Aula 9 Câmbio
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Câmbio
7.1 M E R C A D O D E CÂMBIO
Características
Quanto ao tipo:
228 Comércio Exterior Brasileiro • Vazquez
Quanto à natureza:
Comerciais: são as operações relacionadas com o comércio exterior, como;
importação, exportação, frete, seguro, comissão de agente.
Financeiras: são as operações relacionadas com o ingresso e a saída de capitais
(sob a forma de empréstimos ou investimentos diretos); pagamento de assistência
técnica; pagamento de direitos autorais; í'ojaítíes; juros; dividendos; lucros.
Esclarecimentos para entender os quadros exibidos a seguir e que mostram
as contratações de câmbio no país:
Câmbio contratado: é o valor comprado (vendas de natureza comercial dos
exportadores) e vendido (compras de natureza comercial dos importadores) ou
valor comprado (venda de caráter financeiro das empresas) e vendas (compras
de caráter financeiro das empresas).
Em março de 2005, o Conselho Monetário Nacional promoveu a unificação
dos mercados de câmbio (até aquela data divididos em Segmento de Taxas Livres
e Segmento de Taxas Flutuantes) e flexibilizou o prazo para ingresso no país da
moeda estrangeira decorrente de exportação. Foi permitido que o prazo passasse
para 210 dias a partir do embarque das mercadorias ou da prestação do s e m ç o
ao exterior, independentemente das condições de pagamento ajustado entre o
exportador brasileiro e o importador estrangeiro. Esse prazo foi posteriormente
alterado para 360 dias depois do embarque.
Na unificação, o CMN definiu, como regra geral, o fim de limites e restrições
para compra e venda de moeda estrangeira e para transferências internacionais
de reais, passando a vigorar os princípios da legalidade, da fundamentação eco-
nómica e do respaldo documental.
Apresentamos a seguir o movimento de câmbio de 2006 a novembro/2014,
registrado no Banco Central do Brasil.
Câmbio 229
2013 Jan. 14.847 2.460 2.365 10.022 i 19.603 1 -4.755 31.194 28.825 2.370 -2.386
a saída de capitais Fev. 15.612 2.893 2.653 10.0661 14.9221 690 26.796 27.591 -795 -105
ente de assistência Mar. 19.428 3.833 4.206 11.389 1 17.410} 2.019 32.594 34.221 -1.627 391
idos; lucros. Abr. 25.208 3.485 8.234 13.489 18.535 6.673 36.170 39.327 -3.157 3.515
Maio 31.764 4.817 15.341 11.606 17.666 14098 33.899 37.243 -3.343 10.755
lir e que mostram
Jun, 16.452 3.529 3.839 9.085 18.317 -1.865 51.528 52.299 -771 -2.636
Jul. 18.378 3.119 3.616 11.643 18.490 -111 40.507 41.842 -1.335 -1.447
eza comercial dos Ago. 17.839 3.136 4.435 10.268! 19.697 -1.858 36.621 40.613 -3.992 -5.850
importadores) ou Set. 14.862 2.834 3.541 8.4871 19.908 -5.046 47.306 44.318 2.988 -2.058
vendas [compras Out. 19.314 2.727 4.965 11.622 20.378 í -1.063 33.714 38.850 -5.137 -6.200
Nov, 21.638 2.403 4.551 14.684 17.402 4.237 36.145 37.842 -1.697 2.540
Dez. 17.576 3.023 4.713 9.840 19.457 -1.881 45.267 52.166 -6.898 -8.780
ioveu a unificação
Ano 232.920 38.259 62.460 132.202 221.785 11136 451.740 475.136 -23.396 -12.261
ito de Taxas Livres
:igresso no país da 2014 Jan. 19.157 2.537 1 6.333 10.288 17.566 1.591 43.344 43.324 19 1.610
h o prazo passasse Fev. 15.665 3.417 j 4.604 7.645 17.794 -2.129 34.165 33.892 272 -1.856
bstação do serviço Mar. 17.008 3.376 1 4.643 8.988 \9 -521 40.706 37.881 2.825 2.304
t ajustado entre o Abr. 23.080 3.574 7.036 12.470 19.282 3.798 45.867 46.882 -1.015 2.783
oi posteriormente Maio 21.449 3.998 5.587 11.864 19.527 1.922 41.677 44.412 -2.735 -813
Jun. 17.047 3.640 4.048 9.358 18.819 -1.772 42.543 40.652 1.890 118
Jul. 21.511 3.804 6.924 10.783 19.894 1.617 40.769 44.177 -3.408 -1.791
imites e restrições Ago. 15.736 2.998 3.572 9.166 17.776 -2.040 44.605 45.620 -1.016 -3.056
ias internacionais Set. 19.474 2.907 6.699 9.868 18.453 1.021 45.931 44.909 1.022 2.044
idamentação eco- Out. 19.871 3.244 1 4.827 11.801 1 18.356 1.515 ! 53.072 47.661 5.412 6.927
Nov. 14.674 2.682 3.231 8.760 16.032 -1.358 35.187 37.335 -2.149 -3.507
novembro/2014. Jan.-
204.671 36.176 57.503 110.993 201.026 3.645 467.864 466.746 1.118 4.763
•nov.
