DIREITO AMBIENTAL - Resumo para Procuradorias
DIREITO AMBIENTAL - Resumo para Procuradorias
DIREITO AMBIENTAL - Resumo para Procuradorias
AULA 01
DICAS DO PROFESSOR
TUTELA CONSTITUCIONAL
Antes de 1980 existiam leis esparsas ambientais, sem terem ligação sistêmica
não havia uma lei orgânica, que tratasse o ambiente como um todo.
*Estudar os princípios da lei de Estocolmo.
SISNAMA é uma lei maravilhosa, estruturante, principiológica. Deve ler inteira,
pois é muito importante.
Até 1980 há uma proteção reflexa, não sistêmica, partir de 1980 tem uma
proteção sistêmica legal, e a partir de 1988 há uma proteção constitucional.
PROTEÇAO AMBIENTAL
Antes de 1980 (proteção ambiental Após 1980 (proteção ambiental direta)
indireta)
-O primeiro Código Florestal, vigente até No ano de 1981 a Lei 6.938/81 criou o
hoje, foi criado em 1934 denominado de SISNAMA. (Proteção sistêmica e legal do
Código de Águas; meio ambiente).
-Em 1937 surgiu o Decreto Lei 25/37 que -A CF/88 eleva o meio ambiente na
trata de Tombamento; categoria de direito fundamental.
-Lei 4.771/65 -> 2º Código Florestal (Proteção ambiental prevista no texto
-Lei 6.766/79 -> Lei do Parcelamento do constitucional).
Solo Urbano -Em 2018, até dia 01º de Agosto, no
-Declaração de Estocolmo em 1972 que Brasil já tinham sido esgotados o 100%
criou alguns princípios ambientais. do meio ambiente,
Em 1980 a Global Footprint Network apurou que esse foi o último ano que foram
gastos e recuperados 100% do meio ambiente.
Antes de 1980 existiam leis esparsas ambientais, sem terem ligação sistêmica
não havia uma lei orgânica, que tratasse o ambiente como um todo.
1. Introdução
Não temos um conceito de meio ambiente em nossa Carta Magna, mas no Art.
3º, I da lei 6938/81 define meio ambiente como:
Nesse conceito o legislador acabou limitando o meio ambiente como algo físico
e natural ao falar apenas que ele é constituído do solo, ar, água, fauna e flora. Ele
poderia ter ido além, pois nessa época já se falava no Princípio nº 15 da Declaração de
Estocolmo de 1972, que versa sobre o meio ambiente artificial urbano, a urbanização.
Por isso conceito dessa lei é considerado restrito.
Espécies de Bens ambientais:
O meio ambiente não se limita aos recursos naturais, e engloba também todos
os elementos que contribuem para o bem estar e felicidade humana.
Pela CF o conceito de MA é diferente, é mais amplo. A CF/88 trouxe espécies e
aspectos do meio ambiente, uma visão múltipla sobre o meio ambiente, informando
que ele é dividido em:
a) Físico/ natural, Art. 225, CF, consiste nos elementos que existem mesmo sem
influência do homem, como o solo, a água, ar, fauna e flora.
b) Artificial/ urbano, Art. 182, CF,consiste no espaço construído pelo homem,
na interação com a natureza. Pode ser fechado, que são os conjuntos de edificações,
ou aberto, que são as ruas, avenidas, praças;
c) Cultural, previsto nos Arts. 215 e 216, consiste no espaço construído pelo
homem, na interação com a natureza, mas que detém um valor agregado especial por
ser referência ligada à memória, aos costumes ou aos marcos da vida humana.
d) Do trabalho, previsto no Art. 200, VIII, consiste no lugar onde o ser humano
exerce suas funções laborais. A ideia aqui é preservar a saúde, a segurança e o bem
estar do trabalhador no seu ambiente de trabalho.
Extrai-se a natureza jurídica do meio ambiente do art. 225, caput da CF/88, isto
é, o meio ambiente é um direito difuso, de fruição coletiva, fundamental (ligado à
sadia qualidade de vida, e se relaciona também com a dignidade da pessoa humana e
ao mínimo existencial) e de caráter intergeracional.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
Princípio do usuário pagador: vem da fruição do meio ambiente. Existe desde 81 (art.
4º, VII da Lei 6.938/81) e afirma que aquele que utiliza recursos ambientais com fins
econômicos, tem que devolver algo à coletividade. Exemplo: cobrança pela água. De
2010 pra cá, quem tem outorga do uso de água, tem que pagar pelo líquido.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais
fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure
o bem-estar dos animais envolvidos.
