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Defesa de Omar Aziz

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SENADO FEDERAL

Advocacia do Senado Federal

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO


DA 18ª VARA CÍVEL DE BRASÍLIA - DF

Autos: 0725980-98.2021.8.07.0001
Requerente: Mayra Isabel Correia Pinheiro
Requerido: Omar José Abdel Aziz1

OMAR JOSÉ ABDEL AZIZ, Senador da República, já devidamente


qualificado nos autos, neste processo representado pela Advocacia do Senado Federal, com
mandato ex vi legis decorrente dos Arts. 31 e 230 do Regulamento Administrativo do Senado
Federal, aprovado pela Resolução do Senado Federal nº 13, de 2018, publicada no Diário
Oficial da União de 26 de junho de 2018, e mediante instrumento de solicitação de atuação
da Advocacia do Senado e outorga de poderes em anexo (Doc. 1, Ofício n. 040/2021,
Senador Omar Aziz), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
fundamento nos arts. 335 e seguintes do Código de Processo Civil, oferecer

CONTESTAÇÃO

contra ação de indenização por danos morais ajuizada por MAYRA ISABEL CORREIA
PINHEIRO (ID nº 95818042), conforme os termos a seguir aduzidos.

1
Autos Senado Federal Sigad nº 00200.011081/2021-50.

Praça dos Três Poderes – Senado Federal – Bloco 02 – Ed. Senador Ronaldo Cunha Lima – 1º andar – Av. N2 – CEP 70165-900 -
Brasília – DF – Telefone: 55 (61) 3303-4750 – Fax: 55 (61) 3303-2787 – advosf@senado.leg.br
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Número do documento: 21082623045564700000094647994


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045564700000094647994
Assinado eletronicamente por: OCTAVIO AUGUSTO DA SILVA ORZARI - 26/08/2021 23:04:55
Num. 101508805 - Pág. 1
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I. SÍNTESE PROCESSUAL.

1. Trata-se de ação de indenização por danos morais e outros pedidos


ajuizada em face do Senador da República OMAR AZIZ¸ na qual a requerente alega que teria
sido ofendida publicamente pelo requerido em sua função de Presidente de CPI do Senado
da República, que investiga eventuais irregularidades promovidas pelo governo no
enfrentamento à pandemia da COVID-19.2

2. Conforme se extrai da petição inicial (ID nº 95818042), leva a autora ao


Judiciário apenas 2 (dois) fatos concretos como causa de pedir, ou seja, que teriam condutas
propriamente ditas do Senador requerido para fins de verificação de responsabilidade civil.3

2
O art. 58, § 3º, da Constituição de República, prescreve que as comissões parlamentares de inquérito têm poderes
investigatórios das autoridades judiciais e se destinam à apuração de fatos determinados, sendo que a CPI da
Pandemia tem como objeto, in verbis:
“Apurar, no prazo de 90 dias, as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da
Pandemia da Covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a
ausência de oxigênio para os pacientes internados; e as possíveis irregularidades em contratos, fraudes em
licitações, superfaturamentos, desvio de recursos públicos, assinatura de contratos com empresas de
fachada para prestação de serviços genéricos ou fictícios, entre outros ilícitos, se valendo para isso de
recursos originados da União Federal, bem como outras ações ou omissões cometidas por administradores
públicos federais, estaduais e municipais, no trato com a coisa pública, durante a vigência da calamidade
originada pela Pandemia do Coronavírus 'SARS-CoV-2', limitado apenas quanto à fiscalização dos recursos
da União repassados aos demais entes federados para as ações de prevenção e combate à Pandemia da
Covid-19 , e excluindo as matérias de competência constitucional atribuídas aos Estados, Distrito Federal
e Municípios.”
3
Impende registrar que:
“Para todas as correntes doutrinárias, os fatos compõem a causa de pedir. Mas nem todos os fatos
narrados pelo autor fazem parte da causa de pedir, sendo preciso distinguir os fatos jurídicos
(principais, essenciais), que compõem a causa de pedir, e os fatos simples (STJ, 3ª Turma, REsp
702.739/PB, rel. Min. Nancy Andrighi, rel. para acórdão Min. Ari Pargendler, j. 19.09.2006). Os fatos
jurídicos são aqueles que são aptos por si sós a gerar consequências jurídicas, enquanto os fatos simples
não têm tal aptidão” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil comentado.
Salvador: Juspudivm, 2016, p. 537, grifos nossos).

Ainda para fins de delimitação da demanda, deve a decisão judicial se ater ao princípio da correlação com as
causas de pedir e pedidos. Como explica a doutrina:

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3. Como fato (i), apresenta a entrevista do Senador ao jornal Correio


Braziliense, publicada em 22/07/20201, que tem como chamada “Aziz critica Capitã
Cloroquina por preparar perguntas para senadores: ‘Ação ilegal’ – ‘Como é que você
vai fazer uma interlocução com uma pessoa que vai ser ouvida como testemunha?’,
questiona o presidente da CPI. Em vídeo, Mayra Pinheiro pede para colega enviar
perguntas a serem repassadas por ‘cinco senadores que jogam do nosso lado’ para
fazerem os questionamentos a ela no dia em que prestou depoimento à CPI”,
disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/07/4939163-aziz-critica-
capita-cloroquina-por-preparar-perguntas-para-senadores-acao-ilegal.html .

4. Observe-se que a petição inicial não transcreve a totalidade da matéria


jornalística, tampouco o fazem os anexos da petição inicial. Em respeito e deferência ao
Poder Judiciário, juntamos o inteiro teor da matéria (Doc. 2, matéria do Correio
Braziliense).

5. Como fato (ii), a petição inicial se refere a vídeo publicado em


22/07/2021, no qual o Senador teria afirmado que “A doutora Mayra não tem mais
condições morais para continuar dentro do Ministério da Saúde. Do ponto de vista
técnica eu já sabia há muito tempo que ela não tinha condições. Agora, questões
morais (...)”, disponível em: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-
noticias/2021/07/22/omar-aziz-mayra-pinheiro-servidora-saude.htm .

“Segundo o art. 492, caput do CPC, o juiz não pode conceder diferente ou a mais do que foi
pedido pelo autor. Trata-se do princípio da congruência, também conhecido como princípio da
correlação ou da adstrição. O dispositivo legal, entretanto, é incompleto, porque os limites da sentença
devem respeitar não só o pedido, mas também a causa de pedir e os sujeitos que participam do processo.
É nula a sentença que concede a mais ou diferente do que foi pedido, como também há nulidade na
sentença fundada em causa de pedir não narrada pelo autor, na sentença que atinge terceiros que não
participaram do processo ou que não julga a demanda relativamente a certos demandantes” (NEVES,
Daniel Amorim Assumpção. Op. cit., p. 818, grifos nossos).

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6. Não foi juntado aos autos, novamente, o inteiro teor da página jornalística
citada pela autora, nem no corpo da petição nem nos anexos, havendo tão somente
referência ao sítio eletrônico jornalístico. Juntamos aos autos (Doc. 3, matéria do UOL).

7. Após essas 2 (duas) matérias jornalísticas em que há falas atribuídas – entre


aspas – ao Senador, a petição inicial tece considerações, sem concretude de condutas
do requerido, sobre o suposto vazamento de vídeo que mostraria preparação da
requerente para a oitiva perante a CPI e mostraria perguntas encaminhadas previamente a
serem feitas por senadores à requerente, e que isso configuraria quebra de decoro
parlamentar e crime de desobediência previsto no art. 330 do Código Penal, e que tudo isso
“serviu de base para o crime de difamação (sic) praticado pelo Autor (sic) ao atingir o
conceito e à (sic) integridade profissional da Autora”.

8. Nesse primeiro item da petição inicial (páginas 1-6), fala-se


genericamente, sem condutas e provas concretas, em “atuação com espantosa
demonstração de misoginia” e que o mandato do requerido não pode servir para “praticar
ilicitude” e “discriminar mulheres”.

9. No capítulo seguinte, a petição inicial (páginas 6-10) aduz que o dano


moral estaria provado porque o Senador não poderia atuar na condição de magistrado (em
referência à fala do Senador segundo a qual, na CPI, os senadores estariam em posição
semelhante à de magistrados), pois seu nome teria sido apontado em investigação de 2016.

10. A seguir (páginas 10-14), expõe a autora que a postura do Senador,


extraída da reportagem acima de que não teria “condições morais” para continuar no
Ministério da Saúde, ensejaria danos morais, tecendo observações sobre suposto
“medicamento eficaz” concomitantemente à citação de parecer que afirma a autonomia do
médico.

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11. Esse mesmo parecer, ainda segundo a petição inicial, consigna “que não
existe até o momento nenhum trabalho que comprove o benefício do uso da droga
para tratamento da COVID-19”.

12. Assevera que o requerido teria feito crítica à autora, “rotulando-a em tom
pejorativo de ‘Capitã Cloroquina’” de forma “leviana, obscura, machista e injustificada”,
sem, contudo, apresentar conduta concreta e sem demonstrar se tal apelido teria
sido criado ou mencionado pelo requerido, ou se amplamente divulgado pela
imprensa brasileira e nas redes sociais.

13. Posteriormente, a petição inicial trata do “dever de reparação do dano


moral” (páginas 14-17) e cita normas e precedentes judiciais na tentativa de embasar sua
tese.

14. Subsequentemente, tece comentários acerca da deliberação da CPI, por


seis votos a quatro, de não convocar pra depoimento o secretário-executivo do Consórcio
do Nordeste (páginas 17-18).

15. Por fim (páginas 18-21), sustentou a necessidade de tutela de urgência para
(i) proibir o requerido de referir à autora de “forma desrespeitosa”, (ii) para proibir que
presida reunião da CPI em que a autora seja convocada para depor, e para (iii) determinar
apuração à Polícia Federal de “vazamento dos e-mail (sic) e dados” da autora sobre os quais
haja ordem judicial de proibição de divulgação.

16. Como pedido principal de mérito, apresentou o “pagamento por danos


morais no valor de R$ 100.000,00 [atribuindo à causa este mesmo valor de cem mil reais]
pela grave ofensa praticada, de inestimável repercussão, contra o conceito e à (sic) imagem
da Autora”.

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17. Eis o teor da petição inicial. Como se vê claramente, para fins de


delimitação dos elementos da ação, notadamente causa de pedir e pedido, são 2
(dois) fatos que contêm supostas condutas (falas) do Senador: (i) a reportagem do
Correio Braziliense; e (ii) reportagem do UOL.

18. Em decisão de 04/08/2021, os pedidos de tutela antecipada foram


indeferidos por ausência de “probabilidade do direito invocado”, tendo em vista que Sua
Excelência entendeu pela impossibilidade de restringir a manifestação de pensamento, em
razão de se tratar de garantia constitucionalmente prevista. Além disso, entendeu-se que a
escolha dos membros da CPI foi realizada em observâncias às regras do Senado Federal,
cuja legalidade não é questionada, de modo que os pedidos não preencheram os requisitos
legais exigidos (ID nº 98859040, p. 1-2).

19. É a síntese do necessário.

II. PRELIMINAR.

II.1. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DE COERÊNCIA ENTRE OS


ARGUMENTOS EXPENDIDOS NA INICIAL E OS PEDIDOS FORMULADOS.

20. De acordo com o art. 337, IV, do Código de Processo Civil, a demanda
será extinta sem resolução do mérito sempre que a petição inicial for inepta, por qualquer
dos motivos constantes no art. 330, § 1º, do mesmo diploma legal.

21. Segundo o art. 330, § 1º, III, do CPC, a inicial será inepta quando “da
narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão”.

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22. No caso em tela, verifica-se na inicial que a requerente se limita a tecer


considerações genéricas sobre diversos assuntos, como informações sigilosas supostamente
vazadas, supostos crimes de desobediência4 e prevaricação,5 investigação sobre desvio de
verbas e o uso da hidroxicloroquina como medicamento no combate à COVID-19, sem,
contudo, demonstrar efetivamente a prática de atos ofensivos contra MAYRA.

23. Menos ainda a petição inicial apresenta os quatro elementos


essenciais da responsabilidade civil: (i) conduta violadora de normas jurídicas; (ii)
elemento subjetivo: dolo ou culpa; (iii) nexo causal; e (iv) dano (no caso, o dano moral,
que deve ter características fáticas e jurídicas específicas). Voltaremos a esse tema de mérito,

4
A autora imputa o crime de desobediência 3 (três) vezes na sua petição, em total desconexão com a sua pretensão:
Na primeira (página 3 e 4), de forma confusa, diz que a obtenção de vídeo pela CPI, por meio da imprensa,
no qual ela se preparava para oitiva, configura desobediência à decisão do Ministro Ricardo Lewandowski que,
observe-se, não obstara a quebra de sigilos da testemunha, ora autora, pela CPI (obviamente trata-se de deliberação
do colegiado, não agindo o presidente isoladamente). O dito vídeo fora obtido pela imprensa e chegou à CPI, como
asseverado na matéria jornalística e na petição inicial. A petição inicial joga ao vento o cometimento de um crime
pelo Senador Presidente da CPI, o que, sabe a autora, não ocorreu.
Em seguida (página 5), diz que o Presidente da CPI teria passado à imprensa dados sigilosos da
testemunha/autora, e que, por isso, teria cometido desobediência e quebra de decoro, além de usar essas ditas
informações sigilosas, eventualmente colhidas pela CPI por meio de quebras de sigilos aprovadas por votação,
para cometer difamação. Mais uma vez, a testemunha/autora – assistida por advogados – sabe que não houve
qualquer ensaio de desobediência e mesmo assim faz a imputação ao Senador requerido, que pauta a presidência
dos trabalhos pela rigorosa observância da Constituição e das decisões do STF.
Na terceira vez (página 11), a autora reafirma que a entrevista do Senador fora precedida do cometimento
do crime de desobediência.

Caso Vossa Excelência entenda que, nestes pontos, haveria, em tese, possível cometimento de crime de ação penal
pública, como comunicação falsa de crime (art. 340 do Código Penal) ou calúnia contra agente público no exercício
das suas funções (Súm. 714 do STF), requer-se, respeitosamente, que, se for o caso, sejam adotadas as providências
cabíveis.
5
Quanto à “prevaricação”, na página 18 da petição inicial, a autora imputa o delito de prevaricação, desviando-se
do seu propósito e em uma tentativa macular a honra da CPI, órgão senatorial de envergadura constitucional e com
poderes próprios de autoridade judicial, em virtude de uma deliberação legítima e democrática da comissão. Ela
teria todo o direito de criticar a deliberação, mas não de imputar crime à comissão e, por conseguinte, às senadoras
e aos senadores membros. A autora sabe que não há crime na deliberação da comissão, mas mesmo assim o imputa.

Tal como asseverado acima, caso Vossa Excelência entenda que, nestes pontos, haveria, em tese, possível
cometimento de crime de ação penal pública, como comunicação falsa de crime (art. 340 do Código Penal) ou
difamação contra pessoa jurídica (STF, Pet. 8481), requer-se, respeitosamente, que, se for o caso, sejam adotadas
as providências cabíveis.

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quando não se falará em mera apresentação (que não foi feita) desses elementos, mas na
ausência de sua comprovação.

24. Dessa forma, não é possível entender qual é o exato objeto da demanda,
visto que a requerente lança vários fatos e argumentos desconexos, de modo que não se
sabe se se insurge contra a atuação do Senador na condução da CPI, contra
questionamentos quanto ao uso de medicamento no enfrentamento à pandemia, contra
supostos crimes ou, ainda, ao alegado vazamento de vídeo.

25. A ação foi proposta com objetivo de apurar a ocorrência de dano moral à
requerente, ocorre que a inicial aborda diversos temas, menos a suposta ofensa sofrida,
limitando-se a indicar declarações exaradas em entrevista dada pelo Senador.

26. Nesse contexto, constata-se na petição inicial grave atecnia, que acarreta a
extinção da demanda sem exame do mérito. Há evidente prejuízo ao contraditório e à ampla
defesa constitucionais, pois a petição inicial joga fatos aleatórios, em uma linguagem
semelhante à das redes sociais, a fim de confundir o Judiciário e o requerido, sem precisar
qual a causa de pedir fática e sem atrelá-la ao pedido.

27. Nessa linha, veja-se o seguinte precedente do Tribunal Regional Federal


da 4ª Região:6

ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. REMESSA NECESSÁRIA.


INDEFERIMENTO PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DE UTILIDADE
CONCRETA. - Para que um processo seja deflagrado deve ser apresentada
petição inicial descrevendo de forma coerente e lógica uma relação jurídica em
que se exponha a causa de pedir e o pedido, e que haja ligação entre o que se
narrou a respeito dos fatos e a conclusão a que se chegou. A propositura de ação

6
TRF4 5007697-65.2020.4.04.7201, Quarta Turma, rel. Des. Fed. Ricardo Teixeira do Valle Pereira, pub.
10/12/2020.

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popular, ademais, pressupõe utilidade concreta para tutela dos valores tutelados. -
Manutenção da sentença de indeferimento da inicial. (grifamos)

28. Ora, como é cediço, é necessária a exposição dos fatos de maneira coesa
e lógica, na medida em que a relação jurídica deve ser devidamente delineada pelo
demandante de forma que não restem dúvidas quanto ao que se argumenta, o que,
claramente, não é a hipótese dos autos. O Judiciário não é – e não pode admitir que assim
seja tratado – repositório de desabafos próprios das redes sociais, sendo o direito de ação
condicionado a requisitos e condições mínimas de compreensão e admissão.

29. Os argumentos lançados na inicial são completamente dissociados da


conclusão a que chegou a requerente, isto é, o pagamento de indenização a título de danos
morais sofridos, o que, conforme se demonstrará, não ocorreu.

30. Ademais, ainda que assim não fosse, da leitura das razões da requerente,
percebe-se que ela sequer tentou demonstrar qual foi o efetivo prejuízo causado à sua
imagem ou, ainda, o grave abalo psicológico sofrido, deixando de relatar
pormenorizadamente como as ofensas teriam se dado, entre outras informações
imprescindíveis para o deslinde da controvérsia.

31. Dessa forma, a deficiência na fundamentação da petição inicial é clara, de


modo que se torna inviável a análise dos pleitos nela constantes, devendo a ação ser extinta
sem resolução do mérito, como ora se requer, em razão de sua inépcia, com fundamento
no art. 330, § 1º, III, c.c. art. 337, IV, do CPC.

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III. DO MÉRITO.

III.1. ATOS SOB O MANTO DA IMUNIDADE PARLAMENTAR.

32. A Constituição Federal, em seu art. 53, prevê imunidades aos


parlamentares, que podem ser vistas sob dois aspectos: 1) material, garantindo aos deputados
e senadores inviolabilidade por suas palavras, opiniões e votos; e 2) formal, que caracteriza
a impossibilidade, desde a diplomação, de submissão à prisão, salvo em casos de flagrante
delito em crime inafiançável, e a concessão de foro por prerrogativa de função.

33. Para que os parlamentares possam gozar da imunidade, é necessário que


eles estejam exercendo o mandato legislativo (prática in officio) ou atuando em razão do
mandado (prática propter in officio). Originária da freedom of speach prevista no Bill of Rights
resultante da Revolução Gloriosa de 1688, com objetivo de proteger os parlamentares do
arbítrio do monarca, o instituto recebeu acolhida na constituição de diversos países.

34. Com isso, a Constituição tem o objetivo de garantir a independência


do Poder Legislativo para que os parlamentares possam desempenhar suas funções
legiferantes e fiscalizadoras sem a pressão, influência ou interferência dos demais
poderes.

35. A Constituição, assim, estabelece o chamado estatuto dos congressistas,


que “tem o escopo de garantir aos congressistas, no exercício do mandato ou em função
dele, plena liberdade e, dessa forma, tem a importante missão de preservar a instituição
Poder Legislativo, os princípios da separação dos poderes e da soberania popular e,
portanto, a própria democracia”.7

7
STRECK; OLIVEIRA; NUNES. In CANOTILHO, J. J. Gomes (Coord., et alli). Comentários à Constituição
do Brasil, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, versão eletrônica.

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36. Na análise do caso concreto, vê-se que o requerido exprimiu seu


pensamento no exercício de sua função de Senador, no âmbito de discussões sobre CPI da
qual é presidente, tudo isso evidentemente em razão de seu mandato, caracterizando,
pois, as condições fáticas e jurídicas para a incidência da imunidade parlamentar.

37. O Poder Judiciário reafirma em inúmeros precedentes a relevância das


imunidades para a democracia. Sobre esse ponto, confira-se os seguintes julgados do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios:

CONSTITUCIONAL E CIVIL - DANOS MORAIS - DIREITO DE


PERSONALIDADE - DECLARAÇÕES PROFERIDAS POR
DEPUTADO - PUBLICAÇÃO - EXERCÍCIO DO MANDATO -
IMUNIDADE PARLAMENTAR - AUSÊNCIA DE ILICITUDE.

Age acobertado pela imunidade parlamentar, assegurada pelo art. 53 da


Constituição Federal, o deputado federal que, em entrevista
posteriormente divulgada pela imprensa, noticia fatos de interesse público
ocorridos no país e que estavam sendo apurados pela "CPI dos
Sanguessugas", da qual era integrante.

Tem-se, pois, que as declarações de que o réu participara de irregularidades


cometidas quando à frente da Secretaria de Inclusão Digital, foram
proferidas no exercício da função parlamentar, caso em que as palavras,
votos e opiniões decorrentes de tal mister, são resguardadas pelo
privilégio constitucional da inviolabilidade civil e penal. Mantém-se,
assim, a sentença combatida, não havendo falar em ofensa aos direitos de
personalidade, pois ausente qualquer conduta ilícita.8

______

APELAÇÃO CÍVEL. CONSTITUCIONAL, DIREITO CIVIL E


PROCESSUAL CIVIL. DANO MORAL. ATOS PRATICADOS POR
SENADOR. OFENSAS VEICULADAS PELA INTERNET.
IMUNIDADE PARLAMENTAR. ALCANCE DE LIMITAÇÕES. ATOS
PRATICADOS EM FUNÇÃO DO MANDATO LEGISLATIVO.

8
TJDFT, Acórdão nº 402203, APC nº 20060110848176APC, rel. Des. Sérgio Bittencourt, 4ª Turma Cível, DJE
25/1/2010.

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1. De acordo com a doutrina, a imunidade parlamentar não é um privilégio


concedido ao parlamentar pessoalmente; é uma garantia assegurada ao
Poder Legislativo, para que funcione livre de qualquer coação.

2. A jurisprudência assinala a necessidade de se distinguir as situações em que as


supostas ofensas são proferidas dentro ou fora do Parlamento. Para os casos em
que a ofensa é irrogada em plenário, a imunidade parlamentar material elide a
responsabilidade civil por dano moral independente de conexão com o mandato.

3. Considerando que a inviolabilidade visa garantir a independência dos


membros do parlamento para permitir o bom exercício da função e
proteger a integridade do processo legislativo, a proteção constitucional
diz respeito às manifestações, orais ou escritas, desde que motivadas pelo
desempenho do mandato (prática 'in officio') ou externadas em razão
deste (prática 'propter officium') (STF - AI 818.693/MT).

4. A exigência da "conexão como exercício do mandato ou com a condição


parlamentar" somente será necessária se as ofensas são irrogadas fora do
Parlamento (STF: INQ 390 e 1.710).

5. Tendo em vista que as manifestações do parlamentar veiculadas na


Internet estão relacionadas ao exercício do mandato, contendo um teor
político, e referem-se a fatos que estão sob o debate público, a conduta do
Senador está acobertada pela imunidade material constitucionalmente
assegurada.

6. Recurso conhecido e desprovido.9

______

CONSTITUCIONAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. (...) MÉRITO. VÍDEO
PUBLICADO EM REDE SOCIAL (FACEBOOK) POR DEPUTADO
DISTRITAL. INFORMAÇÃO SOBRE A PRÁTICA DE CRIME
IMPUTADO A CANDIDATO NAS ELEIÇÕES DE
2018. EXPRESSÕES COLOQUIAIS QUE NÃO SÃO CAPAZES DE
VIOLAR A HONRA DO CANDIDATO. MERO ABORRECIMENTO.
PALAVRAS PROFERIDAS SOB O MANTO DA IMUNIDADE
PARLAMENTAR. DENÚNCIA DE CRIMES QUE
POSTERIORMENTE CULMINARAM EM CONDENAÇÃO PENAL.
INFORMAÇÃO SOBRE ATOS PRATICADOS DENTRO DA EMPRESA
DO AUTOR. DANO MORAL NÃO CARACTERIZADO.

(...)
2. Expressões coloquiais e incisivas, dirigidas ao apelante em vídeo
produzido por Deputado Distrital, ao narrar denúncias recebidas acerca

9
TJDFT, Acórdão nº 1263268, 07134157320198070001, rel. Des. Carlos Rodrigues, 1ª Turma Cível, DJE
24/7/2020.

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de crimes praticados na empresa do autor, não se mostram suficientes


para atingir a honra a honra do indivíduo, na medida em que se
caracterizam aborrecimentos cotidianos não indenizáveis.

3. Conquanto o parlamentar não estivesse em plenário, atuava no nítido exercício


do cargo de Deputado Distrital, ao gravar o vídeo com a denúncia de crimes,
cuja prática foi posteriormente reconhecida por sentença penal prolatada em
primeira instância, respaldado, portanto, pela imunidade parlamentar
prevista no artigo 53 da Constituição Federal e no artigo 61 da Lei
Orgânica do Distrito Federal, circunstância que torna incabível o
acolhimento da pretensão indenizatória a título de danos morais.

4. Recurso de Apelação conhecido e não provido.10

______

CONSTITUCIONAL E CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANO


MORAL. MATÉRIA VEICULADA EM REVISTA DE CIRCULAÇÃO
RESTRITA. OBJETIVO. DIFUSÃO DE ATIVIDADES
PARLAMENTARES. DIFUSÃO EM SÍTIO ELETRÔNICO. DEPUTADO
FEDERAL. ATUAÇÃO POLÍTICA DIANTE OS FATOS ENFOCADOS
NA AÇÃO PENAL 470/STF ("PROCESSO DO MENSALÃO"). CUNHO
INFORMATIVO E DEFENSIVO. SIMPLES NARRAÇÃO DOS FATOS
SOB A ÓTICA DO PARLAMENATR ACUSADO. MANIFESTO DE
DEFESA PÚBLICA. FATOS REPORTADOS. AFETAÇÃO DE
SERVIDOR PÚBLICO INSERIDO NO DIFUNDIDO.
MANIFESTAÇÕES PROFERIDAS EM CONEXÃO COM O
EXERCÍCIO DO MANDATO E EM SUA CONSEQUÊNCIA.
IMUNIDADE MATERIAL PARLAMENTAR. INCIDÊNCIA. CAUSA
EXCLUDENTE DA ILICITUDE DO FATO. RESPONSABILIZAÇÃO
CIVIL. IMPOSSIBILIDADE. VEICULAÇÃO NA INTERNET. SIMPLES
REPRECUSSÃO DO DIFUNDIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. A prerrogativa da imunidade material contemplada pelo artigo 53, caput, da


Constituição Federal tem por escopo proteger os parlamentares por suas
opiniões, palavras e votos que tenham relação com o mandato eletivo,
independentemente do âmbito espacial em que são exteriorizados,
tornando inviável sua responsabilização civil por danos eventualmente
resultantes de suas manifestações em que haja exercido a liberdade de
opinião que lhes é resguardada, ante a ausência de caracterização típica.

2. A cláusula de inviolabilidade constitucional que obsta a responsabilização


penal e/ou civil do membro do Congresso Nacional por suas palavras, opiniões
e votos abarca, sob o véu protetor que recobre o mandato e seu exercício, além
das opiniões externadas no âmbito da Casa Legislativa, entrevistas jornalísticas,
a reprodução ou transmissão do conteúdo de pronunciamentos ou relatórios

10
TJDFT, Acórdão nº 1311526, 07208088320188070001, rel. Des. Nídia Corrêa Lima, 8ª Turma Cível, DJE
3/2/2021.

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produzidos no ambiente legislativo e as declarações ou opiniões externadas


pelo parlamentar que guardem vinculação com a atividade parlamentar,
pois, aliado ao fato de que se correlacionam e se qualificam como natural
projeção do exercício das atividades parlamentares, consubstanciam
simples exercício das prerrogativas e atribuições inerentes ao cargo
representativo.

3. A difusão de matéria em publicação de difusão das atividades do parlamentar


volvida à sua defesa e demonstração da lisura de sua atuação parlamentar,
notadamente quanto aos fatos reportados em ação penal instaurada em seu
desfavor por fatos praticados no exercício do mandato parlamentar,
inexoravelmente se compreende como ato conexo e decorrente da representação
popular, tornando o mandatário imune pelas opiniões e manifestações nela
contidas que alcançam servidor público enlaçado aos fatos reportados,
inviabilizando a responsabilização civil do parlamentar pelos atos e
opiniões externados como mandatário popular.

4. Apurado que as manifestações de opinião expressadas no reportado,


conquanto contendo imputações reputadas ofensivas a agente público,
traduzem simples pronunciamento defensivo conexo com as atividades
praticadas por parlamentar no exercício do mandato político, ou em
consequência direta do mandato, são alcançadas pela prerrogativa
constitucional da imunidade material parlamentar, restando obstado sua
qualificação como ato ilícito e fato gerador do dano moral, desarticulando
o implemento do silogismo delineado pelo artigo 186 do Código Civil
indispensável à germinação da responsabilidade civil. (...)11

38. Vê-se que o TJDFT reafirma a intenção da Constituição, atribuindo-lhe


máxima efetividade, e, com isso, protege a representação popular.

39. Em casos análogos ao dos autos, o Supremo Tribunal Federal decidiu


pelo afastamento da responsabilidade civil dos parlamentares. Veja-se:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.


IMUNIDADE PARLAMENTAR. IMPROVIDO.

I – Incide a imunidade parlamentar prevista no art. 53 da Constituição


quando as opiniões expressadas por deputado estadual, supostamente

11
Acórdão nº 857609, 20140110453263APC, rel Des. Teófilo Caetano, 1ª Turma Cível, DJE 30/3/2015.

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ofensivas à honra de terceiro, são pronunciadas em circunstâncias


relacionadas às atividades de mandatário político por ele exercidas.

II - Agravo regimental improvido.12

______

EMENTA: DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AGRAVO


INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AÇÃO
DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. ART. 53, CAPUT, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IMUNIDADE PARLAMENTAR. DELITO
DE OPINIÃO. EXERCÍCIO DA ATIVIDADE POLÍTICA. NEXO DE
CAUSALIDADE. COMPROVAÇÃO. CARÁTER PROTELATÓRIO.
IMPOSIÇÃO DE MULTA.

1. O Supremo Tribunal Federal entende que a imunidade material prevista


no art. 53 CF/88 incide quando comprovado nexo de causalidade entre a
prática de delito de opinião imputado ao parlamentar e o exercício da
atividade política. Precedentes.

2. Nos termos do art. 85, § 11, do CPC/2015, fica majorado em 25% o valor da
verba honorária fixada anteriormente, observados os limites legais do art. 85, §§
2º e 3º, do CPC/2015.

3. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no


art. 1.021, § 4º, do CPC/2015.13

40. No mesmo sentido se pronuncia o Superior Tribunal de Justiça:

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR ALEGADO DANO MORAL.


DEPUTADO ESTADUAL. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO DA
IMUNIDADE PARLAMENTAR. POSSIBILIDADE. MATÉRIA DE
ORDEM PUBLICA. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.

1. A imunidade material, também denominada "inviolabilidade


parlamentar", é preceito de ordem pública, prevista no artigo 53, caput,
da Constituição Federal, e "exclui a possibilidade jurídica de
responsabilização civil do membro do Poder Legislativo, por danos
eventualmente resultantes de suas manifestações, orais ou escritas, desde
que motivadas pelo desempenho do mandato (prática "in officio") ou

12
RE nº 577785 AgR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, DJe 18/02/2011.
13
ARE nº 986058 AgR, rel. Min. Roberto Barroso, 1ª Turma, DJe 15/12/2016.

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externadas em razão deste (prática "propter officium"). Precedente da


Suprema Corte no AI 473092/AC, Min. Celso de Mello.

2. A imunidade parlamentar pode ser reconhecida de ofício pelo órgão julgador,


ainda que não suscitada pela parte, inexistindo, nesse contexto, violação ao artigo
515 do CPC.

3. Recurso especial não provido.14

41. Vê-se claramente que o Senador agiu dentro das balizas e em


conformidade com as atribuições de seu cargo. Cada ato parlamentar, tal como o
presente – a manifestação de uma opinião por meio de palavras para a imprensa
livre –, embora abstratamente garantido o direito de ação, não pode ficar sujeito à
revisão de outro Poder, sob pena de malferimento da cláusula pétrea da separação
dos poderes e de se assoberbar, mais ainda, o Poder Judiciário com excessiva
litigiosidade.

42. Consoante a jurisprudência consolidada dos tribunais brasileiros, a


imunidade parlamentar exclui a ilicitude da conduta, caindo por terra uma das bases da
responsabilização civil, como se verá mais adiante. A opinião ou palavra do parlamentar
não é contrária ao Direito, mas sim albergada pelo ordenamento jurídico.

43. Por tais motivos, e considerando-se o evidente nexo entre as


considerações tecidas durante a entrevista e o exercício de funções de Senador, incide a
imunidade parlamentar, não se podendo cogitar de responsabilização civil, como ora se
requer.

14
REsp nº 734.218/PB, rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, DJe 05/09/2011.

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III.2. DO PODER-DEVER DE FISCALIZAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO E DE CADA


SENADORA E SENADOR.

44. As palavras do Senador destacadas pela petição inicial apenas demonstram


que o Senador agiu no âmbito de seu poder-dever de fiscalização como
representante popular.

45. Tem-se o fato, não negado pela autora (ao contrário, confirmado),
de que ela passou antecipadamente a senadores perguntas para serem feitas a ela –
na qualidade de testemunha e portanto sob pena de cometer do delito de falso
testemunho previsto no art. 342 do Código Penal –, fato este que foi criticado pelo
Senador requerido em matéria jornalística como ação ilegal.

46. Imagine Vossa Excelência – com todas as vênias de estilo – se uma


testemunha entrega perguntas a Vossa Excelência e pede para que as pergunte a
ela, em um depoimento como testemunha, seja em uma audiência cível ou criminal.
Como Vossa Excelência caracterizaria essa conduta?

47. Note-se que a autora desta demanda era (ou ainda é) Secretária do
Ministério da Saúde, segundo escalão do governo federal abaixo apenas do ministro
de Estado da Saúde, e portanto é servidora pública para todos os fins penais,
consoante o art. 327 do CP.

48. Desde a sua origem, o Parlamento nasce para fiscalizar o poder


monárquico e, modernamente, para fiscalizar o Poder Executivo. É uma questão
lógica e imanente à tripartição de funções estatais: ao poder que incumbe elaborar as
leis, incumbe fiscalizar aquele poder ao qual cabe aplicar as leis.

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49. Se uma senadora ou um senador enxerga um indício de problema


no Poder Executivo, ou outros órgãos, tem o dever de apontá-lo. E por esse e outros
fatores se justifica a imunidade parlamentar, pois a/o parlamentar tem o dever de falar, de
provocar a ação da sociedade, de outros órgãos, da imprensa livre etc.

50. Esse dever se acentua no espectro de uma CPI, comissão de


envergadura constitucional para investigar fatos, com as prerrogativas (salvo aquelas
que contam com a chamada reserva de jurisdição) próprias das autoridades judiciais. A
crítica do Senador à conduta da testemunha, ora autora, se deu, obviamente, em
razão de seu mandato e no exercício da sua atividade parlamentar como presidente
da CPI.

51. Nesse contexto de dever fiscalizatório, retomando ideias quanto à


imunidade parlamentar, mister se faz ter em mente a magistral doutrina de Virgílio Afonso
da Silva, professor titular de Direito Constitucional da Faculdade de Direito do Largo de
São Francisco:

Para garantir a autonomia dos membros do Congresso Nacional, a Constituição


garante a eles aquilo que se convencionou chamar de imunidades parlamentares. A
principal delas, adotada praticamente em todas as democracias
representativas, ainda que com algumas variações em seu escopo, é a imunidade
material ou substancial, muitas vezes também chamada de inviolabilidade
parlamentar. A inviolabilidade parlamentar está intimamente ligada à liberdade de
expressão.
(...)

No Brasil, há pouca controvérsia sobre a extensão dessa proteção. Literatura


constitucional e jurisprudência do STF convergem em grande medida para
duas regras: (1) opiniões, palavras e votos proferidos no Congresso
Nacional são protegidas de forma absoluta; (2) opiniões e palavras
proferidas fora do Congresso Nacional somente são protegidas se tiverem
relação com o exercício da função parlamentar; se tiverem, a proteção é
absoluta também; (...)

(...) é preciso indagar por que deputados e senadores devem gozar de uma
proteção que não é garantida aos demais cidadãos. De modo ainda mais direto,

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é possível indagar por que deputados e senadores podem injuriar, caluniar e


difamar outras pessoas, se os demais cidadãos estão sujeitos a punições por atos
idênticos. A resposta a essas perguntas não é complexa, ainda que possa ser
controversa. E ela se baseia em um raciocínio que vale para a proteção da
liberdade de expressão em geral, não apenas para a liberdade de expressão de
deputados e senadores.

O raciocínio é o seguinte: qualquer restrição à liberdade de expressão (e


também à liberdade de imprensa) tem efeitos não apenas para a situação
na qual essa liberdade foi restringida, mas para o livre fluxo de ideias e
opiniões em geral. Quanto mais frequentemente essas restrições ocorrem e
quanto maior é o número de situações que elas atingem, maior também
será o seu principal efeito colateral: intimidar a livre expressão do
pensamento (art. 5º, IV) e esfriar o livre debate. Ou seja, os efeitos das
restrições não atingem apenas aqueles e aquelas que tiveram sua liberdade
restringida, mas também aquelas e aqueles que, no futuro, deixarão de
expressar o que pensam por receio de punição.

E, se restrições à liberdade de expressão em geral podem ter efeitos


negativos na democracia, ainda maiores são os riscos se essas restrições
ocorrem no órgão central da democracia representativa, o Congresso
Nacional. Uma das formas mais eficazes de calar a oposição é a ameaça de
punição a opiniões, palavras e votos. A previsão de uma inviolabilidade
parlamentar visa, portanto, a evitar o esfriamento do livre debate e a
intimidação da oposição. Para que essa garantia seja de fato robusta, ela
é absoluta.
(...)

Para que deputados e senadores não tenham que, a cada momento, refletir
se podem ou não fazer determinada crítica ou se determinada opinião
sobre alguém é contundente demais, aceita-se, de antemão, que eles podem
expressar qualquer ideia ou opinião que quiserem”.15

52. Após essa necessária digressão doutrinária, que muito deve ser grifada e
lembrada, voltemos ao Fato 2: a afirmação de que a autora não teria condições morais
para compor o Ministério da Saúde, totalmente albergada pela imunidade
parlamentar e no mais legítimo dever de crítica e fiscalização inerente ao mandato
legislativo.

15
SILVA, Virgílio Afonso da. Direito Constitucional Brasileiro. São Paulo: Edusp, 2021, p. 434-435, grifos
nossos.

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53. Vê-se que o Senador tem o dever de avaliar publicamente os órgãos


e servidores públicos que integram a Administração Pública. Sua liberdade de
expressão serve à sociedade. Ele pode e deve avaliar, moral e tecnicamente, quem
ele entenda necessário.

54. No caso, diante da avalanche de informações que tem como presidente de


uma CPI, muito mais informações do que a população em geral, pode e deve criticar algo
que entenda sem embasamento e, sem entrar nesse mérito, criticar alguém que propaga
informações, segundo a própria petição inicial no parecer que colaciona (páginas 13-
14), de “que não existe até o momento nenhum trabalho que comprove o benefício
do uso da droga para o tratamento da COVID-19”, devendo ser explicados “os efeitos
colaterais possíveis”.

55. É de costume que parlamentares se manifestem favorável ou


contrariamente às pessoas indicadas para ocupar cargos públicos de livre nomeação e
exoneração. Os órgãos públicos têm código de ética, inclusive a Presidência da
República. O Senador teceu crítica pública e embasada – lembrando que a
testemunha, ora autora – tinha encaminhado perguntas para sua própria inquirição.
Novamente, indaga-se: essa postura é amparada por lei? Essa postura deve ser moralmente
aceita?

56. Note-se que estamos cingindo a discussão ao que está nos autos (quod non
est in actis non est in mundo) e – sem adentrar na celeuma quanto à droga em questão, celeuma
ampla e mundialmente superada sabe-se para qual lado – não foi trazido qualquer estudo
científico que embasasse a opinião veiculada. Quem manifesta opiniões e quem age
publicamente, dentro ou fora de cargos públicos, fica sujeita a críticas, sejam elas de
cunho moral ou não.

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57. Nesse aspecto, verifique-se que o Senador requerido sofre várias críticas,
de cunho moral ou não, na petição inicial. Fala-se – sem apontar conduta concreta (no
Doc. 4, juntamos aos autos a transcrição do inteiro teor da reunião da CPI do dia
25/05/2021 na qual houve a inquirição da testemunha autora e indicamos para
visualização da íntegra da reunião no link
http://www12.senado.leg.br/multimidia/eventos/2021/05/25 ) – em misoginia,
rotulações (como “Capitã Cloroquina”, algo nunca mencionado pelo Senador, mas sim pela
imprensa livre, essencial à democracia e crítica por natureza), investigações,
cometimento de crime, quebra de decoro etc.

58. Ela não quer ser julgada moralmente (e tecnicamente) pelos representantes
da sociedade e pela própria sociedade, mas leva ao Judiciário seus julgamentos morais,
fazendo imputações falsas.

59. Aqui, evidente que caberia reconvenção. Há ofensas ao Senador. Há


menoscabo a instituições públicas, à CPI e ao Judiciário.

60. Mas o Senador da República sabe dos ônus de ocupar cargo público
e se submente ao direito de crítica, fundado na liberdade do pensamento e
expressão. Ao contrário da autora que parece não suportar a crítica fundamentada
e pública da sociedade, da imprensa e dos representantes eleitos e leva seu
questionável discurso ao Judiciário.

61. Ao que parece, requerente tenta contaminar os trabalhos da CPI e


enfraquecer eventuais futuras ações judiciais que possa vir a sofrer pelo Ministério Público.
O Poder Judiciário não pode servir de instrumento para esse desiderato, menos ainda por
meio de uma demanda com causa de pedir insustentável como a presente e com um valor

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que salta aos olhos de tão exagerado e totalmente dissociado da realidade judiciária
brasileira.

62. Assim, esta frágil demanda judicial não merece prosperar. O Senador
respeitosamente assim requer e, ao final, espera. E o Senador não se servirá do
Judiciário para apresentar reconvenção contra as ofensas irrogadas pela autora e prolongar
outras importantes questões de saúde pública que tem seu foro de debate instituído, a CPI,
na instituição mais antiga da República, o Senado Federal.

III.3. BREVES ESCLARECIMENTOS FÁTICOS: A) A ENTREGA DE PERGUNTAS PELA


TESTEMUNHA; B) A IDA DA TESTEMUNHA A MANAUS; C) O APELIDO “CAPITÃ
CLOROQUINA”.

III.3.A.

63. O primeiro fato é a já mencionada entrega de perguntas a senadores


integrantes da CPI, conduta da testemunha, ora autora, que foi criticada pelo Senador
requerido. Tal fato é incontroverso, como já esclarecido. Mais uma vez, lembremos de
hipótese análoga: uma/um Juíza/Juiz de Direito procederá ao interrogatório de
testemunha, porém, esta lhe encaminha as perguntas. Ocorreria qual consequência jurídica
imediata, algum tipo de repreensão, prisão em flagrante, ou outra consequência?

III.3.B.

64. O segundo fato é a ida de MAYRA PINHEIRO a Manaus, quando a cidade


estava sem oxigênio para os pacientes de Covid, fato público e notório. Observe-se que o
Senador requerido é do Estado do Amazonas e preocupou-se com a situação, que foi
amplamente debatida na reunião de inquirição da testemunha e amplamente debatida na

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imprensa e na sociedade, podendo haver concordâncias ou discordâncias, críticas ou


elogios.

65. Sabe-se, ademais, que MAYRA PINHEIRO responde à ação de improbidade


administrativa sobre esses fatos, o que subsidiou a concessão de habeas corpus para que
pudesse permanecer em silêncio para não produzir prova contra si.

66. Como atesta a ata da reunião da CPI de inquirição da testemunha (Doc.


4), foi intenso o debate sobre o tema. Debate esse importante para a sociedade e que pode
gerar, como dito, críticas ou elogios.

67. Se críticas foram feitas pelo Senador a algum ou a alguma servidora


pública ou órgão público, preocupado com a população, foram feitas não somente
no âmbito da imunidade parlamentar, mas também na sua liberdade do exercício
do mandato e no poder-dever de fiscalização.

68. Não vamos adentrar às minúcias do fato, até porque não mencionado na
petição inicial. Foi um acontecimento complexo e a discussão ocorrida na reunião da CPI
é acessível a toda população e juntada nos presentes autos (Doc. 4.
http://www12.senado.leg.br/multimidia/eventos/2021/05/25 ).

69. Mas vejamos parte do que foi noticiado pela imprensa brasileira,
cumprindo o seu papel na democracia.

70. A primeira matéria, do “Portal R7” (Doc. 5),16 pontua, além de outras
coisas, que a Secretária alegou ter sido notificada no dia 08/01/2021, e não no dia 10, sobre

16
https://noticias.r7.com/brasil/mayra-contradiz-pazuello-sobre-manaus-e-defende-isolamento-25052021.
Acesso em: 24 ago. 2021.

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a escassez de oxigênio em Manaus. Registra que ela é “conhecida como ‘capitã cloroquina’”
e que defende medicamento “apesar da falta de estudos científicos que mostrem eficácia”.

71. A segunda matéria, do “SBT News” (Doc. 6),17 expõe que a servidora
pública é investigada pelo Ministério Público Federal no Amazonas em apuração sobre uso
de tratamento precoce. Consta da reportagem que o general Eduardo Pazuello “acusou
Mayra de ter idealizado e lançado o TrateCov no Amazonas, plataforma desenvolvida pela
Saúde para auxiliar médicos a prescreverem cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina a
todos os tipos de pacientes diagnosticados com covid-19”. Registra ainda que “Em
depoimento ao MPF, Mayra defendeu o uso do "kit covid" e confirmou que ela foi a
responsável pela comitiva que enviou médicos ao estado para difundir o uso da cloroquina
como tratamento precoce contra o novo coronavírus”. Por fim, explica que foi candidata à
senadora, em 2018.

72. Na terceira reportagem, do “Estado de Minas” (Doc. 7), 18 fala-se que


“Mayra comandou ações da Saúde nacional em Manaus pouco antes de a cidade sofrer por
causa do desabastecimento de oxigênio. Ao MPF, segundo documentos obtidos por ‘O
Globo’, a médica confirmou ter visitado hospitais em prol da difusão do ineficaz tratamento
precoce, chamado de ‘kit COVID-19’. Além da cloroquina, o coquetel de medicamentos
tem substâncias como o vermífugo ivermectina”. A reportagem afirma ainda que “Nas
redes, Mayara age como política” e que “Algum tempo depois do pleito de 2018, Mayra
deixou os quadros tucanos e passou a pertencer ao partido Novo. Lá, chegou a ser ventilada
como possível componente de chapa para disputar a prefeitura de Fortaleza. A legenda,
porém, não participou da corrida eleitoral”.

17
https://www.sbtnews.com.br/noticia/congresso/168793-capita-cloroquina-sera-questionada-sobre-imunidade-
de-rebanho-em-cpi. Acesso em: 24 de ago. 2021.
18
https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/05/24/interna_politica,1269765/cpi-capita-cloroquina-
criticou-restricoes-e-tinha-ma-fama-na-saude.shtml. Acesso em: 24 de ago. de 2021.

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73. Por fim, como quarta matéria, da “BBC News” e “Folha de S. Paulo”
(Doc. 8),19 tem-se que “No dia 10 de janeiro, quando a comitiva do Ministério da Saúde
estava no Estado, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), anunciou que a situação
era ‘dramática’ e pediu apoio ao governo federal para transporte de cilindros de gás de
outras regiões do Brasil”.

74. Narrando os fatos, prossegue: “No dia seguinte, porém, Pinheiro lançava
em Manaus, ao lado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a plataforma TrateCov e
promovia como solução para redução das internações de pacientes com coronavírus o
‘tratamento precoce’.” Ainda, que “A secretária esteve na cidade antes, no dia 4 de janeiro,
como representante do ministério para ‘alinhar ações de fortalecimento da pasta, para o
enfrentamento da Covid-19 no Amazonas’, segundo registros da sua agenda oficial. Apesar
do iminente desabastecimento de oxigênio, a principal resposta liderada pela secretária à
crise foi promover o uso de medicamentos sem eficácia”. No trecho seguinte, a reportagem:
“Segundo Pazuello disse à CPI na semana passada, o TrateCov foi desenvolvido por
sugestão de Pinheiro com o propósito de auxiliar médicos no diagnóstico e tratamento da
Covid-19. Na prática, o aplicativo recomendava o coquetel de medicamentos sem eficácia
indiscriminadamente, até mesmo para bebês”.

75. Em suma, o assunto é complexo. Fato é que qualquer crítica feita pelo
Senador requerido foi feita como dever de cidadão e de representante popular,
especialmente do Estado do Amazonas.

19
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/quem-e-mayra-pinheiro-a-capita-cloroquina-secretaria-do-
ministerio-da-saude-que-depoe-nesta-terca.shtml. Acesso em: 24 ago. 2021.

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III.3.C.

76. Como se pode observar das reportagens anexas, o apelido “capitã


cloroquina” foi largamente utilizado pela imprensa livre nacional, nas redes sociais,
aparentemente em razão da bandeira defendida publicamente pela testemunha/autora, e
não foi criado pelo Senador requerido, não podendo ser-lhe imputada qualquer
responsabilidade a esse respeito.

III.4. RESPONSABILIDADE CIVIL NÃO CARACTERIZADA.

77. Malgrado a inequívoca impossibilidade de responsabilização do requerido,


em virtude do insculpido no art. 53 da Constituição Federal, que estabelece a imunidade
dos senadores e deputados por suas palavras, votos e opiniões, como acima demonstrado,
faz-se necessária explanação acerca não caracterização da responsabilidade civil no caso.

78. O dever de indenizar extracontratual surge a partir do preenchimento dos


seguintes pressupostos: i) conduta humana, comissiva ou omissiva; ii) dolo, sendo a
violação intencional do dever jurídico com o objetivo de prejudicar a outrem, ou culpa
(salvo previsão legal de responsabilidade objetiva); iii) o nexo de causalidade entre a
conduta e o dano; e iv) o dano ou prejuízo sofrido.

79. Nas palavras de um dos principais autores sobre o tema, Sergio Cavalieri
Filho, a responsabilidade subjetiva tem os seguintes pressupostos: “Há primeiramente um
elemento formal, que é a violação de um dever jurídico mediante conduta voluntária; um

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elemento subjetivo, que pode ser o dolo ou a culpa; e, ainda, um elemento causal-material,
que é o dano e a respectiva relação de causalidade”.20

80. Conforme se demostrará, a requerente não demonstrou a ocorrência dos


elementos supramencionados, limitando-se a elucubrar causas e consequências genéricas e
sem respaldo realístico. Ou seja, não se pode cogitar, isolada ou concomitantemente, de
violação de dever jurídico, de intenção de lesionar, de vínculo fático inexorável entre a ação
e o suposto dano, tampouco de dano propriamente dito.

III.4.a – Conduta irrelevante e ausência de nexo causal.

81. O primeiro elemento capaz de ensejar a responsabilidade civil é a conduta


humana e voluntária, seja ela omissiva ou comissiva, voltada à prática de dano a outrem.
Deve a conduta ser determinante na ocorrência da lesão ao direito. Como cediço, essa
conduta deve ser contrária ao Direito e, como demonstrado, a imunidade parlamentar
exclui, de plano, por norma constitucional, a conduta ilícita.

82. O segundo, denominado nexo causal, por seu turno, se revela como
elemento imaterial ou virtual da responsabilidade civil, constituindo relação de causa e
efeito entre a conduta e o dano suportado.

83. Dessa forma, “para que se concretize a responsabilidade civil é


indispensável que se estabeleça uma interligação entre a ofensa à norma e o prejuízo sofrido,

20
FILHO, Sergio Cavalieri. Programa de responsabilidade civil. São Paulo: Atlas, 2012, p. 19.

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de tal modo que se possa afirmar ter havido o dano ‘porque’ o agente procedeu contra o
direito”.21

84. Na apuração do nexo de causalidade, a doutrina e jurisprudência adotam


a teoria da causalidade adequada, pela qual se deve identificar, na presença de uma possível
causa, aquela que, de forma potencial, gerou o evento dano. Isto é, somente o fato/conduta
relevante ao evento danoso gera o dever de reparação.

85. Aqui, ao contrário do defendido na inicial, a conduta do requerido é


irrelevante (não ilícita), visto que ele teceu mero comentário sobre aspecto profissional da
requerente, que, vale ressaltar, era de conhecimento público e passível de críticas públicas.
Dito isso, se a conduta é juridicamente irrelevante, não há dano, e, consequentemente, não
há nexo causal. Não liame possível entre uma conduta perfeitamente albergada pelo Direito
e um suposto dano, que, como se verá, não ocorreu.

86. Logo, evidente que ausentes os pressupostos da conduta e do nexo de


causalidade.

III.3.b – Ausência de demonstração do dolo. Pressuposto subjetivo não


caracterizado.

87. De outra parte, a responsabilidade civil dos particulares, ao contrário do


que acontece com o Estado, é subjetiva, ou seja, pressupõe a presença de dolo, ou ao menos
culpa, na conduta. Em outras palavras, é necessário que o agente aja com o intuito de

21
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil de acordo com a Constituição Federal de 1988, 5ª
Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1994, p. 75.

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ofender o outro ou que permita a ocorrência do dano, circunstância que não se vê no caso
em exame.

88. Na inicial, de acordo com a requerente, o dano se daria, sobretudo, pelo


fato de o Senador ter dito em entrevista que ela não teria condições morais para continuar
integrando o Ministério da Saúde, em razão de fatos descobertos dentro da aludida CPI.

89. Todavia, tal afirmação, por si só, não é capaz de demonstrar o dolo do
requerido, que, em sua função legislativa, apenas ressaltou fato que já era de conhecimento
público, a saber, o conteúdo do vídeo exposto. Para a aferição do liame volitivo em ofender
a honra do outro é necessário muito mais que isso.

90. Eventuais críticas à atuação dos integrantes do Executivo fazem


parte do cotidiano dos parlamentares, os quais são representantes do poder popular.
Com efeito, os deputados e senadores ocupam posição privilegiada em relação ao restante
da população, na qual têm a oportunidade de presenciar a conduta dos agentes públicos,
possuindo, portanto, o dever de informação, da mesma forma que se submetem ao
princípio da publicidade.

91. Outrossim, não se pode ignorar a polêmica envolvida no caso, visto que
as partes participam de CPI destinada à apuração de ilícitos durante a pandemia, tema que
chama atenção e opiniões em âmbito nacional.

92. Ocorre que, discutir ou tecer comentários acerca de assuntos polêmicos,


sobretudo aqueles com conteúdo político e que dizem respeito às partes envolvidas, passa
longe de qualquer ilicitude, pois a função do parlamentar é justamente travar embates sobre
temas de relevância pública, como se deu in casu.

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93. Com alicerce em tais razões, não se vislumbra a presença do essencial


elemento subjetivo – dolo ou culpa – para se cogitar de responsabilização civil e,
por isso agrega-se – além da incidência da imunidade material – mais uma razão para o
indeferimento do pedido de reparação de danos morais, como ora se requer.