Memo:
2013 Nov. 21.638 2.403 4.551 14.684 17.402 4.237 36.145 37.842 -1.697 2.540
Jan.-
215.344 35.236 57.747 122.361 202.327 13.017 406.473 422.971 -16.498 -3.481
-nov.
1/ Exclui operações do interbancário e operações externas do Banco Central.
Moedas estrangeiras
Real Brasil
Guarani Paraguai
Rupia índia
Dinar Argelino Argélia
7.3 PAÍSES C O M D I S P O S I Ç Õ E S C A M B I A I S E S P E C I A I S
7.3.1 Cuba
7.3.2 C o n v é n i o de C r é d i t o s R e c í p r o c o s ( C C R )
7.3.3 O p e r a ç õ e s de longo p r a z o c u r s a d a s ao a m p a r o do C C R
Brasil, visto que o BCB deixou de dar cobertura para operações com vencimento
para mais de 360 dias (Carta Circular n^ 2.916, de 13-6-2000).
7.4 P A R I D A D E
Temos:
CAN$ 1,55 = Sw. Fr 1,80
CAN$ 1,00 = X Sw. Fr.
Logo
xSw. Fn = 1,161290
Resultado: Sw. Fr. 1,161290 = CAN$ 1,00.
Isso significa dizer que, se preciso de Sw. Fr. 1,80 para comprar US$ 1,00, e
CAN$ 1,55 para comprar o mesmo US$ 1,00, estabeleço o "cruzamento" das ta-
xas, isto é, faço o cross-rate e acho a paridade de determinada moeda, no caso o
franco suíço, em relação a outra, no exemplo, o dólar canadense.
Assim agindo, chego ao resultado de Sw Fr. 1,161290 por dólar canadense.
Com meus CAN$ 155,00, compro Sw. Fr. 180,00.
O mesmo ocorre em nosso mercado.
Se CAN$ 1,55 é a paridade do dólar canadense em relação ao dólar norte-
-americano, o cross-rate é 0,645161 (razão de US$ 1,00/CAN$ 1,55). Como o
234 Comércio Exterior Brasileiro • Vazquez
real, unidade monetária brasileira, está cotado, por exemplo, a três unidades por
dólar (US$ 1,00 = R$ 3,00), temos que R$ 3,00 x 0,645161 {cross-rate) nos dará
a cotação do dólar canadense em reais = 1,935484.
Isso significa que a paridade do franco suíço em relação ao dólar canadense
é 1,161290 e o cross-rate é 0,861111. Por isso, o valor CAN$ 155,00 equivale a
Sw. Fr. 180,00.
Exercício: Um importador canadense efetuou uma compra de seu fornecedor
suíço, tendo que lhe remeter Sw. Fr. 100.000,00. Procurou um banco para que
este fizesse a compra de francos suíços. Esse banqueiro, que tem suas reservas em
dólares dos Estados Unidos, foi ao mercado comprar os francos suíços necessários
ao pagamento da operação. A paridade do CAN$ em relação ao dólar é de CAN$
1,55 por US$ 1,00; a paridade do Sw. Fr. em relação ao dólar é de Sw. Fr. 1,80 por
US$ 1,00. O banqueiro despende US$ 55.555,55 para comprar os francos suíços.
Como a paridade do dólar canadense é de CAN$ 1,55 por US$ 1,00, o importador
deverá desembolsar CAN$ 86.1111,10 para pagar os francos suíços.
Perceba que CANS 86.1111,10 divididos por Sw. Fr. 100.000,00 d ã o a pari-
dade do dólar canadense em relação ao franco suíço: CAN$ 0,861111 por Sw.
Fr. 1,00.
