações, os Kaingang foram transferidos para uma área
de terra de 525m², às margens da RS 130, no sentido da rodoviária de Lajeado à cidade de
Cruzeiro do Sul, no bairro Jardim do Cedro, onde encontram-se atualmente. Assim, em
2007, surgiu a Terra Indígena Foxá.
SUMÁRIO 94
Desafios da sustentabilidade
No Rio Grande do Sul, nos últimos quinze anos, o atendimento à saúde do indígena
pode ser dividido em dois períodos: o primeiro (1987 a 1990) refere-se ao período em que
todas as atribuições relativas à saúde do indígena eram de responsabilidade da FUNAI,
incluindo atividades como a distribuição de medicamentos, o encaminhamento dos
pacientes para consultas especializadas ou para internação e o transporte do doente. O
segundo (pós 1991), quando ocorreu a implantação do SUS, caracterizou-se por uma maior
participação dos municípios junto com os órgãos responsáveis pela saúde do indígena, o
que facilitou o acesso aos serviços de saúde (HÖKERBERG; DUCHIADE; BARCELLOS, 2001).
SUMÁRIO 95
Desafios da sustentabilidade
Para os Kaingang das Terras Indígenas Foxá e Por Fi Gâ, ter saúde significa ter
força, sendo que a perda de saúde representa a vulnerabilidade às doenças do corpo
e do espírito. Nessa lógica, Ramminger (2013) salienta que devemos considerar que os
sistemas tradicionais de saúde indígenas abordam o processo saúde-doença, por meio de
ritos espirituais que procuram harmonizar as comunidades dos diferentes seres materiais
e imateriais. Isto é o bem viver, conforme estudo de Prestes e Laroque (2018) sobre os
Kaingang da Foxá.
[...] Nós temo a doença normal que é de, eu já vô dize, de todo Ser Humano
e tem as doença espírita, né?! Então, quando se há, pra médico é uma
coisa e quando é espírito tem que ser com o Kujã. O trabalho é mais assim
que funciona [...] é mesma coisa se tu vai no médico, tá me doendo aqui,
né, tô com dor de cabeça, ou sei lá, com outra coisa. Tu chega lá, e o o Kujã
é assim também. Tu chega lá, e ele diz: o que tu tem?! Explica, ele já vai
lá no mato e pega o remédio certo pra quela doença. Tem doenças que é
curado pelo Kujã, né! Mas tem coisas que não é por ele, aí é com o médico.
[...] ele [o Kujã] só dá chá, ervas medicinais, né! [...] primeiro procura o Kujã,
se não resolve, depois procura o médico, o posto de saúde, o hospital aqui
perto (EB, 28/05/2015, p. 4).
SUMÁRIO 96
Desafios da sustentabilidade
Nesta fala, percebemos que, quando nós, não indígenas, falamos de saúde, logo
nos referimos às doenças; entretanto, para os Kaingang, é diferente. Segundo Eltz (2011),
no entender Kaingang, o que importa é a busca da composição de um corpo forte, pois
somente assim são impossibilitadas tanto as doenças quanto os infortúnios, o que é
dificultado pela conjuntura de viver somente no limpo, sem a força e a proteção que o
mato proporciona a esses indígenas. Referindo-se às doenças que afetam o espírito dos
Kaingang, o entrevistado D da Terra Indígena Por Fi Gâ salienta:
Na concepção dos Kaingang, se, por acaso, um indígena adoecer, ele deve procurar
primeiro um Kujã para conversar com ele sobre sua doença. Dessa forma, o Kujã poderá
fazer um chá e o indígena resistir à doença. Para curar as doenças na Terra Indígena Por
Fi Gâ, a agente de saúde informa o seguinte: “Nesse caso daí faz o chá e deixa lá no, no,
pra pegar o sereno da noite pra no outro dia toma!” (ED, 20/08/2015. p. 1). Entretanto,
caso a doença não seja curada, este indígena deve procurar o agente de saúde da Terra
Indígena, que o encaminhará para atendimento na rede pública de saúde. Relacionado
às doenças e às possíveis curas realizadas por médicos ou pelo Kujã, um interlocutor da
Terra Indígena Por Fi Gâ relata:
E muitas doenças que vem no corpo dos índio é pro médico. Mas muitas
doenças que vem no corpo dos índios é pro pajé. O corpo né. O corpo
SUMÁRIO 97
Desafios da sustentabilidade
Nestes termos, o Kujã, líder espiritual, é o responsável pelo bem-estar dos Kaingang.
Seu trabalho abrange o tratamento do corpo das pessoas e do corpo da terra em que elas
vivem (FREITAS; ROKÀG, 2007). Relacionado aos saberes do Kujã e às doenças do corpo,
um Kaingang informa:
O Kujã, ele mesmo entende sobre isso. Porque ele já se formo pra te
conhecimento disso. Então através da visão dele mesmo ele já sabe o que
a pessoa já tem no seu corpo. Na visão dele mesmo ele já fica sabendo
(EA1, 10/02/2015, p. 11).
Agora [...] as pessoas [...] não tão mais empolgada em Kujã porque já tem
médico que a gente faz consulta lá e agora até mesmo pra mulher dá a
luz tem que ir pro hospital, porque tem muita doença, daí é obrigatório
ir pro hospital, mas daí depois que vem do hospital o Kujã sempre faz
um remédio caseiro pra fica tomando pra que tu não venha a recaí (ED,
20/08/2015, p. 2).
SUMÁRIO 98
Desafios da sustentabilidade
A araucária [...] o fruto dela serve para alimentação, a casca dele como
tinta [...] [roxa] né? E como a madeira dela é muito rica também, ela tem o
nó, o nó de pinho. [...] aquilo lá ele é tão forte que hoje não existe mais, mas
até 15 anos 20 atrás existia essas ferraria que fazia machado, fazia foice,
esses ferreiros, né. Eles usavam nó de pinho pra esquenta o ferro e pra
SUMÁRIO 99
Desafios da sustentabilidade
pode fazê a ferramenta: a foice, o machado o facão! [...]E o nó, ele, o pinho
serve de remédio ne! Tu pega corta uma lasquinha, tu coloca num copo tu
vai toma no outro dia ele tá bem vermelho. Daí tu toma aquilo [...] Então
tem dentro do pinhero lá em cima, aquilo lá serve pra remédio também.
Eu quando tinha a idade de cinco aninho, até a idade de nove ano, meu
vô tratava eu só com o broto do pinho. Pra doença e crescimento. E nós
nenhum é baixinho, todos altos (EC, 15/05/2012, p. 5).
3 O Kikikói é um cerimonial de caráter cosmológico, em homenagem aos mortos Kaingang, na qual ingerem
uma bebida composta de mel e água.
SUMÁRIO 100
Desafios da sustentabilidade
Para os Kaingang, a água também é medicinal, pois é utilizada como remédio; pode
ser a água do “mato” ou a água retirada dos gomos da taquara. A água da taquara é eficaz
para a cura da “tosse longa” e também traz satisfações alimentares, como é o caso da larva
oriunda da planta, utilizada como banha (SEVERO, 2014). Em relação à importância da
água, um Kaingang da Terra Indígena Foxá relatou:
Água também tem a utilidade. Às vezes nós tamos no mato aonde não
tem água, mas tem água. Tem um cipó que tem água. – E que cipó é
esse? - aqui não tem, não existe. Agora pra lá [referindo-se a Nonoai] tem
muito. E como tem a taquara, também que tem água que é muita boa
pra tosse cumprida. É aquela tosse que a criança tosse, tosse e acaba
morrendo né. Então a gente tem que dá aquela água pra criança. Tem
que ir no mato corta os gomo de taquara, colhe a água daí dá pra criança
toma. De preferência no gogó do bugio. O bugio tem um gogó grosso,
um copinho assim na goela daí despeja dentro daí dá pra criança bebe,
só que a criança fica com uma voz que nem a voz do bugio, grossa (EC,
15/05/2012, p. 5).
A água retirada da taquara serve para curar a tosse comprida, sendo dada no gogó
do Bugio. Segundo Garlet (2010), para os Kaingang, a raspa da taquara, que chamam de
kukén, é utilizada para fazer remédios para curar a tosse. Os Kaingang da Terra Indígena
Por Fi Gâ dizem que o mais importante é o que está dentro da taquara, o bichinho
chamado coró, que, para eles, tem vitaminas, é natural, puro, limpo, sem veneno. A água
encontrada dentro da taquara também é utilizada como chá para prisão de ventre. As
raízes da taquara são usadas como remédio para problemas nos ossos, quando quebram
costelas, pernas e braços. Cozinham as raízes e aplicam sobre o ferimento por muitos dias,
até mesmo por várias semanas (GARLET, 2010).
Madeiras fortes que não secam são consideradas possuidoras de poder curativo
ou preventivo de doenças. Por exemplo, a árvore denominada ken ta iú (açoita-cavalo) é
concebida como remédio porque não pega doença e, quando cortada, brota rapidamente.
Já a figueira (ken ven fï), por espremer, abafar, matar e tomar o lugar de outras árvores,
conforme já referido, é percebida como remédio brabo, isto é, para ficar brabo, lutar
(GEHLEN; SILVA, 2008).
Os cupins do mato, por atacarem madeiras duras, fortes, são utilizados para fortalecer
o corpo e protegê-lo contra doenças. Os cupins junto com ervas remédio são queimados.
