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Manual Enfermagem AP

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MANUAL DE ENFERMAGEM

Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Elaboração
Adriana Ferreira Pereira Liliane Oliveira Ferreira de Castro
Andreia Cristina Seabra Rodrigues Leise Maria Amaral Matias
Daniela de Melo Alvim Machado Luana Queiroga Mendes Ramos
Daniela Soares Rosa Bresolini Maria Ligia Gomes
Débora Carneiro Ramos Silva Maria Teresinha de Oliveira Fernandes
Érica Fernandes Rodrigues Marina Marques Soares
Fernanda Azeredo Chaves Neilian Abreu Rocha
Fernanda Ourives Barreto Pauline Fraga Lignani
Karine dos Santos Silva Priscila Lima Gomes de Paiva
Karine Suelem Marques Rafaela Vieira Lopes
Klébio Ribeiro Silva de Martin
Liliane Aparecida S. Braz Benfica

Organização
Adriana Ferreira Pereira
Débora Carneiro Ramos Silva
Fernanda Azeredo Chaves
Klébio Ribeiro Silva de Martin
Taciana Malheiros Lima Carvalho

Colaboração Revisão Final


Adriana Cristina Camargos de Rezende Adriana Ferreira Pereira
Grazielle Martins Costa Fernanda Azeredo Chaves
Gustavo Silva Souto Rocha
Ivone Éveli Martins Projeto Gráfico
Lucia Menezes Rodrigues Comunicação Visual
Mayara Sousa Vianna
Rubia Mácia Xavier de Lima
Sintia de Souza Evangelista
Tatiane Felícia dos Santos Luciano

Belo Horizonte
2016
Lista de abreviaturas e siglas
APS Atenção Primária à Saúde
CS Centro de Saúde
ESF Estratégia Saúde da Família
RIE/APS Regimento Interno da Enfermagem da APS
SMSA/PBH Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
COREN-MG Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais
EqSF Equipe de Saúde da Família
ACS Agentes Comunitários de Saúde
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
NR Norma Regulamentadora
POP Procedimentos Operacionais Padrão
OMS Organização Mundial de Saúde
CID Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde
WONCA Organização Mundial dos Médicos de Família e Comunidade
SUS-BH Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte
SUS Sistema Único de Saúde
VD Visitas Domiciliares
MS Ministério da Saúde
SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem
CIAP Classificação Internacional de Atenção Primária
IMC Índice de massa corpórea
IST/DST Infecção sexualmente transmissível/doença sexualmente transmissível
CA Câncer
ECM Exame clínico das mamas
MMG Mamografia
PNAB Política Nacional da Atenção Básica
SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SRO Soro de reidratação oral
PREP Profilaxia Pré-exposição
PEP Profilaxia Pós-exposição
EAPV Eventos Adversos Pós Vacinação
GERASA Gerência de Atenção à Saúde
TAS Terminal de Atendimento em Saúde
CEST Central de Esterilização
PNSP Programa Nacional de Segurança do Paciente
IM Intramuscular
PA Pressão arterial
PAS Pressão arterial sistólica
PAD Pressão arterial diastólica
DC Débito cardíaco
ECG Eletrocardiograma
ITU Infecção do trato urinário
Lista de figuras
Figura 1 - Etapas do processo de enfermagem............................................................................................................ 22
Figura 2 - Abordagem sistêmica para gerenciar o erro ou a falha (Modelo do queijo suíço)........................ 76
Figura 3 - Técnica para higienização das mãos............................................................................................................. 79
Figura 4 - Administração de medicamentos via intradérmica................................................................................. 88
Figura 5 - Administração de medicamentos via subcutânea.................................................................................... 90
Figura 6 - Técnica em Z para aplicação de injeção intramuscular........................................................................... 93
Figura 7 - Músculo do quadril (vista lateral) – delimitação do sítio de punção................................................. 94
Figura 8 - Delimitação do sítio de punção no músculo vasto lateral da coxa..................................................... 95
Figura 9 - Músculo deltóide– delimitação do sítio de punção................................................................................ 96
Figura 10 - Músculo glúteo (vista posterior) – delimitação do sítio de punção................................................. 97
Figura 11 - Administração de medicamentos via endovenosa................................................................................ 98
Figura 12 - Localizações para verificação da frequência cardíaca.........................................................................104
Figura 13 - Escalas analógicas visuais e de face de dor............................................................................................111
Figura 14 - Representação do papel de ECG...............................................................................................................119
Figura 15 - Formas das ondas, seguimentos e intervalos do ECG.........................................................................120
Figura 16 - Posição das seis derivações periféricas e das seis derivações precordiais....................................121
Figura 17 - Fixação de sonda enteral.............................................................................................................................134

Lista de quadros
Quadro 1 - Processo de Enfermagem.............................................................................................................................. 23
Quadro 2 - Resumo dos principais componentes de suporte básico de vida para adultos,
crianças e bebês na APS................................................................................................................................. 58
Quadro 3 - Ações preparatórias para o reuso de cada tipo de artigo................................................................... 71
Quadro 4 - Síntese de materiais para preparo e administração de medicamentos........................................... 86
Quadro 5 - Seleção do local de aplicação de IM e volume máximo a ser administrado,
segundo faixa etária....................................................................................................................................... 92
Quadro 6 - Seleção do local de aplicação de IM e calibre da agulha, segundo
características dos pacientes........................................................................................................................ 92
Quadro 7 - Valores de referência da temperatura corporal....................................................................................102
Quadro 8 - Valores de referência da frequência cardíaca (em repouso e sem febre).....................................105
Quadro 9 - Valores de Referência de frequência respiratória (em repouso e sem febre)..............................106
Quadro 10 - Média da pressão arterial ótima por idade.........................................................................................108
Quadro 11 - Classificação da pressão arterial para adultos (> 18 anos).............................................................108
Quadro 12 - Critérios para avaliação multidimensional da dor.............................................................................110
Quadro 13 - Referências de crescimento......................................................................................................................115
Quadro 14 - Relação entre a referência de IMC e a classificação do estado nutricional em adultos.........117
Quadro 15 - Referência de perímetro abdominal......................................................................................................118
Quadro 16 - Materiais necessários ao cateterismo vesical......................................................................................125
Quadro 17 - Avaliação da pele........................................................................................................................................141
Quadro 18 - Características do efluente intestinal e urinário................................................................................142

Lista de tabelas
Tabela 1 - Derivações periféricas unipolares...............................................................................................................122
Tabela 2 - Derivações periféricas bipolares..................................................................................................................122
Tabela 3 - Derivações precordiais...................................................................................................................................123
Sumário
Introdução.............................................................................................................................................................................. 11

Regimento Interno
1 Estrutura organizacional e forma de apresentação ............................................................................................. 14
2 Finalidades da equipe de enfermagem..................................................................................................................... 15
3 Posição da equipe de enfermagem............................................................................................................................ 15
4 Requisitos, composição, jornada de trabalho.......................................................................................................... 15
5 Competências e atribuições da equipe de enfermagem...................................................................................... 16
5.1 Competências e atribuições do enfermeiro...................................................................................................... 17
5.2 Competências e atribuições dos auxiliares / técnicos de enfermagem.................................................... 18
6 Disposições gerais ou transitórias............................................................................................................................... 18
7 Considerações finais........................................................................................................................................................ 18

Processo de Enfermagem
1 Supervisão.......................................................................................................................................................................... 20
1.1 Supervisão de enfermagem................................................................................................................................... 20
1.1.1 Escala de enfermagem......................................................................................................................................... 20
1.2 Supervisão do ACS.................................................................................................................................................... 21
2 Sistematização da Assistência de Enfermagem....................................................................................................... 22
2.1 Etapas da consulta de enfermagem..................................................................................................................... 23
2.1.1 Coleta de dados/Histórico de enfermagem................................................................................................... 23
2.1.2 Diagnóstico de Enfermagem.............................................................................................................................. 24
2.1.3 Planejamento de Enfermagem.......................................................................................................................... 25
2.1.4 Implementação....................................................................................................................................................... 25
2.1.5 Avaliação de enfermagem................................................................................................................................... 25
2.1.6 Registro da consulta de enfermagem.............................................................................................................. 26
2.2 Exames solicitados pelos enfermeiros................................................................................................................. 26
2.2.1 Exames para rastreamento.................................................................................................................................. 27
2.3 Medicamentos prescritos pelos enfermeiros.................................................................................................... 31
2.3.1 Medicações passíveis de prescrição pelo profissional
enfermeiro na consulta de enfermagem........................................................................................................ 32
2.3.2 Medicações passíveis de prescrição pelo profissional
enfermeiro para medidas de conforto............................................................................................................ 38
2.3.2.1 Casos que necessitem de alívio da dor ou diminuição da febre.......................................................... 38
2.3.2.2 Casos de crise asmática .................................................................................................................................... 40
2.3.2.3 Casos que necessitam de oxigenoterapia................................................................................................... 40
2.3.2.4 Casos que necessitam de hidratação............................................................................................................ 41
2.4 Encaminhamentos de usuários intra e extra APS............................................................................................. 41
3 Visita domiciliar da equipe de enfermagem............................................................................................................ 43
3.1 Atribuições da equipe de enfermagem.............................................................................................................. 44
3.2 Materiais de apoio e insumos................................................................................................................................ 44
4 Assistência e supervisão da sala de imunização...................................................................................................... 45
4.1 Atribuições dos profissionais................................................................................................................................. 45
4.1.1 Enfermeiros.............................................................................................................................................................. 45
4.1.2 Técnicos e auxiliares de enfermagem.............................................................................................................. 46
4.2 Assistência................................................................................................................................................................... 46
4.2.1 Materiais apoio e insumos.................................................................................................................................. 46
4.2.1.1 Impressos e manuais.......................................................................................................................................... 47
4.2.2 Organização e aplicação do imunobiológicos.............................................................................................. 47
4.2.2.1 Recebimento dos imunobiológicos.............................................................................................................. 47
4.2.2.2 Antes de iniciar as atividades diárias............................................................................................................ 48
4.2.2.3 Administração do imunobiológicos.............................................................................................................. 48
4.2.2.4 Ao final do dia..................................................................................................................................................... 49
4.2.2.5 Materiais e procedimentos necessários para vacinação extramuros................................................... 49
4.2.3 Materiais e procedimentos necessários em caso de falta de energia
elétrica ou falha no equipamento.................................................................................................................... 50
4.2.3.1 Materiais de apoio e insumos......................................................................................................................... 50
4.2.3.2 Organização da caixa térmica com berço................................................................................................... 50
4.2.4 Atividades epidemiológicas e de vigilância................................................................................................... 51
4.3 Limpeza e desinfecção específica......................................................................................................................... 51
4.3.1 Equipe de enfermagem........................................................................................................................................ 51
4.3.1.1 Limpeza da câmara fria..................................................................................................................................... 52
4.3.2 Serviço de higienização e limpeza.................................................................................................................... 52
5 Assistência e supervisão da sala de curativos.......................................................................................................... 52
5.1 Atribuições dos profissionais................................................................................................................................. 52
5.1.1 Enfermeiros.............................................................................................................................................................. 52
5.1.2 Técnicos e auxiliares de enfermagem.............................................................................................................. 53
5.2 Assistência................................................................................................................................................................... 53
5.2.1 Atuação da equipe de enfermagem aos usuários com presença de miíase e tunga penetrans..... 54
5.2.2 Materiais de apoio e insumos............................................................................................................................ 55
5.2.3 Procedimentos........................................................................................................................................................ 55
5.3 Limpeza e desinfecção específica......................................................................................................................... 56
5.3.1 Equipe de enfermagem........................................................................................................................................ 56
5.3.2 Serviço de higienização e limpeza.................................................................................................................... 56
6 Assistência e supervisão da sala de observação...................................................................................................... 56
6.1 Atribuições dos profissionais................................................................................................................................. 57
6.1.1 Enfermeiros.............................................................................................................................................................. 57
6.1.2 Técnicos e auxiliares de enfermagem.............................................................................................................. 57
6.2 Assistência................................................................................................................................................................... 58
6.2.1 Materiais e medicamentos ................................................................................................................................. 59
6.2.2 Procedimentos........................................................................................................................................................ 59
6.2.2.1 Realizar mensalmente....................................................................................................................................... 60
6.2.2.2 Caixa de urgência............................................................................................................................................... 60
6.3 Limpeza e desinfecção específica......................................................................................................................... 61
6.3.1 Equipe de enfermagem........................................................................................................................................ 61
6.3.2 Serviços de Higienização e Limpeza................................................................................................................ 61
Sumário
7 Assistência e supervisão da sala de coleta de material para exames laboratoriais....................................... 61
7.1 Atribuições dos profissionais................................................................................................................................. 61
7.1.1 Enfermeiros.............................................................................................................................................................. 61
7.1.2 Técnicos e auxiliares de enfermagem.............................................................................................................. 62
7.2 Assistência................................................................................................................................................................... 62
7.2.1 Materiais de apoio e insumos............................................................................................................................ 62
7.2.2 Procedimentos........................................................................................................................................................ 63
7.3 Limpeza e desinfecção específica......................................................................................................................... 64
7.3.1 Equipe de enfermagem........................................................................................................................................ 64
7.3.2 Serviço de higienização e limpeza.................................................................................................................... 64
8 Assistência e supervisão da organização de consultórios.................................................................................... 64
8.1 Atribuições dos profissionais de enfermagem................................................................................................. 64
8.2 Organização do setor............................................................................................................................................... 64
8.2.1 Organização, recolhimento e reposição de insumos................................................................................... 65
8.2.2 Materiais de apoio e insumo.............................................................................................................................. 65
8.3 Limpeza e desinfecção específica ........................................................................................................................ 66
8.3.1 Equipe de enfermagem........................................................................................................................................ 66
8.3.2 Serviço de higienização e limpeza.................................................................................................................... 66
9 Limpeza e desinfecção de artigos............................................................................................................................... 66
9.1 Conceitos básicos...................................................................................................................................................... 67
9.2 Atribuições dos profissionais................................................................................................................................. 67
9.2.1 Enfermeiro............................................................................................................................................................... 67
9.2.2 Técnicos/auxiliares de enfermagem................................................................................................................. 68
9.3 Expurgo........................................................................................................................................................................ 68
9.3.1 Pré-limpeza com detergente enzimático....................................................................................................... 68
9.3.2 Limpeza dos artigos com detergente enzimático........................................................................................ 69
9.3.3 Limpeza com detergente neutro....................................................................................................................... 70
9.3.4 Desinfecção dos artigos com hipoclorito de sódio a 1%........................................................................... 70
9.3.5 Desinfecção dos artigos com álcool a 70%.................................................................................................... 70
9.4 Arsenal.......................................................................................................................................................................... 72
10 Controle/Gerenciamento do enxoval...................................................................................................................... 73
10.1 Atribuições dos profissionais............................................................................................................................... 73
10.1.1 Enfermeiro:............................................................................................................................................................ 73
10.1.2 Técnicos/auxiliares de enfermagem:.............................................................................................................. 73
10.1.3 Profissionais da limpeza geral e higienização............................................................................................. 73

Segurança do Paciente
1 Identificação do paciente.............................................................................................................................................. 77
2 Comunicação efetiva e participação do usuário na segurança da assistência .............................................. 78
3 Higienização das mãos................................................................................................................................................... 79
3.1 Técnica para higienização das mãos com água e sabão neutro.................................................................. 79
3.2 Técnica para higienização das mãos com álcool a 70%................................................................................. 80
4 Cateteres e sondas........................................................................................................................................................... 80
5 Prevenção de queda........................................................................................................................................................ 80
5.1 Fatores de risco para a ocorrência de queda.................................................................................................... 81
5.2 Estratégias para evitar a ocorrência de queda.................................................................................................. 81
6 Prevenção de lesão por pressão................................................................................................................................... 81
6.1 Fatores de risco para ocorrência de lesão por pressão.................................................................................. 82
6.2 Medidas de prevenção de lesão por pressão.................................................................................................... 82