7.6 A R B I T R A G E M
E que
USS 1,00 = RS 1,75
Câmbio 235
Então
Ienes 125,00 - R$ 1,75
1 iene = A: R$
Logo
X real: — 0,01400 (que é a cotação do iene em R$)
O cross-rate é = 0,00800
O Banco Operador compra Sw. Fr. em New York e envia-os para Zurique,
onde alcança US$ 0,52, obtendo vantagem de US$ 0,02 por Sw. Fr. negociado.
New York: com USS 1.000.000,00, compra Sw. Fn 2.000.000,00.
Em Zurique, vende os Sw Fr. por USS 1.040.000,00.
E claro que as compras e as vendas são feitas com bancos diferentes.
As paridades e o cross utilizados neste caso (futuro) podem ser diferentes dos
utilizados em operações prontas, porque as moedas envolvidas podem sofrer os-
cilações em suas cotações.
Podem estar com "prémio" ou "desconto". Isto é, você vai receber mais ou
menos moeda estrangeira no futuro. Ou você d e s p e n d e r á mais ou menos moeda
na operação.
Dizemos que a moeda está sendo vendida a prémio no mercado futuro quan-
do o vendedor receber mais que se vendesse à taxa pronta. Do mesmo modo po-
demos dizer que, vendendo com desconto, ele (vendedor) receberá menos.
Percebam que se u m vendedor está vendendo com prémio, o comprador está
adquirindo com desconto, pois o que é premio para u m é desconto para o outro.
Na prática, essas cotações são feitas entre os bancos que transacionam no
mercado, pois a taxa futura, com prémio ou desconto, é fornecida ao exportador
ou importador na sua cotação de entrega.
A seguir, apresentamos u m quadro de cotações futuras. Observemos que
se a primeira c o t a ç ã o for menor do que a segunda, h a v e r á prémio, isto é, seu
valor d e v e r á ser somado à taxa pronta e o vendedor r e c e b e r á mais pela venda
efetuada; se a primeira c o t a ç ã o for maior do que a segunda, h a v e r á desconto.
Câmbio 237
Significado das o p e r a ç õ e s
7.7 SWAPS
É a combinação de uma compra ou venda futura de determinada moeda,
com sua simultânea venda ou compra pronta. Trata-se, na prática, de operação
de duplo financiamento, como demonstramos a seguir.
Exemplo: O banqueiro "x" tem CANS 10.000.000,00 que equivalem a USS
5.500.000,00, mas n ã o tem interesse ou n ã o tem mercado para desfazer-se da
moeda. Se aparecer uma operação de compra de USS 5.500.000,00 por 90 dias,
ele poderá valer-se do swap, vendendo a vista seus dólares canadenses e com-
prando-os para entrega em 90 dias.
Em 90 dias, ele recebe os dólares de seu cliente e liquida a posição do swap
em dólares canadenses, refazendo sua posição na moeda canadense.
Taxa de compra
Taxa de venda
7.9 M E R C A D O B R A S I L E I R O D E CÂMBIO
!orporar opera- As operações cambiais de pessoas jurídicas de direito público interno, inde-
; passo rumo à pendentemente da natureza da negociação, t a m b é m deveriam ser contabilizadas
nesse segmento.
eram: A implantação do Regime de Flutuação da Taxa de Câmbio ocorreu a partir
de 1999, de forma efetiva. Até então, embora existissem dois mercados de câm-
tratamento de bio com características de livre pactuação da taxa de câmbio, havia interferência
indireta da Autoridade Monetária na formação da taxa de câmbio.
mtes, patrimô- Chegamos à terceira fase, iniciada no século 2 1 , marcadamente em 2005.
A Resolução n- 3.265, de 4-3-2005, do Conselho Monetário Nacional, pro-
, vencimentos, moveu a unificação dos Mercados de Câmbio. Neste momento deixou de existir a
Consolidação das Normas Cambiais (CNC) e começou a viger o Regulamento do
pudessem ser Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI).
ivremente pac-
Mudou-se a filosofia de controle de câmbio no país. Até março de 2005, so-
mente podiam ser feitas operações regularmente permitidas (pela antiga CNC e
outros instrumentos legais); e a d o c u m e n t a ç ã o era detalhada pelo Banco Central.
Após março de 2005, todas as operações passaram a ser permitidas, exceto aque-
la tipo de ope- las sujeitas à regulamentação específica (Exemplo: n ã o era permitida a remessa
direta de documentos de exportação pelo vendedor/exportador ao comprador/
importador. A partir de m a r ç o / 2 0 0 5 passou a ser permitida).
pelas moedas,
Ou seja, tudo que é legal pode ser feito. Ficaram sujeitas à regulamentação
específica: as aplicações no exterior no mercado de capitais e de derivativos pelas
0), com a divi- pessoas físicas ou jurídicas em geral, bem como quaisquer aplicações no exterior
e de Flutuação por instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e fundos de
qualquer natureza.