A fumaça é usada para atropelar a doença dos corpos que a ela são expostos (GEHLEN;
SILVA, 2008). Normalmente, quando realizamos as saídas de campo às Terras Indígenas
SUMÁRIO 101
Desafios da sustentabilidade
Foxá e Por Fi Gâ,fica, é perceptível o envolvimento dos Kaingang com a fumaça. Quando
estão assando o Emï (bolo), fazendo o Fuá (salada), assando uma carne, os indígenas
ficam ao redor do fogo, emaranhados no meio da fumaça. De acordo com Ramminger
(2013), os Kaingang acreditam que o cheiro exalado pela fumaça do fogo afasta os maus
espíritos, que vêm da aldeia dos mortos. A escolha das madeiras para obter o fogo com
uma fumaça específica é feita pelos indígenas mais velhos ou pelo Kujã.
4 “Eu não consigo distingui comida de remédio”: O alimento utilizado como remédio
nas Terras Indígenas Foxá e Por Fi Gâ
[...] todos os alimentos são remédios, [...] eu não consigo distingui comida
de remédio. A comida é o remédio e o remédio é a comida! [...] Mas nós
ali no matão ali, a gente tem o mel, o mel serve pra quase todo o tipo de
doença do corpo[...] Porque ele é feito de vários flores das árvore, então
essas árvore, essas flores são remédio. Então o mel, é o melhor remédio do
mato. Muitos remédio né pra reumatismo, muitos remédios pro câncer
e isso a gente comia bem dize todos os dias antigamente. Por isso que a
pessoa durava mais de 150 anos. E hoje imagine né. Pensa um pouco da
alimentação que nós comemo. Esses produto enlatados são um veneno.
[...] Os grão também, hoje, ele já brota vem o veneno em cima até colhe!
Nasce, e eles colhem usando veneno no produto. E a gente vai come! Na
hora ali dá pra remedia a fome, mas logo vem a consequência [...] (ED,
20/08/2015, p. 4, grifos nossos).
SUMÁRIO 102
Desafios da sustentabilidade
(F.e) é usado para curar o amarelão, bronquite, asma e reumatismo. Nas imagens (FIGURA
4 e 5), verificamos a importância dos alimentos para a cura de doenças e para o bem-estar
da saúde dos Kaingang, respectivamente nas Terras Indígenas Foxá e Por Fi Gâ.
Figura 5 – Folhas de Kumï e preparação do milho torrado (Pixé) da Terra Indígena Por Fi Gâ
SUMÁRIO 103
Desafios da sustentabilidade
relações, que são necessárias para a fabricação e a manutenção dos corpos e a aquisição
de características de outras subjetividades.
5 Considerações finais
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Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 106
Desafios da sustentabilidade
1 Universidade Federal do Amapá - UNIFAP e Universidade do Vale do Taquari - Univates, Bacharel em Direito,
Mestrando em Sistemas Ambientais Sustentáveis - PPGSAS da Univates, daniel.silva7@universo.univates.br
2 Universidade do Vale do Taquari - Univates, Graduanda em Ciências Biológicas, Licenciatura,
julia.gastmann@universo.univates.br
3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e Universidade do Vale do Taquari - Univates, Mestre e
Doutoranda em Fitotecnia pela UFRGS, marawinhelmann@gmail.com
4 Universidade do Vale do Taquari - Univates, Licenciada em Ciências Biológicas, Mestranda em Biotecnologia
- PPGBiotec da Univates, ketlin.zrodrigues@gmail.com
5 Universidade do Vale do Taquari - Univates, Licenciada em Ciências Biológicas, Mestranda em Biotecnologia
- PPGBiotec da Univates, fbruxel1@universo.univates.br
6 Universidade do Estado do Amapá - UEAP, Doutor em Botânica, Professor e Pesquisador,
luciano.pereira@ueap.edu.br
7 Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá - IEPA, Doutor em Biodiversidade e
Biotecnologia, Pesquisador, patrickcantuaria@gmail.com
8 Universidade do Vale do Taquari - Univates, Doutora em Botânica, Professora e Pesquisadora,
elicauf@univates.br
SUMÁRIO 107
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 108
Desafios da sustentabilidade
O Amapá também convivia com problemas com a posse das terras em áreas
de florestas; porém, em 1985, a associação dos extrativistas, o Conselho Nacional dos
Seringueiros e o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Macapá propuseram a criação de
áreas exclusivas para as atividades extrativistas na forma de Projetos de Assentamentos
Agroextrativistas (PAE) (FILOCREÃO, 2007). A demanda recebeu apoio de instituições
federais responsáveis pelas políticas agrárias ambientais (INCRA e IBAMA), culminando
com a criação de três PAE, entre os quais, a Reserva Extrativista do Rio Cajari (RESEX Cajari),
pelo Decreto nº 99.145 de 1990 (BRASIL, 1990). A sua criação permitiu a reapropriação
da cultura original dos povos tradicionais locais ou, pelo menos, a desejada, quando se
instalaram na região onde permaneceram por mais de um século (PICANÇO, 2009). Diante
do exposto, o presente trabalho objetiva discutir alternativas de extração sustentável dos
principais recursos vegetais disponíveis na Reserva Extrativista do Rio Cajari, visando
alertar para diferentes possibilidades de exploração dos recursos, a fim de garantir a
sustentabilidade.
SUMÁRIO 109
Desafios da sustentabilidade
A criação da reserva, apesar de ter colaborado para o fim dos conflitos pela posse
da terra, não contribuiu para superar as desigualdades sociais que perduram por mais de
100 anos, em razão da ausência do Estado, que não auxiliou a população local na busca
por mais alternativas de uso sustentável da biodiversidade, não organizou a elaboração do
Plano de Manejo para a Reserva e não asfaltou a principal via de acesso à RESEX. Paralelo
a isso, o uso da terra é limitado e o extrativismo é realizado a partir de poucas espécies, o
que o torna evidentemente sazonal (FILOCREÃO, 2007). Sem alternativas para a garantia
da sustentabilidade, apesar da existência de várias espécies vegetais com potencial para
exploração, as populações locais têm vivido sob condições que diminuem a qualidade de
vida.
SUMÁRIO 110
Desafios da sustentabilidade
Assim como ocorre na RESEX Cajari, apesar de o Brasil ser o país com a maior
biodiversidade do planeta, as espécies não são exploradas adequadamente, exigindo
SUMÁRIO 111
Desafios da sustentabilidade
Na Amazônia como um todo, vários táxons têm sido usados pelas comunidades
locais como alternativa não só alimentar e medicinal, mas como forma de sobrevivência,
seja como fonte de renda imediata ou como moeda de troca de produtos entre vizinhos ou
comunidades. Diversas plantas, mesmo quando não usadas diretamente nas residências,
podem transformar-se em alternativas viáveis para incrementar a renda familiar ou
transformar-se em recursos para a venda como ornamentais, medicinais, alimentares e
repelentes. Divulgar essas espécies pode contribuir para que mais comunidades passem a
explorá-las ou passem a ser pesquisadas com o intuito de desenvolver técnicas adequadas
para a extração de seus produtos ou matéria-prima.
3.1 Espécies vegetais com potencial para geração de trabalho e renda na RESEX
Cajari
SUMÁRIO 112
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 113
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 114
Desafios da sustentabilidade
4. Considerações finais
São várias as espécies da RESEX Cajari que podem ser exploradas, cada uma
de diferentes formas. Para favorecer o aproveitamento de todos esses potenciais, é
necessário, como primeira ação, um plano de manejo que inclua mais possibilidades para
o extrativismo. O plano de manejo, aliado a programas que preparem os extrativistas para
o uso de tecnologias que facilitem a extração da matéria-prima e para o desenvolvimento
de produtos, poderão evitar que a exploração das espécies não siga os ciclos econômicos
de descoberta, auge e declínio, conforme citado por Nobre (2014) e Alves (2017). No
SUMÁRIO 115
Desafios da sustentabilidade
entanto, para ampliar as possibilidades de uso das espécies pelos extrativistas, são
necessárias mais pesquisas que confirmem os usos medicinais, que conduzam ao
desenvolvimento de novos produtos e desenvolvam tecnologias que favoreçam a extração
ou o beneficiamento de frutos, amêndoas, extratos e/ou óleos e que haja difusão desse
conhecimento, atingindo as comunidades extrativistas.
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SUMÁRIO 120
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SUMÁRIO 121
Desafios da sustentabilidade
Parte 3 - Eficiência
Produtiva em prol de
uma sociedade mais
justa e sustentável
SUMÁRIO 122
Desafios da sustentabilidade
Ariadne Cordeiro1
Calebe Fernando Juchem2
Guilherme André Spohr3
Laura Marina Ohlweiler4
Darliane Evangelho Silva5
Noeli Juarez Ferla6
INTRODUÇÃO
1 Graduada em Ciências Biológicas – LP pela Universidade de Passo Fundo, mestra em Sistemas Ambientais
Sustentáveis pela Universidade do Vale do Taquari, cursando a especialização em Espaços e Possibilidades
para Educação Continuada, e-mail: adi.cordeiro@hotmail.com.
2 Graduando em Biomedicina pela Universidade do Vale do Taquari, bolsista de Iniciação Científica no
Laboratório de Acarologia da Universidade do Vale do Taquari, e-mail: calebefernandojuchem7@gmail.com.