Estímulos para a preservação do meio ambiente
- Sanção punitiva: é como a pena que tem um caráter retributivo, mas que também
possui um caráter preventivo. De certa maneira, a punição traz o cumprimento da
legislação, pois a certeza de que será punido leva a se prevenir de situações para que a
punição não aconteça.
Como as sanções punitivas no geral não tem muito efeito, no §3° do art. 225 da
CF, determinou-se que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Essa
punição tripla não caracteriza bis in iden.
- Educação ambiental: a Constituição Federal no art. 225, VI, tipifica que cabe ao Poder
Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Portanto, isso é uma
política pública obrigatória.
Há a lei 9.795/99 que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política
Nacional de Educação Ambiental. Cada Estado brasileiro instituiu uma lei de Política
Estadual de Educação Ambiental.
Recentemente, surgiu a lei 13.186/2015, que dispõe que nas aulas de educação
ambiental deve-se falar de consumo sustentável.
O estatuto da cidade, lei 10257/01, afirma que uma das diretrizes da política
urbana é o poder público estimular os loteamentos, edificações urbanas utilizar
mecanismos que reduzam o impacto ambiental. O prefeito pode estabelecer que se faz
algo sustentável, tem algum ganho. Faz isso por lei, obviamente.
g) Princípio da proteção: Cabe ao Poder Público e a coletividade preservar e
proteger o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Ele se desmembra em
princípio da proteção e precaução.os dois preveem danos futuros mas um com certeza
e o outro como possibilidade:
1. Prevenção: incide nas hipóteses em que se tem certeza de que dada
conduta causará um dano ambiental. Este princípio diz que se há um dano
no futuro e ele é certo, deve-se tomar medidas para evitar o dano, com
imposições de regras nos licenciamentos, estudos de impacto ambiental,
reformulação de projetos, sanções administrativas e etc. se é o Poder
Público, tem que adotar medidas. Se um empreendedor é o responsável
pelo dano, o poder público deve determinar que o empreendedor tome
medidas para evitar o dano ou minimizar e fiscalizar as medidas que o
mesmo irá tomar. Se não puder evitar o dano todo, tem que ao menos
minimizar. Ex: brumadinho, incêndio do museu. Aqui infringiu o princípio da
prevenção.
2. Precaução: já no princípio de precaução quando um dano no futuro não é
certo, mas é provável, deve-se adotar o princípio “in dubio pro natura”,
pois, na dúvida, protege-se o meio ambiente tomando as medidas
adequadas para que o suposto dano de fato não ocorra. As medidas devem
ser adotas ou exigidas pelo Poder Público.
Aqui é o réu que comprova que o dano não irá acontecer.
AULAS 03 E 04
h) Princípio da solidariedade/equidade intergeracional: deve-se reservar e
proteger o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
É o dever das presentes e futuras gerações de atuar com o escopo de
preservação ambiental e sustentabilidade, para que todos possam fruir dos recursos
naturais. Sua aplicabilidade tem lugar quando o dano ainda não se consumou. Numa
equação, é dizer que uma geração que recebeu “x” de meio ambiente deve deixar a
mesma quantidade “x” para as próximas gerações. O fundamento do princípio da
solidariedade intergeracional tem fundamento no artigo 225, caput da Constituição
Federal.
Art. 225 da Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado no sentido de
que o escopo do princípio da solidariedade intergeracional impõe a produção de
reflexos na distribuição do ônus processual, de modo que, em sendo proposta Ação
Civil Pública para evitar a ocorrência de dano ambiental, a inversão do ônus da prova é
automática, de modo que não é ônus do autor demonstrar a probabilidade de
ocorrência de dano ambiental, mas é ônus do réu demonstrar a não probabilidade de
referida ocorrência.
Inciso II, art. 30: tendo legislação, atende o mínimo federal. Se tiver uma do E mais
restritiva, passa a valer a do Estado, e se o município não tiver interesse, ele não pode
legislar. Ex: município quer legislar sobre mata atlântica, mas não possui mata
atlântica. Ex. 2: município diz que não pode queimar palha da cana de açúcar, mas a CF
permite e o Estado também permite a queima controlada, nesse caso, as leis federais e
estaduais se sobrepõem. RE586,224/SP.
Ex: o estado que deu a licença, mas não fiscalizou, só a união e o município.
Quem dá a sanção nesse caso? O município.