2gras cambiais; Além da nova r e g u l a m e n t a ç ã o cambial citada acima, o Regulamento do
de câmbio. Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI) veio dar liberdade para
o 1.690, de compra e venda de moeda estrangeira; o Banco Central deixa de especificar
documentos. Com isso, h á uma sensível r e d u ç ã o dos custos e simplificação de
le Taxas Admi-
rotinas e procedimentos; e novas regras para as exportações brasileiras, com o
fim da obrigatoriedade da entrega de documentos de embarque ao banco e pos-
:mente pactua- sibilidade de o exportador manter as divisas no exterior por a t é 210 dias após
o embarque das mercadorias.
242 Comercio Exterior Brasileiro • Vazquez
Entidade autárquica criada pela Lei n^^ 4.595, em 31-12-64, é o "Banco dos
Bancos".
Por delegação do Conselho Monetário Nacional instrui, supervisiona, fisca-
liza e controla o sistema financeiro brasileiro. E dele que parte toda orientação
sobre o mercado cambial doméstico.
Bancos autorizados
São os bancos que, cumpridas as exigências determinadas pelo Banco Central
do Brasil, são credenciados a operar nos mercados de câmbio.
Agências de turismo, hotéis e demais operadores autorizados a atuarem no
mercado de câmbio para atender ao turismo.
244 Comércio Exterior Brasileiro • Vazquez
Corretores de câmbio
Antigamente, era obrigatória a presença do corretor de câmbio nas pra-
ças que mantinham Bolsas de Valores, em operações de câmbio superior a US$
100.000,00.
Desde a implantação do Plano Real n ã o subsiste essa obrigação. Todavia, no
interesse do comprador ou vendedor, haverá a interveniência do corretor.
7.10 C O N T R A T O D E CÂMBIO
Conceituação
Elementos essenciais:
Elementos imutáveis:
nbio nas pra-
^iperior a US$ • comprador e vendedor;
• moeda estrangeira;
D. Todavia, no • taxa cambial;
)rretor. • moeda nacional.
7.11 P R I N C I P A I S C L A U S U L A S C O N T R A T U A I S (OBRIGATÓRIAS)
mtnos casos O adiantamento sobre contrato de câmbio constitui antecipação parcial ou to-
nternacional tal por conta do preço em moeda nacional da moeda estrangeira comprada para
1/2013. entrega futura, podendo ser concedido a qualquer tempo, a critério das partes.
2nto ou para No caso de exportação, o valor do adiantamento deve ser consignado no
nos casos de: próprio contrato de câmbio, mediante averbação do seguinte teor: "Para os fins
248 Comércio Exterior Brasileiro • Vazquez
7.16 ALTERAÇÕES
Com exceção dos elementos considerados imutáveis, pode ser efetuada qual-
quer alteração, desde que haja m ú t u o consenso entre as partes:
7.17 PRORROGAÇÕES
7.18 C A N C E L A M E N T O D E C O N T R A T O D E CÂMBIO
7.19 B A I X A N A POSIÇÃO C A M B I A L
7.21 P R O T E S T O D E C O N T R A T O D E CÂMBIO
Por ser uma das condições de pagamento mais utilizadas nas operações de
comércio exterior, ocorrendo seu trânsito, pagamento, aceite e negociação no
mercado de câmbio, achamos conveniente ao leitor tomar conhecimento de algu-
mas particularidades desse documento, utilizado nas importações e exportações
brasileiras, de mercadorias e serviços.
A carta de crédito documentário é a condição de pagamento mais difundida no
comércio internacional A Câmara de Comércio Internacional divulgou a Brochura
600, que está vigendo desde 1--7-2007 e que veio substituir a Brochura 500.
Apresentamos, a seguir, itens comuns à importação e exportação:
Tomador: é a pessoa (física ou jurídica), normalmente o importador/compra-
dor, que solicita a um banco, em seu país, que promova a abertura do crédito a
favor do exportador/vendedor.
Beneficiário: é o favorecido da carta de crédito, isto é, via de regra, o expor-
tador/vendedor; aquele que deve cumprir as condições estabelecidas na carta de
crédito para receber o valor nela expresso.
Emitente (ou Instituidor): é aquele banco, localizado no país do Tomador
(importador/comprador), que institui o documento de crédito e que se compro-
mete a honrá-lo, desde que o exportador/vendedor cumpra as condições expres-
sas no crédito.
Câmbio 253