3 Graduando em Ciências Biológicas Bacharelado pela Universidade do Vale do Taquari, bolsista
de Iniciação Científica no Laboratório de Acarologia da Universidade do Vale do Taquari, e-mail:
guilherme.spohr1@universo.univates.br.
4 Graduanda em Biomedicina pela Universidade do Vale do Taquari, bolsista de Iniciação Científica no
Laboratório de Acarologia da Universidade do Vale do Taquari, e-mail: lauramarina01@gmail.com.
5 Graduada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário da Região da Campanha, mestra e doutora em
Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade do Vale do Taquari e pós-doutora pela Universidade do
Vale do Taquari, e-mail: ds_evangelho@yahoo.com.br.
6 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, mestre em Biociências pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo,
pós-doutor pela Universidade de Amsterdã, Holanda, estágio sênior na Universidade de Bari, Itália, e-mail:
njferla@univates.br.
SUMÁRIO 123
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 124
Desafios da sustentabilidade
MATERIAIS E MÉTODOS
SUMÁRIO 125
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 126
Desafios da sustentabilidade
dia, durante o período de oito dias. Os ovos ovipositados foram avaliados quanto à sua
viabilidade, com o auxílio do microscópio estereoscópio Leica (56E-LED 2500).
Critérios de avaliação
Mc = Mortalidade corrigida
Mo = Mortalidade observada
Mt = Mortalidade na testemunha
SUMÁRIO 127
Desafios da sustentabilidade
E = Efeito total
Er = Efeito na reprodução
O valor do efeito total obtido para cada produto foi classificado numa escala de 1 a
4, conforme critérios estabelecidos pela IOBC/WPRS (BAKKER et al., 1992), sendo classe 1:
E < 30% (inócuo, não nocivo); classe 2: 30% < E < 79% (levemente nocivo); classe 3: 80% < E
< 99% (moderadamente nocivo) e classe 4: E > 99% (nocivo).
Utilizou-se o programa InfoStat, versão 2012 (DI RIENZO, 2012), para realizar a análise
da mortalidade e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
RESULTADOS
Mortalidade corrigida
SUMÁRIO 128
Desafios da sustentabilidade
Os meios seguidos pelas mesmas letras em cada coluna (produtos diferentes ao mesmo tempo) não diferem
significativamente de p < 0.05.
SUMÁRIO 129
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 130
Desafios da sustentabilidade
DISCUSSÃO
SUMÁRIO 131
Desafios da sustentabilidade
concentração dos nossos testes. Quando inferior a 0,30 mg do ingrediente ativo (i.a.)/g, a
dose de enxofre demonstrou desencadear efeito subletal em indivíduos de A. lacunatus e
P. tritici, infestando populações de Phoracantha semipunctata (Fabricius) e diminuindo
de 39 para 2,9 (HANKS et al., 1992). Outros estudos relataram que o enxofre pode
desenvolver efeito subletal em indivíduos de Trichogramma spp. (Trichogrammatidae) e
Podisus nigrispinus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae), que, quando expostos a ele, têm
sua predação e seu parasitismo diminuídos (THOMSON et al., 2000; TORRES et al., 2002).
No caso de R. dominica, a quantidade de larvas e de ovos foram maiores, quando as doses
de enxofre foram aumentadas. O enxofre é um acaricida; porém, constatou-se que pode
interferir no desenvolvimento dos insetos (WARE, 1994).
CONCLUSÃO
Este predador não suporta a presença dos agroquímicos: calda bordalesa, calda
sulfocálcica, enxofre, extrato pirolenhoso e o óleo de neem. Desta forma, o uso do controle
SUMÁRIO 132
Desafios da sustentabilidade
biológico aplicado a este predador não pode ocorrer concomitantemente ao uso destas
substâncias, pois o tornam ineficaz.
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Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 135
Desafios da sustentabilidade
Cláudia Schlabitz1
Laís Pozzebom2
Daniel Neutzling Lehn3
Claucia Fernanda Volken de Souza4
SUMÁRIO 136
Desafios da sustentabilidade
al., 2016) e apresenta uma demanda bioquímica de oxigênio (DBO) na faixa de 1200–3600
mg.L-1 (SIMATE et al., 2011). Considerando o crescente número de cervejarias que estão
sendo instaladas, a reutilização desta biomassa de descarte da levedura tem sido estudada
com o objetivo de reduzir o resíduo gerado, buscar retorno econômico e minimizar o
impacto ambiental (FERREIRA et al., 2010; HIDALGO, 2020; RADOSAVLJEVIĆ et al., 2019;
SOSA-HERNÁNDEZ et al., 2016).
2. Levedura cervejeira
Até o final do século XIX, a levedura não era reconhecida como agente da
fermentação do mosto, sendo a cerveja preparada a partir de uma mistura de
microrganismos (leveduras e bactérias), que se propagavam de um lote para outro. As
primeiras cepas selecionadas de leveduras utilizadas na fabricação de cerveja foram:
levedura ale, ou de fermentação de topo, e levedura lager, de fermentação de fundo, as
quais foram denominadas, respectivamente, Saccharomyces cerevisiae e Saccharomyces
carlsbergensis (atualmente Saccharomyces pastorianus) (RAINIERI; EMILIA; EMILIA,
2009).
Ambas as cepas ainda são as mais utilizadas como culturas iniciadoras na produção
cervejeira, devido às vantagens que conferem à qualidade do produto e ao processo de
fermentação, tais como o rápido crescimento, boa capacidade de produção de etanol
e tolerância a vários estresses ambientais (alta concentração de etanol e baixo teor
de oxigênio) (CANONICO et al., 2019). A classificação taxonômica dentro do gênero
Saccharomyces é complexa, pois a maioria das cepas apresenta características fisiológicas
e morfológicas comuns, mas, atualmente, são conhecidas, além das espécies já citadas, a
Saccharomyces paradoxus, a Saccharomyces cariocanus, a Saccharomyces uvarum, a
Saccharomyces mikatae, a Saccharomyces kudriavzevii, a Saccharomyces arboricola, a
Saccharomyces eubayanus e a Saccharomyces bayanus (NASEEB et al., 2017), resultado
de hibridizações ocorridas por ação humana ou natural.
SUMÁRIO 137
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 138
Desafios da sustentabilidade
5 Trub é composto por partículas formadas durante o processo cervejeiro, em sua maioria proteínas
coaguladas, lipídios, carboidratos, minerais e taninos.
SUMÁRIO 139
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 140
Desafios da sustentabilidade
4. Considerações finais
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Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 146
Desafios da sustentabilidade
Renata Oberherr1
Laís Bresciani2
Bruno Bersch3
Renata Fioravante Tassinary4
Simone Stülp5
1 Universidade do Vale do Taquari, Mestre em Sistemas Ambientais Sustentáveis, bolsista CNPq de doutorado
em PPG em Ambiente e Desenvolvimento, renata.oberherr@universo.univates.br
2 Universidade do Vale do Taquari, Mestre em Ambiente e Desenvolvimento, bolsista CAPES de doutorado
em PPG em Ambiente e Desenvolvimento, laisbresciani@gmail.com
3 Universidade do Vale do Taquari, Graduação em andamento em Engenharia Química, bolsista de iniciação
científica, bruno.bersch@univates.br
4 Universidade do Vale do Taquari, Graduação em andamento em Nutrição, bolsista de iniciação tecnológica,
renata.tassinary@universo.univates.br
5 Universidade do Vale do Taquari, Doutora em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais, professora
e diretora de Inovação e Sustentabilidade da Univates, stulp@univates.br
SUMÁRIO 147
Desafios da sustentabilidade
2017; CHEN et al., 2019), na geração de hidrogênio (FU et al., 2020) e na redução de CO2
em produtos de interesse energético (BRESCIANI et al., 2020). Trata-se de uma técnica
multidisciplinar, que envolve, além da eletroquímica, o estudo da óptica e da ciência
dos materiais. O seu desenvolvimento está intimamente relacionado a uma melhor
compreensão das superfícies e propriedades dos materiais (BESSEGATO; GUARALDO;
ZANONI, 2020).
Por esses motivos, ao longo dos anos, diversos estudos foram dedicados à melhoria
dos materiais utilizados nos processos fotoeletrocatalíticos. Vários semicondutores foram
estudados, entre eles, o TiO2, WO3, ZnO, CdS, Fe2O3 e SnO2. Destes, o dióxido de titânio (TiO2)
tornou-se o semicondutor mais utilizado, pois é estável, não é tóxico, é de baixo custo e,
o mais importante, apresenta níveis adequados de energia de band gap para as reações
de redução e oxidação (LINSEBIGLER; LU; YATES, 1995; CHEN; MAO, 2007). Das diversas
aplicações, o TiO2 tem sido muito utilizado em estudos que envolveram a separação
SUMÁRIO 148
Desafios da sustentabilidade
Esse tema tornou-se relevante nos últimos anos, pois é altamente interessante
reduzir o CO2, principal responsável pelo efeito estufa, e transformá-lo em produtos
combustíveis ou de interesse industrial, reduzindo assim os danos ambientais causados
pelas emissões antropogênicas desse gás na atmosfera, que levam ao aquecimento global
SUMÁRIO 149
Desafios da sustentabilidade
(SPINNER; VEGA; MUSTAIN, 2012; GOEPPERT et al., 2014). Como exemplo, menciona-se
o estudo realizado por Brito e colaboradores (2019), que utilizaram um semicondutor
nanoestruturado de TiO2, modificado com dióxido de zircônio para transformar o CO2
em combustível concomitantemente ao processo de degradação orgânica de poluentes
através da técnica FEC. Nesse estudo, os autores obtiveram a degradação de álcool
benzílico e a redução de CO2 em metanol e etanol.