III.3.c – Da ausência de provas acerca do suposto dano moral causado.

94. Como já relatado, a requerente afirma que o Senador teria proferido


ofensas à sua imagem durante entrevista ao veículo eletrônico de informações UOL, que
veiculou seu apelido como “Capitã Cloroquina”, bem como o acusa – sem provas – de
vazar informações sigilosas, incorrendo em crime de desobediência.

95. Ocorre que a requerida, embora alegue a ocorrência de dano moral, não
se desincumbiu do ônus de comprovar suas alegações.

96. O art. 373, I, do Código de Processo Civil prevê que o ônus da prova
incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito. A mens legis é simples, a
parte que alega deve se valer dos meios necessários para convencer o julgador da veracidade
de suas alegações, uma vez que é a maior interessada no seu acolhimento.

97. A doutrina esclarece que:

As partes têm o direito de demonstrar a veracidade dos fatos alegados, bem como
o direito de ver analisadas, pelo magistrado, as provas produzidas no processo.

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[...] Da leitura do art. 373, pode-se visualizar que o Código estabelece,


aprioristicamente, a quem compete a produção da prova. Regra geral, ao autor
cabe provar os fatos constitutivos de seu direito e ao réu incumbe provar os fatos
impeditivos, modificativos e extintivos do direito do autor.22

98. O TJDFT já dispôs que “o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao


fato constitutivo do seu direito e ao réu quanto à existência de fato impeditivo, modificativo
ou extintivo do direito da parte autora, conforme a regra expressa do artigo 373 do Código
de Processo Civil”.23

99. Contudo, embora exista previsão legal para tanto, a requerente não
empreendeu nenhum esforço para tentar comprovar o suposto dano sofrido.

100. Ademais, de acordo com a jurisprudência pacífica desse TJDFT, não é


suficiente para a configuração do dano moral a existência de mero desconforto,
aborrecimento ou frustração que são, infelizmente, comuns na vida cotidiana e nas relações
sociais, sob pena de banalização do instituto. É necessário identificar no caso concreto
agressão capaz de causar sofrimento e humilhação intensos, aptos a ferir o
equilíbrio psicológico do indivíduo em magnitude e tempo desarrazoados.24

101. Como visto, a autora é servidora pública e já foi candidata a cargos


eletivos e, assim, acostumada com debates candentes e públicos.

102. A autora está sujeita à crítica pública da sociedade e dos demais agentes
públicos. Qualquer pessoa que assume cargo público sabe disso. Mais uma vez, convida-

22
DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil, 20ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2017, p.
646.
23
Acórdão nº 1357639, 07061708420198070009, rel. Des. Simone Lucindo, 1ª Turma Cível, DJE: 4/8/2021.
24
Acórdão nº 1341754, 07347264120208070016, rel. Des. Fabrício Fontoura, 5ª Turma Cível, DJE: 9/6/2021.

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se para análise da transcrição integral da reunião da CPI de 25/05/2021, com todas


as falas do Senador Presidente da CPI, que a presidiu – como de costume – com
ética e zelo, impessoalidade, moralidade e publicidade. O vídeo da sessão, como já
mencionado, está integralmente disponível em:
http://www12.senado.leg.br/multimidia/eventos/2021/05/25.

103. Isto posto, demonstrada está a total improcedência das alegações da


requerente.

a) Ausência de ofensas perpetradas em veículo de imprensa.

104. Para uma melhor elucidação da controvérsia, faz-se oportuno trazer à


colação trecho da entrevista onde supostamente foram perpetradas as ofensas (ID nº
98521896, p. 3):

A doutora Mayra não tem mais condições morais para continuar dentro do
Ministério da Saúde. De ponto de vista técnico eu já sabia há muito tempo que
ela não tinha condições. Agora, questões morais. Até porque se eu fosse um dos
senadores que entrou na pegadinha de fazer pergunta, tocar a bola pra ela, eu
exigiria que ela fosse exonerada imediatamente.

105. Ao contrário do afirmado pela requerente, a conduta do Senador em


afirmar que MAYRA, na posição de Secretária do Ministério da Saúde, não teria condições
morais para continuar ocupando o cargo, ocorreu sem que fosse proferida uma única
ofensa. Não se pode cogitar de dano moral na situação criticada, coincidentemente,
do ponto de vista moral: a autora enviou a senadores as perguntas que gostaria que
fossem feitas a ela. Com isso, o Senador requerido critica até mesmo senadores que caíram
nessa “pegadinha” e foi enfático que, se fosse com ele, a teria demitido. E o Senador

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requerido teve a coragem, cumprindo o seu dever, de trazer à baila tais fatos graves
e criticá-los.

106. Ademais, o Congresso Nacional, por suas Casas e por consequência seus
integrantes, tem o poder-dever de fiscalizar os atos do Poder Executivo e isso inclui,
também, os seus membros. Tal atribuição está expressamente prevista no art. 49, X, da
Constituição Federal: “É da competência exclusiva do Congresso Nacional: X -
fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder
Executivo, incluídos os da administração indireta”.

107. Diferente seria, por exemplo, se o requerido tecesse ofensas específicas e


individualizadas, fora do âmbito político, contra a requerente.

108. Ainda sobre esse ponto, a requerente afirma na inicial que o requerido
teria “vazado” vídeo privado, no qual ela apareceria combinando perguntas a serem feitas
em seu depoimento, e que assim teria cometido crime de desobediência.

109. Ocorre que, na mesma entrevista indicada na inicial, consta a informação


de que o aludido vídeo teria sido obtido pelo veículo de informação Intercept Brasil, sem,
contudo, constar a informação de quem disponibilizou o conteúdo. Ou seja, a requerente
acusa o Senador de compartilhar informações sigilosas, mas não fala de que forma, quando
ou por meio do que o requerente teria feito isso.

110. Em outras palavras, a requerente usa o Judiciário para fazer comunicação


falsa de crime e tentar induzi-lo em erro para tentar lastrear suas alegações.

111. Fato é que, para o objeto desta demanda, não se pode cogitar de ofensas
para os fins jurídicos de caracterizar dano moral.

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b) Suposto delito de desobediência por vazamento de informações sigilosas.

112. Além das supostas ofensas veiculadas na entrevista dada ao UOL, a


requerente afirma que o requerido teria cometido o delito de desobediência, em razão do
compartilhamento de informações pessoais, cujo sigilo já teria sido decretado pelo Supremo
Tribunal Federal.

113. Na inicial consta que “optou o Requerido por bisbilhotar a sua vida privada
[referência à autora], quebrando-lhe o sigilo telefônico para devassar sua intimidade, sem sequer respeitar
ordem judicial expressa e o Código Penal” (ID nº 98521896, p. 11).

114. Afirma nesse sentido, que o requerido, na Presidência da CPI, “repassou


material que deveria ser mantido em rigoroso sigilo, à mídia nacional para maximizar a ofensa à sua honra
e à sua dignidade” (ID 98521896, p. 5).

115. Contudo, como já explicado no subtópico anterior, não há comprovação


de que o Senador compartilhou o vídeo em comento, e a requerente não se esforçou sequer
para tentar demonstrar sua autoria.

116. Em verdade, ao que parece, é o intuito desesperado da inicial em imputar


a reponsabilidade de divulgação de qualquer fato vexatório ao requerido, sem, contudo,
instruir minimamente os autos com documentos que comprovem suas alegações.

117. Nesse sentido, diferente do Senador que é acobertado pelo manto da


imunidade parlamentar, pessoas fora da seara política podem ser processadas pelo delito de
calúnia, quando imputam fato definido como crime a agente público no exercício das suas
funções que sabe ser inocente, nos temos do art. 138 do Código Penal, além do já
mencionado crime do art. 340 do CP, ambos de ação penal pública.

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118. Logo, não há que se cogitar a responsabilização do requerido apenas com


base em conjecturas e ilações acerca de vazamento de vídeo sigiloso que, repita-se, não tem
autoria confirmada. Como dito, o ônus de instruir os autos com todos os
documentos/informações para o efetivo deslinde da controvérsia é da autora, e, não tendo
a requerente o feito, é caso de improcedência do pedido.

c) Apelido “Capitã Cloroquina” que não é de autoria do requerente e que não


foi falado por ele. Ausência de machismo na conduta do requerido.

119. Igualmente incoerente a intenção de classificar a conduta do requerido


como misógina em razão do apelido “Capitã Cloroquina”. Primeiro, ele não o falou, o que
afasta a conduta como elemento primordial para a responsabilidade civil.

120. Segundo porque o apelido é amplamente difundido por toda a mídia, não
sendo de autoria do requerente, visto que há matérias e reportagens utilizando o termo
antes mesmo do início da CPI, que se deu em 27/04/2021, conforme se vê das imagens
colacionadas abaixo:

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121. Como já dito, na reportagem indicada na inicial (ID nº 98521910, p. 1),


não há fala do Senador se referindo à requerente como “Capitã Cloroquina”, pelo
contrário, a expressão é utilizada no título das matérias, não podendo tal ato ser
atribuído ao requerido. Há centenas de matérias jornalísticas que utilizam a expressão.

122. Para além disso, não se verifica misoginia nas falas do requerido. Não se
ignora a necessidade de proteção à mulher em todos os âmbitos de convívio social, contudo
é necessário cuidado ao classificar qualquer conduta como misógina. Isso porque, caso
assim se entenda, qualquer crítica feita à mulher será considerada como ato de machismo,
o que ocasionaria total subversão do sistema jurídico.

123. Dos argumentos lançados na inicial não se vê nenhum comentário do


requerido que faça referência ao gênero da requerente, ou, ainda, que a menospreze pelo
fato de ser mulher. As falas do Senador se limitam unicamente a críticas à postura e
às condutas profissionais de MAYRA, o que poderia ser feito em face de qualquer outra
pessoa, homem ou mulher.

124. Isto posto, tem-se que não é suficiente, para a caracterização do dano
moral, alegações genéricas sobre supostas ofensas proferidas e sobre aventado machismo,
que, diga-se de passagem, não foram comprovadas.

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125. A título ilustrativo, confira-se os seguintes julgados do TJDFT ao afastar


a ocorrência de dano moral:
(...)
1. Havendo lesão injusta a um bem jurídico tutelado pelo direito, surge o dever
de reparar o dano, por intermédio da responsabilidade civil, que deve ser aferida
por seus três elementos: conduta ilícita comissiva ou omissiva, dano e nexo
causal.

2. Para a configuração do dano moral, é necessária, no caso do dano de


ordem objetiva, a violação a um direito da personalidade ou, no caso do
dano de ordem subjetiva, que o ato ilícito resulte em sensação de angústia
e aflição psicológica, de tal forma graves que causem dor ou sofrimento
psíquico.25
(...)

5. Para a configuração do dano moral, compreendido como uma lesão aos


direitos da personalidade, é exigida a comprovação de conduta
antijurídica e do nexo de causalidade que vincula o malefício ao irregular
comportamento imputado. Ausente qualquer desses elementos, não
subsiste a obrigação indenizatória.26

_____
(...)
1. Apelação interposta contra sentença que julgou improcedente o pedido
indenização por danos morais em virtude de publicação na internet. 1.1.
Pretensão da autora de reforma da sentença. 1.2. Afirma, em sede de preliminar
que: a) houve cerceamento de defesa, uma vez que o magistrado julgou
antecipadamente a lide, mesmo com pedido de produção de prova oral e
documental pela parte apelante; e b) a sentença encontra-se eivada de vício por
falta de fundamentação, porquanto foi fundamentada com elementos diversos
do que fora pedido pelas partes. 1.3. No mérito, requer a condenação da
apelada ao pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a título de danos
morais. 1.4. [...]

7.2. Assim, da simples leitura do conteúdo publicado, não é possível a verificação


de qualquer ofensa à honra, dignidade ou imagem da autora. 7.3 Não há se falar
em indenização por dano moral, em situações como a dos autos. 7.4.
Jurisprudência: "[...] Não se verifica o dolo na crítica à atuação profissional,
proferida de maneira em que não é possível perceber a intenção de
lesionar a honra, prevalecendo, portanto, no caso, a liberdade de
expressão do pensamento. Ainda que a ofensa ocorra em rede social, o
que amplia significativamente o alcance do ato, a ausência de lesividade

25
Acórdão nº 1272411, 00039927420178070010, rel. Des. Simone Lucindo, 1ª Turma Cível, DJE 21/8/2020.
26
Acórdão nº 1230697, 07047025820198070018, rel. Des. Sandoval Oliveira, 2ª Turma Cível, DJE 3/3/2020.

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leva à conclusão de que não houve conduta ilícita, e portanto, não há um


dos elementos para a configuração da responsabilidade civil.[...]".27

126. Portanto, não há motivos fáticos e jurídicos idôneos para a condenação


do requerido ao pagamento de indenização por danos morais, por total ausência de
comprovação do dano suportado.

III.4. DESPROPORCIONALIDADE DA INDENIZAÇÃO REQUERIDA.

127. Por fim, subsidiariamente e apenas em cumprimento ao princípio da


concentração e ao ônus da impugnação específica, a pretensão da requerente ao pagamento
de R$ 100.000,00 (cem mil reais) é totalmente dissociada da realidade e do parâmetro
observado pelos tribunais.

128. A fixação do quantum indenizatório deve levar em consideração uma série


de fatores, como a extensão do dano sofrido, a realidade socioeconômica do agente e a
intensidade de seu dolo, sendo o valor balizado pelos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade. Nesse sentido é o seguinte precedente desse TJDFT:

11. O quantum indenizatório deve ser fixado levando-se em conta a condição


social e econômica das partes e a gravidade da ofensa, estabelecido como forma
justa de compensar a violação à esfera extrapatrimonial da autora pelos danos
sofridos. 11.1. Em relação ao quantum, o magistrado consignou no
decisum que o pleito autoral de R$ 100.000,00 (cem mil reais) se mostrou
elevado, pois não restou comprovado nos autos que a ré tenha agido com
dolo, de modo que entendeu ser razoável a quantia de R$ 20.000,00 (vinte

27
Acórdão nº 1161298, 07041179120188070001, rel. Des. João Egmont, 2ª Turma Cível, DJE 3/4/2019.

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mil reais). 11.2. Vislumbra-se razoável e proporcional a condenação arbitrada


pelo juízo a quo na sentença ora vergastada. 12. Apelações improvidas.28

129. Ademais, o STJ possui o mesmo entendimento:

É pacífico o entendimento desta eg. Corte de Justiça de que o valor estabelecido


a título de danos morais pode ser revisto nas hipóteses em que a condenação se
revelar irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos padrões de
razoabilidade.29

- O valor devido a título de danos morais é passível de revisão na via do recurso


especial se manifestamente excessivo ou irrisório. Redução do valor da
indenização, tendo em vista os parâmetros da jurisprudência do STJ, e
levadas em consideração as circunstâncias do caso concreto, notadamente
a gravidade das ofensas. 4 - Recurso especial a que se dá parcial provimento
provimento.30

130. No caso dos autos, conforme já amplamente debatido, o requerido não


teve dolo em ofender MAYRA, pelo contrário, agiu na sua função de Senador tecendo
considerações acerca de fato polêmico envolvendo a requerente.

131. Tampouco é o caso de se recrudescer o quantum indenizatório com base


no dano sofrido, visto que o assunto sobre o qual o requerido falou na entrevista impugnada
já era de conhecimento público e de amplo debate nos veículos de informação, de sorte
que um comentário “a menos ou a mais” não seria capaz de impingir maior sofrimento à
requerente.

28
Acórdão nº 1307751, 07107356420198070018, rel. Des. João Egmont, 2ª Turma Cível, DJE 16/12/2020.
29
AgInt no REsp nº 1621638/PE, rel. Des. Conv. Lázaro Guimarães, 4ª Turma, DJe 04/12/2017.
30
REsp nº 919.656/DF, rel. Min. Maria Isabel Gallotti, 4ª Turma, DJe 12/11/2010.

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132. Nesse sentido, o doutrinador Rui Estoco é firme ao informar que “a


busca de indenizações milionárias e a utilização do instituto da responsabilidade
civil como fonte de enriquecimento devem ser combatidas e veementemente
repelidas”.31

133. Portanto, embora comprovada a impossibilidade de responsabilização, é


dever requerer que não seja atendido o quantum pretendido na inicial, sob pena de violação
aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

IV – DOS PEDIDOS.

134. Diante do exposto, requer-se, respeitosamente:

a. o indeferimento da petição inicial por inépcia, nos termos dos arts. 330, I, e 337, IV,
do CPC;

b. o encaminhamento para providências caso se vislumbre, em tese, como exposto, o


cometimento de crime de ação penal pública por parte da autora;

c. o reconhecimento da inocorrência de responsabilidade civil, com o consequente


desprovimento integral de todos os pedidos formulados na petição inicial:

a.1 - em razão da imunidade parlamentar do Senador requerido, prevista


no art. 53 da Constituição Federal;

31
ESTOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 761.

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a.2 - diante da ausência dos pressupostos para a ocorrência da


responsabilidade civil, pois, no caso, não há conduta relevante contrária
ao Direito, dolo, nexo causal ou dano, ou ainda a comprovação de
qualquer desses elementos; ou

d. subsidiariamente, a fixação de condenação indenizatória inferior ao valor pleiteado


pela requente.

e. a produção de todas as provas em Direito admitidas.

f. a condenação da autora nas custas e honorários advocatícios decorrentes da


sucumbência.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília, 26 de agosto de 2021.

(assinatura digital)
OCTAVIO AUGUSTO DA SILVA ORZARI
OAB/DF nº 32.163
Advogado do Senado Federal

(assinatura digital)
EDVALDO FERNANDES DA SILVA
OAB/DF nº 19.233 | OAB/MG nº 94.500
Coordenador do Núcleo de Processos Judiciais

(assinatura digital)
FERNANDO CÉSAR CUNHA

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SENADO FEDERAL
Advocacia do Senado Federal

OAB/DF nº 31.546
Advogado-Geral Adjunto de Contencioso

(assinatura digital)
THOMAZ GOMMA DE AZEVEDO
OAB/DF nº 18.121
Advogado-Geral do Senado Federal

Praça dos Três Poderes – Senado Federal – Bloco 02 – Ed. Senador Ronaldo Cunha Lima – 1º andar – Av. N2 – CEP 70165-900 -
Brasília – DF – Telefone: 55 (61) 3303-4750 – Fax: 55 (61) 3303-2787 – advosf@senado.leg.br
42/42

Número do documento: 21082623045564700000094647994


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045564700000094647994
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Num. 101508805 - Pág. 42
00200.011081/2021-50 (VOLUME 1) - 00100.077242/2021-04

SENADO FEDERAL
Gabinete do Senador Omar Aziz

OFÍCIO N.040 / 2021


Brasília, 29 de julho de 2021.

A Sua Senhoria o Senhor


THOMAZ HENRIQUE GOMMA DE AZEVEDO
Advogado-Geral do Senado Federal

Assunto: Solicitação de representação judicial do Senador Omar Aziz pela Advocacia do


Senado Federal.

Senhor Advogado-Geral,

Em conformidade com o art. 230 do Regulamento Administrativo do Senado


Federal, instituído pela Resolução nº 58, de 1972, com redação consolidada pela
Resolução nº 13, de 2018, e com art. 9º, V, do Regimento Interno do Senado Federal,
solicito à Advocacia do Senado Federal a adoção das medidas judiciais cabíveis para
minha defesa na ação de indenização por danos e outros pedidos de autoria de Mayra
Isabel Correia Pinheiro, referente a atos no exercício do mandato deste parlamentar como
presidente da Comissão Parlamentar Inquérito – CPI da Pandemia Covid-19.
Outorgo, portanto, em ratificação às normas referidas (mandato por decorrência
de norma jurídica), para a Advocacia do Senado, por quaisquer de seus membros, amplos
poderes para atuação no foro em geral, com cláusula ad juditia et extra, em qualquer
juízo, instância ou tribunal, para a realização da minha representação judicial e
acompanhamento da citada demanda judicial, e outras correlatas ou similares, podendo
realizar todos os poderes inerentes à representação.

Atenciosamente,

OMAR AZIZ
Senador da República

ARQUIVO ASSINADO DIGITALMENTE. CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 1D993CD8003E6196.

CONSULTE EM http://www.senado.gov.br/sigadweb/v.aspx.

Número do documento: 21082623045579400000094647996


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045579400000094647996
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Num. 101508807 - Pág. 1
CPI DA COVID-19

Aziz critica Capitã Cloroquina por


preparar perguntas para senadores:
"Ação ilegal"
"Como é que você vai fazer uma interlocução com uma pessoa que
vai ser ouvida como testemunha?", questiona presidente da CPI. Em
vídeo, Mayra Pinheiro pede para colega enviar perguntas a serem
repassadas por "cinco senadores que jogam do nosso lado" para
fazerem os questionamentos a ela no dia em que prestou depoimento
à CPI

ST Sarah Teófilo

postado em 22/07/2021 16:26

Número do documento: 21082623045588200000094648000


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045588200000094648000
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Num. 101508811 - Pág. 1
(crédito: Jefferson Rudy/Agência
Senado)

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19,


Omar Aziz (PSD-AM), chamou de “ação ilegal” o suposto envio de
perguntas a senadores governistas por parte da secretária de Gestão do
Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida Capitã
Cloroquina. As perguntas, segundo Mayra, seriam feitas a ela durante o
depoimento prestado à comissão. Esta informação veio à tona depois que
vídeo obtido pela comissão, divulgado pelo Jornal Nacional na última
quarta-feira (21), mostrou Mayra conversando com uma pessoa que a
ajudava a se preparar para a oitiva.

Número do documento: 21082623045588200000094648000


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Num. 101508811 - Pág. 2
“A gente tem um grupo que nos apoia, que reconhece o nosso trabalho, e
esse grupo precisa fazer perguntas, no direito que eles têm de
interrogarem o depoente, que nos ajudem no nosso discurso. Então que
perguntas eu posso dar pra esses senadores fazerem a mim, entendeu?
Eles chutam pra eu fazer o gol”, disse ela, no vídeo. A secretária afirmou
que são cinco senadores. “Vão jogar com a gente. Então eu preciso dar
perguntas a eles pra eles me interrogarem cuja resposta seja a
oportunidade de eu falar”, afirmou.

“Como é que você vai fazer uma interlocução com uma pessoa que vai
ser ouvida como testemunha? Como pode um negócio desse? Você é
testemunha do crime, você vai falar com o possível defensor do assassino
antes de depor? Não dá, isso aí ficou ruim para ela, e acho que quem tem
que tomar satisfação em relação a isso são os possíveis senadores que
receberam essas perguntas já prontas”, disse o senador ao Correio.

Aziz ainda disse que “se trata de uma ação ilegal”. “Como você vai
mandar para o juiz as perguntas? Porque ali nós somos juízes. Como a
depoente vai mandar as perguntas para o juiz? ‘Olha, juiz, me pergunta
isso aqui’. Como é isso? Você é ouvido por um juiz, aí pede para o seu
advogado preparar perguntas para entregar para o juiz para ele fazer e
você responder. Isso é ilegal, é crime. A depoente que está ali como
testemunha já sabe quais são as perguntas que o juiz vai perguntar para
ela? Como que é isso?”, questionou.

No vídeo, Mayra não fala o nome dos senadores. Mas na CPI, existe uma
tropa de choque do governo formada pelos titulares Ciro Nogueira (PP-
PI), Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC). Como
suplentes, há ainda Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no
Senado, e Luis Carlos Heinze (PP-RS), somando cinco senadores. Há
ainda o titular Eduardo Girão (Podemos-CE) e. Marcos do Val (Podemos-
ES), que se intitulam independentes, mas também têm postura favorável
ao governo.

Número do documento: 21082623045588200000094648000


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Num. 101508811 - Pág. 3
Mayra foi a Manaus dias antes de o sistema de saúde local entrar em
colapso, no começo do ano, e pessoas morrerem por asfixia dentro dos
hospitais por falta de cilindros de oxigênio. Na ocasião, ela e o então
ministro general Eduardo Pazuello lançaram o aplicativo “TrateCov”, que
indicava o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como
cloroquina e ivermectina, em caso de sintomas da covid-19. Aziz afirma
que o governo usou o estado do Amazonas como cobaia e diz que Capitã
Cloroquina será indiciada por crime contra a vida por propagar
medicação não eficiente.

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Número do documento: 21082623045588200000094648000


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045588200000094648000
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Num. 101508811 - Pág. 4
POLÍTICA
Omar Aziz diz que ida de Ciro à Casa Civil não muda em nada
trabalhos da CPI

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capitã cloroquina  Covid-19  CPI mayra pinheiro

Número do documento: 21082623045588200000094648000


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045588200000094648000
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Num. 101508811 - Pág. 5
CPI DA COVID POLÍTICA

CPI DA COVID

Aziz: 'Mayra não tem mais condições morais para continuar dentro da Saúde'

8.jul.2021 - O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), durante sessão da comissão
Imagem: Pedro França/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo


22/07/2021 10h19
Atualizada em 22/07/2021 11h36

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a secretária do Ministério da Saúde Mayra
Pinheiro "não tem mais condições morais" para continuar trabalhando dentro da pasta após a divulgação de um vídeo no
qual a servidora pede ajuda para formular perguntas para enviar aos parlamentares governistas da comissão.

De acordo com um vídeo obtido pelo site The Intercept Brasil, a médica apelidada de "Capitã Cloroquina" fez um
treinamento por videoconferência antes de ser questionada pelos senadores da CPI em seu depoimento, ocorrido em maio
deste ano. Na gravação, aparecem o pesquisador Regis Bruni Andriolo e o também secretário da pasta Helio Angotti
Neto.

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Número do documento: 21082623045607500000094648001


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Num. 101508812 - Pág. 1
CEO da VTCLOG diz ter cobrado Dias para assinar aditivo de R$ 18 milhões
CPI DA COVID

Defensor da cloroquina, Heinze deve substituir Ciro Nogueira na CPI

A doutora Mayra não tem mais condições morais para continuar dentro do Ministério da Saúde. Do ponto
de vista técnico eu já sabia há muito tempo que ela não tinha condições. Agora, questões morais. Até porque
se eu fosse um dos senadores que entrou nessa pegadinha de fazer pergunta, tocar a bola para ela, eu
exigiria e ficaria envergonhado com isso. Eu exigiria que ela fosse exonerada imediatamente"
Omar Aziz, senador pelo PSD-AM, presidente da CPI da Covid

Nos trechos exibidos do vídeo, Mayra diz precisar enviar a senadores "perguntas cujas respostas sejam oportunidade de
eu falar".

"Se o senhor puder fazer três ou quatro perguntinhas que os 'deputados' podem me fazer. Tem um grupo que nos apoia,
que reconhece o nosso trabalho. Esse grupo precisa fazer perguntas que nos ajudem no nosso discurso. Que perguntas
posso dar a esses senadores fazerem a mim, que eles chutam para eu fazer o gol?", pergunta a servidora.

Aziz disse lembrar do depoimento de Mayra à CPI no qual ela ficou "muito nervosa e não conseguia se explicar" após os
questionamentos dos senadores. O parlamentar ainda afirmou que é "impressionante" como o ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, mantém a servidora na pasta mesmo diante da divulgação do vídeo.

"Mais incrível é o ministro Queiroga ainda manter a Mayra no ministério. É impressionante. Depois de um vídeo
daquele, de uma servidora pública dizer que vai fazer um arranjo de perguntas entre senadores que pensam igual a ela. O
ministro Queiroga tinha que tomar uma decisão imediatamente. Ou ele tira a Mayra ou ele sai do cargo. Ele não pode,
pelo cargo, abrir mão dos princípios que ele jurou na sua formação", declarou o presidente da CPI.

O parlamentar também afirmou que por casos como esse da servidora que alguns senadores dizem que a CPI é um
"circo". No entanto, Aziz declarou que "o circo é ela [Mayra]".

"Por isso é que alguns senadores lá ficam dizendo que [a CPI] é um circo. O circo é ela. Ela que quer fazer a CPI um
circo. Quer fazer a CPI em um campo de futebol. Me toca que eu faço gol. Circo é isso, aqueles senadores que ficam na
CPI, aqueles internautas que são apaixonados pelo Bolsonaro. Eles veem que o circo não é feito por nós. Nós tentamos
investigar fatos. Não ficamos tirando proveito, nem comemoramos gol", finalizou.

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Num. 101508812 - Pág. 2
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3 Comentários

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria é independente
ou de oposição), investiga ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e
municípios. Tem prazo inicial (prorrogável) de 90 dias. Seu relatório final será enviado ao Ministério Público para eventuais
criminalizações.

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Número do documento: 21082623045607500000094648001


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045607500000094648001
Assinado eletronicamente por: OCTAVIO AUGUSTO DA SILVA ORZARI - 26/08/2021 23:04:56
Num. 101508812 - Pág. 3
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

SENADO FEDERAL
SECRETARIA-GERAL DA MESA
SECRETARIA DE REGISTRO E REDAÇÃO PARLAMENTAR
REUNIÃO
25/05/2021 - 11ª - CPI da Pandemia

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Fala da Presidência.) – Bom dia.
Havendo número regimental, declaro aberta a 11ª Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito, criada pelos
Requerimentos 1371 e 1372, para apurar as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da pandemia da
Covid-19, bem como as cometidas por administradores públicos federais, estaduais e municipais, no trato com a coisa
pública, durante a vigência da calamidade originada pela pandemia do coronavírus.
A presente reunião destina-se ao depoimento da Sra. Mayra Pinheiro, Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação
na Saúde.

Havendo número regimental, coloco em votação a Ata da 10ª Reunião, solicitando a dispensa de sua leitura.
Os Parlamentares que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Eu queria aqui passar para V. Exas., mas eu queria que tivessem mais Senadores aqui. Vou aguardar para dar uma
informação quando tivermos a maioria dos Senadores aqui presentes.
Vou suspender por dez minutos até aguardar a chegada de alguns Senadores.

(Suspensa às 9 horas e 44 minutos, a reunião é reaberta às 9 horas e 48 minutos.)


O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu queria convidar a Dra. Mayra para adentrar, por favor. (Pausa.)
Queria passar uma informação.
Esta tem sido a CPI do Senado Federal que, em menos de um mês, mais tem recebido documentos. Até agora
foram autuados, pela Secretaria da Comissão, aproximadamente 300 gigabytes de documentos, sendo 100 gigabytes de
documentos sigilosos. Para que se tenha uma melhor dimensão, a CPMI da Fake News, uma CPI expressiva, conta
atualmente com cerca de 5 gigabytes de documentos recebidos.
Neste contexto, solicito a máxima cautela aos Parlamentares e servidores que forem acessar a documentação sigilosa da
Comissão. O vazamento de documentos sigilosos por Parlamentares constitui violação no art. 144 do Regimento e pode
configurar infração ética disciplinar no art. 9º, §1º, do Código de Ética e Decoro. Para servidores, divulgar documentos
sigilosos pode resultar em demissão, nos termos do art. 132 da Lei 8.112/1991, sem prejuízo de demais responsabilidades
na área cível e criminal, inclusive eventual crime de violação de sigilo funcional.

Quanto à utilização de trechos – vou deixar isso claro aqui para os Senadores: quanto à utilização de trechos de documentos
sigilosos na fala dos Senadores, esclareço que a princípio não cabe a esta Presidência cercear a palavra dos membros
desta Comissão, até porque eu não tenho informações sobre todos os documentos que os Senadores pediram nem vi todos
esses documentos.

1/101

Número do documento: 21082623045620200000094648003


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045620200000094648003
Assinado eletronicamente por: OCTAVIO AUGUSTO DA SILVA ORZARI - 26/08/2021 23:04:56
Num. 101508814 - Pág. 1
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

O Regimento proíbe que o Senador leia ou inclua em discurso documento de natureza sigilosa. Diante disso, fica a critério
dos Senadores formular perguntas aos depoentes a partir das informações recebidas pela CPI, inclusive as sigilosas, mas,
evidentemente, não será permitido reproduzir em reunião aberta a íntegra de um documento sigiloso.
Com a presença da Dra. Mayra Pinheiro, eu esclareço aos Srs. Senadores e às Sras. Senadoras que houve medida cautelar
no Habeas Corpus nº 201970, do Ministro Ricardo Lewandowski, com as seguintes conclusões:
[...] o atendimento à convocação para depor perante a Comissão Parlamentar de Inquérito recebida, nos
termos constitucionalmente estabelecidos, consubstancia uma obrigação da paciente, especialmente na
qualidade de servidora pública que é, devendo permanecer à disposição dos senadores que a integram
do início até o encerramento os trabalhos, não lhe sendo permitido encerrar seu depoimento, de forma
unilateral, antes de ser devidamente dispensada.
Concedeu-se o direito de a paciente fazer-se acompanhar por advogado e o de ser inquirida com urbanidade e respeito.
Posteriormente, em agravo regimental, foi proferida a seguinte decisão:
[...] assiste à paciente o direito de permanecer em silêncio – se assim lhe aprouver – quanto aos fatos
ocorridos no período compreendido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, objeto da Ação de
Improbidade Administrativa acima mencionada, em que figura como ré, devendo, quanto ao mais,
pronunciar-se sem reservas, especialmente acerca de sua atuação na Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação em Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde, bem assim sobre as demais questões que vierem a
ser formuladas pelos parlamentares.
Aí vem o número da ação da improbidade e tal, que corre na PGR.
Dra. Mayra, V. Sa. promete, sob palavra de honra, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal, dizer a verdade
do que souber e lhe for perguntado?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A partir deste momento V. Sa. está sob o compromisso de dizer a
verdade, no art. 203 do Código de Processo Penal.
Esclareço que o art. 4º, inciso I, da Lei 1.579, de 1952, estabelece que fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
como testemunha perante a Comissão Parlamentar de Inquérito constitui crime punível com reclusão, de dois a quatro
anos, e multa.
Se V. Sa. quiser usar a palavra, a senhora tem a palavra por 15 minutos.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Pois não.
Bom dia a todos; bom dia, Srs. Senadores e Sras. Senadoras. Eu gostaria de pedir permissão para que eu pudesse fazer
um relato da minha atividade profissional e me apresentar aos senhores. E é o que eu farei agora, dada a permissão pelo
Presidente da Mesa.
Quero iniciar minha fala registrando que me sinto honrada em comparecer perante o Senado brasileiro, sendo eu a primeira
médica a depor que teve experiência concreta, real, de tratar pacientes com Covid-19, com as medicações disponíveis,
aos primeiros sintomas, como deve ser todo tratamento médico, sempre baseado nas verdadeiras premissas médicas e
científicas, como os senhores irão entender neste discurso.
Vejo este depoimento como uma oportunidade de esclarecer questionamentos para os senhores e também de restabelecer a
verdade, falando de forma direta para cada pessoa deste País. Muitos até já ouviram falar de mim, é verdade, mas poucos,
muito poucos, de fato, me conhecem. Então, por favor, permitam que me apresente.
Sou Mayra Isabel Correia Pinheiro, natural de Fortaleza, Ceará, médica graduada pela Universidade Federal do Ceará
em 1991, com especialização em Pediatria e Neonatologia pela também Universidade Federal do Ceará, no período de
1992 a 1995.
Gostaria de compartilhar com os senhores que essas três décadas de trabalho nas UTIs pediátricas têm sido uma progressiva
lapidação profissional, emocional e pessoal. Lidar com os limites extremos da vida de pacientes graves, lutando junto com
eles e suas famílias, numa conjuntura nem sempre favorável, já é um desafio diário nas UTIs, mas devolver, senhores, um
filho para um pai e uma mãe é um sentimento indescritível, e é essa a minha vida.
Mestre em Ciências com Área de Concentração em Neonatologia pela Universidade de São Paulo, 2002; especialização
em Medicina do Trabalho pela Universidade Estácio de Sá, 2009; doutoranda em Bioética pela Universidade do Porto;
fui professora substituta do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará, de 2006 a 2007; e sou professora e
também coordenadora do Internato Médico de Pediatria do curso de Medicina do Centro Universitário Christus, desde
2/101

Número do documento: 21082623045620200000094648003


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045620200000094648003
Assinado eletronicamente por: OCTAVIO AUGUSTO DA SILVA ORZARI - 26/08/2021 23:04:56
Num. 101508814 - Pág. 2
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

2009; fui coordenadora técnica do Centro de Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal do Hospital Geral Dr. Waldemar
Alcântara, no período de dezembro de 2002 a dezembro de 2007; sou médica perita do Instituto Nacional de Previdência
Social desde 2006 e fui responsável pela implantação do Serviço de Perícia Médica da Defensoria Pública da União no
ano de 2007, contribuindo para a mudança na forma de atuação da instituição para garantia dos benefícios previdenciários
e assistenciais à população de baixa renda e à população indígena.

Sou atualmente Secretária do Ministério da Saúde do Brasil, responsável pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde, a SGTES, desde janeiro de 2019; membro titular da Coned, colegiado do Conselho Editorial do
Ministério da Saúde, desde outubro de 2020; membro titular da Comissão de Ética do Ministério da Saúde; membro
da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS); membro titular do colegiado da UNA-SUS
(Sistema Universidade Aberta do SUS); membro titular da Comissão Mista de Especialidades Médicas do Conselho
Federal de Medicina; membro titular do Comitê Intersetorial do Plano Nacional de Enfrentamento ao Feminicídio,
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; e também coordenadora do Comitê Gestor da Política Nacional
de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, Ministério da Saúde.
Entrei na Medicina para salvar vidas e aprendi, já na residência médica, que deveria perseguir esse propósito, a despeito
das limitações e dificuldades. Aliás, só quem está na linha de frente sabe o que realmente acontece em um posto de
saúde, em uma enfermaria, em uma UTI. Eu nunca abri mão dessa conexão com a realidade e mantenho os meus plantões
noturnos em um hospital de Brasília, mesmo exercendo atividades no Ministério da Saúde como Secretária. É uma forma
de continuar exercendo a minha missão e de estar em contato direto, ajudando as pessoas que eu escolhi cuidar e servir.
Atuando como servidora pública, conheci o SUS como poucos brasileiros conhecem. Ao longo de 30 anos, vivenciei ao
lado de profissionais e pacientes as dificuldades de um dos maiores sistemas universais de saúde para o cumprimento
de suas atribuições. Muitas vezes fui tomada pela angústia de não dispor dos recursos necessários para socorrer os meus
pacientes.
Mas o ponto de virada da minha vida que talvez tenha me trazido até aqui aconteceu em 2013. Fui chamada para atender
uma criança que chegou em parada cardiorrespiratória no Hospital Geral de Fortaleza. E, pasmem, para reanimar esse
garoto não havia espaço no hospital, ou melhor, não havia espaço, senhores, nem no chão do hospital, porque o chão estava
repleto de pacientes amontoados como se fossem coisas. Era uma piscina de seres humanos doentes, invisíveis aos olhos
da sociedade, da imprensa e do Poder Público. Fizemos o possível e impossível para salvar a vida daquela criança. Essa
situação era recorrente e ganhou até o apelido dos profissionais daquele hospital: o piscinão do Hospital Geral de Fortaleza.
Daquele dia em diante, entendi que ter conhecimento de toda aquela realidade e me calar seria ao meu ver pecar por
omissão. Eu não podia cruzar os braços. Decidi lutaria com todas as minhas forças para levar respeito e dignidade
a profissionais de saúde e, sobretudo, aos pacientes. Começava ali a minha luta pelo fim da prática de amontoar
seres humanos nos corredores dos hospitais do Brasil. Ao ver aquela situação, compreendi a diferença entre empatia e
solidariedade: empatia é se colocar no lugar do outro; solidariedade é agir para melhorar a vida do outro, e essa é a minha
missão desde então.

Em 2015, fui eleita Presidente de uma das mais importantes entidades médicas do meu Estado, o Sindicato dos Médicos
do Ceará. Revelei para o Brasil o caos da saúde pública, atribuído muitas vezes, erroneamente, aos profissionais de saúde,
e a necessidade de reafirmarmos que a nossa escolha profissional deve ser pautada na garantia de assistência de qualidade
para os nossos pacientes.
À frente do Sindicato dos Médicos do Ceará, criei o "corredômetro", que contabilizava e informava diariamente o número
de pacientes alocados em macas nos corredores de hospitais públicos do Ceará.
Por diversas vezes, recorri ao Ministério Público estadual e ao Ministério Público Federal para denunciar graves falhas do
sistema de saúde e solicitar ações para o cumprimento dos preceitos constitucionais, com ênfase no art. 196: "[...] saúde
[pública] é direito de todos e dever do Estado".
Em 2018, ainda no período de transição, fui convidada pelo então Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, pelo qual
sinto enorme apreço, para compor sua equipe à frente da Sgtes (Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde).
Assumi, assim, um dos maiores desafios da minha vida: ajudar a qualificar os profissionais de 14 categorias da saúde, com
ofertas educacionais de excelência, atualizando-os e capacitando-os, para que a população brasileira pudesse ser atendida
por profissionais bem preparados.
No primeiro ano à frente da secretaria, iniciamos o projeto ProvMed 2030, que objetiva adequar, até o ano de 2030, toda
a oferta de profissionais de saúde especialistas do País, atendendo às necessidades regionais.

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Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou emergência de saúde pública de importância
internacional, em virtude do novo coronavírus. O Brasil prontamente declarou emergência de saúde pública de importância
nacional poucos dias após, em 3 de fevereiro de 2020. Diante da grave pandemia que estava se instalando, da necessidade
de mobilização para aquisição de equipamentos, insumos e leitos, um elemento foi fundamental: os recursos humanos
treinados em todos os protocolos clínicos da Covid.
A Sgtes lançou, em março de 2020, a ação estratégica O Brasil Conta Comigo, sendo estruturada em três eixos: acadêmicos,
residentes e profissionais da área da saúde.
O Brasil Conta Comigo – Acadêmico disponibilizou, até 31 de dezembro de 2020, um reforço excepcional e temporário de
mais de 5,3 mil alunos do quinto e sexto anos do curso de Medicina e do último ano dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia
e Farmácia, que atuaram sob supervisão em unidades do SUS, tendo recebido bonificação provida pelo Ministério da
Saúde, que contabilizou um investimento de mais de 22 milhões.
O Brasil Conta Comigo – Residentes na Área de Saúde, voltado aos profissionais de saúde que cursam programas de
residência médica e residência na área profissional da saúde, ofertou bonificação a mais de 53 mil residentes, por manterem
seu processo formativo especialmente durante a pandemia, e contabilizou um investimento de mais de 453 milhões.

O Brasil Conta Comigo – Profissionais da Saúde criou o maior banco de recursos humanos do País e do mundo nas 14
categorias da saúde e capacitou os profissionais conforme os protocolos de manejo clínico do Ministério da Saúde para o
enfrentamento da Covid-19. Até o momento, mais de 1,007 milhão de profissionais estão cadastrados.
O banco do Ministério da Saúde foi solicitado e disponibilizado para 13 Estados da Federação. Ofertamos cursos sobre
Covid, que foram acessados por mais de 2 milhões de profissionais. Ao todo, foram 5 cursos para profissionais da atenção
primária, 14 cursos de manejo clínico na atenção especializada, 21 ações para orientação à população sobre a prevenção
da doença. Também ofertamos cursos específicos destinados a pessoas com deficiência e seus cuidadores no contexto
da Covid-19.
Em parceria com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), oferecemos 15 cursos sobre Covid para os
médicos intensivistas. Diante do contexto da quarta onda da pandemia, que são os agravos à saúde mental decorrentes das
outras ondas da doença, também foram oferecidos aos profissionais da saúde 16 cursos de orientação sobre cuidados da
saúde mental dos próprios profissionais e seus pacientes.
Temáticas, como a saúde mental das crianças e adolescentes, saúde mental do trabalhador e saúde mental do idoso,
também foram ofertadas por meio de programas veiculados no YouTube, cujo conteúdo foi elaborado em parceria com
a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Em uma iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Ministério
da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação e a Associação Brasileira de Psiquiatria, foram
desenvolvidas ações de educomunicação para prevenção do suicídio e da automutilação, que já resultaram na formação,
até a data de hoje, de 242 mil membros da sociedade, o que foi e ainda é de extrema importância diante do cenário da
pandemia. Conduzimos uma das maiores pesquisas mundiais para investigar os impactos da pandemia sobre a saúde
mental dos profissionais da saúde, com 185 mil profissionais brasileiros participantes.
Em dezembro de 2020, lançamos um dos maiores programas de educação e saúde do mundo, o Programa Saúde com
Agente, visando capacitar os mais de 380 mil agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias de todo o
Brasil. Com esse programa, os agentes de saúde serão capacitados e habilitados para fazer novos procedimentos e oferecer
mais cuidados à população brasileira.
No final de dezembro de 2020, recebi do então Ministro Eduardo Pazuello a missão de organizar visita a Manaus. O
fechamento da Semana Epidemiológica nº 53, que compreendia o período de 27 de dezembro de 2020 a 2 de janeiro
de 2021, revelava aumento tanto no número de casos de hospitalizações e de óbitos por Covid-19 no Amazonas. Esses
dados desencadearam várias medidas e ações por parte do Ministério da Saúde para que fossem compreendidas as razões
e para obtenção de respostas rápidas e eficientes à população amazonense, através do atendimento a todas as demandas
ali requeridas pelas secretarias locais.

No contexto de sofrimento, precariedade do trabalho dos profissionais, mortes, tive a honra de poder contribuir, junto dos
técnicos do Ministério da Saúde, na maior missão médica de que já participei nos meus 30 anos de formada. Manaus entra,
na minha história, como um exemplo de luta de homens e mulheres que deixaram para trás as suas famílias, o medo, o
conforto dos seus lares, para cumprir a tarefa para a qual todos juramos: salvar vidas. Só quem esteve lá, senhores, tem
a dimensão do que aconteceu, do que era possível fazer ou não fazer.
Manaus trouxe a certeza de que, para vencermos o nosso maior inimigo, o vírus, que se mostrou ainda mais agressivo
na forma de uma nova variante chamada P1, precisaríamos, com muita urgência, de mais e maiores medidas de proteção
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individual, de vacinas de alta eficácia o mais rápido possível, mas também de medicamentos que pudessem tratar os que
adoecem, os que adoeciam a despeito das medidas de prevenção. A nova variante P1 comportou-se quase como uma outra
doença, do ponto de vista clínico e de desfechos, e precisávamos de todas as medidas seguras para poder reduzir o caos
que ali estava instalado.
Publicações recentes sobre a menor eficácia de vacinas em grupos de idosos, o que pode ocorrer pela tendência a menor
resposta do próprio sistema imunológico, mostram a importância de continuarmos a buscar terapêuticas para o paciente
que poderá adoecer, mesmo após a vacinação.
O New England Journal of Medicine, um dos mais prestigiados jornais do mundo, publicou em editorial, na última semana,
a necessidade de se encontrarem terapias, de preferência via oral, para a Covid-19, em particular para as novas variantes
que poderão escapar da ação das vacinas. Estamos diante de uma doença grave, que tem provocado o colapso dos sistemas
de saúde e a morte de milhões de pessoas em todo o mundo.
A tomada de decisão, nesse cenário repleto de incertezas, exige respeito à autonomia médica concedida pelo Conselho
Federal de Medicina, à soberania dos países e às orientações dos seus órgãos responsáveis pela saúde; exige também
capacidade de nos livrarmos das afirmações categóricas das verdades eternas.
Usando as palavras do meu mestre George Magalhães, na verdade, as ciências só têm alguma respeitabilidade na medida
em que aceitem o seu princípio de autocorreção permanente, o que implica dizer que nelas só existem hipóteses melhores
ou piores, mais produtivas ou menos produtivas; nunca verdades. Também precisamos contar com a ética jornalística,
que requer não somente ouvir os contrários, mas também equilibrar os lados contrários, devendo o jornalista oferecer
informação de forma obrigatoriamente imparcial. Os termos ciência, comprovação científica, evidência e eficácia, assim
como muitos outros conceitos, como off-label e reposicionamento de drogas existentes e sua relação com a pandemia,
acabaram se tornando confusos em meio ao caos. E estou, aqui, também para esclarecer aos Srs. Senadores e a toda a
população brasileira o que significa, de fato, cada um destes nomes, assim como quais são as implicações no combate à
Covid, trazendo o compromisso com a verdade.

Por fim, não posso deixar de agradecer a milhares de manifestações de apoio e carinho que tenho recebido de todas as
partes do Brasil, principalmente dos meus colegas profissionais de saúde, que junto comigo estão enfrentando a doença
no dia a dia nos seus postos de trabalho. Retribuo dizendo: vocês também não estão sozinhos. Seguiremos juntos na
árdua e, ao mesmo tempo, grandiosa missão de oferecer dignidade e cuidar dos nossos pacientes, valendo-nos do nosso
conhecimento, da solidariedade e, sobretudo, da nossa autonomia.
Cada vida é única, cada vida de nossos familiares, amigos e pacientes. Lutamos com as evidências que conquistamos dia
após dia, pois isso define a tão falada medicina baseada em evidências, as melhores evidências disponíveis, a experiência
profissional e os valores éticos dos pacientes e dos seus médicos, a quem devemos todo respeito e gratidão.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Com a palavra o Senador Renan Calheiros, por favor, para fazer as
perguntas.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL. Como Relator.) – Sr. Presidente,
Senador Omar Aziz; Sr. Vice-Presidente, Senador Randolfe Rodrigues; Srs. Senadores; Sras. Senadoras, nós estamos aqui
participando de um colegiado com características jurídicas, mas também com natureza política e até policial. Nosso maior
desafio, nesta CPI, diria mesmo, nosso principal dever e nossa principal missão é fazer um julgamento justo, equilibrado
e o mais técnico possível. Claro, ao fazermos isso, nossas conclusões terão uma consequência política inevitável, mas a
política deve ser resultante, e não motivação de nosso trabalho, seja qual for o nosso veredito final.
Faço questão de trazer à memória de todos, neste momento, talvez o julgamento mais conhecido de todos os tempos: o
Tribunal de Nuremberg. É um dos julgamentos mais famosos da história. Foi ali que o mundo procurou encontrar respostas
para um crime até hoje inconcebível: o genocídio de 6 milhões de judeus nos campos de concentração do regime nazista.
Nuremberg, Sr. Presidente, reuniu e puniu inúmeros próceres nazistas e há muitos questionamentos, até hoje, que são
feitos sobre o próprio julgamento. Por exemplo, se não foi um julgamento dos vencedores apenas; se a pena de morte dada
como sentença não deveria ter sido a pena de prisão pelos crimes cometidos. São balizadores importantes.
E é bom sempre lembrar que esta Comissão Parlamentar de Inquérito não é um tribunal de guerra nem de exceção. É, sim,
uma instituição da democracia. Não haverá aqui penas capitais; haverá o respeito absoluto ao devido processo legal; e a
responsabilização eventual dos culpados será, se for, baseada em provas técnicas e objetivas.
Dito tudo isso, Presidente, eu quero lembrar um dos mais importantes personagens entre os réus de Nuremberg, Hermann
Göring, durante algum tempo, o número dois do Hitler.
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Eu leio abaixo, rapidamente, um trecho da Biblioteca Mundial sobre o comportamento de um dos mais altos oficiais
nazistas durante o julgamento de Nuremberg, lembrando que ele acabou se suicidando e não foi executado na cela onde
estava preso. Eu leio rapidamente o trecho:

Em várias ocasiões no decurso do julgamento, [...] [o acusado] exibiu filmes dos campos de concentração
nazistas e de outras atrocidades. Todos os presentes acharam as imagens chocantes, incluindo Göring; ele
afirmou que os filmes deviam ser falsos, mas ninguém acreditou. Testemunhas, como Paul Koerner e Erhard
Milch, tentaram descrever a personalidade de Göring como pacífica e moderada. Milch referiu que era
impossível opor-se a Hitler ou desobedecer às suas ordens; [...] [ou] o fizesse, seria executado, ou alguém
da sua [própria] família [...]. Quando testemunhou a seu favor, Göring expressou a sua lealdade para com
Hitler e insistiu que não sabia nada sobre o que tinha acontecido...
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – É um absurdo! É um
absurdo!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por que é um absurdo? Eu estou
fazendo a introdução...
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Desculpe-me, Sr.
Relator: é um absurdo querer comparar a situação que nós estamos enfrentando aqui...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não estou comparando!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – ... com o genocídio
que ocorreu na Alemanha!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não estou comparando.
(Tumulto no recinto.)
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Respeite os judeus!
Respeite os judeus!
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Está comparando, sim!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Escute!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Desculpe, é um
absurdo! É um absurdo!
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Respeite a dor dos
judeus!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Isso é mais do que
um prejulgamento!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu não estou prejulgando!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Isso é uma coisa
odienta! Odienta!
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Está prejulgando desde o começo.
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – É o que nós estamos
assistindo aqui, nessa manhã odienta! Isso não existe!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sr. Presidente!
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – É uma narrativa odiosa.
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Isso vai ficar registrado
nos Anais do Senado Federal!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Peço que V. Exa. me assegure a
palavra.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não será... Não será...
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O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Não é o momento do relatório, Sr. Presidente.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não estou fazendo relatório.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – É isto que está acontecendo: V. Exa. está
deixando a sessão correr de um jeito...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sr. Presidente...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – O Relator pergunta; ele não apresenta
relatório fora do tempo.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sr. Presidente...
Ouçam!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE. Fora do microfone.) –
Qualquer paralelismo é um absurdo!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ouçam!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE. Fora do microfone.) –
Qualquer paralelismo é um absurdo!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ouçam, aprendam a ouvir a história.
Ouvir calado.
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Quatrocentos e cinquenta mil mortes
é daqueles que negam o tratamento. V. Exa. é um dos que negam o tratamento! Nega o tratamento que existe no mundo,
não apenas no Brasil!
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Sr. Presidente, assegure
a fala do Relator.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, nós não estamos na fase de
apresentação de relatório.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – O objetivo de mudar o
foco da CPI, Presidente, não pode ser alcançado.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu não estou lendo o relatório.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Renan, V. Exa. conclua, mas eu vou deixar muito claro que o
que o senhor está lendo aí não pode ser utilizado como referência nenhuma a ninguém, até porque nós não temos...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu não estou usando como
referência.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só um minutinho...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu não estou usando como
referência.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Está usando o tempo da CPI.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só um minutinho.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por favor, o meu tempo não é V.
Exa. que dispõe dele.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Presidente, está ocorrendo
uma obstrução a iniciarmos o depoimento, ao trabalho do Relator.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, mas eu que pedi ao Relator foi para ele começar as perguntas.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu vou fazer as perguntas. Isso é
uma introdução, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador, só um minutinho. Só um minutinho, por favor, Senador Renan.
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A V. Exa. eu pedi: "Vamos começar as perguntas". V. Exa. está falando uma das maiores atrocidades que houve na
história...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Estou fazendo uma avaliação,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só um minutinho.
Mas, o senhor me desculpe...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu não vou ser censurado!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não, não!
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – É uma introdução,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não vou lhe censurar. Não vou lhe censurar.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por favor, assegure-me a palavra:
As suas respostas [Sr. Presidente e Srs. Senadores] eram complexas e evasivas e tinham desculpas plausíveis
para todas as [...] ações durante a guerra. Utilizou o banco de testemunhas como um local para expor,
de forma prolongada, o seu próprio papel no Reich, numa tentativa de se mostrar como um pacificador e
diplomata antes do início da guerra.