Art. 76 da Lei nº 9.605/1998 - O pagamento de multa imposta pelos Estados,
Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma
hipótese de incidência.
7. DEVERES DO PODER PÚBLICO EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE
Existe duas poluições: legal e real. Não se trabalha com poluição real porque
polui. Existe uma poluição fixada legalmente, e até esse ponto, pode se poluir.
AULAS 05 E 06
1. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA). Lei nº 6.938/1981
É o conjunto de órgãos e entidades federais, estaduais, distritais e municipais e
fundações públicas responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. O
SISNAMA não é um órgão, é um sistema interfederativo.
Art. 6º da Lei nº 6.938/1981 - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações
instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA, assim estruturado:
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; foi criado em
2003 no governo Lula, e nunca teve iniciativa ambiental, sendo que o Conama
acabou assumindo esse papel. Não pode responder isso na prova, se perguntar
coloca que o órgão superior é o Conselho Governo. Em provas discursivas dá
pra argumentar.
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de
Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e
padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida;
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República,
com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão
federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente;
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer
executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente, de acordo com as respectivas competências; Ibama é o que mais
fiscaliza, com 0% das atividades. Chico mendes fica comas unidades de
conservação.
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades
capazes de provocar a degradação ambiental;
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo
controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;
§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição,
elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o
meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais,
também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo
deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação,
quando solicitados por pessoa legitimamente interessada.
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a
criar uma Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA.
O Conselho de Governo, a despeito de sua posição legal e formal como órgão
superior, não tem iniciativa ambiental e suas funções são exercidas, material e
substantivamente, pelo CONAMA, que atualmente é o verdadeiro protagonista da
ação e das políticas ambientais no país.
Os Estados devem observar os padrões relacionados ao meio ambiente que
foram estabelecidos pelo CONAMA, ainda que as disposições relativas a tais padrões
constem de uma Resolução.
Os Municípios, por sua vez, devem observar o espectro mais protetivo e,
portanto, atender aos padrões federais e estaduais quando da elaboração das normas
relativas ao meio ambiente.
2. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA)
É o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA cuja finalidade é assessorar,
estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para
o meio ambiente e os recursos naturais, bem como a deliberação, no âmbito de sua
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.
Art. 8º da Lei nº 6.938/1981 - Compete ao CONAMA:
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou
privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a
entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos
de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades
de significativa
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio
nacional.
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de
benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou
condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante
audiência dos Ministérios competentes;
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos
recursos ambientais, principalmente os hídricos.
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas
funções, o Presidente do Conama.
A competência para estabelecer normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (art. 8º, I) tem sua densidade
normativa mais aprofundada na Resolução CONAMA nº 237/97. Via de regra a
competência para legislar sobre normas gerais é da união, Art. 24, CF/88, mas como há
a previsão nessa lei, anterior a CF de 88, fica com o Conama a competência para o
licenciamento. Poderá vir uma lei federal falando desse assunto.
A competência para estabelecer normas e padrões nacionais de controle da
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações (art. 8º, VI), a bem da
verdade, é exclusiva da União, e não privativa, em razão da necessidade do
estabelecimento de um critério de abrangência nacional para o controle da poluição
por tais meios de transporte. Estados e municípios não podem legislar a respeito desse
controle de poluição.
Atualmente, ainda não há regra específica versando sobre os padrões nacionais
de controle da poluição por aeronaves e embarcações, o que compromete a
aplicabilidade concreta do art. 3º, III, e da Lei nº 6.938/1981 quando da verificação e
análise de uma conduta para fins de considera-la ou não poluidora.
Há apenas regra específica para a poluição causada por veículos automotores,
que institui o “Rota 2030” (Lei nº 13.755/2018 e Decreto Federal nº 9.557/2018), em
substituição ao anterior Programa “Inovar-Auto”.
Art. 3º da Lei nº 6.938/1981 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...)
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
(...)
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
A competência para o estabelecimento de normas, critérios e padrões relativos
ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional
dos recursos ambientais (art. 8º, VII) requeria, antes da promulgação da Constituição
da República, a conjugação de referido dispositivo ao que estatuiu o artigo 6º, § § 1º e
2º. Atualmente, a competência entre os entes da federação tem extração
constitucional (art. 24 e 30, II). Precisa saber esses dois Arts. Da CF, é a mesma coisa,
não precisa mais do art.6º. se tiver uma resolução normativa federal, precisam os
Estados e município obedecerem? Sim. Se o Estado aumentar a proteção, o Município
tem que respeitar as duas pra editar suas próprias.
3. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA).
São instrumentos que o Poder Público utiliza para tutelar a proteção do Meio
Ambiente.
Art. 9º da Lei nº 6.938/1981 - São instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental;
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA;
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou
utilizadoras dos recursos ambientais.
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental,
seguro ambiental e outros.
5.3 Fundamento
Art. 10 da Lei nº 6.938/1981 - A construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento
ambiental.
§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão
serão publicados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de
grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão
ambiental competente.
*** união que licencia: Art. 7º da Lei Complementar nº 140/2011 - São ações
administrativas da União:
(...)
XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou
na zona econômica exclusiva;
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela
União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de
ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças
Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de
1999;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e
dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia
nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de
proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um
membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou
empreendimento; Regulamento (Decreto nº 8.437/2015)
***Caso o licenciamento não seja federal, é preciso analisar se não é Municipal,
na conformidade do artigo 9º, XIV da Lei Complementar nº 140/2011. Destaca-se,
nesse ponto, que, para que o licenciamento municipal seja válido, é imprescindível que
o Município reúna cumulativamente as seguintes condições: a) ser uma hipótese de
impacto ambiental local; b) o Município ser dotado de órgão ambiental capacitado, e;
c) de Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMUMA). Ausentes quaisquer desses
requisitos no Município, a atribuição para licenciar nas hipóteses legais de
licenciamento ambiental municipal passa a ser do Estado-membro em que o Município
estiver localizado e eventual licenciamento realizado por aquele Município ostenta
nulidade de pleno direito.
Cada Estado, por meio de seu Conselho de Meio Ambiente promoverá a relação
do que é impacto ambiental local, para os fins de licenciamento municipal.
Art. 9º da Lei Complementar nº 140/2011 - São ações administrativas dos
Municípios:
(...)
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou
empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme
tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente,
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade;
ou
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs)
O Estado, por sua vez, possui, em regra, atribuição residual para licenciar (art.
8º, XIV da Lei Complementar nº 140/2011). Contudo, excepcionalmente, terá
atribuição supletiva para licenciar na hipótese de Município situado em seu limite
territorial não cumprir os requisitos legais para deter a regular atribuição de licenciar
(art. 15, II da Lei Complementar nº 140/2011).
AULAS 07 E 08
6. Como fazer o licenciamento?
Pelo preenchimento das etapas previstas no Art. 10 da CONAMA:
Art. 10 da Resolução CONAMA nº 237/1997 - O procedimento de licenciamento
ambiental obedecerá às seguintes etapas:
I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao
início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;
São três documentos necessários previsto na legislação federal: certidão da
prefeitura municipal, outorga do uso de água (ler lei de recursos hídricos,
especialmente 11 a 18!!!!!!), e corte de vegetação. Como o Estado e Município
podem legislar suplementarmente, eles podem pedir outros documentos
também.
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos
documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida
publicidade;
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de
vistorias técnicas, quando necessárias;
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise
dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber,
podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e
complementações não tenham sido satisfatórios;
V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação
pertinente; Nem sempre precisa dessa audiência pública, mas verificar se ela é
exigível é obrigatório. Para saber se precisa tem que analisar a Resolução do
Conama RC 009/87, art. 2º.
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo
haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações
não tenham sido satisfatórios;
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.
§ 1º - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar,
obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e
o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a
legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a
autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água,
emitidas pelos órgãos competentes.
§ 2º - No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao estudo de impacto
ambiental - EIA, se verificada a necessidade de nova complementação em
decorrência de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão
ambiental competente, mediante decisão motivada e com a participação do
empreendedor, poderá formular novo pedido de complementação. (Grifo
Nosso)
É imprescindível para a deflagração do procedimento administrativo de
licenciamento ambiental a apresentação do projeto executivo da empresa, dos
estudos ambientais e dos documentos obrigatórios.
São documentos obrigatórios, à luz do artigo 10, § 1º da Resolução CONAMA nº
237/1997, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de
empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao
uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de
vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes, além
de outros exigidos pela legislação estadual ou municipal.
Os estudos ambientais são os mais importantes na hora da licença mas não
vincula a decisão de conceder ou não a licença, e a decisão tem que ser motivada.
AIA: avaliação de impacto ambientais é um instrumento da política nacional do
meio ambiente, e que tem por objetivo apontar os impactos ambientais que o
empreendimento vai causar com base no estudo ambiental apresentado.
