Álvaro de Campos Exercícios
Álvaro de Campos Exercícios
Álvaro de Campos Exercícios
Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.
correção
C
1. Partes do poema:
Estrofes 1 e 2
Estrofes 3 a 6
Estrofes 7 e 8
2. “A minha alma partiu-se como um vaso vazio” é a imagem que serve de ponto de
partida para a temática que Álvaro de Campos partilha com Pessoa- a fragmentação do
eu. A comparação com o vaso sugere a múltipla fragmentação, porque um vaso que
cai, ainda mais por uma escada, parte-se em inúmeros cacos. O poeta é então um vaso
que uma criada descuidada, a mando dos deuses (O destino? O poeta?) deixa cair
pelas escadas. Os deuses assistem complacentes, sem nada fazer.
3. O poeta não passava de “um vaso vazio”, porque ainda não se tinha confrontado com
a busca de si mesmo, não se conhecia. Para se conhecer, ou pelo menos para se
procurar, foi preciso fragmentar-se, partir-se em muitos pedaços, tantos quantos os
seus eus. Agora, fragmentado, pode sentir mais, porque é mais completo, ainda que
tenha perdido a unidade, ainda que a fragmentação tenha sido uma guerra interior
(“Fiz barulho na queda como um vaso que se partiu”). É interessante atentar na
dimensão simbólica de escada, metáfora muitas vezes utilizada para sugerir a
caminhada da vida que é, naturalmente, progressiva, ascendente. Mas em Campos,
como em Pessoa, essa caminhada, que se quer também ascendente, pois corresponde
à procura de si mesmo e ao desejo do impossível, acaba, no entanto, por ser
descendente pelo custo de perda de unidade que comporta – uma perda desejada,
mas ainda assim perda. No entanto, paradoxalmente, conduz ao infinito sugerido pelas
estrelas que a atapetam e pelos astros entre os quais o fragmento brilha.
4. O poeta sugere, interrogando-se, que o seu mais brilhante fragmento é a sua obra,
equivalente ao seu eu mais profundo, à sua vida verdadeira.