Sras. e Srs. Senadores, não podemos comparar – e aqui uma resposta ao Senador Fernando Bezerra – uma barbárie, como
o holocausto, com uma tragédia como a pandemia no Brasil, que até hoje já matou mais de 450 mil pessoas. Não podemos
dizer – e, por isso, não há prejulgamento –, não podemos dizer que aqui ocorreu um genocídio. Não podemos dizer ainda,
mas podemos dizer, sim, que há uma semelhança assustadora, uma semelhança terrível, uma semelhança tenebrosa, uma
semelhança perturbadora no comportamento de algumas altas autoridades que testemunharam aqui na CPI e o relato que
acabei de ler sobre um dos marechais do nazismo no Tribunal de Nuremberg...
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Semelhança na cabeça
de loucos, iguais a você.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... negando tudo, enaltecendo Hitler,
apresentando-se como salvadores da pátria, enquanto a história provou que faziam parte de uma máquina da morte. Trago
essa reflexão para essa CPI no momento em que colhemos um depoimento muito importante. E deixo registrado nos anais
desta Comissão...
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – É absurda, é absurda
essa...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ...inclusive como alerta para os
futuros depoentes, não importa o quanto possam tergiversar que o julgamento da história é implacável.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Até que enfim falou
uma coisa correta.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Vou às perguntas, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Por favor, Senador.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Por favor.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Se V. Exa. pudesse me garantir
a palavra...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – V. Exa. tem a palavra.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu estou submetido a interrupções
rotineiras.

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O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Esse cara é doente.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Isso dificulta o meu trabalho como
Relator.
Como médica e gestora pública, V. Sa. poderia nos dizer em que consiste exatamente o tratamento precoce?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Pois não, Senador. O tratamento precoce, falar nele se referindo unicamente
à Covid, na verdade é difícil. Tratamento precoce é o tratamento que todos os profissionais médicos oferecem aos
seus doentes. Tratamento é tudo aquilo que é disponibilizado de recursos farmacológicos e não farmacológicos para o
enfrentamento de uma determinada doença. E deve, sim, sempre ser feito assim que o médico dá o diagnóstico, porque
as doenças evoluem, os pacientes podem complicar os seus quadros.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – E como ele foi introduzido como
política pública no Ministério da Saúde?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Para o enfrentamento da Covid?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O tratamento na fase inicial de todas as doenças, Senador, ele é utilizado no mundo
inteiro, não é só o Ministério da Saúde do Brasil. Toda doença deve ser tratada precocemente, a Covid, a meningite, as
viroses.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, é só sobre a Covid, ele está perguntando só sobre a Covid, doutora.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Em que pesquisas e trabalhos
científicos V. Sa. se fundamentou para fazer a indicação técnica do tratamento da Covid com o uso de medicamentos
como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e outros?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, para deixar bem claro para a população brasileira e para o senhor...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Se V. Sa. pudesse responder
objetivamente.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É que eu preciso contextualizar, se o senhor me permitir.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu sei que a senhora precisa
contextualizar.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Presidente, se ela
puder responder sem...
(Interrupção do som.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, vou cortar o som porque não vai estar fazendo... Por favor, não
vai ter brincadeira aqui. Ela é uma senhora adulta, profissional de saúde, não precisa de babá para responder às perguntas,
por favor. Toda hora ter que...
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ. Fora do microfone.)
– Ela está sendo ameaçada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não está sendo ameaçada não. Ei... Quem está ameaçando ela?
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP. Fora do microfone.) –
Ninguém está ameaçando.

(Intervenções fora do microfone.)


O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Quem está ameaçando ela? Não, Flávio, não.
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Se o depoente não
pode falar, nós podemos.

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Cada Senador tem o direito a falar. O Senador Relator tem o direito
a fazer as perguntas, cada Senador que está aqui...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Sim, mas ele vai fazer as perguntas...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE. Fora do microfone.) –
Ela está sendo interrompida pelos governistas, rapaz! Vocês estão interrompendo o depoimento.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – É o interrogador que
está interrompendo, Alessandro.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu creio que, apesar de os Senadores estudarem muito essa matéria
sobre cloroquina, tratamento precoce – eu também leio alguma coisa e tal –, mas eu acho que ela sabe muito mais do que
qualquer um de vocês que estão sentados aí. Então, espera aí, não precisa de ajuda...
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Não é ajuda, deixa
ela falar, só isso que a gente está pedindo. Deixa ela falar.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ela não precisa recorrer a ninguém para dar as respostas técnicas.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Tem que deixar ela falar, Sr. Presidente, por
favor.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Objetivamente: em que pesquisas
e trabalhos (Falha no áudio.) ... se fundamentou para fazer a indicação técnica do tratamento precoce da Covid com os
medicamentos já referidos aqui?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não. A princípio, é preciso que nós deixemos claro que o Ministério da Saúde
nunca indicou tratamentos para a Covid. O Ministério da Saúde criou um documento juridicamente perfeito que é a
Nota Orientativa nº 9, que depois se transformou na Nota Orientativa nº 17, onde nós estabelecemos doses seguras para
que os médicos brasileiros, no exercício da sua autonomia, pudessem utilizar esses medicamentos com o consentimento
dos seus pacientes e de acordo com o seu livre arbítrio. Foram essas as nossas orientações. Se o senhor me perguntar
o que os médicos brasileiros e os médicos do mundo, dos países que vêm fazendo esse tipo de tratamento off-label ou
uso compassivo, utilizaram como referencial, eu trouxe aqui e deixo à disposição dos senhores mais de 2,4 mil artigos
impressos que referendam as metanálises hoje existentes no mundo, mostrando as evidências que todos nós queremos.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ótimo!
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Então, deixo aqui à disposição do senhor.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só... A pergunta não era essa, doutora. A pergunta é objetiva, a senhora
já respondeu, e se a gente precisar de algum documento, nós solicitaremos de V. Exa.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não, Senador.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. é médica pediatra, correto?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Antes de ser nomeada para o
Ministério da Saúde, participou de pesquisas científicas e fez publicações, sobretudo, na área de infectologia?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor. Na área de infectologia, não.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por favor, de que forma V. Sa.
trouxe para o Ministério da Saúde informações sobre o uso de cloroquina no combate à Covid-19?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nós não trazemos informação enquanto Secretária da Sgtes, nós participamos de
discussões ao lado dos técnicos do Ministério da Saúde e dos outros secretários. A competência da minha secretaria é
cuidar da gestão da educação e do trabalho na saúde.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Exa. falou rapidamente que
integra o Conitec. Ainda continua integrando?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ainda continua integrando.
Considerando que não está entre as competências de sua secretaria promover ações de atenção à saúde ou de vigilância em
saúde, qual a origem do seu protagonismo como Secretária de Gestão do Trabalho e de Educação na Saúde na definição
do uso de cloroquina para o tratamento da Covid?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu sou médica e, dentro do Ministério da Saúde, eu tenho a participação nas
discussões técnicas de todos os grupos de que o ministério faz parte. A história da cloroquina, da hidroxicloroquina, das
medicações consideradas antivirais para o enfrentamento da Covid no ministério, ela começa quando o Brasil se depara
com um trabalho científico produzido em Manaus, que é objeto de todas as nossas discussões, que resultou na morte de
22 pacientes, e esse dado é grave.

Nesse momento, o Ministério da Saúde reuniu os seus técnicos para que nós pudéssemos criar um documento juridicamente
perfeito para proteger a população brasileira e orientar os médicos sobre doses seguras desses medicamentos que já vinham
sendo utilizados no mundo inteiro e vinham sendo utilizados pela população brasileira, às vezes, sem a orientação médica.
E nós queremos que todo e qualquer paciente, aos primeiros sinais e sintomas da Covid, procure a unidade de saúde,
possa ser atendido pelo médico e, de acordo com a orientação médica e a vontade do paciente, ele possa ou não receber
medicamentos que podem mudar o curso da doença.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. recebeu ordem para fazer
a defesa do uso da cloroquina?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nunca.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ou foi uma iniciativa sua, pessoal?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nunca recebi ordem e o uso desses medicamentos não é uma iniciativa minha, pessoal.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – O Presidente da República ou o
Ministro da Saúde em algum momento pediram a V. Sa. que atuasse com protagonismo na defesa do uso da cloroquina?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nunca.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. saberia dizer por que, no
início deste mês, o Ministério da Saúde retirou de sua página oficial na internet as orientações sobre o uso da cloroquina?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não. Porque o Ministro Marcelo, numa atitude extremamente acertada, resolveu
levar para a Conitec todas as construções de protocolos clínicos para a conduta da doença, exatamente para nós
eliminarmos as divergências que existem hoje, de opiniões. Estamos primeiramente apresentando os protocolos para o uso
das medicações para o tratamento hospitalar da Covid e, em seguida, essa orientação, que é a Nota nº 17, também deverá ser
transferida, transformada num documento, numa proposta de protocolo clínico para o tratamento ambulatorial da Covid.
A nota não foi... Ela foi simplesmente retirada, porque novo documento está sendo elaborado. Ela não foi revogada.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – A OMS, em julho de 2020, anunciou
a interrupção dos testes da hidroxicloroquina como um tratamento eficaz para a Covid-19. Essa posição da OMS foi levada
em conta em algum momento do processo de definição do seu uso dentro da política pública de combate do ministério?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, é preciso que a gente primeiramente deixe claro que a Organização Mundial da
Saúde é um braço da ONU, que trata das questões relativas à saúde. Embora o Brasil seja signatário dessa entidade, o
Ministério da Saúde de todos os países do mundo é órgão independente, tem sua autonomia para a tomada de decisão
de acordo com as situações locais.
Para o senhor ter uma ideia, a hanseníase, por exemplo, é uma doença que tem um protocolo próprio para tratar os doentes
com hanseníase no Brasil – e assim para várias outras doenças. A OMS retirou a orientação desses medicamentos para
tratamento da Covid baseada em estudos que foram feitos com qualidade metodológica questionável, usando o uso das
medicações na fase tardia da doença, em que todos nós já sabemos que não há benefício para os pacientes. Então, nessas
situações, analisando os estudos que ela utilizou para essa tomada de decisão, o Brasil, os seus técnicos, os seus médicos...
O próprio Conselho Federal de Medicina deixa bem claro que os médicos têm autonomia para usar todos os recursos que
não causem malefícios e que possam trazer benefícios para o enfrentamento da doença. É o que eu, é o que o senhor, é
o que toda a sociedade brasileira quer.

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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu peço, por favor: disponibilizar
o áudio n° 1.
(Procede-se à execução de áudio.)
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Considerando esse áudio, V. Sa.
nos explica por que essa insistência em contrariar a orientação da OMS?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu já informei anteriormente para o senhor: o Brasil não é obrigado a seguir as
orientações da OMS e, se assim fizéssemos, Senador, nós teríamos falhado, assim como a OMS falhou várias vezes. No
início da doença, em janeiro, e isso pode...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – Baseado em que...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Vou explicar para o senhor se o senhor me permitir.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, eu só fiz uma pergunta: baseado em quê?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Vou dizer para o senhor as falhas se o senhor me permitir explicar, e foi
isso que eu me propus a vir aqui hoje fazer para os brasileiros e para os senhores.
No início da doença, o próprio Ministro Luiz Henrique Mandetta, que esteve aqui, na audiência inicial, ele disse que
estava em Davos, numa das reuniões dos conselheiros da OMS, e já era do conhecimento desses consultores que a doença
estava manifesta na China, e a decisão da OMS em janeiro foi de que não se decretasse uma situação de emergência
de interesse internacional, mas que fosse feito apenas um alerta global. O mundo inteiro tem relações com a China, nós
sabemos disso hoje.
A gente tem hoje a certeza de que se trata de um vírus de transmissão respiratória, através de gotículas e através de
aerossóis, e, por conta dessa decisão retardada da Organização Mundial de Saúde, provavelmente nós contaminamos
boa parte do mundo. Somente um mês depois dessa reunião em Davos, a OMS toma a decisão de decretar situação de
emergência de interesse internacional, e o Brasil decreta situação de emergência de interesse nacional.
Posteriormente – para continuar exemplificando as falhas –, a OMS determinou que não era necessário o uso de máscaras,
uma vez que se tratava de um vírus pesado, transmitido por gotículas. Foi necessário que, seis meses depois, um grupo de
mais de 300 cientistas fizessem uma carta para a OMS comunicando que ela precisaria considerar a transmissão através
de aerossóis. Milhões de pessoas foram contaminadas no mundo por causa dessa orientação da OMS.
E, ao longo da sua existência, a OMS já fez recomendações que são condenáveis, como, por exemplo, que mulheres
portadoras de HIV amamentem seus filhos, sabendo do risco de transmissão.
Em 2017, Senador, a OMS também deu a orientação, num consenso para o uso de novos antimicrobianos para o
enfrentamento de bactérias multirresistentes, de que se retirasse o estudo das drogas que tratam tuberculose. Nós temos
mais de 1 milhão de mortes por tuberculose no mundo...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só uma pergunta para a senhora, doutora. As decisões da OMS: foram
revogadas algumas delas?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Ela mudou suas decisões.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só um minutinho.
Ela mudou as decisões?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Sobre a questão de amamentar, ela continua mantendo isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, cada país...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, só um minutinho. Ela mantém, a OMS mantém... Eu estou fazendo
uma pergunta muito objetiva.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A OMS mantém amamentar... Mulheres que têm HIV amamentar
criança? Ela mantém isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, mantém.
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O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Mantém no protocolo?


A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mantém, e o Brasil, nas nossas orientações...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, sim, sim. Eu só perguntei. Tudo bem, mantém.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Objetivamente respondendo: a
senhora disse que o Brasil não estaria obrigado a seguir a OMS. Foi isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nenhum país está, Senador.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim, eu gostaria de saber
objetivamente: foi essa a resposta?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.

O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – No ano de 2020, o laboratório
químico e farmacêutico do Exército passou a produzir cloroquina dada a ampliação do seu uso para os casos de Covid.
O ex-Ministro Mandetta... Os ex-Ministros Mandetta, Teich e Pazuello, ouvidos por essa CPI, garantiram que essa decisão
não passou pelo Ministério da Saúde em suas gestões.
Assim indago a V. Sa.: Estando V. Sa. no Ministério da Saúde desde o início da pandemia, saberia dizer quem ordenou a
produção, o aumento da produção de cloroquina pelo laboratório do Exército no ano de 2020?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Pois não, é preciso que a gente deixe claro que na gestão...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Saberia ou não dizer...
É uma pergunta objetiva.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, não sei dizer.
O Ministro Mandetta deveria saber porque ele é o Ministro.
Eu, como Secretária da Secretaria de Gestão do Trabalho...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não, mas nem ele, nem o Teich,
nem o Pazuello... Disseram aqui nesta CPI que não sabiam.
E eu fiz a pergunta à senhora, a senhora saberia dizer?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, não sei informar.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não sabe informar.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não sei.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Em maio de 2020, V. Sa. fez a
seguinte declaração em vídeo, que vamos aqui disponibilizar. (Pausa.)
Vídeo 1.
Não, aquele foi um áudio. (Pausa.)
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O que nós criamos...
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Fora do microfone.) – ... ela
fala em imunidade de rebanho...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por favor.
"O que nós criamos, mantendo todas as pessoas em casa naquelas cidades, que até por medidas coercitivas agiram como
legisladores em estado de exceção, foi causar mais pânico na sociedade, e nós atrapalhamos a evolução natural da doença
naquelas pessoas que seriam assintomáticas, como as crianças, e que a gente teria um efeito rebanho".
Essa sua declaração, claramente em relação à tese da imunização de rebanho, segundo a qual a imunidade da população
poderia ser atingida não só com a vacinação, mas, também, com a contaminação em massa pelo vírus e o desenvolvimento
da imunidade natural por parcela relevante da população.
Pergunto: V. Sa. concorda com a tese?
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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Qual a tese que o senhor quer que eu concorde?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – A tese...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Da imunidade de rebanho?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim, da imunidade...

A SRA. MAYRA PINHEIRO – O meu... O áudio que o senhor acabou de mostrar, se trata de uma colocação referente
à população pediátrica, e, na época eu defendia que as crianças não fossem retiradas das escolas. Aliás, a retirada das
crianças das escolas foi uma das maiores agressões que a gente fez a essa população. Nós privamos as crianças mais
carentes da merenda escolar, que supre dois terços das necessidades calóricas delas, nós privamos essa criança do bem
mais importante para a transformação social do País ou de qualquer lugar do mundo, que é a educação. E, como pediatra,
eu fiz vários estudos, ao lado de colegas que são cientistas e hoje nós temos a certeza de que as crianças têm 37,5 vezes
menos chances de contrair a doença, e a possibilidade de transmissão a partir de uma criança também é baixa. Então, a
minha defesa no vídeo...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária Mayra...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... eu apelo novamente e gentilmente
para que V. Sa. responda objetivamente. No final das suas colocações, V. Sa. falou: "e nós atrapalhamos a evolução natural
da doença naquelas pessoas que seriam assintomáticas..."
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nas crianças...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... "como as crianças e que a gente
teria um efeito rebanho..."
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nas crianças.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim, estou falando sobre...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nós não precisávamos deixar, Senador, e eu sou pediatra, as nossas crianças fora das
salas de aula. O tempo dirá o prejuízo que nós vamos causar para os países...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não estou perguntando sobre isso.
Eu estou perguntando: a senhora concorda com a tese da imunização de rebanho?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, ela não pode ser aplicada indistintamente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A senhora falou também do comércio, doutora. Doutora, só um
minutinho.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O senhor permite que eu...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ela precisa responder objetivamente,
isso é um depoimento.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Fernando Bezerra, deixa que eu faço.
O Senador Renan faz uma pergunta objetiva. Eu estou sendo informado aqui de duas coisas. Primeiro, a OMS colocou,
em 2006, a amamentação e no ano seguinte retirou, está certo? É o primeiro que estou recebendo. Mandei checar para não
ser injusto. E a questão maior que a OMS levantou foi em relação à África: que a mãe, sendo cuidada, poderia amamentar
e não deixar a criança morrer de fome. Então, veja bem, não é o caso do Brasil. Mas estou colocando, doutora, que a
senhora falou também do comércio, não foi só de criança. Veja bem, tem muita coisa que a senhora falou que nós temos
gravado aqui. A gente não quer ser deselegante com a senhora. Por favor, a senhora está protegida sobre Manaus, sobre a
falta de oxigênio em Manaus; sobre as outras coisas que a senhora fez lá, não. Mas eu só peço à senhora para ser objetiva,
sim ou não. E a hora em que a senhora achar que não deve responder, consulte o seu advogado e não responda. Agora,
por favor, nos ajude aqui a esclarecer algumas coisas. Não foi só crianças.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. já se manifestou publicamente
em outros momentos contra ou a favor dessa tese?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Tese do efeito rebanho?
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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim, da imunização natural, do
efeito rebanho.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Estou tratando disso.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu preciso que isso seja contextualizado. Eu acho que o efeito rebanho não pode ser
usado indistintamente para as populações, Senador, porque não é possível que a gente vá prever quanto eu tenho que
expor da população para que eu atinja esse benefício. Então, isso pode resultar em muitas mortes. Então, não posso tomar
isso fora do contexto.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não, mas eu perguntei
objetivamente. A senhora se manifestou, sim ou não, em outros momentos, contra ou a favor dessa tese? Sim ou não.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não que eu me lembre.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não que se lembre.
V. Sa. recebeu ou tem conhecimento de algum estudo técnico ou outro documento contendo análise dessa tese e seu
impacto sobre a saúde pública?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não que eu me lembre.

O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não que se lembre.
Em algum momento essa tese foi cogitada pelo Ministério da Saúde como estratégia de condução de ações de
enfrentamento da pandemia?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nenhuma vez em que eu estivesse presente.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. tem conhecimento de alguém
que defendesse essa tese no Ministério da Saúde ou em outro órgão do Governo Federal?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – No Ministério da Saúde, nenhuma defesa foi feita a respeito dessa tese.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Alguma vez o Ministro da Saúde
ou o Presidente da República discutiram essa tese com V. Sa. pessoalmente, por telefone...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nunca.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... ou por mensagem de texto ou
em algum evento em que V. Sa. estivesse presente?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nunca.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Nunca.
V. Sa. chegou ao Ministério da Saúde no início da gestão do ex-Ministro Mandetta, em 20 de janeiro de 2019, para exercer
o cargo de Secretária da Sgtes. Apesar de tantas trocas no Ministério da Saúde, das turbulências experimentadas pela pasta
durante a pandemia, V. Sa. se manteve no cargo nas gestões Mandetta, Teich e Pazuello, até trabalhar também com o
atual Ministro Marcelo Queiroga.
Questionamos: quais foram as principais mudanças percebidas por V. Sa. nas várias gestões do ministério?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu acho que houve uma continuidade dos trabalhos. Cada um dos ministros...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Houve uma continuidade dos
trabalhos.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, cada um dos ministros tentou fazer o melhor para o Brasil e foi dado seguimento,
foram feitas correções, mas nós estamos num período excepcional. Desde que eu entrei no Ministério, nós temos a
necessidade de cumprir as pautas ordinárias do Brasil e, ao mesmo tempo, nós somos tomados para o enfrentamento de
uma pandemia nunca antes vivida por nós.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por favor, foi dada a continuidade
das políticas públicas pelos ministros.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. considera que foi mais
marcante em qual dessas gestões? A sua posição como ministra... Como secretária, melhor dizendo.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Todas elas tiveram grandes contribuições para a gestão da saúde pública no Brasil em
momentos diferentes.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – O Presidente da República interferiu
de algum modo na sua permanência no Ministério da Saúde?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Pelo que V. Sa. observou, como
era a relação de cada um desses ministros da saúde, seus chefes imediatos, com o Presidente da República? O que mudou
de um ministro para outro efetivamente?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – As necessidades mudaram. Nós estávamos, durante o início da pandemia, por exemplo,
enfrentando um vírus; nós estamos tendo um novo surto da doença por um outro vírus. A necessidade de ação muda.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não, eu falo: o que mudou na relação
dos ministros, dos ex-ministros, com o Presidente da República?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não posso responder a essa pergunta porque eu não trato da relação dos meus ministros
com o Presidente. Eu sou subordinada ao ministro e acato as orientações e os pedidos que são feitos a mim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – A Sgtes, que V. Exa. dirige, é
responsável por planejar, apoiar e coordenar as atividades relacionadas ao trabalho e educação em saúde no âmbito do SUS.
Segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, 72,6% dos profissionais de saúde não receberam treinamento
relacionado à Covid-19 até março de 2021. Pesquisa realizada pela USP, Fiocruz, UFPel, UFBA, Rede APS Abrasco,
com respostas de 2.566 profissionais e gestores em cem Municípios brasileiros, entre maio e julho de 2020, indicou que
apenas 34,4% dos profissionais da APS haviam recebido treinamentos sobre Covid e sobre o uso correto de EPIs.

Essa pergunta foi elaborada com a colaboração efetiva da Rede Interdisciplinar de Especialistas em Covid.
O que V. Sa. fez na sua gestão em relação a esses números?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu não sei se o senhor se lembra das minhas palavras no meu discurso inicial.
Para o enfrentamento da pandemia, a decretação da situação de emergência aconteceu janeiro. A SGTES, em março, para
o enfrentamento à pandemia criou três ações estratégicas: o Brasil Conta Comigo – profissionais da saúde, residentes e
estudantes. Somente o banco de dados de repositório de recursos humanos da SGTES, hoje, conta com mais de 1,007
milhão de profissionais. Esses profissionais, ao se inscreverem no banco, recebiam a possibilidade – é livre escolha, nós
não obrigamos ninguém a fazer esses cursos – de fazer o treinamento de acordo com a sua área de atuação. E as 14
categorias da saúde, incluindo os agentes de saúde, têm nas plataformas do Ministério da Saúde cursos específicos para
garantir a sua atuação. E aí...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Exa. concorda ou discorda desses
números aqui que foram apresentados pela Rede Interdisciplinar de Especialistas?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Essa é uma informação, ela não contradiz o meu trabalho. Meu trabalho é ofertar
formação para os profissionais de saúde, mas eu não posso, ninguém pode obrigar um profissional de saúde a fazer a
formação. Ela está disponível. Inclusive, no caso de Manaus, nós fomos responsáveis pela contratação de mais de 300
profissionais, com recursos próprios do Ministério da Saúde, e nós fizemos treinamento in loco de intubação, sequência
rápida de reanimação para esses profissionais que foram contratados. Então, a oferta existe, nós temos aí cursos que
atingiram mais de 300 mil profissionais, mas nós não podemos obrigar os profissionais. Foi ofertada toda uma gama de
cursos para cada uma das categorias. Eu já mencionei aqui a participação da Sociedade de Terapia Intensiva, a Amib, que
fez curso para os médicos intensivistas, mas isso é uma livre escolha do profissional.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Os critérios de confirmação da Covid
clínico-epidemiológicos por imagem laboratorial preconizados pelo Ministério da Saúde foram incluídos na formação
continuada dos profissionais de saúde?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, os cursos tratam...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim...
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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... desde o diagnóstico, o uso de equipamentos de proteção individual, sequência de
intubação...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Houve treinamento para uso de
testes rápidos?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A SVS que faz esse tipo de treinamento. A minha secretaria trata da questão de
abordagem clínica, mas existem cursos da Secretaria de Vigilância Sanitária, inclusive em parceria com o Conass e o
Conasems, para que haja esse tipo de orientação.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. tomou alguma providência
para amenizar o desgaste físico e psicológico decorrente do grande aumento da carga de trabalho dos profissionais do
SUS durante a pandemia?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, também como eu já mencionei no meu discurso, nós primeiro iniciamos uma
pesquisa com os profissionais atuantes para o enfrentamento da doença. Essa pesquisa hoje é o maior banco do mundo de
profissionais seguidos: são 185 mil profissionais que livremente participaram da pesquisa, que atuam no SUS. Nós criamos
ambulatórios para atendimento, especificamente em Manaus, aos profissionais que estavam exauridos, ambulatório com
psicólogos e psiquiatras; e nós criamos um uma gama enorme de cursos de saúde mental, não só para os profissionais de
auxílio, mas para a população. Como eu já mencionei, nós criamos o programa Mentalize, as ações de educomunicação
em saúde para prevenção do suicídio e da automutilação, no contexto de que o Brasil é um país que tem inúmeros casos
já de depressão e transtorno de ansiedade. Então, é a nossa quarta onda da doença, e a minha secretaria tem e teve um
papel marcante nesse enfrentamento.

O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Em relação à situação calamitosa
ocorrida no Estado do Amazonas, no início deste ano de 2021, perguntamos: por que V. Sa. foi escolhida para ser a
enviada a Manaus?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu já declarei, foi uma honra participar dessa missão em Manaus.
A motivação da minha escolha, Senador, é que eu estou desde o início do Governo. Então, eu sou a secretária mais antiga
da equipe e médica. E, no primeiro surto da doença em Manaus, eu fui deslocada também para estar em Manaus, fazendo
o mesmo papel que eu fiz agora, de organizar os recursos humanos em saúde. Todos os países, para o enfrentamento da
pandemia, precisam de equipamentos de proteção individual, respiradores e leitos, mas muitos esqueceram que o recurso
mais importante são os profissionais da saúde, e não é possível abrir leitos sem profissionais. Então, um dos motivos pelos
quais eu fui designada foi a necessidade primordial de a gente organizar e capacitar os recursos humanos de Manaus.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, V. Exa. já conhecia
previamente a situação e as características do sistema de saúde de Manaus, que já havia experimentado um colapso em
abril e maio de 2020? – essa também é uma pergunta gentilmente cedida por internautas.
Por favor.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, conhecia...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim, conhecia.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... e tenho conhecimento da...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por que sua ida à cidade se deu
apenas após a virada do ano, se o Ministério da Saúde relatou, em documento, que observou aumento de casos a partir
já da semana do Natal de 2020?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não, Senador.
No dia 28 de dezembro, o Ministro Pazuello convocou todos os seus secretários, ordenou a suspensão dos recessos de
final de ano, que são habituais em todo o serviço público, e nos convocou para uma reunião, dando conta da situação de
Manaus. E, nessa reunião, foi designado que um dos secretários médicos fosse deslocado para fazer uma prospecção da
situação local. E, aí, eu já expliquei os motivos pelos quais eu fui designada, o fato de já conhecer a situação de Manaus,
de ser médica e da questão dos recursos humanos como prioridade.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Segundo...

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Entre o dia 28 e o dia do nosso embarque, nós fizemos toda a organização logística
para estarmos em Manaus, e tivemos uma enorme dificuldade de organizar reuniões com todas as duas secretarias, com
todos os técnicos, uma vez que boa parte das secretarias estadual e municipal de saúde se encontrava de recesso. Nós não
conseguíamos falar com as pessoas. E, como servidores públicos, nós também temos que cumprir toda a questão legal
para se organizar uma viagem: emissão de passagens, diárias... Então, essa foi a motivação de a gente só viajar no dia 3.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária Mayra...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Segundo o ofício que V. Sa. mesma
afirmou, Ofício 48/2021, a finalidade da viagem seria a – aspas – "de observar a real situação do Estado e, posteriormente,
transmitir a linha de ações a serem executadas, face à situação encontrada". O relatório "Ações emergenciais decorrentes do
agravamento dos casos de Covid-19 no Estado do Amazonas" relata as observações e as linhas de ação a serem executadas;
é assinado pelo Ministro Pazuello. Existe um relatório da viagem elaborado pela própria comitiva?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – A documentação relativa a essa
viagem consta de algum processo do Ministério?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. poderia nos informar o
número e mandá-los para a Comissão Parlamentar de Inquérito?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Vou solicitar agora.

Mas a finalidade da nossa viagem foi exatamente fazer um relatório de prospecção. Ele foi feito, e os atendimentos às
demandas, para o senhor ter uma ideia, se o senhor me permite explicar, porque isso foi parte da minha vida... Manaus
é uma história muito intensa na minha vida. Então, à medida que nós íamos recebendo... No dia 4, às 8h da manhã, nós
já estávamos reunidos com o secretário, Governador, Prefeito, a secretária recém-empossada. À medida que nós íamos
ouvindo as questões colocadas, imediatamente nós íamos recebendo também os ofícios e repassando para os secretários
que estavam em Brasília. Então, foram muitas demandas atendidas de urgência já no primeiro dia.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. recebeu informações a
respeito do abastecimento de oxigênio medicinal nos hospitais de Manaus e sobre a capacidade de fornecimento desse
insumo ao serviço de saúde?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor. Durante o período em que eu estive lá, inclusive eu participei de visitas
aos hospitais, onde foi o nosso grande choque. Nós nos deparamos...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não recebeu informações?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nenhuma informação durante o período em que eu me encontrava lá.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não recebeu informações. E em
que momento se percebeu que faltaria oxigênio medicinal em Manaus?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não houve uma percepção de que faltaria. Pelo que eu tenho de provas, é que nós
tivemos uma comunicação por parte da secretaria estadual, que transferiu para o Ministro um e-mail da White Martins
dando conta de que haveria um problema de abastecimento, segundo eles, mencionado como um problema na rede.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. considera que a quantidade
de oxigênio medicinal necessária para o provimento das necessidades hospitalares pode ser calculada com base no
prognóstico das internações hospitalares?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Como médica, Senador, é possível fazer isso quando nós estamos em estado de
normalidade, habitual. Eu sou intensivista, eu trabalho com uma UTI que tem dez leitos, eu consigo saber que cada um
daqueles leitos tem que ter uma provisão de oxigênio e ar comprimido. Então, é possível que eu tenha uma média do uso
de oxigênio. Numa situação como nós encontramos...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Considera ou não considera?

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A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... em Manaus, numa situação extraordinária de caos, onde nós não temos noção de
quantos pacientes vão chegar ao hospital, é impossível se fazer uma previsão de quanto você vai usar a mais. O que eles
tiveram foi uma constatação. Passaram de 30 mil metros cúbicos para 80 mil metros cúbicos.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, considera ou não considera?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não considero que seja possível.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não considera.
Como médica com experiências em UTIs e por ser o oxigênio medicinal um item essencial estratégico, V. Sa. atuou
diretamente na obtenção de oxigênio medicinal para Manaus?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Com quem V. Sa. tratou do
problema?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu não tratei do problema...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Em que momento?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Em nenhum momento.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Está bom.
Quando ocorreu a chegada de mais oxigênio a Manaus?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu não estava mais em Manaus. A minha prospecção durou do dia 3 ao dia 5. Eu voltei
para Brasília, entreguei os relatórios completos para o Ministro, mas eu não participei da compra, aquisição e da logística
de fornecimento de oxigênio.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mas soube, teve alguma informação?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu soube do que estava acontecendo e acompanhei todo o esforço que foi feito pelo
Ministério da Saúde, associado a outros ministérios para garantir o socorro e o fornecimento de oxigênio, mas eu não
participo diretamente.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sabe dizer quem organizou essas
remessas?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Foram muitos ministérios em cooperação: Ministério da Saúde, Ministério da Defesa...
Senador, Manaus, como eu já disse antes ao senhor, é uma história da minha vida inesquecível.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Fora do microfone.) – Para nós também.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O que eu vivi em Manaus... Senador, a diferença é que eu participei dessa missão na
qualidade de médica. O que eu assisti em Manaus, em 30 anos de formada, eu nunca vi. As pessoas...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A senhora atendeu quantos pacientes por Covid? Na sua história lá em
Manaus, a senhora atendeu quantos pacientes? A senhora prescreveu quantas vezes alguma...

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, eu não fui...


O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A senhora atendeu algum paciente em Manaus?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Em Manaus, não, senhor.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É uma história da sua vida, a senhora foi lá, mas não atendeu nenhum
paciente?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, as histórias da vida da gente, Senador, não são só os atendimentos; são o que
nós presenciamos.

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O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Por favor. A história de Manaus, o que aconteceu na cidade de Manaus
é uma coisa que nós amazonenses, nós que vivemos lá... Eu estava lá, eu sei o que eu passei, até porque, como referência
política, você é procurado. Aliás, o Hospital Delphina Aziz – que a senhora visitou e deve ter visitado – foi construído
por mim, quando fui Governador, e é um baita hospital. Poucos hospitais a senhora vai ver iguais, no serviço público,
como tem aquele ali na cidade de Manaus.
Mas, Dra. Mayra, do dia 3 ao dia 5, foi nessa época em que a senhora lançou o tratamento precoce TrateCov, lá?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A gente não lança tratamento precoce...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, só para lhe fazer uma pergunta. Sabe por quê? Porque, dez dias
depois, mesmo com o lançamento do TrateCov, a senhora viu o que aconteceu na cidade de Manaus. Então, é uma história
para a gente... Inclusive, tem uma médica, aqui – o senhor me desculpe, Senador Renan –, a Dra. Michelle, que estava no
banco de dados do Ministério da Saúde. Ela prescreveu para uma médica, no Hospital da Mulher – construído pelo Senador
Eduardo Braga, que eu tive a felicidade de contribuir para funcionar; um hospital que a senhora deve ter conhecido –,
prescreveu para uma paciente gestante aspirar cloroquina, e ela morreu. Essa médica de São Paulo estava no seu banco
de dados. Depois, eu queria saber se ela teve o treinamento que V. Exa. deu a esses médicos, sabe? A senhora disse que
treinou. Uma paciente gestante, uma médica de São Paulo a fez aspirar cloroquina. E ela aspirou e faleceu. Sabe por quê?
Porque, segundo a médica, era a única coisa que ela podia fazer naquele momento.
Eu não estou aqui criminalizando ninguém, não estou criminalizando! A paciente poderia até ir a óbito independentemente
da cloroquina ou não. Eu não sou médico, para fazer uma análise, mas isso aconteceu em Manaus também. Nós também
temos muitas histórias para contar nessa pandemia, doutora.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL. Para interpelar.) – Eu queria só lembrar
que o próprio relatório do Ministro Pazuello diz que se estima um substancial aumento de casos – o que pode provocar
aumento da pressão sobre o sistema –, entre o período de 11 a 15 de janeiro, em função das festividades de Natal e
Réveillon. E por que não se previu, em função disso, a falta de oxigênio? Para concluir a pergunta.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, o senhor perguntou anteriormente se era possível a gente prever quanto a mais
de oxigênio você vai usar.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Exatamente.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nós não sabemos a evolução dos pacientes. Por isso que a Covid é uma doença grave
de desfecho incerto. Eu não consigo saber quem vai ter o quadro que não vai precisar de internamento e quem vai evoluir
para o óbito.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mas nesse caso...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Então, não é possível prever quais são os pacientes que vão usar.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Nesse caso, estava estimado um
aumento substancial de casos.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas a primeira coisa que a gente tem que levar em conta é que não é do Ministério
da Saúde a competência de cuidar do abastecimento, estoque e fornecimento de oxigênio. E dar previsão de quanto nós
vamos usar mais, nenhum profissional, nenhum técnico consegue fazer isso, porque você não tem leitos formalizados. O
que nós trabalhamos foi com o estado de exceção. A gente tinha pacientes internados no Hospital 28 de Agosto...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – E por que não é da competência
do Ministério?

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Porque isso não está previsto nas nossas atribuições. Isso é competência dos Estados
e dos Municípios, Senador.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Fora do microfone.) – Lei
Orgânica da Saúde...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Lei Orgânica da Saúde...
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Fora do microfone.) – ... a
capacidade de o Município ou de o Estado atuar para garantir o insumo ou o que quer que seja, a responsabilidade é do
Ministério da Saúde.
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A SRA. MAYRA PINHEIRO – Foi o que nós fizemos, Senador. Foi o que nós fizemos. Quando o Estado...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não, não.
O próprio relatório diz que iria aumentar – isso aqui é muito grave – em função das festividades de Natal e Réveillon, ou
seja, já tinham a informação e nada fizeram. E é competência do ministério, sim.
Quem negociou a chegada do oxigênio doado pela Venezuela? A senhora disse que tinha alguma...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não participo desse tipo de decisão.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não, não participa, mas teve algumas
informações sobre o...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não sei lhe dar essa informação, Senador.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Quantos pacientes faleceram pela
falta de oxigênio?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não tenho esse número, essa informação para lhe dar.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sua visita foi útil para evitar mortes
por desassistência à população?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu acho que todo trabalho dos técnicos do ministério foi marcante no Amazonas.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Como?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A nossa atuação, Senador...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Como?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... garantiu o aumento da ampliação da oferta de leitos. Nós garantimos o suporte do
oxigênio quando foi necessário. Nós fizemos ações que vão muito além das nossas competências: o fornecimento de
equipamentos de proteção individual, de medicamentos para intubação. Só de ventiladores mecânicos, foram mais de mil
ventiladores levados em caráter de urgência para o Amazonas.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. visitou as unidades básicas
de saúde para recomendar aos médicos do SUS o uso do tratamento precoce?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, não visitei as unidades.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não visitou para recomendar o uso
de tratamento precoce?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não visitei nenhuma unidade.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Houve algum tipo...
Não visitou a unidade, mas recomendou o uso do tratamento precoce?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não. O Ministério da Saúde não recomenda. O Ministério da Saúde orienta.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Tá.
Houve algum tipo de orientação direta, então, para os médicos da cidade prescreverem o tratamento precoce a seus
pacientes?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, o meu trabalho é dar conhecimento, sobretudo para a sociedade médica – e
são eles os prescritores –, porque eu sou médica, de todo documento juridicamente perfeito elaborado pelo ministério. E
o Ministério da Saúde tem uma Nota de Orientação nº 9, que depois foi transferida, transformada na Nota nº 17, onde ele
orienta, segundo o parecer do Conselho Federal de Medicina, que os médicos, para o enfrentamento dessa doença grave,
de desfecho incerto e letal, eles possam usar dos medicamentos off-label que estão disponíveis.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Então, nós orientamos.
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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária, o mesmo relatório já
referido anteriormente diz: verificar se estão sendo empregadas medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... caso contrário, incentivá-las e
esclarecer os profissionais.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – O próprio relatório, entendeu? Por
isso que essas perguntas objetivas são, nesse contexto da investigação e da Comissão Parlamentar de Inquérito, melhores
observadas, porque...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas é perfeito, Senador.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... muitas ensejam variadas
contradições.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O senhor falou aí de incentivar a prevenção, orientação... A prevenção é essencial.
A gente precisa deixar claro para a população brasileira que está nos acompanhando que, para enfrentar essa doença, que
é grave – o nosso inimigo comum, meu, dos senhores, da população, é o vírus –, todos os recursos têm que ser utilizados.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por isso que eu perguntei: houve
algum tipo de orientação direta para os médicos da cidade prescreverem o tratamento precoce?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A orientação é...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... em função do que contém o
relatório.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... para todos os médicos brasileiros, Senador, não só para Manaus.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Tá.
Como Secretária responsável pela formação de recursos humanos na área de saúde, V. Sa. considera adequado recomendar
a médicos o uso de terapias sem eficácia comprovada para qualquer patologia?

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, primeiro a gente precisa definir o que é eficácia e o que é evidência, que a
maior parte da população brasileira não sabe, e eu acredito que os senhores também, por não serem médicos, não são
obrigados a saber.
Numa situação de guerra, nós lançamos mão de todas as evidências disponíveis para a gente salvar as pessoas, desde que a
gente esteja diante de medicamentos seguros. E atualmente não nos faltam evidências. No início da doença, nós tínhamos
evidências da ação dos medicamentos considerados para o uso off-label in vitro e tínhamos as experiências individuais, a
expertise dos especialistas, a opinião dos especialistas. Hoje nós temos essa quantidade.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mas não é esse contexto que nós
estamos a investigar. É o contexto aqui já referido a V. Sa. da imunização de rebanho, da facilidade para o vírus trafegar,
com a consequente imunização natural e pela ineficácia da vacina. Esse era o contexto, esse é o contexto que está sendo
levantado aqui.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Pelo senhor só, não
é o que está sendo apurado na CPI. É a cabeça do senhor isso, não é?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. trabalhou para que pacientes
fossem transferidos de Manaus para outras unidades da Federação?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, Senador.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Isso foi resolvido de maneira
tempestiva?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A minha situação é que eu precisaria contextualizar. Eu não participei do transporte
de nenhum paciente adulto.

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Num. 101508814 - Pág. 22
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Quantos pacientes faleceram antes
de serem transferidos?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não sei lhe dizer, não sei lhe dar esse número.
Eu participei da tentativa de transporte de crianças da UTI neonatal. Não participei do transporte de pacientes adultos.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu pediria a...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Renan...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... que, por favor, mandasse.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – ... só para informar aos Srs. Senadores, às Sras. Senadoras e a quem
está nos vendo: um paciente nosso que foi transferido felizmente passou 150 dias em Goiás e voltou com vida para o
Estado do Amazonas.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Graças a Deus!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Isso é uma notícia muito boa para todos nós.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu pediria, por favor, que informasse
à Comissão, no decorrer dos nossos trabalhos. E peço à Secretaria-Geral da Mesa que faça essa devida requisição.
Todas as suas ações e providências em Manaus foram tempestivas?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Uma pergunta objetiva.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – "Sim", no seu entendimento.
Houve demora ou atraso em alguma delas?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nas minhas ações, não, Senador, porque aí o senhor tem que lembrar que a minha
competência, no caso da Sgtes... No primeiro momento em Manaus, eu fui para fazer uma avaliação da situação e relatá-
las ao meu Ministro. Nas competências da Sgtes, que é a formação de recursos humanos e fornecimento de recursos
humanos, a Sgtes inclusive montou um escritório dentro da secretaria estadual, para administrar os recursos humanos em
Manaus, agilizando as contratações.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. enviou um ofício à Secretaria
de Saúde de Manaus estimulando a gestão municipal a usar medicamentos orientados pelo ministério contra o novo
coronavírus, entre eles a cloroquina. No documento, classificou como inadmissível a não adoção da orientação. Vou ler,
se os senhores permitirem, Presidente – aspas: "Aproveitamos a oportunidade para ressaltar a comprovação científica
sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde, tornando, dessa forma, inadmissível, diante
da gravidade da situação de saúde em Manaus, a não adoção da referida orientação" – fecha aspas.

V. Sa. confirma esse fato?


A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Em depoimento à Polícia Federal,
em 9 de fevereiro de 2021, V. Sa. defendeu a utilização da cloroquina e responsabilizou autoridades estaduais e locais
pela crise da saúde no início do ano. Teria dito que o Amazonas e Manaus sempre tiveram problemas na gestão da saúde
e que, em nenhum momento, foi informada pelas autoridades estaduais e municipais da falta de oxigênio. Pergunto: V.
Sa. confirma essa informação?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – O problema foi a gestão local?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu precisaria fazer uma contextualização do que eu vi em Manaus.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – E nós precisaríamos que a senhora...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, eu já disse "sim" para o senhor.

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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... em podendo, claro, em podendo...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... mas eu preciso lhe dizer porque eu preciso...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... que respondesse objetivamente.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu já disse "sim", mas é que, se o senhor me permitisse...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não, disse "sim" à primeira pergunta.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Às duas; "sim".
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ele está perguntando sobre a questão da orientação. Não?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, foi feita a orientação, sim. Mas, quando o senhor narra...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Quando a senhora fala... O Senador perguntou...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Objetivamente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – O Senador Renan perguntou para a senhora: "A senhora recomendou
cloroquina?", e a senhora disse "não".
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, recomendou não, orientamos. É uma orientação do ministério.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, eu não entendo, qual é a diferença entre recomendar e orientar?
Qual a diferença?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A orientação é um documento do ministério; existe um documento, eu estou falando
de uma norma técnica, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não, espere aí. Pois é, eu queria que a senhora me explicasse
tecnicamente, porque eu não sou... Qual a diferença, no Português, entre recomendar ou orientar? Qual é a diferença?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não. Quando a gente se refere a...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Porque o pessoal que está nos assistindo aí não entende: recomendou,
orientou. Qual é a diferença?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – E pior, Presidente, ela falou: "é
inadmissível não usar, inadmissível não usar". Então, como é que não responde objetivamente? E confirmou o fato já com
a colocação de que é inadmissível não usar.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Se o senhor me permitisse...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por favor.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A minha presença aqui é uma oportunidade para que eu possa esclarecer aos brasileiros
e aos senhores o que eu presenciei em Manaus. Então, o contexto desse reforço argumentativo sobre a orientação e a
palavra inadmissível é no contexto do que nós encontramos na atenção primária de Manaus. Um grupo de médicos se
ofereceu como voluntários pra fazer a prospecção nas unidades básicas de saúde. A informação, para os senhores terem
uma ideia, que nós recebemos da Secretaria Municipal de Saúde foi que Manaus tinha 18 unidades básicas de saúde –
essa foi uma informação oficial –, para que, no dia seguinte, o Ministério da Saúde tivesse conhecimento de que eram
136, e não 18; 18 eram as que estavam atendendo Covid.
A outra informação oficial que nós recebemos, Senador, é que existiam 40 óbitos domiciliares acontecendo por dia em
Manaus. Na visita que esses profissionais fizeram, eles encontraram unidades fechadas com cadeados, unidades sem
médicos, farmácias sem estoque algum sequer de dipirona e paracetamol, 2 mil testes reprimidos...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então V. Sa. confirmou as
informações.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, a informação que está sendo
passada aí é importante.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu não estou fazendo uma...

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O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Não, mas a informação que ela está passando
é relevante para a Comissão. A informação que ela está passando é relevante para a Comissão.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Isso é um depoimento, isso não é
uma sabatina, isso é um depoimento
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sim, mas ela está falando sobre o que
aconteceu em Manaus, Senador Renan.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – É um depoimento.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Se não interessa a V. Exa., interessa aos
membros da CPI, como não?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ela tem boas informações, o
problema... (Fora do microfone.) gestão local...
(Interrupção do som.)
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, Sr. Presidente, a CPI
representa apenas (Fora do microfone.) a vontade do Relator em relação ao depoimento?
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Sr. Presidente, depois o
Senador Marcos pode perguntar novamente, ele vai ter 15 minutos de pergunta.

O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Ela está no meio do depoimento...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Ele pergunta novamente,
vamos evitar...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – ... com informação relevante, e ele...
(Interrupção do som.)
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO. Fora do microfone.) – ... corta porque não
interessa...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só para... Foi alguma pergunta... Só pra me dizer: foi alguma pergunta
ofensiva à doutora que ele fez?
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ah, não? Não? Ele perguntou... Pelo que eu estou entendendo, ele
perguntou bem assim: "Houve falha de quem? Da Prefeitura, do Estado?". É isso.
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ela confirmou os fatos, confirmou
(Fora do microfone.) o depoimento.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente!
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM. Fora do microfone.) – Vamos ouvi-
la, Presidente.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente, convenhamos! Obrigado.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Refazendo a pergunta, Secretária,
por favor.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Fora do microfone.) – Obrigada, Dr. Omar.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – O problema foi a gestão local?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, foram muitos problemas. Eu não vim aqui pra apurar as responsabilidades,
mas pra fazer o relato do que eu vivi.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Claro.

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A SRA. MAYRA PINHEIRO – O que eu assisti nas unidades básicas de saúde de Manaus é desassistência e caos. Como
eu disse ao senhor, as unidades estavam fechadas enquanto a população morria, algumas sem medicamentos...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Quais as...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... outras sem médicos.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Quais, doutora?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu posso entregar o relatório para o senhor, completo.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, a senhora falou "as unidades"... Isso em que ano?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – As unidades básicas de saúde, atenção primária.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Que ano?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Agora, 2021, foi nessa prospecção atual. Então, assim, no contexto da quantidade de
óbitos, como médica, é inadmissível que a gente não tenha a adoção de todas as medidas. Foram... A secretaria nos
informou, numa das reuniões, que nós tínhamos 2 mil testes de RTC-PCR reprimidos.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Outra pergunta: o Ministério da
Saúde teve alguma responsabilidade?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Responsabilidade de...?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Desses casos que nós estamos a
perguntar.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, nenhuma responsabilidade. A responsabilidade...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Tá, nenhuma responsabilidade.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... da doença é o vírus, Senador, não é o Ministério da Saúde.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Quais eram os principais problemas
de gestão daquele Estado?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Vários, vários.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – E do... Não...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A gente não tinha um controle, um gerenciamento de crise, a gente tinha resolução
de situações como políticas de apagar incêndio, não havia planejamento estratégico para o enfrentamento da doença;
nas unidades básicas de saúde nós não tínhamos triagem, os pacientes que chegavam com Covid eram misturados com
pacientes sem Covid, se contaminando mais. A gente não tinha testes para isolar as pessoas com a doença pra que não
houvesse novas pessoas contaminadas. Nós não tínhamos seguimento telefônico nem de nenhuma outra forma para os
doentes que estavam em casa. E o que me causou mais estranheza é que nós temos uma população de participantes do
sistema de saúde, de trabalhadores da saúde chamados agentes de saúde, e em Manaus eles eram mais de 1,2 mil, e
eles foram dispensados das suas atividades. A Sgtes treinou, em uma semana, esses profissionais, pediu à secretaria pra
incentivar o retorno ao trabalho dessas pessoas...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... e ofereceu termômetro e oxímetro pra triagem domiciliar.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso era uma medida simples, que já deveria ter sido adotada.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária, eu estou perguntando
exatamente o que é que estava acontecendo. As providências que foram tomadas na sequência, eu as exalto, mas não foi
objeto da pergunta.
No mesmo depoimento, V. Sa. afirma que foi informada do problema do desabastecimento de oxigênio medicinal em
Manaus pelo próprio Ministro da Saúde em 8 de janeiro.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.

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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – No entanto, o Ministro disse que
só tomou conhecimento em 10 de janeiro e, portanto, não poderia ter lhe informado antes. Quem está falando a verdade?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, Senador, tem uma falha aí de informação. Eu estive em Manaus até o dia 5, eu voltei;
o Ministro teve conhecimento do desabastecimento de oxigênio em Manaus creio que no dia 8, e ele me perguntou: "Mayra,
por que você não relatou nenhum problema de escassez de oxigênio?". Porque não me foi informado. Eu confirmei a
informação com o secretário estadual de Saúde, perguntando: "Secretário, por que, durante o período da minha prospecção,
não me foi informado?".

Ele disse: "Porque nem nós sabíamos". Inclusive ofereci voluntariamente meu telefone à Polícia Federal, foi feita a
degravação da conversa com o secretário, o que prova essa informação.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária, por favor, o ex-
Ministro Pazuello responsabilizou, aqui nesta Comissão Parlamentar de Inquérito, V. Sa. e a secretaria que dirige pelo
desenvolvimento do aplicativo TrateCov – plataforma, como Pazuello preferiu chamá-lo em seu depoimento –, que
indicava cloroquina e ivermectina em muitos casos de diagnóstico provável de Covid, inclusive para mulheres grávidas,
bebês e crianças. O ministério passou a utilizar esse aplicativo experimentalmente em Manaus, no auge da crise da saúde,
naquela cidade, em janeiro deste ano.
Assim, indago: V. Sa. confirma que foi a responsável pelo desenvolvimento do TrateCov, como falou o Pazuello?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu confirmo...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – "Sim" ou "não".
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não. Eu não posso falar "sim" ou "não", Senador, porque eu preciso explicar para o
Brasil o que é o TrateCov.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, doutora. Isso não me interessa.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, Senador...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... explica para o Brasil...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, doutora. Não, não, não.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Doutora, só um minutinho.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu preciso. As pessoas não sabem o que é isso.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não interessa, doutora.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Não, Presidente.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Não, Presidente. Interessa, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não interessa, não.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Como não? Claro que interessa.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Interessa ela me responder o seguinte...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Ela não está no vestibular não, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Peraí...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – ... "sim" ou "não"?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – V. Exa. vai falar na hora que for a sua vez. Agora quem está falando
sou eu. (Fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – A senhora criou o TrateCov ou não?
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Respeite os Senadores.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Quem criou a plataforma foram os técnicos da minha secretaria.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Então, o Pazuello mentiu.
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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mentiu. Novamente.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Não, senhor!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Mentiu!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ele falou que foi a senhora que
desenvolveu...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Isso! Isso!
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador Renan, ele deve ter dito que fui eu, porque eu sou a secretária, mas eu não
sou técnica.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Nós estamos falando sob
compromisso, todos nós. (Fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não, não.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Fora do microfone.) – Viciado
em mentira.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Marcos Rogério, Senador Flávio Bolsonaro... Senador Flávio
Bolsonaro e Senador Marcos Rogério, só um minutinho.
O TrateCov foi lançado na cidade de Manaus, no Estado do Amazonas. Foi usado como experimento, vamos dizer assim,
para não dizer como cobaia, para não ser mais longe. O Ministro Pazuello, que vocês decantaram como saiu-se bem na
CPI, porque mentiu muito, não é? Falou uma mentira.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Na avaliação de vocês.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – O senhor não pode
fazer uma avaliação dessa, Presidente.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – É, Presidente.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Com todo o respeito
que eu tenho ao senhor.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Posso. Posso. Por isso que ele vai ser reconvocado.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Convoque!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, peraí.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Desde que não haja blindagem, Sr.
Presidente, pode reconvocar quantas vezes quiser.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – O que aconteceu nos Estados de vocês é um pouco diferente do que
aconteceu no meu Estado.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Blindagem protegida...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu não estou acusando ninguém aqui. Eu estou fazendo uma pergunta
simples.
Doutora, o Ministro Pazuello afirmou, por mais de uma vez, inclusive eu fazendo a pergunta a ele, que o TrateCov... E
eu não sei o que que é "trate". Eu acho que o "t", "r", "a" é tratamento.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Por isto que é importante ela explicar: nós
também não sabemos.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Peraí, Rolando Lero. Aí vai ser o Rolando Lero.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Não, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não dá!
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Se V. Exa., que é o Presidente, não sabe
e é de Manaus.
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O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, peraí.


O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Como é que V. Exa. quer que a Comissão
e o Brasil saibam?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só um minutinho!
Eu quero só saber dela é se ela é quem criou o aplicativo. Se não foi ela, diga: "Não, não fui eu. Foram os técnicos". Só isso.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Mas ela tem informação sobre esse assunto,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não tem não.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Tem.
O SR. FLÁVIO BOLSONARO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/REPUBLICANOS - RJ) – Tem informação, e
V. Exa. está...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Refazendo a pergunta,
respeitosamente à Secretária: V. Sa. confirma...
(Tumulto no recinto.)