Cuidados de Enfermagem
1 Administração de medicamentos ............................................................................................................................... 84
1.1 Principais vias de administração de medicamentos........................................................................................ 85
1.1.1 Via Oral..................................................................................................................................................................... 87
1.1.2 Via Sublingual......................................................................................................................................................... 87
1.1.3 Via Retal.................................................................................................................................................................... 87
1.1.4 Via intradérmica..................................................................................................................................................... 88
1.1.5 Via subcutânea ou hipodérmica........................................................................................................................ 89
1.1.6 Via intramuscular................................................................................................................................................... 91
1.1.6.1 Locais de aplicação............................................................................................................................................. 91
1.1.6.2 Orientações sobre a utilização da técnica em Z........................................................................................ 93
1.1.6.3 Aplicação intramuscular na região ventroglútea (Hochstetter) .......................................................... 94
1.1.6.4 Região Vasto Lateral da Coxa.......................................................................................................................... 95
1.1.6.5 Região deltóide .................................................................................................................................................. 96
1.1.6.6 Região dorsoglútea ........................................................................................................................................... 96
1.1.7 Via endovenosa ou intravenosa......................................................................................................................... 97
1.1.8 Via ocular.................................................................................................................................................................. 98
1.1.9 Via auricular............................................................................................................................................................. 99
1.1.10 Via nasal................................................................................................................................................................. 99
1.1.11 Via vaginal............................................................................................................................................................. 99
1.1.12 Via inalatória......................................................................................................................................................... 99
1.1.13 Oxigenoterapia...................................................................................................................................................100
1.1.14 Ventilação não invasiva ...................................................................................................................................101
2 Aferição de dados vitais...............................................................................................................................................102
2.1 Temperatura corporal............................................................................................................................................102
2.1.1 Técnica de medida da temperatura corporal...............................................................................................103
2.2 Frequência cardíaca................................................................................................................................................103
2.2.1 Técnica de verificação da frequencia cardíaca pelo pulso.......................................................................105
2.3 Frequência Respiratória.........................................................................................................................................105
2.3.1 Técnica de contagem da frequência respiratória.......................................................................................107
2.4 Pressão arterial.........................................................................................................................................................107
2.4.1 Técnica de aferição da pressão arterial..........................................................................................................108
2.5 Dor...............................................................................................................................................................................109
2.5.1 Ações de enfermagem no alívio da dor........................................................................................................112
Sumário
3 Medidas antropométricas............................................................................................................................................112
3.1 Peso.............................................................................................................................................................................113
3.1.1 Técnica de medição do peso corporal em criança menores
de 2 anos ou com até 16 Kg............................................................................................................................113
3.1.2 Técnica de medição do peso corporal em crianças maiores
de 2 anos, adolescentes e adultos..................................................................................................................114
3.2 Altura ou comprimento.........................................................................................................................................114
3.2.1 Técnica de medição da altura/comprimento em crianças menores de 2 anos..................................115
3.2.2 Técnica de medição da altura/comprimento em crianças maiores de 2 anos,
adolescentes e adultos.......................................................................................................................................116
3.3 Índice de massa corporal......................................................................................................................................116
3.4 Perímetro cefálico...................................................................................................................................................117
3.4.1 Técnica de medição do perímetro cefálico..................................................................................................117
3.5 Perímetro torácico..................................................................................................................................................118
3.6 Perímetro abdominal.............................................................................................................................................118
3.6.1 Técnica de medição do perímetro abdominal.............................................................................................119
4 Eletrocardiograma..........................................................................................................................................................119
4.1 Registro do ECG.......................................................................................................................................................119
4.1.1 Formas de ondas e complexos.........................................................................................................................120
4.1.2 Derivações..............................................................................................................................................................121
4.1.2.1 Derivações periféricas:....................................................................................................................................121
4.1.2.2 Derivações precordiais:...................................................................................................................................122
4.2 Realização do ECG...................................................................................................................................................123
4.2.1 Materiais necessários..........................................................................................................................................123
4.2.2 Técnicas para realização do ECG......................................................................................................................123
5 Sondagens........................................................................................................................................................................124
5.1 Sondagem vesical....................................................................................................................................................124
5.1.1.1 Materiais necessários.......................................................................................................................................125
5.1.2 Sondagem vesical de demora..........................................................................................................................126
5.1.2.1 Técnica de sondagem vesical de demora no sexo feminino................................................................126
5.1.2.2 Técnica de sondagem vesical de demora no sexo masculino.............................................................127
5.1.3 Sondagem vesical de alívio pelo enfermeiro...............................................................................................128
5.1.3.1 Técnica de sondagem vesical de alívio no paciente do sexo feminino............................................128
5.1.3.2 Técnica de sondagem vesical de alívio no paciente do sexo masculino..........................................129
5.1.4 Sondagem vesical intermitente ou autocateterismo................................................................................130
5.1.4.1 Técnica para a sondagem vesical intermitente ou autocateterismo.................................................130
5.2 Aplicação de coletor urinário..............................................................................................................................131
5.2.1.1 Materiais necessários.......................................................................................................................................131
5.2.1.2 Técnica de aplicação do coletor urinário...................................................................................................131
5.2.1.3 Sondagem nasogástrica..................................................................................................................................132
5.3 Sondagem nasogástrica........................................................................................................................................133
5.3.1 Orientações ao paciente, familares e cuidadores.......................................................................................132
5.3.2 Técnica para introdução da sonda:.................................................................................................................133
5.3.3 Orientações sobre cuidados no domicílio....................................................................................................135
5.4 Sondagem nasoentérica........................................................................................................................................135
5.4.1 Materiais necessários:.........................................................................................................................................136
5.4.2 Técnica para introdução da sonda:.................................................................................................................136
5.4.3 Orientações sobre cuidados no domicílio....................................................................................................137
6 Estomias............................................................................................................................................................................138
6.1 Traqueostomia..........................................................................................................................................................138
6.1.1 Orientações e cuidados aos usuários traqueostomizados.......................................................................139
6.1.2 Observações..........................................................................................................................................................139
6.1.3 Sinais de alerta em casos de usuários traqueostomizados......................................................................139
6.2 Gastrostomia e jejunostomia...............................................................................................................................140
6.2.1 Orientações e cuidados aos usuários gastromizados e jejunostomizados..........................................140
6.3 Estomas intestinais e urinários............................................................................................................................141
6.1.3 Orientações e cuidados aos usuários com estomas de eliminação ......................................................143
7 Dietas enterais.................................................................................................................................................................143
8 Diálise peritoneal............................................................................................................................................................144
8.1 Orientações e cuidados aos usuários ...............................................................................................................144

Referências Bibliográficas.................................................................................................................................................146

Apêndices
1 Formulários de consentimento para visitas domiciliares...................................................................................158
1.2 Termo de Consentimento Informado................................................................................................................158
2 Escalas de enfermagem padronizadas para APS de BH......................................................................................159
2.1 Enfermeiros ..............................................................................................................................................................159
2.2 Técnicos/auxiliares de enfermagem..................................................................................................................160
3 Materiais e medicamentos para Sala de Observação e Caixa de Urgência...................................................161
3.1 Formulário controle dos materiais e medicamentos da Sala de Observação........................................161
3.2 Formulário controle dos materiais e medicamentos da Caixa de Urgência/Emergência..................164
4 Aspiração de traqueostomia.......................................................................................................................................167
4.1 Orientações gerais...................................................................................................................................................167
4.2 Materiais necessários:.............................................................................................................................................167
4.3 Técnica de aspiração...............................................................................................................................................167
5 Materiais de dispensação para uso domiciliar.......................................................................................................169
5.1 Sonda vesical intermitente ou autocateterismo.............................................................................................169
5.2 Coletor urinário........................................................................................................................................................169
5.3 Traqueostomia..........................................................................................................................................................170
5.4 Dietas enterais..........................................................................................................................................................170
5.5 Diálise peritoneal ambulatorial automática....................................................................................................170
6 Modelo padrão para Procedimento Operacional Padrão..................................................................................171

Anexo
1 Fluxograma para dispensação de dietas enterais ................................................................................................173
INTRODUÇÃO
O município de Belo Horizonte, em 2002, optou pela Estratégia de Saúde da Família (ESF)
para reorganizar a Atenção Primária à Saúde (APS). Essa estratégia visa ampliar o acesso da
população ao sistema de saúde, promover o cuidado integral da pessoa e estimular a vinculação
do usuário aos serviços ofertados pela rede SUS-BH.
A equipe de enfermagem compõe a Estratégia de Saúde da Família (ESF) com um grande
quantitativo de profissionais e desempenha papel decisivo no que se refere à identificação das
necessidades do território, coordenação do cuidado e vigilância em saúde. Além de realizar ações
de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico de enfermagem, tratamen-
to, reabilitação e manutenção da saúde.
A enfermagem tem a atribuição de realizar o acolhimento a partir da escuta qualificada e pres-
tar cuidado de forma humanizada, integral e longitudinal, garantindo uma assistência de qualida-
de para o usuário, família e comunidade. Para tanto, deve zelar pelo conforto e bem estar, seja
proporcionando o cuidado, coordenando setores para a prestação da assistência de enfermagem,
estimulando a autonomia dos usuários por meio da educação em saúde e do cuidado centrado
na pessoa.
A profissão está regulamentada pela Lei 7.498/86, pelo Decreto Lei 94.406/87 e respaldada
institucionalmente pelo Regimento Interno da Enfermagem da APS do município. Como núcleo
do conhecimento, utiliza o processo de enfermagem – Sistematização da Assistência de Enfer-
magem (SAE) – como metodologia que orienta o cuidado profissional de enfermagem e a docu-
mentação da prática profissional, o que permite a qualificação da assistência e valorização da
profissão, aumentando a visibilidade e o reconhecimento profissional.
Nesse processo, a consulta de enfermagem compreende uma série de ações realizadas numa
sequência dinâmica de etapas que direcionam as ações de modo a contribuírem no atendimento
às necessidades de saúde do indivíduo e coletividade. Essa assistência deverá propiciar a identi-
ficação de problemas do processo saúde-doença e superar a lógica da atenção clínica individual e
curativa, devendo considerar o usuário em sua complexidade, singularidade, escolhas e contexto
sócio cultural. Além disso, deve estar pautada na redução de danos, na segurança do paciente,
na troca de saberes e experiências, bem como na interdisciplinaridade que permite a construção
do cuidado de forma coletiva a partir do diálogo com os diferentes núcleos do conhecimento.
São muitos os desafios enfrentados pela equipe de enfermagem na APS, dentre eles destaca-
-se a supervisão de enfermagem, compreendida como um processo contínuo e formal de aprendi-
zagem, que proporciona um desenvolvimento integrado de competências, responsabilidade pela
própria prática e promoção da qualidade e segurança dos cuidados prestados. Legalmente, a
supervisão é uma atividade privativa do enfermeiro e está respaldada pela Lei 7498/86 que afir-
ma que as atividades dos técnicos e auxiliares de enfermagem não podem ser realizadas sem a
supervisão do enfermeiro e pela Resolução COFEN Nº 311/2007 em seu artigo 69º que institui
como capacidades do enfermeiro “Estimular, promover e criar condições para o aperfeiçoamento
técnico, científico e cultural dos profissionais de enfermagem sob sua orientação e supervisão”.
Para auxiliar as ações de supervisão é importante que os enfermeiros do Centro de Saúde jun-
tamente com os auxiliares e técnicos de enfermagem elaborem os Procedimentos Operacionais
Padrão (POP). O POP é um instrumento de descrição detalhado das tarefas a serem executadas
em um determinado setor, devendo ser elaborado em conformidade com as evidências científi-
cas, as diretrizes institucionais e a realidade local. O POP direciona a organização do processo
de trabalho nos Centros de Saúde, detalhando as etapas necessárias para a realização de um
procedimento de enfermagem ou funcionamento de um setor. Tem como vantagens a qualificação
do serviço prestado e a redução da variabilidade (não conformidade) das condutas profissionais.
Embora útil e necessário, não deve inflexibilizar a prática assistencial e a organização dos seto-

11
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

res, devendo, por isso, ser atualizado frequentemente para que possa responder as necessidades
do serviço de forma oportuna e segura.
Nesta busca por alcançar a qualidade da assistência prestada e ampliação de conhecimento
dos profissionais de enfermagem da rede de SUS de Belo Horizonte é que a Secretaria Munici-
pal de Saúde de maneira democrática e participativa elaborou este documento, a partir de uma
comissão constituída por enfermeiros do nível central, distrital e local. O foco dessa construção é
delinear e fortalecer a prática profissional da categoria, com vistas à satisfação do usuário, à valo-
rização e capilarização de um padrão de qualidade da assistência de enfermagem na APS. Acre-
dita-se que este manual possa atingir seu objetivo: convidar o profissional a refletir suas práticas,
mediante ao fortalecimento de seus conhecimentos e habilidades, buscando maior autonomia e
valorização da profissão. Este documento não esgota as ações e procedimentos de enfermagem,
mas será um norteador para a assistência aos usuários nos Centros de Saúde.

12
Regimento Interno

13
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Este regimento interno tem o objetivo de orientar a organização dos serviços e ações de enfer-
magem da Atenção Primária à Saúde (APS) do município de Belo Horizonte. A qualidade da assis-
tência na APS depende de conhecimento científico, habilidade técnica, bem como planejamento e
organização do processo de trabalho.
A APS de Belo Horizonte está estruturada a partir de Centros de Saúde (CS) que se configuram
como a principal porta de entrada do sistema de saúde municipal. A Estratégia Saúde da Família
(ESF) é o modelo assistencial desse nível de atenção e tem a enfermagem em sua composição,
seja na perspectiva da demanda espontânea, dos procedimentos ou dos cuidados realizados, con-
templando tanto o âmbito da gestão quanto o assistencial. Nesse contexto, identificou-se a neces-
sidade de nortear as ações exercidas por essa categoria profissional.
Assim, apresenta-se o Regimento Interno da Enfermagem da APS (RIE/APS), enquanto facilitador
da organização do serviço e ações de enfermagem. Sendo a função de organização dos serviços de
enfermagem privativa do profissional enfermeiro, conforme as alíneas “b” e “c”, inciso I, do art. 11 da Lei
7.498/86 e o Decreto Lei 94.406/87, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem.
O regimento é um ato normativo, aprovado pela administração superior da organização de saúde,
de caráter flexível e que contém as diretrizes básicas para o funcionamento do serviço de enfermagem.
Especifica as disposições do regulamento para o serviço, devendo, portanto estar nele embasado.
Sendo assim, este RIE/APS se constitui como um instrumento inovador para a qualificação da
prática da enfermagem no contexto da APS. Foi elaborado com participação de profissionais da en-
fermagem dos Centros de Saúde, referências técnicas distritais e do nível central da Secretaria Muni-
cipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA/PBH), considerando as diretrizes/legislações institucionais.
O foco dessa construção é impulsionar a melhoria da assistência, da gestão e fortalecer a prá-
tica profissional da categoria, com vistas à satisfação do usuário, à valorização e capilarização de
um padrão de qualidade da assistência de enfermagem na APS.
Este RIE/APS tem o objetivo de contribuir com os profissionais no exercício de sua função admi-
nistrativa e assistencial, podendo ser revisado periodicamente por ocasião de mudança da missão
institucional, implantação ou desativação de serviços, avanços tecnológicos, dentre outros.

1. Estrutura organizacional e forma de apresentação

De acordo com a deliberação do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais


(COREN-MG) n° 176/2007, o Regimento da Enfermagem apresenta-se na seguinte estrutura:

• finalidade da equipe de enfermagem;


• posição da equipe de enfermagem;
• requisitos, composição e jornada de trabalho;
• competências da equipe de enfermagem;
• disposições gerais ou transitórias.

14
2. Finalidades da equipe de enfermagem
Organizar, orientar e documentar todo o desenvolvimento do serviço de enfermagem, res-
guardando o compromisso com a assistência de qualidade e o dever dos profissionais da
enfermagem para com os usuários e trabalhadores de forma a:

• promover assistência de enfermagem de forma integral;


• atuar na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação do indivíduo, da família e da co-
letividade, respeitando os preceitos éticos e legais;
• atuar na avaliação e monitoramento do serviço, visando o aperfeiçoamento, o trabalho em equipe,
desenvolvendo ou utilizando instrumentos para tal;
• colaborar em programas de ensino-serviço;
• identificar necessidades de aprendizagem da equipe, visando melhoria do perfil de competências
de seus membros, encaminhando de acordo com as diretrizes da Política de Educação Permanente
do município;
• capacitar, em serviço, a equipe sob sua responsabilidade técnica/administrativa (equipe de enferma-
gem e agentes comunitários de saúde);
• trabalhar de acordo com este Regimento Interno da Enfermagem, Código de Ética dos Profissionais
de Enfermagem e protocolos institucionais.

3. Posição da equipe de enfermagem


O serviço de enfermagem da APS de Belo Horizonte segue as diretrizes do SUS e demais
políticas nacionais, estaduais e municipais voltadas para a APS. Os profissionais, integran-
tes das equipes de saúde da família (EqSF) ou de apoio, prestam assistência aos indivíduos,
família e comunidade. Os técnicos e auxiliares de enfermagem estão subordinados tecnica-
mente ao enfermeiro e todos administrativamente à gerência local.

4. Requisitos, composição, jornada de trabalho


Todos os profissionais devem possuir registro ativo no Conselho Regional de Enfermagem,
com jurisdição na área onde ocorra o exercício (art. 2º da Lei 7.498/86). Os demais requisitos
necessários ficarão a cargo da instituição.

Composição da equipe de enfermagem na APS:

• enfermeiro de 40 horas vinculado à EqSF;


• enfermeiro de 40 horas;
• enfermeiro de 20 horas;
• técnico/auxiliar de enfermagem de 40 horas vinculado à EqSF;
• técnico/auxiliar de enfermagem de 40 horas;
• técnico/auxiliar de enfermagem de 30 horas.

15
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

5. Competências e atribuições da equipe de enfermagem


O trabalho em equipe exige que se considere cada indivíduo em sua integralidade, respei-
te as individualidades, reconheça e fomente as competências, capacidades e potencialida-
des de cada profissional. É importante que durante o processo de trabalho sejam oferecidas
oportunidades de participação, compartilhamento e busca de soluções dos problemas/fragi-
lidades identificados pela equipe.
As competências e atribuições, descritas abaixo, estão pautadas no Código de Ética e le-
gislação da enfermagem, nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), assim
como nas políticas nacionais, estaduais e municipais da APS e abrange todos os profissio-
nais da enfermagem que atuam na APS.

• Prestar cuidado integral ao indivíduo, à família e à comunidade, considerando as diversas fases do


ciclo da vida, os processos de saúde e doença e as situações de vulnerabilidade.
• Planejar, organizar, executar atividades de promoção, prevenção e recuperação da saúde, estimu-
lando a co-responsabilização e o autocuidado do usuário, da família e comunidade.
• Interagir com equipes interdisciplinares e intersetoriais, com capacidade de decisão para satisfazer
as necessidades de saúde prioritárias, emergentes e especiais.
• Comunicar de forma efetiva.
• Utilizar as tecnologias da informação para a tomada de decisões.
• Registrar as ações de enfermagem no prontuário do usuário, em formulários do sistema de informa-
ção e outros documentos da instituição.
• Participar da elaboração do diagnóstico situacional e plano de ação do território.
• Desenvolver análise e monitoramento dos indicadores de saúde, avaliando o impacto das ações planejadas.
• Desenvolver ações de vigilância em saúde e coordenação do cuidado.
• Participar das iniciativas de saúde ocupacional e de biossegurança, conforme diretrizes institucionais.
• Utilizar de forma racional os recursos para o cuidado em saúde.
• Valorizar e promover programas de educação na saúde (permanente e continuada) que respondam
ao desenvolvimento de competências (conhecimento, habilidades e atitudes).
• Participar de capacitações e educação permanente promovidas pela SMSA/PBH e outras instituições.
• Valorizar e promover o processo de ensino-aprendizagem com pessoas, grupos e comunidade e
suas relações com o meio ambiente.
• Participar no desenvolvimento das políticas de saúde, respeitando as diversidades.
• Estimular a participação social e o desenvolvimento comunitário.
• Valorizar e promover espaços coletivos de gestão.
• Participar das reuniões de matriciamento, colegiados gestores, da EqSF dentre outras.
• Realizar escuta qualificada das necessidades dos usuários em todas as ações realizadas, propor-
cionando atendimento humanizado e estabelecendo vínculo.
• Promover a cultura de segurança do paciente.
• Administrar de forma segura medicamentos e outras terapias com a finalidade de proporcionar cui-
dado de enfermagem de qualidade.
• Realizar visitas domiciliares programadas.