Além da formação de álcoois (CARDOSO et al., 2018), outros produtos podem ser
obtidos a partir da reação de redução fotoeletrocatalítica de CO2, como, por exemplo,
ácidos carboxílicos, como o ácido acético e o ácido fórmico (CHENG et al., 2014), acetona
(WANG et al., 2020) e produtos gasosos, como o metano (LIU; GONG; ALEXANDROVA,
2019). Esses produtos podem ser utilizados como opções energéticas renováveis e de baixo
impacto ambiental, pois os álcoois e a acetona, por exemplo, podem ser utilizados como
aditivos ou substitutos de combustíveis convencionais, como a gasolina, ou em misturas
com butanol, como combustível aditivo para o diesel convencional, respectivamente
(DEMIRBAS, 2007; ELFASAKHANY, 2016).
Brito e colaboradores (BRITO et al., 2018) modificaram nanotubos de TiO2 com óxido
de cobre para aplicação na divisão fotoeletrocatalítica da água em H2 e O2. Os autores
relataram que a modificação do semicondutor resultou num aumento significativo da
produção de hidrogênio. Em outro estudo, Yu, Shao e Li (2017) relataram a conversão
fotoeletrocatalítica de metano em hidrogênio em meio aquoso sobre um semicondutor
de TiO2 modificado com platina. Os autores observaram que a produção de hidrogênio
SUMÁRIO 150
Desafios da sustentabilidade
foi cerca de três vezes maior na presença de metano, em função da maior relação H/C
presente na molécula em relação à água.
SUMÁRIO 151
Desafios da sustentabilidade
Para as amostras líquidas, são necessários testes de interferências nas análises. Essas
interferências podem ocorrer devido à formação de ligas entre os compostos dissolvidos
que reagem com o eletrodo e a irreversibilidade do metal analisado (COPERLAND;
OSTERYOUNG; SKOGERBOE, 1974). Interferências igualmente podem acontecer ao analisar
amostras biológicas, bem como de leite, cuja constituição apresenta alto teor de gordura e
de outros tipos de matérias orgânicas (MOTSHAKERI; PHILLIPS; KILMARTIN, 2019). Quando
descoberta a fonte de interferência, é possível tratar a amostra com métodos específicos
para cada fonte, reduzindo drasticamente sua perturbação nos dados.
As análises voltamétricas de água são muito mais sensíveis, práticas e podem até
ser feitas in situ. Devi e colaboradores (2016) estudaram a utilização de óxido de grafeno
reduzido e de óxido de manganês depositados em um eletrodo de carbono vítreo para a
detecção de Arsenite dissolvido em água. Os autores investigaram com os parâmetros do
seu trabalho um limite de detecção do composto de 50 ppt (ng L-1). Em outro estudo, que
investigou a determinação de HCrO4- em água, foi obtido um limite de detecção de 1,8 ppt
para um eletrodo de carbono vítreo modificado com poli (3-tiofeno) (POT) (IZADYAR; AL-
AMOODY; ARACHCHGE, 2016).
SUMÁRIO 152
Desafios da sustentabilidade
Essa técnica tornou-se uma alternativa para processos cujo objetivo principal
é segregar e fracionar diferentes compostos de um sistema aquoso, tendo em vista a
habilidade das membranas em executar esse processo (GIRARD; FUKUMOTO, 2000). As
membranas atuam como barreiras seletivas (BALDASSO, 2008), garantindo a passagem
de compostos de acordo com o tamanho, forma e natureza química (BOSCHI, 2006),
através de uma força motriz aplicada no sistema (MOREIRA et al., 2011). Quando a filtração
for tangencial, a solução que permeia a membrana gerará duas fases: a do concentrado e
a do permeado (LAUTENSCHLAGER, 2006), conforme apresentado na Figura 1.
Fonte: Adaptado pelo autor, com base em Castro-Muñoz, Conidi e Cassano (2019, p. 68).
SUMÁRIO 153
Desafios da sustentabilidade
Indústria de Laticínios
SUMÁRIO 154
Desafios da sustentabilidade
2011). Para isso, processos de ultrafiltração combinados com eletrodiálise são úteis para a
segregação de proteínas, gorduras e, posteriormente, lactose e sais (cálcio e sódio).
SUMÁRIO 155
Desafios da sustentabilidade
respectivamente. A concentração reduziu de 1184 ng/L para 31 ng/L para MIB e de 1144 ng/L
para 49 ng/L.
Indústria de Alimentos
Em países como leste da Ásia e Japão, por exemplo, essas proteínas são amplamente
usadas no tratamento de superfície, durante o processamento de peixes e seus derivados
(SYNGAY; AHMED, 2019). Também são usados em produtos cárneos (BRAND et al.,
2016), bem como em frutas e vegetais (RADZIEJEWSKA-CEGIELSKA, R. et al., 2009), para
aumentar o prazo de validade destes produtos quando disponíveis para comercialização.
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SUMÁRIO 164
Desafios da sustentabilidade
Angelica Sulzbach1
Aline Marjana Pavan2
Noeli Juarez Ferla3
Guilherme Liberato da Silva4
Liana Johann5
1 Controle biológico
SUMÁRIO 165
Desafios da sustentabilidade
controle de pragas que irão assegurar resultados favoravelmente aceitos tanto nos âmbitos
econômicos, quanto ecológicos e sociais (VALICENTE, 2015).
Apesar da adoção em larga escala para algumas culturas, existem ainda diversas
dificuldades para a sua difusão e uso em maiores proporções no país. Destacam-se entre
estes os valores culturais ainda predominantes entre os produtores, especialmente em
relação à qualidade de inseticidas normalmente associados aos agrotóxicos, que são
vistos por muitos como “melhores” devido à morte, praticamente instantânea, das pragas
a serem controladas. No controle biológico e no uso de biopesticidas (como é chamado o
inseticida biológico), o tempo de atuação e resposta é superior, o que acaba ocasionando
a aflição dos produtores, devido ao tempo de espera (KITAMURA, 2003). Outra razão que
faz com que este seja em muitos países pouco utilizado em relação ao seu potencial, é o
fato de os projetos, em sua maioria, não possuírem continuidade, ou até mesmo serem
inadequadamente planejados, levando, diversas vezes, inimigos naturais com grande
potencial de utilização a serem pouco utilizados na prática (PARRA et al., 2002).
SUMÁRIO 166
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 167
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 168
Desafios da sustentabilidade
3 Condução do Estudo
A amostra obtida neste estudo foi de oito respondentes, e a análise dos dados foi
realizada de forma qualitativa, de acordo com o propósito do presente estudo.
4 Relato de experiência
SUMÁRIO 169
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 170
Desafios da sustentabilidade
Outros organismos muito utilizados na prática são os ácaros. Inseridos no filo dos
Artrópodes, são animais pequenos, com tamanho aproximado variando entre 0,2 e 0,4
mm de vida livre ou parasita, sendo aproximadamente 50.000 espécies conhecidas
mundialmente (AGUIAR-MENEZES et al., 2007; PALLINI et al., 2007; JOFRÉ et al., 2009).
Podem ser encontrados nos mais variados ambientes, conforme hábito alimentar, dentre
eles micófagos, fitófagos, hematófagos (SANTANA et al., 2000).
SUMÁRIO 171
Desafios da sustentabilidade
degenerativas e intoxicações agudas (DA SILVA et al., 2020). Trabalhos como os de Souza et
al. (2011), associam o contato com esses produtos a doenças neurológicas, orais e também
síndromes dolorosas. Indivíduos que possuíam contato com agrotóxicos demonstraram
duas vezes mais probabilidade de relatarem síndromes dolorosas, e até 2,5 vezes de
relatar doenças neurológicas do que aqueles que não tiveram contato.
SUMÁRIO 172
Desafios da sustentabilidade
Outrossim, 87,5% dos entrevistados afirmam ainda fazer uso do controle biológico em suas
propriedades, o que demonstra, de certa forma, a sua satisfação. Cabe ainda salientar que
entre os respondentes, o produtor que atualmente não faz mais uso deste mecanismo de
controle mencionou não possuir a necessidade no momento, comentando que quando
necessário o utilizará novamente.
SUMÁRIO 173
Desafios da sustentabilidade
os produtores a verem estes artrópodes somente como pragas, desconhecendo sua função
para o controle. Dessa forma, o que se observa é a necessidade de maior divulgação do
tema, através de cursos, palestras, informativos e cartilhas, de forma que este benefício ao
alcance destes produtores e de tantos outros se torne algo corriqueiro. Neste contexto,
locais como o Laboratório de Acarologia Univates (Labacari), que é referência no assunto
no estado do Rio Grande do Sul e no Brasil, possuem a responsabilidade social na difusão
desta temática.
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Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 176
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 177
Desafios da sustentabilidade
Camila Fagundes1
Dusan Schreiber2
INTRODUÇÃO
SUMÁRIO 178
Desafios da sustentabilidade
variáveis ambientais e sociais. Tal transação tem se configurado como uma proposta
comercial economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa, orientada
para o alcance do desenvolvimento sustentável, conforme destacam Vieira et al., (2010),
Bossle e Pedrozo (2012), Bastos et al., (2014) e Bossle et al., (2017). Ladhari e Tchetgna (2015)
evidenciaram um crescimento exponencial de estudos teórico-empíricos que confirmam
o interesse por produtos com esse apelo.