O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO. Fora do microfone.) – Não faça essa afirmação,
Presidente!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Então tu vais ver daqui a pouco!
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Não faça essa afirmação, presida!
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Presidente! Presidente!
Pelo amor de Deus, Presidente, aqui os Senadores não deixam o Relator trabalhar!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Na última semana foi a
mesma coisa, por favor!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. confirma que foi responsável,
como disse aqui na CPI o ex-Ministro Pazuello, pelo desenvolvimento do TrateCov?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A minha secretaria foi a responsável pelo desenvolvimento da plataforma.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, pessoalmente, de quem foi
a iniciativa e qual era o objetivo do projeto? Agora é a oportunidade para responder.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Obrigada, Senador.
No contexto.... Eu vou tentar explicar aos senhores o contexto em que o TrateCov foi proposto.
A nossa visita a Manaus e a situação que nós encontramos – eu até já mencionei isso anteriormente – foi de um caos
nunca antes visto por mim enquanto médica nesses meus 30 anos. Nós encontramos unidades básicas de saúde que não
funcionavam, desabastecidas de medicamentos, testes de RT-PCR com uma demanda reprimida de dois mil testes, 40
óbitos domiciliares e, nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu só quero saber a diferença entre prefeitura e Estado...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – ...unidades básicas de saúde.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Unidade básica: prefeitura, isso.
E, nesse contexto... Sim, superssaturação do sistema de leitos: a gente tinha mais de 100% de taxa de ocupação de leitos
de UTI e 90% dos leitos clínicos, fora os pacientes que eu encontrei quase que internados em tendas do lado de fora dos
hospitais do Estado.
Nesse contexto, a OMS, preocupada com o surgimento de novas variantes, faz uma declaração dizendo que provavelmente
os testes RT-PCR que vinham sendo utilizados por nós médicos para a vigilância epidemiológica, para a confirmação dos
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casos, poderiam ter baixa sensibilidade diante das novas variantes, que era o contexto que nós estávamos enfrentando
em Manaus. Diante desse contexto – da superssaturação, da ausência de testes, de demanda reprimida, de falta de
medicamentos e falta de recursos humanos –, nós tivemos conhecimento do AndroCov, uma publicação científica
internacional que está sendo usada atualmente pela Organização Mundial da Saúde, que sugere o uso de um escore
clínico para diagnóstico da Covid-19 que tem mais de 90% de sensibilidade. E o que é isso? É você poder ter a doença
e o escore confirmar a doença. Esse era o cenário ideal para que a gente pudesse, para Manaus, diante da necessidade
de atendimento rápido à população, criar uma ferramenta médica de diagnóstico, à semelhança, senhores, de dezenas,
centenas de ferramentas médicas disponíveis hoje no mundo e no Brasil. Só para os senhores...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, se o senhor me permite terminar...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por favor, por favor.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Só para os senhores terem uma ideia: o Estado de São Paulo tem uma ferramenta
semelhante ao TrateCov, que é o aplicativo Sampa Dengue, utilizado atualmente e que é ofertado aos médicos para o
diagnóstico com rapidez da dengue e a adoção de condutas, inclusive com as prescrições no final de aplicativo. O que
é que nós...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Com prescrição de... Só uma
informação...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu vou... Eu vou esclarecer...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – A pergunta que não quer calar: mas
esse aplicativo de São Paulo prescreve também cloroquina?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor, porque dengue não precisa de cloroquina, dengue precisa de hidratação...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então não tem comparação!
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, Senador, é a conduta médica, dengue não se trata com cloroquina.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não, não estou discutindo isso.
V. Sa. é que determinou...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Renan...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Se o senhor permitir que eu conclua...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só um minutinho, a senhora vai concluir.
A senhora falou que o aplicativo foi para a situação em que se encontrava o Amazonas.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso. Então, nesse contexto, nós resolvemos... Os técnicos da nossa secretaria propuseram
a gente utilizar uma plataforma já existente e a gente desenvolver um constructo ou uma ferramenta ou uma calculadora
médica, como diversas que existem.

Eu sou professora e utilizo várias dessas calculadoras para ensinar os meus alunos.
O que nós fizemos?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Quanto tempo foi para criar isso?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Nós voltamos de Manaus, entre o
dia 6 e o dia 10, nós usamos a plataforma, é uma plataforma para construir um...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Foram quantos dias para criar a plataforma?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não.
Nós começamos a montar a plataforma.
No dia 11, ela foi apresentada na sua versão prototípica, em Manaus e, após o dia 11, os técnicos continuaram na finalização
dessa plataforma.

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O que era a finalização? Solicitamos – e aí eu trouxe todos esses documentos que eu estou mencionando para comprovar
aos senhores – à Secretaria Estadual, à Secretaria Municipal e ao Conselho Federal de Medicina a listagem de todos os
profissionais de Manaus para que nós pudéssemos cadastrá-los nessa plataforma que só seria acessível para médicos como
uma ferramenta de auxílio diagnóstico.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sobre isso eu queria direcionar
uma pergunta objetiva.
Foi...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, deixa eu terminar?
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim, mas...
Deixa nós perguntarmos...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – O Senador Renan com a palavra.
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não interessa, o Senador Renan com a palavra.
O Senador Renan, como Relator, tem o direito de fazer a introdução da pergunta que quiser, a hora que quiser.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – O objetivo...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... da pergunta é o seguinte,
Secretária, respeitosamente, mais uma vez, a senhora tem sido muito gentil e não há como esta Comissão Parlamentar
de Inquérito ter um tratamento diferente.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Obrigada.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Foi V. Sa. que determinou os
parâmetros de entrada e as indicações de resposta do software?
É uma pergunta objetiva.
Foi a senhora que determinou esses parâmetros de entradas e as indicações de respostas?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, os parâmetros são definidos por um artigo de uma publicação internacional,
que é o AndroCoV, que está sendo usado pela Organização Mundial de Saúde.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mas foi a senhora que municiou
o aplicativo com essas informações?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, são os técnicos.
Eu não sou especialista na área e a minha secretaria já oferece outros tipos de constructo.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Uma outra pergunta objetiva.
O TrateCov foi apresentado ao Ministro antes de ser apresentado ao público?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Foi apresentado ao Ministro na apresentação que foi feita dele em Manaus.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Quando?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – No dia 11.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Dia 11.
Quem é Vinícius Nunes Azevedo?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Diretor da minha secretaria.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Qual é a relação dele com o
TradeCov e por que ele foi demitido?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Ele é o gestor da pasta que criou a plataforma.

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E aí é por isso que eu preciso contextualizar para o senhor.


Era uma ferramenta de auxílio diagnóstico médico. Ela foi lançada na sua versão prototípica no dia 11. Entre os dias 11 e
20, nós estávamos cadastrando os médicos para que eles pudessem, com o número do CRM, utilizar, e só seria utilizada
por médicos.
Na madrugada do dia 20...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sobre isso.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Houve a extração indevida dos dados dessa plataforma.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sobre isso.
Então, V. Exa. diria que os parâmetros do TradeCov eram aqueles estabelecidos na Nota Informativa nº 17, de 2020?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A referência da plataforma é a nota orientativa.
Os parâmetros que o senhor fala, que é o que são utilizados, é o AndroCoV, é um estudo internacional.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Em que data esse aplicativo foi
colocado no ar e por que foi retirado poucos dias depois do seu lançamento?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Ele não foi colocado no ar, foi apresentada uma versão prototípica dele.
O que foi feita foi uma extração indevida na madrugada do dia 20, por um jornalista.

Ele fez uma cópia da capa inicial dessa plataforma, abrigou nas redes sociais dele e começou a fazer simulações fora
de qualquer contexto epidemiológico, causando prejuízos à sociedade, porque essa ferramenta, senhores, poderia ter
salvado muitas vidas em auxílio aos testes diagnósticos, ela poderia ter ajudado a secretaria estadual de Manaus, a
secretaria municipal, a diagnosticar precocemente, como ferramenta de auxílio, e a gente proceder ao isolamento dos casos
comprovados. Nós poderíamos ter acompanhado os casos suspeitos, e tudo isso foi perdido por essa invasão.
A ordem do Ministro, quando nós soubemos, através da imprensa, do uso indevido, foi retirar a plataforma do ar, afastar
o servidor, para que fosse feita toda a investigação necessária. E foi feito um boletim de ocorrência...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... que eu trago aqui para os senhores, e nós contratamos o presidente da associação
nacional dos peritos forenses em informática, que emitiu um laudo de 20 páginas comprovando a invasão, a retirada
indevida dos dados.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, Secretária, a versão
apresentada por V. Sa. em 19 de janeiro era um protótipo ou uma versão finalizada?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, o que foi apresentado no dia 11 foi uma versão prototípica. Ela não foi finalizada
porque a finalização dela dependia da inclusão dos dados médicos, e tudo isso foi encerrado com a ordem do Ministro
para a gente suspender para apuração dos fatos.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, quem tomou a decisão de
utilizar um protótipo não validado para o tratamento de uma doença potencialmente letal como a Covid-19?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O protótipo é validado. Nós temos um estudo internacional que nós fizemos, é a mesma
coisa que a OMS está fazendo agora, Senador.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mas quem tomou a decisão de
utilizar um protótipo não validado?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O protótipo é validado, Senador.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim, mas quem tomou a decisão de...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não tomamos a decisão de usar algo que não foi validado, porque é validado por um
estudo internacional. Nós apenas utilizamos um estudo internacional para transformá-lo numa ferramenta de diagnóstico
médico.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso é igual à dengue...

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então foi...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... a dengue, se pegou um protocolo clínico...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então foi a senhora que autorizou
a utilização do protótipo?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A minha secretaria é responsável pela construção de uma ferramenta médica de
diagnóstico que seria extremamente útil no Brasil no contexto da Covid.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. tomou conhecimento da nota
do Conselho Federal de Medicina sobre TrateCov?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim. Poderia nos informar qual
era o seu teor?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu não vou detalhar para o senhor porque eu não lembro, mas o Conselho Federal
de Medicina emitiu um parecer sem ter, da mesma forma que os senhores, o conhecimento do que se tratava. Ele foi
responsivo ao que foi informado pela imprensa e depois nós informamos ao Dr. Mauro os fundamentos, que eu trouxe
aqui para os senhores, com as devidas comprovações. Esse laudo...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – É verdade...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... está à disposição de todos os senhores...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – É verdade...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... para que possam comprovar a avaliação pericial.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – É verdade que outros médicos
acompanharam V. Sa. em sua viagem a Manaus?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Os que me acompanharam foram os técnicos da minha secretaria. Nós tivemos médicos
voluntários...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Quem seriam esses profissionais?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, não vou lembrar do nome de todos, mas a gente pode fornecer a lista para
o senhor. São médicos voluntários que se colocaram em risco, saíram dos seus Estados e se juntaram aos médicos de
Manaus para nos ajudar na prospecção das 136 unidades básicas de saúde.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então a senhora confirma que
médicos voluntários de outros Estados acompanharam a senhora na sua missão a Manaus?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso, acompanharam.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – A senhora poderia depois mandar
esses nomes aqui para a Comissão Parlamentar de Inquérito?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu peço à Secretaria da Mesa que,
por favor, providencie a requisição.
Com quais critérios foram escolhidos?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pessoas voluntárias podem ser recrutadas pelo Ministério da Saúde e aceitar o trabalho
voluntariado. E essa ação é regulamentada por uma portaria. Esses médicos nos ajudaram muito, e aqui eu agradeço e
incentivo o movimento de voluntariado no Brasil.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eram servidores do ministério?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.

O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Qual era a arquitetura do TrateCov?
Quem era o responsável pelo gerenciamento do programa?
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Número do documento: 21082623045620200000094648003


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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A SRA. MAYRA PINHEIRO – A minha secretaria.


O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – O mecanismo de resposta ao
questionário era autônomo no celular e funcionava como uma calculadora apenas, como falou o Pazuello?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É uma espécie de calculadora médica. É que quando a gente fala calculadora, parece,
na cabeça das pessoas leigas, algo matemático. É uma ferramenta diagnóstica e, como ela, exatamente como o TrateCov,
existem mais de 300 ferramentas médicas de diagnóstico através de dispositivos eletrônicos na internet.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – No seu depoimento à Polícia Federal,
V. Sa. informou que a plataforma foi hackeada, informação que foi confirmada pelo Ministro Pazuello em seu depoimento
a esta Comissão Parlamentar de Inquérito, que disse que o TrateCov foi roubado, alterado e difundido por uma pessoa já
identificada pela polícia. Qual é o nome do responsável por esse crime cibernético?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não. Deixe-me pegar aqui, é um jornalista: Rodrigo Menegat.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Que providências o Ministério da
Saúde tomou para investigar o alegado hackeamento do aplicativo e apurar as responsabilidades?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Todas as providências legais: foi feito um boletim de ocorrência; foi feita uma
comunicação pela Secretaria Executiva, após receber a notificação da minha secretaria, à Polícia Federal; e foi solicitada,
como eu disse aos senhores, uma perícia forense pelo Presidente da Associação Nacional dos Peritos forenses em
informática.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Há processo administrativo aberto?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – V. Sa. pode indicar o número?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu posso remeter para o senhor. Eu não tenho aqui agora.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Por favor, Secretaria da Mesa.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Na sua avaliação, que interesse essa
pessoa poderia ter em hackear um sistema que era gratuito?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É a mesma pergunta que eu faço, assim: que interesse tem alguém, num contexto de
uma doença tão grave, de trazer um prejuízo às pessoas que poderiam ser beneficiadas?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ela trabalha na Secretaria, é
secretária lá... Trabalhava.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Aquele servidor que a senhora disse que ele saiu, que fazia parte da
equipe...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso, meu diretor.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ele tem envolvimento com essa...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, ele é o diretor da diretoria onde estão os técnicos que fizeram. Nós afastamos para
investigação. É a medida correta do ponto de vista administrativo.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Mas ele voltou já?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Voltou porque nós confirmamos que não houve dolo da parte deles, nenhum erro da
secretaria.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Secretária, por favor, quais foram
as alterações feitas pelo hacker na parametrização original e como isso justificaria a retirada do ar da plataforma?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Todos nós, leigos – e eu também me coloco nessa condição, eu não sou técnica de
informática, eu sou médica –, a primeira ideia que nós fazemos quando a gente escuta dizer que alguém invadiu um
dispositivo é chamar de hackeamento.
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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não, mas as alterações que o
hackeamento proporcionou?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Ele não conseguiu, o sistema é seguro, ele não conseguiu hackear. Hackear é quando
você usa a senha de alguém, entra dentro de uma plataforma, de um sistema. E nós já tivemos sistemas do Governo que
foram hackeados.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, não foi hackeado?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Foi uma extração indevida de dados.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não foi hackeado? Não houve a
mudança da...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não é hackeamento, o termo. O termo que foi utilizado foi um termo de leigos. Hoje a
gente tem o laudo pericial que classifica a operação feita de extração indevida de dados.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, houve extração de dados,
mas não houve alteração do que estava proposto no TrateCov.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, porque o sistema era seguro. O que ele fez foram simulações completamente
indevidas, fora de contexto epidemiológico.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Isso responde – isso responde. Quer
dizer, não houve alteração. E, portanto, sem haver alteração pelo hacker na parametrização original, o que justificou,
então, a retirada do ar?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Para investigação. Nós tivemos da imprensa uma notificação de que nós estávamos
orientando que tratamento...

O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, isso é uma informação
absolutamente nova. Não houve alteração, e, não havendo alteração, nada justificaria a retirada do ar, porque a informação
que o Pazuello passou aqui, e foi outra mentira, é que havia uma deturpação e um desvio da finalidade do TrateCov. A
senhora respondeu muito bem, e eu agradeço a sinceridade da resposta.
V. Sa. poderia fornecer a esta Comissão Parlamentar de Inquérito o código-fonte do aplicativo com a parametrização
estabelecida pela equipe do Ministério da Saúde...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... ou seja, a versão não hackeada
que foi retirada do ar por ordem do Ministro Pazuello, segundo ele mesmo declarou aqui em depoimento?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Sim.
Já estou me encaminhando para concluir, apenas duas perguntas.
O Tribunal de Contas da União, em despacho do Ministro Benjamin Zymler, de 22 de janeiro de 2021, no Processo
019895, entendeu que não seria lícito o uso da cloroquina pelo SUS, mesmo off-label, sem autorização da Anvisa, em
razão do art. 19-T da Lei 8.080, Lei do SUS, deixando claro que mesmo o uso off-label poderia ser autorizado pela Anvisa
mediante solicitação da Conitec, que V. Sa. integrou e integra.
Pergunto: V. Sa. orientou o Ministro a submeter o assunto à Conitec antes da publicação das notas informativas que
autorizavam o uso de cloroquina pelo SUS?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, diante de um contexto da Covid, que é uma doença grave e de desfecho incerto,
os processos para a gente apresentar uma medicação à Conitec ou qualquer outro tipo de tecnologia a ser incorporada,
eles levam meses para que sejam apresentados estudos. E nós estamos, de novo, eu insisto, tratando de uma doença grave.
O uso off-label dessas medicações, a gente já tem para garantir o uso a segurança delas...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Então, respondendo... Secretária,
por favor...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.

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O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Desculpe a insistência. Então,
respondendo objetivamente, V. Exa. orientou ou não orientou o Ministro...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... a submeter o assunto à Conitec
antes da publicação das notas informativas? Não autorizou?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não orientou...
V. Sa. cogitou pela autorização da Anvisa antes de assinar a Nota Informativa nº 17, que na prática introduziu a cloroquina
entre o arsenal terapêutico do SUS para combate à Covid como tratamento precoce da infecção?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor, até porque a minha secretaria não faz demandas à Conitec, são as secretarias
assistenciais.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Alguém sugeriu que essas consultas
e autorizações não fossem solicitadas?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não que eu me lembre.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Não que se lembre.
Como V. Sa. recebeu a recente manifestação da Conitec, que não incluiu a cloroquina entre os medicamentos
recomendados para pacientes com Covid-19?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Corretíssima, porque a decisão agora de enviar o primeiro protocolo se trata de uso
hospitalar das medicações consideradas antivirais e que podem ser usadas off-label. Então, nós já temos a certeza, desde
as Notas nºs 5 e 6 do Ministro Mandetta, que não há hoje indicação de se fazer essas medicações na fase hospitalar em
que os doentes já são muito graves, já têm processo inflamatório estabelecido. O uso tem que ser no início da doença.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Como V. Sa. analisa as declarações
do Diretor-Presidente da Anvisa, Almirante Barra Torres, que esteve aqui conosco também, nesta Comissão Parlamentar
de Inquérito, em seu depoimento, no sentido de que a agência claramente não recomenda o uso de cloroquina para a Covid.

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, a gente tem que fazer aqui, de novo, a contextualização. Quando o Presidente
da Anvisa fala de não recomendar, ele está falando do papel da Anvisa. A Anvisa recomenda medicamentos que estejam
na bula. Esse é o papel dela como agência certificadora.
Para você conseguir que um desses medicamentos que nós estamos usando off-label seja incorporado em bula, quem
solicita essa incorporação é a indústria farmacêutica, e isso é importante a população brasileira saber.
Para eu fazer um estudo, que nós chamamos de "estudo pivotal", para incorporação de qualquer medicamento em bula,
em média esses estudos levam quatro anos e custam, o mais simples, USS$19 milhões. São necessários, em geral, para
as agências reguladoras do mundo inteiro, cerca de dois estudos desses, com cerca de 4 mil pacientes, em cerca de dez
anos e custando, juntos, US$38 milhões.
Essas medicações não têm patentes, elas são medicações baratas. Então, não existe interesse hoje da indústria farmacêutica
de que essas medicações sejam objeto de um estudo, da formação de um dossiê, para serem entregues à Anvisa, para
serem incorporadas em bula para tratar essa doença. Então, esse é o motivo pelo qual nós não temos da Anvisa a opinião
de que essas medicações sejam liberadas, porque ela está se referindo à função dela, que é a liberação em bula. Para o
uso off-label nós não precisamos da bula desses remédios.
Para salvar vidas, que é o objetivo meu e dos senhores, nós precisamos oferecer à população todos os recursos, e a Covid,
Senador, tem quatro eixos: uso de máscaras, distanciamento social, a vacina como uma das medidas mais importantes
para prevenção, mas a gente ainda vai ter os doentes que vão ter o escape das vacinas, a gente vai ter os doentes que,
mesmo tomando a vacina, vão ter eficácia reduzida... Esses doentes que vão adoecer, para eles, nós, a OMS, o mundo, a
gente vai ter que ter medicamentos seguros, que possam tratar a doença.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Para concluir, Secretária, por favor,
V. Sa. mantém a sua indicação de cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento de Covid?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu mantenho a orientação, enquanto médica...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mantém.
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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... de que a gente possa usar todos os recursos possíveis para salvar vidas.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mantém.
V. Sa., como profissional de saúde, já se vacinou?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Ainda não, Senador, porque, no dia que a minha vacina estava agendada, eu adquiri
Covid.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Eu me considero satisfeito,
Presidente Omar, com essa intervenção inicial.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Só uma informação para um leigo: tem algum estudo de utilização
da cloroquina para criança?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Para criança?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Tem sim, senhor...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Para criança?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... só que a gente usa em determinados casos. A gente não usa de forma indiscriminada.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, mas eu estou... Para criança foi feito estudo?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Deve ter estudo para criança...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – ... para utilização de cloroquina.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, nós citamos, inclusive, Senador, na nota orientativa. Tem as referências.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Agora, me diz uma coisa: a senhora falou muito em Manaus, o
carinho, a sua participação na cidade de Manaus... Se esse aplicativo não foi hackeado, não foi modificada a orientação
ou determinação ou qualquer outra palavra que a senhora possa dar, por que que foi retirado do ar?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – No primeiro momento, nós retiramos para que a gente pudesse fazer a investigação.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – E depois, por que que não voltou?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nós estamos organizando para que ele volte a ser utilizado.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – Mas, doutora, a senhora sabe quantas vidas se perderam
nesse ínterim? Não houve hackeamento nenhum, absolutamente.

A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Senador, nós tentamos explicar isso.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, doutora. Doutora, não houve absolutamente nada. Inclusive, nós
vamos trazer os técnicos que fizeram esse aplicativo. Doutora, a senhora disse aqui que não houve nenhuma mudança no
protocolo. Por que retirar do ar? Se a senhora tinha tanta certeza de que ia salvar vidas, por que vocês não devolveram
e salvaram as vidas que foram perdidas no Amazonas?
Aqui tem gente que, no dia 26, quando foi feito o lockdown na cidade de Manaus, saiu metralhando a decisão. Quinze dias
depois, esses assassinos da internet que ficam criticando o lockdown mataram pessoas sem oxigênio na minha cidade. Por
que a senhora não devolveu o aplicativo que salva vidas? Essa é a pergunta. A senhora deixou de salvar vidas no meu
Estado. Se esse aplicativo salva vida, por que a senhora não devolveu o aplicativo, doutora?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, primeiro porque havia uma insegurança enorme à semelhança do que foi feito
com a tentativa...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Doutora, não faça isso. A senhora treinava os médicos, doutora. A
senhora tinha o aplicativo. Não faça isso comigo. Sabe quantos amazonenses morreram? Sabe quantos amazonenses
morreram por falta de oxigênio? Centenas, na capital e no interior. Se a senhora tinha um aplicativo que ia salvar vidas,
porque a senhora não devolveu esse aplicativo?
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(Intervenção fora do microfone.)


O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, senhor.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente... Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, senhor.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente... Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, senhor.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente... Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A Senadora Eliziane Gama com a palavra por 15 minutos.
É meu Estado. É meu Estado.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – É o Estado de V. Exa., mas V. Exa. é o
Presidente da Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É meu estado. Não é o seu Estado.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – V. Exa. é o Presidente da Comissão.

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É o meu Estado.


O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – O.k. Até ontem, V. Exa. estava contra o
aplicativo. Agora, mudou de ideia.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Você não entende ironia, não, não é, rapaz?
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Ah, então, explique Senador, porque está
difícil até para o seu Estado entender.

(Intervenções fora do microfone.)


O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP. Fora do microfone.) – Figura
de linguagem da literatura: ironia.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente de CPI não é Presidente para ser
irônico, Presidente, convenhamos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – É um ensinamento básico,
figura de linguagem da literatura.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Sr. Presidente V. Exa.
assegura a minha fala?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu não enrolo. Eu não enrolo ninguém. Eu não fico tangenciando para
chegar... Não sou enrola, enrola, não. Eu falo as verdades e falo na cara. Não fico utilizando meio-termo...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – ... subterfúgio, não.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, V. Exa. tem o respeito desta
Comissão, quando age como Presidente.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Sr. Presidente... Sr.
Presidente...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Mas não é isso o que está fazendo.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Sr. Presidente, V. Exa.
assegura a minha fala?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Aqui não é o Presidente. Aqui é o Senador do meu Estado, do Amazonas.

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O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Mas V. Exa. está na cadeira de Presidente,
Senador Omar.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É o meu Estado.
A Sra. Dra. Mayra poderia ter salvado vidas com esse aplicativo.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – V. Exa... Quando nós virmos no banco de
testemunha o Governador do teu Estado, quero ver se V. Exa. terá essa mesma animosidade para enfrentá-lo.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – V. Exa. pode ter certeza de como também terei a mesma forma para
tratar o Governador do seu Estado.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Ali há pedido de prisão contra ele.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ótimo. Problema dele e teu, não é meu.

O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Então...


O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ora, tu acha mesmo que eu estou preocupado com o Governador do
Amazonas?
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu não me preocupo nem com o Governador do Amazonas nem com
o Governador de Rondônia, que vem aqui também.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Que venham todos!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É ótimo.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Todos que são suspeitos de corrupção.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Todos os Governadores que tiveram operação da Polícia Federal, todas
as prefeituras de capitais que tiveram operação...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – É um anúncio que V. Exa. está fazendo?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É, vai ser votado amanhã.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Parabéns!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – São nove Governadores...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Que boa notícia V. Exa. está dando hoje?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – ... e doze Prefeitos.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Parabéns!
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Fora do microfone.) – Aí vocês
vão parar de reclamar.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Ah, até que enfim, a oposição cedeu ao
bom senso. Parabéns!
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Inclusive o do Rio de
Janeiro, não é, Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Inclusive o ex-Governador do Rio de Janeiro e o atual Governador
do Rio de Janeiro.
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA. Para interpelar.) – Sr.
Presidente, eu queria cumprimentar V. Exa., cumprimentar o Relator.
E vou aqui direto à pergunta à Secretária Mayra: Secretária, quando a senhora fala, por exemplo, da...

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Presidente... Eu queria pedir aqui, Presidente, que eu fosse ouvida; que me assegurasse, na verdade, o direito de fala,
porque é impressionante...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Fazendo soar a campainha.) – O pessoal que é Senador que está aqui
falando, por favor... Quem não for Senador eu pediria que não interrompesse a reunião.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Posso iniciar, Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pode, pode!
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – V. Exa. pode zerar aí o
cronômetro, por favor?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pois não.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Secretária, eu queria pedir
aqui... (Pausa.)
Secretária, nós temos, na verdade, várias publicações suas acerca da recomendação do uso de hidroxicloroquina para
crianças e até para gestantes. Onde é que estava essa fundamentação para esse tipo de orientação, Secretária?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Pois não, Senadora. Na nossa nota orientativa, a despeito de muitos
imaginarem que ela foi feita somente pelos técnicos do ministério, nós convidamos vários profissionais com expertise da
área de ginecologia, obstetrícia, da área de pediatria, chamamos um dos maiores toxicologistas pediatras do Brasil. Se
a senhora quiser, eu posso lhe entregar. Na nota, existe a lista de autoridades médicas que foram chamadas para dar o
parecer ao Ministério da Saúde, na confecção dela, e existe uma lista de referências que também estão descritas lá que
foram usadas para essa orientação ser criada.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Por que a senhora não
obedeceu ao que estava determinado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que não recomendou o uso da cloroquina
para crianças e adolescentes?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Porque, como eu já disse para a senhora, as sociedades médicas, elas podem dar opiniões;
o Ministério da Saúde não precisa, necessariamente, seguir a opinião de sociedades. A nossa...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Ele precisa seguir a
orientação de quem?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A nossa referência, primeiro, para os médicos exercerem a sua autonomia, é dada pelo
Conselho Federal de Medicina. E nós temos os nossos técnicos, nós temos as pessoas que nós escolhemos para dar o
nosso parecer.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Então, quer dizer, que
esses pareceres são baseados em pessoas que o ministério escolhe?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sempre foi assim.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – O ministério não
considera, por exemplo, as entidades científicas de saúde, no Brasil, para respaldar os seus protocolos?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A gente considera, quando esses pareceres são condizentes com a realidade e com a
verdade.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Não, espere aí! Não,
espere aí!
A SRA. MAYRA PINHEIRO – As sociedades falham também.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Não, espere aí!
Quer dizer, então, que o Ministério da Saúde... Ela concorda com opiniões que favoreçam o entendimento político do
Ministério da Saúde. É isso? Só para eu entender.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhora. Não foi isso que eu disse; o que eu disse é que nós temos o nosso conjunto
de técnicos que trabalham no ministério, servidores de carreira. E, muitas vezes, nós chamamos técnicos de fora também –
o Ministro Marcelo Queiroga vem fazendo isso agora, para que as pessoas elaborem os protocolos –, mas as sociedades dão

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opinião, elas não decidem conduta do Ministério da Saúde, e as sociedades também erram. E, para a senhora ter uma ideia,
a Sociedade Brasileira de Pediatria, à semelhança das sociedades, também não representa todos os pediatras do Brasil.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – E por que a senhora
colocou, na sua fala, que havia, por exemplo, respaldo junto à Sociedade Brasileira de Pediatria?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu não me lembro em que contexto isso foi colocado.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Mas a senhora sabe que
a senhora fez referência de que havia um respaldo junto à Sociedade Brasileira de Pediatria?

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não me lembro em que contexto isso foi colocado. Se a senhora tiver para me lembrar,
porque eu não me lembro em que contexto eu coloquei isso.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – O vídeo posso pedir aqui
para minha assessoria, já, já posso até colocara para V. Exa., mas faz parte do vídeo...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu acho que a senhora deve estar falando do contexto das aulas...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – ... que foi colocado pelo
Relator.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... das escolas, e não de medicações.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Do uso de
hidroxicloroquina para crianças e adolescentes.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – V. Exa. fez referência à
Sociedade Brasileira de Pediatria. E, em seguida, a própria sociedade apresentou um documento exatamente contrapondo
a posição feita...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não me recordo dessa informação.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – ... pela senhora.
Quando a senhora fala em relação a essas entidades científicas, eu queria que a senhora me explicasse de forma mais
específica.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Por que eu digo isso,
Secretária? Por exemplo, nós temos entendimento do Tribunal de Contas da União que não admite, por exemplo, a
aplicação de políticas públicas que estejam fora de recomendações de entidades científicas, inclusive até para uso de
recurso público. Esse entendimento que é feito pelo Tribunal de Contas da União consta, por exemplo, inclusive nos
processos que estão em curso acerca de improbidade.
Nessa mesma linha, por exemplo, a senhora não considera essas entidades que eu vou citar aqui como entidades idôneas,
que, aliás, são um colegiado? Como, por exemplo, a Rede Brasileira de Mulheres científicas... E, aliás, a nota técnica
da Rede Brasileira de Mulheres científicas não apenas não orienta; ela traz o banimento da adoção, por exemplo, da
cloroquina. Veja bem, em uma nota técnica de março de 2020, por exemplo, a Anvisa emite parecer não recomendando
o uso de hidroxicloroquina. Em maio de 2020, o Conselho Nacional de Saúde se posicionou contra o uso do tratamento
precoce com hidroxicloroquina. Em junho de 2020, a Sociedade Brasileira de Infectologia lança uma diretriz médica
onde não recomenda o uso também desse medicamento. Em junho de 2020, a Associação Médica Brasileira passou a não
recomendar mais o uso da hidroxicloroquina. Em janeiro de 2021, o Conselho Nacional de Saúde, portanto, emite um
ofício para o Ministério da Saúde pedindo a revogação de qualquer instrumento que incentive o uso desse medicamento.
A Associação Médica Brasileira recomenda, em março de 2020, o banimento do tratamento precoce da hidroxicloroquina.
Todas essas entidades que eu cito, a senhora não considera que são entidades idôneas para emitir posicionamentos,
orientações e recomendações acerca do uso de medicamentos no Brasil?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senadora, eu não vou discutir aqui a idoneidade dessas representações, mas o Ministério
da Saúde não precisa se nortear...

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A senhora citou aí a Sociedade Brasileira de Infectologia. Boa parte dos trabalhos que a Sociedade Brasileira de
Infectologia utilizou para fazer uma nota desorientando ou desaconselhando o uso dessas medicações tem trabalhos com
graves conflitos metodológicos...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Eu pergunto à senhora...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... que nós não podemos usar como referência.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Então, Secretária, é isso
que eu quero...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Se a senhora quiser, depois eu lhe cedo.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – A senhora coloque o
seguinte: que o Ministério da Saúde concorda com posicionamentos que coincidam com o entendimento da equipe política
do Governo da Secretaria...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhora.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – ... de Saúde.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhora. Eu sou técnica, e os secretários do Ministério da Saúde são técnicos. Nós
temos quatro médicos na equipe.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Então, considera-se...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Todos eles com currículo brilhante...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – ... a posição desses
técnicos, e não a posição das entidades científicas?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – E os estudos que nós fazemos.
É como eu disse à senhora: a gente, o Ministério da Saúde não está subordinado às entidades científicas. E as entidades
científicas que comprovarem, através de trabalhos com boa qualidade metodológica, os fundamentos que nós usamos,
nós vamos utilizar, sim.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Então, a senhora não
respeita o entendimento que foi estabelecido pelo Tribunal de Contas da União?

A SRA. MAYRA PINHEIRO – O Tribunal de Contas da União fez uma orientação: que nós colocássemos, na capa da
nossa nota orientativa, que ela não trazia obrigatoriedade da prescrição. E nós seguimos com a nota orientativa.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Ou seja, esse entendimento
do Tribunal de Contas o Ministério da Saúde não leva em consideração, na sua eficácia.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nós cumprimos todas as orientações do Tribunal de Contas da União.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Mas V. Exa. está se
contradizendo.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhora.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Quando V. Exa. diz
que admite o entendimento do TCU e ao mesmo tempo diz que não admite o entendimento dessas entidades que são
apresentadas, ou você concorda com uma, ou você concorda com outra.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senadora, é que a gente precisa ter o entendimento de quais são essas entidades médicas
de excelência.
Eu, como técnica e responsável por dar as diretrizes da saúde do Brasil, tenho a responsabilidade de analisar o que me
chega. Numa das entrevistas coletivas – para a senhora ter ideia – de que eu participei, eu refutei um artigo da The Lancet;
duas semanas depois eu sofri uma "linchação" social, porque as pessoas disseram que eu estava questionando uma das
maiores revistas do mundo, que condenava o uso das medicações antivirais para o tratamento precoce. Duas semanas
depois, essa revista pediu desculpas à humanidade, e foi colocado que houve uma fraude: fizeram um trabalho com 96
mil pacientes repleto de conflitos de interesse, com dados falsificados. Então, é isso que eu digo para a senhora.

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Eu pergunto à senhora...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu estou numa posição de técnica, e nem sempre, o fato de ser uma sociedade, essa
autoridade merece que o ministério aceite as posições dela sem fundamentação.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Secretária, o meu tempo
é muito pouco. Deixa eu fazer uma pergunta para a senhora.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – A senhora está falando
que a senhora é técnica e que considera os técnicos do Ministério da Saúde. Veja, qual a sua posição sobre a Conitec,
que é exatamente a parte técnica dos SUS? A senhora acha que é uma comissão importante que tem que ser levada em
consideração?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Se a senhora considera
que ela tem que ser levada em consideração, duas perguntas.
Primeiro, por que ela não esteve, por exemplo, à frente do comando de todos os procedimentos junto ao Ministério da
Saúde no que se refere, por exemplo, ao enfrentamento dessa pandemia?
E a segunda: se a senhora considera a Conitec uma comissão, de fato, séria, então por que a senhora não segue a
orientação da Conitec, já que ela própria não orienta – e fez isso através de uma consulta pública – a utilização mais da
hidroxicloroquina?

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Primeiro, a gente está falando de coisas que são confusas. A Conitec tem um papel
relevante na incorporação de novas tecnologias, mas ela se manifesta sobre aquilo em que é provocada. Não houve...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Houve.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... até o momento nenhum pedido...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Houve, Secretária.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhora. Não houve nenhum pedido de manifestação à Conitec sobre o uso off-
label dessas medicações para a Covid. O Ministro Queiroga está enviando agora o primeiro pedido de protocolo clínico de
diretrizes terapêuticas, que vai ser avaliado para uso em pacientes hospitalares, onde nós não indicamos essas medicações.
Então, assim, é esta a função da Conitec: ela vai deliberar com os seus técnicos, com as suas representações sobre aquilo
que é apresentado e solicitado parecer.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Esse posicionamento que
foi estabelecido pela Conitec foi feito através de uma consulta pública e foi colocado claramente, por parte da Comissão
– quero entregar, e já entrego aqui o documento a V. Exa. –, em que coloca claramente a não recomendação ao uso de
hidroxicloroquina. Foi feito através...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – No uso hospitalar.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Exatamente, mas...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas com isso nós concordamos, Secretária... Senadora – perdão.
O uso hospitalar é consenso já. Nós acompanhamos os trabalhos científicos, as evidências. Ninguém mais deve usar essa
medicação para uso hospitalar. O tratamento é no início da doença, na fase de replicação viral. O nosso objetivo é impedir
que o vírus se multiplique dentro da célula e que ele cause a morte, os internamentos e o colapso do sistema de saúde.

Concordo plenamente com o envio da solicitação para que a gente, no âmbito do atendimento hospitalar, possa usar
medicamentos que mostrem evidência nessa fase da doença. Nós estamos ainda insistindo aqui na necessidade de que,
na fase inicial da doença, nós possamos juntar todos os recursos que nós já temos com algum grau de evidência pra eu,
a senhora, todos os Senadores aqui e os médicos brasileiros salvarem vidas. Eu quero mais máscaras, eu quero medidas
de distanciamento, eu quero mais vacinas e vacinas mais eficazes. E acho que esse é o mesmo objetivo meu, da senhora
e de todos os Senadores aqui.

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Número do documento: 21082623045620200000094648003


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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Secretária, a senhora
colocou mais cedo acerca da questão da imunidade de rebanho, e a senhora colocou que não fazia a defesa de forma
indiscriminada. Em quais situações a senhora defende?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu nunca fiz a defesa da imunidade de rebanho. Quando eu me referi, no vídeo que o
Senador Renan trouxe aqui, eu me referi às crianças. Nós não precisávamos – e aí eu insisto na minha defesa enquanto
pediatra: o prejuízo que nós causamos às crianças brasileiras é indizível. Crianças que foram privadas da escola, da
merenda escolar, crianças que sofreram mais violência doméstica, crianças com aumento do número de casos de estupro.
A gente vai documentar isso.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Ou seja, a imunidade de
rebanho para criança a senhora orienta?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, quando a gente fala de imunidade, é as crianças permanecerem indo pra escola,
Senadora, porque o risco de elas adquirirem a doença é 37,5 vezes menor do que o dos adultos.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Mas as crianças não vão
para a escola sozinhas, Secretária; elas têm todo um corpo docente pra poder funcionar. Elas têm os professores, têm toda
uma equipe de funcionalidades e, depois, elas têm que voltar pra casa.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – E elas têm baixa transmissão da doença.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Para perto do pai, da mãe,
do avô.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – E aí a gente pode isolar os casos mais graves, a gente pode isolar os nossos idosos.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Ou seja...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Existem muitas medidas, Senadora, que nós pudemos, juntos, discutir para a Covid, mas
a gente precisa ter medidas estratégicas, não medidas reativas, políticas de apagar incêndio. O lockdown, por exemplo,
foi adotado muitas vezes de forma completamente inadequada, quando a gente tem milhares de publicações mostrando
que essa medida pode ser inefetiva. A própria Organização Mundial de Saúde, que recomendou o lockdown, hoje diz que
ele pode ser responsável pela fome e pela miséria.
Então, na Covid, tudo é incerto. Nós precisamos discutir porque a ciência, quando se fala em evidência na Covid...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Secretária...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... são construções diárias.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Secretária, a senhora está
falando de uma situação econômica, e é bom a gente lembrar que nós temos hoje no Brasil 450 mil pessoas que, de fato,
não podem mais comer porque morreram, Secretária. Esse é um retrato. E a Organização Mundial da Saúde e todos os
órgãos científicos do mundo – a senhora, como uma estudiosa do assunto, sabe disso –, a recomendação é o elementar:
é distanciamento social, é o uso de máscara e uso de álcool em gel. A hidroxicloroquina, que V. Exa. ainda insiste até
hoje nela, foi constatada pelos vários estudos ao longo dos últimos meses a sua ineficiência. E a senhora insiste ainda na
aplicação desse mesmo medicamento, ou seja, nós estamos aqui diante de uma situação extremamente grave, Secretária,
que demonstra, infelizmente, que ações reiteradas dessa natureza acabam evidenciando esses números que estão realmente
aqui diante de nós.
Eu queria fazer uma pergunta à senhora aqui: a senhora senta com o Presidente da República para tratar de questões
relativas à sua pasta?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhora.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Mas a senhora tem
audiência com ele frequentemente?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhora.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Quantas vezes a senhora
se reuniu com o Presidente da República nos últimos 12 meses?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nos eventos públicos no Palácio, quando eu sou convidada pelo Ministério da Saúde.

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Nunca sentou pra
despachar com ele acerca da questão da área da saúde?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Os secretários não fazem despacho com o Presidente da República; o Ministro faz.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Certo, a minha pergunta
é exatamente se a senhora teve ou...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – E eu só queria, se a senhora me permitir...

A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Só estou finalizando uma
pergunta, e a senhora pode falar no final.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Responda, então, o que
você ia falar.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, é só pra dizer pra senhora que, assim, quando a gente repete que não existem
evidências e não existe eficácia desses medicamentos, Senadora, isso é... O que eu trouxe aqui pra vocês são todos os
trabalhos publicados até hoje. A gente não está falando em nível máximo de evidência, porque nós não vamos obter isso
nem para os tratamentos antivirais...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Ainda nem temos os
medicamentos, isso é bom a gente lembrar, Secretária, porque meu tempo realmente está indo embora.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Eu queria só fazer pra
senhora a última pergunta acerca do relatório que a senhora passou ao Ministro da Saúde da sua visita em Manaus. Quer
dizer, no período de 1º a 10, lá foram quase 500 pessoas que vieram a óbito, e ninguém lhe falou que faltava oxigênio.
De quem foi essa falha? Se a senhora está indo para o Estado com uma equipe para entender a situação real da cidade e,
de repente, ninguém lhe diz que está faltando oxigênio, de quem foi essa falha?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Acredito que os senhores estão aqui pra apurar essa responsabilidade, mas, durante o
período...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Através de ouvir vocês.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – A nossa responsabilidade
e as nossas informações, elas serão fruto das suas respostas. Então, eu gostaria que V. Exa. me respondesse pra eu depois
ter uma avaliação acerca desse entendimento.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não. Como eu já mencionei antes, durante o período em que eu fui destacada como
Secretária pra estar em Manaus, não recebi qualquer relatório, qualquer comunicação e acredito que a senhora e os outros
Senadores vão ouvir isso nos relatos do Secretário Marcellus, porque, assim, essa é a verdade, Senadora.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – É, é uma verdade
realmente que nós precisamos apurar, porque é absolutamente estranho que uma equipe designada pelo Governo Federal
vá ao Estado, não tenha informação daquilo que vai evidenciar, depois, centenas de pessoas que vêm a óbito, e a gente
viu o caos que realmente se seguiu logo após, inclusive, a sua saída do Estado.
E, pra finalizar, Secretária, a senhora é médica e a senhora sabe que essa autonomia médica tem um limite, e esse limite
passa pela bioética, ele passa pela questão ética, ele passa pela vida. Eu vejo que, infelizmente, as suas orientações, até
pela posição estratégica que a senhora exerce como Secretária do Governo Federal e a sua função estratégica, as suas
orientações em relação ao uso da hidroxicloroquina, diante da ineficácia apresentada pelos vários estudos... Infelizmente,
a senhora está prestando um desserviço no Brasil no momento tão grave que nós estamos realmente enfrentando que é
o período de pandemia.
Muito obrigada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Randolfe Rodrigues. Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Obrigado, Senadora
Eliziane.
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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Pelo sistema remoto agora, Senador Tasso Jereissati.


O SR. OMAR AZIZ (PSD - AM. Fora do microfone.) – Só um minutinho...
O SR. PRESIDENTE (Randolfe Rodrigues. Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Pois não, Presidente.
Devolvo a Presidência a seu titular. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu vou suspender a reunião por cinco minutos, porque a doutora
precisa...
(Suspensa às 12 horas e 14 minutos, a reunião é reaberta às 12 horas e 21 minutos.)

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Antes do Senador Tasso, a Senadora...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA. Fora do microfone.) – Não,
eu vou depois.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Está bom.
Eu, há pouco, fui informado...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Na verdade, Presidente...
Dr. Humberto, Secretário Humberto... Deputado... Senador Humberto... (Risos.)
Eu discorri em várias funções. Não, na verdade é porque eu queria só saber da secretária – cinco segundos só, secretária:
a senhora acabou sendo conhecida como capitã cloroquina. Isso a incomoda de alguma razão?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Apenas eu não acho o termo adequado, porque eu não sou oficial de carreira militar. Eu
sou uma médica, respeitada no meu Estado. Então, eu prefiro ser chamada: Dra. Mayra Pinheiro.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Antes de passar... Senador, Líder... Líder do Presidente Bolsonaro,
Fernando Bezerra. Eu fui lá ao toalete e fui informado pela minha assessoria de que o Presidente Jair Messias Bolsonaro
postou um projeto que eu tinha dado entrada e que hoje, logo ao chegar... Ontem à noite eu cheguei e, hoje de manhã,
quando eu cheguei aqui ao meu gabinete, eu mandei retirar, porque muitos profissionais de saúde, amigos meus, disseram:
"Omar, é melhor analisar bem, isso vai prejudicar a gente". E eu faço autocrítica naquilo em que eu acho que estou errado. E
retirei, a pedido de vários médicos, profissionais de saúde, para que futuramente a gente possa ou não debater esse assunto.
Eu não faço cavalo de batalha, absolutamente, em nada daquilo que, quando eu ouço profissionais da área, eles me orientam
a fazer de forma contrária – e eu faço de forma contrária, como eles me orientam.
Então, Presidente, não perca seu tempo – ou quem quer que seja nas suas redes sociais – de postar esse projeto, porque
esse projeto já foi retirado bem antes de o senhor postar esse texto no seu Twitter.

Perca seu tempo ligando para lideranças políticas internacionais para comprar vacina. Perca seu tempo em salvar vidas,
Presidente. Coloque dentro do seu Twitter algo... Diga assim: "Faça o isolamento social, se cuide! Essa doença mata!".
Não desça tanto para vir criticar um simples projeto que já foi retirado, porque eu, como ser humano, como cidadão e
como político, naquilo em que eu erro, naquilo em que eu me equivoco, eu faço autocrítica. E espero... Ainda há tempo
para V. Exa. fazer autocrítica em relação à vacina. Compre vacina, não compre cloroquina, Presidente!
Com a palavra o Senador Tasso Jereissati. (Pausa.)
O SR. TASSO JEREISSATI (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - CE) – Estão me ouvindo?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Agora sim.
Senador Tasso Jereissati, por 15 minutos.
O SR. TASSO JEREISSATI (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - CE. Para interpelar. Por
videoconferência.) – Eu vou ser rápido. São duas perguntas, mais esclarecimentos.
Dra. Mayra, boa tarde.
Há uma questão que está me intrigando realmente e que eu queria ver esclarecida.
A senhora e os cinco médicos que compõem a sua equipe não acreditam nas orientações da Sociedade Brasileira de
Pediatria e de quase todas as sociedades brasileiras; não acreditam na OMS, nas orientações da OMS; não acreditam nas
orientações da Anvisa; não acreditam nas decisões da entidade que combate doenças contagiosas nos Estados Unidos,

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

o CDC; não acreditam no CDC e na EMA, entidades que formam as orientações globais na Europa. Acreditam em que
orientações?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Boa tarde, Senador Tasso, é uma satisfação revê-lo.
A primeira coisa, Senador: o senhor é cearense e conhece a minha história de luta em defesa da vida e da dignidade de
pacientes e profissionais.
A primeira coisa em que eu acredito é que nós devemos salvar a vida das pessoas diante de uma doença grave e incerta
– essa é a primeira recomendação e essa é a minha primeira crença maior – e buscar, entre todas as evidências que nós
temos, aquilo que nós podemos utilizar que cause o menor malefício e o maior benefício para a salvar vidas.
O senhor fez a citação de dezenas de entidades. Eu poderia citar outras dezenas de entidades e países, Senador, que têm
usado protocolos clínicos para tratar Covid com bons resultados. Eu poderia citar para o senhor dezenas de Municípios
brasileiros onde, a partir da observação clínica dos médicos, pessoas estão sendo salvas. Poderia citar aqui para o senhor
dezenas de hospitais e entidades privadas no Brasil que vêm usando protocolos clínicos criados por essas entidades para
salvar vidas. O que eles têm em comum, cidades e países que adotaram esses protocolos e essas entidades? A letalidade
nas cidades é menor, a resposta dessas entidades privadas que vêm usando medicamentos antivirais é menor.
E a gente não está falando, Senador Tasso, só de cloroquina e de hidroxicloroquina. Infelizmente, esses dois medicamentos
foram muito estigmatizados e criminalizados, em vez de serem criminalizadas as pessoas que fizeram pesquisas
fraudulentas ou que causaram a morte. Nós estamos falando em 17 medicamentos que existem hoje que podem ser usados
para a Covid e que têm um potencial de diminuir o que eu, o senhor e todos os Senadores e a população brasileira querem:
diminuir as hospitalizações, evitar o colapso do sistema de saúde e as mortes, que é um desfecho, o mais grave de todos,
o mais infeliz. E nós lamentamos a morte não só das pessoas, mas também de um grupo específico de pessoas, que são
os profissionais da saúde que estão no enfrentamento dessa doença.

O SR. TASSO JEREISSATI (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - CE) – Muito obrigado, Dra. Mayra.
Essas entidades são entidades oficiais, a Organização Mundial de Saúde, que a senhora mesma citou várias vezes,
recomendações dela que está adotando.
No Brasil, eu espero só tomar medicamentos que sejam autorizados pela Anvisa. Eu não... Se não for autorizado pela
Anvisa, eu não faço. Enfim, mas não vou polemizar sobre isso.
Mas outra coisa aqui e vem a propósito do que nós temos ouvido aqui também para esclarecimento: nós ouvimos aqui um
relato muito técnico, bem-feito do Senador Otto Alencar – não sei se a senhora chegou a acompanhar – em outras oitivas,
em que ele fala sobre exatamente o que é a hidroxicloroquina e a cloroquina.
E ele... E a senhora afirmou aí várias vezes que ele é um antiviral.
O Senador... Eu gostaria....
A senhora confirma isso pelo que eu entendi?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Que essas medicações têm ação antiviral? Sim, inclusive nós temos publicações
científicas atestando isso desde 2005, Senador Tasso.
Acho que o Senador Otto...
Eu vou apresentar para o senhor, Senador, com todo o respeito.
O SR. TASSO JEREISSATI (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - CE) – Eu gostaria de passar, então,
se o Presidente me permitir, só para o esclarecimento de todos nós, que o Senador Otto explicasse para nós tirarmos essa
dúvida aqui de uma vez por todas, se o Presidente... Cedo o meu tempo todo para o Senador Otto.
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA. Para interpelar.) – Posso falar, Presidente? (Pausa.)
A cloroquina, a hidroxicloroquina é um antiparasitário.
É uma droga antiga usada para combater a malária causada pelo plasmodium, que é um parasita.
Não existe nenhuma medicação que possa, como proposto nesse TrateCov, evitar a contaminação por um vírus.
Eu pergunto à senhora, Dra. Mayra, tem alguma medicação para evitar que uma criança contraia o sarampo?
Só a vacina, não é?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Só a vacina.
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Paralisia infantil? Só a vacina. Varíola? Só a vacina. H1N1? Só a vacina.

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Como é que inventaram agora que hidroxicloroquina pode evitar que uma pessoa se contamine do coronavírus?
É um absurdo! E dizer que é um antiviral? Não tem nenhum estudo pra comprovar, a não ser o estudo que deve ter sido
feito sem os protocolos normais do estudo.
Por exemplo, a senhora deve saber – é médica e tem um bom currículo, não tenho dúvida disso: há como se aplicar uma
medicação num paciente sem antes fazer os estudos pré-clínicos? Ou in vitro? Não, tem que fazer primeiro o estudo pré-
clínico ou in vitro. Estudo pré-clínico é feito nos animais para depois se usar a medicação e, depois, os estudos clínicos.
A senhora sabe quantas fases são do estudo clínico para aplicar uma medicação? Pode dizer?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Quatro fases, pelo menos.
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Pois não.
Então, a senhora está consciente de que não foram feitas as quatro fases da hidroxicloroquina no combate à Covid-19.

Não tem nenhum estudo que possa demonstrar que foi feita a primeira, segunda, terceira e quarta fase. Além disso, doutora,
todos esses estudos têm que ser acompanhados do ponto de vista farmacológico, farmacodinâmico e farmacocinético,
para saber como a droga no organismo do paciente desenvolve sua ação. Hidroxicloroquina não é antiviral em estudo
sério nenhum no mundo. Eu tenho lido sobre isso, tenho informações, tenho inclusive no meu Estado talvez o melhor
infectologista do Brasil e um dos maiores do mundo, Professor doutor Roberto Badaró, que é infectologista; a senhora
não é infectologista.
Ficam falando inclusive do coronavírus. O coronavírus se manifestou em Hong Kong em 2003, se usou hidroxicloroquina
e não resolveu. O Mers, que atingiu a Ásia Menor, os países árabes, em 2013 e 2016, usou-se hidroxicloroquina e não
resolveu. A senhora sabe que, em 2016, teve o Mers. A senhora sabe, né? É um tipo de coronavírus da família do
betacoronavírus, não é isso mesmo? Então se usou hidroxicloroquina na Ásia Menor e não resolveu.
Não tem estudo que comprove isso, não tem nenhum estudo que comprove que a hidroxicloroquina vai ser aplicada no
paciente, de acordo com a bula, e ele não vai ter a doença ou vai reduzir a doença. Não há nenhum estudo nesse sentido!
Eu estou falando aqui cientificamente, depois de estudar muito essa questão. E esses estudos que são feitos, todos eles são
muito mal elaborados, porque não atenderam às recomendações científicas. Eu digo à senhora, porque vi o seu currículo,
sei da sua boa intenção, jamais diria uma palavra ácida contra a senhora, não só porque é uma médica mas também pelo
respeito que tenho a todas as mulheres.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Muito obrigada.
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Isso é uma coisa fundamental.
Mas a minha discordância aqui nunca foi política, sempre foi científica. Não tem nenhum antiviral até agora que possa
controlar a doença. O remdesivir está em teste, e eu lutei muito ano passado para a Anvisa liberar, vieram a liberar agora,
mas também não é a droga que a gente chama, a senhora chama também de escolha para tratar a doença. Por exemplo,
H1N1, a vacina evita a doença, mas nós temos o Tamiflu, que é uma droga de escolha para H1N1. Não existe essa
droga de escolha para coronavírus, Covid-19, que é uma doença grave e só em 5% da população se manifesta, em 95%
é assintomático, na população, leve, moderado. Os outros casos, os 5% é que formam a forma grave, que é a pneumonia
virótica com microtromboembolia, obstrução pulmonar, cursa às vezes insuficiência renal e o paciente vai a óbito. O que
é que se fez? Dar hidroxicloroquina a todos os pacientes, porque a maioria fica bom, nós vamos levantar a bandeira de
que a hidroxicloroquina cura o doente. Isso não é sério, não é honesto, não é direito. A Medicina, V. Sa. sabe, exige
integralidade, verdade, consciência, pesquisa para se aplicar uma droga.