16
5.1 Competências e atribuições do enfermeiro
• Supervisionar o trabalho dos auxiliares/técnicos de enfermagem em todo o período de funcionamen-
to da unidade, mantendo escala de referência de enfermeiros em todos os setores.
• Supervisionar a assistência de enfermagem e o trabalho realizado: na imunização, na coleta de
materiais biológicos, na assistência aos usuários com lesão, na administração de medicamentos,
na organização de consultórios, na aferição de sinais vitais e medidas antropométricas, na realiza-
ção do exame de eletrocardiograma, na assistência aos usuários em uso de dispositivos invasivos,
cuidados com estomias, diálise peritoneal e dietas especiais, na gestão e limpeza de desinfecção
de artigos assistenciais, controle do enxoval e demais assistências direta ao paciente.
• Elaborar escala de trabalho e os remanejamentos, quando necessário, tanto da equipe de enferma-
gem (Apêndice 2) quanto dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
• Promover e coordenar reuniões periódicas da equipe de enfermagem, registrando-as em ata.
• Acompanhar a previsão e provisão de materiais para assistência aos usuários.
• Supervisionar o trabalho dos ACS, garantindo a vigilância, assim como o intercâmbio de infor-
mações território-equipe.
• Identificar necessidades de qualificação em serviço, além de planejar e coordenar os processos
educacionais da equipe de enfermagem e dos ACS, de acordo com as necessidades loco-regionais.
• Realizar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), de acordo com as disposições legais
da profissão previstas pela Resolução Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) n°358/2009, assim
como previsto na lei n° 7.498 de 25 de junho de 1986 e no decreto n°94.406 de 08 de junho de 1987.
• Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares, prescrever medicamentos e
realizar encaminhamentos, conforme protocolos institucionais, após avaliação do estado de saúde.
Essas ações são previstas na lei n° 7.498/86, no decreto n° 94.406/87 e na Política Nacional da
Atenção Básica (PNAB) 2012.
• Realizar avaliação de risco e de vulnerabilidades dos usuários com queixa clínica.
• Supervisionar e prestar cuidados diretos de enfermagem nas urgências e emergências clínicas,
acompanhando a evolução clínica dos casos e encaminhando de forma responsável para outros
níveis de atenção, quando necessário.
• Participar de atividade de regulação assistencial, buscando o uso racional e a priorização dos recur-
sos disponíveis para casos com maior necessidade clínica.
• Realizar consultoria, auditoria e emitir parecer em matéria de enfermagem.
• Cumprir e fazer cumprir o regimento interno, normas e rotinas da enfermagem e do serviço da instituição.

17
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

5.2 Competências e atribuições dos auxiliares / técnicos de enfermagem

• Participar do planejamento, execução e avaliação das ações de assistência de enfermagem integral


ao indivíduo, família e/ou comunidade, conforme sua competência técnica e legal, considerando o
contexto sócio cultural e familiar do usuário, sob a supervisão do Enfermeiro.
• Realizar procedimentos de enfermagem: imunização, teste do pezinho, administração de medi-
camentos, micronebulização, oxigenoterapia, curativos, retirada de pontos e outros, verificação de
dados vitais e antropométricos, coleta de amostras para exames laboratoriais nas unidades de saú-
de ou nos domicílios, quando necessário, eletrocardiograma (ECG), organização de consultórios e
outras atividades assistenciais sob a supervisão do enfermeiro e conforme escala de enfermagem.
• Realizar testes rápidos desde que devidamente treinado pela SMSA/PBH e supervisionado pelo
enfermeiro responsável, conforme parecer normativo do COFEN nº 001/2013.
• Participar das atividades da EqSF à qual está vinculado.
• Realizar cuidados de enfermagem nas urgências e emergências clínicas em grau auxiliar, sob a
supervisão do enfermeiro.
• Orientar o usuário para consultas, exames, tratamentos e outros procedimentos.
• Participar de capacitação e educação permanente promovidas pelo enfermeiro e/ou demais membros
da equipe.
• Verificar e executar o processo de limpeza e desinfecção dos instrumentais, artigos e superfícies dos
setores e consultórios.
• Manter os setores assistenciais organizados.
• Acompanhar o usuário no transporte em ambulância, quando necessário.

6 Disposições gerais ou transitórias

Todos os profissionais deverão apresentar-se ao trabalho no horário pactuado junto à


gestão local e distrital, devendo utilizar vestimenta de trabalho adequada, com o uso de
calçados fechados, em conformidade com as alíneas 32.2.4.5 item ‘’e’’ e 32.2.4.6 da Norma
Regulamentadora (NR) 32.
Os casos omissos serão resolvidos pela instância de acordo com o conteúdo a ser tratado.

7 Considerações finais
Ressaltamos a importância deste Regimento Interno da Enfermagem da APS como instru-
mento administrativo que, não só orienta o processo de trabalho da equipe como também dá
o respaldo legal e institucional ao seu exercício.

18
Processo de Enfermagem

19
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

1 Supervisão

A supervisão é uma atividade para a promoção da qualidade na assistência. É um processo


amplo, complexo, educativo e contínuo, que consiste fundamentalmente, em motivar e orientar a
equipe na execução das atividades a fim de manter elevada a qualidade dos serviços prestados,
equilibrando recursos físicos, materiais e humanos. Inclui também investigação, avaliação, asses-
soria, informação e intercâmbio dinâmico de conhecimentos e experiências voltados para a melho-
ria e orientação dos serviços da atenção primária, levando-se em consideração a realidade local.
Deve ser compreendida como uma atividade de organização e estruturação do trabalho que con-
sidera as necessidades da equipe, proporcionando melhor desempenho das ações. A supervisão
deve ser vista como um método para ajudar no processo de trabalho, permitindo que as atividades
aconteçam de forma dinâmica e de acordo com a missão institucional.

1.1 Supervisão de enfermagem

A supervisão de enfermagem é privativa do enfermeiro e é respaldada pelo Decreto de Lei


94.406/87 que regulamenta a Lei 7.498/86 do Exercício Profissional da Enfermagem. As atividades
e procedimentos realizados pelos técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem somente
poderão ser desenvolvidas sob supervisão do enfermeiro.

A supervisão da equipe de enfermagem da APS engloba dois momentos:

1º - atividades que demandam horários protegidos e definidos em agenda, como: reuniões


com a equipe de enfermagem, treinamentos em serviço, preenchimento e análise de instru-
mentos relativos a cada atividade/setor (montagem da escala de trabalho da equipe enferma-
gem, preenchimento de mapa de curativos, inventário de imunobiológicos, acompanhamento
e análise dos registros das atividades realizadas, dentre outras);
2º - atividades que deverão ser definidas em escala e estão relacionadas ao acompanha-
mento da assistência prestada pelo auxiliares e técnicos de enfermagem. Essas atividades
deverão ter enfermeiros de referência para cada setor assistencial, durante todo o horário de
funcionamento da unidade, e poderão ser realizadas em concomitância com outras atividades
do enfermeiro. No apêndice 2.1 está descrito o exemplo de escala para os enfermeiros.

1.1.1 Escala de enfermagem

O dimensionamento adequado dos profissionais de enfermagem na APS é fundamental para


que haja a garantia da segurança e da qualidade de assistência ao usuário e a continuidade do
cuidado perante a diversidade de atuação nos cuidados e na atenção da equipe de enfermagem.
A elaboração da escala de enfermagem é uma atividade complexa e privativa do enfermeiro que
demanda tempo e requer conhecimento para desenvolvê-la de forma racional. Refere-se à distri
buição dos profissionais da equipe de enfermagem de uma unidade, durante todos os dias do mês,
segundo os turnos de trabalho manhã (M) ou tarde (T), considerando as diversas atividades desen-
volvidas e a demanda usual da unidade. Nela devem ser registrados os horários de trabalho, fol-
gas, férias e licenças dos componentes da equipe. As outras atividades realizadas pela equipe de
enfermagem como visitas domiciliares (VD), reuniões de equipe, consultas de enfermagem, aten-
dimento à demanda espontânea, educação permanente, atividades coletivas entre outras, deverão

20
ser definidas em agenda individual de cada profissional e socializada para conhecimento de todos.
Na elaboração da escala da equipe, o enfermeiro deve atentar-se para alguns pontos:

• Nome completo do profissional, cargo que ocupa e horário de trabalho.


• Usar código: M (manhã), T (tarde), F (folga) e Fe (férias).
• Ressaltar na escala sábados, domingos e feriados.
• Verificar se há equilíbrio em número e qualificação profissional do pessoal no Centro de Saúde.
• Procurar distribuir folgas de forma que não impacte negativamente na assistência ao usuário.
• Importante manter a rotatividade dos profissionais o que permitirá a apropriação do conhecimento
dos diferentes setores e favorecerá o trabalho em equipe.
• Folgas e férias serão autorizadas pelo gerente e/ou gerente adjunto da unidade e compartilhadas
com o enfermeiro responsável pela elaboração/adequação da escala de enfermagem para o bom
andamento do serviço e satisfação dos profissionais.

A conformação da escala das atividades de enfermagem depende da forma de trabalho utilizada


pela unidade de saúde e deve ser adequada à realidade local. As sugestões de escalas para en-
fermeiros e auxiliares/técnicos de enfermagem estão descritas no apêndice 2.

1.2. Supervisão do ACS

No processo de fortalecimento do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte, o Agente Co-


munitário de Saúde (ACS) é um integrante da equipe de saúde da família (EqSF) e possui função
primordial para integração entre o serviço de saúde e a comunidade. Seu papel é fundamental
para efetivação das diretrizes assistenciais do SUS, coordenação do cuidado, vigilância em saúde
e tradução das necessidades do território. Além disso, possui uma importante contribuição nas
ações de promoção da saúde e prevenção de agravos, por meio de ações educativas que podem
ser realizadas em domicílios ou em espaços coletivos do CS ou da comunidade.
Segundo a portaria do Ministério da Saúde (MS) n° 2488 de 21 de outubro de 2011, o trabalho
do ACS deve ser acompanhado, coordenado e orientado pelo enfermeiro. Essa atividade deve ser
realizada em horários protegidos na agenda e visa o planejamento e o monitoramento das ações
de competência dos ACS. Durante a supervisão, é importante que o enfermeiro, juntamente com
ACS, faça uma reflexão crítica sobre o processo de trabalho. A discussão dos tópicos abaixo é re-
levante para qualificação e valorização do trabalho do ACS:

• mapeamento, dinamicidade e desafios do território;


• planejamento do percurso e das visitas domiciliares;
• conhecimento dos recursos/dispositivos da comunidade;
• cadastramentos no SISREDE;
• registros de produção no E-SUS;
• mapeamento de situações prioritárias e de elevada vulnerabilidade da população adscrita à sua microárea;
• identificação dos desafios e potencialidades na família e na comunidade percebidos durantes as
visitas domiciliares;
• realização de busca ativa, conforme definição da equipe;
• participação em espaços coletivos (reunião de equipe, grupos operativos, sala de espera, colegiado
gestor, conselho local);
• necessidade de capacitações;
• necessidade de ações intersetoriais.

21
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

A supervisão é considerada um momento de educação permanente. Portanto, o enfermeiro,


enquanto orientador/educador desse processo, deve estimular os ACS a exporem seus questiona-
mentos e dificuldades relacionadas à prática, favorecendo- os como sujeitos críticos da realidade.
A supervisão do ACS deve ser registrada pelo enfermeiro na plataforma SISREDEWEB, no
módulo de atividade coletiva. É necessário inserir o nome dos participantes e anotar no campo de
observação o conteúdo discutido. Em caso de contingência, a supervisão pode ser registrada no
livro de ata da equipe. É importante orientar que o ACS leve para a discussão os instrumentos de
trabalho informatizados ou outros registros que considere importantes.
Ressalta-se que as negociações de férias, folgas, pagamento de paralisações e greves, licenças
médicas, etc, serão realizadas pelo gerente e/ou gerente adjunto do Centro de Saúde (CS) e com-
partilhadas com o enfermeiro da equipe de referência do ACS.

2. Sistematização da Assistência de Enfermagem


Visando promoção da melhoria contínua na qualidade da atenção à saúde da população do mu-
nicípio de Belo Horizonte, o enfermeiro deverá buscar a organização e operacionalização do seu
processo de trabalho através da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). A SAE é
determinada pela resolução do COFEN nº 358/2009 e estabelece que:

“o processo de enfermagem também chamado, consulta de enfermagem, deve ser


realizado de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos ou pri-
vados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem”.

Assim, incumbe ao enfermeiro à liderança na execução e avaliação do processo de enferma-


gem, e ao técnico e auxiliar de enfermagem, a participação na execução do processo de enferma-
gem, naquilo que lhes couber, sob a supervisão e orientação do enfermeiro.
O processo de enfermagem se operacionaliza em cinco etapas interrelacionadas e que ocor-
rem concomitantemente, conforme a figura 1 e o quadro 1.

Figura 1 - Etapas do processo de enfermagem

Etapas do processo de enfermagem

Primeira etapa Segunda etapa Terceira etapa Quarta etapa Quinta etapa

Coleta de dados Diagnóstico de Planejamento de Implementação Avaliação de


ou Histórico de enfermagem enfermagem da assistência de enfermagem
enfermagem enfermagem

Fonte: Tannure, 2010.

22
Quadro 1 - Processo de Enfermagem

PROCESSO DE ENFERMAGEM

Processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos


I. Coleta de dados de
e técnicas variadas, que tem por finalidade a obtenção de informações sobre
enfermagem (ou Histórico de
a pessoa, família ou coletividade humana e sobre suas respostas em um dado
Enfermagem)
momento do processo saúde e doença.

Processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira


etapa, que culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de
II. Diagnóstico de enfermagem que representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família
enfermagem ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; e
que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se
objetiva alcançar os resultados esperados.

Determinação dos resultados que se espera alcançar e das ações ou intervenções


III. Planejamento de de enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família
enfermagem ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença,
identificadas na etapa de Diagnóstico de Enfermagem.

Realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de Planejamento de


IV. Implementação
Enfermagem.

Processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas


respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento
V. Avaliação de enfermagem do processo saúde doença, para determinar se as ações ou intervenções de
enfermagem alcançaram o resultado esperado; e de verificação da necessidade de
mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem.

Fonte: COFEN, 2009.

2.1 Etapas da consulta de enfermagem

2.1.1 Coleta de dados/Histórico de enfermagem

Processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e técnicas va-
riadas, que tem por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade
humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo saúde e doença.
A empatia, a comunicação e a escuta qualificada são importantes ferramentas para o desenvol-
vimento de relação de confiança e construção de vínculo com a pessoa, família ou coletividade,
favorecendo a expressão das necessidades, bem como de suas potencialidades (qualidades) e
experiências positivas de superação das adversidades enfrentadas na vida.

23
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Além da entrevista e observação, a realização do exame físico é fundamental para a coleta de


informações relevantes. Para isso deve lançar mão de um conjunto de técnicas e manobras, dentre
as quais se destacam a inspeção, palpação, percussão e ausculta.

• Inspeção: consiste em exame visual das partes do corpo para verificar normalidades, sinais preco-
ces de anormalidades e presença de cateteres e tubos ou outros dispositivos. Observar: cor, aspec-
to, forma, tamanho, abaulamentos, retrações, lesões cutâneas.
• Palpação: obtenção do dado através do tato e da pressão. Avalia localização dos órgãos, resis-
tência, elasticidade, textura, mobilidade, temperatura, forma, tamanho, volume e consistência. Visa
detectar alterações tais como presença de edemas e massas anormais.
• Percussão: consiste em bater no corpo com as pontas dos dedos ou pequenos instrumentos, com
objetivo de produção de sons que possibilita a diferenciação de normalidades e anormalidades.
• Ausculta: trata-se da audição de sons internos do corpo com o auxilio do estetoscópio. Os enfermei-
ros auscultam coração, pulmões e sistema gastrointestinal.

O exame físico também é composto por aferição de sinais vitais: pulso, pressão arterial, fre-
quência cardíaca e respiratória, temperatura. Dados antropométricos: peso, altura, circunferência
cefálica, circunferência abdominal e dor. Pode-se, também, ser complementado com os exames de
otoscopia e oftalmoscopia.