Para a Fair Trade Labelling Organizations (FLO) (2020), esse mercado é considerado
um dos maiores e mais significativos movimentos globais, pois trabalha com mais de
1,7 milhão de agricultores e trabalhadores, em mais de duas mil cidades, em 28 países
ao redor do mundo. De acordo com a World Fair Trade Organization (WFTO), este
movimento gerou um mercado global de 3000 produtos com mais de £7,8 bilhões em
vendas no ano de 2018 (SEMEEN; ISLAM, 2020). Esse número representa a grande atenção
que o Comércio Justo tem atraído ao longo das últimas décadas. É possível afirmar que
o referido interesse advém, principalmente, da causa de suas afirmações visionárias e de
sua ambição de desafiar a injustiça presente no mercado tradicional (SEMEEN; ISLAM,
2020).
De posse destes dados relevantes sobre o mercado orgânico e o CJ, foi possível
identificar similaridades entre ambas as temáticas. A percepção da convergência entre
elas motivou a realização desta pesquisa, norteada pela seguinte pergunta: Como o
Comércio Justo pode contribuir com a cadeia de produção orgânica? Para responder à
referida pergunta de pesquisa, os autores optaram pela estratégia de estudo de caso único,
com abordagem qualitativa, numa organização que atualmente fabrica e comercializa
produtos orgânicos, pois já internaliza diversas práticas alinhadas com os princípios de
Comércio Justo e avalia a possibilidade de investir na obtenção da referida certificação.
REFERENCIAL TEÓRICO
SUMÁRIO 179
Desafios da sustentabilidade
PRODUÇÃO ORGÂNICA
Esta forma de cultivo é definida pela Lei 10.831, de 2003, que também determina
outras providências como, por exemplo, os 9 objetivos dos sistemas orgânicos, que
são: (1) ofertar produtos saudáveis isentos de contaminantes intencionais; (2) preservar
a diversidade biológica dos ecossistemas naturais e a recomposição ou incremento
da diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de
produção; (3) incrementar a atividade biológica do solo; (4) promover o uso saudável
do solo, da água e do ar e reduzir ao mínimo todas as formas de contaminação desses
elementos que possam resultar das práticas agrícolas; (5) manter ou incrementar a
fertilidade do solo no longo prazo; (6) reciclar resíduos de origem orgânica, reduzindo ao
mínimo o emprego de recursos não renováveis; (7) basear-se em recursos renováveis e em
sistemas agrícolas organizados localmente; (8) incentivar a integração entre os diferentes
segmentos da cadeia produtiva e de consumo de produtos orgânicos e a regionalização
da produção e comércio desses produtos; (9) manipular os produtos agrícolas com adoção
de métodos cuidadosos de elaboração, com o propósito de manter a integridade orgânica
e as qualidades vitais do produto, em todas as etapas.
SUMÁRIO 180
Desafios da sustentabilidade
De acordo com Assis e Romeiro (2007), os produtores orgânicos adotam essa prática,
motivados por uma melhor remuneração financeira, estabilidade de preços e preocupação
com a saúde pessoal e da família, seguidas pela convicção ideológica/filosófica de vida
e pela preocupação com o meio ambiente. No entanto, esse tipo de produção ainda
enfrenta algumas barreiras, como: aprendizado do manejo orgânico, falta de tecnologia
apropriada, falta de capacidade de investimento e de mão de obra, dificuldades gerenciais,
baixa demanda, só para destacar os mais citados (ASSIS; ROMEIRO, 2007; SEBRAE, 2019).
Contudo, vale ressaltar que esse mercado não abrange apenas alimentos frescos,
considerados in natura, mas também os processados/industrializados e até artigos de
higiene pessoal, cosméticos, vestuários e produtos de limpeza. Entre os produtos mais
consumidos destacam-se: frutas, verduras e legumes (SEBRAE, 2019).
SUMÁRIO 181
Desafios da sustentabilidade
quase seis mil estão localizadas no Sul, distribuídas entre os estados do Rio Grande do
Sul, Santa Catarina e Paraná. Na segunda posição, está a região sudeste e nordeste com,
aproximadamente, quatro mil produtores em cada uma.
COMÉRCIO JUSTO
O conceito de Comércio Justo é proposto pela FINE, iniciais das quatro principais
organizações internacionais ligadas a esse mercado: a FLO, a International Fair Trade
Association (IFAT), a Network of European World Shop (NEWS!) e a European Fair Trade
Association (EFTA) (HUYBRECHTS; DEFOURNY, 2011; SILVA FILHO, CANTALICE, 2011;
MACHADO et al., 2008).
SUMÁRIO 182
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 183
Desafios da sustentabilidade
Para Bossle et al., (2017), o CJ oferece aos produtores uma oportunidade de melhorar
a vida e de continuar gerando renda na zona rural, lugar onde muitos habitam. Para os
consumidores, o CJ oferece informações suficientes para que possam fazer parte desta
iniciativa, que visa mitigar a pobreza e proteger o meio ambiente, por meio da compra de
produtos com esse apelo (TAYLOR, 2005).
SUMÁRIO 184
Desafios da sustentabilidade
Das 277 empresas que atuam no CJ no Brasil, de acordo com Bossle et al., (2017),
27,5% estão vinculadas à produção agroindustrial; 25%, a artesanato e souvenirs; 9,1%,
ao comércio de produtos agroindustriais; e 5,1%, à fabricação e à comercialização de
vestuário. Os outros percentuais foram divididos em mais de 100 atividades listadas pelos
autores. Para Machado et al., (2008), esses dados demonstram que o CJ ainda é recente
no Brasil, em comparação a cenários internacionais.
Vale ressaltar que ainda há diversos desafios a serem superados pelo CJ. Alguns deles
são citados por Fagundes e Schreiber (2020): problemas de infraestrutura, dificuldades
financeiras, capacidade de exportação, volume baixo de produção, pouca diversidade
e irregularidade na oferta, alto custo e demora nos processos de certificação, barreiras
culturais, falta de políticas públicas, baixa demanda, entre outras.
METODOLOGIA
SUMÁRIO 185
Desafios da sustentabilidade
RESULTADOS ALCANÇADOS
Por terem como missão produzir e comercializar produtos à base de uva orgânica,
a Alfa, além do suco de uva orgânico, fabrica outros seis produtos: farinha de casca de
uva orgânica; farinha de semente de uva orgânica; óleo de semente de uva orgânica;
vinagre de vinho tinto orgânico; vinagre balsâmico tradicional orgânico; vinagre
balsâmico envelhecido orgânico. Com essa variedade de produtos, a empresa visa tornar-
se referência nacional em produtos à base de uva orgânica, conforme expresso na visão
organizacional, no Quadro 2. Contudo, vale ressaltar que, por serem produtos orgânicos,
SUMÁRIO 186
Desafios da sustentabilidade
não há regularidade na oferta, além de o volume de produção ser baixo. Tais limitações são
apresentadas por Fagundes e Schreiber (2020). Por esse motivo, o portfólio de produtos
ofertados pela empresa está precificado em níveis superiores aos praticados no mercado,
em comparação a um produto convencional, o que é uma característica dos produtos
orgânicos, de acordo com Terrazzan e Valarini (2009); Poulston e Yiu (2011); Figueiró et al.
(2012) e Bertolini et al. (2013).
Vale comentar que a empresa está situada num local já antropizado, o que corrobora
a intenção de promover atividades que minimizem os impactos ambientais. O local ocupa
uma área aproximada de 40.000,00 m², cercada por 250 postes de canos galvanizados
reutilizados, combinados dentro dos muros de contenção, com aproveitamento de blocos
de concreteiras, cujas sobras foram aproveitadas para a pavimentação da empresa. Além
de situar-se em local antropizado, o empreendimento localiza-se longe de qualquer fonte
poluidora, em meio a árvores nativas, procurando harmonizar o meio ambiente e o espaço
de trabalho.
SUMÁRIO 187
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 188
Desafios da sustentabilidade
gerente da Empresa Alfa faz visitas periódicas aos fornecedores, a fim de inspecionar o
manejo orgânico e orientar de forma transparente os produtores.
Resíduos recicláveis, tais como papel, papelão, plástico e vidro, são acumulados
em local separado da indústria e, posteriormente, comercializados para empresas
de reciclagem ou doados aos produtores de uva. Todas as atividades de separação e
de destinação dos resíduos produzidos dentro da organização são constantemente
estimuladas pelo gerente, o que é interpretado pelos pesquisadores como um dos grandes
diferenciais da organização. “Essa é uma das formas de garantir a redução dos impactos
ambientais provenientes da nossa indústria”, de acordo com o Entrevistado.
SUMÁRIO 189
Desafios da sustentabilidade
funcionários para a produção, que são remunerados com valores salariais acima do nível
praticado por outras empresas do setor. Vale destacar que não possuem carteira assinada,
pois são contratados para um determinado trabalho temporário, ou seja, é um contrato
específico para aquele período.