6.1 Documentos Obrigatórios.
6.1.1 Certidão Municipal de autorização do empreendimento pela Lei de
Zoneamento.
É atribuição da Prefeitura Municipal emitir a certidão que informa a autorização
da legislação regente da ocupação e uso do solo urbano (Lei de Zoneamento) para a
instalação de empreendimento no local descrito no projeto, pois compete
constitucionalmente aos Municípios promover adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
urbano (art. 30, VIII).
6.1.2 Outorga do uso de água.
A outorga de direitos de uso de água é uma autorização que a União, os
Estados e o Distrito Federal (Municípios não) concedem e que constitui relevante
instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos na garantia do controle
quantitativo e qualitativo dos usos de água.
Art. 1º da Lei nº 9.433/1997 - A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se
nos seguintes fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Após a criação respeitando as características de cada unidade, tem que ser feito
o Plano de Manejo, que é o documento elaborado pelo Poder Público contendo todas
as normas que regem a unidade de conservação. Segundo a regra geral, deve ser
criado em até 5 anos, contados da criação da unidade de conservação. No entanto, se
estipular prazo diferente em lei estadual ou municipal tem que respeitar esse prazo. O
MP fiscaliza se foi feito no prazo.
Durante o tempo que não tiver norma estabelecida, o MP a cada 3 ou 6 manda
um grupo na unidade pra ver se está tudo ok.
Art. 2º da Lei nº 9.985/2000 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...)
XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento
nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos
recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à
gestão da unidade;
AULAS 13 E 14
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
A Constituição, em seu art. 225, § 3º, estatui que será possível a tripla
responsabilização pela ocorrência de dano ambiental nas searas civil, penal e
administrativa, de modo que sujeitar o infrator ambiental às três esferas de
responsabilização, quando legitimamente configuradas, não configura bis in idem.
Essa sanção tríplice não acontece sempre, ela pode acontecer.
Art. 225 da Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
1. Infração Administrativa Ambiental
1.1 Conceito
A lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605/1998) não contem apenas crimes, mas
também expõe infrações ambientais de cunho administrativo elencadas nos arts. 70 a
76. Ler muito esses artigos.
Art. 70 da Lei nº 9.605/1998 - Considera-se infração administrativa ambiental
toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente.
1.2 Sanções
Art. 72 da Lei nº 9.605/1998 - As infrações administrativas são punidas com as
seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora,
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza
utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos.
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-
ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e
da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das
demais sanções previstas neste artigo.
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou
dolo:
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las,
no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos
Portos, do Ministério da Marinha;
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos
Portos, do Ministério da Marinha.
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria
e recuperação da qualidade do meio ambiente.
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se
prolongar no tempo.
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão
ao disposto no art. 25 desta Lei.
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o
produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo
às prescrições legais ou regulamentares.
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
I - suspensão de registro, licença ou autorização;
II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até
três anos.
Art. 6º da Lei nº 9.605/1998 - Para imposição e gradação da penalidade, a
autoridade competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de
interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
1.3. Incidência dos Princípios de Tipicidade e Legalidade
O Decreto nº 6.514/2008 densificou o rol de infrações ambientais para além
das previsões da Lei de Crimes Ambientais, em seus artigos 24 a 93 (são descritas 70
infrações ambientais), de modo a afastar eventual arguição de desatendimento ao
princípio da tipicidade.
Quanto ao atendimento ao princípio da legalidade, a primeira conclusão a que
se chega afirma que há, para fins de configuração de infração ambiental, exigência de
lei em sentido estrito, não sendo suficiente o decreto.
Todavia, o Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do REsp
1.137.314/MG assentou o entendimento de que o crime deve sim estar previsto em lei
para que exista, já que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal, mas a infração ambiental pode estar descrita em norma
jurídica (lei em sentido amplo), de modo que seria perfeitamente legítima a tipificação
das infrações ambientais no Decreto nº 6.514/2008, já que seria manifestação do
poder de polícia ambiental, sujeita a uma legalidade administrativa não mais rigorosa
que a legalidade ambiental.
Assim, não tem problema as sanções administrativas estarem em decreto e não
lei.
2. Competência
Art. 70 da Lei nº 9.605/1998 - Considera-se infração administrativa ambiental
toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente.
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e
instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados
para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos
Portos, do Ministério da Marinha.