2.1.2 Diagnóstico de Enfermagem

Processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que culmina
com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com
mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do
processo saúde doença e que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com
as quais se objetiva alcançar os resultados esperados.
O diagnóstico é considerado uma etapa da consulta de enfermagem e também um processo
que envolve habilidades cognitivas e raciocínio clínico, possibilitando o agrupamento dos dados e
o julgamento dos mesmos, gerando hipóteses diagnósticas compatíveis com os dados coletados
e que subsidiarão a seleção das intervenções a serem implementadas. Para tanto requer o uso de
linguagem específica, representadas nas denominadas classificações de enfermagem. A Classi-
ficação Internacional de Atenção Primária (CIAP) é uma alternativa para auxiliar o enfermeiro na
elaboração do diagnóstico de enfermagem, podendo ser um facilitador na comunicação entre pro-
fissionais e na obtenção de dados clínicos. A CIAP tem como principal critério de sistematização a
pessoa, incluindo o contexto social, e não a doença ou o diagnóstico etiológico, além de reforçar o
trabalho interdisciplinar na medida em que permite seu uso por diversos profissionais.
É característico do trabalho em atenção primária o enfrentamento das enfermidades no seu
aspecto mais complexo, desde o começo até o final, e em suas múltiplas manifestações. Assim,
o agente comunitário de saúde pode registrar as carências de sua habitação; a enfermeira fazer
constar o retardo de crescimento de um dos filhos dessa família; o médico atender a mãe por de-
pendência ao tabaco e doença pulmonar obstrutiva crônica; o farmacêutico identificar as dificulda-
des para o seguimento do tratamento medicamentoso. A CIAP permite inclusive a classificação do
processo de atenção (aquilo que faz e manda fazer o profissional de saúde), ficando fora da CIAP
apenas a classificação dos resultados da exploração clínica (dor à palpação profunda do hipocôn-
drio esquerdo, por exemplo).
Até meados dos anos 1970, grande parte dos dados de morbidade em atenção primária foi
classificada segundo a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a

24
Saúde (CID). Sendo reconhecida internacionalmente, esta classificação permitia comparar dados
de diferentes países. No entanto, isto dificultou a codificação de muitos sintomas e condições não
relacionadas a doenças, o que frequentemente aparece nos serviços de atenção primária, pois a
classificação destinava-se originalmente as estatísticas de morbidade e a sua estrutura baseava-se
em doenças. Visando resolver este problema, o Comitê de Classificação da Organização Mundial
dos Médicos de Família e Comunidade (WONCA) criou a Classificação Internacional de Problemas
de Saúde em Atenção Primária, lançada em 1975, e com segunda edição em 1979, relacionada
à 9ª revisão da CID. Em 1978 a OMS nomeou um grupo de trabalho, que foi responsável pelo de-
senvolvimento de uma Classificação Internacional de Motivos da Consulta em Atenção Primária.
A maioria dos membros desse grupo também eram membros da WONCA, e desenvolveram uma
Classificação de Motivos da Consulta mais tarde conhecida como CIAP.

2.1.3. Planejamento de Enfermagem

É a determinação dos resultados que se espera alcançar. E das ações ou intervenções de en-
fermagem que são realizadas face às respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um
dado momento do processo saúde e doença, identificadas na etapa de diagnóstico de enfermagem.
É a etapa em que se registram no prontuário individual: as intervenções de enfermagem que
serão prescritas ao usuário, cuidador ou família; ou as ações realizadas por outros membros da
equipe de enfermagem.

2.1.4. Implementação

Realização das ações ou intervenções determinadas na etapa do Planejamento de Enfermagem.

2.1.5. Avaliação de enfermagem

Processo deliberativo, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da


pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde doença, para
determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado; e de
verificação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas da consulta de enfermagem
(momento de revisão da coleta de dados, planejamento e intervenções).
O enfermeiro realiza a avaliação a cada novo encontro com a pessoa, família ou coletividade e
também se vale das informações provenientes de outros profissionais, uma vez que o trabalho se
desenvolve em equipe.
Embora a consulta de enfermagem seja apresentada em etapas, ela não acontece de maneira
linear, pelo contrário, as etapas se entrelaçam de maneira dinâmica.
Importante destacar que deve ser registrado no prontuário do usuário, de forma clara, as infor-
mações coletadas, o(s) diagnóstico(s) de enfermagem, as intervenções implementadas, incluindo
as orientações, bem como a evolução obtida (Resolução do COFEN nº 429/2012).

25
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

2.1.6. Registro da consulta de enfermagem

O registro da consulta de enfermagem deve ser feito formalmente, e constará de: resumo dos
dados coletados; os diagnósticos de enfermagem; as ações ou intervenções de enfermagem rea-
lizadas; e os resultados alcançados como consequência das ações realizadas. O diagnóstico de
enfermagem também é considerado uma categoria nominal, refere-se a palavra, ou conjunto de
palavras, que expressa a conclusão da interpretação do enfermeiro aos dados coletados e pode
referir-se a uma situação, necessidade ou potencialidade da pessoa, família ou coletividade. Para
isso utiliza-se linguagem específica, contida nas classificações de enfermagem.
Para finalizar os atendimentos realizados no prontuário eletrônico (SISREDE) da APS de BH,
no momento, é utilizada a CID. O uso da CID foi uma necessidade de padronização pelo Ministério
da Saúde para o registro de atendimentos dos profissionais de nível superior no E-SUS. A CID foi
elaborada para padronizar e catalogar as doenças e problemas relacionados à saúde para fins
estatísticos e epidemiológicos, com vistas ao planejamento em saúde, tendo como referência a
Nomenclatura Internacional de Doenças, estabelecida pela OMS. Não é uma nomenclatura espe-
cífica para diagnóstico médico (diagnóstico nosológico), a CID codifica sinais e sintomas, classes
de doenças e agravos à saúde em geral e pode ser utilizada por qualquer categoria profissional de
nível superior. Esse registro não exclui as outras formas do enfermeiro de classificar ou identificar
o diagnóstico de enfermagem.

2.2. Exames solicitados pelos enfermeiros


Considerando o exercício de uma prática de enfermagem efetiva, integral e humanizada, é de
fundamental importância que o profissional enfermeiro no exercício de suas atribuições, solicite
exames laboratoriais e complementares, objetivando o fortalecimento do trabalho em equipe e o
atendimento oportuno às necessidades individuais do usuário. Os exames solicitados fornecem
informações úteis sobre a condição de saúde do usuário e a resposta ao tratamento, que podem
não ser aparentes através da história e exame físico isolado. A solicitação de exames e avaliação
dos resultados é fundamental para garantir uma assistência de enfermagem segura, sem riscos ou
danos ao usuário.
A resolução COFEN 195/97 autoriza o enfermeiro solicitar exames de rotina e complementares
de acordo com a necessidade, para aplicação de uma conduta mais segura durante a consulta de
enfermagem. Esta resolução está amparada pela LEI 7498/86 que dispõe sobre a regulamenta-
ção do exercício da profissão e pela portaria MS/GM nº 648 de 2006 que prevê como atribuições
específicas do enfermeiro, entre outras: realizar consultas de enfermagem, solicitar exames com-
plementares, observadas as disposições legais da profissão e conforme os protocolos ou outras
normativas técnicas estabelecidas pelas instituições.
O enfermeiro poderá solicitar os exames descritos abaixo, incluindo situações de rastreio. O
profissional deve se atentar para condicionalidades que exijam repetição periódica, bem como in-
dicações clínicas e protocolos existentes na instituição.

Recomendações aos enfermeiros:

• solicitar os exames listados observando que haja comprovação, através de documento escrito ou
registro eletrônico no prontuário, de que o mesmo possui a condição/morbidade que justifique a so-
licitação dos exames;
• encaminhar para atendimento médico usuários cujos resultados dos exames complementares este-
jam fora dos padrões da normalidade;
• seguir a periodicidade estipulada nos protocolos para cada um dos exames ou conforme avaliação

26
clínica, evitando pedidos desnecessários;
• realizar avaliação clínica do usuário, encaminhando-o para atendimento médico quando necessário.
O enfermeiro poderá solicitar os exames descritos abaixo, levando em consideração as recomenda-
ções já citadas, assim como àquelas dos protocolos da SMSA/PBH.

• ABO/RH/DU. • Hemograma.
• BAAR, TRM-TB. • Mamografia.
• BHCG. • Microalbuminúria.
• Citopatológico do colo uterino. • Relação albumina/creatinina.
• Colesterol (frações). • Potássio.
• Colesterol total. • Sódio.
• Creatinina sérica. • Sorologias (VDRL /FTA-ABS, Anti-HIV, Anti-HCV,
• Cultura de feridas. Anti-HBsAg, Anti-HBs,Anti-HBc).
• Eletrocardiograma. • Teste de tolerância oral à glicose (TOTG).
• Eletroforese de Hemoglobina B. • Testes rápidos ( Anti-HIV,Treponêmico-Sífilis, Anti-
• Exame parasitológico fezes. -HCV, HBsAg, gravidez).
• Espermograma pós vasectomia. • Toxoplasmose (coleta em papel filtro).
• Exame de urina rotina. • Toxoplasmose IgG/IgM.
• Glicemia de jejum. • Triglicérides.
• Glicohemoglobina. • TSH.
• Glicose pós prandial. • Ultrassom endovaginal.
• Ultrassom obstétrico.
• Urocultura.

2.2.1 Exames para rastreamento


Para garantir uma prática que valorize a promoção de saúde e prevenção de agravos, alguns
exames de rastreamento (em pessoas previamente saudáveis, com ou sem fatores de risco), po-
dem ser solicitados em situações específicas. No rastreamento, um exame positivo não implica fe-
char um diagnóstico, pois geralmente são exames que selecionam as pessoas com maior probabi-
lidade de apresentar a doença em questão, e outros exames podem ser necessários. O enfermeiro
como integrante da equipe de saúde da família deverá discutir eventuais dúvidas com o médico da
equipe ou de apoio sempre que necessário.
Segue abaixo a relação de exames para rastreamento que podem ser solicitados pelos enfer-
meiros da APS de BH:

27
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Intervalo de
Tipo de rastreamento Condição Exame
rastreamento

Dislipidemia Homens> 35 anos Colesterol HDL e LDL. **

Homens de 20 a 35
Dislipidemia anos se alto risco Colesterol HDL e LDL. **
cardiovascular

Mulheres entre 20 e
Dislipidemia 45 anos se alto risco Colesterol HDL e LDL. **
cardiovascular

Não há recomendação
contra ou a favor do
rastreamento das desordens
Dislipidemia Mulheres > 45 anos lipídicas em mulheres com **
20 anos ou mais se elas não
estiverem em grupo de alto
risco cardiovascular.
Repetir a cada 02 anos se
PA <120/80.
Homens e mulheres > 18
Hipertensão arterial Medida clínica Anual se PA sistólica entre
anos
120/139 ou diastólica entre
80/90.

Todos com PA sustentada


maior que 135/90 mmHg
Diabetes tipo II Glicemia de jejum de 08h
independente da idade e
outras patologias

Perguntar sobre tabagismo


A todos os adultos Não há periodicidade
Tabagismo e oferecer intervenção para
incluindo gestantes definida.
que deixem o hábito

Investigar uso prejudicial e


A todos os adultos Não há periodicidade
Uso de álcool realizar intervenção para
incluindo gestantes definida
hábitos saudáveis

Cálculo do índice de massa


corpórea (IMC): Não há periodicidade
Todos os pacientes 25-29,9 sobrepeso definida. Recomendado
Obesidade
maiores de 06 anos 30-34,9 obesidade grau I realizar durante exame
35-39,9 obesidade grau II periódico de saúde
>40 obesidade grau III

**Não há consenso. Opinião de especialistas sugere repetir a cada 05 anos se resultado normal ou antes a depen-
der do risco cardiovascular associado.

28
Específicos para crianças:

Tipo de Rastreamento Condição Exame Intervalo de rastreamento

Anemia falciforme Todos os recém-nascidos Teste do pezinho Entre o 3º e o 5º dia de vida


Hipotireoidismo
Todos os recém-nascidos Teste do pezinho Entre o 3º e o 5º dia de vida
congênito

Fenilcetonúria Todos os Recém nascidos Teste do pezinho Entre o 3º e o 5º dia de vida

Fibrose Cística Todos os recém-nascidos Teste do pezinho Entre o 3º e o 5º dia de vida

Hiperplasia adrenal
Todos os recém-nascidos Teste do pezinho Entre o 3º e o 5º dia de vida
congênita

Deficiência de
Todos os recém-nascidos Teste do pezinho Entre o 3º e o 5º dia de vida
biotinidase

Preferencialmente no primeiro
Perda auditiva Todos os recém-nascidos Teste da orelhinha
mês de vida

Ambliopia, estrabismo
Todos os recém-nascidos Avaliação clínica Durante a puericultura
e acuidade visual

Específicos para detecção de infecção sexualmente transmissível/doença


sexualmente transmissível (IST\DST):

Tipo de Rastreamento Condição Exame Intervalo de rastreamento

Testagem rápida e/ou


Todos os pacientes com 1ª consulta e repetir conforme
coleta de sangue para
IST\DST história de IST ou sem janela imunológica e
sífilis, HIV e hepatites B
história pregressa. imunização.
e C.

Populações mais
vulneráveis (gays, HSH*, Testagem rápida de
1ª consulta e repetir conforme
profissionais do sexo, preferência e/ou coleta de
IST\DST janela imunológica e
travestis/ transexuais sangue para sífilis, HIV,
imunização.
e pessoas que usam hepatites B e C.
drogas).

Testagem rápida de
1ª consulta e repetir conforme
Parcerias sexuais de preferência e/ou coleta de
IST/DST janela imunológica e
pacientes com IST\DST. sangue para sífilis, HIV,
imunização.
hepatites B e C.
Comunicantes de 1ª consulta e repetir conforme
Coleta de sangue para
Hepatite B pacientes suspeitos de janela imunológica e
Hepatite B.
Hepatite B. imunização

*Homens que fazem sexo com homens

29
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Específicos para detecção de câncer (CA):

Tipo de Rastreamento Condição Exame Intervalo

Mulheres sexualmente
ativas.Prioritariamente de Repetir a cada três anos após
CA de Colo de útero 25 a 59 anos. Suspender Papanicolau dois exames anuais normais
após 65 se últimos consecutivos.
exames normais.
Exame clínico das mamas
Mulheres de 50-74 anos (ECM) e mamografia ECM anual e MMG bianual
(MMG)
ECM anual e se alterado
C.A de Mama Mulheres 40 a 49 anos realizar mamografia
(solicitação médica)
Maiores de 35 anos com
ECM anual e MMG anual
alto risco para CA de
(solicitação médica)
mama
Anualmente ou bianualmente
mostram os mesmos efeitos
na redução de incidência de
Câncer de Cólon e Adultos entre 50 e 75
Sangue oculto nas fezes CA de cólon e reto.
Reto anos
Encaminhar para médico para
colonoscopia se resultado
positivo.

O nível de evidência
é insuficiente para se
Homens com menos de recomendar contra ou a
75 anos favor do rastreio de C.A de
próstata em homens com
idade menor que 75 anos

Próstata Recomenda-se a não


adoção do rastreamento
nessa idade (maiores de
75 anos) uma vez que
Homens com mais de 75
existe nível adequado de
anos
evidência mostrando que
essa estratégia é ineficaz
e que os danos superam
os benefícios.

30
2.3 Medicamentos prescritos pelos enfermeiros
A prescrição de medicamentos pelo enfermeiro está prevista na lei do exercício profissional (lei
7498/86), pelo decreto 94406/87 que regulamenta a lei 7498/86 e pela portaria 2488/2011, que
aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e da qual destacamos o seguinte trecho:

“[...] compete ao enfermeiro realizar consulta de enfermagem, procedimentos,


atividades em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas es-
tabelecidas pelo gestor federal, estadual, ou municipal, observadas as dispo-
sições legais da profissão, solicitar exames complementares, prescrever me-
dicações e encaminhar, quando necessário, usuários a outros serviços [...]”.

Considerando a legislação supracitada e as resoluções do Conselho Federal de Enfermagem


números: 195/97, que dispõe sobre a solicitação de exames de rotina e complementares por En-
fermeiro; 223/99, que dispõe sobre a atuação de Enfermeiros na Assistência à Mulher no Ciclo
Gravídico Puerperal; 389/11, que atualiza os registros das Especialidades de Enfermagem; 311/07,
que aprova a reformulação do código de ética dos profissionais de enfermagem; 358/2009, que
dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem; 225/2000, que dispõe sobre o cum-
primento de prescrição medicamentosa à distância e 429/12, que dispõe sobre o registro das ações
profissionais no prontuário.
Considerando os protocolos e programas implantados no município com o objetivo de criar con-
dições para uma prática de enfermagem mais integral e resolutiva e de fornecer ampla divulgação à
proposta de sistematização da assistência de enfermagem na APS de Belo Horizonte, formalizam-
-se através deste documento recomendações específicas para prescrição de medicamentos e so-
licitação de exames realizados pelo enfermeiro.

• A prescrição de medicamentos pelo enfermeiro não é prática obrigatória, deve ser desenvolvida pelo
profissional que se sentir seguro e apto para tal.
• Deve, preferencialmente, estar vinculada à consulta de enfermagem/SAE e poderá ser feita para
todos os ciclos de vida considerando os protocolos e normatizações institucionais da SMSA/PBH.
• Não é recomendado que seja feita no momento de atendimento à demanda espontânea, posto que
deve estar vinculada à consulta de enfermagem. Recomenda-se que a prescrição para pacientes em
demanda espontânea com queixa clínica, deverá abranger apenas medicação para alívio e conforto
a ser administrada dentro da unidade de saúde.
• No momento da consulta o enfermeiro deve checar a adesão e os conhecimentos do usuário sobre
o uso dos medicamentos prescritos e reforçar as orientações de uso correto dos mesmos, incluindo
orientações sobre dose, frequência, interações medicamentosas, interação com alimentos, além de
possíveis efeitos colaterais, bem como orientar sobre os exames solicitados.
• O paciente deve estar presente à consulta.
• Se o paciente possuir problemas cognitivos (mesmo que em decorrência de idade avançada), este
deve estar acompanhado por responsável/cuidador.

31
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

2.3.1 Medicações passíveis de prescrição pelo profissional


enfermeiro na consulta de enfermagem

Sinais, sintomas e Via de Administração / Risco


Medicação Dose
outras condições na gravidez e lactação.

Adultos: 500 a 1000mg/


dose vezes ao dia.

Crianças: 10 a 25 mg/kg/
dose.

Lactente: 10mg/kg/dia 4
vezes ao dia.

Pré-escolar: 15mg/kg/
dose 4 vezes ao dia.

Escolar: 25mg/kg/dose 4
vezes ao dia

Cálculo da dose em gotas


por idade ou peso:
Via oral
• 3 a 11 meses (5 a 8
Kg): 3 a 6 gotas 4 vezes
Não usar na gravidez
ao dia
Dor e febre Dipirona sódica • 1 a 3 anos (9 a 15 kg):
Amamentação: não
7 a 12 gotas 4 vezes ao
amamentar até 48 h após o
dia
uso
• 4 a 6 anos (16 a 23 kg):
13 a 16 gotas 4 vezes ao
dia
• 7 a 9 anos (24 a 30 kg):
18 a 21 gotas 4 vezes ao
dia
• 10 a 12 anos (31 a 45
kg): 22 a 30 gotas 4 vezes
ao dia
• 13 a 14 anos (46 a
53 Kg): 30 a 37 gotas 4
vezes ao dia

OBS: Fabricantes
sugerem não usar em
menores de 03 meses
ou menores de 05 kg por
risco de disfunção renal.