Por fim, ao longo da entrevista e também da visita in loco, não foi identificada
nenhuma evidência de discriminação por raça, religião, geração, posição política,
procedência social, escolha sexual, naturalidade, estado civil e pessoas com necessidades
especiais. Além disso, também não foi identificada nenhuma evidência de trabalho
infantil. Desta forma, a Alfa também consegue atingir o princípio, “Respeitar a igualdade de
gêneros” e “Não permitir trabalho infantil” (OLIVEIRA et al., 2008; MARTINS; UNTERSTELL,
2009; MARTINS, 2011; VIEIRA, 2012; CHURATA et al., 2015; FRANCA et al., 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta perspectiva, é possível afirmar que o investimento para obter o selo CJ pode
ser considerado vantajoso para a empresa Alfa, principalmente, se ela tiver interesse
SUMÁRIO 190
Desafios da sustentabilidade
REFERÊNCIAS
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SUMÁRIO 191
Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 194
Desafios da sustentabilidade
INTRODUÇÃO
SUMÁRIO 195
Desafios da sustentabilidade
Os cenários e as visões sistêmicas são essenciais para atingir os ODS em nível local,
regional e global, pois auxiliam na identificação de políticas e estratégias adequadas, com
base numa abordagem participativa (co-design), o que resultará numa transformação
sustentável no ecossistema global (SAITO et al., 2019). O desenvolvimento de cenários é
uma ferramenta essencial para auxiliar a sociedade no sentido de antecipar, adaptar e
transformar os ambientes sistêmicos numa direção mais sustentável, mediante a solução
de futuros desafios de resiliência e sustentabilidade, que exigem planejamento prévio e
uma visão de longo prazo (IWANIEC et al., 2020).
SUMÁRIO 196
Desafios da sustentabilidade
CENÁRIOS CONVENCIONAIS
Uma definição universal de cenários ainda não foi consensualmente aceita, mas,
segundo Kishita et al. (2020), o cenário compreende a descrição narrativa de uma
sequência de eventos hipotéticos que podem ocorrer no futuro. Spaniol e Rowland
(2019) destacam que a definição de cenários tem propriedade temporal arraigada no
futuro. Além disso, devem ser possíveis e plausíveis de serem colocados em prática,
terem referências externas, assumirem a forma adequada de uma história ou descrição
narrativa e existirem em conjuntos preparados de forma sistemática para coexistirem
como alternativas mútuas. Neste capítulo, entende-se por cenários a descrição de fatos
e eventos que abrangem uma ampla gama de incertezas que revelam múltiplos futuros,
possíveis de ocorrerem a longo prazo.
Uma das características relevantes dos cenários reside na forma como as narrativas
são apresentadas, ou seja, elas podem ser definidas como uma exposição de fatos
SUMÁRIO 197
Desafios da sustentabilidade
Os cenários devem ser validados e, para tanto, devem obedecer a alguns critérios,
tais como (WILSON, 1998; BRADFIELD et al., 2005): a) serem plausíveis: capazes de
acontecerem; b) terem consistência: as combinações de lógicas devem garantir que
não haja contradições internas dos cenários; c) utilidade e relevância: contribuir com
percepções específicas que auxiliem na tomada de decisões; d) desafio e novidade:
transcender a sabedoria convencional sobre o futuro; e) diferenciação: ter estruturas
diferentes e não simples variações entre os cenários. Além disso, Heijden (2011) contribui
com o critério f) número de cenários: no mínimo dois cenários para refletir as incertezas.
Durance e Godet (2010) contribuem com o critério g) transparência: fornece suporte à
confiabilidade dos cenários.
Amer, Daim e Jetter (2013) defendem que o número apropriado de cenários situa-se
entre 3 e 5 e que as respectivas abordagens de planejamento devem compreender uma
combinação de técnicas qualitativas, como, por exemplo: Intuitive logics methodology,
brainstorming, English acronym for Sociological, Technological, Economical,
Environmental and Political (STEEP); análise das partes interessadas: La prospective
methodology; ferramentas proprietárias e estruturais como Micmac Analysis, SMIC
e Mactor, entre outras; e quantitativas, como, por exemplo, a Interactive Cross Impact
Simulation (INTERAX), Interactive Future Simulations (IFS), Fuzzy Cognitive Map (FCM),
Trend impact analysis (TIC)), uma vez que resultam na geração de cenários mais robustos
e consistentes.
SUMÁRIO 198
Desafios da sustentabilidade
CENÁRIOS SUSTENTÁVEIS
SUMÁRIO 199
Desafios da sustentabilidade
Uma consulta rápida e rasa à literatura, como, por exemplo, na base de dados do
Google Scholar, utilizando a expressão “scenario of sustainability”, retornou com apenas
144 publicações, em 29 de setembro de 2020. Nesse sentido, este capítulo não teve a
pretensão de realizar uma profunda revisão sistemática da literatura, mas trazer alguns
estudos recentes publicados sobre o tema cenários de sustentabilidade e analisá-los para
auxiliar em pesquisas, quanto ao tipo de metodologia empregada, período coberto pela
previsão, quantidade de cenários, principais resultados, limitações e desafios dos métodos.
SUMÁRIO 200
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 201
Desafios da sustentabilidade
com o defendido por Amer, Daim e Jetter (2013), ao afirmarem que o apropriado é de 3 a
5 cenários sustentáveis.
Segundo a análise dos principais resultados dos estudos (QUADRO 1), eles podem
ser classificados em sete focos centrais: as consequências do capital natural na sociedade
(SAITO et al., 2019; MATSUI et al., 2019; HASHIMOTO et al., 2019; HAGA et al., 2019;
IKEDA; MANAGI, 2018); os fatores e mudanças climáticas (IKEDA; MANAGI, 2018; SAHLE
et al., 2019; CAPITANI et al., 2019; ALFIERI et al., 2015); o desenvolvimento e o declínio
da população e impactos políticos (SAITO et al., 2019; HASHIMOTO et al., 2019; HAGA
et al., 2019; CAPITANI et al., 2019; ALFIERI et al., 2015; REIMANN; MERKENS; VAFEIDIS,
2018); serviços ecossistêmicos (SHOYAMA et al., 2019; KABAYA et al., 2019); produção
de alimentos (HASHIMOTO et al., 2019; SAHLE et al., 2019; CAPITANI et al., 2019); partes
interessadas (SCHNEIDER; RIST, 2014; ABSAR; PRESTON, 2015; FALARDEAU; RAUDSEPP-
HEARNE; BENNETT, 2019), além de como estes cenários podem ser utilizados no processo
de decisão.
SUMÁRIO 202
Desafios da sustentabilidade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
SUMÁRIO 203
Desafios da sustentabilidade
REFERÊNCIAS
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SUMÁRIO 206
Desafios da sustentabilidade
Daniela Callegaro-de-Menezes1
Jean Philippe Revillión2
Marcio Gazolla3
Marcelo Badejo4
Moacir Darolt5
Sergio Schneider6
1. Introdução
1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Doutora, Coordenadora do OBEMA e Professora Associada,
daniela.callegaro@ufrgs.br
2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Doutor, Pesquisador do OBEMA e Professor Associado,
jeanppr@gmail.com
3 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Doutor, Pesquisador do OBEMA e Professor Titular,
marciogazolla1@gmail.com
4 Universidade Federal de Rio Grande, Doutor, Pesquisador OBEMA e Professor Associado, badejo@furg.br
5 Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - IAPAR/Emater, Universidade Federal do Paraná, Doutor,
Pesquisador OBEMA e Professor Adjunto, darolt@idr.pr.gov.br
6 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Doutor, Professor Pesquisador OBEMA e Professor Titular,
schneider@ufrgs.br
SUMÁRIO 207
Desafios da sustentabilidade
produtos orgânicos no varejo era de € 15 bilhões em 2000. Em 2017, esse valor atingiu €
92,1 bilhões, o que significa um aumento de 500% no período, ou um crescimento médio
anual superior a 11%.
SUMÁRIO 208
Desafios da sustentabilidade
técnico e comercial nas interações e trocas com outros produtores, cursos, dias de campo,
eventos relacionados, bem como em manuais de boas práticas e de auditorias. A busca
de certificação agroecológica também é um processo de aprendizagem. O conhecimento
técnico é combinado com outras dimensões sociais, econômicas e ambientais, numa
perspectiva de agregar valor em função da forma diferenciada de produzir o alimento.
A construção de conhecimentos a respeito do comportamento dos consumidores de
produtos agroecológicos, o desenvolvimento de novas formas de gestão de unidades
agroecológicas, bem como inovações de mercado têm acontecido paralelamente em
instituições de ensino, pesquisa e extensão (universidades, centros de pesquisas, órgãos
desenvolvedores de políticas públicas etc), em parceria com organizações da sociedade
civil, entre outras, o que, normalmente, é divulgado numa linguagem própria dessas
organizações, às vezes, de forma dispersa. Dessa forma, percebe-se que há necessidade
de espaços de compartilhamento de informações relevantes e acessíveis para o
desenvolvimento do setor de agroecologia.
7 ODS 2 - Fome zero e agricultura sustentável; ODS 12 - Consumo e produção Responsáveis (Nações Unidas,
2020)
SUMÁRIO 209
Desafios da sustentabilidade
Entendendo que esta iniciativa é relevante para o campo empírico e teórico, este
artigo tem como objetivo apresentar o OBEMA como uma iniciativa de aproximação
do conhecimento científico com a prática da agroecologia, promovendo um sistema
agroalimentar mais sustentável.