Uma droga usada há muito tempo, que é a cloroquina, numa doença nova, de que nem eu, nem a senhora, nem a maioria
dos cientistas conhecem ainda suas manifestações clínicas. Eu faria aqui quatro perguntas, doutora, a qualquer cientista
do mundo e ele não me responderia sobre as manifestações clínicas da Covid-19. Então, é uma medicação velha usada
numa doença nova que a ciência não conhece. E aí, se pega – como pegou o Presidente da República – uma caixa de
hidroxicloroquina, e "Tome aqui, Brasil"! Eu não sou o crítico do médico que receita, não, eu respeito se o médico receitar.
Mas: "Toma aqui, povo brasileiro"! Se você tiver doença do coração e tomar, você vai ter arritmia, aumento do intervalo
QT, do espaço QT, vai ter parada cardíaca e morrer. Mas a maioria fica achando que foi hidroxicloroquina. Isso não é
sério! Não é sério! O próprio Ministro da Saúde falou aqui, o Marcelo Queiroga, que ia tirar a hidroxicloroquina. O Conitec
fez a mesma coisa. Essa insistência de permanecer no erro não é virtude, doutora, é defeito de personalidade. Não é da
senhora, não, eu estou me referindo até ao Presidente da República. Eu digo sempre que os homens erram e os grandes
homens – ou as grandes mulheres – reconhecem e corrigem os seus erros, para não começarem a errar permanentemente e

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matar as pessoas. Como perdi no meu Estado pessoas que tomaram hidroxicloroquina sem receita médica, tinham arritmia
e morreram. Inclusive, um colega meu desavisado fez isso.
Esse que é o absurdo. Eu não estou criticando, nem vou criticar a senhora, que tem competência, se aviar uma receita e
assinar hidroxicloroquina, mas é o fato de uma instituição jurídica da importância do Ministério da Saúde colocar no seu
site TrateCov para as pessoas olharem e tomarem a medicação, o Presidente levantar a caixa de hidroxicloroquina. Isso
não é honesto! Isso é uma coisa que deve ser combatida!
Eu estou me insurgindo e falo assim porque a minha vida inteira foi na ciência. A senhora fez trabalhos científicos, eu
também fiz os meus na Universidade Federal da Bahia e acompanhei o doente do diagnóstico até a cura e os resultados
finais para ver se ficaram ou se não ficaram sequelas. A Covid-19 nem sequela a gente sabe qual é que fica, dizem que
é psicológica, que é do pulmão, que é do fígado. É uma doença nova. Por isso, se é uma doença nova, não merece uma
medicação velha que não tenha uma segurança médica para dizer: meu amigo, eu te atendi, te dei uma medicação que eu
tenho segurança que ela é de escolha, como é o caso do Tamiflu para H1N1. Era só isso que eu queria falar. Eu sei que
essa tese que a senhora defende e que eu defendo está parecendo briga por religião ou então por futebol. A senhora torce
lá para o seu time, deve ser Ceará ou Fortaleza...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Ceará.
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Ceará, eu sou Vitória, estou na série b. Então, não adianta discutir isso. Agora,
da hidroxicloroquina, até o seu Ministro da Saúde disse aqui que não tem validade. E ele disse daí, onde a senhora está
sentada, da arritmia, pode dar parada cardíaca. E se não tiver alguém para atender, morre ou não morre? Morre, não tem
um cardioversor, não volta a bater o coração.
É só isso, mas eu não quero levar essa discussão com a senhora, porque eu vi seu currículo, quero parabenizá-la. Mas,
se por acaso caso, na sua consciência, chegar o momento de dizer assim: corrija isso, a hidroxicloroquina é antiparasita,
parasitário, antiprotozoário, não tem estudo nenhum, a não ser estudo que não tem comprovação pré-clínico e clínico para
dizer uma bobagem dessa.

Perdoe-me, mas eu tinha de fazer aqui essa manifestação de um colega que tem estudado, queimado as pestanas sempre,
desde que surgiu essa doença, para entendê-la, e até agora eu não tenho segurança de uma medicação que eu possa medicar
o paciente e dizer: "Vai, que é droga de escolha, você vai ficar curado". Só tem uma coisa, doutora: a vacina – a vacina
negada permanentemente pelo Presidente da República. "Vá comprar vacina na casa da tua mãe". Não é na casa da mãe,
é no laboratório. Isso é uma falta de respeito para com o povo brasileiro, que vive, sobretudo, penando pelas ruas atrás
de uma vacina, com o braço descoberto, e a vacina não existe.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Humberto.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É para eu responder?
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Sim, eu gostaria que
ela respondesse.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, eu digo a resposta ao Senador Tasso e ao senhor...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Ele fez a pergunta e depois pediu para
complementar...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Desculpa, desculpa, desculpa... Não, não. Ela tem todo o tempo do
mundo para responder. É lógico.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, é...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não, desculpa... Eu pensei que era um comentário e tal...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É que o Senador Tasso fez umas perguntas e o Senador Otto também fez...
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Presidente, vai ficar igual torcedor de futebol...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não... A gente não vai, não...

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O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – V. Exa. já usou o tempo todo, Senador Otto. Agora, ela tem o direito
de responder. Só isso.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador Otto, satisfação de falar com o senhor. Eu gostaria de poder responder
humildemente a todos os seus questionamentos, mas vou tentar me lembrar de alguns. Um deles é assim: a gente tem
estudos mostrando o efeito antiviral, antibacteriano, antiparasitário da cloroquina e da hidroxicloroquina e a gente pode
compartilhar juntos, porque nós somos dois médicos. Eu posso entregar para o senhor. Os pesquisadores estudam essa
ação desde 2005. E, in vitro, a gente já tem...
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Só para esclarecer, o primeiro caso de coronavírus, a senhora sabe quando foi
o primeiro caso registrado no mundo?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mil novecentos e sessenta.
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Foi em 1964. Era o coronavírus comum, dá em criança, não tinha efeito letal
nenhum. Só que o coronavírus vem sofrendo mutações.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso.
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – E hoje nós temos sete cepas que provocam a pneumonia virótica, a
microtromboembolia e causam a morte de pacientes. A maioria dos coronavírus são manifestações...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente...
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Talvez por isso alguém disse: "Olha, o coronavírus dá uma gripinha, dá um
resfriadozinho". A senhora sabe que não é assim.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador, eu vou passar a palavra para a doutora.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Vou tentar ser breve.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ela vai responder ao Senador Tasso e ao Senador Otto. E eu acho que
ainda vai ter muito tempo para debater essa questão aqui, porque aí eu, pessoalmente, não tenho capacidade técnica de
discutir isso com a senhora, mas tem alguns médicos aqui que têm, são estudiosos e estudam... Eu não tenho, eu não vou
nem entrar nesse debate, mas a senhora está com a palavra.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
Então, assim, só complementando...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nós temos uma ação antiviral em trabalhos que eu trouxe aqui para comprovar para os
senhores. Senador Otto, assim, o senhor usou vários modelos de doenças que têm vacinas. Eu sou a favor das vacinas.
Essa é a minha luta. E a gente só precisa entender uma coisa. Eu vou usar como modelo a tuberculose. A tuberculose
é uma doença grave que ceifa milhões de vidas todos os anos no mundo. Quando nós nascemos, a gente toma a BCG,
que protege contra as formas graves de tuberculose – tuberculose miliar, meningite por tuberculose –, mas eu tenho a
forma pulmonar. Em milhões de pessoas, quanto mais baixo o nível socioeconômico, quanto maior o subdesenvolvimento,
maior é o número de casos de tuberculose nos países, e eu preciso ter as medicações para tratar aquelas pessoas que,
mesmo tendo tomado a vacina de tuberculose, vão adoecer – são milhões, um milhão de pessoas. E eu tenho pirazinamida,
isoniazida, rifampicina. Não é?
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não... Eu estou falando de medicações.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, não... Não é comparação, Senador. Eu estou comparando aqui a necessidade de
a gente ter...
(Intervenção fora do microfone.)

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, Senador, eu disse ao senhor que tem os trabalhos do vírus, eu estou falando
de modelos, de que nós precisamos entender que a Covid, à semelhança da tuberculose... A vacina é um elemento
importantíssimo para profilaxia, para prevenção; mas, se eu adoecer, ainda que tenha tomado a vacina, e eu tenho ainda
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milhões de pessoas no mundo que não conseguiram tomar a primeira dose da vacina, não só no Brasil, eu preciso ter
algum tipo de recurso farmacológico para eu enfrentar a doença e não colapsar o sistema, não ter supersaturação de leitos
e nem ter as mortes que nem eu, nem o senhor queremos. E essas medicações, a gente já tem muita evidência, Senador.
Eu insisto que eu trouxe aqui, para deixar... O senhor permite que eu termine, por gentileza?
Então, a gente já tem evidência. A gente não tem evidência 1A, que nós só vamos ter daqui a muitos anos, porque
essas evidências precisam que a gente tenha as medicações utilizadas nos ensaios clínicos com um número muito grande
de pacientes, e a gente está em guerra, Senador. Nem os médicos que estão acompanhando... E, aí, eu cito aqui uma
grande médica brasileira, a Dra. Lucy Kerr, patologista, que está indo fazer conferência fora do Brasil, porque aqui ela
foi interditada, ela não consegue falar da ivermectina, e a gente tem 17 medicamentos sendo usados hoje, não para curar
Covid. Nenhum deles, a gente nunca disse, nós, médicos, que eles curam a Covid. O que esses medicamentos fazem é o
que todos nós esperamos: reduzir os internamentos, as mortes, evitar que, se iniciados na fase de replicação viral, a gente
tenha progressão para as formas mais graves. É o que eu, é o que o senhor, é o que todos os Senadores aqui querem.
Ninguém quer ver o sistema colapsar; ninguém quer ver as plaquinhas de não sei quantos milhões de mortos no Brasil.
Então, deixo aqui para o senhor essas referências.
E há outra confusão, Senador, a última, prometo...
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – Mas o que eu falei, doutora, é o seguinte...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, mas aí não dá, é um debate que vocês estão tendo. Aí não dá...
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – O que eu falei aqui – um minutinho só. Vou encerrar...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Com relação aos medicamentos, Sr.
Presidente.
O SR. OTTO ALENCAR (PSD - BA) – ... é que não se pode dar uma medicação como hidroxicloroquina sem fazer
um eletrocardiograma, um ecocardiograma...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Vou falar isso se o senhor me permitir.
Outra coisa: como o senhor mesmo disse... Eu vou ser bem breve.
Como o senhor mesmo disse, essas medicações são usadas, uma, desde 1934, a outra, desde 1947. O Brasil, o senhor sabe,
é o maior celeiro do mundo de experiências com o uso de cloroquina e hidroxicloroquina na Amazônia, e eu conheço bem
a Amazônia. Eu faço missão embarcada, de passar dez dias no Rio Negro, e todo mundo toma essas medicações.
Eu sou portadora de uma doença autoimune, que fiz uso do Reuquinol, a hidroxicloroquina, por anos. A gente precisa
deixar bem claro a segurança dessas medicações... Eu vou citar só três. Ivermectina, cloroquina e hidroxicloroquina a
gente já sabe.
A gente tem trabalhos publicados com 96 mil pacientes seguidos do uso da hidroxicloroquina e da cloroquina sem
arritmias. E, quando eles têm arritmias, são arritmias que não provocam alterações sistêmicas graves. Essas medicações
são seguras.
Então, a gente está falando aqui, Senador, do uso por cinco dias dessas medicações, que já têm segurança, porque elas
já foram usadas em outras doenças e o próprio Ministério da Saúde já recomendou para outras doenças virais, para as
arboviroses. Eu trouxe para o senhor um protocolo de chikungunya, em que o Ministério da Saúde preconiza...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É vírus, Senador! Chikungunya é vírus! Causou um desastre na sociedade...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, Senador, o senhor falou de antiviral...
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Presidente, não vai ter um
debate aqui sobre...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É porque eu queria terminar a minha fala...
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ... Covid e cloroquina? Não
está marcado? Vamos fazer isso aqui hoje?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Chikungunya é uma arbovirose, Senador...
(Intervenção fora do microfone.)
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A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas é porque o Ministério da Saúde já preconizou, oficialmente, 600ml de
hidroxicloroquina, podendo ser usada até por cinco anos...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, está aqui o protocolo...

O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente... Presidente, eu vou...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Chikungunya, cinco anos de uso de hidroxicloroquina com 600mg. E a recomendação
é: não há necessidade de seguimento eletrocardiográfico.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, Senador. O senhor falou de efeitos antivirais dessas medicações. Isso aqui é um
protocolo que passou pela Conitec. Para o coronavírus, a gente tem atividade in vitro.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, a gente precisa usar este espaço aqui...

O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente...


A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... para esclarecer a população. É o único espaço que eu tenho.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pois não, Senador Marcos Rogério.

O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Eu vou pedir a V. Exa. que a gente siga
com os próximos oradores, porque eu tenho uma lista aqui de medicamentos que estão no kit Covid administrado pelos
Estados do Brasil e que têm efeitos colaterais muito mais danosos e graves do que o que o Senador Otto está apresentando
aqui da cloroquina. Com todo o respeito, ele é médico, eu não sou, mas a bula e as indicações são claras, inclusive para
leigos. Então, aqui a condição para estar nesta CPI é ser Senador da República, e não ser médico. Então, eu tenho aqui
a lista do kit Covid, que vai dizer....
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Mas não é isso...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – ... todos os efeitos colaterais, inclusive
cardíacos, dos demais medicamentos.

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Sim.


O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Então, não dá para fazer esse debate aqui.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Doutores, por favor. Doutores, deixe-me dizer uma coisa para vocês.

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu queria só que eu tivesse a oportunidade aqui de esclarecer a sociedade.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, doutora. Doutora... Doutora, não. Não é aqui, doutora. A senhora
já fez tanta palestra sobre isso. Para que a senhora vai fazer palestra e vai convencer alguém?
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sim, mas o Senador está fazendo.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não, só um minutinho.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não é palestra, Senador, é que eu fui chamada para dar esclarecimentos.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Já deu, já deu.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Na sua visão, pelo que eu entendi, a cloroquina é antiviral, tudo bem.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Tem efeito antiviral.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Está bom, sem problema.

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Mas sempre terá controvérsias e tal. A gente não vai aqui chegar a um denominador comum porque tem gente que vai
defender, tem outros que não vão defender. A gente não chega... O que nós queremos é vacinar todo mundo.
Senador Humberto Costa, por favor.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A senhora vai ter a oportunidade de falar mais sobre isso.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Para interpelar.) – Eu gostaria
de ter meu tempo inteiro.
Primeiro, eu acho que está malconduzido aqui o processo. A Dra. Mayra, com todo o respeito que temos a ela, não veio aqui
para discutir aplicação de cloroquina ou não. Ela veio prestar contas do trabalho dela como Secretária de gestão da área
de saúde e de educação em saúde. Aliás, dessa secretaria eu tive a honra de ser o criador na época em que eu era Ministro.
E ela foi criada exatamente para garantir a educação continuada na área da saúde e atualização das pessoas, interferir na
formação de profissionais junto com o Ministério da Educação, discutir a abertura ou não de novas universidades, novas
faculdades, discutir a residência médica de acordo... Então, esse é o objetivo.
Começa um pouco errada V. Sa., com todo respeito, porque no Ministério da Saúde quem tem autonomia para ficar
definindo protocolo de medicamento é a SAS, que hoje é Sase, e a atenção básica, ou é a Conitec, ou é a Secretaria de
Vigilância em Saúde, que eu também criei. Então, V. Sa. saiu um pouco do que é o seu trabalho para fazer uma outra
coisa que, com todo o respeito, não lhe diz respeito.
Eu queria perguntar a V. Sa... Eu fiquei muito preocupado de ouvir dizer que o Brasil é o País no mundo onde mais teriam
morrido profissionais de saúde nesta pandemia. Não sei se a senhora pode me ajudar a entender. A senhora sabe quantos
médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem morreram por Covid, desde o início da pandemia?

A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Na última atualização, foram mais de 300 profissionais. Eu não tenho o
número exato de hoje.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Pois eu vou lhe dar um número
exato aqui: até meados de março de 2021, morreram 1.292, sendo 622 médicos; enfermeiros foram 200; e 470 auxiliares
técnicos de enfermagem. Entre março... Até a metade de março deste ano, no site do CFM, já estão registrados 810 óbitos
médicos, quer dizer, são 150 a mais do que no ano passado, e, no Cofen, 783. A soma dessas categorias dá 1.593. Só de
técnicos de radiologia, morreram 76; e agentes comunitários de saúde morreram mais de 200.
E aí eu queria saber: existe, a senhora fez alguma análise comparativa desses números com o resto do mundo, as mortes
em outros países?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, porque esse dado é obtido pela Secretaria de Vigilância Sanitária, o
acompanhamento dos óbitos por Covid, dos casos, é feito pela vigilância.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Mas eu não estou falando dos
casos em geral; eu estou falando do pessoal sobre que a senhora tem responsabilidade de acompanhar, profissional de
saúde. Comparando o Brasil e outros países, onde morre mais profissional de saúde?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não tenho esse dado para passar para o senhor.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Essa informação que nós temos
é de que é no Brasil.
No Brasil, houve ou não excesso de óbitos de profissionais de saúde?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Precisaria fazer essa comparação, que eu não tenho aqui, agora, para trazer para o senhor.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Me diga quais foram as
medidas adotadas pela senhora, como Secretária de Gestão do Trabalho, para proteger a vida desses trabalhadores e
trabalhadoras da saúde.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não. No meu discurso, o senhor deve ter ouvido a narrativa dos cursos que
nós fizemos na Sgtes para a formação de todas as 14 categorias da saúde. Dentro desses cursos, estavam, no início da
doença, as medidas de proteção individual; elas sempre foram uma preocupação nossa que, para cada uma das atividades
e das categorias de saúde, a gente orientasse o EPI adequado, até porque nem todas as pessoas vão usar, nem todos
os profissionais, os mesmos EPIs. Profissional enfermeiro, médico que trabalha na UTI, ele vai dispor de um tipo de

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vestimenta; o agente de saúde vai dispor de outro. Nós que fizemos isso, Senador, para todas as 14 categorias da saúde,
orientando as medidas de proteção individual, a forma de remoção das roupas...
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Quantos cursos a senhora fez
para capacitar as equipes de atenção primária e de reabilitação de pessoas com Covid-19?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu posso dizer o número, com o discurso, aqui anotado, o que eu não vou lembrar, mas,
assim, para atenção primária, se eu não me engano, foram 25 cursos. Nós fizemos parceria com diversas universidade,
Universidade Federal de Minas Gerais, de São Paulo. Nós temos... Só, para dizer o quantitativo para o senhor, porque eu
não vou decorar, não tenho o valor, o número agora.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Não quero que a senhora me
diga decorado, não se preocupe, não; minha preocupação não é essa.
A senhora sabia, a senhora sabe bem que existia, no Ministério da Saúde – começou quando eu estava lá –, um espaço de
negociação coletiva entre profissionais de saúde e o ministério, e isso foi desmontado na gestão de V. Sa., lá. Isso é um
espaço em que poderiam se negociar equipamentos de proteção individual, formação técnica dessas pessoas...

A situação de abandono dos profissionais de saúde foi tão grande durante esse período em que a senhora é gestora... Por
exemplo, em 2020, foi feita uma pesquisa com 3.636 profissionais de saúde do SUS. Nessa pesquisa, 63% disseram que não
havia equipamento de proteção individual para troca e higienização durante a jornada; 73,3% disseram que trabalhavam
mais de 12 horas na jornadas e não tinham como também fazer a troca desses EPIs; havia ausência de equipamentos de
segurança em mais de 50% dos casos em todas as áreas, atenção básica, média complexidade, alta complexidade; 70%
desses profissionais disseram que não participaram de nenhum treinamento para enfrentamento à Covid; 69,6% disseram
que não tiveram treinamento sobre os protocolos para enfrentamento à Covid, tanto é que eles realizaram uma ação junto
à Comissão Interamericana de Direitos Humanos para denunciar o Governo brasileiro por abandono dos profissionais
de saúde.
A senhora confirma que existe isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, primeiro vou responder aqui a sua resposta de forma objetiva. Ao todo, os
cursos para profissionais de saúde para o enfrentamento à Covid: 14 cursos de manejo clínico na atenção especializada;
21 ações de orientação para população. Para atenção primária, em relação aos cuidados com esses profissionais, o senhor
mencionou o número da pesquisa... Nós estamos acompanhando 185 mil profissionais de saúde, cuidando da sua saúde
mental. A pesquisa é feita em três etapas, para que a gente possa acompanhar, identificar aqueles que estão sob risco e atuar.
Em Manaus, a gente criou um ambulatório específico de seguimento à saúde mental, dado o contexto mais grave da
pandemia.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Sei.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas seguindo os cursos: em parceria com a Amib, 15 cursos para médicos intensivistas...
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Pois não.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... 16 cursos de orientação para cuidado à saúde mental – já falei da atenção primária
de saúde – e a iniciativa de prevenção ao suicídio e à automutilação, que atingiu 242 mil pessoas no Brasil, também foi
no contexto de cuidados.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Pois não.
Esses cursos que a senhora fez...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ... eles não fazem nem cócegas
na necessidade que nós temos dos profissionais da área da saúde.
Por exemplo, Presidente, os países pobres que conseguiram controlar a pandemia utilizaram a atenção básica como uma
área fundamental. Eles não gostam que fale não, mas Cuba, Venezuela, mas também a Nova Zelândia e outros países
controlaram a Covid usando a atenção básica, o agente de saúde, que vai lá, que faz o teste, que isola as pessoas, que dá
orientação... No Brasil, me desculpe dizer a V. Sa., a atenção básica no Brasil ficou naquela de "fica em casa". Agente
comunitário de saúde no Brasil não foi treinado para trabalhar na pandemia. Os agentes comunitários de saúde no Brasil
não receberam suporte desse Governo para poder ir, de comunidade em comunidade, fazendo o esclarecimento de como
se faria a prevenção. Essa é a realidade do que aconteceu no Brasil. E, no Brasil, nós temos médicos, agentes comunitários,
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enfermeiros nos mais de 5,5 mil Municípios do Brasil. A minha questão – eu estou falando com a senhora respeitosamente
–: o que era da sua alçada, infelizmente a senhora não fez; o que não era, a senhora estudou, a senhora chefiou um grupo
de médicos para ir para Manaus.
Tem algum médico intensivista nessa equipe que a senhora levou para lá?

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não.


O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – A senhora levou alguém para
atender alguma pessoa que estivesse morrendo lá, em Manaus?
A senhora se preocupou de juntar um time, encher um avião, e botar gente para atender as pessoas que estavam lá em
Manaus precisando?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – "Sim"?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim. Nós levamos 347 profissionais de saúde de outros Estados.
Eu não sei se o senhor teve a oportunidade, mas nós recebemos uma homenagem da Gol, transportes aéreos, de
profissionais que nós deslocamos do Brasil inteiro, médicos, que ficaram três meses em Manaus custeados, pagos com
recursos próprios do Ministério da Saúde, para socorrer Manaus. Todos esses mais de 300 profissionais, Senador, foram
treinados por nós. Fizeram sequência rápida de intubação no local. Nós ficamos 90 dias com esses profissionais lá. Então,
nós levamos, sim, esses profissionais, fizemos os cursos.
Se o senhor me permite, não é minha área de atuação dentro do ministério, mas para o enfrentamento à Covid, a Secretaria
de Atenção Primária foi uma das secretarias que mais fez ações, que mais recebeu e direcionou recursos extraordinários
para o enfrentamento à doença. Só no Programa Mais Médicos, que nós tínhamos cerca de 13 mil médicos, foi ampliado
em 6 mil, no número de médicos, para que os Municípios pudessem ampliar a capacidade de atendimento na atenção
primária. Nós direcionamos alguns médicos do programa para que eles pudessem, inclusive, atuar na rede de atendimento
secundário...
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Deixe eu só concluir...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... naqueles Estados onde houve colapso.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Deixe eu só concluir.
Parabéns! É pena que isso não aconteceu no restante do Brasil.
Aliás, V. Sa. é responsável, por exemplo, pelo chamado Revalida.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, não, senhor. É o MEC.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – O Congresso Nacional
aprovou...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É o MEC que faz o Revalida, Senador, não o Ministério da Saúde.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Sim, mas o Ministério da
Saúde tem uma interferência no sentido de garantir...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – ... que isso aconteça.

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.


O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – O Revalida foi aprovado pelo
Congresso Nacional aqui, e são mais de 15 mil profissionais médicos que poderiam estar servindo ao Brasil depois de
fazerem o Revalida, e que não estão – que não estão! Isso tem a ver com o Ministério da Saúde também, isso tem a ver
com a área da senhora.
Quando nós criamos, por exemplo, o Mais Médicos, isso foi uma construção do Ministério da Saúde com o Ministério da
Educação. E a senhora assistiu, está assistindo a mais de 15 mil profissionais formados que poderiam estar trabalhando e
que não estão por conta da posição ideológica do Senhor Presidente da República.

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Número do documento: 21082623045620200000094648003


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Num. 101508814 - Pág. 55
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Eu queria só concluir, aqui, a minha fala no sentido... A senhora falou na questão de teoria da imunidade de rebanho para
crianças, mas, naquele mesmo vídeo, a senhora fala das pessoas saudáveis que não têm comorbidades, que podem ir para
o comércio, que podem trabalhar. Então, a senhora é um exemplo das pessoas que defendem essa tese da imunidade de
rebanho que nos trouxe até a essa realidade que nós estamos vivendo hoje, no Brasil: 450 mil pessoas mortas. Quatrocentas
e cinquenta mil pessoas mortas, porque a tese é a seguinte: essa doença é simples; essa doença não causa nenhum dano
grave; já existe um medicamento barato que é produzido em todo lugar e que é eficaz; quem não quer isso é porque quer
vender vacina pra ganhar dinheiro. Essas pessoas tomam esse remédio, acham que estão protegidas e vão para rua adquirir
o vírus, trazer para sua casa e transmitir para outras pessoas.

Então, com os meus respeitos, eu acho que V. Sa. se desviou completamente daquilo que deveria ser a sua função, que
era a de garantir que os profissionais de saúde do Brasil tivessem não somente garantia pra fazer o seu trabalho de forma
adequada, bem treinados e em condições de oferecer um serviço de qualidade à população brasileira, mas, por outro lado,
a senhora resolveu assumir a condição de defensora de um medicamento que já é comprovadamente... Não é que não há
comprovação, é que já é comprovadamente ineficiente e ineficaz para atender a Covid-19.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu só quero aqui esclarecer que, na primeira onda, nós recebemos, no
Amazonas, recebemos médicos; na segunda, não. E existia... Foram 397 médicos na primeira onda; na segunda não foram.
E, aqui, eu quero aproveitar o momento para agradecer aos Estados que receberam os pacientes do Amazonas, porque
foram muitos Estados que nos ajudaram bastante. E, realmente, esse deslocamento de pacientes foi feito pelo Governo
Federal, e a gente é muito grato aos Estados que acolheram os pacientes do Amazonas.
Senador Marcos Rogério.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO. Para interpelar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Senadores, Dra. Mayra Pinheiro, cumprimento V. Sa. pelo depoimento claro, firme e esclarecedor no âmbito desta CPI.
Farei alguns questionamentos relativos a este tema. Tem havido um debate muito grande aqui nessa CPI sobre o uso
da cloroquina e sobre o tratamento precoce. A senhora já respondeu diversas perguntas acerca disso, é verdade, mas,
praticamente, somente em relação ao Governo Federal, enquanto sabemos que a execução das políticas de saúde é feita
praticamente pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, através de suas unidades de saúde. Considerando
que cloroquina e tratamento precoce têm sido demonizados nesta CPI, resolvi fazer um pequeno levantamento envolvendo
justamente as unidades da Federação, que são responsáveis por atender os pacientes. Fiz isso principalmente depois que
o vídeo que divulguei aqui, na semana passada, gerou muita reação, um negacionismo total, como se a prática de alguns
Governadores fosse somente, observem, de março ou abril de 2020. Vou mostrar agora que isso não é verdade. Quero
ouvir a opinião da senhora sobre estes dois temas, cloroquina e tratamento precoce, diante de alguns dados que quero
apresentar sobre alguns Estados que seguem esse protocolo – vou repetir a expressão: que seguem esse protocolo.

Vou começar pelo Estado de Alagoas. Em matéria divulgada pelo portal de notícias G1 no dia 20, quinta-feira passada, o
Governo de Alagoas, através de sua Secretaria de Saúde, confirmou que está vigente o protocolo que indica a cloroquina
no tratamento de pacientes da Covid-19. Fui dar uma olhada nesse protocolo, que, aliás, está disponível, Senador Renan,
no site do Governo de Alagoas. Logo na página 2 – eu pediria à assessoria da Mesa que publicasse no telão pra que todos
tivessem a oportunidade de ver – logo na página 2, tem ali justamente... Vamos lá.
É esse aqui. É esse aqui. Vou pedir só que apresse pra eu não perder o meu tempo aqui.
Logo na página 2, apresenta todo o desenvolvimento da doença e diz: potenciais terapias: remdesivir, cloroquina,
hidroxicloroquina, transfusão de plasma convalescente, corticoides, imunoglobulina humana e inibidores...
Sr. Presidente, eu vou pedir que acrescente o tempo, porque está difícil pra conseguir botar na tela ali, porque eu queria
compartilhar com todos.
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. PSD - BA) – Mas não sou eu que boto, não.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Ninguém está obstruindo
ele.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Quando o Relator colocou o dele, foi bem
rapidinho, Presidente.

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Assinado eletronicamente por: OCTAVIO AUGUSTO DA SILVA ORZARI - 26/08/2021 23:04:56
Num. 101508814 - Pág. 56
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Vamos lá. Eu vou ler o texto: pela leitura do quadro, é de fácil entendimento que esse tratamento se aplica em qualquer
fase da doença, para pacientes leves, moderados ou graves, ou seja, o protocolo vigente em Alagoas estabelece tratamento
precoce e prevê também o uso de cloroquina e hidroxicloroquina.
O protocolo tem os medicamentos específicos para os primeiros cinco dias – está lá o documento –, para os primeiros
cinco dias da doença e para as demais fases. Os exames de diagnóstico são feitos já entre o segundo e o sétimo dia de
sintomas, ou seja, já na primeira, na fase um da doença, de infecção precoce, fase da resposta viral. Até porque, como
já sabemos, a falta de ar somente surge no final da segunda fase, a fase pulmonar, e em muitos casos isso já representa
o estágio crítico da doença.
Faz bem o Estado de Alagoas em garantir o tratamento precoce.
Outro: o Estado da Bahia, caro Senador Otto, o Estado da Bahia também adota – o Senador Otto saiu – também adota o
tratamento precoce. O protocolo disponível no site oficial do Governo da Bahia é claro: "Assim que os primeiros sintomas
surgirem é fundamental procurar ajuda médica imediata para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento". Não sei por
que aqui tem sido tão condenado o tratamento precoce. Ora!
São Paulo também adota o tratamento precoce. A orientação oficial é: "Assim que os primeiros sintomas surgirem, é
fundamental procurar ajuda médica imediata para que profissionais indiquem o que é apropriado para cada caso". O que
uma pessoa com sintomas deve fazer? Procurar o serviço de saúde mais próximo de sua residência, como um pronto
atendimento.

E aqui... E daqui a pouco, espero detalhar uma informação que tenho aqui, que dá conta de que pelo menos até o dia
25 de agosto – 25 de agosto de 2020! – o Governo de São Paulo distribuiu cloroquina para as suas regionais de saúde
de todo o Estado de São Paulo. Não sabemos até quando esses medicamentos, obviamente, foram usados no tratamento
dos pacientes.
No caso da Bahia, eles fizeram uma nota bem recente – daqui a pouco eu vou falar dela – sobre esse protocolo. Está
no meu radar.
Amapá. Diz o protocolo oficial: "Atendimento precoce da síndrome gripal na atenção básica. Iniciar medidas terapêuticas
propostas pelo comitê médico: difosfato de cloroquina ou hidroxicloroquina ou ivermectina ou nitazoxanida, associados
a azitromicina e/ou amoxicilina mais clavulanato".
O protocolo, Sr. Presidente, foi elaborado pelo Comitê Médico de Enfrentamento à Covid-19 e tem como autores os
seguintes profissionais: Dr. Pedromar Valadares Melo, um grande profissional de saúde – eu estive com ele no Amapá
–, Dra. Ana Cristina de Lima Chucre e Dr. Marco Túlio Muniz Franco. Esses profissionais foram, inclusive, elogiados
por um Senador que tem assento nesta Comissão, que disse que proporia que fossem homenageados pelo Senado Federal,
justamente por causa do tratamento precoce que estaria ajudando a salvar vidas no Amapá. Vejam os senhores!
Diante desses dados, pergunto à Dra. Mayra: o Ministério da Saúde catalogou ou pelo menos acompanhou essas medidas
locais de Estados e Municípios visando estender o tratamento precoce por todo o País? Que medidas foram essas? A
senhora saberia dizer quais outros Estados adotam protocolos semelhantes?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Senador, o nosso trabalho se resumiu em disponibilizar uma orientação
segura para os profissionais da saúde, seguindo a orientação já dada pelo Conselho Federal de Medicina no seu documento
em que ele diz que a autonomia médica é dada durante a pandemia para que eles possam dispor de medicamentos já
conhecidos, ou seja, seguros para enfrentar a doença.
A Nota Orientativa nº 17 do Ministério da Saúde surge no contexto do trabalho publicado em Manaus, onde 22 pacientes
evoluíram para o óbito a partir de doses tóxicas de cloroquina. A nota orientativa do ministério orientou que os médicos
utilizassem uma dose quatro vezes menor do que a dose a que foram submetidos os pacientes de Manaus. Então, nós
exercemos o nosso papel de não prevaricar e, assim, decidimos fazer uma orientação segura, já que a medicação vinha
sendo usada no País, e nós temíamos que casos como o de Manaus acontecessem e as pessoas fossem a óbito não por
causa da medicação, mas pela exposição a doses tóxicas, que é o que aconteceu. E essa foi a grande imputação de um
crime a essas medicações.
A gente tem dois trabalhos... É preciso que a população brasileira – os médicos já sabem disso – tenha consciência disto:
nós tivemos um trabalho feito no Brasil, publicado numa revista internacional, que expôs pacientes brasileiros, num
Município passando por uma situação grave, a doses quatro vezes maiores que a dose preconizada. São doses tóxicas, e
essas pessoas foram a óbito. Inclusive, isso é objeto de investigação no Ministério Público e, agora, na Polícia Federal.
Depois nós tivemos um trabalho numa das maiores revistas do mundo que também foi uma fraude, e esses dois trabalhos
estigmatizaram essas medicações.

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Num. 101508814 - Pág. 57
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

A gente teve um grande prejuízo, a humanidade, de pessoas que poderiam não ter sido hospitalizadas e não terem
ido a óbito, se a gente não tivesse criminalizado duas medicações antigas, seguras e baratas que poderiam ter sido
disponibilizadas e prescritas pelo médico. Mas hoje a gente assiste é a uma verdadeira perseguição, inclusive aos
profissionais médicos, que são autônomos para prescrever e vêm sendo vigiados no exercício da sua atividade.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Inclusive – apenas para informar à CPI –,
lá no Estado da Bahia, neste momento, há uma comissão, uma auditoria fazendo patrulhamento na Secretaria de Saúde
de Porto Seguro, onde atua a Dra. Raíssa. Eu já recebi as informações e estou solicitando informações oficiais sobre o
que está acontecendo no Estado da Bahia.
No caso dos Estados e Municípios que não seguiram esse protocolo de tratamento precoce, que tipo de consequências
isso pode ter causado?
E, antes de sua resposta, gostaria de dizer que tenho recebido informações da ocorrência de muitas mortes em função da
procura de hospitais por pacientes já em estado grave. Muitos Governadores e Prefeitos e suas respectivas secretarias de
saúde adotaram a política do "fique em casa e só vá ao hospital quando tiver falta de ar", diferentemente dos Estados que
já citei aqui, dentre outros que poderia citar.
Os relatos dão conta de que muitas pessoas seguiram essa orientação. Em outros casos...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador...
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – ... mesmo tentando...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – Senador Marcos Rogério, para colaborar com a sua
preocupação, que é nossa.
O Ministro Mandetta mandava ficar em casa, e a senhora já trabalhava com ele. Qual foi o seu pensamento naquele
momento, quando ele mandava ficar em casa?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Eu acho que nós tivemos um momento em que nós conhecíamos muito
pouco a doença...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Correto.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... e a orientação naquela época hoje é errada.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pois é, era março, abril, maio.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso. E é isso que...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não é só para que a gente...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O senhor chegou a um entendimento agora muito importante: é que a ciência...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ela evolui.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... ela evolui.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É, isso.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A gente dá orientações... E por isso é que eu mencionei as orientações erradas da OMS.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É só para contribuir, Senador, porque lá também nós achávamos que
esse negócio de esperar você ficar mal... Aí deu... Quando começou a chegar muita gente, houve colapso do sistema,
porque, se tivesse tratado antes, ou cuidado antes, nós não teríamos tido esse problema no sistema.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, eu gostaria que essa fosse a
situação só daquele momento a que V. Exa. faz menção, mas, infelizmente, V. Exa. fala de um momento que se repete a
todo momento, inclusive agora e nesta CPI, quando os arautos, pais da ciência, dizem aqui que não pode ter tratamento
precoce, que não pode oferecer medicamento que não tenha na bula prescrição para a Covid. Isso é negacionismo! Isso é
negar atendimento! Isso é negar socorro médico! Isso é a política do "fique em casa"!
Com todo respeito, não foi o ex-Ministro Mandetta que introduziu o "fique em casa". E gostaria que fosse só naquele
momento, porque havia muito pouca informação, mas o que me preocupa é o que acontece hoje, com o volume de
informação que nós temos, e essa política reverberada, essa narrativa criminosa, homicida, de "não tome remédio que não

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Num. 101508814 - Pág. 58
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

tenha prescrição na bula para Covid-19". Vai tomar o quê? Vai tomar o quê? Juízo. Realmente, estou ouvindo aqui de
alguns Senadores, juízo, que criticam o atendimento, que criticam o socorro médico.

O que tenho ouvido é que muitos pacientes, já pelo quinto, sexto ou sétimo dia, começaram a apresentar problemas
respiratórios e chegaram aos hospitais já precisando de respiradores mecânicos, que não eram suficientes para todos pela
alta demanda. Muitos pacientes já chegaram com pulmões altamente comprometidos, em muitos casos o quadro já exigia
a internação em UTI e a insuficiência de leito se tornou maior ainda.
São inúmeros os relatos de pessoas, de muitas pessoas que morreram pelo agravamento dos problemas respiratórios na
fila à espera de UTI.
Em cidades do interior de todo o País, onde não há uma UTI sequer, houve demora para se conseguir o próprio translado
e muitos morreram nessa espera. Outros morreram nas estradas, não conseguiram sequer chegar aonde havia uma UTI.
Outros tantos foram intubados já pelo quadro avançado da doença e morreram porque todos sabemos que não é baixo o
índice dos intubados que foram levados a óbito.
Pergunto: o Ministério da Saúde tem um levantamento que permite analisar o impacto desses casos no número de mortes?
Se não tem, há mecanismos oficiais que permitiriam se chegar a isso, Dra. Mayra?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, nós não temos um segmento dos pacientes que são submetidos a esse tratamento
na fase inicial da doença.
Isso ficou muito, até por conta dessa perseguição a que os médicos vêm sendo submetidos no Brasil, por conta de grupos
de médicos... E muitas vezes as próprias Prefeituras e os Estados que fazem esses protocolos locais, eles escondem por
conta do policiamento ideológico que se criou no País em torno dessas medicações.
Então, como nós temos muita responsabilidade, nós começamos a buscar, estudar cidades com menor letalidade e
correlacionar com fatores que pudessem resultar nessa menor letalidade, mas não conseguimos confirmar as informações
para correlacionar as variáveis e, por isso, eu fico aqui sem lhe dar essa resposta por conta da imprecisão dos meus dados.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Agradeço a V. Exa., mas nós precisamos
enfrentar esse aspecto.
O que mata mais é o atendimento precoce? É o tratamento precoce com os medicamentos disponíveis receitados pelos
médicos ou é a negação do atendimento? Do procure só quando já não tiver mais jeito?
A falta de um tratamento precoce não leva o paciente à morte apenas em decorrência de problemas respiratórios. Já existem
estudos bem fundamentados, cito como exemplo o trabalho de um grupo de pesquisadores da PUC do Paraná que dão
conta de outras complicações que podem ocorrer com o avanço da doença. As principais são complicações vasculares,
a doença deixa de ser viral e passa a ser trombogênica, sem falar também nos casos de inflamação renal e insuficiência
renal ou inflamação no coração ou no fígado, também há risco de trombose ou eventos como acidente vascular cerebral.
São diversos os relatos específicos acerca de pacientes que passaram por esse tipo de experiência e foram a óbito.
Os estudos realizados pelos pesquisadores da PUC foram feitos a partir de amostras pós-morte e indicam que o uso de
anticoagulantes precocemente pode ajudar no tratamento da Covid-19 a fim de evitar os trombos.
Pergunto: o Ministério da Saúde tem conhecimento desses estudos?

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Conclua, Senador Marcos Rogério. Eu já dei para V. Exa. quatro
minutos a mais.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, eu peço a V. Exa. que tenha
um pouquinho de tolerância...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Mas eu estou tendo.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Sr. Presidente, não. Sr.
Presidente, V. Exa. tem que ter o mesmo rigor aqui.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, se V. Exa. puder...
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – V. Exa. não dá nenhum
tempo a mais para nenhum Senador, então V. Exa. mantém a isonomia com todos os Senadores.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, eu vou solicitar à Mesa ou
à minha assessoria que protocole na Mesa depois como foi a generosidade do tempo para os membros da oposição na
semana passada e o tempo que V. Exa. está dedicando a mim, inclusive com interrupções.
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O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, mas com a interrupção eu lhe dei mais um minuto; com a
interrupção, eu lhe dei mais três minutos.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sim, mas, se V. Exa. pegar as falas da
semana passada da oposição, tem mais de dez minutos de tolerância para alguns. Se V. Exa. quiser eu junto à Mesa depois.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Então conclui.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Agradeço a V. Exa.
Só vou fazer mais duas perguntas, Sr. Presidente, duas considerações e perguntas.
O Ministério da Saúde tem conhecimento desses estudos que se têm da PUC Paraná?
Existe alguma política de alerta aos Estados e Municípios que ainda negligenciam quanto ao tratamento precoce para esses
riscos de elevação no número de mortes em função de tratamentos tardios?
Outra pergunta que diz respeito a um problema estrutural ligado aos profissionais disponíveis para atendimento dos
pacientes, especialmente nas UTIs. Com a remessa de recursos para os Estados e Municípios e abertura de mais e mais
leitos de UTI, cresceu assustadoramente a demanda por médicos intensivistas, profissionais habilitados devidamente
treinados para atuar em UTIs. As informações que temos recebido – e isso, na verdade, é também produto de matemática
e lógica – é que muitas secretarias de Saúde de Estados e Municípios passaram a lotar em UTIs médicos de diversas outras
especialidades, sem qualquer experiência em unidade de terapia intensiva, alguns recém-formados e sem experiência
mesmo em suas áreas de formação. Segundo a Associação de Medicina Intensiva do Brasil (Amib), o Brasil tem 7,2
mil médicos intensivistas e, com o quadro atual, precisaria ter pelo menos 40 mil. Temos dois dados extremamente
preocupantes dando conta de que a letalidade em UTIs subiu muito, em certos casos de 24% para 80% em grupos de
pacientes com quadros de saúde semelhantes. Tornou-se público e notório que, de cada dez brasileiros intubados durante
esta pandemia, oito morreram.
Sabemos que estamos em um quadro de guerra, quando não se podem exigir as mesmas condições de um tempo de
normalidade, mas, já que alguns não pensam assim, ignoram esses e tantos outros fatores e querem atribuir os mortos pela
pandemia ao Presidente da República, eu lhe pergunto: o Ministério da Saúde já considerou o impacto dessa flagrante
deficiência do serviço prestado em Estados e Municípios no que diz respeito ao resultado morte? A senhora considera,
mesmo diante do quadro de anormalidade, que Estados e Municípios teriam como se organizar e dar um mínimo de
treinamento para esses profissionais? São essas duas perguntas que faço a V. Sa.
Sr. Presidente, posteriormente, vou pedir à assessoria que encaminhe à Mesa os protocolos do Estado de Alagoas, embora
esteja no site disponível para todo o Brasil, os de São Paulo e também da Bahia, que agora há pouco... Amapá também,
mas a Bahia, que fez a retirada do sistema dela agora no mês de março.
Dra. Mayra.

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Responda, doutora.


A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não, vou tentar me lembrar das perguntas.
A primeira, o senhor perguntou do conhecimento.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO. Fora do microfone.) – PUC Paraná.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Fora do microfone.) – São só duas.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, do Ministério da Saúde, se nós tínhamos conhecimento dos trabalhos.
Nós temos uma secretaria que faz o monitoramento, Senador, de todas as evidências que são publicadas. Daí por que
hoje a gente trouxe aqui, para deixar à disposição dos senhores, todas as evidências publicadas e evidências publicadas de
trabalhos randomizados constantes de metanálise. A gente está falando de uma metanálise, que é um grupo de evidências
de trabalhos com um bom nível de evidências que são agrupados para que a gente possa produzir um resultado melhor.
Em relação aos profissionais de terapia intensiva, sabemos da necessidade de a gente formar mais profissionais. O
ministério, depois da chegada do Ministro Queiroga, deve lançar um edital extraordinário para novas vagas de residência
em terapia intensiva. Essa é uma questão que nós discutimos com a Comissão Nacional de Residência Médica, MEC e
Ministério da Saúde. Mudamos inclusive os critérios, as diretrizes para que a gente pudesse mudar a forma de ingresso
nessas residências: ao invés de um determinado número de anos, nós reduzimos e fizemos acesso direto. Então, nós
estamos tomando todas as providências para que a gente possa formar mais profissionais na área de terapia intensiva.

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Eu só queria aproveitar a sua fala para dar um dado que é extremamente interessante. Eu assisti ao Senador Otto comentar,
mas ele não está mais aqui.
Quando é mencionado que a gente não precisaria dispor desse recurso do tratamento na fase inicial da doença porque 80%
das pessoas vão evoluir para as formas leves, assintomáticas e não vão agravar e só 20% das pessoas vão necessitar do
sistema hospitalar, não é possível que a gente consiga prever quem vão ser esses 80% e quem vão ser esses 20%, nós
estamos diante de uma doença gravíssima. Então, se eu considerar que 20% da população brasileira, cerca de 216 milhões
de pessoas, 40 milhões vão evoluir para as formas graves e, desses, 5% vão precisar de leitos de UTI, eu teria que ter
2 milhões de leitos de UTI hoje disponíveis no Brasil. Então, aí o senhor entende que nós estamos até subestimando a
necessidade de profissionais. O Ministério da Saúde, emergencialmente, disponibilizou o custeio de cerca de 19 mil leitos
de UTI. Mas, diante de uma doença incerta, em que não sei quem vão ser esses 5% que estão na UTI, que o senhor acabou
de mencionar – e, desses, 85% vão a óbito –, eu tenho de dispor de todos recursos possíveis: vacinas, equipamentos de
proteção individual, tratamento farmacológico no início da doença para evitar o agravamento e tratamento farmacológico
para os doentes graves que já internaram nas enfermarias e nas UTIs.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Muito obrigado.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Pela ordem, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu vou suspender por meia hora.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – Não, só uma informação,
V. Exa. me responde.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pois não.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA. Pela ordem.) – Presidente,
porque nós temos 15 minutos de fala. O nosso entendimento é que a gente faça as perguntas e haja resposta dentro dos
15 minutos. É isso, Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Sim.
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - MA) – É só para a gente ajustar.
Eu nem estou contra o Senador Marcos ter 30 minutos: 15 de pergunta e 15 de resposta. Eu só acho é que a gente também
tem que ter os 30 minutos, entendeu? Tem que ser isonômico. Então, eu pediria a V. Exa. que ou aumente para a gente
mais 15 minutos, ou a gente ajuste.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu concordo realmente. Eu concordo quando as perguntas são objetivas
e respostas objetivas e não fazer aqui ilações a coisas de que nem tecnicamente a gente tem conhecimento, mas está
lendo alguma coisa e está botando aqui como se fosse verdade. Isso está acontecendo muito, tanto da parte de situação ou
oposição, que muitas vezes querem colocar sua opinião naquilo que leram, e aquilo vira verdade.

Então, eu serei mais rigoroso um pouquinho, mas eu queria que a secretaria me dispusesse depois quanto tempo o Senador
Marcos Rogério ocupou de espaço. Não que a gente não goste de ouvi-lo – longe de mim, Senador –, mas é importante até
porque V. Exa., todas as vezes em que vai falar, diz que o seu tempo é menor. O senhor teve um tempo bom. Inclusive,
a Dra. Mayra teve tempo suficiente para respondê-lo.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – No final, agradeço a V. Exa., porque V. Exa.
alongou o meu tempo, mas pode comparar, Sr. Presidente. Na semana passada...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu acho que nós temos que fazer uma coisa. Sabe o que é? Para quem
está esperando na lista, fica chateado, porque a pessoa vem aqui, se inscreve – oitava ou décima para falar – e quer fazer
pergunta.
Depois, será o Senador Eduardo Girão; em seguida, será o Senador Randolfe; depois, Senador Jorginho Mello; e, por
último, Senador Eduardo Braga, dos titulares. Depois, a gente começa...
Então, está suspensa por 30 minutos, até porque a Dra. Mayra precisa comer alguma coisa. Doutora, fique à vontade.
(Suspensa às 13 horas e 33 minutos, a reunião é reaberta às 14 horas e 15 minutos.)

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – O Senador Eduardo Girão com a palavra.

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O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE. Pela ordem.) – Sr. Presidente,
enquanto nós tivemos esse intervalo, o Senador Jorginho Mello me pediu, porque ele vai ter outro compromisso, para
trocar. Se o senhor permitir, está aceito.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Jorginho Mello com a palavra.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC. Para interpelar.) – Nós fizemos uma grande
negociação aí, Presidente, e eu espero que o senhor não atrapalhe e não estrague a nossa negociação.

Sr. Presidente Omar Aziz, Sr. Relator Renan Calheiros, Sras. e Srs. Senadores...
Sra. Mayra, quero cumprimentá-la pelo seu depoimento, o equilíbrio que a senhora teve aqui, a serenidade, bem embasada
em tudo aquilo nas suas experiências como profissional respeitada. Depois, antes de eu terminar as minhas indagações, eu
vou pedir à senhora que, se achar necessário responder a alguma coisa que não foi possível, pelo apertado das perguntas,
"sim" ou "não" muitas vezes, se a senhora puder... Porque há muitas pessoas que não têm condições de ficar assistindo à
CPI, e, depois, a TV Senado pode informar, passando, reprisando informações que vão ajudar muito as famílias brasileiras
a conviver, a se defender com essa pandemia.
Bom, eu quero pedir para a senhora o seguinte: tomara que o dia de hoje seja o dia que a gente vença a cloroquina.
Tomara. Que a gente vença a cloroquina, para nós pararmos de falar nisso e ir para outros assuntos, ir para os Governos
dos Estados, porque a população quer e precisa ver como é que foi gasto o dinheiro, as maracutaias que foram feitas em
alguns Estados, em alguns Municípios.
Eu pergunto à senhora: em quais estudos a senhora se baseou para ter convicção da eficácia desse tratamento off-label?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Boa tarde, Senador.
Em todos esses estudos que nós trouxemos aqui.
Desde o início da doença que nós temos... Primeiramente, nós tivemos evidência in vitro; e, ai, eu gostaria de esclarecer
para o senhor e para a população brasileira essa grande confusão que é a gente falar em evidência, eficácia, off-label. As
pessoas não sabem o que é isso.
Evidência é toda demonstração da ação de uma molécula. No caso dos medicamentos, de uma droga. Então, eu posso
ter evidências a partir da opinião de especialistas ou eu posso ter outros tipos de evidência. Eficácia é quando eu tenho a
avaliação clínica, através de trabalhos, da ação daquele medicamento ou daquela droga. No início da doença, nós tínhamos
um nível de evidência, que eram as observações, as opiniões dos especialistas que usavam medicamentos considerados
antivirais, com ações antivirais, e eles observavam melhora dos pacientes, a não evolução para os quadros graves, e esse
é um nível de evidência, a observação dos especialistas. A eficácia são os estudos que vão sendo feitos ao longo da
experimentação do uso das medicações.
Hoje nós já temos bastante evidência mostrando a eficácia da hidroxicloroquina, da ivermectina, da cloroquina, da
colchicina... São 17 medicamentos. O grande problema de a gente estar se referindo à hidroxicloroquina e à cloroquina
é que elas foram muito estigmatizadas – e eu já disse isso aqui algumas vezes –, por conta dos trabalhos que, em vez de
mostrar resultados positivos, usaram critérios metodológicos inadequados para mostrar resultados que foram negativos:
mortes e desfechos desfavoráveis. Então, esses medicamentos já têm sim, Senador, um bom nível de evidência para que
nós possamos utilizá-los.
E há um outro conceito que a população precisa entender, porque é nosso dever médico esclarecer, que é a questão de
segurança. Segurança é oferecer um medicamento que ele não cause mais malefícios ou mais danos do que benefícios.
E, no caso dessas medicações que nós chamamos "reposicionadas", ou seja, elas foram liberadas em bula para uso em
uma condição.

É o caso, por exemplo, da ivermectina. Como pediatra, eu prescrevo, há trinta anos, para tratar pediculose, piolho,
escabiose, doenças comuns na infância e até nos adultos.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Então, é esta a questão: esses medicamentos podem ser reposicionados e, no contexto
da pandemia, nós não podemos esperar o mais alto nível da evidência, porque ela não vem num curto espaço de tempo,
nós temos que enfrentar a doença com o que nós temos hoje.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Continuando, a senhora tem confiança nesse
tratamento ao ponto de se tratar ou tratar pessoa da sua família com esse medicamento? A senhora fez isso?

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A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, Senador. Eu tive o meu pai, que ficou muito grave – ele ainda permanece internado
na UTI; meu pai tinha uma doença de base, um câncer de próstata –, e minha mãe, também com várias comorbidades. Eu
tive a doença, vários membros da minha família tiveram. E aqueles que se submeteram ao tratamento precoce, graças a
Deus, todos evoluíram. Meu pai, a despeito do internamento na UTI, permanece vivo e, nos próximos dias, deverá voltar
para casa.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem. A distribuição desse medicamento
para os Estados e Municípios é feita automaticamente pelo SUS ou o Estado requisita, o Município requisita?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Os medicamentos, como a cloroquina, Senador...
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Isso.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... que são usados pelo ministério, distribuídos pelo Ministério da Saúde há anos para
tratamento da malária já são produzidos e distribuídos com essa finalidade. Fora do uso habitual, que é o tratamento da
malária, o Ministério da Saúde só disponibiliza quando há requisição formal dos Estados e Municípios.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem. Então, é o Estado que requisita?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem. Com base nos conhecimentos
existentes relativos ao tratamento de pacientes portadores de Covid-19 com a cloroquina e com hidroxicloroquina, o
Conselho Federal de Medicina propôs a toda a classe médica, em 16 de abril de 2020, a seguinte orientação constante no
Parecer nº 4, de 2020, que integra o Processo de Consulta nº 8... A senhora conhece esse parecer?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, esse parecer consulta foi utilizado por nós como referência para a confecção da
Nota nº 9 e, posteriormente, para atualização, o que se tornou a Nota nº 17.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem. Considerando o uso compassivo
em pacientes críticos, recebendo os cuidados intensivos, incluindo a ventilação mecânica, uma vez que é difícil imaginar
que pacientes com lesão pulmonar grave, estabelecida e, na maioria das vezes, com respostas inflamatórias sistêmicas e
outras insuficiências orgânicas, a hidroxicloroquina ou a cloroquina podem ter efeito clinicamente importante aí?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nas fases tardias da doença, já existem evidências desaconselhando o uso dessas
medicações. Existem alguns trabalhos mostrando um mínimo benefício, mas, em geral, essas drogas têm um efeito
benéfico na fase viral, na fase de replicação viral, onde tudo que a gente quer é que não haja evolução para as fases mais
graves, com comprometimento pulmonar ou multissistêmico.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – O Ministério da Saúde se baseou nesse parecer
do Conselho Federal de Medicina para a expedição da Nota Informativa nº 9, atualmente Nota Informativa nº 17, de 30
de julho de 2020.