32
Adultos e crianças
maiores de 12 anos: 500
a 1000 mg/dose 3 a 4
vezes ao dia (não ingerir
mais de 4g/dia)
*Gravidez: (FDA) Risco B
Crianças até 12 anos: 10
*Amamentação: o uso
Dor e febre Paracetamol mg/kg/dose (máximo de
em doses terapêuticas
230 mg/dose) 3 a 4 x ao
recomendadas não
dia
representa risco ao lactente.
Obs: não usar por mais
de 10 dias em adulto
e mais de 05 dias em
crianças.
Uso profilático:
Via oral
• < de 5 anos: 2mg/kg de
ferro elementar a cada Preferível tomar com
24 horas. Dose máxima estômago vazio,1 h antes
diária 30 mg de ferro ou 2h após as refeições,
elementar. tomar com água ou com
sucos cítricos para melhorar
• > de 5 anos: 30 mg de absorção.
ferro elementar, por via
oral, a cada 24 horas. Tomar junto com leite,
cereais, café, chá prejudica a
Tratamento: absorção. Lembrar de manter
Tratamento ou
Sulfato ferroso fora do alcance de crianças.
prevenção de anemia
• Prematuros e RN com
PN < 2500 g: 2 a 4 mg/ Gravidez: classificação não
kg/dia entre 30 e 60 dias, disponibilizada. Problemas
depois baixar para 1 a 2 não foram relatados com uso
mg/kg/dia, por via oral, a das doses recomendadas.
cada 24 horas ou dividido Amamentação: problemas
a cada 12 horas. Dose não foram relatados com uso
máxima diária de 15 mg. das doses recomendadas.

• Adultos: 60 mg de ferro
elementar, por via oral, a
cada 24 horas.

Uso tópico.
Para alívio: varicela,
queimaduras de sol,
assaduras.
Aplicar sobre a pele
limpa, várias vezes ao Remover da pele usando
dia, quantidade suficiente água e sabão neutro, se
para cobrir a área necessário óleo mineral.
Varicela / queimaduras Pasta d’água afetada.
Gravidez: não há
Evitar contato com olho e classificação disponível,
mucosas. porém não há absorção
sistêmica relevante.

Lactação: não há informações


sobre excreção no leite.

33
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Via oral.

Para alívio (varicela).

Gravidez (FDA): risco B

Amamentação: o uso
Adultos e crianças acima em doses terapêuticas
Dexclorfeniramina
de 12 anos: 2 mg 3 a 4 x recomendadas é considerado
(maleato de
ao dia. seguro para o lactente.
dexclorfeniramina)
Monitorar para sedação
Crianças de 6 a 11 anos: excessiva ou irritabilidade.
Apresentações:
Varicela 1mg a cada 4 a 6 horas.
Comprimidos de 2mg ou
Contra-indicação:
6 mg.
Crianças de 2 a 05 anos:
0,5 mg a cada 4 a 6 • Crianças menores de 2
Solução oral: 2mg/5mL
horas. anos
• hepatopatias
• história de intervalo
QT prolongado
(eletrocardiograma)
• pacientes que receberam
IMAO (inibidor damonoamina-
oxidase) nos últimos 15 dias.

Uso tópico.

Limpar e secar
completamente a área da
pele antes de aplicar o
medicamento.
Crianças: passar na
*Gravidez: poderá ser
área lesada 2x ao dia,
utilizado no primeiro trimestre
continuando por pelo
Dermatite de fraldas Miconazol creme 2% da gravidez somente se, a
menos 10 dias após o
critério médico, os benefícios
desaparecimento das
superarem os possíveis
lesões.
riscos.

*Amamentação: não se sabe


se nitrato de miconazol creme
vaginal é excretado no leite
materno.

Crianças prematuras ou
baixo peso: 100.000 UI,
4x ao dia

Lactentes: 100.000 UI a Recomenda-se colocar


200.000 UI, 4x ao dia. metade da dose de cada lado
Nistatina suspensão oral
Crianças (não baixo da boca.
Monilíase oral 100.000ui/mL
peso): 100.000 UI a
600.000 UI 4 x ao dia. Gravidez: (FDA) Risco C.

Manter o esquema
posológico por 48h após
desaparecer os sintomas.

34
Via oral:
Crianças:*75mL/kg em
pequenos volumes em um Orientar paciente a preparar
período de 4 horas. a solução apenas com água
*Oferecer 200mL após filtrada.
Diarréia/ cada episódio de diarréia.
Soro de Reidratação Oral
vômito Não ferver a solução depois
Adultos: 200 a 400 mL (de de pronta.
acordo com a perda de
líquidos) por via oral após Gravidez e amamentação:
cada episódio de diarréia. não há problemas
documentados
Apresentações podem ou
não conter o expediente
cloreto de benzalcônio. As
fórmulas livres de cloreto de
Apresentação em gotas
benzalcônio, não tem contra-
ou spray nasal.
indicação.
Para limpeza e Quantidade a ser usada
Soro fisiológico 0,9%
hidratação da mucosa vai variar de acordo com
solução nasal. *As formulações com esse
nasal a necessidade de limpeza
expediente, reportam que
e hidratação.
raramente pode ocorrer rinite
medicamentosa, mas não há
contra-indicação de uso na
bula.

Pediculose (piolhos)
em adultos e crianças
maiores de 02 anos:

A cabeça deve estar


Uso Tópico.
previamente limpa
(com xampu ou sabão
Gravidez: (FDA) Risco B
comum, e seca). Com os
Permetrina (tópico:capilar) cabelos já secos, aplicar
*Amamentação: Não há
quantidade suficiente
estudos sobre excreção no
para molhar bem os
leite.
cabelos e couro cabeludo.
Deixe agir por 10 min
e enxaguar. Reaplicar
após 5 a 7 dias se for
necessário.
Pediculose
*Gravidez e lactação: o uso
deste medicamento deve ser
evitado durante a gravidez,
uma vez que a segurança
nesses casos ainda não foi
estabelecida. A ivermectina
Pediculose (piolho): é eliminada no leite materno
adultos e crianças com em pequenas concentrações
Ivermectina mais de 15 Kg dose única e não deve ser administrado
de 200 mcg por quilo de durante o período de
peso. lactação.

Não foram estabelecidas a


segurança e a eficácia em
crianças com menos de 15 kg
ou menores de 5 anos.

35
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Crianças menores de 2
anos:

• Ascaris
Lumbrubricoides,
Ancylostomaduodenale,
Necatoramericanus e
Enterobiusvermicularis
(Oxiurus)) - 200 mg, por
via oral, em dose única,
o tratamento pode ser
repetido após 3 semanas,
principalmente em Alertar paciente para não
enterobíase. ingerir duas doses ao mesmo
• Trichuristrichiura,Stron tempo.
gyloidesstercoralis – 200
mg, por via oral, a cada Ingerir durante as refeições
24 horas, durante 3 dias. para aumentar a absorção do
fármaco.
Adultos e crianças acima
de 2 anos: Gravidez: (FDA) Risco C
Verminose Albendazol
Antes de utilizar, deve-se
• Ascaris assegurar de que não há
Lumbrubricoides, processo de gravidez em
Ancylostomaduodenale, mulheres em idade fértil (15 -
Necatoramericanus e 40 anos).
Enterobiusvermicularis
(Oxiurus) – 400 mg, por *Amamentação:
via oral, em dose única, contraindicado
o tratamento pode ser
repetido após 2 a 3
semanas, principalmente
em enterobíase.
• Trichuristrichiura – 400
mg, a cada 24 horas por
três dias.
• Strongyloidesstercoralis
• 400 mg a cada 12 ou 24
horas,durante 2 a 3 dias.
• Giardiaintestinalis – 400
mg, a cada 24h por 5 dias

Salbutamol Spray:
100mcg/dose

Prescrever dose de
ataque, para uso na Gravidez: (FDA) Risco C
unidade e conforme
Asma Salbutamol descrito em protocolo *Amamentação: uso não
institucional, para os recomendado
casos de impossibilidade
de atendimento médico
imediato ou quando não
há médico na unidade.

36
Via oral:

Em caso de vômitos até 2


horas após a ingestão, a dose
poderá ser repetida.

*Orientar paciente a:
• usar no máximo até
72 horas após relação
desprotegida para manter a
eficácia da medicação.
• ingerir com alimento ou
leite para evitar desconforto
gástrico
Recomendado para
• alertar sobre possibilidade
mulheres maiores de 16
de adiantamento ou atraso da
anos.
próxima menstruação
• alertar sobre necessidade
Pode ser tomado como
de notificar dor em baixo
dose única de 1,5 mg até
Levonorgestrel ventre, que pode ser sinal de
Anticoncepcional de 72 horas após relação
apresentação:02 gravidez ectópica
emergência desprotegida.
comprimidos de 0,75mg • alertar a não adotar a
Ou tomar 01 comprimido
contracepção de emergência
imediatamente e 1 após
como método regular de
12 horas. Usar até 72
controle de natalidade
horas após relação
• alertar que esse método
desprotegida.
não protege contra DST/
IST´s.

*Gravidez: uso
contraindicado.
*Amamentação: estudos
mostram que a quantidade
de medicação, passada
para o leite, não interfere na
qualidade ou quantidade de
leite produzida. Recomenda-
se no entanto que seu uso
ocorra apenas 06 meses
após o parto.

Para gestantes> prevenção


de defeito no tubo neural.

Cuidado com pacientes em


04 a 05 mg a cada 24
uso de anticonvulsivantes:
horas, das 4 semanas
Pode reduzir o efeito do
Saúde da mulher Ácido fólico que antecedem a
anticonvulsivante.
gravidez até a 12ª
Gravidez: (FDA) Risco A
semana de gestação.
Amamentação: problemas
não foram relatados com uso
das doses recomendadas.

*Informação obtida da bula da medicação.


** Classificação de risco na gravidez, consultar bibliografia BRASIL, 2010 (Remume).

37
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

2.3.2. Medicações passíveis de prescrição pelo profissional


enfermeiro para medidas de conforto

A prescrição e administração de medicamentos pelo enfermeiro no Centro de Saúde nos casos


de usuários com queixa clínica será realizada para aqueles que necessitam de medidas de confor-
to enquanto aguardam atendimento médico na unidade ou encaminhamento para outro ponto de
atenção da rede de urgência.
Essa iniciativa visa respaldar o enfermeiro na oferta de um cuidado humanizado ao usuário du-
rante sua permanência na unidade, reduzindo sofrimento e proporcionando uma atenção oportuna
enquanto o mesmo aguarda atendimento médico ou transferência.
Estas orientações foram originárias da Nota Técnica GEAS 01/2014 sobre prescrição e adminis-
tração de medidas de conforto pelo enfermeiro nos Centros de Saúde.

2.3.2.1. Casos que necessitem de alívio da dor ou


diminuição da febre

Na impossibilidade de avaliação médica imediata, o alívio da dor deve ser oferecido ao usuário
que estiver queixando do sintoma no momento em que está sendo atendido. A dor deve ser medi-
cada principalmente nos casos em que está associada a sofrimento, desconforto, agitação ou até
agressividade. O usuário espera ter a dor aliviada quando busca a unidade de saúde e essa oferta
de cuidado para o controle da dor gera satisfação das pessoas com o atendimento prestado.
Já o tratamento sintomático da febre pode estar indicado quando além da temperatura alta (es-
pecialmente acima de 38 graus), o usuário também apresentar mal-estar, prostração, dor muscular,
cefaléia, irritabilidade e/ou náusea. A pessoa com febre pode estar taquicárdica e/ou taquipnéica.
Nesses casos, o alívio desses sintomas e a normalização dos sinais vitais tem o objetivo de trazer
conforto ao usuário e facilitar a interpretação dos achados clínicos.
Antes de medicar para alívio da dor ou febre é necessário perguntar ao usuário se tem história
de alergia e se usou medicamento antes de buscar atendimento. Considere essas informações
para a escolha da medicação. Para esse tratamento, propõem-se os medicamentos abaixo:

38
Primeira opção Segunda opção
Paracetamol Dipirona
Gotas (200mg/mL) Gotas (500mg/mL)
Medicação
Comprimido (500mg ou 750mg) Comprimido (500mg)

Via de administração: oral Via de administração: oral

Adultos: 500 a 1000mg/dose vezes ao dia.


Crianças: 10 a 25 mg/kg/dose.
Lactente: 10mg/kg/dia 4 vezes ao dia.
Pré-escolar: 15mg/kg/dose 4 vezes ao dia.
Escolar: 25mg/kg/dose 4 vezes ao dia

Cálculo da dose em gotas por idade ou


peso:
Adultos e crianças maiores de 12 anos: 500 a
• 3 a 11 meses (5 a 8 Kg): 3 a 6 gotas 4
1000 mg/dose 3 a 4 vezes ao dia (não ingerir
vezes ao dia
mais de 4g/dia)
• 1 a 3 anos (9 a 15 kg): 7 a 12 gotas 4
Posologia
vezes ao dia
Crianças até 12 anos: 10 mg/kg/dose (máximo
• 4 a 6 anos (16 a 23 kg): 13 a 16 gotas 4
de 230 mg/dose) 3 a 4 x ao dia
vezes ao dia
• 7 a 9 anos (24 a 30 kg): 18 a 21 gotas 4
Obs: não usar por mais de 10 dias em adulto e
vezes ao dia
mais de 05 dias em crianças.
• 10 a 12 anos (31 a 45 kg): 22 a 30 gotas
4 vezes ao dia
• 13 a 14 anos (46 a 53 Kg): 30 a 37 gotas
4 vezes ao dia

OBS: Fabricantes sugerem não usar em


menores de 03 meses ou menores de 05 kg
por risco de disfunção renal.

Indicação Analgesia e antipirexia

• Menores de 3 meses de idade.


• Não deve ser administrado a usuário • Neutropenia.
com hipersensibilidade a qualquer um dos • Reação prévia de hipersensibilidade.
componentes da fórmula.
• Não deve ser administrado a usuários com Não deve ser administrada a usuários
Contra
doenças hepáticas ou alcoolismo. com intolerância conhecida aos derivados
indicação
• Ponderar o uso de paracetamol em usuários de pirazolônicos ou com determinadas
alérgicos a ácido acetilsalicílico (aspirina) doenças metabólicas, tais como porfiria
devido a risco de broncoespasmo. hepática e deficiência congênita de glico-6
fosfato desidrogenase.

• Gravidez: não deve ser usada durante a


• Gravidez e amamentação.
gravidez.
• Lactação: é excretada no leite materno. A
Casos especiais Observação: a administração deve ser feita por
lactação deve ser evitada durante e até 48
períodos curtos.
horas após o uso da dipirona.

• Sintomas gástricos. • Sintomas gástricos.


• Sintomas cutâneos. • Agranulocitose/ aplasia (grave, ocasional).
Efeitos
• Toxicidade hepática (grave, associada a • Hipersensibilidade renal.
colaterais
doses excessivas) • Erupção cutânea fixa.

Fonte: Fonseca, 2009.

39
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

2.3.2.2. Casos de crise asmática


Na impossibilidade de avaliação médica imediata, o usuário que chegar ao Centro de
Saúde com quadro de crise grave deverá receber primeiro atendimento pelo enfermeiro e,
se for necessário, deverá entrar em contato com Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) para receber demais orientações e definição do tipo de transporte para o caso.
Nos casos graves de asma os usuários podem apresentar fácies de sofrimento, esforço
inspiratório, sibilância à distância, tempo expiratório prolongado e tiragem. Nesse primei-
ro atendimento, o usuário deve ser mantido em oxigenioterapia por cânula nasal, ver item
2.2.2.3. Nos casos específicos de crianças e adolescentes, esse atendimento poderá ser
acrescido de administração de broncodilatadores (beta2 – agonista de curta duração) por via
inalatória através de uma das seguintes formas:

• spray de salbutamol (100mcg/jato) com espaçador: 4 jatos a cada 20 ou 30 minutos, por no


máximo 4 vezes; ou
1
• nebulização: salbutamol 1 gota/2kg/dose (máximo de 10 gotas/dose) em 3 mL de soro fisiológico
(NaCl 0,9%) com oxigênio de 6 litros/min a cada 20 ou 30 minutos, por no máximo 4 vezes.

Os procedimentos descritos deverão ser realizados até avaliação médica ou transferência para
a unidade de urgência. A reavaliação deve ser contínua e o broncodilatador deve ser administrado
em intervalos de 20/20 minutos até 2/2 horas, tentando espaçar a medicação de acordo com a
melhora clínica ou na presença de efeitos colaterais com pulso maior que 180 bpm em crianças.
Observando resposta parcial ao uso de broncodilatador, deverá administrar corticóides oral (pred-
nisona ou predinisolona na dose de 1 a 2 mg/Kg/dose única – dose máxima de 40 mg/dia), exceto
para aqueles que apresentarem algum impedimento à via oral como vômitos, taquipnéia acentuada
ou alteração da consciência devido ao risco de aspiração.
Em crises de asma leve ou moderada com previsão de atendimento médico que ultrapassa duas
horas, o enfermeiro pode realizar a administração de broncodilatador por via inalatória, conforme
prescrição médica no prontuário ou em receita 2 . Quando não há médico na unidade, após o pri-
meiro atendimento, esse usuário deverá ser encaminhado para consulta médica no mesmo dia em
outro ponto de atenção.

2.3.2.3. Casos que necessitam de oxigenoterapia


As indicações básicas para esse procedimento são:

• dificuldade respiratória ou tosse associadas a: falta de ar em repouso ou durante a fala, esforço res-
piratório, taquipnéia e/ou estado mental agitado ou confuso;
• saturação de oxigênio < 90 % (em ar ambiente);
• dor torácica precordial;
• intoxicação por gases (ex: incêndios, gás tóxico como monóxido de carbono);
• envenenamento por cianeto.