2. Referencial teórico
SUMÁRIO 210
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 211
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 212
Desafios da sustentabilidade
No âmbito das organizações, segundo Coser (2008), o desafio é criar condições para
o desenvolvimento de novos conhecimentos. Acumular conhecimento significa aprender,
não no sentido estrito de uma formação, mas num contexto mais amplo, em que se pode
falar em formação organizacional (BARROS et al., 2016). Nesse contexto, a demanda
organizacional passa a ser insumo para o desenvolvimento de novos conhecimentos
dentro da universidade, ampliando a necessidade de interação entre o setor produtivo, a
sociedade civil e o meio científico.
SUMÁRIO 213
Desafios da sustentabilidade
das universidades, de gerar conhecimentos nos mais diversos campos do saber, bem
como transformar o conhecimento tácito construído tanto dentro quanto fora dos limites
da universidade em conhecimento explícito e acessível à sociedade.
Entende-se, portanto, que as universidades são atores essenciais para suas regiões,
ao apresentarem a capacidade de gerar respostas às demandas da sociedade, produzindo
e entregando conhecimento relevante e aplicável por meio do ensino e da transferência de
inovações tecnológicas e sociais. A contribuição da universidade para o desenvolvimento
econômico é evidente quando se percebe sua influência na transformação da estrutura
econômica, cultural e social da sua região (BARROS et al., 2017).
3. Método
SUMÁRIO 214
Desafios da sustentabilidade
Por fim, por meio da observação participante (DEWALT; DEWALT, 2002), pudemos
analisar, a partir dos elementos teóricos de conhecimento do produtor agroecológico e da
relação universidade-empresa-sociedade, os aspectos relevantes do projeto para atingir o
objetivo da pesquisa.
Neste estudo, foi realizada a análise de conteúdo (BARDIN, 1977) dos relatórios
desenvolvidos e apresentados os resultados que emergiram da análise dos dados
organizados.
O OBEMA é uma plataforma na internet8 de livre acesso que também possui uma
página no facebook9, onde compartilha a síntese de pesquisas e dados econômicos
pertinentes à caracterização e ao desenvolvimento dos mercados de alimentos orgânicos
no Brasil. Também compartilha informações e análises decorrentes desse esforço com os
stakeholders setoriais, cooperando assim com o atendimento das diretrizes da Política
Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, no sentido de desenvolver e diversificar o
mercado de alimentos orgânicos no Brasil.
8 https://www.ufrgs.br/obema/
9 https://www.facebook.com/obemaufrgs
SUMÁRIO 215
Desafios da sustentabilidade
instituições dedicadas a este fim, como agências de governo, movimentos sociais, além
de agentes de assistência técnica e de extensão rural (ATER).
Essas seções são organizadas a partir de algumas temáticas principais que foram
selecionadas pela equipe OBEMA, tendo em vista sua pertinência para o desenvolvimento
do mercado de alimentos orgânicos no Brasil: organização para mercados; práticas e
tendências de consumo; inovação e estratégias de negócios; finanças, valores e custos;
agroecologia; oportunidades e ameaças emergentes das mudanças climáticas.
SUMÁRIO 216
Desafios da sustentabilidade
A partir dos resultados apresentados, foi possível identificar uma clara relação entre
as ações do OBEMA e os elementos da relação universidade-empresa, apresentados na
literatura deste estudo. A Figura 1 sintetiza esses achados, além de trazer a construção do
conhecimento do produtor agroecológico.
SUMÁRIO 217
Desafios da sustentabilidade
Fonte: os atores.
SUMÁRIO 218
Desafios da sustentabilidade
5. Considerações Finais
O presente artigo teve como objetivo apresentar o Projeto OBEMA como uma
iniciativa de aproximação do conhecimento científico com a prática da agroecologia,
promovendo esse tipo de agricultura e alavancando negócios sustentáveis. Por meio
da revisão de literatura, alguns elementos teóricos se destacaram e nos permitiram
determinar um marco norteador na análise do caso, para atender ao objetivo proposto. Já
a opção por um estudo de caso se deu por ser a estratégia metodológica mais adequada,
quando a intenção é analisar a trajetória de um projeto específico.
Vale fazer referência a um fato que ocorreu durante a oferta dos cursos para
os extensionistas de ATER. Ao serem abertas as inscrições, chamou atenção da equipe
o grande o número de inscritos, muito além do esperado. Mesmo sem publicidade
contratada, o alcance fez com que as vagas inicialmente ofertadas fossem ampliadas
de 10 para 50, o que indica uma demanda reprimida para as proposições da plataforma
OBEMA. A alta procura pelos cursos evidencia a importância de manutenção permanente
desta plataforma, além de seu incremento, pois, somente com o tempo e com ampla
divulgação, é viabilizada a interação entre participantes para alcançar os objetivos finais
do projeto.
Apesar de o OBEMA ser financiado pelo CNPq, espera-se que seja possível manter
o Observatório após a finalização do projeto. Os resultados demonstram que existe
potencial para contribuir com o campo da agroecologia, principalmente, com a troca e o
compartilhamento com o produtor rural e a comunidade relacionada.
SUMÁRIO 219
Desafios da sustentabilidade
obra, treinamento dos membros da família, formação, experiência etc.), o que depende
muito do agricultor e de sua família. Porém, a principal contribuição do OBEMA talvez
tenha sido a análise do ambiente externo, que está “para fora da porteira” (mercado,
políticas de apoio, crédito, ATER, fornecedores, transporte, logística, comunicação,
networking, etc.), muitas vezes, fora do controle dos agricultores, mas que – com apoio das
universidades, empresas, organizações da sociedade civil e poder público - podem tornar-
se potencialidades para o sistema, ajudando a diminuir os riscos da atividade.
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SUMÁRIO 220
Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 221
Desafios da sustentabilidade
Marlon Dalmoro1
Fernanda Cristina Wiebusch Sindelar2
1. Introdução
Esse dado torna-se ainda mais relevante em contextos em que a produção agrícola
passa pelo alongamento do circuito de distribuição. Enquanto os circuitos curtos têm
se destacado como o principal mecanismo para a construção e o compartilhamento de
significados culturais atrelados aos alimentos orgânicos, como, por exemplo, em feiras
agroecológicas (DAROLT, 2013; SCARIOT; DALMORO, 2017), a transformação industrial
distancia o agricultor dos consumidores. O alongamento do circuito por meio de
SUMÁRIO 222
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 223
Desafios da sustentabilidade
Nesse sentido, a literatura tem apontado uma alteração nos significados atrelados
aos alimentos. A mecanização e a orientação mercantil da agricultura têm configurado a
produção de alimentos como um processo industrial (PRESS; ARNOULD, 2011), operando
numa lógica produtivista ou pós-produtivista (BURTON, 2004; ROCHE; ARGENT, 2015;
WILSON; BURTON, 2015). No entanto, contestações desse modelo produtivista e seus
sinais de esgotamento já foram identificados na década de 1960, quando movimentos
contraculturais já buscavam modos alternativos de produção, como, por exemplo, a
agricultura orgânica (GUTHMAN, 1998).
SUMÁRIO 224
Desafios da sustentabilidade
práticas distintas das presentes na agricultura convencional tende a ser um desafio para
a construção de mercados agroalimentares alternativos e orientados por uma visão de
sustentabilidade, no caso, dos alimentos orgânicos.
3. Procedimentos Metodológicos
Tempo de adoção da
Identificação Cidade Quantidade produzida
agricultura orgânica
Entrevistado 1 Bento Gonçalves/RS 15 anos 180.000 Kg
Entrevistado 2 Bento Gonçalves/RS 17 anos 50.000 Kg
Entrevistado 3 Guaporé/RS 4 anos 15.000 Kg
Entrevistado 4 Dois Lajeados/RS 4 anos 10.000 Kg
Entrevistado 5 Garibaldi/RS 17 anos Não informado
SUMÁRIO 225
Desafios da sustentabilidade
Tempo de adoção da
Identificação Cidade Quantidade produzida
agricultura orgânica
Entrevistado 6 Monte Belo/RS 5 anos 25.000 Kg
Entrevistado 7 Bento Gonçalves/RS 5 anos 150.000 Kg
Entrevistado 8 Farroupilha/RS 14 anos 45.000 Kg
Entrevistado 9 Garibaldi/RS 15 anos 40.000 Kg
Entrevistado 10 Garibaldi/RS 5 anos 30.000 Kg
Fonte: Autores da Pesquisa.
SUMÁRIO 226
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 227
Desafios da sustentabilidade
Dessa forma, a análise interpretativa das falas dos entrevistados permite inferir que
a agricultura orgânica passa a ser atrelada à percepção individual de ganhos financeiros e
de saúde. Esses significados se distanciam dos atribuídos aos pioneiros no movimento de
orgânicos, que viam na sustentabilidade ambiental − e o ganho coletivo derivado disso −
um ideal primário na adoção da agricultura orgânica (KALTOFT, 1999). Todos os produtores
entrevistados migraram da agricultura convencional, trazendo esse passado do que é ser
agricultor no imaginário (ZAGATA, 2010), o que, por sua vez, pode contribuir para uma
significação da agricultura orgânica a partir dessas percepções individuais. Além disso, é
importante considerar o contexto sócio-histórico no qual os produtores estão inseridos e
como isso afeta a construção de significados. Segundo a fala dos entrevistados, a produção
de uva está enraizada no sistema cultural desses produtores, inclusive em relação às
técnicas e formas de comercialização da produção de sucos e vinhos, que são passadas
de geração em geração. Essa manifestação cultural expressada pelos entrevistados está
alinhada à noção identitária da Serra Gaúcha, vinculada à imagem dos imigrantes italianos
e à tradição na produção de uva e vinho (LAVANDOSKI; TONINI; BARRETTO, 2012).