A senhora foi uma das subscritoras dessa nota, dessa nota informativa, lá na Secretaria Executiva do Ministério, assinada
por todos os secretários. Com qual intenção o ministério produziu esse ato?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Essa nota foi produzida dentro de um contexto muito específico. Nós já sabíamos que
milhares de médicos brasileiros e pacientes brasileiros acometidos com a Covid estavam fazendo o uso off label dessas
medicações, isso já era feito também em outras partes do mundo. Nesse contexto – eu, inclusive, já mencionei isso aqui –,
nós tivemos a publicação de um trabalho que foi originado de Manaus, onde 22 pacientes foram a óbito, por doses tóxicas
da cloroquina. A dose quatro ponto..., quatro vezes maior do que a dose preconizada hoje pelo ministério, orientada pelo
ministério.
Então, o que nós fizemos? Para não haver prevaricação, nossa função de orientação, ela foi exercida através da elaboração
de um documento juridicamente perfeito que se baseava também no parecer-consulta do Conselho Federal de Medicina.
E nós orientamos doses seguras desse medicamento, disponibilizamos as orientações quanto aos riscos, efeitos colaterais,
necessidades de exames complementares em pacientes que quisessem receber, a partir da prescrição dos seus médicos,
esses medicamentos, e colocamos nessa nota, Senador, todas as referências que a embasaram, inclusive todos os outros
profissionais, consultores, especialistas nas suas áreas de atuação que também ajudaram na elaboração desse documento.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem.

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Por que a senhora é a favor do tratamento precoce? É a favor mesmo diante do ambiente de incertezas científicas quanto à
comprovação da eficácia das medicações previstas na nota normativa? Eu queria que a senhora explicasse, um pouquinho
mais devagar, isso para as pessoas que estão nos vendo?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não. Como a gente já mencionou antes, nós temos a evidência e a eficácia
de um produto, no caso de uma molécula, de uma medicação; ela é dada a partir da sua comprovação com ensaios
clínicos, com experiências clínicas. Hoje, nós já temos uma grande quantidade de evidências clínicas, mostrando que
essas medicações, inclusive, isso já é quantificado em metanálises... No caso da hidroxicloroquina, existem trabalhos que
provam; metanálises constituídas a partir de estudos randomizados, que são estudos considerados os mais adequados,
mostrando que ela pode reduzir em até 24% as hospitalizações, por exemplo. No caso da ivermectina, que é outra dessas
medicações, esses estudos das metanálises mostram que pode haver redução de hospitalizações e óbitos em até 65%, 60%.
Então, esse critério é importante, é o que norteia os médicos. A gente não está dizendo que essas medicações curam a
Covid – é preciso ficar claro –, mas elas trazem a possibilidade de que a gente tenha para aqueles pacientes que quiserem
fazer uso e para os médicos que têm o direito de exercer a sua autonomia, a possibilidade de a gente reduzir internamentos
e óbitos, que é o que todos nós queremos.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem.
Em depoimento a essa CPI, o Ministro Queiroga revelou a intenção da constituição de um protocolo clínico, visando ao
tratamento de pacientes com Covid-19, mediante a assessoria da Conitec. A senhora sabe dizer se o Ministro já iniciou
a produção desse documento e quando estará disponível?

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, já foi feito esse protocolo, ele já está para consulta da Conitec. Inclusive, ele já
pode, a sociedade pode se manifestar na consulta pública, lembrando que esse protocolo inicial é para uso hospitalar. Nós
ainda não iniciamos a construção de um protocolo para uso ambulatorial, para o que nós chamamos de tratamento na fase
inicial da doença. A construção desses protocolos vai nos dar segurança, vai acabar com essa guerra que nós estamos
vivendo de quem é a favor, quem é contra. Então, uma vez que a Conitec se manifeste, a gente vai ter, inclusive, parecer
público. As pessoas vão poder participar. Nós vamos poder usar oficialmente essas medicações, ou não usá-las, de acordo
com o parecer, nos protocolos clínicos de diretrizes terapêuticas do SUS.
Mas é preciso que a população entenda: off-label é o uso dessas medicações para o que não está em bula. Bula quem
dá é a Anvisa, e a Anvisa só concede bula, Senador, para requisições através de estudos da indústria farmacêutica. E o
fato de uma medicação não estar em bula não significa dizer que ela não tem valor pra sociedade, que ela não pode ser
usada pelos médicos.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – E, só para o senhor ter ideia – eu queria que o senhor me desse mais uns minutinhos
pra eu esclarecer –, a gente tem 99 protocolos de diretrizes clínicas, terapêuticas no Ministério da Saúde – 99. Destes, 73
protocolos contêm medicamentos off-label.
Se a gente hoje resolvesse proibir o uso de medicamentos off-label no Brasil, nós pararíamos o SUS. As práticas
integrativas hoje mantidas na Secretaria de Atenção Primária, que incluem 29 práticas, são todas off-label. E nós
destinamos recursos a elas. Se nós retirarmos as práticas integrativas e os 73 protocolos do ministério – a gente está
falando em protocolo; não nota orientativa, que é o que nós estamos fazendo com a Covid –, se retirarmos, a partir de hoje,
por exemplo, esses protocolos, a gente vai deixar de ter 73 documentos que são oferecidos ao SUS para que os médicos
possam tratar seus pacientes, diagnosticar doenças e acompanhar doenças.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Vamos passar aí um pouquinho agora à
cloroquina.
A senhora não tomou vacina, não é?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, porque eu adoeci.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – A senhora...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Não, só pra... Só um pouquinho de paciência.
A senhora é contra a vacina? O por que a senhora não tomou? A senhora... Não chegou na sua...

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A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor. No dia em que eu iria tomar a vacina, eu amanheci com os sintomas de
Covid e confirmei o diagnóstico. E agora eu estou esperando os 30 dias entre a doença e a primeira dose.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem.
Essa histeria em torno da cloroquina. O que levou a senhora a defender, indicar e distribuir esse medicamento? Quais os
estudos? A senhora tem aí os estudos, pra nos mostrar, em que a senhora se baseou? Pra não ficar muito, muito só no que
disse, o que não disse... A senhora podia depois deixar para a própria CPI algum estudo...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, Senador. Nós trouxemos aqui, inclusive impressos – e já foi solicitado que a gente
mandasse escaneado –, todos os estudos, as metanálise que nós utilizamos pra vir pra cá com a segurança de que nós não
estamos faltando com a verdade.
Mas essa questão de prescrever ou não precisa ser entendida, aqui, nesse espaço, como autonomia médica. Não são
membros do Legislativo, não são os membros do Judiciário, não é a imprensa que define que orientação os médicos devem
fornecer pra salvar seus pacientes. Isso precisa ficar claro pra todos nós.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Jorginho, já ultrapassamos bastante seu tempo. Eu estou sendo...
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Não, não passaram 15 minutos, Presidente,
por favor.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Já passou. Já passou, Senador. Já tocou a campainha.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Presidente, mas eu tenho economizado tempo,
então me dê mais um pouquinho, por favor.

O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – O.k. É verdade: ele não está mentindo, não. É verdade. Ele é uma
pessoa que menos usa o tempo.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Isso, aí, ó! Viu, ó! Já estamos convergindo.
Presidente, eu queria perguntar para a senhora: a senhora conhece o caso da Prevent Senior. É um plano de saúde que
prescreve cloroquina. Eles, numa nota apresentada, um protocolo que eles têm, têm monitorado o resultado de evidências
clínicas de mais de 130 mil beneficiários, testados pela Covid-19, em 12 meses. O resultado: fazem evidências robustas
que, em conjunto, o tratamento de diversas medicações evita o agravamento. A senhora conhece essa Prevent Senior?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, senhor. Inclusive, nós recebemos contribuições para conhecimento de vários grupos
de empresas privadas de saúde no País que vêm adotando protocolos e fazendo seguimento ambulatorial de seus pacientes
com ótimo desfecho.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – A senhora tem o percentual de óbitos da Prevent Senior?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor. Não lembro.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ah, a senhora não tem. Como é que a senhora afirma que tem um
excelente êxito?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu disse que eu tinha conhecimento que foi mencionado...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Mas conhecimento, veja bem, sabe o que é? Desculpe eu interromper,
Jorginho. Sabe por quê, meu querido Senador Jorginho? Porque nós estamos aqui com uma audiência, e pessoas, às vezes,
leigas estão ouvindo falar sobre medicação, e eu recomendo que ninguém tome medicação do que estão falando aqui. O
médico é que tem que prescrever um remédio, qualquer coisa.
A doutora está aqui...
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – O tempo...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – Eu vou lhe devolver o tempo.
Então, essa questão aí que falaram: eu não sei que empresa é essa – não conheço o que o Senador Jorginho perguntou – que
prescreveu para alguns milhares... V. Sa. respondeu dizendo o seguinte: "Não, eu tenho conhecimento de excelente êxito".
Eu lhe pergunto qual o número de óbito, e a senhora não sabe. Então, a senhora não pode responder isso dessa forma.
Era bom pedir a informação para a... Mesa, peça a informação para essa empresa.
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Porque eu já pedi informação da quantidade de cloroquina que foi produzida em 2019 e 2020, 2018 e 2017 – e de
ivermectina –, principalmente para laboratórios que produzem genérico. E aí a gente vai fazer as nossas conclusões
matematicamente, para saber aonde foi isso. Para onde foi isso?
Então, as respostas, quem está nos vendo agora, neste momento... Aqui há divergências profundas em relação a medicação.
Nem tudo que eu falo ou que a doutora está falando... Nós temos ainda muita coisa para andar, para saber se é verdade
ou não. Então, eu recomendo que a gente não afirme questão de tratamento aqui enquanto... A Conitec, por exemplo...
A senhora está há quanto tempo na Conitec?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Desde que eu cheguei ao Ministério.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Então, há mais de um ano. A senhora está há um ano e cinco meses.
Até hoje... Essa pandemia começou em março, quando começou a gente a falar em cloroquina, em tratamento. Até hoje
a Conitec não tem uma posição. Já teve tempo suficiente.
Só para a senhora ter uma ideia, a Anvisa leva, às vezes, 30 dias para liberar uma vacina. E a Conitec não consegue se
posicionar sobre algumas medicações...
Eu não tenho nada contra nenhuma medicação. Estou sendo sincero com a senhora, com os Senadores e com quem está
vendo, mas sem comprovação científica eu não... Existem estudos: a Lancet tem um estudo que o Senador Heinze mostrou;
tem um outro estudo posterior que é contra; há divergência até entre os cientistas, entre os especialistas, por isso que nós
temos que ter cuidado.

O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Fora do microfone.) – ... hoje
é uma coisa corrente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, eu vou colocar em divergência.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pois não, Senador Jorginho, o senhor pode concluir.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Vamos terminar a conversa aí, senão...
Eu tenho aqui, eu tenho aqui uma nota técnica da própria Prevent Senior, feita por médicos independentes: a taxa de
óbitos por Covid, de pacientes acima de 60 anos, é 50% menor que a média estadual em São Paulo; 20 coordenadores da
pesquisa de instituições brasileiras independentes fizeram a análise e confirmaram os dados, só pra responder a indagação
que V. Exa. fez.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Vamos chamar, vamos chamar essa...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE. Fora do microfone.) –
Sr. Presidente, Sr. Presidente, o tempo. Já concluiu?
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Não, não, mas o Presidente falou. Agora,
Senador Alessandro, por favor, segura aí.
Sobre lockdown. A senhora falou e eu anotei uma frase aqui: "Milhares de publicações mostram que o lockdown não é
efetivo, a não ser para a fome e para a miséria.". Eu falo isso porque nós aprovamos no Senado uma linha de crédito
para salvar as micro e pequenas empresas, e estou acompanhando de perto a quebradeira. E eu anotei essa sua frase aqui:
"Milhares de publicações mostram que o lockdown não é efetivo", e eu queria que a senhora falasse um pouquinho sobre
isso.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Essa posição, Senador, pode ser encontrada em várias publicações
científicas. E a OMS, que é a Organização Mundial de Saúde, que é usada...
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Fora do microfone.) – A própria
OMS esclareceu que isso foi...
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Senador Humberto, deixe ela responder.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Presidente; Presidente.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Deixe ela responder, Senador.

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O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Fora do microfone.) – Mas ela
está mentindo.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Eu não perguntei para o senhor, eu perguntei
para ela, por favor. Eu não meti o bedelho quando o senhor estava falando, por favor.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Então, já houve uma manifestação de que as políticas de lockdown podem
resultar em danos à sociedade, em fome, em miséria, em desemprego, e isso também é importante pra nós.
O SR. JORGINHO MELLO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Muito bem, Presidente, eu agradeço a sua
generosidade por passar um pouquinho.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – V. Exa., quando disse que era o que ocupava menos o tempo, falava
corretamente.
Senador Randolfe.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP. Para interpelar.) – Obrigado,
Presidente. Dra. Mayra Pinheiro, meus respeitos. Tenho que considerar o seu currículo e, inclusive, a sua atuação como
médica, deve merecer a consideração, o tratamento respeitoso de todos, das Sras. e Srs. Senadores aqui nesta Comissão
Parlamentar de Inquérito.
Como eu sou daqueles que gosto de ouvir a ciência e, como a minha especialidade não é Medicina, eu não vou fazer aqui
prescrição de medicamento e entrar nas polêmicas médicas. O papel de V. Sa. aqui nesta Comissão é responder sobre os
fatos que esta Comissão Parlamentar de Inquérito está investigando. Então, agradeceria a V. Sa., vamos procurar, tentar
ser, para ganhar os nossos tempos, não é... Vamos procurar, eu queria pedir a V. Sa. que procurássemos ser objetivos
nas respostas.
Dra. Mayra, objetivamente então dizendo: qual a opinião da senhora sobre as teses de isolamento vertical e de imunização
de rebanho?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Eu já mencionei anteriormente a questão da política de você induzir
imunidade através do efeito rebanho; ela é extremamente perigosa. Para grandes populações, você não sabe quantas
pessoas vão precisar ser submetidas a esse tipo de teoria, e ela pode induzir a milhares de óbitos. Então, eu não concordo
com isso de forma generalizada. Em pequenos grupos populacionais, isso pode ser usado.

O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Muitíssimo obrigado.
Tem alguns pacientes de que nós tínhamos conhecimento que, ao serem infectados, depois fizeram declarações do tipo:
"Eu tive o melhor tipo de vacina, o vírus". A senhora concorda com esse tipo de declaração?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu acho que nós podemos desenvolver a imunidade de duas formas, se isso está bem
claro pra sociedade. A doença em si confere imunidade, mas a vacina confere imunidade em escala, a gente não precisa
esperar que muitas pessoas adquiram a infecção pra elas terem imunidade. Se a gente...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Mas se todos...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... dispuser de uma vacina, claro que a gente vai ter imunização mais rápida de muitas
pessoas. Agora, no contexto atual, nós sabemos que a doença confere uma imunidade mais eficaz do que a vacina que nós
estamos utilizando porque nós estamos usando vacinas em Fase III, pela nossa urgência – a doença é uma urgência –, e
por isso nós temos uma menor efetividade, o que não significa dizer que nós não devemos tomar vacina.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Não, perfeito, mas esse tipo
de declaração, se alguém que foi infectado pela Covid-19 disser: "Eu tive a melhor vacina, o vírus". A senhora incentivaria
esse tipo de comportamento?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu, inclusive, gravei um vídeo, Senador, sobre isso, dizendo às pessoas que é necessário
que elas tomem a vacina, mesmo que elas tenham tido a doença.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Perfeito.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nós estamos diante de novas variantes, tudo é muito incerto. Então, mesmo que tenha
a doença, é aconselhável que as pessoas se vacinem.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Muitíssimo obrigado,
porque essa declaração foi de Jair Messias Bolsonaro, Presidente da República Federativa do Brasil, Chefe de Governo
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e Chefe de Estado, e que eu acredito que é uma declaração para os brasileiros que acaba indo no sentido contrário do
que a senhora, inclusive, aqui mesmo argumentou, que é a tese da imunidade coletiva, da imunidade de rebanho. Muito
obrigado por seu esclarecimento nesse sentido.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Eu lhe pergunto, Dra.
Mayra... Veja, a senhora falou, ainda há pouco, que a OMS cometeu erros, não é? Me parece que foi inclusive uma
resposta sua ao Relator Renan Calheiros, para dizer o seguinte: "A recomendação da OMS para que as pessoas não usassem
máscaras fez milhões de pessoas se infectarem". E de fato parece-me que a orientação da OMS só foi a partir de junho,
não é isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso, a situação de emergência foi em janeiro, e somente em junho foi dada a orientação
pra que todos usassem máscaras.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora considera, então,
que esse foi um dos erros cometidos pela Organização Mundial de Saúde?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim. Se hoje a nossa orientação... Nós sabemos que se trata de uma doença de transmissão
por aerossóis, todos nós devemos usar máscara.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – E o que dizer das
aglomerações sem máscaras que o Presidente da República faz, como a que aconteceu neste último final de semana, no
Rio de Janeiro?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, a minha presença aqui é técnica. Então, as minhas orientações, enquanto técnica
e médica, eu uso máscara e eu faço distanciamento social, mas eu não vou comentar as questões relativas ao Presidente,
aos ministros, aos secretários de Estado, porque não é a motivação pra eu estar aqui.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Mas – perfeitamente – eu
só quero depreender um raciocínio. Se a senhora considera que é um erro – e de fato é – a OMS só ter recomendado o uso
de máscaras até junho, aglomerações com milhares de pessoas, sem máscaras, e declarações contra o uso de máscaras,
a senhora não acha que influem nos brasileiros?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu não vou opinar no comportamento do Presidente da República; a minha orientação,
enquanto técnica e médica...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – E se uma outra autoridade
pública assim atuasse?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É opinião, Senador, eu vim pra cá pra relatar fatos e falar da minha conduta técnica.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Dra. Mayra, me permita,
respeitosamente, Dra. Mayra: opinião é a senhora torcer para o Ceará e eu torcer para o Flamengo. Usar máscara ou não,
me parece que não é opinião.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas é a minha, eu já disse para o senhor: como médica, eu oriento a todos os meus
pacientes, a família dos meus pacientes, os meus familiares, a usarem máscara e manter o distanciamento social. Sigo
esses preceitos.

O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Perfeitamente. Eu vou
depreender que, pelo seu raciocínio, então, o Presidente cometeu um crime contra a saúde pública, contra a ordem sanitária,
no domingo, inclusive pelo que a senhora claramente considera aqui – não é?
Doutora Mayra, o Regimento Interno do Ministério da Saúde estabelece como finalidade de sua secretaria – e eu
aqui destaco: é uma das secretarias mais importantes do Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação – é o seguinte: "planejar, coordenar e apoiar as atividades relacionadas ao trabalho e à educação na área de
saúde, à organização da gestão da educação e do trabalho em saúde, à formulação de critérios para as negociações e o
estabelecimento de parcerias entre os gestores do SUS e ao ordenamento de responsabilidades entre as três esferas de
governo".
A senhora considera que isso foi desenvolvido durante a pandemia da Covid-19?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.

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O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora poderia
descrever?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – No início do meu discurso, se o senhor acompanhou, eu citei aqui todas as ações
empreendidas pela Sgtes para o enfrentamento da pandemia. Três ações continuam existindo e foram essenciais e são
essenciais. "O Brasil Conta Comigo – Profissionais da Saúde", "O Brasil Conta Comigo" – estudantes e "O Brasil Conta
Comigo – Residentes". A principal atuação da Sgtes é qualificar a força de trabalho do SUS no Brasil. E nós oferecemos
treinamento e fizemos, talvez, o maior banco de dados de profissionais do mundo. Desses profissionais, 1.007.000, boa
parte deles foi treinada nos protocolos clínicos da Covid e colocada à disposição de todos os Estados e Municípios
brasileiros, porque nós sabíamos que os recursos humanos eram um elemento fundamental para o enfrentamento da
doença.
Então, esse papel de treinamento e formação, inclusive dos agentes de saúde, foi feito pela nossa secretaria.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Pesquisa da Fundação
Getúlio Vargas aponta que 72,6% dos profissionais de saúde do Brasil, até março de 2021, não receberam treinamentos
relacionados à Covid-19. A senhora acha que essa pesquisa da FGV está errada?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, é uma instituição de grande credibilidade, mas o que precisa ficar bem claro é
a diferença de o Ministério da Saúde disponibilizar a formação... E cabe aos profissionais, por livre-arbítrio, aderir ou
não, fazer ou não essa formação. Ela foi disponibilizada, ela foi divulgada, inclusive muitas delas feitas em parceria com
diversas entidades e instituições – Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade de Goiás...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – O que a senhora está
dizendo: o Ministério da Saúde, sua secretaria ofereceu, disponibilizou treinamento, e os profissionais, 73% dos
profissionais de saúde do País, disseram que não queriam participar?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu não vou saber se todos eles tiveram conhecimento. Nós fizemos uma rede de
divulgação muito grande, através do Conass e Conasems. Agora, nós precisamos, Senador, levar em conta um fator
importantíssimo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Perfeito.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Boa parte desses profissionais, heróis de enfrentamento, são os verdadeiros heróis de
enfrentamento à pandemia – não, nós, que estamos aqui –, sequer tinham tempo de voltar para suas casas. Na UTI em
que eu trabalho, houve dias em que nós dobrávamos os plantões – e isso é irregular –, porque simplesmente os colegas
adoeciam e não tinham quem substituísse; a gente tinha que dobrar os plantões. Então, foi o que aconteceu. Nós tivemos
um grande número de profissionais que estavam na linha de frente infectados. Essas pessoas não tinham tempo de fazer
outra atividade se não cuidar do povo brasileiro.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Doutora, qual a sua opinião
sobre a Fiocruz?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É uma instituição de excelência, que tem dado grande contribuição para a vacina agora,
no Brasil, no momento que nós vivemos.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora tem
conhecimento de sua declaração sobre a Fiocruz?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Posso colocar aqui?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pode.

(Procede-se à reprodução de áudio.)


O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora pensa a mesma
coisa ainda da Fiocruz?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Esse áudio foi uma resposta a um colega, não foi agora, enquanto estou secretária
de Governo, e houve um vazamento. Nessa época isso era a constatação, Senador, de fatos. Eu acho que o papel dessa
instituição de excelência...

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Em algum momento da
história da Fiocruz teve um aparelho reprodutor masculino na porta?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, ela falou "tênis" – "tênis"!
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Não, não, não...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ah, não?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Omar...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Existia um objeto inflável em comemoração a uma campanha na porta da entidade. Isso
é uma constatação, Senador.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora, então, reafirma
isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, isso é...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Não, perfeitamente.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... uma constatação de fato.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Eu acho essa uma
informação... E essa é a opinião de V. Exa. Eu respeito a Fiocruz, inclusive é a instituição que é responsável pela vacina,
a única vacina conveniada pelo Governo brasileiro, uma instituição que tem mais de 100 anos de existência, uma das
primeiras instituições sanitaristas, um dos laboratórios mais respeitados do País.
Sobre a Fiocruz, já ouvi o que a senhora pensa, já ouvi. Já ouvi, não concordo. Aliás, refuto veementemente, mesmo porque
é a vacina da Fiocruz, consorciada com o laboratório AstraZeneca, que está salvando a vida de milhões de brasileiros.
Mas, sigamos.
Dra. Mayra...

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.


O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Este... Temos um
documento aqui... Tem um documento aqui... Tem um documento aqui assinado pela senhora. Eu queria confirmar se esse
documento é de fato assinado pela senhora. É um documento de 7 de janeiro de 2021 encaminhado à Secretaria Municipal
de Saúde de Manaus. Esse documento tem um primeiro parágrafo, mas, no segundo parágrafo, a senhora diz:
Aproveitamos a oportunidade para ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações
antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde, tornando, dessa forma, inadmissível, diante da gravidade da
situação de saúde de Manaus, a não adoção da referida orientação.
A senhora confirma esse documento?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Perfeito.
Então, Presidente e Sr. Relator, a Dra. Mayra acaba de contradizer o ex-Ministro Eduardo Pazuello, que disse, aqui nesta
Comissão Parlamentar de Inquérito em depoimento na semana passada, que o ministério não havia recomendado o uso
de cloroquina e hidroxicloroquina. Então, reitero, senhores membros desta CPI, reitero, Sr. Presidente Omar Aziz e Sr.
Relator: o Sr. Eduardo Pazuello mentiu nesta Comissão Parlamentar de Inquérito...

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, o senhor me permite...

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O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – ... confirmado, agora, pela
Dra. Mayra.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... uma orientação do termo jurídico. É diferente de uma recomendação.
Uma recomendação tem um peso mais forte, é por definição. Uma orientação é uma instrução...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Então, ele utilizou de
eufemismo?
Hoje tem sido um festival de figuras de linguagem.
Não houve esclarecimentos sobre o papel de ironia, não houve, assim, esclarecimento de eufemismo.
Acho que nós vamos ter que inaugurar aqui aulas básicas de literatura, aqui na Comissão Parlamentar de Inquérito.
Sigamos, Dra. Mayra.
Veja, qual a sua opinião sobre alteração de bula de remédio sem ser apreciada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu desconheço essa situação.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Não, não perguntei se a
senhora conhece ou desconhece, eu quero saber qual é a sua opinião.
A senhora concorda ou não?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A minha opinião é que hoje qualquer medicamento só pode ter a bula alterada, os
medicamentos reposicionados, por exemplo...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Por recomendação da
Anvisa.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... se passa pela avaliação da Anvisa, que é a nossa agência reguladora.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora conhece o Dr.
Luciano Dias Azevedo?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não me recordo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A Sra. Nise Yamaguchi?
A senhora teve algum reconhecimento com ela?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A Dra. Nise conheço.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora não teve
conhecimento que ocorreu uma reunião, declinada aqui pelo Ministro Mandetta e pelo Presidente da Anvisa, onde se
propôs alteração da bula da hidroxicloroquina, a qual foi refutada pelo Presidente da Anvisa?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Ouvi a menção assistindo à CPI, mas não tive conhecimento enquanto Secretária dessa
reunião.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora nunca participou
de nenhuma reunião que isso veio a ser tratado?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora falou aqui que
ainda hoje existem países que utilizam a hidroxicloroquina para tratamento precoce.
A senhora poderia declinar alguns desses países?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Existe uma lista de 20 países que têm protocolos. República Tcheca...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Hoje, ainda?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Cuba.
Isso, sim, a gente tem um protocolo de Cuba recentemente lançado, a gente tem vários países.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Perfeito.
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Deixa eu lhe perguntar uma coisa: a senhora declinou aqui que foi uma honra ter participado da missão de Manaus, reitera?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Por que a senhora utilizou-
se de habeas corpus, então, para falar sobre o Amazonas aqui?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu estou falando, respondendo a tudo o que me foi perguntado.
A questão é que...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Então...
E eu saúdo V. Sa. por conta disso.
Se V. Sa. está falando sobre o que foi perguntado, para que se utilizou do habeas corpus?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A questão do habeas corpus, Senador, foi para pedir o respeito porque eu assisti, da
minha casa, os depoimentos anteriores e eu vi depoimentos aqui em que os depoentes, que são simples testemunhas, foram
tratados como réus.
Então, assim, pedi a proteção, porque achei indigno o tratamento que eles receberam aqui.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Pois é, mas a senhora está
sendo destratada?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, mas o senhor me fez uma pergunta.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Não, perfeitamente, eu só
acho que...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Por isso o motivo do habeas corpus.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – O habeas corpus para falar
de uma missão que foi honra?
Que foi honrosa?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas, sim, eu estou falando, respondi a todas as perguntas que os senhores me fizeram
até agora.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Presidente...
Obrigado, Dra. Mayra.
Presidente, veja aqui, só para concluir, Sr. Presidente.
Nessa história...
Faço só essa última pergunta.
A senhora se recorda de alguma fala do Presidente da República defendendo o isolamento social?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não me recordo.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Em algum momento,
durante este período todo da pandemia, ele chegou a reunir com a equipe do Ministério da Saúde, chamou o Ministro,
algum dos Ministros – passaram quatro já por lá –, chamou algum dos Ministros e a equipe e disse: "Gente, nós estamos
numa guerra, vamos vencê-la, é necessário reforçar o que a ciência diz, é necessário reforçar o isolamento social, vamos
esperar a vacina".
Em algum momento teve isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu acho que o Presidente fez uma única visita, que eu me lembre, no Ministério da
Saúde, numa reunião onde foram apresentados todos os planejamentos estratégicos da secretaria.

O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Então, quer dizer que, em
mais de um ano de pandemia... Muitíssimo obrigado, Dra. Mayra, pela informação, eu acho que contribui muito com o
Relator Renan Calheiros: em mais de um ano de pandemia, o Presidente da República fez somente uma visita ao Ministério
da Saúde...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, Senador...
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O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – ... somente uma para reunir
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... que eu participei.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora acabou de dizer
que foi uma visita que fez.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Então, que o senhor perguntou que eu tenha participado. Eu não sei dizer...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Em algum momento ele
falou defendendo o isolamento social?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, não, nenhuma...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – Isso é ótimo, isso é
fundamental, essa informação. E já concluo, Sr. Presidente, antes que o meu querido Líder do Governo se levante – não
é? Essa é uma ótima e necessária informação, porque veja, Presidente, e falo para concluir: tem uma grande história nessa
pandemia que ainda não foi abordada nesta CPI. É que, durante um tempo, existiu um consenso, um consenso logo nos
primeiros dias da pandemia, quando se tinha as primeiras notícias no Planeta, de Wuhan, de Milão, do que acontecia na
Itália, do que acontecia na Europa. O consenso ali é que o mundo estava escandalizado com o número de mortos e, devido
a isso, era necessário fazer de tudo para que o vírus aqui não chegasse e, se chegasse, tomar as medidas necessárias. Esse
consenso, Dra. Mayra, Sr. Presidente, Sr. Relator, caros colegas da CPI, foi desfeito no dia 24 de março. No dia 24 de
março de 2020, Sua Excelência o Presidente da República usou cadeia de rádio e televisão e disse que tudo não passava
de uma gripezinha. O depoimento da Dra. Mayra dizendo que o Presidente nunca falou em isolamento social só reafirma
a responsabilidade dos 450 mil mortos de hoje.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, só para deixar claro, o senhor me perguntou se eu já participei de alguma
reunião onde o Presidente falou disso, e o que eu respondi para o senhor foi que, na reunião que foi feita onde eu estava
presente, nós tratamos do planejamento estratégico, não foi para discutir esse assunto.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A senhora já esclareceu,
Dra. Mayra.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Obrigado.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – A gente quer agradecer e
muito o seu depoimento e a sua colaboração.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP) – No caminho desta CPI,
contribuiu e muito. Agradeço.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Muito, muito.
O Senador agora é Eduardo Girão, que fez a permuta com o Senador Jorginho. É Senador Eduardo Girão, depois Senador
Eduardo Braga e Senador Alessandro.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Paz e bem!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Deus te abençoe, meu filho.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Deus abençoe também o
senhor, Presidente Omar Aziz.
Nós estamos aqui num momento... (Risos.)
Nós estamos aqui... Brincar com a palavra de Deus, essa eu não esperava aqui, esse tipo de coisa, porque eu... Aqui não
é nada de piada, aqui é sério.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador, Senador, eu tenho o maior respeito pela sua religião. Admiro
muito o ...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Hã-hã.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – ... que você tem, sempre você me liga, é sempre assim. E a gente fala
"Deus te abençoe, meu filho", que é uma forma carinhosa de tratar.
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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE. Para interpelar.) – Sim, sim,
mas as risadas eu não entendi aqui. Sinceramente eu não entendi. E peço até que reponha o tempo, porque isso tira até o
raciocínio, porque a gente vem fazer uma coisa séria aqui e vê esse tipo de tratamento com colegas.
Aliás, Dra. Mayra Pinheiro, seja bem-vinda a esta Comissão; Dr. Djalma Pinto, seu advogado, um dos maiores juristas
deste País também.

A senhora foi destratada sim, a senhora foi destratada. A pergunta que o nosso colega fez agora, em que a senhora disse
que não, não foi destratada aqui, mas a senhora passou a semana passada sendo destratada por colegas desta Comissão,
chamando a senhora de uma alcunha, de algo pejorativo, extremamente jocoso para uma mãe, para uma mulher, para uma
médica que foi Presidente do Sindicato dos Médicos. O seu trabalho é reconhecido no Ceará, e a senhora foi destratada.
Eu queria colocar que a senhora respondeu a todas as perguntas aqui, nesse momento. Foi de uma extrema sinceridade
com as colocações e eu acho que hoje caiu aqui a narrativa, caiu completamente a narrativa. Eu quero ver se esta CPI
ainda vai, a partir de agora, ser a CPI da cloroquina, porque é assim que esta CPI é conhecida, Senador Marcos Rogério.
Eu estive no Ceará agora, nesse final de semana, e visitei o Mercado São Sebastião, passei três horas há, indo de banca
em banca, conversando com as pessoas, com os feirantes, com a população que estava ali, e é isso que eles estão vendo,
essa guerra, essa guerra política.
Eu discordo do Presidente da República quando ele vai e mostra um remédio. Por melhor que seja a intenção dele, eu
discordo, isso não é papel de líder. Discordo quando causa aglomeração, quando não usa máscara, é um exemplo ruim.
Mas foi porque ele fez esse gesto equivocado que certos medicamentos, Senador Eduardo Braga, que existem há décadas,
foram completamente demonizados.
E a senhora deu um show aqui hoje, explicou tecnicamente quando quiseram deixar, porque a verdade incomoda. Quando
a senhora começava a falar, era interrompida. Quando ia trazer os dados: "Não, esta Comissão... Só se ela pedir". Mas a
senhora está com os dados aí. E, a esses dados, eu tenho acesso a esses dados porque eu fiz um debate nesta Casa aprovado
pelos colegas Senadores de quatro horas e dez minutos ouvindo o contraditório: médicos renomados e cientistas renomados
contra o tratamento precoce e médicos renomados e cientistas renomados a favor do tratamento precoce. Foi espetacular,
está nas redes do Senado Federal. Quem quiser pesquisar vai no YouTube, vê, ouve e tira as suas próprias conclusões.
Agora, a história vai mostrar, a história vai mostrar quantas vidas nós perdemos por causa dessa politização feita. Não
me importa se é Presidente da República, se é o maior opositor dele que defende tratamento, que defende remédio. O
que me importa é ouvir médicos que estudaram a vida inteira, que fizeram juramento de Hipócrates para salvar vidas. A
autonomia deles tem que ser preservada e existe uma perseguição implacável neste País por causa desse tratamento.
Eu vou dar meu testemunho, Senador Omar Aziz. Eu vou dar o meu testemunho. Fiz mais de dez lives também pessoais
com médicos do Brasil e de fora. Meu pai, que mora em São Paulo, tem 77 anos – ele nem gosta que eu fale que ele
tem muitas comorbidades –, tem asma, bronquite, sobrepeso, e uma das grandes médicas, e a senhora falou o nome dela
há pouco aí – eu não posso deixar de dar esse testemunho, senão não coloco a minha cabeça no travesseiro –, médica
renomada de São Paulo, que está sendo perseguida hoje, Dra. Lucy Kerr, disse pra ele assim que ele foi infectado, Senador
Eduardo Braga – pai; o senhor tem um pai, que ama muito –: "Triplique a dose de ivermectina". Médico falando, médica.
Meu pai, praticamente assintomático. Como é que eu não vou ter gratidão por esse... Como é que a gente não vai ouvir
essas pessoas?

Eu estou aqui nesta Comissão. Graças a Deus, não fui infectado ainda. Sei que pode chegar a minha vez, que vai chegar,
mas eu estou fazendo, com recomendação médica, tratamento preventivo ou profilático. E, se tiver que fazer o tratamento
precoce, eu vou fazer, porque eu acredito nos médicos. E eu vejo boa vontade dos médicos que têm feito um trabalho
heroico contra narrativas que, pela política, têm tomado realmente o Estado aqui, têm tomado nosso País de forma injusta.
Eu queria dizer pra senhora, fazer aqui poucas perguntas, porque não vai dar... O tempo já foi para o espaço.
A saúde do Brasil é tripartite. Portanto, a gente não pode querer responsabilizar um; temos que ver todos, todos os entes.
O Presidente está aqui se comprometendo, pra amanhã a gente tentar, pela primeira vez nesta CPI, depois de um mês de
trabalho, que a gente está completando essa semana, ver os bilhões de reais que foram destinados pra Estados e Municípios
de verbas federais. E a gente vai ter a oportunidade de ver isso. Espero que sim, porque foi o que eu mais ouvi no mercado
– mais ouvi no mercado. E a gente precisa buscar todos os responsáveis pelo que nós estamos passando.
Cada vida é importante. Cada vida é importante.
Dra. Mayra, é verdade que a FDA americana e ministérios da saúde de vários países somente podem autorizar o
uso emergencial de uma vacina ou medicamento enquanto não existir tratamento aprovado para aquela doença? E
que isto certamente contribui para uma grande resistência a medicamentos baratos – e aí tem um lobby da indústria
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farmacêutica que não é brincadeira, que atua no mundo todo em grandes corporações – e que já perderam suas patentes
– esses medicamentos baratos –, que constituem-se fortes concorrentes pelo seu excelente custo, efetividade e segurança
comprovados há décadas? Queria lhe fazer essa pergunta de forma bem objetiva, por favor.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Senador, a gente já deu uma explicação anterior sobre a questão
desses medicamentos sem bula. Pra que a gente possa obter bula dos medicamentos que nós estamos usando de forma
reposicionada – ivermectina, hidroxicloroquina, cloroquina e muitos outros, colchicina –, nós precisamos que a indústria
farmacêutica demande estudos. Esses estudos são muito caros. Cada um deles, que a gente chama estudo pivotal, está
na ordem de US$19 milhões. Precisa que sejam feitos dois estudos. Então, o senhor imagina que medicamento sem
patente, que custa muito barato, R$0,10 um comprimido, dificilmente a gente vai ter uma indústria farmacêutica que
queira submeter esses medicamentos a estudos que levam até quatro anos, pra gente conseguir dar entrada num pedido
de bula. É muito mais interessante pra indústria farmacêutica ela utilizar medicamentos cujo frasco/ampola custa R$17
mil, um imunobiológico cujo frasco/ampola custa R$24 mil. Então, essa disparidade existe e é muito franca e clara em
todos os países do mundo.

O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Dra. Mayra, é verdade que
há centenas de estudos, incluindo vários ensaios clínicos randomizados, duplo-cego, prospectivo e até várias metanálises,
em preprints e publicados, demonstrando que medicamentos como a ivermectina, hidroxicloroquina, entre outros,
diminuem os índices de agravamento e de letalidade da Covid? Que recentíssimo estudo, com 220 mil pessoas, na Cidade
do México, demonstrou grande eficácia da ivermectina na prevenção da Covid?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, isso é público. O próprio México fez uma declaração, nos últimos dias, em cadeia
nacional. O equivalente ao Ministério da Saúde do México fez essa exploração social.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Qual a sua opinião, Dra.
Mayra, sobre esses cerca de 14 mil médicos no Brasil e outros tantos no exterior que afirmam que têm obtido milhares de
excelentes resultados, muito acima do prognóstico normal da doença, ou seja, que não se deve ao fato de somente 15%
dos infectados terem casos graves, até porque os pacientes que os procuram costumam ser do grupo de risco?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Creio que esses médicos estão cumprindo o que foi descrito na Declaração de Helsinque:
diante de um cenário de guerra – e é o que nós estamos vivendo na Covid –, nós temos que nos utilizar de todos os meios
para que a gente possa evitar a morte e a complicação dos nossos pacientes. Nesse cenário, nós temos que lançar mão de
todas as terapias que garantam os princípios bioéticos da beneficência, da não maleficência, da justiça, e é isso que esses
profissionais vêm fazendo de forma aguerrida e merecem o nosso respeito.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Perfeito.
Vamos falar agora do Amazonas, terra do Senador Omar Aziz, Senador Eduardo Braga?
Essa nebulização de hidroxicloroquina em Manaus, sobre a qual foi colocado aqui que matou um paciente, inclusive
falando que era grávida essa paciente... Recebi a informação de que não.
Qual a verdade sobre esse assunto, doutora?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu tenho pouco conhecimento, porque nós temos raríssimos estudos falando
sobre hidroxicloroquina nebulizada. No ministério ainda não temos, no nosso radar, referências que possam ser utilizadas,
e é a nossa responsabilidade só trazer aqui, de fato, aquilo de que a gente tem algum grau de evidência. É nosso objetivo.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Mas o caso que aconteceu
em Manaus, das mortes, com a alta dose de cloroquina, a senhora conhece bem.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, isso é do conhecimento da sociedade médica internacional.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Pronto, eu quero fazer uma
pergunta ainda em Manaus...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – ... porque esse caso abalou.
A partir daí, a coisa começou a virar realmente algo demonizado, mais ainda, esse medicamento.

Especialistas defendem que a metanálise publicada na revista Nature, utilizada pela OMS, tem graves falhas, em virtude
dos pesos ponderados diferentes atribuídos, o que pode mudar radicalmente o resultado, o que fez com que um único estudo
representasse 74% do resultado total, que incluiu o lamentável estudo de Manaus; que este bem como vários dos demais
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estudos utilizaram cloroquina muito mais tóxica, doses muito mais elevadas e em pacientes hospitalizados, fase em que os
medicamentos têm baixíssima eficácia ou quase nenhuma eficácia; que o próprio estudo declara que o medicamento foi
utilizado em pacientes com maior risco cardíaco; e que o próprio estudo reconhece não ser possível afirmar que faleceram
por conta da droga. Essas informações são procedentes, Dra. Mayra?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, sim. Inclusive uma delas o senhor não mencionou aí. A despeito da excelência
da revista, quando nós olhamos lá trás a declaração de conflito de interesse, Senador, nós encontramos os autores dessa
publicação declarando que são bolsistas de duas empresas farmacêuticas que produzem vacinas, a Pfizer e a AstraZeneca.
Então, temos todos os vieses metodológicos que o senhor já citou, a colocação na metanálise desse trabalho de um artigo
que já foi refutado pelas mortes que provocou. Então, existe uma série de detalhes metodológicos que fazem com que
esse artigo, a despeito de a gente ter uma revista de excelência, não possa ser utilizado como um artigo criterioso para
as nossas citações e para a nossa referência.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Perfeito, última pergunta,
Senador, por gentileza, pode ser?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pode.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – O senhor me permite?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – É óbvio.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Eu lhe agradeço.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – O senhor não foi interrompido de momento nenhum.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Não, de jeito nenhum, de
jeito nenhum, até porque eu estou contando aqui que eu vou ter os 27 minutos que a minha querida irmã do Maranhão
Eliziane Gama teve.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Pois aqui no cadastro está
dizendo que você teve 27. Mas vamos lá. Informações oficiais.
Por que, Dra. Mayra, a OMS, na metanálise de abril de 2021, concluiu que não há evidências científicas da eficácia da
ivermectina contra a Covid, apesar de, nesse mesmo estudo, indicar que a droga reduziu a mortalidade em 82%? Eu repito,
Senador Heinze: em 82%. Por que excluiu quatro estudos favoráveis e importantes, caso típico de cherry picking, que,
pelo grande número de pacientes, cerca de 800, iriam pesar muito na conclusão? Por que a sua conclusão absolutamente
divergente das demais metanálises, todas favoráveis, como a da Dra. Tess Lawrie, uma das maiores especialistas em
Medicina baseada em evidências do mundo, consultora da OMS, do NIH, dos Estados Unidos, e do NHS, do Reino Unido;
a metanálise do Dr. Andrew Hill, consultor também da OMS e do NIH; e a metanálise do Dr. Pierre Kory, esta já publicada,
que fez o NIH dos Estados Unidos passar a permitir o seu uso off-label; e ainda a recente metanálise do Dr. Karale, da
renomada Clínica Mayo, dos Estados Unidos? Por quê, doutora?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, duas posturas da OMS chamam nossa atenção, tanto em relação à
hidroxicloroquina quanto à ivermectina. Quando ela conduziu estudos e os estudos apontaram para um desfecho não
desfavorável, foi o caso da hidroxicloroquina com os eventos cardíacos e com o uso com pacientes graves, ao invés de
orientar que fossem feitos novos estudos, ela orientou sempre a interrupção dos estudos. Isso foi um desserviço à ciência,
porque a ciência é feita de você obter melhores ou piores evidências, mais ou menos evidências.

Quando você proíbe, recomenda que não sejam mais feitos estudos, ou que você orienta a interrupção de uma medicação
que pode trazer benefícios, você presta um desserviço, porque a ciência não tem um ponto definitivo.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Eduardo...
Senador Eduardo Braga...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Só para encerrar,
Presidente; por favor, só para encerrar!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Fora do microfone.) – Senador Eduardo.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Vou fazer um comentário
final aqui: Dra. Mayra, eu agradeço demais sua participação, muito esclarecedora, corajosa, ousada no bem. E eu espero
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que, finalmente, este dia marque um divisor de águas, daqui para frente, para que esta CPI possa se aprofundar em
outros temas que a sociedade quer, porque vários Senadores que foram infectados aqui usaram esses medicamentos com
recomendação médica, inclusive com Senador indicando para Senador, Senador médico indicando para Senador médico.
Então, os secretários de saúde de vários Estados tomaram. Teve um que escondeu e que, depois, vazou a receita dele e,
aí, ele teve que admitir. Essa verdade a gente precisa buscar. Por que negaram para a população? Por que negaram para
a população enquanto eles tomaram? A história vai mostrar quem é criminoso.
Muito obrigado.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Obrigada.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO. Pela ordem.) – Sr. Presidente, pela ordem, para
uma comunicação inadiável. Apenas para registrar que a Conib, a Confederação Israelita do Brasil, soltou nota repudiando,
mais uma vez, comparações completamente indevidas do momento atual, agora feitas na CPI da Covid, com os trágicos
episódios do nazismo, que culminaram no extermínio de seis milhões de judeus no Holocausto.
Essas comparações [diz a nota], muitas vezes com fins políticos, são um desrespeito à memória das vítimas
do Holocausto e de seus descendentes. A Conib, inclusive, criou uma campanha contra a banalização do
Holocausto, para que possamos compreender melhor as verdadeiras dimensões dos fatos e, assim, contribuir
para um melhor entendimento do presente.
É a nota da Conib, Sr. Presidente, em relação à fala do Relator, no início da sessão de hoje.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Presidente, eu queria só, a propósito
do assunto que foi levantado aqui pelo Senador Marcos Rogério, dizer que nós fizemos uma resposta a essa nota, porque,
em nenhum momento, eu comparei o Holocausto com a pandemia. Senador Marcos Rogério, o Holocausto é incomparável,
diz o Twitter, mas é comparável, sim, assustadoramente comparável, à atitude de negação dos oficiais nazistas e de algumas
das autoridades que depuseram aqui nesta Comissão Parlamentar de Inquérito. Se houver comparação, a comparação é
essa; não a do Holocausto com a pandemia.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Eduardo Braga.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM. Para interpelar.) – Bem, Senador Omar
Aziz, Senador Renan Calheiros, Dra. Mayra Pinheiro, eu queria cumprimentar V. Sa. Não sei se V. Sa. está conseguindo
me ouvir. A senhora está me ouvindo bem? (Pausa.)
Eu queria agradecer a presença da senhora, no dia de hoje, aqui nesta Comissão, e dizer a todos que nos assistem, Dra.
Mayara...
Mayra, não é?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Fora do microfone.) – Isso.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Perdão.
Aqui, não se trata de ser a favor ou contra determinado tratamento, se trata de como salvar vidas, de como evitar mortes,
mas de forma científica.

No exato momento em que nós estamos aqui na CPI, doutora, mais de 450 mil brasileiros já morreram. No meu Estado,
que a senhora mencionou até com uma certa emoção falando sobre ele, já são quase 13 mil mortos, e muitos deles por
falta de oxigênio, por falta de planejamento, por falta de assistência.
E eu procuro olhar as coisas sem cor partidária nesse momento, até porque isso não ajudará. E fui olhar o currículo de
V. Sa., o que me impressionou muito. V. Sa. é formada na Universidade Federal do Ceará, em 1991, como médica; é
mestrada em ciências na área de concentração em Neonatologia na Universidade de São Paulo, em 2002 – confere? –;
tem especialização na Medicina do Trabalho pela Universidade Estácio de Sá; professora no curso de Medicina do Centro
Universitário Cristos e doutoramento em Bioética pela Universidade do Porto; e a senhora é Secretária de Gestão do
Trabalho e da Educação.
A senhora tem algum trabalho científico publicado, doutora?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Sim.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Em que área?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Em várias áreas.

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O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Na área de estudos sobre
medicamento, a senhora tem algum?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Com que autoridade, então, V. Sa.
fala sobre estudos científicos se a senhora não tem nenhum trabalho e nenhum estudo científico na sua carreira sobre
medicamento?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, para a gente, como médico, discutir medicamento...
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Mas aí é como médico...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O senhor deixa eu terminar de falar?
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Claro, com toda a certeza.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Como profissional da saúde, como médica com trinta anos de formação e atuação em
UTI, eu conheço quase tudo hoje disponível de medicamentos para pacientes graves. Esses medicamentos a que o senhor
e a que a gente está se referindo aqui são medicamentos que têm mais de 40, 50 anos de uso, eles têm segurança e todos
nós conhecemos.
Nós estamos falando de medicamentos que eu uso praticamente todos os dias na prescrição ambulatorial dos meus
pacientes pediátricos. Eu prescrevo, desde que eu me formei, ivermectina, eu tomei hidroxicloroquina para tratar doença
articular autoimune, os pacientes reumatológicos do Brasil... Então, nós estamos falando não é de novas drogas que
precisem de grandes estudos para a gente atestar segurança. Nós estamos falando de medicamentos reposicionados
extremamente comuns, que são usados desde 1934, 1944, conhecidos por todos os médicos brasileiros, porque os anti-
inflamatórios, a cloroquina, a hidroxicloroquina usada na reumatologia, fazem parte da prescrição de quase todo médico
pra adultos e crianças.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Doutora...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não é preciso que a gente seja um grande entendedor disso. E Medicina baseada em
evidência, um profissional que faz mestrado, que está em doutoramento, a gente estuda isso para escrever as nossas teses,
as nossas dissertações. Não é preciso ser um cientista que produz um trabalho para interpretar, se você for uma pessoa
responsável, um trabalho científico.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Doutora, apenas para pedir a V. Sa.
que a senhora seja também objetiva nas resposta, porque eu só tenho 15 minutos e V. Sa. está aqui respondendo...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – ... desde as dez horas e já repetiu
várias vezes. Eu quero apenas enfatizar a todos que a senhora não tem nenhum trabalho científico publicado sobre estes
medicamentos ou qualquer outro medicamento. Agora, em se tratando de ter usado cloroquina, eu, como amazônida e
tendo contraído malária, eu usei cloroquina, mas para o tratamento de malária, e eu sei os efeitos colaterais da cloroquina
como alguém que usou.

E eu fico assustado: um médico que não tem nenhum trabalho científico realizado nessa área ficar receitando de forma
generalizada! Eu não tenho nada contra o uso da cloroquina.
Eu peço ao meu querido Senador Renan, com quem eu tenho tanto respeito... Porque, veja, eu ouvi atentamente, tive que
me ausentar, mas fiquei acompanhando essa CPI. Porque, veja, a senhora foi ao meu Estado, o meu Estado... E o eminente
colega ainda há pouco mencionou um estudo que foi feito no meu Estado, e a senhora falou de que esses cientistas – e lá,
sim, tem cientistas com vários trabalhos publicados... Este não é o único trabalho publicado de cientistas: são feitos com
análises científicas e com acompanhamento e com publicação em revista reconhecida nacional e internacionalmente. E
aí, para politizar, para a gente criar o clima de quem é a favor ou contra, eu vou ficar destratando, denegrindo o trabalho
científico que foi feito? Não, doutora. Não vou fazer isso, como também não vou fazer com V. Sa. Acabei de dizer
que a senhora tem um currículo invejável. Parabéns! Mas a senhora não tem trabalho científico publicado na área de
medicamento.
Agora, eu quero fazer uma outra pergunta na área de gestão...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
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O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – ... porque, afinal de contas, a senhora
não está aqui como médica. A senhora está aqui como Secretária de Gestão, Trabalho e Educação.
A senhora falou que a senhora tem um site que eu acho que é Conte Comigo. Não é isso? Brasil, Conte Comigo. Como
é que chama?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, é um programa.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Ah, é um programa.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O Brasil Conta Comigo.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – O Brasil Conta Comigo, em que a
senhora tinha quantos mesmo cadastrados lá?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Um milhão e sete mil profissionais de saúde.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Quantos, desses, médicos já treinados?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Médicos, não, mas profissionais são cerca de 400 mil treinados, porque o treinamento,
Senador, é voluntário. Eles podem ou não prosseguir. Eu não tenho como obrigar as pessoas a se submeterem a um
treinamento. A gente é um país livre e democrático.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Claro, e exatamente por sermos
um país livre e democrático é que eu venho, desde o primeiro depoente aqui nesta CPI, questionando por que as
nossas universidades federais, que nós temos em todas as unidades brasileiras, até hoje não abriram cursos intensivos de
treinamento, por exemplo, para intubação, Presidente Omar Aziz.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A Ebserh fez isso, Senador.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Pois é, mas, por exemplo, qual
foi o curso que aconteceu no Estado do Amazonas pela Universidade Federal do Amazonas para intensivão na área de
intubação?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Fizemos alguns cursos lá.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Só para a senhora ter uma ideia,
apenas 7.790 médicos foram treinados pela Secretaria de V. Sa. Apenas 7.790. E lamentavelmente no site não se especifica
se alguns desses médicos foram treinados em intubação, uma das razões principais entre a diferença entre a morte e a vida.
A senhora saberia informar quantos desses sete mil foram treinados em intubação?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Agora, não, mas eu posso passar esse dado para o senhor.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Faça isso, sabe por quê, doutora? Eu
tive Covid; eu não sei se a senhora teve.

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.