Para avaliar a eficácia da respiração e os sinais de insuficiência respiratória devem ser observadas a
oxigenação, ventilação e mecânica respiratória.

• Oxigenação: é avaliada pela saturação de oxigênio no sangue através do oxímetro, cor e nível de

1
Água bidestilada NUNCA deve ser usada como veículo, devido ao risco de exacerbação dos sinais/sintomas e
até levar a óbito.
40 2
PROTOCOLO PROGRAMA CRIANÇA QUE CHIA. Secretária Municipal de Saúde de Belo Horizonte, 2012.
consciência da pessoa. A saturação de oxigênio da hemoglobina (SaO2) é uma porcentagem que
exprime a quantidade de oxigênio transportada pela hemoglobina em relação à quantidade que ela
poderia carregar. O valor considerado mínimo para a SaO2 é de 90% a 92%. O oxímetro de pulso
mede indiretamente a quantidade de oxigênio no sangue através da ponta dos dedos. O sinal mo-
nitorado varia de acordo com o ritmo na frequência cardíaca e pode não ser detectado em estados
de má perfusão, pacientes anêmicos e unhas com esmalte. O sinal clínico mais frequente e precoce
para observar hipoxemia é a palidez cutânea (pois a cianose apresenta-se tardiamente), agitação,
confusão mental ou prostração também podem estar presentes.
• Ventilação e mecânica respiratória: verificadas através da frequência respiratória, expansibilidade
da caixa torácica e regularidade dos movimentos respiratórios. O primeiro sinal de disfunção respi-
ratória é, em geral, a taquipnéia. Respiração irregular ou bradipnéia são sinais de mau prognóstico.
Alterações da mecânica respiratória: retrações inspiratórias intercostais, subcostais, supraesternal,
subesternal e esternais, uso de musculatura acessória com batimento de asa de nariz, balanço tora-
coabdominal, gemência e estridor expiratório prolongado.

Na impossibilidade de avaliação médica imediata, o usuário que chegar ao Centro de


Saúde com o quadro descrito acima deverá receber primeiro atendimento do enfermeiro e,
se for necessário, deverá entrar em contato com SAMU para receber demais orientações e
definição do tipo de transporte para o caso.
Nesse primeiro atendimento, o usuário deve ser mantido com a cabeceira elevada a 30° e
ser ofertado oxigênio umidificado em baixo fluxo utilizando-se cateter nasal com 1 a 2L/min,
observando a resposta do usuário e avaliando a necessidade de aumentar o fluxo. Se neces-
sário, aumentar gradativamente, chegando ao máximo de 5L/min. A resposta deve ser avaliada
clinicamente, objetivando chegar a uma saturação mínima de 90%. Atenção especial deve ser
dada a idosos, pacientes com DPOC e recém-nascidos para não ofertar oxigênio em excesso.

2.3.2.4. Casos que necessitam de hidratação


Será realizada com soro de reidratação oral (SRO) conforme protocolos existentes na
SMSA/PBH.

2.4. Encaminhamentos de usuários intra e extra APS

O enfermeiro tem papel fundamental na estruturação do serviço da APS. Para possibilitar


uma prática humanizada, eficiente e resolutiva, o enfermeiro poderá encaminhar os usuários
para continuidade do cuidado dentro e fora da unidade, de acordo com as especificações
que seguem, sempre no contexto do trabalho em equipe, com discussão do caso, garantindo
assim, a transferência do cuidado.

41
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Contexto Encaminhamento

O enfermeiro poderá encaminhar a gestante ao Pré-Natal de alto risco


Pré-natal
segundo critérios estabelecidos nos protocolos institucionais.
O enfermeiro poderá encaminhar a mulher ao ambulatório de propedêutica
do colo nas situações clinicamente indicadas nos protocolos institucionais,
ou orientá-las a repetir o exame na periodicidade previamente estabelecida
Prevenção do CA de colo de útero
nos protocolos institucionais, observando-se o critério de que as mulheres
encaminhadas tenham coletado o exame citopatológico do colo uterino com o
enfermeiro em questão.
O enfermeiro poderá encaminhar conforme o resultado da mamografia.
Mamografias com Categoria zero, encaminhar a mulher ao ginecologista no
Centro de Saúde, preferencialmente. Na impossibilidade disso, encaminhar
Prevenção do CA de mama ao médico generalista. Mamografias com categorias I e II, orientar a mulher a
repetir o exame em 2 anos. Mamografias com categorias III e IV, encaminhar
a mulher ao mastologista.

• Encaminhar usuários com lesões de verrugas genitais para o serviço


especializado no atendimento de doenças sexualmente transmissíveis. Para
lesões mais extensas, encaminhar ao ginecologista, proctologista, urologista,
de acordo com a localização das lesões.
• Encaminhar usuários que demandam avaliação para Profilaxia Pré-
exposição - PREP ou Profilaxia Pós-exposição – PEP.
• Encaminhar usuários com sorologias positivas para HIV para o serviço
especializado; Os sintomáticos devem ser acompanhados e encaminhados
pelo médico do Centro de Saúde.
• Encaminhar usuários com diagnóstico de HIV, com transtornos psiquiátricos
para o serviço de psicologia do Centro de Saúde.
• Encaminhar usuários com sorologias positivas para hepatite C
assintomáticos. Os sintomáticos devem ser acompanhados e encaminhados
pelo médico do Centro de Saúde.
• Encaminhar usuários e suas parcerias e familiares com hepatite B
crônica (sorologia positiva para Hepatite B (HBsAg) por mais de 6 meses),
Prevenção de IST/DST
assintomático. Os sintomáticos devem ser acompanhados e encaminhados
pelo médico do Centro de Saúde.
• Encaminhar usuário com alterações patológicas buco-faciais sugestivas de
IST, para avaliação clínica da equipe de saúde bucal do Centro de Saúde.
• Encaminhar usuários soropositivos para o HIV, que apresentarem lesões
bucais sugestivas de doenças oportunistas, para a equipe de saúde bucal do
Centro de Saúde e médico.
• Encaminhar usuários com demanda para o tratamento hormonal
transexualizador³, conforme portaria vigente 2.803, de 19 de novembro
de 2013 e posteriores, para consulta de psiquiatria e endocrinologia, via
SISREG.
3
• Encaminhar usuários com demanda para o processo transsexualizador,
para consulta de psicologia na unidade.
• Encaminhar usuários com demanda para tratamento, identificados na
consulta de enfermagem com abordagem sindrômica, para consulta médica
na unidade.

3
O processo transexualizador caracteriza-se por um conjunto de estratégias assistenciais para transexuais que preten-
dem realizar modificações corporais do sexo, em função de um sentimento de desacordo entre seu sexo biológico e
42 seu gênero - em atendimento às legislações e pareceres médicos. (Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-
-e-justica/2015/03/cirurgias-de-mudanca-de-sexo-sao-realizadas-pelo-sus-desde-2008. Acesso em: 04/10/2016)
• Encaminhar para escuta qualificada da equipe de saúde da família.
• Encaminhar para setores internos de acordo com a necessidade (vacinas,
curativos, consulta médica, consulta de enfermagem).
Demanda espontânea • Referenciar para outros níveis de atenção conforme definições descritas
no documento “Demanda Espontânea na APS em BH: recomendações para
organização do processo de trabalho no nível local”.

• Oftalmologia infantil (baixa acuidade visual).


• NASF.
Saúde da criança
• Equipe de saúde mental.

• Oftalmologia/diabetes.
• NASF.
Diabéticos:
• Equipe de saúde mental.

• Médico para determinação da etiologia da ferida, se exames alterados, se


intercorrências e se teste de monofilamento alterado (avaliar necessidade de
calçados especiais).
• Ambulatório do pé diabético (via SISREG).
• Centro de Referência e Treinamento em Leishmanioses – Centro de
Tratamento de Feridas
Pesquisa René Rachou/FIOCRUZ-MG.
• NASF.
• Encaminhamento para órteses, calçados especiais e auxiliares de
locomoção deve seguir o fluxo de acordo com cada regional.

• Salpingotripsia (encaminhamento compartilhado com médico e gerente


da unidade).
Planejamento reprodutivo
• Vasectomia (encaminhamento compartilhado com médico e gerente da unidade).

3 Visita domiciliar da equipe de enfermagem


A visita domiciliar (VD) na APS é uma prática programada, sigilosa, voltada para o atendimento
ao indivíduo, família e comunidade, promovendo uma interação e aproximação destes com a equi-
pe de saúde. A atenção domiciliar é uma modalidade de atenção à saúde, substitutiva ou comple-
mentar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção
e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de
cuidados e integrada às redes de atenção à saúde.
O conhecimento da realidade e a interação com usuário e família possibilita um cuidado integral
e centrado na pessoa, o que facilita a comunicação, o vínculo com a equipe e o planejamento con-
junto dos cuidados, estimulando o suporte familiar, a corresponsabilização e o desenvolvimento da
autonomia do usuário no seu autocuidado.
A visita domiciliar deve envolver equipe multiprofissional, sendo pautada no planejamento, exe-
cução, registro de dados e avaliação do processo. O feedback para a equipe, o registro dos dados
em prontuário e a organização das intervenções realizadas resultam em maior qualidade e efetivi-
dade na assistência prestada.
Estarão incluídos neste tipo de atendimento, realizado pela APS, os usuários que possuam pro-
blemas de saúde controlados/compensados com algum grau de dependência para as atividades
da vida diária e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até a unidade de saúde.
Também poderão ser incluídos na VD, famílias de alta vulnerabilidade social, se identificado a ne-
cessidade de abordagem domiciliar pela EqSF.
O cuidador ou responsável é imprescindível no cuidado à saúde do usuário, devendo estar sem-

43
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

pre presente no momento da visita domiciliar. O profissional deve avaliar o nível de conhecimento do
cuidador e suas fragilidades para lidar com a assistência ao usuário, na perspectiva de realizar as in-
tervenções necessárias. É importante que o usuário, os familiares e os cuidadores sejam orientados
pela equipe de enfermagem, para que possam ser capazes de realizar algumas ações e procedimen-
tos necessários ao cuidado. O plano de cuidado deve ser traçado pela equipe de saúde e pactuado
com usuário/familiares/cuidadores e incluir orientações em situações nas quais o usuário deve ser
levado a um serviço de urgência/emergência ou acionar o Samu–192 ou outros serviços de retaguar-
da. É de suma importância a formalização da assinatura do termo de consentimento informado por
parte da família, cuidador e/ou do usuário (se consciente) ou de seu representante (Apêndice 1).

3.1 Atribuições da equipe de enfermagem

• Acompanhar os usuários que necessitam de visita domiciliar.


• Agendar visita domiciliar, conforme planejamento, disponibilidade de transporte e garantia da presen-
ça do cuidador e do ACS (se necessário).
• Analisar o prontuário do usuário antes da VD.
• Preparar o material para a VD, conforme as necessidades evidenciadas na análise do prontuário e
discussão do caso com a equipe.
• Informar o objetivo da VD, identificar-se, mantendo postura cordial, linguagem clara e objetiva, sem-
pre considerando as crenças e sentimentos do usuário, cuidador e família.
• Avaliar as condições da ambiência do domicílio e situação atual de saúde do usuário.
• Incentivar a educação e promoção em saúde para usuário, cuidador e família.
• Realizar os procedimentos necessários.
• Orientar e ensinar sobre procedimentos necessários.
• Registrar a atividade e os procedimentos realizados no prontuário eletrônico.
• Encaminhar materiais utilizados para o expurgo.
• Discutir com a equipe a situação de saúde do usuário, bem como os procedimentos realizados du-
rante a VD e traçar o plano de cuidado.

3.2 Materiais de apoio e insumos

• Prontuário.
• Material de escritório.
• Insumos, recursos e materiais médico-hospitalares conforme necessidade específica da VD.

44
4 Assistência e supervisão da sala de imunização
Imunização é o ato ou efeito de imunizar que se define pela aquisição de proteção imuno-
lógica contra doenças de caráter infeccioso. A imunização é feita por intermédio de vacinas
(Imunização Ativa), imunoglobulinas (Imunização Passiva) ou até mesmo por soro contendo
anticorpos (Imunização Passiva).
A redução da morbidade e da mortalidade por doenças preveníveis por imunização é a finali-
dade principal da vacinação. É preciso que esta atividade seja cercada de cuidados, adotando-se
procedimentos adequados antes, durante e após a administração dos imunobiológicos. Faz-se
necessário também, uma sensibilização de todos os profissionais da equipe de saúde, para não
ocorrer perdas de oportunidades para vacinar a população, melhorando assim a cobertura vacinal.

4.1 Atribuições dos profissionais

As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equipe de enfermagem treinada


e capacitada para os procedimentos de manuseio, conservação, preparo, administração, re-
gistro e descarte dos resíduos resultantes das ações de vacinação. A equipe de vacinação é
formada pelo enfermeiro e pelo técnico ou auxiliar de enfermagem. A equipe de enfermagem
deve planejar as atividades de vacinação, monitorar e avaliar o trabalho desenvolvido de forma
integrada ao conjunto das demais ações da unidade de saúde.

4.1.1. Enfermeiros

• Supervisionar e promover a educação continuada da equipe que atua na sala de vacina.


• Repassar as normas técnicas para toda a equipe de enfermagem, assim como atualizações do ca-
lendário nacional de vacinação.
• Receber os imunobiológicos e proceder conforme descrição no item 4.2.2.1 com o apoio dos auxi-
liares/técnicos de enfermagem.
• Realizar inventário das vacinas mensalmente no SISREDE – módulo “Farmácia” para posterior reti-
rada do mapa mensal pelo distrito.
• Fazer controle dos imunobiológicos destinados à demanda de vacinas da unidade.
• Investigar e notificar os Eventos Adversos Pós Vacinação (EAPV), encaminhar para a Gerência de
Atenção à Saúde (GERASA) distrital a ficha de notificação, devidamente preenchida, para análise e
posterior encaminhamento para o serviço de imunização.
• Seguir todas as recomendações do serviço de imunização sobre o evento adverso e arquivar por
tempo indeterminado a ficha de notificação.
• Avaliar as anotações do controle de temperatura dos equipamentos de refrigeração no início e térmi-
no das atividades, assim como na mudança de turno. Notificar se houver alteração de temperatura.
• Acompanhar a limpeza e desinfecção do ambiente, câmara fria, caixa térmica e da caixa berço.
• Supervisionar a utilização dos materiais de proteção pela equipe de enfermagem.
• Supervisionar a temperatura da caixa térmica e a colocação da data e horário de abertura da vacina
no início, término das atividades e mudança de turno e sempre que necessário.
• Avaliar as contra indicações e situações de adiamento às aplicações de vacinas.

45
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

• Comunicar a Gerência de Engenharia Clínica as intercorrências no equipamento de refrigeração.


• Executar todas as atribuições da sala de imunização na falta do técnico/auxiliar de enfermagem.

4.1.2. Técnicos e auxiliares de enfermagem

• Conhecer as normas de imunização, documentos técnicos sobre as vacinas aplicadas no calendário


de vacinação e legislações específicas.
• Realizar as atividades de vacinação de rotina, campanhas, intensificação e bloqueios.
• Usar os materiais de proteção necessários como luva de procedimento e óculos de proteção.
• Manter a ordem e higienização do ambiente.
• Zelar pela manutenção e conservação dos materiais e mobiliários da sala de imunização.
• Utilizar os imunobiológicos de acordo com indicação preconizada pelo Programa Nacional de Imuni-
zação/Ministério da Saúde.
• Avaliar contra indicações e situações de adiamento para aplicação de vacinas.
• Prestar assistência com segurança.
• Registrar os procedimentos realizados no SISREDEWEB – módulo “Imunização” ou formulários
próprios nos casos de contingência, lançando no sistema posteriormente.
• Manter os imunobiológicos em temperatura adequada +2°C e +8°C.
• Comunicar ao enfermeiro responsável pela supervisão da sala de vacinação as intercorrências no
equipamento de refrigeração.
• Realizar limpeza dos equipamentos de refrigeração conforme preconizado e quando necessário.

4.2. Assistência

Para que a administração de imunobiológicos confira imunização aos usuários e este proces-
so se dê em sua plenitude e com segurança, as atividades de imunização devem ser cercadas
de cuidados, adotando-se procedimentos adequados antes, durante e após a administração
dos imunobiológicos.

4.2.1. Materiais apoio e insumos

• Câmara para conservação de imunobiológicos.


• Imunobiológicos.
• Bandejas de aço inoxidável de vários tamanhos.
• Caixa térmica de poliuretano.
• Gelo reutilizável.
• Fichário ou arquivo.
• Recipientes (perfurados ou não) para organização dos imunobiológicos dentro da câmara e caixa
térmica.
• Termômetro de máxima e mínima digital com cabo extensor.
• Termômetro clínico digital.
• Algodão hidrófilo.
• Álcool a 70%.
• Álcool gel.
• Seringas descartáveis (1mL, 3mL e 5 mL).

46
• Agulhas descartáveis (13x4,5mm – tipo tuberculínica; 20x5,5mm; 25X6,0mm; 25x7,0mm; 25x8,0mm).
• Plástico para quebrar BCG.
• Caixa de descarte para material perfurocortante.

4.2.1.1. Impressos e manuais

• Cadernetas de Saúde da Criança (menino/menina), do Adulto e do Idoso, da gestante, se disponível


(imprimir cartão de vacina via SISREDEWEB na indisponibilidade das cadernetas).
• Cartão de controle/espelho (impresso por meio do SISREDEWEB – módulo “Imunização”).
• Mapa para registro diário de temperatura.
• Ficha de investigação de EAPV.
• Fluxos de eventos adversos.
• Ficha de notificação de eventos adversos.
• Norma Técnica do Programa de Imunização.
• Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação.
• Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais.
• Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação.
• Manual de Rede de Frio.
• Informes e Notas Técnicas.

4.2.2. Organização e aplicação do imunobiológicos

4.2.2.1. Recebimento dos imunobiológicos

• Receber os imunobiológicos verificando a temperatura e o acondicionamento da caixa de transporte.