Como decorrência do disposto no art. 70, § 1º da Lei nº 9.605/1998, tem-se que
Estados e Municípios deverão estabelecer, por meio de norma expressa, qual
funcionário ou grupo de funcionários detém atribuição fiscalizatória ambiental, sob
pena de nulidade dos respectivos Autos de Infração, a exemplo do que já é feito em
São Paulo (art. 195 da Constituição Estadual e art. 3º, § 2º do Decreto Estadual nº
60.432/2014.
É uma legislação suplementar à da Uniao.
3. Auto de Infração
É ato administrativo e, portanto, dotado da presunção relativa de legalidade,
legitimidade e veracidade, cabendo ao infrator ambiental o ônus da prova em sentido
contrário, principalmente em relação a eventuais vícios contidos no Auto de Infração.
Art. 99 do Decreto nº 6.514/2008 - O auto de infração que apresentar vício
sanável poderá, a qualquer tempo, ser convalidado de ofício pela autoridade
julgadora, mediante despacho saneador, após o pronunciamento do órgão da
Procuradoria-Geral Federal que atua junto à respectiva unidade administrativa
da entidade responsável pela autuação.
Parágrafo único. Constatado o vício sanável, sob alegação do autuado, o
procedimento será anulado a partir da fase processual em que o vício foi
produzido, reabrindo-se novo prazo para defesa, aproveitando-se os atos
regularmente produzidos.
Assim, é possível lavra um auto de infração 20 anos após? Sim, se for infração
continuada, que não tiver cessado, não começa a contar o prazo de 5 anos.
Quando alguém pratica uma infração adm. ambiental, quais os prazos
aplicáveis? 5 e mais de 3 anos. Mais de três anos é 3 e um dia.
Quando a infração adm. ambiental também for crime, não se aplica o prazo de
5 anos, mas sim o prazo do CP do Art. 109.
Se houver prescrição da infração adm. e do crime, isso não afasta a obrigação
de reparar o dano. O dano ambiental nunca prescreve.
7. Procedimento
No âmbito federal, o procedimento é descrito nos artigos 94 a 148 do Decreto
nº 6.514/2008, regulando a apuração administrativa de infrações ambientais e
conferindo unidade às normas relativas aos procedimentos em matéria ambiental. Tais
dispositivos não obstam a atuação legislativa dos Estados e Municípios em suas
respectivas esferas, a exemplo do ocorrido no Estado e no Município de São Paulo, por
meio, respectivamente dos Decretos nº 60.342/2014 e 54.421/2013.
Os elementos nucleares do procedimento são as prescrições relativas a quem
autua, quem julga, quais os prazos para defesa e recursos, etc., de modo que, ausentes
tais dispositivos no regramento específico da unidade da federação, passa a ser
inviável a realização de qualquer autuação, já que restará configurado arbítrio estatal
sem a observância das inexistentes prescrições relativas ao devido processo.
Art. 94 do Decreto nº 6.514/2008 - Este Capítulo regula o processo
administrativo federal para a apuração de infrações administrativas por
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Parágrafo único. O objetivo deste Capítulo é dar unidade às normas legais
esparsas que versam sobre procedimentos administrativos em matéria
ambiental, bem como, nos termos do que dispõe o art. 84, inciso VI, alínea “a”,
da Constituição, disciplinar as regras de funcionamento pelas quais a
administração pública federal, de caráter ambiental, deverá pautar-se na
condução do processo.
Art. 3º da Lei nº 6.938/1981 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por
(...)
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental;
2. Natureza Jurídica
A responsabilidade civil decorrente de danos ambientais é sempre objetiva e
solidária entre todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram com o dano.
O litisconsórcio passivo é facultativo, tanto para ações individuais, quanto para
coletivas, de modo que é possível colocar um, alguns ou todos os poluidores no polo
passivo. O autor escolhe quem quer colocar no polo passivo.
Art. 275 do Código Civil - O credor tem direito a exigir e receber de um ou de
alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento
tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
A arguição mais comum por parte do poluidor diante desse cenário de
litisconsórcio passivo facultativo é a denunciação da lide ou o chamamento ao
processo, conforme as circunstâncias do caso concreto (art. 125 e 130 do CPC).
Contudo, o art. 88 do CDC conjugado com o art. 21 da Lei da Ação Civil Pública veda a
denunciação da lide.
Art. 88 do Código de Defesa do Consumidor - Na hipótese do art. 13, parágrafo
único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo
autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos,
vedada a denunciação da lide.