O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – A senhora teve?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Eu não sei se a senhora esteve
internada, se a senhora esteve...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não senhor.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Eu, lamentavelmente, fiquei internado.
E felizmente estou aqui pra poder falar sobre o tema. E eu lhe digo: faz uma grande diferença se a equipe é treinada
na área de intubação ou não, se a equipe tem um treinamento específico sobre o tratamento do Covid, ou não. Mas eu
aguardo a resposta de V. Sa.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – V. Sa. declarou numa das suas
primeiras respostas que, quando esteve Manaus, a senhora se assustou com o estado das unidades básicas de saúde. Eu
queria que a senhora falasse um pouco mais sobre isso pra que nós pudéssemos entender, já que o Senador, o colega,
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ainda há pouco, disse que a saúde no Brasil é tripartite, e eu concordo com ele, e eu quero entender o que a senhora viu
e quais as providências que a senhora tomou?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – Só um minutinho, Senador. E a data. É muito importante
a data, porque o atual Prefeito assumiu dia 1º de janeiro. A senhora chegou lá num final de semana, né? Então, dia 3, que
era num domingo ou na segunda. Dar as datas, por favor, só pra que a gente saiba mesmo quem é o responsável.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Pois não. Eu, pessoalmente, não estive nas unidades básicas de saúde, a
prospecção foi feita através de um relatório por um grupo de médicos e técnicos do Ministério da Saúde. O Secretário
de Atenção Primária em Saúde permaneceu quase trinta dias em Manaus visitando todas as unidades de saúde. O cenário
que eu posso dizer hoje ao senhor, isso está presente no relatório que foi encaminhado, era de caos. Nós encontramos
unidades fechadas, literalmente, com cadeado e corrente.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu não vou lembrar porque eu não participei das visitas...
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Mas a senhora pode informar, a
senhora pode mandar o relatório.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas, no relatório, tem todas as datas, isso. Como não fui eu que estava nas visitas, eu
não posso informar por data, mas tem a descrição, inclusive, por unidade, com fotografias.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Então, e a senhora pode mandar o
relatório para a CPI.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Esse relatório, inclusive, o Ministério da Saúde encaminhou para os órgãos que
solicitaram do Judiciário. Mas nós encontramos unidades que não estavam atendendo, que não tinham médicos, unidades
que não tinham medicamentos nas suas farmácias básicas. Nós não encontramos triagem organizada para a Covid, que é
uma recomendação do Ministério da Saúde desde o início da doença. Nós produzimos diversos manuais para a atenção
primária para organizar a triagem com enfermeiros, com profissionais, selecionando quem tem Covid de quem não tem
Covid para evitar novas contaminações, e nós não encontramos isso em Manaus.
Então, chama a atenção porque é a atenção primária a porta de entrada no serviço de saúde. E, quando nós visitamos – e aí
eu tive a oportunidade de visitar os hospitais de Manaus –, eu me deparei com a situação de total colapso, supersaturação
de leitos na porta do Hospital 28 – acho que é 28 de agosto, eu sempre esqueço o nome –, nós encontramos pacientes... E
eu passei por cenas que, em 30 anos, mesmo trabalhando em condições de UTI, de urgência e emergência, as famílias dos
pacientes se agarraram nas minhas pernas pedindo socorro. Os profissionais de dentro da unidade estavam supersaturados,
porque eles estavam atendendo muito além da capacidade.
Eu vi pacientes de 25 anos, que é outra coisa que chama a atenção, mostrando que nós estávamos diante de uma nova
variante, de fato – a gente ainda não tinha um mapeamento genético –, então, o quadro clínico era atípico do que nós
encontramos no primeiro surto da doença. Eu vi pacientes de 25 anos, graves, com insuficiência respiratória, daí uma
explicação para a utilização maior do oxigênio. Nós estávamos diante de uma variante, onde os pacientes evoluíam muito
rapidamente para um quadro de insuficiência respiratória.

O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Doutora...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ... e uma parte da resposta é a atenção primária não estar funcionando.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – E quais foram as providências que
o ministério adotou diante deste relatório e desta constatação?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não, pois não. Nós colocamos representantes, todos os secretários estiveram em
Manaus no dia 11 e todas as secretarias mantiveram núcleos de funcionamento em Manaus, inclusive a minha, por mais
de 30 dias. Cada uma das secretarias demandou, realizou ações. A Secretaria de Atenção Primária talvez tenha sido uma
das secretarias mais atuantes. Nós, nas unidades que não tinham médicos, nós ampliamos em cerca de 115 profissionais
do Mais Médicos, pra que a gente pudesse colocar mais profissionais atendendo naquelas unidades onde não havia. Foram
liberados recursos pra gente melhorar o atendimento, medicamentos foram enviados. A minha secretaria especificamente
organizou um programa de treinamento de urgência para os agentes de saúde que não estavam atuando, pra que eles
pudessem fazer prospecção domiciliar, isolando pessoas com casos suspeitos. Pra isso, nós contamos com o apoio da

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Organização Pan-Americana da Saúde, pra obtenção de termômetros e oxímetros para essa triagem. Então, foram muitas
as ações para que a gente pudesse...
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Pois é, doutora, mas sabe o que a
senhora não falou?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim?
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – É que as unidades básicas de saúde
estavam funcionando de segunda a sexta-feira e fechando às 5h da tarde, enquanto o povo estava se acumulando e,
lamentavelmente, desesperado, morrendo na porta dos hospitais, que estavam sem leito e sem estrutura. E, hoje pela
manhã, a senhora disse que não conseguiu prever que ia faltar oxigênio diante desse quadro? Como? Como que uma
técnica com o nível de formação que a senhora tem, com toda a secretaria e com toda a assessoria do ministério presente
na cidade de Manaus, constata esse quadro e não identifica que nós íamos colapsar por falta de oxigênio? Como?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, se o senhor me permite, não foi essa a informação que eu dei. O que eu disse
é que nós não temos como prever a quantidade de metros cúbicos que nós vamos utilizar, até porque não é essa a nossa
função, o Ministério da Saúde não faz monitoramento...
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Doutora, me perdoe...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas é a verdade, Senador.
O SR. EDUARDO BRAGA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AM) – Doutora, me perdoe, a senhora
acabou de fazer um relatório pormenorizado da situação – e eu concordo com V. Sa. – de descalabro na atenção básica,
de descalabro no atendimento hospitalar das pessoas desesperadas, e a senhora não identificou que estava faltando ou
na iminência de faltar oxigênio! As pessoas agarravam na perna da senhora, desesperadas, porque estavam jogadas no
corredor do hospital, sem atendimento, doutora! E aí nós vamos ficar fazendo discurso pra televisão, que nós somos a
favor ou contra a cloroquina? Vamos ter paciência, porque já são mais de 450 mil mortos! Eu não quero saber aqui de
azul ou vermelho. Eu quero saber é da eficiência e da competência pra salvar vidas. É por isso que eu vim pra essa CPI,
não foi pra ficar fazendo discurso partidário, não! Eu não estou em véspera de eleição e não quero saber de discussão
partidária; eu quero entender como é que todo o Ministério da Saúde, numa gestão tripartite, está presente na cidade de
Manaus, vivendo o subsolo do inferno, e os melhores técnicos do Ministério da Saúde não identificam que nós estamos
diante do caos na área de abastecimento de oxigênio. Como?

Doutora, nem a senhora, nem o Ministro Pazuello, nem ninguém vai me convencer de que não tinham conhecimento,
porque era a olhos vistos o caos que nós estávamos vivendo. E a solução estava logo ali do lado. E lamentavelmente nós
não conseguimos resolver – não conseguimos resolver.
Eu quero, por fim, fazer aqui um cumprimento à senhora, porque pelo menos a senhora reafirmou aqui, inúmeras vezes,
que a senhora defende o uso de máscara, que a senhora defende o distanciamento, que a senhora defende a vacinação e
que a senhora defende um atendimento médico adequado para o tratamento do Covid. Espero eu que, em outro ambiente,
seja qual for a circunstância, a senhora possa, com essa mesma firmeza e com essa mesma postura, reafirmar o que a
senhora disse aqui, não perante a nós, mas perante milhões de brasileiros, sabe por quê? O Ministro Pazuello, sentado aí
onde a senhora estava, pediu desculpas por ter entrado num shopping na minha cidade, sem máscara. E, menos de três
dias depois, ele estava num palanque, sem máscara, fazendo discurso.
Eu quero parabenizá-la e quero desejar à senhora que a senhora tenha mais firmeza e convicção do que o Ministro Pazuello
quando aqui esteve.
Parabenizo V. Sa.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – Obrigado, Senador Eduardo. Eu vou passar para o
primeiro suplente, que é o Senador Alessandro Vieira.
Só quero fazer duas perguntas. A senhora conhece a Dra. Luana Rodrigues?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Eu a encontrei durante a apresentação que o Ministro Marcelo Queiroga
fez lá, no Banco do Brasil, por ocasião do lançamento da família vacina.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – O.k.
E a senhora diz que alguns voluntários foram para Manaus com a senhora, não é? Viajaram pra Manaus. Foi nessa época
que a senhora falou que veio esse relatório ou antes?

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A SRA. MAYRA PINHEIRO – Peraí, que o senhor misturou duas coisas. A Dra. Luana já...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ...encerrou?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A senhora...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A segunda pergunta é...?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A senhora disse cedo que foram para Manaus alguns médicos
voluntários, não é?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, sim.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Foi nessa época que o Senador Eduardo perguntou para a senhora ou
foi antes?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, nós estivemos em Manaus durante dois momentos. Da primeira vez, do dia 3 ao
dia 5, quando nós fizemos a prospecção...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – De janeiro?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Tudo em janeiro.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Estavam com a senhora?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, nesse momento só a minha secretaria, os meus dois diretores e os meus técnicos.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Quando foi...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Quando nós fizemos prospecção em todas... Num primeiro momento, eu fui fazer visita
hospitalar, eu participei...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não, doutora...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Agora, nas unidades básicas de saúde, o período de visitação foi a partir do dia 11.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – E, aí, com esses médicos voluntários?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Foi essa prospecção... Técnicos do ministério.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Tinha um médico...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Tinha um médico do SUS que fazia palestras sobre cloroquina. Eu
estou falando da minha cidade, doutora. Não é da cidade dos outros, não.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Certo. Mas nós não escolhemos o voluntariado, o senhor há de convir.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Sim, sim. Tem gente que grava...
A senhora disse que esse pessoal ia totalmente de graça, sem remuneração nenhuma, correto?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim. Remuneração, não. Eles tiveram custeio – os que vinham de outros Estados...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, a senhora afirmou aqui que não tinha...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Passagens e diárias. Remuneração, não.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pois é. Não eram servidores do Ministério da Saúde, só isso.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Alessandro, desculpe.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE. Para interpelar.) –
Obrigado, Sr. Presidente. Boa tarde, Dra. Mayra.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Boa tarde, Dr. Alessandro.

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Dra. Mayra, primeiro
quero registrar que a senhora tem, sim, um currículo notável. Eu tenho absoluta convicção de que a senhora é uma pessoa
extremamente bem-intencionada na defesa da vida e tenho, mais ainda depois desse depoimento, convicção de que a
senhora acredita no que fala, mas acreditar no que se fala não torna o que se fala verdade.
Pergunto a V. Exa., com base numa afirmação que a senhora mesma fez no tocante à revisão constante da ciência, esse
processo evolutivo natural da ciência, e a senhora não ignora esse processo porque já o mencionou aqui: por que ignorou as
notas contrárias da Fiocruz e do Conselho Nacional de Saúde, por exemplo, que não recomendavam o tratamento precoce?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Eu já até mencionei isso de outras vezes. O Ministério da Saúde
necessariamente não precisa fazer suas orientações baseado nas outras instituições; ele é o órgão máximo do País. A gente
tem um conjunto de técnicos, que são os servidores...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Não, doutora, assim,
me perdoe por lhe interromper.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – É apenas por conta,
realmente, do horário, mas, efetivamente, não é isso que está sendo perguntado. Eu estou perguntando para a senhora com
relação à produção de conhecimento, ciência...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – ...que é o seu campo.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Eu não sou cientista, eu
não sou profissional da área de saúde e, aí, como qualquer pessoa responsável deve fazer – o que infelizmente não parece
ser o caso de alguns gestores públicos que nós temos –, eu fui procurar os especialistas. Eu pedi ajuda ao Dr. Paulo Ricardo
Martins Filho, da Universidade Federal de Sergipe, que é Mestre e Doutor em Ciências da Saúde especializado na questão
de epidemiologia. Ele coordena a disciplina de Revisão Sistemática e Meta-Análise. O Prof. Paulo me encaminhou aqui
a análise de 2.871 estudos nas bases disponíveis pelo mundo – PubMed, Embase, todas elas –, e estabeleceu os critérios
de filtro para tentar encontrar ensaios que fossem qualificados como de excelência. A senhora certamente concorda com
aquela pirâmide de excelência das evidências, não é isso? A senhora pode dizer para a Comissão qual é o estudo que
está no topo dessa pirâmide?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Nós não temos ainda estudos atualmente no topo da pirâmide, mas é exatamente isso,
Senador Alessandro, que precisa ser trazido aqui. Nós estamos diante de uma pandemia. Esses estudos de excelência
que estão no topo da pirâmide, eles levam muitos anos para serem feitos, precisam de uma casuística muito grande de
pacientes. É essa a diferença.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Seriam ensaios clínicos
randomizados...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso!
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – ...controlados, com
duplo-cego.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Duplo-cego, exatamente.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Seria isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Esse é o nosso padrão de excelência. E nós já temos estudos randomizados, duplo-cego.
Já temos. Qual é o grande problema desses estudos duplo-cego randomizados com esse padrão de qualidade metodológica?
É o "n" que ainda é pequeno. Nós deveríamos ter estudos com uma casuística como a da Lancet, com 96 mil pacientes...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Me permita, doutora...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – ...e não é possível ainda que a gente tenha.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Pronto. Apenas,
brevemente, trazer uma informação...
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A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas está certíssima a sua informação.


O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Perfeito.
Segundo o Prof. Paulo me traz, desses 2.871 estudos que ele analisou nessas bases todas, internacionais e nacionais, foram
encontrados 14 estudos com essas características, as características de excelência na qualidade como evidência.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Desses catorze,
absolutamente nenhum indica benefício no uso de medicamentos como a hidroxicloroquina – nenhum. Nesse ponto ainda
da ciência... Eu faço apenas uma pequena observação, porque a senhora mencionou várias vezes o estudo que foi realizado
pela Fundação de Medicina Tropical, que é ligada à Fiocruz, publicado na revista JAMA, que também já foi objeto de
várias citações na CPI, é um dos estudos mais atacados que a gente tem. A senhora sabe...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – É que causou a morte de 22 pessoas. Então, é um fato social relevante.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – A gente tem que
escolher se o que causa morte é o vírus, é o remédio ou é a má gestão.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, nesse caso foi a medicação usada com doses tóxicas.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – E se eu informar
à senhora que o Ministério Público Federal e o Conselho Federal de Medicina discordam da senhora? É que os
procedimentos de investigação sobre esse estudo foram arquivados porque não se encontrou nada que indicasse o que a
senhora está falando aqui. Alerto a senhora para a gravidade...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas não foram finalizados...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Estão arquivados no
Ministério Público Federal, estão arquivados no Conselho Federal de Medicina – esses estudos.

A SRA. MAYRA PINHEIRO – A gente tem um outro processo na Polícia Federal.


O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Isso, meu colega pediu
para instalar. Tem lógica. Espero que seja tramitado com toda a veracidade.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Todos nós, a sociedade.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Mas a senhora sabia
que estavam arquivados os outros dois?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu soube que foi arquivado, mas não entrei em detalhes.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – É uma pena que a
senhora não tenha lembrado de citar isso quando mencionou o estudo tantas vezes. Isso gera uma certa deslealdade
intelectual com que está ouvindo.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, tem um detalhe muito importante que eu esqueci de mencionar aqui em relação
a esse estudo.
Eu creio que todos os brasileiros, principalmente os médicos, professores universitários e os senhores também, pelo nível
de formação intelectual, sabem que para a gente aprovar um estudo a gente precisa do parecer da Comissão Nacional
de Ética em Pesquisa. E esse estudo de Manaus chama atenção porque ele só obteve o parecer do Comitê de Ética em
Pesquisa depois do estudo pronto.
Nós não pudemos submeter pacientes. Isso não vale só para o estudo de Manaus...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Isso provavelmente a
senhora vai ter que discutir com o Conselho Federal de Medicina e com o Ministério Público Federal, entendendo que
nada disso que a senhora está falando existe...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não. Isso é uma questão para os senhores, sobretudo para os Senadores que são do
Estado do Amazonas, porque as 22 vidas perdidas importam.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Perfeito. Com certeza,
cada uma das 450.026 vidas que nós perdemos para a Covid importam. Cada uma delas.
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A SRA. MAYRA PINHEIRO – Todas. Todas. Todas.


O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – E nós todos
concordamos que medidas simples como isolamento social, uso de máscaras, higiene e busca de vacina no tempo certo
poderiam colaborar para esse número ser menor.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Concordo com o senhor.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Perfeito.
Dra. Mayra, a senhora está desde o início da gestão na Saúde. Essa sugestão de edição de um protocolo ou de uma nota
informativa no tocante ao uso de medicamentos para um suposto tratamento precoce, ela só surgiu na gestão Pazuello,
ou ela já existia nas gestões anteriores?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – A motivação para a confecção dela, que coincidiu com a entrada do Ministro Pazuello,
porque o... Esse trabalho da Lancet e essa referência do trabalho que o senhor citou de Manaus aconteceram no mês de
abril, um em abril e outro em maio.
A nota foi uma responsabilidade do Ministério da Saúde para não prevaricar diante de fatos graves que aconteceram
na comunidade científica internacional, sobretudo esse estudo da revista Lancet, que depois foi retirado pelos revisores,
considerado uma fraude para a sociedade científica internacional.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – A senhora participou
de reuniões conduzidas ou com participação de pessoas alheias à estrutura do Ministério da Saúde, como o assessor Arthur
Weintraub ou mesmo, na condição de gestor do conselho ou comitê de resposta, General Braga Netto?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, senhor. Nunca.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Existia e, se é que
existia, qual o nome dos especialistas das áreas de infectologia e epidemiologia que assessoraram o ministro e a senhora
na confecção da política de atendimento à pandemia?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O senhor se refere à nota?
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Não, à atuação da
política em geral.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Porque a nota a gente descrito todos os consultores que foram...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Não, não.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Em relação à política dentro do Ministério da Saúde, cada secretaria tem técnicos que
são profissionais de carreira...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – A senhora sabe referir
algum profissional com essas características específicas? Eu estou citando as áreas de infectologia e epidemiologia.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Mas ao longo da gestão inteira? Nós tínhamos infectologistas na SVS, Dr. Julio Croda,
vários infectologistas.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Quando hoje a senhora
defende, ainda hoje defende o uso desse tipo de medicamento para tratamento precoce, a senhora tem esse tipo de lastro
dentro do Ministério da Saúde?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Dentro do Ministério da Saúde, nós fazemos uma coleta constante, um seguimento
constante do que é publicado na literatura e a gente mantém um repositório de informações sobre as evidências que surgem
todos os dias no mundo. Esse é um dos norteadores das nossas posições.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – A senhora relatou ao
Ministro Pazuello aquele caos em Manaus que a senhora relatou aqui na CPI?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim. Isso foi colocado em relatório, que depois se tornou público. Nós entregamos...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – A senhora se recorda
a data desse relatório?

A SRA. MAYRA PINHEIRO – O relatório era diário. Nos dias em que eu estive em Manaus, Senador Alessandro...
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O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Diariamente a senhora
reportava ao Ministro?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Diariamente a gente passava um relatório. O Ministro ligava a todo tempo, pedindo
para a gente passar as informações. Os secretários recebiam as demandas, de ofício, do que era considerado urgência, e
nós enviávamos para o Ministério da Saúde.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Então, no dia 15,
quando aconteceu a reunião de ministros e o Presidente da República para tratar sobre a possibilidade de intervenção em
Manaus, e o Presidente decidiu pela não intervenção, o Ministro Pazuello já tinha todos esses dados de uma situação de
caos absoluto que a senhora descreveu aqui? A reunião aconteceu no dia 15.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Todos os relatórios eram entregues diariamente. E, durante o período, nós voltamos
no dia 11, nós continuamos fazendo relatórios diários, todas as secretarias. E a gente inclusive teve a organização de um
comitê intersetorial em Manaus, que funcionava duas vezes por dia, com reuniões às 9h da manhã e no final do dia, para
a gente juntar todas as ações e a gente já organizar o que deveria demandar.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – A senhora mencionou,
em diversas oportunidades aqui, a existência de estudos que dão lastro a essa sua opinião. Eu peço que a senhora me ajude
– a senhora foi Presidente do Sindicato dos Médicos – a esclarecer, mais uma vez, para esta Comissão e para a população...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – ... a diferença que
existe entre a autonomia do médico na sua relação com o paciente, paciente informado, e a definição de políticas públicas
de atendimento através do SUS. A senhora concorda que são coisas bastante diferentes?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu queria que o senhor fosse mais claro.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Pois não.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Não vou, por
delicadeza, repetir o que eu falei para o Ministro Ernesto, que acabou virando moda, que foi: "Os meios não me permitem
desenhar".
Existe uma deliberada tentativa de se confundir o que é uma instituição consagrada, que é a autonomia técnica do médico...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – ... na sua relação
pessoal, particular com o paciente...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – ... com a definição
e o desenho de políticas públicas. E são coisas totalmente diferentes. Eu pergunto se a senhora também acha que são
coisas diferentes.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, as políticas públicas inclusive do Ministério da Saúde são várias. Em cada
secretaria, tem suas políticas visando atender às necessidades específicas.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Perfeito.
Para não ultrapassar demais o nosso tempo, vamos falar um pouquinho sobre o aplicativo TrateCov.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Que a senhora
anunciou.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – A senhora foi, digamos,
a pessoa responsável pela apresentação do TrateCov, que a senhora apresentou com palavras na linha do "todo mundo

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pode baixar e, a partir de agora, usar e salvar vidas." A senhora disse que se referia apenas ao público especializado. Mas
ele estava aberto...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Médicos.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Perfeito.
A senhora citou também que um trabalho científico internacional daria lastro a esse aplicativo.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – O estudo que a senhora
refere é um paper que foi publicado na revista Cureus, é isso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Isso.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Cureus. Uma revista
que, na métrica de qualificação de credibilidade, não se encontra exatamente entre as destacadas. Na verdade, ela tem
alguma coisa em torno de 1,9 como nota dela, e as mais destacadas estão lá na faixa dos 40 a 50. Esse foi o texto, o paper.
O estudo foi avaliado como de baixíssima credibilidade, métrica questionável, e, mais ainda, o autor do estudo veio a
público informar que jamais foi consultado pelo Ministério da Saúde e que nunca pensou em usar o aplicativo para receitar
ou indicar medicamentos. Era apenas uma ferramenta para facilitar o trabalho de isolamento. A senhora tem consciência
disso?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim, mas essa informação não procede. Nós solicitamos a permissão dele para a gente
utilizar o trabalho, até porque o trabalho é público. Nós nem necessitaríamos pedir autorização a ele, porque vários países
estão usando o escore que ele criou para ajudar, como ferramenta, o diagnóstico médico. Uma vez que você publica um
trabalho, e é um escore, qualquer médico pode utilizar-se desse instrumento.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Sem dúvida. Muito
importante que seja utilizado por médicos apenas.

Ele referiu que o aplicativo não foi desenhado para indicação de medicamentos, e o aplicativo que foi divulgado por V. Sa.
fazia a identificação automática. Mais ainda: o escore que a senhora refere, por conta da calibragem que vocês escolheram,
a sua secretaria escolheu, fazia com que pessoas que indicassem sintomas comuns como, por exemplo, tontura e náusea
– que é mais ou menos o que o ex-Ministro Pazuello sentiu aqui, sendo perguntado pela CPI... Geraria um automático
diagnóstico de Covid-19 e, mais ainda, a indicação, também automática, de uma série de medicamentos. A senhora acha
que isso é razoável, mesmo que para médicos?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Eu preciso responder dentro do contexto, se o senhor me permitir, porque senão a minha...
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Se o tempo nos
permitir, a gente fica até amanhã.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pronto. Porque, senão, essa resposta não vai ficar clara nem para a população brasileira,
nem para os senhores.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Perfeito.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – O contexto em que foi desenvolvido... Não é um aplicativo. O constructo é uma
ferramenta médica, como uma calculadora médica. Iguais a ela existem mais de 300 disponíveis para a população médica
hoje. Inclusive, eu mostrei, no comecinho, a de São Paulo.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Todas elas indicando
medicamentos.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Algumas indicam, como a de São Paulo, por exemplo. Ela remete a prescrição de
soluções de tratamento para a dengue. Mas vou retornar ao início da minha fala.
Nós construímos essa calculadora, essa ferramenta, no contexto da situação que nós encontramos em Manaus: ausência de
possibilidades de você ter respostas rápidas com um teste de RT-PCR – 2 mil exames reprimidos; diante da nova variante
– a própria OMS já tinha manifestado a possibilidade de os testes não serem sensíveis, de apresentarem baixa sensibilidade
a essa variante; um grande número de óbitos; colapso do sistema hospitalar. Então, diante de um trabalho que apresenta
uma possibilidade, um escore – que, eu mencionei, também, está sendo utilizado pela OMS como uma ferramenta –,
nós resolvemos criar um constructo, para que a gente agilizasse o diagnóstico. O que existem lá são pontos a partir do
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AndroCoV, que é o estudo. E o senhor há de convir que você não... que nenhuma das ferramentas, calculadoras médicas,
plataformas que existem os médicos utilizam fora do contexto epidemiológico. Ninguém vai pegar um instrumento de
trabalho médico, que não seja médico – e estava bem claro que quem deveria usar eram os médicos –, para você simular
situações com cachorro, com gato, com gestantes e com crianças, até porque, na própria plataforma, tinha uma observação
de que não deve ser usado para critérios de crianças e gestantes.
Então, o que aconteceu, Senador Alessandro, é que nós fizemos uma ferramenta que seria extremamente útil para a
sociedade, como instrumento de trabalho e agilidade de diagnóstico para os médicos. Ela foi usada indevidamente por
uma pessoa, que agiu de má-fé, extraindo os dados da plataforma do ministério, fazendo simulações fora do contexto real.
Ninguém brinca com a vida dos outros, com a saúde dos outros, simulando situações que não existem. Se o senhor for
ao seu médico e ele dispuser de alguma calculadora dessa, de alguns instrumentos desses, ele só vai testar se o senhor
tem artrite reumatoide se o senhor tiver manifestado para ele sintomas de artrite reumatoide. Não são coisas aleatórias,
elas têm que estar inseridas dentro de um contexto para alguém usar esse tipo de instrumento para avaliar o senhor para a
Covid. No contexto epidemiológico em que nós estamos, no Brasil e em Manaus, boa parte desses sintomas estão contidos
na doença Covid.
Então, nós tivemos uma extração indevida de dados, foi feita toda a tomada de decisão necessária, comunicação à polícia,
contratação de um perito forense – e aí eu trouxe o laudo para entregar aos senhores – e um prejuízo, porque nós fomos
obrigados, por força de uma ação do TCU, a partir de uma denúncia social que foi feita, uma interdição a esse constructo.
Foi criada, na sociedade, a conotação de que o Ministério da Saúde queria usar pessoas como cobaias, de que o aplicativo,
o constructo, tinha custado milhões ao Ministério da Saúde.

E foi feito com a nossa tecnologia.


O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Não, ele era de fonte
aberta.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Então, deixamos de prestar um serviço à sociedade. Tivemos que tirar, de fato, o
constructo do ar por força de um documento jurídico.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – Sabe o que é que me
chama a atenção, Dra. Mayra?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. ALESSANDRO VIEIRA (Bloco Parlamentar Senado Independente/CIDADANIA - SE) – É porque a OMS dá
sua opinião, várias e várias entidades médicas dão sua opinião, as maiores entidades médicas do mundo dão sua opinião,
Fiocruz, Butantan, os estudos são realizados aqui no Brasil, o TCU e todos eles estão equivocados!
Eu queria alertar à senhora, porque as pessoas estão nos ouvindo e, eventualmente, se deixam seduzir por uma coisa que
é muito presente hoje na nossa vida, que são as teorias conspiratórias.
Então, quando a gente fala claramente, a gente deixa mais evidente a loucura que a gente está vivendo, porque a tese que
nós estamos ouvindo aqui, que não veio só da senhora, veio também de colegas Senadores, vai na linha de que existe
um complô mundial em que o mundo decidiu, por conta da influência da indústria farmacêutica, negar às pessoas um
medicamento e matar – nos Estados Unidos, matar mais de meio milhão, aqui a gente está caminhando para isso, 450
mil mortos – e tudo isso foi feito por um interesse econômico obscuro. E as grandes universidades, as grandes entidades
científicas estão todas envolvidas nesse complô, porque você não encontra... A senhora mencionou, uma dúzia de vezes,
estudos na sua fala aqui, e já são horas de fala, a senhora não indicou um só detalhadamente.
Trazer carrinho cheio de papel não impressiona ninguém que sabe ler. Não é assim que funciona. Quando eu falo com
a senhora e menciono, e a senhora reconhece que sabe que existem os estudos, que os estudos são sérios, que eles
correspondem ao padrão ouro de avaliação, mas mesmo assim a senhora não muda de opinião. Como eu disse, é muito
claro que a senhora acredita no que fala, mas só acreditar não transforma isso em verdade.
Então, eu lamento muito que a política pública de saúde brasileira seja conduzida desta forma. É lamentável – é lamentável
–, porque ninguém em sã consciência consegue acreditar que países no mundo afora deixam seu cidadão morrendo porque
não querem dar um remédio, quando esses países foram exatamente os responsáveis pelos testes mais qualificados. Os
testes que eu referi, quase todos eles são de universidades dos Estados Unidos e do Canadá, apontando a ineficácia do
medicamento, e por conta disso acelerando o processo de compra.
A senhora tem consciência de que esta manifestação que indica a existência de um suposto remédio para a Covid facilita
as condutas equivocadas das pessoas? Porque as pessoas colocam no seu inconsciente, e não é só a senhora que faz isso,
o Presidente da República faz isso diariamente, as pessoas colocam no inconsciente a impressão de que "o.k., eu posso
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me contaminar e não vai acontecer nada, porque tem um remédio", quando não é verdade. É uma loteria macabra, que já
matou 450 mil pessoas. Milhões de brasileiros tiveram que ser internados. Esses milhões de brasileiros, a senhora sabe
bem, terão sequelas, provavelmente. E nós não temos estrutura para tratá-los.
Então, a gente está num caos muito grande e eu faço questão de reforçar, eu tenho certeza absoluta da sua boa intenção,
mas faço um chamamento à razão. Será razoável imaginar que todo o mundo resolveu se reunir em benefício de uma
doença? Por que será que as lideranças globais mudaram suas opiniões? Porque o erro, no começo, fazia sentido. No
começo, todo mundo testou a cloroquina. Todo mundo testou, porque todo mundo queria uma solução rápida, barata, que
não paralisasse a economia. Só que quase todo mundo mudou de ideia e entendeu. O Brasil não. Infelizmente.
Sr. Presidente Otto Alencar, Presidente ad hoc, eu agradeço e peço desculpas pela extensão de tempo.
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. PSD - BA) – Eu agradeço a V. Exa. e passo a palavra, pela via remota, ao Senador
Rogério Carvalho, do Estado de Sergipe.
Senador Rogério Carvalho.
Depois é o Senador Fernando Bezerra. Depois, Senador Angelo Coronel, Luis Carlos Heinze, a Senadora Leila está inscrita
também e ainda tem aqui mais 10 Senadores inscritos. O último é o Senador Jean Paul.

Senador Rogério Carvalho, com a palavra V. Exa..


O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE. Para interpelar. Por
videoconferência.) – Obrigado, Presidente.
Queria cumprimentar o Relator, cumprimentar a Dra. Mayra.
Primeiro, eu queria saber, me certificar de que nós estamos diante de uma testemunha, não é isso, Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. PSD - BA) – Exatamente.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Pronto!
E, segundo, eu queria pedir autorização a V. Exa. para que o nosso assessor, o Dr. Marcos Rogério, que está aí no plenário
da Comissão, poder exibir quatro vídeos curtinhos que, na medida em que eu for falando, eu vou pedir para ele exibir.
Ele já está posicionado. Então, eu queria pedir isso ao senhor para ele...
O SR. PRESIDENTE (Otto Alencar. PSD - BA. Fazendo soar a campainha.) – Olha, o Senador está no sistema remoto.
Tem que fazer um silêncio no plenário, senão não dá para ouvi-lo.
Com a palavra o Senador Rogério Carvalho.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Então, vamos lá. Beleza!
Primeiro, eu queria dizer, Presidente, como o senhor sabe e todos sabem – cumprimentar a Dra. Mayra Pinheiro –, que a
saúde brasileira, a saúde pública está assentada nos princípios da universalidade, da integralidade, da descentralização, e
isso não quer dizer que os entes não tenham responsabilidades compartilhadas e complementares, e que a coordenação do
Sistema Único de Saúde é do Ministério da Saúde. Isso não é uma pergunta, isso é uma afirmação, isso é constitucional.
A outra questão é que a gente tem, como sistema, garantir a prevenção, a promoção, a proteção, a cura e a reabilitação
como objetivo maior para garantir a integralidade da atenção à saúde.
A Dra. Mayra disse à CPI que não fez visitas a unidades de saúde de Manaus. Eu queria pedir ao Marcos Rogério que
apresentasse o primeiro vídeo aí para a gente ver a entrevista dela.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Eu queria também pedir,
Presidente, que fosse apresentado, porque a Dra. Mayra disse não ser... (Falha no áudio.)
... a política ideológica do Presidente Bolsonaro de imunidade de rebanho, que ela não pratica.
Eu queria que fosse apresentado o segundo vídeo.
(Procede-se à exibição de vídeo.)

O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Eu queria, depois deste
segundo vídeo... A Dra. Mayra também não revelou a posição ideológica dela em relação aos médicos do Mais Médicos.
Vamos ver o terceiro vídeo, por favor.

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(Procede-se à exibição de vídeo. )


O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Queria dizer que a Dra.
Mayra fez aqui uma fala de desmerecimento público e pejorativo com relação à Fiocruz, que tem sido a única instituição
brasileira que fez e que está fazendo, junto com o Butantan, mas no caso do Governo Federal, transferência de tecnologia
para produção de vacinas aqui no nosso território.
E o que a senhora se refere a uma imagem obscena é, na verdade, o símbolo da Fiocruz, porque tem formato de castelo.
Portanto, eu queria que a senhora revisse essa posição, mas depois, com o tempo, as pessoas vão ver que aquele cartaz
que a senhora viu, sob a forma de falo, na verdade, não é um falo, é o símbolo da Fundação Oswaldo Cruz, onde eu tive
a oportunidade de estudar.
Também vimos a senhora falar sobre a indicação da cloroquina para crianças, dizendo que foi um posicionamento da
Sociedade Brasileira de Pediatria. Nós temos o vídeo, mas não vamos colocar porque já é público, em que a Sociedade
Brasileira de Pediatria não recomenda o uso da cloroquina. Portanto, mais uma fala da senhora que não corresponde aos
fatos.
A senhora também mantém uma justificativa financeira para defender a cloroquina que a senhora não disse aqui, como se
isso fosse mais importante... Claro que o emprego e a renda são muito importantes, mas a vida é prioridade.
Mas vamos ver o texto, que é o Vídeo 4, que eu queria mostrar aqui para todos.
Por favor, Marcos Rogério.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Presidente, eu queria
também lembrar que a Dra. Mayra Pinheiro disse que o Conselho Federal de Medicina disse que os médicos estão liberados
para utilizar off-label qualquer medicamento diante da necessidade.
O art. 32 do Código de Ética Médica veda ao médico, dentre outras coisas, claro, deixar de usar meios disponíveis,
diagnósticos e terapêuticos cientificamente reconhecidos e em favor do paciente.

O The Lancet tem uma publicação que envolve 671 hospitais, com quase 100 mil pacientes, que mostra que o uso
continuado da hidroxicloroquina e da cloroquina aumenta em 9,3% a mortalidade dos pacientes. O The Lancet é conhecido
como um dos periódicos médicos de maior reconhecimento no mundo.
Outra questão importante é o CFM, que dá o parecer dizendo que pode usar a cloroquina para esse caso. Mas veja que
o CFM também tem tido uma postura um tanto quanto discordante, ao longo da sua história, e um pouco tendenciosa
neste momento, porque, em 2016, veja o que diz o CFM: um parecer do CFM do ano de 2016 alerta médicos e sociedades
especialistas para o uso da fosfoetanolamina para tratamento de câncer, uma vez que não tinha estudos científicos que
comprovassem a sua indicação e eficácia.
O caso da hidroxicloroquina e da cloroquina, não tem nenhum instrumento... Veja, eu queria chamar a atenção para a
fé pública. Por exemplo, se houver 500 mil médicos definindo e querendo que eu seja médico, eu não vou ser médico,
porque para eu ser médico eu tenho que cursar medicina. E quem estabelece a fé pública para eu ser médico, que era o
meu caso, eu precisei cursar medicina. Então, para uma substância, para uma droga ter fé pública, ela precisa passar pelo
que a própria Dra. Mayra Pinheiro falou de vários estudos, que é o estudo pré-clínico, que são as fases clínicas, que são
centenas de milhares de testes, de doses e de eficácia para definir e para ser incorporado como um tratamento, e divulgado,
e comercializado, e aí autorizado por uma agência reguladora.
Também quero dizer que, neste caso da cloroquina e da hidroxicloroquina, os fabricantes não recomendam o uso para o
tratamento da Covid em nenhuma etapa do tratamento. E isso é muito sério, porque foi um fabricante quem fez todos os
estudos sobre determinada droga, a utilização dela e os riscos que ela causa ao paciente.
No caso da cloroquina, voltando aqui, o CFM inverte e dá um parecer que é, a meu visto, uma posição ideológica. Além
disso, a doutora demonstra a incapacidade ou, como disse o ex-Secretário de Comunicação Wajngarten, incompetência
em relação aos profissionais de saúde que estavam sob a sua supervisão e foram abandonados, como constatou o Senador
Humberto Costa. Diante dos fatos que afirmei aqui, agora, faço algumas perguntas e queria da Dra. Mayra Pinheiro, com
todo o respeito, que ela respondesse sim ou não, somente:
A senhora defende o isolamento social? Sim ou não?
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Sim.

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O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – A senhora defende o uso
de máscara? Sim ou não?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – A senhora defende a
imunização em massa, ou vacina, ou a vacinação em massa? Sim ou não?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Sim.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – A senhora defende a
imunidade de rebanho?
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não. A grandes grupos populacionais não.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Então, eu pergunto aos
brasileiros e a todos que estão nos assistindo: por que a senhora ainda não... Não estou perguntando à Sra. Mayra, pois já
fiz as minhas perguntas à senhora. Eu pergunto a todos os brasileiros: se a senhora defende o isolamento social, defende o
uso de máscaras, se a senhora defende a vacinação em massa, é contra a imunidade de rebanho, natural – a senhora disse
lá que era a favor –, por que a senhora não pediu demissão ainda... Essa é uma questão pessoal, e eu não vou perguntar
à senhora. Mas eu pergunto: por que a senhora ainda continua trabalhando para um Governo que aglomera, que é contra
o isolamento social, que proíbe o uso de máscaras, que não investiu nas vacinas e que, de forma permanente, continua
dando o mau exemplo para o Brasil? Estudos apontam que o efeito do Presidente nas populações que mais votaram nele
leva a um número maior de infectados e, portanto, à maior lotação de hospitais e maior quantidade de mortos.

Portanto, eu quero aqui concluir, Sr. Presidente, dizendo que este Governo, independentemente de quem o opera, não faz
prevenção ou não tem efetividade na área de prevenção, utilizando-se de métodos não farmacológicos, ou seja, não tem
efetividade no isolamento, não tem efetividade no uso de máscaras, no uso de vacinas, portanto, não faz prevenção. Então,
não cumpre a determinação da integralidade do SUS. Dois: não promove a saúde, porque este Governo não tem nenhuma
campanha de orientação séria, honesta, transparente para falar a verdade sobre essa pandemia, essa doença grave, que
mata muitas pessoas e que é altamente contagiosa. Quanto mais pessoas se contagiam, mais pessoas podem morrer, e o
sistema de saúde não suporta. E, em vez de proteger a vida, que é outra... Além de não promover, não prevenir a proteção
à vida, que é evitar que as pessoas se joguem à aventura de achar que estão protegidas com determinado medicamento
sem eficácia, sem eficácia comprovada, como dizem todos os especialistas... Todas as sociedades de especialistas dizem
que não tem eficácia comprovada para prevenir, para evitar que as pessoas adoeçam. Então, ele também não protege a
vida. E também não vejo e não vi, em nenhum momento, de nenhum daqueles que participaram das oitivas nenhuma
preocupação com os quase 500 mil brasileiros que saíram da Covid com sequela. Portanto, não tem preocupação nenhuma
com a reabilitação de brasileiros e brasileiras que tiveram a doença e que estão sofrendo em função das suas sequelas.
Nós não estamos vendo isso em nenhum momento, e a gente precisa abrir o debate sobre isso.
Por fim, com relação ao tratamento, eu não vou perguntar... Não adianta perguntar porque a resposta não vai vir. Não
vi nenhum comitê técnico-científico no Ministério da Saúde para definir com a Sociedade Brasileira de Virologia, a
Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Imunologia, a Sociedade Brasileira de Saúde Pública,
as universidades de grande renome e de importância na área da saúde e da Medicina do nosso Brasil e poder avaliar
permanentemente as ações de combate à Covid e dali saírem protocolos clínicos. O último protocolo clínico que há é de
março/abril de 2020, essa orientação, que não é protocolo, não passou pela Conitec.

Por isso eu concluo, Presidente, dizendo que nós estamos, nós brasileiros estamos largados à própria sorte. E todos do
Governo que vêm à CPI têm uma única e simples função: blindar o Presidente Jair Messias Bolsonaro da sua condução
temerária e dolosa no combate à pandemia no Brasil. Ele não combate a pandemia. Ele se conduz. Ele, na verdade, é efeito
expansivo da pandemia e leva milhares de brasileiros a se infectarem, a adoecerem e a morrerem de Covid no Brasil.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Obrigado, Senador Rogério Carvalho.
Por cinco minutos, para fazer as suas perguntas, vezes três, 15 minutos, Senador Fernando Bezerra.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu entendi que o Senador Rogério me fez perguntas, mas não me foi dada
a oportunidade.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não fez. Ele fez um discurso.
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O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Presidente, eu fiz quatro
perguntas, e a senhora respondeu às quatro perguntas.
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Você fala nas minhas
perguntas.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não. Ele fez as quatro perguntas, era "sim" ou "não", e ela
respondeu.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Não. Eu fiz quatro
perguntas, Presidente. E às quatro perguntas, ela respondeu.
Eu vou voltar aqui às perguntas, Presidente.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – E outra: ele disse que não
queria ouvir a resposta dela, deixando bem claro...
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Não, não. Ela respondeu.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – Deixando bem claro...
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Não, senhor. Por favor, me
respeite! Por favor, me respeite! Eu o respeito, e você me respeita. Por favor, me respeite.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE. Fora do microfone.) –
Estamos respeitando, mas o senhor deixou muito claro...
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Como eu o respeito, me
respeite! Eu deixei muito claro que eu fiz quatro perguntas e disse que queria as respostas "sim" ou "não".
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - CE) – É, mas outra o senhor fez
e disse que não queria ouvir a resposta.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Eu perguntei... Não. Eu
quero que o senhor me respeite!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Vamos ouvir o Senador, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ele fez quatro perguntas, e ela respondeu às quatro perguntas.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Me respeite! As quatro
perguntas que eu fiz, que ela respondeu: a senhora defende o uso da hidroxicloroquina?, ela disse "sim"; a senhora defende
o uso de máscara?, ela disse "sim"; a senhora defende a vacinação em massa?, ela disse "sim"; a senhora defende a
imunização natural, de rebanho?, ela disse "não". Então, eu fiz quatro perguntas.
E, depois, no meu direito de Parlamentar, fiz aquilo que minha consciência manda. E não é o senhor nem nenhum
Parlamentar nem ninguém que vai dizer como eu devo me portar aqui. Sabem por quê? Porque eu tenho a minha opinião,
e a minha opinião é clara: todos que estão vindo aqui vêm treinados para mentir, enganar o Brasil e blindar o Presidente
da República...
(Tumulto no recinto.)
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Senador, eu peço respeito. Eu vim aqui na qualidade de técnica. O senhor está me
acusando de mentirosa. Me respeite, Senador. Me respeite!
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Não, a senhora, aqui, é
somente uma...
Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ele não chamou a senhora de mentirosa.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não...
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Sr. Presidente...
Sr. Presidente...
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Num. 101508814 - Pág. 92
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Ela é uma testemunha.


Ela...
Por favor, Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ele não chamou a senhora de mentirosa.
(Tumulto no recinto.)
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE. Para interpelar.) – Sr.
Presidente, deixe-me fazer a minha pergunta.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Sr. Presidente. Ela é, ela é...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ele já tinha terminado, e o Senador Girão se meteu.
O SR. ROGÉRIO CARVALHO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Obrigado, Senador.
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE. Para interpelar.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, Sr. Relator, Senador Renan Calheiros, Dra. Mayra Pinheiro, inicialmente, Sr.
Presidente, eu gostaria de trazer ao conhecimento desta Comissão Parlamentar de Inquérito o relatório publicado agora,
em maio, pelo UBS, uma empresa global que presta serviços financeiros a pessoas físicas, empresas e instituições, com
escritórios em mais de 50 países. Em síntese, o relatório conclui que o Brasil vem se saindo bem em seu programa de
vacinação, tendo vacinado um percentual da população acima da média dos demais países em desenvolvimento tanto em
termos absolutos quanto em termos relativos. De fato, o Brasil já vacinou cerca de 20% da sua população, ao passo que,
nos demais países emergentes, esse percentual é de apenas 13%. Além disso, o fato de o Brasil possuir uma pirâmide
etária relativamente jovem permitirá que o País retorne à normalidade antes do esperado.

Esse mesmo relatório do UBS aponta que, caso o programa de vacinação seja implementado de acordo com o atual
planejamento do Governo, será possível retomar a atividade econômica plena já em outubro deste ano. O relatório conclui
que, caso a vacinação continue no ritmo atual, a possibilidade de uma 3ª onda de Covid no Brasil fica bastante diminuída.
Em outras palavras, o relatório sinaliza que a economia brasileira pode começar a se normalizar mais cedo do que se
imagina.
Segundo o estudo, ao vacinar a população com mais de 30 anos, que representa apenas 56% dos brasileiros, podemos
reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, permitindo a remoção das restrições de distanciamento social e permitindo
que a economia volte ao normal.
Esse relatório do UBS, que faço chegar ao conhecimento dos membros desta Comissão, é mais um elemento que se soma
às recentes atualizações das projeções de crescimento do PIB, feitas por grandes bancos, como o BTG, o Barclays, o Credit
Suisse, o Goldman Sachs e o Morgan, que já indicam um crescimento do nosso Produto Interno Bruto superior a 4%.
Associada à política de vacinação em massa do Governo Federal, a gradual retomada das atividades vai aos poucos
pavimentando o caminho para a consolidação do crescimento da economia brasileira, ampliando os instrumentos de que
dispomos para o enfrentamento dessa grave crise sanitária em todas as suas faces.
Ainda gostaria de registrar sobre o processo de vacinação a fala do Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde,
Tedros Adhanom, durante a abertura da 74ª Assembleia Global de Saúde, quando classificou a distribuição global de
vacinas contra o coronavírus como um escândalo de desigualdade que está perpetuando a pandemia. Segundo o Diretor-
Geral da OMS, 75% dos imunizantes aplicados até o momento foram administrados em apenas dez países, sendo que
alguns deles iniciaram a vacinação de crianças e grupos de baixo risco, ao passo que a maioria das pessoas vulneráveis
de outras regiões do globo sequer receberam a primeira dose. O apelo da OMS é que haja um grande esforço mundial
para vacinar pelo menos 10% da população até setembro e, numa perspectiva otimista, atingir a meta de pelo menos 30%
da população mundial até o final do ano.
Apesar dessas dificuldades, Sr. Presidente, para a obtenção de vacinas e insumos, que não são, necessariamente, de
natureza política, mas de insuficiência de oferta frente à demanda global, gostaria de registrar que, nesta terça-feira,
considerando a atualização do Ministério da Saúde em relação à vacinação no País, alcançamos a marca de 58.565.658
doses de vacinas aplicadas, o que permitiu a vacinação de 39.742.084 pessoas com a primeira dose e de 18.823.574 pessoas
com a segunda dose. O Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, já distribuiu aos Estados brasileiros 9.777.747
doses de vacina. É muito provável...

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

(Intervenção fora do microfone.)


O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Noventa milhões...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Eu acho que V. Exa... Nove milhões, não. É muito mais.
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Não, 90, 90 milhões. É
muito provável que, ainda no mês de maio, até a próxima segunda-feira, a gente possa ultrapassar a marca de 100 milhões
de doses de vacinas distribuídas aos Estados e Municípios brasileiros.
Ainda sobre a vacinação, para o mês de junho, considerando a projeção de entrega de vacinas contratadas, devemos ter
mais de 52 milhões de novas doses disponíveis para dar maior celeridade ao programa de imunização, o que representará,
até o final deste primeiro semestre, um total de mais de 155 milhões de doses, o que permitirá ao Brasil imunizar, com o
esquema vacinal completo, praticamente todo o grupo prioritário; para o terceiro trimestre – julho, agosto e setembro –,
são mais 166 milhões de doses previstas, o que nos permitirá, conforme sinaliza o relatório do UBS, que mencionei há
pouco, imunizar os brasileiros acima dos 30 anos, garantindo o retorno gradual e seguro da população economicamente
ativa até o final de setembro; por fim, com a previsão de mais 310 milhões de doses no último trimestre – outubro,
novembro e dezembro – deste ano, tenho certeza de que estaremos muito bem amparados para conter a transmissão do
coronavírus no País.
Sobre a oitiva da presente reunião, é importante salientar que a Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde,
sob titularidade da Dra. Mayra Pinheiro desde o início de janeiro de 2019, tem por finalidade elaborar e propor políticas
de formação e desenvolvimento profissional para a área de saúde, planejar, coordenar e apoiar as atividades relacionadas
ao trabalho e à educação na área de saúde, promover a integração dos setores de saúde, de educação, a fim de fortalecer
as instituições formadoras de profissionais atuantes na área, dentre outras atribuições.
No âmbito de suas competências, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, foi lançado o programa
O Brasil Conta Comigo, uma ação estratégica instituída com o objetivo de mitigar os efeitos da Covid-19 no SUS por
meio do fortalecimento do quadro de profissionais de saúde no enfrentamento. Por meio de O Brasil Conta Comigo –
Residentes, que instituiu o pagamento de bonificação para os residentes dos programas de residência médica e residência
em área profissional da saúde, pelo prazo de seis meses, foram quase, Sr. Presidente, 80 mil residentes contemplados,
ampliando a cobertura na assistência aos usuários do SUS em todos os níveis de atenção.

Já O Brasil Conta Comigo – Acadêmico promoveu o apoio excepcional e temporário aos alunos do 5º e do 6º anos do
curso de Medicina e do último ano dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia, que atuaram sob supervisão do
SUS. Em todo o País, quase 6 mil estudantes recrutados se apresentaram para atuar.
Por fim, O Brasil Conta Comigo – Profissionais da Saúde cadastrou mais de 1 milhão de profissionais de saúde do
Brasil, visando à capacitação conforme os protocolos de manejo clínico do Ministério da Saúde para o enfrentamento da
Covid-19 a fim de auxiliar os gestores das três esferas de Governo. No curso de capacitação que aborda as recomendações
sobre manejo clínico e processos de trabalho aos profissionais dedicados à condução de pacientes com coronavírus, Sr.
Presidente, foram mais de 345 mil profissionais de saúde que concluíram a capacitação e foram devidamente certificados.
Eu fiz questão de fazer essa leitura da atuação da Dra. Mayra Pinheiro à frente dessa importante secretaria do Ministério
da Saúde para poder trazer luzes aqui ao esforço que o Governo Federal e o Ministério da Saúde empreenderam no sentido
de capacitar profissionais para que a gente pudesse ter uma melhor performance no enfrentamento da pandemia quando
os pacientes estão hospitalizados, estão enfrentando ali a vida ou a morte nos leitos de UTIs que foram contratados pelo
Governo Federal para socorrer os Estados brasileiros. Foram mais de 18 mil leitos de UTI, em 2020, e agora, em 2021,
22 mil leitos de UTI para poder ajudar os brasileiros a ultrapassar essa terrível pandemia.
Eu quero e faço questão absoluta, Dra. Mayra, de dizer que a sua participação nesta tarde, manhã tarde, hoje, aqui, na
Comissão Parlamentar de Inquérito, foi muito importante. Não só a senhora falou de forma transparente, lúcida, clara,
metódica, falando do seu trabalho, da sua secretaria, mas, sobretudo, trazendo muitas luzes não só para os membros da
CPI, mas para os milhões de brasileiros que nos acompanham neste momento pelo rádio, pela televisão, pelos veículos
de comunicação do Senado Federal em relação a uma das coisas que alguns Parlamentares aqui estão tentando criar:
uma materialização, uma materialidade para algum tipo de ação criminal por parte das ações ou omissões do Governo
Federal, sobretudo numa área em que me parece impossível – impossível – haver qualquer materialidade, que é a questão
do tratamento precoce.
O Senador Marcos Rogério teve a oportunidade de falar do tratamento precoce aqui mesmo, dentro do Brasil, trazendo os
protocolos de diversos Estados brasileiros, que ainda hoje seguem essas regras que estão previstas nesses protocolos. E
V. Exa., com toda a calma, com toda a tranquilidade, ao fazer a defesa da liberdade do médico, amparada na Convenção
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de Helsinque, para poder receitar dentro daquilo que está disponível e à luz do conhecimento médico, do conhecimento
científico, oferece a melhor solução para que os pacientes desses médicos possam sobreviver e possam sair melhor do
contágio da pandemia.

Eu quero parabenizá-la. V. Exa. não perdeu a postura, não perdeu a tranquilidade nem nos momentos em que V. Exa.
foi interrompida no seu raciocínio, nem quando, muitas vezes, alguns Parlamentares, surpresos com a sua performance,
tentaram interditar as suas ideias. V. Exa. se saiu muito bem, porque o tratamento precoce não está sendo utilizado só
aqui, no Brasil; está sendo utilizado em outros países do mundo. Essa é a realidade!
A CPI, enquanto instrumento de disputa política, pode servir aos propósitos de alguns, mas o que eu espero que a CPI
possa, ao final, ao longo desses ricos depoimentos que nós ainda vamos ouvir... Mas V. Exa. inaugurou aqui uma fase
toda muito especial, que é trazendo também informações científicas, informações técnicas que validam algumas ações que
foram aqui desenvolvidas no nosso País de forma absolutamente dentro das regras da saúde pública, dentro do respeito
ao conhecimento científico e sem atropelo de qualquer evidência científica que possa justificar o contrário.
Eu tive oportunidade, durante o intervalo do almoço, de conversar com muitos jornalistas, e a repercussão da sua presença
aqui é muito forte. É muito forte, porque, de fato, aqui se apoiam em três argumentos. O isolamento social que não
tenha sido promovido na forma adequada no Brasil, quando todas as estatísticas disponíveis por várias entidades mostram
que o isolamento social promovido na América Latina e no Brasil, em particular, foi muito maior do que o dos países
desenvolvidos, mas, mesmo assim, o número de óbitos aqui, na América Latina, é superior ao dos países desenvolvidos.
Então, não é o isolamento em si que vai justificar o número de mortes. Também está claro que não será através do
tratamento precoce. Muito pelo contrário! Talvez, se o tratamento precoce tivesse sido usado com maior intensidade, nós
poderíamos ter tido um número de mortes muito menor. E, depois, a questão da vacina. Pode ter havido atraso em algumas
negociações? Sim, pode ter, mas não houve dolo, não houve negligência! E o Brasil já tem contratado, Senador Renan
Calheiros, mais de 660 milhões de doses! Os brasileiros precisam saber! Contratos assinados com o Governo brasileiro...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mas isso...
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Nós estamos recebendo
já 100 milhões de doses!
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Ele me perguntou!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Não, eu só estou...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Isso apesar do esforço do Governo...
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Eu citei...
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – ... para não contratar!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Não, eu estou dizendo
que este Governo contratou! Este Governo contratou 662 milhões de doses de vacina!
E, na realidade, o que nós estamos enfrentando aqui, no Brasil, é o que muitos países estão enfrentando: não tem ofertas
de vacinas para chegar na hora...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador...
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – ... e poder atender
a necessidade...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – ... já ultrapassou – e bastante!
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – ... de todos! Nós
estamos vivendo um escândalo, como diz o Presidente da Organização Mundial da Saúde, na distribuição desigual das
vacinas: países ricos reservaram essas vacinas e não estão distribuindo a produção de vacinas, que precisa ser escalada!
Eu quero encerrar, Sr. Presidente, eu não vou abusar da sua boa vontade, mas uma das opções que o Governo brasileiro fez,
que vai ser reconhecida depois dos trabalhos desta CPI, foi a aposta na AstraZeneca, através de transferência de tecnologia!