• Conferir a fatura observando o quantitativo e o lote de cada imunobiológico.
• Acondicionar os imunobiológicos na câmara fria verificando a data de vencimento.
• Organizar os imunobiológicos com lotes com vencimento posterior no fundo e com vencimento mais
próximo na frente para serem usados primeiro.
• Distanciar os frascos dos imunobiológicos que podem ser confundidos por serem parecidos (Ex.:
hepatite B e influenza).
• Lançar todas as vacinas no SISREDE – módulo “Farmácia”.

47
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

4.2.2.2. Antes de iniciar as atividades diárias

• Verificar e anotar a temperatura da câmara fria registrados no painel do equipamento.


• Tarar o termômetro de máxima e mínima interno da câmara.
• Limpar bancadas e superfícies antes do início do trabalho e sempre que necessário.
• Ambientar os gelos reutilizáveis.
• Montar caixa térmica com gelo reutilizável.
• Aguardar a caixa térmica alcançar a temperatura entre +2°C e +8°C.
• Retirar da câmara fria a quantidade de vacinas e diluentes necessária para o consumo diário e
colocá-los na caixa térmica.
• Verificar o prazo de validade dos imunobiológicos que serão utilizados, usando com prioridade aque-
les que estiverem com o prazo mais próximo do vencimento.

4.2.2.3. Administração do imunobiológicos

• Acolher o usuário e verificar se possui cadastro no SISREDE, não possuindo encaminhar para
realizá-lo conforme fluxo interno da unidade.
• Acomodá-lo em posição confortável.
• Registrar os dados no SISREDEWEB – módulo “Imunização”. Caso seja retorno para doses subse-
quentes o sistema já disponibilizará as vacinas a serem administradas. Realizar esse procedimento
antes da aplicação dos imunobiológicos, pois, diminui erros de divergência entre lote aplicado e re-
gistrado e vacinas aplicadas incorretamente fora da idade preconizada.

OBS.: Caso sejam doses subsequentes, mas o usuário não tenha registro no SISREDE
e apenas o cartão manual, deverá ser realizado o cadastro e as vacinas aplicadas
anteriormente registradas no campo “Histórico Vacinal” no módulo “Imunização”.

• Realizar perguntas sobre o estado de saúde do usuário, de acordo com os imunobiológicos a serem
administrados, verificando a existência de possíveis contra-indicações.
• Orientar o usuário quanto ao procedimento a ser realizado, as vacinas que serão administradas e
possíveis eventos adversos.
• Garantir que o lote marcado no sistema seja o mesmo a ser administrado e que a dose registrada no
sistema esteja em conformidade com a vacina e idade do usuário a ser vacinado.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Examinar o produto observando aspecto da solução, estado da embalagem, prazo de validade, nú-
mero do lote, dose e via de administração preconizada.
• Preparar o(s) imunobiológicos(s), conforme técnica específica.
• Acomodar o usuário em posição confortável e administrar o(s) imunobiológicos(s), confor-
me técnica específica.
• Aplicar o(s) imunobiológicos(s) seguindo os “nove certos” (item 1 – Administração de Medicamentos)
e as indicações dos sítios anatômicos de aplicação.
• Desprezar os materiais descartáveis e os frascos de imunobiológicos, somente, nas caixas específi-
cas para material perfurocortante.
• Observar a ocorrência de possíveis reações imediatas.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar as vacinas aplicadas com lote, vencimento, data da aplicação e assinatura do profissional que reali-

48
zou o procedimento nas cadernetas ou cartão de vacina ou imprimir o cartão de vacina por meio do sistema.
OBS.: Em caso de contingência registrar o nome do usuário, data de nascimento, nome
da mãe, sexo, naturalidade, endereço completo com CEP, número do documento de
identificação, as vacinas aplicadas o lote, vencimento, data da aplicação e nome do pro-
fissional que realizou o procedimento.
• Orientar o usuário quanto ao retorno.
• Manter a sala organizada para o próximo atendimento.

4.2.2.4. Ao final do dia

• Devolver para a câmara fria os imunobiológicos que poderão ser utilizados no dia seguinte.
• Desprezar as sobras dos imunobiológicos que ultrapassaram o prazo estabelecido após abertura
do frasco ou por data de vencimento, somente, nas caixas específicas para material perfurocortante.
• Avaliar estoque das vacinas e se necessário comunicar ao enfermeiro para solicitar grade
de complementação.
• Verificar e anotar a temperatura da câmara fria, não esquecendo de zerar os termômetros.
• Fechar a caixa de perfurocortante quando completar 2/3 da sua capacidade.
• Realizar limpeza da caixa térmica com água e sabão.
• Limpar bancadas e superfícies após o término do trabalho.
• Deixar a sala organizada.

4.2.2.5. Materiais e procedimentos necessários para vacinação


extramuros
Para planejamento das ações extramuros é necessário caracterizar a população a ser atendida
definindo as vacinas e as quantidades a serem transportadas, assim como o número de caixas térmi-
cas e gelos reutilizáveis necessários. Recomenda-se a utilização de no mínimo 3 caixas, sendo uma
para estoque de vacinas, outra para os gelos reutilizáveis e outra para as vacinas em uso.
Os procedimentos de aplicação seguem as orientações já descritas nos itens acima. Para registrar
as vacinações usar a Ficha de Cadastro para Atividades Extramuros e após a realização da ação,
lançar todos os dados no SISREDEWEB – módulo “Imunização”.

Materiais e procedimentos necessários para vacinação extramuros

• Imunobiológicos.
• Caixas térmicas de poliuretano.
• Gelo reutilizável.
• Termômetro cabo extensor e/ou caixa térmica com termômetro digital acoplado.
• Algodão hidrófilo em recipiente com tampa.
• Almotolia com álcool a 70%.
• Seringas descartáveis.
• Agulhas descartáveis.
• Caixa para descarte de material perfurocortante.
• Material de escritório.
• Fita adesiva.
• Saco plástico para lixo hospitalar e comum.
• Impressos próprios para estratégia de vacinação.

49
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Organização das caixas térmicas para atividades extramuros

• Ambientar os gelos reutilizáveis.


• Dispor os gelos reutilizáveis no fundo e nas laterais internas da caixa.
• Posicionar sensor do termômetro no centro da caixa térmica, monitorando a temperatura até atingir
o mínimo de +1°C.
• Organizar os imunobiológicos em recipientes plásticos e acomodá-los no interior da caixa de ma-
neira segura para que não fiquem soltos nem sofram impactos mecânicos durante o deslocamento.
• Posicionar o sensor do termômetro no centro da carga organizada, garantindo a medição de tempe-
ratura precisa dos imunobiológicos, para monitoramento da temperatura ao longo do deslocamento.
• Dispor os gelos reutilizáveis cobrindo os imunobiológicos.
• Lacrar as caixas com fita adesiva e identifique-as externamente.
• Monitorar a temperatura durante o deslocamento.

4.2.3. Materiais e procedimentos necessários em caso de falta


de energia elétrica ou falha no equipamento

Os equipamentos de refrigeração podem deixar de funcionar por vários motivos. Assim, para evitar
a perda dos imunobiológicos é necessário adotar algumas providências. Ocorrendo a interrupção no
fornecimento de energia elétrica, manter o equipamento fechado e monitorar, rigorosamente a tempe-
ratura interna, colocando o termômetro de cabo extensor digital para auxiliar esse monitoramento. Se
não houver o restabelecimento da energia no prazo máximo de 40 minutos (câmara fria) ou quando
a temperatura estiver próxima a +8°C proceder imediatamente à transferência dos imunobiológicos
para outro equipamento com temperatura recomendada (refrigerador ou caixa térmica).

4.2.3.1. Materiais de apoio e insumos

• Caixa berço
• Termômetro cabo extensor e/ou caixa térmica com termômetro digital acoplado.
• Gelo reutilizável.
• Fita adesiva.

4.2.3.2. Organização da caixa térmica com berço

• Colocar termômetro de cabo extensor na caixa térmica de poliestireno expandido (isopor).


• Colocar o berço dentro da caixa térmica.
• Colocar gelos reutilizáveis congelados (6, 8 ou 12, conforme tamanho da caixa) entre o berço e as
paredes da caixa. Para organização da caixa térmica com berço não é necessário ambientação do
gelo reutilizável.
• Colocar os imunobiológicos no centro da caixa térmica.
• Colocar papelão em cima dos imunobiológicos.
• Colocar quatro unidades de gelos reutilizáveis em cima do papelão.

50
• Lacrar as caixas com fita adesiva.
• Colocar a identificação do conteúdo de cada caixa, inclusive o nome da unidade de saúde.
• Verificar e anotar as temperaturas das caixas antes de transportá-las, se for necessário.
• Colocar as caixas dentro do veículo, quando for necessário transportá-las para outro local.

OBSERVAÇÃO:

• A preparação da caixa térmica berço com gelo congelado (-20°C) mantém a conservação dos imu-
nobiológicos por 24 horas, no mínimo, e ao completar 48 horas de monitoramento ainda deve apre-
sentar temperatura máxima de até +8°C.
• Caso não tenha o berço, pode-se colocar o gelo reutilizável congelado, desde que, se coloque bar-
reiras entre os imunobiológicos e os gelos, para evitar o congelamento, como por exemplo, papelão.
Desta forma, simula-se a caixa térmica com o berço.

4.2.4. Atividades epidemiológicas e de vigilância

O acompanhamento da cobertura vacinal e a captação dos faltosos são de extrema importância


para a prevenção e promoção da saúde da população. As equipes de saúde devem se planejar e
organizar o acompanhamento da situação vacinal da população de seu território. O acompanhamento
dos usuários vacinados e os faltosos poderão ser realizados a partir do “Relatório de Vacinas Progra-
madas” do módulo “Imunização” do SISREDEWEB, permitindo que seja realizada busca ativa dos
faltosos, conforme a organização de cada unidade ou equipe.

4.3. Limpeza e desinfecção específica

4.3.1. Equipe de enfermagem

Higienização diária de bancadas e superfícies com água e sabão e desinfecção com hipoclorito
1% ou sempre que necessário.

51
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

4.3.1.1. Limpeza da câmara fria

• Preparar a caixa térmica berço na qual será acondicionado os imunobiológicos, conforme item 5.2.3.2.
• Inibir o alarme da câmara fria.
• Retirar os imunobiológicos e colocá-los na caixa térmica berço.
• Executar a limpeza mensalmente com pano úmido e sabão neutro.
• Fechar a câmara fria e aguardar a temperatura do momento (registrada no painel) alcançar entre
+2°C e +8°C.
• Tarar o termômetro de máxima e mínima do painel, conforme orientação do fabricante.
• Retornar com os imunobiológicos organizando os lotes com vencimento posterior no fundo e com
vencimento mais próximo na frente, para serem usados primeiro.

4.3.2. Serviço de higienização e limpeza

• Limpeza concorrente – diária e sempre que necessário.


• Limpeza terminal – semanal.
OBS.: esses procedimentos são descritos no manual de Diretrizes para Limpeza e Desinfecção de
Superfícies da PBH/SMSA.

5. Assistência e supervisão da sala de curativos


A sala de curativo será de uso exclusivo para realização de procedimentos relacionados a todos os
tipos de lesões. Sempre que possível, a equipe de enfermagem deverá agendar o curativo em lesão
limpa e a retirada de sutura. Lesões com sinais sugestivos de infecção ou infectados deverão ser
agendados nos últimos horários de cada turno, permitindo a limpeza e a desinfecção do ambiente ao
término de cada turno de trabalho.

5.1. Atribuições dos profissionais

5.1.1. Enfermeiros
• Supervisionar e capacitar a equipe de enfermagem nos procedimentos realizados na sala de curativo.
• Planejar a organização do processo de trabalho e fluxo de atendimento na sala de curativo.
• Solicitar os materiais e insumos necessários para garantir o atendimento aos usuários com lesões.
Assim como, fazer a previsão e controle de consumo das coberturas especiais.
• Orientar e acompanhar a utilização correta dos materiais de proteção pela equipe de enfermagem.
• Realizar consulta de enfermagem: avaliação, classificação da lesão, prescrição da cobertura ade-
quada e solicitar exames conforme padronização do Protocolo de Prevenção e Tratamento de Le-
sões da SMSA.
• Orientar o paciente no preenchimento do termo de compromisso em relação ao tratamento.
• Encaminhar o usuário para avaliação médica visando definir a etiologia da lesão e sempre que se
fizer necessário.
• Realizar o curativo, sempre que necessário.

52
• Realizar curativo domiciliar de lesões complexas.
• Realizar desbridamento de tecido necrótico das lesões e da hiperceratose de bordas.
• Preencher os impressos padronizados pelo Protocolo de Prevenção e Tratamento de Lesões da SMSA.
• Descrever as condições da lesão em prontuário eletrônico.
• Preencher e encaminhar mensalmente o mapa de requisição de coberturas especiais.
• Emitir parecer sobre eficácia e efetividade dos materiais e coberturas utilizados na prevenção e tra-
tamento de lesão na sala de curativo, encaminhando-o à Comissão de Prevenção de Tratamento de
Lesões da SMSA/PBH ou coordenações específicas.
• Solicitar pedido extra de cobertura quando necessário.
• Registrar o atendimento e/ou procedimento executado no computador ou Terminal de Atendimento
em Saúde/Procedimento de Enfermagem.

5.1.2. Técnicos e auxiliares de enfermagem


• Organizar e manter a sala de curativos em condições adequadas para o atendimento.
• Zelar pela manutenção e conservação dos materiais e mobiliários da sala de curativo.
• Conferir os materiais e coberturas necessárias para prestar a assistência durante o turno de trabalho.
• Utilizar materiais de proteção como: capote, máscara, gorro, óculos e luvas. Conforme o procedimen-
to o enfermeiro poderá indicar outros materiais de proteção.
• Realizar o procedimento conforme a prescrição do enfermeiro ou médico e sob a supervi-
são do enfermeiro.
• Comunicar ao enfermeiro qualquer anormalidade e/ou situação que suscite dúvida na assis-
tência ao usuário.
• Registrar o atendimento e/ou procedimento executado no computador ou Terminal de Atendimento
em Saúde/Procedimento de Enfermagem ou em impresso próprio, em caso de contingência.
• Realizar a limpeza e desinfecção diária de superfícies ou quando necessária.
• Comunicar ao enfermeiro qualquer alteração percebida nos materiais e insumos utilizados
na sala de curativos.

5.2. Assistência
A assistência na sala de curativos e no domicílio será realizada por todos os profissionais da equi-
pe enfermagem e sob a supervisão do enfermeiro responsável pelo setor.
A retirada de sutura de procedimentos realizados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), nos
ambulatórios das Unidades de Referência Secundária (URS) e suturas de cesarianas serão realiza-
das no Centro de Saúde. Porém, retirada de suturas de cirurgias eletivas deverão ser realizadas pelo
serviço que realizou o procedimento (Ofício CINT/SMSA-SUS/BH-EXTERNO/n° 063/2010 e memo-
rando SMSA/GEAS/ n° 038/2010).
Os procedimentos relativos à assistência e imobilização ortopédica, como retirada da calha ges-
sada para realização de curativos, somente poderão ser feitos por àqueles profissionais devidamente
capacitados com apresentação de certificado ao COREN (Resolução COFEN n° 422/2012). Cabe,
portanto, ao serviço que realizou o procedimento prestar a continuidade do cuidado e os usuários
deverão ser remetidos a esses serviços de referência.

53
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

5.2.1. Atuação da equipe de enfermagem aos usuários com


presença de miíase e tunga penetrans
Miíase é uma palavra grega, origina-se do termo “myia” (mosca), é a denominação da infestação
de vertebrados, incluindo o homem, por larvas de insetos da ordem Díptera, que se alimentam dos
tecidos vivos ou mortos do hospedeiro, de líquidos corporais ou de alimentos ingeridos pelo mesmo.
A larva da mosca penetra na pele do hospedeiro, formando uma lesão nodular, avermelhada, com um
orifício central, por onde é eliminada secreção aquosa (exsudato), levemente amarelada ou sanguino-
lenta. Podem ser uma ou mais lesões e atingir qualquer área da pele, inclusive o couro cabeludo. A
doença provoca dor em fisgada e, em alguns casos, coceira. Uma característica clínica que define o
diagnóstico pode ser notada observando-se atentamente o orifício central da lesão. Episodicamente
a larva emerge no orifício para respirar e esta movimentação pode ser facilmente percebida.
A enfermagem prestará os cuidados, realizando a limpeza com utilização de produtos e coberturas
específicas, fazendo a retirada das larvas que estejam na superfície da lesão.
O usuário deverá ser submetido à avaliação clínica da lesão pelo médico, que, se necessário
prescreverá tratamento sistêmico, tópico ou providenciará o encaminhamento para retirada cirúrgica
das larvas. Aquele usuário com comorbidade associada deverá ser imediatamente encaminhado à
consulta médica para avaliação da lesão e da condição clínica.
O bicho de pé é uma das espécies de pulga denominada de Tunga penetrans. Os sintomas variam
desde ligeiro prurido até reação inflamatória que prejudica a deambulação. O tratamento consiste na
extirpação dos parasitas em condições assépticas, limpeza do ferimento e administração de vacina
antitetânica. A prevenção é realizada através do uso de calçados, tratamento dos animais domésticos
infestados e aplicação de inseticidas no ambiente. A enfermagem prestará os cuidados, realizando a
limpeza com utilização de produtos e coberturas específicas. Mediante prescrição médica, a equipe
de enfermagem poderá fazer a extração do bicho-de-pé com instrumentos apropriados e esteriliza-
dos (agulha ou lâmina de bisturi estéril), desde que o profissional tenha conhecimento e habilidade,
sempre sob a supervisão do enfermeiro.
Faz-se necessário a avaliação prévia das condições clínicas do usuário para prevenir complica-
ções. Comorbidades como diabetes e insuficiência circulatória periférica precisam ser previamente
diagnosticadas pelo médico, que poderá prescrever medicamentos tópicos ou sistêmicos visando a
prevenção de infecção após a extração do bicho-de-pé.