Por sua vez, mesmo que a produção orgânica seja construída como uma opção
mais saudável e rentável, essa construção não está distante do contexto sócio-histórico no
qual estão inseridos. Diferentemente da forma de cooptação dos significados descritos
por Thompson e Coskuner-Balli (2007), segundo os quais produtores convencionais
incorporam significados atribuídos aos alimentos orgânicos nas suas ações de mercado,
no caso dos agricultores pesquisados, esses significados são interpretados a partir de
parâmetros individuais, oriundos da agricultura convencional e do contexto no qual eles
estão inseridos. A cooptação, neste caso, não necessariamente representa uma ameaça ao
caráter alternativo dos alimentos orgânicos − conforme Thompson e Coskuner-Balli (2007)
− mas uma limitação dos produtores em compreenderem significados coletivos em torno
desse tipo de produção. Diante dessa constatação, passa a ser interessante observar como
esses significados particulares são assimilados para gerar a adoção da agricultura orgânica.
SUMÁRIO 228
Desafios da sustentabilidade
Essa constatação pode ser explicada pelo fato de que a agricultura orgânica não
confere capital social (BURTON; KUCZERA; SCHWARZ, 2008), o que inibiria o desejo de
romper com padrões hegemônicos de produção já assimilados pelos produtores e outros
agentes envolvidos no circuito de produção e consumo de sucos e vinhos. O alento para os
produtores que romperam com os padrões foi o sucesso financeiro obtido com a produção
orgânica. Esse fato é tomado como argumento para justificar a adoção da agricultura
orgânica. Os entrevistados relatam que, ao comentarem a remuneração superior obtida
com a adoção da produção orgânica, os produtores convencionais passam a desejar saber
mais informações.
Nesse sentido, os produtores fazem uso dos ganhos financeiros como um recurso
para guiar a adoção deste tipo de produção. Como os entrevistados apontam, a percepção
de sucesso obtido na produção de orgânicos contribui para o rompimento de padrões
ideológicos hegemônicos no contexto sócio-histórico em que estão inseridos, auxiliando
na assimilação da agricultura orgânica. Esse achado dialoga com a noção de que a
agricultura orgânica exige uma orientação ideológica distinta da presente na agricultura
convencional (PRESS et al., 2014). Contudo, é interessante observar que o rompimento com
a visão tradicional de agricultura é feita com base nos significados individuais projetados
nos orgânicos, envolvendo a possibilidade de ganho financeiro extra. Esse fato ajuda na
assimilação da agricultura orgânica dentro do contexto social em que os produtores estão
inseridos.
SUMÁRIO 229
Desafios da sustentabilidade
Contudo, a adoção de novas técnicas de produção não passa apenas pelo desejo
de evitar o uso de agrotóxicos, mas, conforme as palavras do entrevistado 2, assimilar um
novo conceito de produção agrícola: “Diferencia muita coisa, muita coisa. Tu tem que criar
um novo conceito, por exemplo, o manejo do solo, principalmente das plantas que estão
aí. Muitas vezes elas são daninhas, mas tu tem que começar a conviver com elas”.
O fato de não poder utilizar pesticidas exige dos produtores maiores cuidados na
prevenção, intensificando a utilização de mão de obra em relação à produção convencional.
O entrevistado 7 explica que a produção orgânica exige intervenções diárias, ao passo
que, quando se aplica algum defensivo, por dias, o produtor não precisa (e não pode)
entrar na plantação. Já para o entrevistado 2, a intensificação da mão de obra é decorrente
da exigência de roçada, uma vez que a aplicação mecanizada de pesticidas dispensa a
intervenção manual: “hoje o pessoal não pode ver uma enxada na frente” (Entrevistado 2).
SUMÁRIO 230
Desafios da sustentabilidade
Este fato é ainda mais relevante no contexto do estudo, visto que a produção de uva
na Serra Gaúcha – especialmente no caso dos entrevistados – é tradicionalmente orientada
SUMÁRIO 231
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 232
Desafios da sustentabilidade
com uma condição de mercado favorável no longo prazo: “Pra tu transferir, fazer tudo
orgânico é muito custo. Porque tirar todas as parreiras demora uns 14 meses, despoluir a
terra e tudo. E aí esse tempo que tu produz, tu perde e tu vai vender pra vinícola e tu ganha
como convencional, não ganha como orgânica, ganha como convencional” (Entrevistado
6).
SUMÁRIO 233
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 234
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 235
Desafios da sustentabilidade
6. Considerações Finais
Referências
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Desafios da sustentabilidade
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SUMÁRIO 238
Desafios da sustentabilidade
POSFÁCIO
DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE NA AGRICULTURA
Lauro E. Bernardi1
SUMÁRIO 239
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 240
Desafios da sustentabilidade
Para alcançar tal padrão hegemônico em que a agricultura passa a ser percebida
como uma parte da indústria, as famílias são instadas a aderir àquilo que Antônio
Costabeber (1998) chama de ‘espiral interminável de inovações tecnológicas’, necessárias
para manter a acumulação de capital, propostas como solução aos problemas decorrentes
do próprio modelo de agricultura. Apesar do resultado produtivo acima caracterizado,
esse modelo externaliza consequências socioambientais significativas ao requerer grande
escala ou extensões de áreas para desenvolver tais monocultivos (concentração da terra,
exclusão, perda de biodiversidade, contaminação da água, entre outros). Ao considerar-se
que a exportação de alimentos do país alimenta quase um bilhão de pessoas no mundo
e que as evidências sobre fome e insegurança alimentar alcançaram 36,7% dos domicílios
brasileiros, segundo dados da pesquisa de orçamentos familiares POF / IBGE 2017-2018,
concorda-se com os pressupostos de Enrique Leff (2009). Para ele, “a crise ambiental é
uma crise da razão, do pensamento, do conhecimento” (LEFF, 2009, p. 18). Indica que a
solução da crise ambiental global não pode ser dada apenas por meio da gestão racional
da natureza e do risco. Leva-nos a questionar o projeto enunciado de futuro comum,
que ignora a lei da entropia, que provocou o imaginário de uma mania economicista de
crescimento e produção sem limites.
Saindo deste macro ambiente real que tem muita relação com a saga expansionista
gaúcha país afora e observando a ‘casa em que vivemos’, infere-se que esta realidade
tomou forma similar, com avanços e agravos dada a restrição determinante dos módulos
rurais aqui praticados. Assim, a região do Vale do Taquari (Rio Grande do Sul), região a partir
da qual essa reflexão é escrita, possui uma estrutura fundiária colonial que possibilitou,
mediante processo de colonização, o desenvolvimento de uma agricultura de caráter
SUMÁRIO 241
Desafios da sustentabilidade
familiar diversificada que vicejou com muita gente até sua grande crise vivenciada no
início da década de 80. Este modo de vida e produção caracterizava-se pela utilização de
mão de obra da família e pela importância da produção de alimentos, principalmente de
autoconsumo, focalizando mais o caráter social do que o econômico, com disponibilização
de excedentes possíveis ao mercado.
2 Hemerobia é uma medida para avaliar a influência humana sobre os ecossistemas. Aplicado à vegetação, o
índice corresponde à distância entre uma comunidade vegetal atual e seu estado sucessional natural sob
a ausência total de influência antropogênica.
SUMÁRIO 242
Desafios da sustentabilidade
várias fontes, vertentes ou arroios de nossas propriedades? Quem de nós aqui presente
tem coragem de tomar água dos nossos arroios ou das fontes ainda existentes?”. Este ator
social percebia de forma pragmática que a disponibilidade e qualidade da água dependia
de como os demais recursos naturais dos agroecossistemas vinham sendo manejados,
indicando falhas.
SUMÁRIO 243
Desafios da sustentabilidade
Considerações finais
Para que se possa avançar com maior grau de sustentabilidade, é necessário que
a sociedade majoritariamente urbana, reconheça os agricultores familiares com um
olhar que vai muito além da produção de gêneros alimentícios e da geração de parte
significativa do saldo na balança comercial exportadora. É necessário conhecer e incorporar
os argumentos historicamente construídos pela União Europeia, Estados Unidos, Japão
e China, que são os responsáveis pela maior parte dos subsídios agrícolas que causam
distorções no mercado mundial. Para estes, são os agricultores a força viva capaz de
evitar a desertificação social do meio rural. Além de produzir alimentos de qualidade
que garantam a soberania alimentar aos brasileiros, os agricultores familiares oferecem
à sociedade a possibilidade de valorização do espaço rural, de fazer a manutenção da
paisagem, de cuidar da biodiversidade e dos monumentos culturais.
Com base nos elementos apresentados, compartilha-se com o leitor, seja este
consumidor, educando, educador, agricultor, representante associativo ou sindical,
pesquisador, executivo ou legislador, comunicador ou técnico, o questionamento sobre
quais contribuições cada um de nós pode oferecer para ampliar a sustentabilidade da
agricultura regional?
SUMÁRIO 244
Desafios da sustentabilidade
Referências Bibliográficas
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SUMÁRIO 245
Desafios da sustentabilidade
SUMÁRIO 246