Hoje – hoje! –, eu vi um depoimento com a velocidade que se está tendo na produção de vacinas para atender os países
da África, dos países pobres, dos países de baixa renda.

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Anote, Senador Renan Calheiros, o Brasil vai exportar vacina, a partir do final deste ano início do ano que vem, para
ajudar os países mais pobres. Isso foi uma decisão de Governo, de não comprar apenas a vacina pronta, mas de apostar
na transferência de tecnologia para poder fazer através da Fundação Bio-Manguinhos, da nossa Fiocruz.
E eu encerro, porque os comentários da Dra. Mayra em relação à Fiocruz foram respeitosos. O que ela denunciou foi a falta
de impessoalidade no ambiente de trabalho, com uso de fotografias de personalidades políticas, com slogans políticos na
repartição de trabalho. Foi isso que ela aqui criticou.
Ela criticou que se utilizem repartições públicas para fazer a promoção pessoal de quem quer que seja, e isso está previsto
na Constituição Federal. Você tem que resguardar o princípio da impessoalidade, mesmo você podendo torcer para o time
A, B ou C ou torcer pelo partido A, B ou C, mas não dentro do ambiente de trabalho. E foi isso que as palavras dela
quiseram retratar.
Por isso, eu encerro, Sr. Presidente, para cumprimentar a presença, o depoimento e as informações trazidas pela Dra.
Mayra.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Fernando Bezerra, obrigado. Agora, vocês acertaram, meu
Líder, com a Dra. Mayra? O senhor falou 50 vezes em tratamento precoce. É isso mesmo?
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Falei, sim, falei
tratamento precoce.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM. Para interpelar.) – Dra. Mayra, a senhora defende o tratamento precoce?
(Pausa.)
Não, não. Espere aí. Deixe a Dra. Mayra responder, por favor.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – Eu defendo que o médico possa usar tudo que ele tem disponível para
salvar os seus pacientes...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, não, tudo bem. Eu também concordo. A senhora defende o
tratamento precoce, Dra. Mayra? Uma pergunta objetiva...
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Defendo o tratamento no início da doença, de todas as doenças.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Ah! Tratamento... Não, não, não.
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Foi isso que eu quis
dizer...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não foi, não, Senador. Ela repetiu isso 50 vezes aqui. Ela repetiu 50
vezes dizendo que ela não defende tratamento precoce; ela defende tratamento inicial.
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Eu falei que a tese
aqui é que o Governo preconiza tratamento precoce e não tem materialidade para isso porque o que se defende aqui é a
liberdade do médico para prescrever. Falei, inclusive, da convenção de Helsinque.
Portanto, Sr. Presidente, não distorça as minhas palavras...
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, o senhor que falou...
O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE) – Nem a minha nem
a de Dra. Mayra.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Não, mas eu não distorci a dela, não. De longe. Eu disse que ela nunca
defendeu tratamento precoce, ela sempre defendeu tratamento inicial. Assim como ela entende... Não, por favor. Há uma
diferença muito grande entre tratamento precoce e tratamento inicial.
Senador Luis Carlos Heinze, por favor, que agora é nosso Líder.
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS. Para interpelar.) – Muito obrigado,
Sr. Presidente.
Quero cumprimentar V. Exa. e o Relator Renan Calheiros, a Dra. Mayra, que veio aqui fazer uma brilhante explanação.

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Dra. Mayra, a senhora está com um time aí hoje: aqui, a Aline, Presidente da Comissão de Agricultura, Deputada Aline,
do Paraná, que veio prestigiá-la; Carla Zambelli; Adriana; Deputada Paula Belmonte; e também a Deputada Bia Kicis. As
mulheres vieram prestigiá-la hoje da Câmara dos Deputados. Então, parabéns pelo seu trabalho.
E também, Senador Bezerra, só uma colocaçãozinha. São 58 milhões de brasileiros vacinados, registrados no Ministério
da Saúde, mas o dado real é 63,475 milhões brasileiros. Tem um delay entre o que sai na ponta de cada quarteirão do
Brasil e até ser registrado aqui, cadastrado na cidade, no Município e cadastrado no ministério. Então, são 63 milhões
de brasileiros.

Eu quero cumprimentar os 14.552 brasileiros curados pelos médicos, enfermeiros, entendeu? Então, é um número
impressionante.
Muitos colegas, Senador Omar Aziz, comentaram aqui sobre trabalhos; chamo a atenção de V. Exa., Senador Renan
Calheiros: a pesquisa da The Lancet, fraudulenta. Escutem o que eu vou dizer: essa fraude, que envolvia uma companhia
de fachada chamada Surgisphere, alegava ter registro de 671 hospitais, que misteriosamente pediam para permanecer
anônimos, e alegava que o tratamento com hidroxicloroquina teria matado pacientes do Covid.
Com base nesse artigo da The Lancet, a OMS mandou que cessassem os testes da droga em 17 países.
Pesquisadores começaram a investigar e descobriram que a gerente de vendas da Surgisphere era – pasmem, Sras.
Deputadas que estão aqui, Srs. Senadores! –; a gerente de vendas da Surgisphere era uma atriz pornô. Uma atriz pornô.
Nada contra ela. E a diretora científica era uma escritora de ficção científica. Não era uma grande entidade médica que
contratou a pesquisa, Senador Marcos Rogério. Esse é o absurdo.
O número de registros de médicos na África e na Austrália era impossível de se obter a partir do número de pacientes
nesses locais. Cento e cinquenta cientistas – cento e cinquenta cientistas –, liderados pelo britânico James Watson, fizeram
essa denúncia. Está aqui, Sras. e Srs. Senadores, a retratação da revista The Lancet, uma das revistas, a maior revista de
repercussão internacional no ramo da Medicina.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Qual é a data, Senador Luis Carlos?
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Como é?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Qual é a data dessa publicação, por favor?
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Isto aqui é de 2020, abril ou maio
de 2020.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Mas tem alguma coisa depois, não tem?
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Só um minutinho. Agora eu vou
continuar.
Os colegas falaram aqui em Manaus, Estado de V. Exa., publicada na revista Jama, o.k.? A pesquisa de Manaus. Essa,
Sr. Senador Omar Aziz, é criminosa. Vinte e duas pessoas morreram, e a Dra. Mayra já falou desse assunto aqui, a
superdosagem dada para pacientes que já estavam em estado terminal. E ocorreram 22 mortes. Diferente...
E aí, Mayra, o que eu preciso é o seguinte, dessa pesquisa, depois você me passe... Ah, no caso da The Lancet, os dois
pesquisadores que estavam sendo financiados, eu preciso dessa informação, financiados pela AstraZeneca e pela Pfizer.
Isso é muito importante.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Sim, a Mayra falou, e eu quero que
ela me repita depois...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – ... o que eu estou falando aqui.
Sim. Bom,...
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Para depor.) – No caso, são os pesquisadores da revista Nature, não é da The Lancet,
nem da Jama.
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Ah, o.k. Ah, então, tá. Desculpe.
Estou me retratando aqui.

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Além dessa pesquisa de Manaus, Senador Girão, estranhamente uma segunda pesquisa foi feita em Manaus. Eu não sei
se V. Exas. sabiam. E um dos autores dessa pesquisa, além da equipe de Manaus, é o nosso Ministro Luiz Henrique
Mandetta. Uma segunda pesquisa em Manaus, financiada talvez com os recursos do Ministério da Saúde, e eu quero essas
informações e vou solicitar aqui essa informação.
Então, duas pesquisas. E essas duas pesquisas criminalizaram, criminalizaram, e fizeram com que a Organização Mundial
da Saúde – isso eu estou atestando aqui – mudasse o parecer em junho, julho do ano passado, e passasse a não indicar
mais a cloroquina.

Essas duas pesquisas fraudulentas...


O colega que me antecedeu falou aqui que estava arquivado no Ministério Público Federal. O Ministério Público Federal...
Conversei com o Procurador do Rio Grande do Sul, com três Procuradores, um do Rio Grande do Sul, um de Minas Gerais
e um pesquisador de Goiás. O que eles fizeram? Esses pesquisadores queriam, no meu Estado, que a Serra Gaúcha pudesse
fazer o tratamento, porque o Ministério Público naquele Estado não permitia. Conseguiu, Senador Marcos Rogério, a
autorização. Era o que ele queria. Eu não estava investigando a pesquisa de Manaus, Senador Girão. Ele queria que o
Estado dele, assim como Goiás – o Caiado havia rejeitado –, assim como Minas Gerais... Eles queriam que aquela região
deles pudesse... Então, esse é o fato que foi arquivado. Estou buscando informação. Também foi colocado que havia sido
arquivado no Conselho Federal de Medicina. Segundo o Presidente, não há nenhum processo arquivado; talvez, haja no
Conselho Regional de Medicina. Eu vou buscar essa informação para esclarecer bem.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Como é? Manaus?
O que eu quero... Agora eu vou falar para a imprensa séria deste País. Eu já solicitei à CNN, que me entrevistou na semana
passada... Eu não quero falar, não vou falar de pesquisa. Mas já coloquei o Dr. Francisco Cardoso, um especialista, um
expert, para que ele vá falar sobre a pesquisa de Manaus e sobre a pesquisa da Lancet, que havia sido comentada como o
suprassumo no mundo. Agora, há duas pesquisas e mais alguma coisa que criminalizaram o uso da hidroxicloroquina.
Agora vou passar outra informação às senhoras e aos senhores. O Reino Unido, com letalidade de 2,86, já vacinou 89%
da sua população. Os Estados Unidos, com letalidade de 1,79, já vacinaram, Senador Marcos e Senador Girão, 85% de
sua população e não adotam o tratamento precoce, inicial, como quer que o chamem. A China, com letalidade de 0,5%,
vacinou apenas 36% da população e adota esse tratamento. A Índia, com letalidade de 1,14, bem menor do que a dos
Estados Unidos e do que a da Inglaterra, vacinou apenas 14%, menos que o Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Senador Luis Carlos Heinze...
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Sim.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – O senhor poderia aguardar um minutinho? A Dra. Mayra tinha me
pedido... Às vezes...
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Sem problema!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A senhora pode ir lá, que eu suspendo a reunião.
A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, pode concluir!
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Está bom.
Ela me pediu... Só que está demorando muito. Aí eu não sei...

A SRA. MAYRA PINHEIRO – Não, pode concluir, Senador.


O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Tudo bem!
Então, vejam aqui... Agora, eu queria que o Senador Randolfe estivesse aqui. Vou citar o Estado dele de novo.
Eu recebi, do Dr. Pedro Omar, que liderou o movimento das forças vivas e partidos políticos, Ministério Público, enfim,
da comunidade... Sabe qual é a letalidade, hoje, no Estado do Amapá? É de 1,5. Sabe qual é a letalidade no Amazonas?
É de 3,4. Em São Paulo, é de 3,4. A do Rio de Janeiro – pasmem! – é de 5,9. É de 1,4... E adotam esse procedimento.
Adotam esse procedimento! V. Exa. falou isso, inclusive, na sua fala, Deputado, com o Senador Marcos Rogério.

Então, vejam aqui que eu estou chamando a atenção dos colegas Senadores e Senadoras, que eu aqui propus ao Senador
Rodrigo Pacheco que encaminhasse, na Comissão Covid, para ouvir alguns especialistas – não sou eu, mas especialistas,

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Senador Girão – falar desse assunto: Francisco Cardoso, Paulo Porto, inclusive, o Prefeito de Porto Feliz, que é um médico,
porque há lá 1,2, 1,3 de letalidade, para que ele explique o que ele fez, para que o Brasil, senhoras e senhores, possa
adotar esse procedimento. Os Estados brasileiros... Está dando certo em alguns lugares. Vejam aqui: Chapecó, 1,66; Porto
Seguro, 0,83; Condor, Rio Grande do Sul, 0,66; Toledo, Paraná – seu Estado –, 1,45; Porto Feliz, São Paulo, 1,14; Búzios,
Rio de Janeiro, 1,21; Nova Lima, Minas Gerais, 1,21; Jaguaré, Espírito Santo, 1,39; Floriano, Piauí, 1,74.
Se nós tivéssemos, Senador Renan, Senador Omar, esse tratamento não demonizado, e, sim, autorizado legalmente – o
Conselho Federal de Medicina dá orientação aos médicos para que possam prescrever off-label – e as próprias portarias
do Ministério da Saúde permitam que o façam, nós não teríamos, então, essas mortes que o Senador Renan coloca, de
450 mil, e – quem sabe? – nós teríamos 225 mil mortes no Brasil – 225 mil mortes! Não é o atual tratamento; a forma
como se faz o tratamento é que vai criminalizá-lo.
Então, isso é o que eu coloco às senhoras e aos senhores, extremamente importante.
Algum colega falou que não tinha recomendação para vírus. Está aqui. Chikungunya é um vírus. Trata com o quê?
Cloroquina. Está aqui. Zika vírus, um vírus. Um cientista brasileiro, médico de uma universidade na Califórnia, descobriu
a cura do zika vírus com cloroquina. É um vírus. É um cientista brasileiro que está nos Estados Unidos.
Então, o que eu vejo – deixemos de criminalizar os médicos –: hoje existem em torno de 30 países que adotam esse
procedimento, 30 países. O que eu gostaria, Senador Omar, é que nós tirássemos a ideologia de lado – médicos de direita,
médicos de esquerda –, deixássemos de criminalizar.
O que eu ouço, Dra. Mayra, todo santo dia, é médico pedindo: "Por favor, me ajude!", porque é Ministério Público e tudo
que é lado contra esses médicos que resolvem.
Eu fiz uma solicitação, Senador Omar, para que me passassem, no Estado do Rio Grande do Sul, entre os Prefeitos do
meu partido, quem havia adotado tratamento precoce. As pessoas têm medo de dar informação – medo, Senador Girão!
– e o Ministério Público pressionar, como há ações no meu Estado e no Brasil inteiro.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL) – Mas esse inquérito de Bento
Gonçalves não foi arquivado?
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Foi arquivado. E eu vou buscar mais...
Por isso, Senador Renan, que eu pedi à Polícia Federal para poder investigar, porque, senão, poderia haver concomitância
do Ministério Público e da Polícia Federal. Arquivado porque o objeto da ação – V. Exa. é advogado, eu não sou –, o objeto
era que ele conseguisse que a Serra Gaúcha pudesse fazer o tratamento. Foi autorizado. O.k., está resolvido o assunto.
Então, nesse sentido, Senador Omar, nós tínhamos que parar de grenalizar, como se diz no meu Estado – dupla grenal:
Grêmio e Internacional. Vamos deixar a ideologia! Vamos, por amor de Deus, fazer o tratamento precoce!
A Deputada Aline esteve hoje com o Ministro da Ciência e Tecnologia tratando da vacina no Estado dela, na Universidade
Federal de Minas Gerais.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Quem, Senador? Quem, Senador?
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Como é?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – A Deputada...
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS) – Aline.
O Brasil, hoje, através do Ministério da Ciência e Tecnologia, tem 16 vacinas em andamento, três mais adiantadas, que
são: Ribeirão Preto, com recursos federais; o Instituto de Cardiologia de São Paulo; e a Universidade Federal de Minas
Gerais. A do vosso Estado está um pouco mais atrasada, mas são 16. Tem também, Senador Girão, 16 vacinas, algumas
já autorizadas pela Anvisa, que são chinesas, que são inglesas, que são belgas, que são russas, enfim, ou em fase de
autorização. Hoje, tem 16 grandes laboratórios que querem produzir vacina, 12 de medicamentos humanos e quatro de
medicamentos veterinários. Esses laboratórios querem produzir vacinas. Está sendo desenhado pelo Ministério da Ciência
e Tecnologia, Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura, Anvisa, Ministério das Relações Exteriores e da Economia
um projeto para que nós possamos ser produtores de vacinas, como o Senador Bezerra falou aqui. O Brasil será! Escrevam
o que estou dizendo.

Independentemente das 662 milhões de doses já compradas, o Brasil será produtor de vacinas. Escrevam isso. Está
acontecendo, porque a Índia precisa, a China precisa, e o Brasil poderá, daqui a pouco, Senadora, até ser um exportador
para esses países, com vacina indiana, que está sendo autorizada nos próximos dias pela Anvisa, falta pouco tempo.

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Num. 101508814 - Pág. 99
Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Daqui a pouco, teremos a Sputnik também autorizada. Estão em análise neste instante pela Anvisa e, seguramente, serão
autorizadas. Resolve o problema de documentação ou que ele precise. Por isso, é importante.
E a vacina não é 2021. O resto vai ser preciso nos próximos anos. Já tem a cepa 1, a cepa 2, a cepa 3, e outras coisas poderão
aparecer. Então, nós temos que estar preparados para que a indústria brasileira, não apenas a Fiocruz e o Butantan... E não
tenho nada contra eles, temos que ajudá-los e estão sendo ajudados, mas nós temos que ter também essa possibilidade de
que o Brasil seja produtor de vacinas. Podem escrever o que estou dizendo aqui.
Repito de novo: o Senador Wellington Fagundes iniciou esse processo aqui no Senado Federal, levantou essa bandeira
dos laboratórios de medicamentos veterinários e, hoje, são 16 laboratórios, inclusive de medicamentos humanos também,
para fabricar.
Dra. Mayra, parabéns pela sua fala. Desculpe a iniciação. Seguramente, o Senador Renan não teve aquela intenção de
compará-la com Hitler, nazismo, enfim, mas essas mortes, insisto e repito, pelos números que eu passei aqui, da letalidade
em Municípios brasileiros, seguramente, se nós não criminalizássemos esse tratamento, as mortes seriam muito menores
do que nós estamos tendo neste momento.
Então, é isso. E peço também que deixem de criminalizar os médicos brasileiros, que, em todos os cantos deste País, se
escondem para poder fazer o tratamento, porque têm ações contra eles em todos os sentidos.
Então, agradeço a V. Exa., Senador Omar Aziz, cumprimento V. Sa., Dra. Mayra, pelo trabalho que está fazendo e se
expondo aqui, falando exatamente o que está acontecendo.
Muito obrigado.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pois não, Senador.
O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO. Pela ordem.) – Sr. Presidente, a Ordem do Dia
já se iniciou. Nós estamos já avançando com o primeiro item da pauta. Eu faço um apelo a V. Exa. que, se for possível, a
par de todas as interrogações que tivemos aqui, tanto da Oposição quanto da base do Governo – eu acho que nós já temos
as informações que são necessárias à CPI –, encerre a sessão de hoje.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Nós temos ainda nove Senadores inscritos. Tem a Senadora Leila,
o Senador Roberto Rocha, o Senador Fabiano Contarato, o Senador Izalci, a Senadora Zenaide Maia, o Senador Flávio
Bolsonaro, Jorge Kajuru, Mecias de Jesus e Jean Paul.
Eu recebi agora uma mensagem da Mesa Diretora dizendo que iniciou os trabalhos e que o Presidente está pedindo para
a gente encerrar.
Eu queria só permitir à senhora que a senhora pode ir lá, que eu vou... Eu vou pedir desculpas à Senadora Leila e aos
outros Senadores, eu tento ouvi-los – e eu sei que o Senador Roberto Rocha está aí –, mas não dá para a gente fazer a
reunião da CPI juntamente com o Senado, porque o Presidente já leu para mim o artigo lá 10 vezes.
Eu quero só comunicar aos senhores que, amanhã, nós teremos votação de requerimentos. Tem 402 requerimentos para
serem apreciados. Nós vamos apreciar.

Recebi um comunicado do Forúm Nacional de Governadores, o Ofício nº 48/2021, assinado pelo Governador do Distrito
Federal, Ibaneis Rocha, e pelo Governador do Estado do Piauí, Wellington Dias. Esse expediente é acompanhado do
parecer do Colégio Nacional de Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito Federal: "Solicito esclarecimento sobre a
abrangência de requerimento de informação aprovado por esta Comissão".
Não tem muito o que explicar. A CPI é muito clara: são recursos federais passados pelo Covid. É sobre isto que nós
queremos saber: o que foi gasto tanto em Estado como em Município.
Então, eu queria que a Mesa respondesse: se o Governo Federal repassou R$1 milhão para o Covid... É aquele que nós
votamos aqui para Governadores e Prefeitos e que o próprio Governo repassou. É sobre isto que nós estamos pedindo
informação: onde foram colocados esses recursos? Não tem nada a ver com o SUS, fundo a fundo. O que tem é Covid,
é o que nós queremos saber.
Então, eu queria que você respondesse.
Então, amanhã nós teremos 402 requerimentos. É lógico que nós não vamos votar todos, mas está pautado o requerimento
de nove Governadores, onde houve a ação da Polícia Federal, em várias prefeituras – a maioria é de ex-Prefeitos, porque
foi na gestão passada dos Prefeitos, não foi nesta gestão.
São 12, parece, não é, Senador Renan? São 12, parece. Mas aí, amanhã, a gente vai debater aqui.

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Reunião de: 25/05/2021 Notas Taquigráficas - Comissões SENADO FEDERAL

Vamos começar amanhã às 9h30. Pode ser às 9h30?


O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RO) – Pode, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Pode?
Eu queria agradecer a sua presença, doutora...
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar Senado Independente/REDE - AP. Fora do microfone.) – A que
horas amanhã?
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Às 9h30.
O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - AL. Fora do microfone.) – Às 9h30. Mas
nó temos o...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Dra. Mayra, eu quero agradecer a sua presença e dizer para a senhora que
a gente torce muito para que a senhora esteja certa. Eu não tenho uma opinião porque eu não sou tecnicamente preparado
para dar uma opinião nisso, mas ouço alguns profissionais, e alguns são favoráveis, outros não.
Mas o que nós queremos é torcer muito para que a gente possa ter uma saída para essa doença. E, aqui, este debate é um
debate em que a gente tenta, todos nós, sem exceção, como a senhora... O que nós queremos é evitar mais mortes, não é?
Eu espero que a gente evite. É esse o papel desta CPI. Não é crucificar, não é apedrejar ninguém – esse não é nosso papel
–, mas procurar a verdade, para que a gente possa sair dessa crise.
Se a gente precisar da sua ajuda novamente, lhe pediremos para voltar.
A SRA. MAYRA PINHEIRO (Fora do microfone.) – Estou à disposição.
O SR. PRESIDENTE (Omar Aziz. PSD - AM) – Será um prazer tê-la aqui.
Obrigado.
Está encerrada esta reunião.
(Iniciada às 9 horas e 43 minutos, a reunião é encerrada às 16 horas e 59 minutos.)

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Mayra contradiz Pazuello sobre Manaus e defende
isolamento
Secretária do Ministério da Saúde não usou direito de ficar calada e
defendeu ainda aplicativo para tratamento precoce
Brasil | Do R7

25/05/2021 - 17h02 (Atualizado em 25/05/2021 - 19h15)

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A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro

Jefferson Rudy/Agência Senado - 25.05.2021

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, falou à CPI da Covid, no
Senado, por cerca de sete horas nesta terça-feira (25). No depoimento, ela contradisse o ex-ministro da Saúde Eduardo
Pazuello sobre a crise de oxigênio em Manaus, questionou a OMS (Organização Mundial da Saúde), defendeu o uso
de cloroquina para parte dos pacientes com covid-19 e afirmou que aplicativo para tratamento precoce desenvolvido
pelo ministério, mas que acabou cancelado, "poderia ter salvo muitas vidas".

Número do documento: 21082623045632000000094648004


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Num. 101508815 - Pág. 1
A secretária não lançou mão do direito de ficar calada sobre o colapso do sistema de saúde em Manaus para não
produzir prova contra si, que havia sido garantido pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Esse foi justamente um
dos pontos que concentraram as perguntas dos senadores.

Leia também

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Mayra Pinheiro disse que foi notificada da falta de oxigênio no estado no dia 8 de janeiro e não no dia 10, como havia
afirmado o ex-ministro em seu depoimento, na última semana. "Pelo que tenho de provas é que tivemos comunicação
por parte da secretaria estadual que transferiu ao ministro e-mail da White Martins dando conta sobre problema na
rede de abastecimento", explicou.

A informação é endossada pela AGU (Advocacia-Geral da União) em ofício ao STF (Supremo Tribunal Federal) na
investigação contra Eduardo Pazuello.

Cloroquina e TrateCov
Conhecida como "capitã cloroquina", Mayra Pinheiro defendeu o uso do medicamento no tratamento de covid-
19, apesar da falta de estudos científicos que mostrem eficácia. Ela alegou haver evidências e afirmou que os
medicamentos foram "estigmatizados e criminalizados". 

"A gente teve um grande prejuízo, a humanidade, pessoas que poderiam não ter sido hospitalizadas e não terem ido a
óbito, se a gente não tivesse criminalizado duas medicações antigas, seguras e baratas que poderiam ter sido
disponibilizadas e prescritas pelo médico".

A defesa foi semelhante à feita em relação ao TrateCov, um aplicativo lançado pelo Ministério da Saúde em janeiro
para orientar profissionais de saúde sobre tratamento precoce contra covid-19.

O sistema sugeria receitar remédios na fase inicial da doença, mesmo não havendo comprovação científica de
benefícios. O aplicativo teria em seu banco de dados oito possibilidades de medicamentos, incluindo hidroxicloroquina
e ivermectina, que foram recomendados em prescrições simuladas por usuários na internet. O tema rendeu polêmica,
fazendo o Ministério da Saúde cancelar o serviço. 

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Num. 101508815 - Pág. 2
Pazuello afirmou na semana passada que a autora da iniciativa foi Mayra Pinheiro. Nesta terça, ela afirmou que o
aplicativo "poderia ter salvo muitas vidas", e complementou que o sistema foi alvo de extração ilegal de dados antes
de ser colocado oficialmente no ar, o que teria prejudicado o andamento. 

Ela apontou como base para o aplicativo o estudo "The AndroCoV Clinical Scoring for Covid-19 Diagnosis" (O
Escore Clínico AndroCov para Diagnóstico da Covid-19), de autoria de médicos conhecidos por defenderem o
"tratamento precoce". Os protocolos do estudo foram alvo de críticas por membros da comunidade científica.

Mais para o final de seu depoimento, Mayra, ao ser perguntada por senador do PT, declarou ser a favor de medidas
preventivas contra a covid-19, como o isolamento social, utilização de máscaras e a vacinação em massa da população.

A médica fez críticas à OMS (Organização Mundial da Saúde), afirmando que a entidade já fez recomendações
“condenáveis” e “falhas”. Ela ressaltou que os países não são obrigados a seguir as diretrizes do órgão.

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Num. 101508815 - Pág. 3
Notícias Congresso

"Capitã
cloroquina" será
questionada sobre
imunidade de
rebanho em CPI
por: Gabriela 24/5/2021 às
Congresso
Vinhal| 20:05

Comissão quer saber se governo


não quis comprar vacinas e optou
por receitar "kit covid" aos estados

Número do documento: 21082623045639300000094648005


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Num. 101508816 - Pág. 1
Mayra já é investigada pelo Ministério Público Federal (MPF)
no Amazonas | Júlio Nascimento/PR

A secretária de Gestão do Trabalho e Educação


no Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro -- que
recebeu o apelido de "Capitã Cloroquina" por
defender o tratamento precoce contra a covid-19
--, presta depoimento nesta 3ª feira (23.mai) à
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Pandemia. Ela é a segunda testemunha
protegida por um habeas corpus concedido pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), que dá à
servidora a permissão de ficar em silêncio sobre
fatos que ocorreram entre dezembro de 2020 e
janeiro deste ano. O período abrange justamente
o colapso do sistema de saúde em Manaus e a
crise de oxigênio no Amazonas.

+ "Capitã cloroquina" consegue habeas


corpus para ficar em silêncio na CPI

Mayra já é investigada pelo Ministério Público


Federal (MPF) no Amazonas, no inquérito que
apura o uso do tratamento precoce contra o
coronavírus. Senadores querem saber se o

objetivo do governo era fazer uma espécie de


"imunidade de rebanho" ou imunidade coletiva

Número do documento: 21082623045639300000094648005


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045639300000094648005
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Num. 101508816 - Pág. 2
imunidade de rebanho , ou imunidade coletiva,
que consiste em uma imunização natural, ou
seja, visa que uma grande parte da população
seja diagnosticada com a doença e,
consequentemente, adquira anticorpos contra o
vírus. O próprio relator da CPI, Renan Calheiros
(MDB-AL), acredita que o presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) defenda a medida. 

Calheiros deverá ainda questionar a "capitã


cloroquina" sobre a divulgação do remédio pelo
Ministério -- se foi uma iniciativa da própria
secretária, ou se houve o pedido de alguém
superior, como Bolsonaro ou o ex-ministro da
Saúde Eduardo Pazuello. Em oitiva à CPI na
semana passada, o general acusou Mayra de ter
idealizado e lançado o TrateCov no Amazonas,
plataforma desenvolvida pela Saúde para auxiliar
médicos a prescreverem cloroquina,
hidroxicloroquina e ivermectina a todos os tipos
de pacientes diagnosticados com covid-19. 

+ Quem é Mayra Pinheiro, a "capitã


cloroquina" que irá depor na CPI

Em depoimento ao MPF, Mayra defendeu o uso


do "kit covid" e confirmou que ela foi a
responsável pela comitiva que enviou médicos ao
estado para difundir o uso da cloroquina como
tratamento precoce contra o novo coronavírus.
Senadores esperam que a servidora contribua
com as investigações e, caso decida responder
às perguntas referentes ao período blindado pelo
HC, fale a verdade. O "G7" -- grupo formado por
parlamentares independentes ao Palácio do
Planalto e de oposição -- defende que, caso mais
algum depoente minta, o colegiado "tome
providências", ou seja, peça a prisão da
testemunha

Número do documento: 21082623045639300000094648005


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Num. 101508816 - Pág. 3
testemunha.

Os congressistas acusam Pazuello e o ex-


secretário de Comunicação da Presidência Fábio
Wajngarten de terem mentido durante
depoimento à CPI. Por isso, argumentam que a
comissão deve se impor para evitar que o
episódio ocorra novamente. O senador Omar Aziz
(PSD-AM), presidente do colegiado, relatou a
aliados que não admitirá mais a conduta durante
depoimentos. 

+ Confira a programação da CPI da Covid


nesta semana

Quem é a capitã cloroquina

Conservadora e de direita, Mayra foi uma das


lideranças no movimento contra a vinda de
cubanos pelo programa Mais Médicos em 2013,
durante o governo da petista Dilma Rousseff. Em
2018, filiada ao PSDB, ela concorreu como "Dra.
Mayra" a uma das duas vagas do Ceará ao
Senado Federal. Ficou em quarto lugar, recebeu
11,37% dos votos válidos e não saiu vitoriosa.

No ano passado, chegou a ser cotada para


concorrer à Prefeitura de Fortaleza pelo Novo,
mas a ideia não foi adiante. Instalada para
investigar a conduta do governo no combate ao
coronavírus e os repasses de recursos federais a
estados e municípios, a CPI já ouviu os ex-
ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e
Nelson Teich, que deixaram o ministério por
discordarem de Bolsonaro sobre o uso da
cloroquina. Além deles, Pazuello também

confirmou que Mayra era a responsável por


defender o tratamento precoce na pasta

Número do documento: 21082623045639300000094648005


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Num. 101508816 - Pág. 4
defender o tratamento precoce na pasta. 

Cpi Da Pandemia Gabriela Vinhal

Capitã Cloroquina Cpi Da Covid

Número do documento: 21082623045639300000094648005


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PERFIL

CPI: 'Capitã cloroquina' criticou restrições e tinha 'má fama' na Saúde


Mayra Pinheiro tinha pouca influência com Mandetta, mas ganhou protagonismo na gestão Pazuello; agora,
precisará explicar a senadores postura ante a pandemia

Guilherme Peixoto

24/05/2021 18:05 - atualizado 24/05/2021 19:15

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Mayra Pinheiro, a 'capitã cloroquina', precisará fornecer explicações aos senadores da CPI da COVID-19; depoimento é nesta terça (25)
(foto: Anderson Riedel/PR)

Os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19 se preparam para ouvir figuras de escalões inferiores do Ministério da Saúde.
A nova etapa começa após as oitivas de ex-chefes da pasta e do atual responsável pela área, Marcelo Queiroga. Nesta terça-feira (25/5) quem deve depor
é a pediatra e intensivista Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, jocosamente chamada de “capitã cloroquina”. Nas
redes sociais, a cearense protesta contra medidas restritivas.

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A médica de 54 anos ganhou destaque ao defender, como forma de combate ao novo coronavírus, a utilização do remédio, sem eficácia comprovada
contra a doença viral. Por isso, ganhou uma espécie de “apelido militar”. Na Esplanada dos Ministérios desde o início da gestão de Luiz Henrique
Mandetta, em 2019, Mayra é descrita por interlocutores que já bateram ponto na Saúde federal como uma secretária discreta em termos de resultados. 

Candidata ao Senado pelo PSDB cearense em 2018, terminou em quarto lugar, com 11,37% dos votos válidos. Perdeu a disputa para Cid Gomes (PDT) e
Eduardo Girão (Pros), que levaram as duas vagas em jogo. Apoiadora ferrenha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), também ganhou notoriedade
por protestar contra o programa Mais Médicos, que “importou” profissionais de países como Cuba e Venezuela para encorpar a rede assistencial do
Brasil. 

Ao lado do antigo chefe, Eduardo Pazuello, Mayra é alvo de ação do Ministério Público Federal (MPF) que investiga as responsabilizações pelo caos
sanitário provocado pela falta de oxigênio em Manaus.

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Pouca influência com Mandetta e crise no Amazonas


O Estado de Minas apurou que, durante o tempo em que foi chefiada por Mandetta, Mayra tinha pouco poder de decisão. No livro “Guerra à Saúde:
Como o Palácio do Planalto transformou o Ministério da Saúde em inimigo público no meio da maior pandemia do século XXI”, Ugo Braga, que foi
chefe da assessoria de comunicação do ministério na gestão do médico sul mato-grossense, conta que a secretária tinha fama de “fazer muito e falar
pouco”. Apesar disso, o jornalista levanta a hipótese de a reputação ser “injustificada”. 

Quando Mandetta foi demitido, em abril do ano passado, Mayra continuou no ministério. Sobreviveu à passagem relâmpago de Nelson Teich e ganhou
protagonismo com Pazuello, que saiu em março deste ano. 

Mayra comandou ações da Saúde nacional em Manaus pouco antes de a cidade sofrer por causa do desabastecimento de oxigênio. Ao MPF, segundo
documentos obtidos por “O Globo”, a médica confirmou ter visitado hospitais em prol da difusão do ineficaz tratamento precoce, chamado de “kit
COVID-19”. Além da cloroquina, o coquetel de medicamentos tem substâncias como o vermífugo ivermectina.

A secretária precisará dar explicações sobre o TrateCov, aplicativo responsável por “calibrar” a dosagem dos remédios do coquetel conforme os
sintomas. 

Por ser alvo de ação que pode resultar em indiciamento por improbidade administrativa, a “capitã cloroquina” conseguiu, por intermédio do Supremo
Tribunal Federal (STF), habeas corpus que permite o silêncio em caso de perguntas dos senadores sobre o colapso no Amazonas, entre dezembro de
2020 e janeiro deste ano. 

O princípio do benefício é o mesmo do habeas corpus concedido a Pazuello antes de seu depoimento: evitar a criação de provas contra si mesma.  

Defesa da cloroquina, artigo científico e estratégia de defesa

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Os perfis de Mayra Pinheiro na internet têm inúmeras referências à cloroquina, remédio que, originalmente, serve para enfermidades como lúpus e
malária. Antes tida como uma secretária de pouca relevância, a cearense precisará ir à CPI explicar, sobretudo, a defesa à ao composto. Nesta segunda
(24/5), ao jornal paranaense “Gazeta do Povo”, voltou a sustentar a tese que costumeiramente difunde. 

“Assim como todos os tratamentos na medicina, sem exceção, essa droga possui graus de eficácia e eficiência que irão variar, segundo as evidências
atuais, de acordo com a gravidade da doença, tempo de início do seu uso e medicações associadas”, disse, ao tratar do remédio. 

Apesar do protagonismo adquirido por causa do dito “tratamento precoce”, a secretaria comandada por Mayra não é, em tese, o setor responsável por
deliberar sobre o combate a enfermidades. Durante a gestão de Mandetta, por exemplo, ela foi incumbida de formatar “O Brasil conta comigo”,
programa para encorpar a rede de saúde com estudantes de medicina. Foi responsável, também, por captar médicos para as áreas em situação difícil. 

A médica vai ao Senado Federal acompanhada por dois advogados. Um deles, Djalma Pinto, garante que a atuação da cliente é “respaldada por estudos
científicos autorizados” e baseada na “legalidade”.

Em fevereiro, Mayra publicou artigo em fevereiro defendendo a nota técnica que deliberava sobre a utilização do "kit COVID" em solo nacional. A
secretária alega que opositores do coquetel podem ser responsáveis por milhares de mortes. O texto foi submetido à Revista Sanitária da Comissão de
Saúde do Conselho Nacional do Ministério Público.

Quem também assina o texto é Hélio Angiotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.  

"A esperança de pacientes e profissionais em exercitar sua liberdade, que em nada viola a liberdade dos demais e que responde a um potencial benefício
terapêutico, não pode ser suplantada pelo desejo tirânico de distorcer a ciência e utilizá-la como pretexto para uma disputa política e para a opressão
profissional", argumentam.

Nas redes, Mayra age como política

Em meio à defesa dos remédios sem eficácia atestada, Mayra age como uma espécie de “política” nas redes. Seu perfil no Instagram, por exemplo, é
recheado de artes destacando manchetes favoráveis ao governo e a Bolsonaro — mesmo que não tenham relação direta com a COVID-19, como os
protestos ocorridos no Dia do Trabalhador. 

Os conteúdos, aliás, têm uma assinatura em forma de logomarca, como fazem deputados, vereadores e outras figuras do poder público.

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Em 2018, Mayra Pinheiro quase alcançou Eduardo Girão na disputa pelo Senado Federal. O PSDB, que a abrigou na disputa, tem o cearense Tasso
Jereissati como um de seus representantes na Câmara Alta do Congresso. Ele foi um dos cabos eleitorais da médica, que concorreu sob a alcunha de
“Doutora Mayra”. 

Nas redes, seguindo expediente bolsonarista, a médica adota postura bélica contra alguns veículos da imprensa cearense. Constantemente, critica o jornal
“O Povo” pela cobertura de fatos que a envolvem, como a recente ação do MPF. 

Em “Guerra à Saúde”, Ugo Braga diz que Jereissati indicou a então correligionária para ocupar posto no Ministério da Saúde. A reportagem tentou
contato com a assessoria do parlamentar para ouvi-lo sobre a suposta recomendação, mas ainda não obteve retorno. 

Médica deixou de ser tucana e ingressou no Novo

Algum tempo depois do pleito de 2018, Mayra deixou os quadros tucanos e passou a pertencer ao partido Novo. Lá, chegou a ser ventilada como
possível componente de chapa para disputar a Prefeitura de Fortaleza. A legenda, porém, não participou da corrida eleitoral.

Em março deste ano, a integrante do governo federal se desfiliou do partido Novo. A direção nacional da agremiação, vale lembrar, emitiu nota que
posiciona a sigla como oposição à gestão Bolsonaro. 

O resultado de 2018 credenciou Mayra a ser importante player na última disputa eleitoral em Fortaleza. Sem candidato no Novo, apoiou o bolsonarista
Capitão Wagner, do Pros, que parou no segundo turno. 

Oposição ao Mais Médicos

No papel, a pasta que Mayra Pinheiro assumiu no Ministério da Saúde é responsável por cuidar de iniciativas como o Mais Médicos, remodelado por

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Bolsonaro — o que acabou dificultando o ingresso de mais profissionais estrangeiros. 

No fim de 2018, ao “El País Brasil”, a cearense teceu críticas às diretrizes originais do Mais Médicos, alegando que a política pública servia,
prioritariamente, para auxiliar prefeitos sem recursos para contratar profissionais de saúde. Na visão dela, não havia a garantia de que os cidadãos
estavam “recebendo” os médicos. A profissional também não deixou de alfinetar os cubanos.

“A gente não pôde comprovar a certificação de que essas pessoas (cubanos) haviam cursado medicina nem que tinham o domínio da língua. Essa
prerrogativa é de todos os países do mundo, porque não foi no Brasil?”, perguntou. 

Com bom trânsito entre a classe médica, Mayra já presidiu o sindicato da categoria no Ceará e foi uma das principais vozes contrárias à importação de
profissionais. Nas redes, aliás, a médica sempre compartilha posts de entidades contrárias a medidas restritivas. Em março, replicou nota em que o
Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) oficializa posição contrária ao lockdown. 

“A restrição ainda maior de liberdade causa o aumento da incidência de transtornos mentais, o uso e abuso de álcool/ou outras drogas, agravamento das
demais doenças crônicas, além de prejuízo irremediável à economia, provocando desemprego, fome, violência e, por conseguinte, mais caos à saúde”, lê-
se no texto, escrito quando a unidade federativa optou por endurecer o combate à infecção. 

A saúde mental citada pelo CRM-DF na nota que Mayra compartilhou parece ser um tema muito caro à médica. Ela costuma compartilhar conteúdos
sobre o tema.

Segundo escalão pode dar respostas

Os senadores da CPI da COVID-19 esperam ansiosamente a nova série de depoimentos. Em análise prévia, os parlamentares creem que integrantes de
camadas inferiores do Ministério da Saúde podem apontar os responsáveis pelos caminhos escolhidos.

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“Não será surpresa se elas acabarem trazendo mais resultados, pois são essas figuras do segundo e do terceiro escalão que colocam a mão na massa. Vão
poder explicar de quem receberam ordens e qual foi o processo para a tomada de decisão. Ou seja: se houve consulta a especialistas e verificação daquilo
que a ciência determinava ou se apenas a política que fez a gestão da saúde no Brasil. Isso vai trazer bons resultados”, projeta Alessandro Vieira
(CIdadania-SE), suplente no colegiado.

Mayra Pinheiro segundo o livro "Guerra à Saúde", de Ugo Braga


Pediatra e intensivista, Mayra é uma profissional respeitada no meio médico. Pediatra e intensivista, foi candidata ao Senado pelo PSDB no Ceará na
eleição de 2018 e acabou derrotada, com apenas 11% dos votos. Não tinha proximidade com o ministro. Fora indicada pelo senador Tasso Jereissati e
também fazia parte do grupo de apoio irrestrito a Bolsonaro. Inexperiente no serviço público, ganhou dentro da equipe a má fama, talvez injustificada,
de falar muito e fazer pouco.

O que é uma CPI?

As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais,
deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou
de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um terço dos 81 parlamentares. Na Câmara dos Deputados,
também é preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

Há a possibilidade de criar comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, é preciso obter
assinaturas de um terço dos integrantes das duas casas legislativas que compõem o Congresso Nacional.

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O que a CPI da COVID investiga?
Instalada pelo Senado Federal em 27 de abril de 2021, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI da COVID trabalha para apurar
possíveis falhas e omissões na atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. O repasse de recursos a estados e municípios
também foi incluído na CPI e está na mira dos parlamentares.

O presidente do colegiado é Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) é o relator. O prazo inicial de trabalho são 90 dias, podendo
esse período ser prorrogado por mais 90 dias.

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Saiba como funciona uma CPI


Após a coleta de assinaturas, o pedido de CPI é apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo é oficialmente criado após a leitura em
sessão plenária do requerimento que justifica a abertura de inquérito. Os integrantes da comissão são definidos levando em consideração a
proporcionalidade partidária — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideranças de cada
agremiação são responsáveis por indicar os componentes.

Na primeira reunião do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do
posto é responsável por conduzir as investigações e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relatório final do inquérito, contendo as
conclusões obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomendações para evitar que as ilicitudes apuradas não voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento
deve ser encaminhado a órgãos como o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União (AGE), na esfera federal.

Conforme as investigações avançam, o relator começa a aprimorar a linha de investigação a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser
designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pré-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um período, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?


chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)
executar prisões em caso de flagrante

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solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública
convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secretários, no caso de CPIs estaduais — para depor
ir a qualquer ponto do país — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audiências e diligências
quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação
solicitar a colaboração de servidores de outros poderes
elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada
pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)
solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI não pode fazer?

Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:


julgar ou punir investigados
autorizar grampos telefônicos
solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares
declarar a indisponibilidade de bens
autorizar buscas e apreensões em domicílios
impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem
documentos relativos à CPI
determinar a apreensão de passaportes

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A história das CPIs no Brasil
A primeira Constituição Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas à Câmara dos Deputados. Treze
anos depois, o Senado também passou a poder instaurar investigações. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a Câmara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro começou a funcionar em 1935, para investigar as
condições de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comitê similar foi criado em 1952, quando a preocupação era a situação da
indústria de comércio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constituição foi redigida. O texto máximo da nação passou a
atribuir poderes de Justiça a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil


1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atuação do sistema de alfabetização adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União

2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as
diretrizes para a formulação dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal

2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018

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   CPI DA COVID  CONGRESSO NACIONAL 

Quem é Mayra Pinheiro, a 'capitã cloroquina',


secretária do Ministério da Saúde que depõe nesta
terça
Senadores da CPI da Covid pretendem entender melhor a atuação do governo para promover o chamado
'tratamento precoce'
25.mai.2021 às 10h34

Mariana Schreiber

BRASÍLIA | BBC NEWS BRASIL Conhecida pela alcunha de "Capitã Cloroquina", a secretária de Gestão
do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, iniciou depoimento
nesta terça-feira (25) à CPI da Covid.

Com o depoimento da pediatra cearense, os senadores pretendem entender melhor a atuação do


governo de Jair Bolsonaro para promover o chamado "tratamento precoce" — um coquetel de
medicamentos sem eficácia comprovada contra Covid-19 que inclui substâncias como cloroquina,
azitromicina e invermectina.

Os parlamentares querem questioná-la, principalmente, sobre sua atuação na liderança de uma


comitiva do Ministério da Saúde ao Amazonas no início do ano, quando o Estado sofreu um colapso
do sistema de saúde, com falta de leitos e de oxigênio para tratar o crescente número de pacientes
com Covid-19.

Pinheiro, porém, obteve um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal) que permite que ela
fique calada sobre esses acontecimentos. Isso porque a secretária é alvo de uma ação de improbidade
administrativa que investiga a omissão de autoridades diante do colapso do sistema de saúde do
Amazonas.

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A médica Mayra Pinheiro com o presidente Bolsonaro, em janeiro de 2020 - Reprodução Facebook

O habeas corpus foi concedido porque a Constituição garante o direito ao investigado de não produzir
prova contra si mesmo.

O objetivo dessa ação de improbidade administrativa é verificar se autoridades "omitiram-se no


cumprimento de seus deveres, ao retardar o início das ações do Ministério da Saúde no estado, ao não
supervisionar o controle da demanda e do fornecimento de oxigênio medicinal nas unidades
hospitalares do Amazonas, ao não prestar ao estado a necessária cooperação técnica quanto ao
controle de insumos, ao retardar a determinação da transferência de pacientes à espera de leitos para
outros estados, ao realizar pressão pela utilização 'tratamento precoce' de eficácia questionada no
Amazonas e ao se omitir em apoiar o cumprimento das regras de isolamento social durante a
pandemia".

No dia 10 de janeiro, quando a comitiva do Ministério da Saúde estava no Estado, o governador do


Amazonas, Wilson Lima (PSC), anunciou que a situação era "dramática" e pediu de apoio ao governo
federal para transporte de cilindros do gás de outras regiões do Brasil.

No dia seguinte, porém, Pinheiro lançava em Manaus, ao lado do ex-ministro da Saúde Eduardo
Pazuello, a plataforma TrateCov e promovia como solução para redução das internações de pacientes
com coronavírus o "tratamento precoce".

A secretária esteve na cidade antes, no dia 4 de janeiro, como representante do ministério para
"alinhar ações de fortalecimento da pasta, para o enfrentamento da Covid-19 no Amazonas", segundo
registros da sua agenda oficial.

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Apesar do iminente desabastecimento de oxigênio, a principal resposta liderada pela secretária à crise
foi promover o uso de medicamentos sem eficácia.

Segundo Pazuello disse à CPI na semana passada, o TrateCov foi desenvolvido por sugestão de
Pinheiro com o propósito de auxiliar médicos no diagnóstico e tratamento da Covid-19. Na prática, o
aplicativo recomendava o coquetel de medicamentos sem eficácia indiscriminadamente, até mesmo
para bebês.

A plataforma acabou sendo retirada rapidamente do ar após críticas, e Pazuello hoje insiste que ela foi
disponibilizada indevidamente por um hacker, apesar de o governo ter oficialmente divulgado o
TrateCov.

Na cerimônia em que anunciou o aplicativo em Manaus, Mayra Pinheiro exaltou a ferramenta como
uma forma de realizar diagnósticos rápidos no lugar do uso de testes RT-PCR.

"Nós não podemos perder tempo diante do quadro epidemiológico que hoje toma conta do Estado do
Amazonas e de diversos estados brasileiros. Nós estamos apresentando para a sociedade um
aplicativo que permite, como eu disse, com forte valor preditivo, dizer se o doente, diante das suas
manifestações clínicas, ele tem ou não a Covid-19", sustentou.

"E assim nós podemos, no período de cinco minutos, com a utilização desse aplicativo, que já pode
ser acessado através das páginas do Ministério da Saúde, nós poderemos ofertar imediatamente para
milhões de brasileiros o tratamento precoce, evitando que essas pessoas evoluam para quadros mais
graves e que elas necessitem de novos leitos já escassos em todo o país", acrescentou.

Na ocasião, ela fez ainda uma apelo a "todos os prefeitos do estado do Amazonas" para que adotassem
o tratamento precoce".

"Por mais que nós tenhamos em breve a vacina disponível para toda a população brasileira, não há
tempo a perder. Precisamos evitar novos óbitos", disse também.

PROJEÇÃO COM OPOSIÇÃO AO MAIS MÉDICOS

Pinheiro está no atual cargo desde o início do governo, tendo sido nomeada na gestão do primeiro
ministro da Saúde do presidente Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta. Sua escolha, porém, é
atribuída diretamente Palácio do Planalto, o que se refletiu na sua permanência na pasta apesar do
troca-troca de ministros.

Mandetta deixou o governo em abril de 2020, tendo sido substituído por Nelson Teich, que durou
menos de um mês no cargo —ambos disseram ter saído do governo por não concordar com Bolsonaro
na defesa da cloroquina e na crítica ao distanciamento social.

Foi justamente com a ascensão do general Eduardo Pazuello ao comando da pasta que Pinheiro
ganhou mais projeção, ao se alinhar integralmente ao presidente e ao ministro a favor do "tratamento
precoce".

Com a militarização do ministério por Pazuello, a secretária se tornou uma das poucas pessoas com
formação médica em postos de comando na pasta da Saúde.

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A médica Mayra Pinheiro ao lado do então ministro da Saúde Eduardo Pazuello - Reprodução/Facebook

Em sua conta no Instagram, que conta com 16,5 mil seguidores, Pinheiro diz que tem "uma vida
inteira dedicada à medicina".

"São mais de 30 anos de estudos, mestrados e doutoramentos até chegar ao Ministério da Saúde", diz
ainda a descrição.

Apesar do plural, seu currículo na plataforma Lattes aponta um mestrado na USP (Universidade de
São Paulo), título obtido em 2002 com a tese "Morbidade Neonatal e pós-neonatal de crianças de
alto-risco nascidas no Hospital Geral Dr. César Cals em Fortaleza".

Além disso, indica que a secretária cursa desde 2016 um doutorado em Bioética pela Universidade do
Porto (Portugal). Procurada pela BBC News Brasil, a instituição disse que Pinheiro está no terceiro
ano do programa.

Natural de Fortaleza, ela se formou em medicina em 1991 na Universidade Federal do Ceará e


presidiu o Sindicato dos Médicos do Ceará entre 2015 e 2018.

Se projetou publicamente como opositora do programa Mais Médicos, implementado em 2013 pela
ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Sua principal crítica era contra a vinda de médicos cubanos sem a revalidação do diploma de
medicina no Brasil. Pinheiro nega, porém, ter participado do protesto que chamou os profissionais
cubanos de escravos durante seu desembarque no aeroporto de Fortaleza.

Número do documento: 21082623045654000000094648007


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045654000000094648007
Assinado eletronicamente por: OCTAVIO AUGUSTO DA SILVA ORZARI - 26/08/2021 23:04:56
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Ela se filiou ao PSDB e disputou sem sucesso duas eleições —em 2014 tentou um mandato de
deputada federal e, em 2018, concorreu ao Senado. Terminou em quarto lugar com 11,37% dos votos.

Depois, ingressou no partido Novo, mas, segundo a Folha, ela deixou a sigla após lideranças do
partido, como João Amoedo, passarem a defender o impeachment de Bolsonaro.

INFORMAÇÕES FALSAS NA DEFESA DA CLOROQUINA

Desde o início da pandemia, a secretária foi ativa em defender o uso de medicamentos ineficazes
contra a Covid-19 e na crítica ao isolamento social.
Em entrevista concedida em abril de 2020 ao canal no YouTube da Associação Brasileira de
Psiquiatria, por exemplo, ela compara a recomendação para que a população fique em casa (com
objetivo de reduzir o contágio do coronavírus) à perda de liberdade de pessoas presas.

Na mesma ocasião, a secretária disse que já existiam estudos amplos e com rigor científico aprovando
a eficácia da hidroxicloroquina associada à azitromicia. Pesquisas realizadas até o momento, porém,
apontam justamente o contrário.

"A gente já tem estudos com 600, com 500 pacientes que mostram, (estudos) randomizados, duplo-
cegos, controlados, mostrando a taxa de sucesso muito alta. Mostrando que a gente tem sim agora a
possibilidade de iniciar, quando as pessoas começam a ter sintomas, iniciar o uso dessa medicação
hidroxicloroquina associada à azitromicina", afirmou na ocasião.

Estudos randomizados e controlados são pesquisas científicas em que os voluntários são distribuídos
aleatoriamente em dois grupos (os que recebem o medicamento testado e os que recebem placebo). E
duplo-cego significa que nem os voluntários nem os médicos sabem previamente as pessoas que
tomaram cada uma dessas substâncias.

São técnicas consideradas fundamentais em pesquisas sérias. Já existem diversos estudos desse tipo
que atestam a ineficácia da hidroxicloroquina contra a Covid-19. Um deles é o do Recovery Trial, feito
no Reino Unido. Numa análise de mais de 4.500 pacientes hospitalizados, o uso de hidroxicloroquina
e azitromicina não trouxe benefício algum.

Um painel de especialistas internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu, em


março deste ano, que o medicamento não previne a infecção, fazendo uma "forte recomendação" para
que não seja usado. Esta forte recomendação é baseada em seis estudos clínicos com evidências de
alto nível que somam mais de 6 mil participantes.

Também não há evidências de que a ivermectina, fármaco usado no tratamento de parasitas como
piolho e sarna, ajude no tratamento da Covid-19. Os estudos disponíveis até agora são inconclusivos.

Por isso, a Agência Europeia de Medicamentos é contrária ao uso de ivermectina no tratamento da


Covid-19. Após revisar as publicações sobre o medicamento, a agência considerou que os estudos
possuíam limitações, como diferentes regimes de dosagem do medicamento e uso simultâneo de
outros medicamentos.

"Portanto, concluímos que as atuais evidências disponíveis são insuficientes para apoiarmos o uso de
ivermectina contra a Covid-19", concluiu a agência.

Número do documento: 21082623045654000000094648007


https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21082623045654000000094648007
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