ATENÇÃO: Maiores informações sobre a assistência e prevenção no tratamento de lesões


consultar o Protocolo de Prevenção e Tratamento de Lesões da SMSA, disponível impresso
ou no site da Prefeitura de Belo Horizonte.

54
5.2.2. Materiais de apoio e insumos
• Mesa auxiliar ou carro de curativo.
• Escada com dois degraus.
• Foco com haste flexível.
• Máscara.
• Óculos de proteção.
• Gorro.
• Capote.
• Bacia.
• Pacote de curativo e/ou retirada de sutura.
• Luvas de procedimento.
• Luvas estéreis, quando necessário.
• Saco plástico infectante.
• Soro fisiológico 0,9% para irrigação.
• Agulha 25x8,0mm para perfurar o frasco de cloreto de sódio e promover pressão adequada do jato.
• Coberturas, soluções, pastas e cremes indicados.
• Gaze.
• Gaze aberta se necessário.
• Atadura crepom, se necessário.
• Esparadrapo comum ou microporoso.
• Impressos.

5.2.3. Procedimentos
• Organizar a sala de atendimento.
• Limpar bancadas e superfícies antes do início do trabalho e sempre que necessário.
• Utilizar materiais de proteção como: capote, máscara, gorro, óculos e luvas.
OBS.: Não realizar curativo trajando bermudas, saias ou sandálias, para evitar acidentes de trabalho.
• Reunir e organizar todo o material necessário para realizar o procedimento.
• Receber e acomodar o paciente em local que proporcione uma boa luminosidade e que pre-
serve sua intimidade.
• Colocar o paciente em posição confortável e explicar o procedimento a ser realizado.
• Realizar o procedimento conforme orientação do Protocolo de Prevenção e Tratamento de Lesões
da SMSA/PBH.
• Solicitar avaliação do enfermeiro sempre que necessário
• Orientar o usuário sobre cuidados específicos e gerais que devem ser tomados após o procedimento.
• Agendar e anotar a data de retorno para o usuário, quando necessário.
• Registrar o atendimento e/ou procedimento no computador ou Terminal de Atendimento em Saúde
(TAS) ou em impresso próprio, em caso de contingência.
• Fazer a desinfecção de superfície após cada atendimento.
• Recolher e encaminhar materiais utilizados para o expurgo.

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MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

5.3. Limpeza e desinfecção específica

5.3.1. Equipe de enfermagem


Higienização diária de bancadas e superfícies com água e sabão e desinfecção com hipoclorito
1% ou sempre que necessário.

5.3.2. Serviço de higienização e limpeza


• Limpeza Concorrente – diária e sempre que necessário.
• Limpeza terminal – diária.

‘OBS.: esses procedimentos são descritos no manual de Diretrizes para Limpeza e Desinfecção de
Superfícies da PBH/SMSA.

6. Assistência e supervisão da sala de observação


A organização adequada da sala de observação visa à realização dos procedimentos com efetivi-
dade e segurança, de forma a garantir a qualidade e a continuidade do tratamento prescrito.
Este setor é específico para realização de pequenos procedimentos como administração de me-
dicamentos e para observação de usuários de curta permanência (Exemplo: T.R.O., soroterapia e/ou
aguardando transferência para outro ponto da rede).

56
6.1. Atribuições dos profissionais

6.1.1. Enfermeiros

• Supervisionar as atividades na sala de observação respeitando as normas técnicas vigentes.


• Exercer todas as atividades na sala de observação na ausência ou em conjunto com o auxiliar/téc-
nico de enfermagem.
• Promover a educação continuada da equipe de enfermagem que atua na sala de observação.
• Orientar e acompanhar a utilização correta dos materiais de proteção pela equipe de enfermagem.
• Garantir a verificação da quantidade dos equipamentos, insumos e validade, assim como lote e valida-
de dos medicamentos utilizando os formulários de Materiais e Medicamentos da Sala de Observação
e Caixa de Urgência/Emergência (Apêndices 3.1 e 3.2), e se necessário solicitar a troca ou reposição.
• Solicitar e acompanhar a reposição de medicamentos da caixa de urgência/emergência utilizando o
formulário de Materiais e Medicamentos da Caixa de Urgência/Emergência (Apêndice 3.2).
• Solicitar e acompanhar a reposição dos materiais de consumo diretamente ao funcionário adminis-
trativo, de acordo com os fluxos já estabelecidos.
• Solicitar medicamento de uso coletivo à farmácia local, por meio de requisição no SISREDE pelo
“Centro de Custo da Enfermagem”.
• Orientar quanto a utilização e conservação adequada dos materiais e mobiliários de uso coletivo,
bem como a organização do setor.
• Realizar o primeiro atendimento nas urgências e emergências e encaminhar os casos para outro
ponto de atenção de acordo com a necessidade.

6.1.2. Técnicos e auxiliares de enfermagem

• Usar corretamente os materiais de proteção.


• Zelar pela manutenção e conservação dos materiais e mobiliários da sala de observação.
• Organizar a sala para o atendimento.
• Fazer a desinfecção de superfície.
• Verificar quantidade de equipamentos, insumos, lote e validade dos medicamentos utilizando o
formulário de Materiais e Medicamentos da Sala de Observação e Caixa de Urgência/Emergência
(Apêndices 3.1 e 3.2), e se necessário solicitar a troca ou reposição.
• Realizar o atendimento conforme prescrição do enfermeiro, médico ou odontólogo. Em caso de dú-
vidas, procurar orientações com o profissional competente.
• Registrar o procedimento no módulo “Procedimentos de Enfermagem” (SISREDEWEB) ou em im-
presso próprio nos casos de contingência.
• Informar ao enfermeiro a necessidade de reposição dos medicamentos e dos materiais utilizados de
acordo com o formulário de Materiais e Medicamentos da Sala de Observação e Caixa de Urgência/
Emergência (Apêndices 3.1 e 3.2).
• Realizar cuidados de enfermagem nas urgências e emergências clínicas em grau auxiliar, sob a
supervisão do enfermeiro.

57
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

6.2. Assistência
A sala de observação é um setor que deve estar preparado para absorver demandas clínicas
menos urgentes e realizar procedimentos do cotidiano dos CS, tais como: administração de medica-
mentos, oxigenioterapia, inalação, reidratação, aferição de dados vitais, medição de glicemia, entre
outros. Além disso, a equipe de enfermagem na APS deve estar preparada para prestar o primeiro
cuidado às urgências e emergências, até a transferência/encaminhamento a outros pontos de aten-
ção da rede, quando necessário. As situações clínicas podem ser caracterizadas como:

• Emergente: falência declarada ou iminente de uma função vital, o que exige uma intervenção ime-
diata, devido ao risco de morte do usuário.
• Muito urgente: situação clínica susceptível a desencadear uma falência de uma função vital em curto
prazo, sendo necessária intervenção em no máximo 10 minutos.
• Urgente: situação clínica que se persistir poderá causar falência de órgãos ou sinais e sintomas de
alerta, porém sem risco iminente de morte, sendo necessária intervenção em até 1 hora.
• Pouco urgente: situação clínica de baixo risco, ou seja, sem sinais ou sintomas de alerta e sem risco
iminente de morte, sendo necessária a intervenção de profissional de nível superior no mesmo dia.
• Não urgente: situação clínica estável sem sinais ou sintomas de risco, normalmente de longa data,
com sinais vitais normais, sendo necessário atendimento eletivo.

O quadro 2 apresenta resumo dos principais componentes de suporte básico de vida para adultos,
crianças e bebês na APS.

Quadro 2 – Resumo dos principais componentes de suporte básico de vida para adultos,
crianças e bebês na APS
RECOMENDAÇÕES

Bebês
Crianças
(menores de 1 ano de idade,
(1 ano de idade à
Componente Adultos e adolescentes excluindo recém nascidos)
puberdade)

Verifique se a vítima responde


Ausência de respiração ou apenas gasping (ou seja, sem respiração normal)
Reconhecimento da
Nenhum pulso definido sentido em 10 segundos
PCR
(A verificação da respiração e do pulso pode ser feitas simultaneamente, em menos de
10 segundos )

Colapso presenciado no CS:


Siga as etapas utilizadas em adultos e adolescentes, ou
Solicite que alguém
Acionamento do seja, solicite que alguém acione o médico do CS e o SAMU
acione o médico de
Serviço de Atendimento e inicie a RCP imediatamente.
referência do CS e o
móvel de urgência Colapso não presenciado no CS:
SAMU e inicie a RCP
(SAMU) Execute 2 minutos de RCP, antes mesmo de solicitar ajuda
imediatamente.
Solicite que alguém acione o médico do CS e o SAMU

58
Relação compressão 1 ou 2 profissionais 1 profissional: 30:2
ventilação sem via 30:2 2 ou mais profissionais: 15:2
área avançada
Relação compressão Compressões contínuas a uma frequência de 100 a 120/min
ventilação com via Administre 1 ventilação a cada 6 segundos ( 10 respirações/min)
área avançada
Frequência de
100 a 120/min
compressão
Pelo menos um terço do
Pelo menos um terço do
diâmetro anteroposterior
diâmetro anteroposterior do
Profundidade da No mínimo, 2 polegadas do tórax
tórax
compressão (5 cm) Cerca de 2 polegadas (5
Cerca de 1,5 polegadas (4 cm)
cm)

• 1 profissional da saúde: 2
dedos no tórax logo abaixo da
2 mãos ou 1 mão linha mamilar
Posicionamento das 2 mãos sobre metade (Opcional para crianças • 2 profissionais da saúde:
mãos inferior do tórax muito pequenas) sobre técnica dos dois dedos no
metade inferior do tórax centro do tórax, , logo abaixo
da linha mamilar

Espere o retorno total do tórax a cada compressão. Não se apóie sobre o tórax após
Retorno do tórax
cada compressão

Minimizar interrupções Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos

Fonte: American Heart Association, 2015.

Para garantir um cuidado qualificado aos usuários, a assistência realizada pela equipe de enferma-
gem deve ser prestada em ambiente limpo e organizado. O apêndice 3 apresenta um formulário para
acompanhamento e monitoramento dos materiais e medicamentos da sala de observação e caixa de
urgência elaborado pela SMSA/PBH.

6.2.1. Materiais e medicamentos

Os materiais e medicamentos padronizados para utilização no dia-a-dia da sala de observação


e aqueles da caixa de urgência para atendimento das urgências e emergências estão descritos no
apêndice 3 e devem ser conferidos com frequência descrita nos formulários.

6.2.2. Procedimentos

• Organizar a sala de atendimento.


• Fazer a desinfecção de superfície.
• Conferir e repor os materiais, observar data de validade da esterilização. (Utilizar formulário do apêndice 3.1).
• Checar o funcionamento da rede elétrica.
• Deixar o frasco umidificador de oxigênio seco, colocar água somente no momento do uso, após o uso
proceder com a lavagem e desinfecção (Manual Normas e Rotinas Técnicas de Material Esterilizado).

59
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

• Receber e acomodar o paciente em posição confortável e explicar o procedimento.


• Acolher o usuário demonstrando que a equipe entende o seu sofrimento e que fará o possível
para recuperá-lo.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Realizar o atendimento conforme prescrição médica.
• Procurar orientações com o profissional competente, em caso de dúvidas.
• Registrar os procedimentos no módulo “Procedimentos de Enfermagem” no SISREDEWEB.
• Limpar e organizar a sala.
• Verificar quantidades, lote e prazo de validade dos materiais e medicamentos e solicitar a troca ou
reposição conforme formulário de Materiais e Medicamentos da Sala de Observação (Apêndice 3).
• Repor materiais e medicamentos da caixa de urgência, caso seja utilizada.
• Recolher e encaminhar materiais utilizados para o expurgo.

6.2.2.1. Realizar mensalmente


• Testar laringoscópios e a luminosidade das lâminas.
• Testar pilhas.
• Limpar e desinfectar cabo e lâminas do laringoscópio, ambú e guias de intubação, mesmo sem utiliza-
ção. Mantê-los em saco plástico fechado com identificação da data da desinfecção e prazo de validade.

OBSERVAÇÃO: estes procedimentos deverão ser realizados após o uso destes materiais
no atendimento às urgências e emergências.

• Verificar quantidades, lote e prazo de validade dos materiais e medicamentos e solicitar a


troca ou reposição conforme formulários de Materiais e Medicamentos da Caixa de Urgência/
Emergência (Apêndice 3.2).

6.2.2.2. Caixa de urgência


A caixa de urgência deve estar em local acessível e de fácil visualização pelos profissionais
da unidade, para que em casos de urgência e emergência, o atendimento seja realizado o mais
rápido possível.
Cabe ao enfermeiro a verificação sistemática da caixa de urgência, em datas pré-fixadas e após
cada uso. A assinatura do responsável e a data de conferência devem ser registrados em impresso
próprio (Apêndice 3.2).

60
6.3. Limpeza e desinfecção específica

6.3.1. Equipe de enfermagem


Higienização diária de bancadas e superfícies com água e sabão e desinfecção com hipoclorito 1%
ou sempre que necessário.

6.3.2. Serviços de Higienização e Limpeza


• Limpeza Concorrente – diária e sempre que necessário.
• Limpeza terminal – semanal.
OBS.: esses procedimentos são descritos no manual de Diretrizes para Limpeza e Desinfecção
de Superfícies da PBH/SMSA.

7. Assistência e supervisão da sala de coleta de material para


exames laboratoriais

A coleta de material para a realização de exames laboratoriais é apenas uma parte de um proces-
so complexo para auxiliar na avaliação da situação de saúde e de doença dos usuários. Sendo assim,
os testes diagnósticos dos mais simples aos mais complexos demandam um conjunto de orientações
e procedimentos que devem ser seguidos para que possam fornecer resultados com precisão e
qualidade. Na APS de BH a equipe de enfermagem é a responsável pela coleta do material biológico
e deve assegurar que as amostras sejam corretamente obtidas, pois a coleta apropriada também
presume uma técnica correta.

7.1. Atribuições dos profissionais

7.1.1. Enfermeiros

• Supervisionar as atividades na sala de coleta respeitando as normas técnicas vigentes.


• Planejar juntamente com o gerente unidade a organização do processo de trabalho e fluxo de aten-
dimento na sala de coleta.
• Exercer todas as atividades na sala de coleta na ausência ou em conjunto com o auxiliar/
técnico de enfermagem.
• Promover a educação continuada da equipe de enfermagem que atua na sala de coleta.
• Orientar e acompanhar a utilização correta dos materiais de proteção pela equipe de enfermagem.
• Solicitar e acompanhar a reposição dos materiais de consumo diretamente ao funcionário adminis-
trativo, de acordo com os fluxos já estabelecidos.
• Orientar quanto à utilização e conservação adequada dos materiais biológicos coletados, conforme

61
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

orientações do Manual de Exames SUS/PBH.


• Orientar quanto à utilização e conservação adequada dos insumos, bem quanto à organização e
limpeza do setor.

7.1.2. Técnicos e auxiliares de enfermagem

• Organizar a sala para o atendimento.


• Usar corretamente os materiais de proteção.
• Zelar pela manutenção e conservação dos materiais e mobiliários da sala de observação.
• Fazer a desinfecção de superfície.
• Realizar as coletas conforme orientações do Manual de Exames SUS-PBH. Em caso de dúvidas,
procurar orientações com o enfermeiro responsável pelo setor.
• Registrar no SISREDE no módulo específico para a coleta.
• Orientar o usuário sobre o procedimento de coleta e a pós analítica (detalhamento no Manual de
Exames SUS-PBH).
• Realizar a limpeza e desinfecção diária ou quando necessária.

7.2. Assistência
A realização do procedimento de coleta de material biológico é uma das etapas da fase pré
analítica que inicia com a consulta e solicitação de exames e finaliza com a entrega dos materiais
coletados no laboratório.

7.2.1. Materiais de apoio e insumos

• Geladeira.
• Caixa térmica.
• Braçadeira.
• Garrote.
• Agulhas para a coleta a vácuo.
• Escalpes.
• Adaptador para coleta a vácuo.
• Tubos para coleta de exames.
• Seringas.
• Algodão.
• Álcool 70%.
• Gelo reutilizável.
• Luvas de procedimentos.
• Grade para suporte dos tubos.
• Coletor Universal.
• Coletor de urina pediátrico.
• Esparadrapo comum ou microporoso ou curativo oclusivo pronto.
• Etiquetas para identificação.
• Caixa de descarte para material perfurocortante.
• Impressos.

62
7.2.2. Procedimentos

• Organizar a sala de coleta com todo o material necessário.


• Realizar a desinfecção de superfície.
• Verificar e registrar a temperatura da geladeira em planilha própria. A temperatura deverá estar
entre +2 e +8°C.
• Recepcionar o usuário acomodando-o em posição confortável.
• Conferir o documento de identificação com foto com o pedido de exames, as etiquetas, a ficha de
notificação epidemiológica e a ficha de encaminhamento de amostra, se houver.
• Conferir e ordenar todo o material a ser utilizado no procedimento, de acordo com as etiquetas ge-
radas pelo sistema.

ATENÇÃO: realizar o procedimento conforme as especificidades do exame e dos materiais


disponíveis, descrição detalhada no Manual de Exames SUS-PBH).

• Informar ao paciente antes e durante a execução de todos os procedimentos.


• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica (repetir esse procedimento a cada usuário).
• Calçar as luvas que devem ficar bem aderidas à pele para que não haja perda da sensibilidade para
os casos de necessidade de punção venosa (repetir esse procedimento a cada usuário).
• Receber os materiais e realizar venopunção, se necessário.
• Mostrar ao usuário que os tubos e os frascos estão etiquetados com seu nome completo.
• Verificar se há alguma pendência, fornecendo orientações adicionais ao usuário, se for necessário.
• Certificar sobre as condições gerais do usuário, perguntando se está em condições de se locomover
sozinho, entregar o comprovante para retirada do resultado, e liberá-lo.
• Informar ao usuário que ele pode visualizar e/ou imprimir os resultados de exames realizados pelos
laboratórios da rede (distritais e municipal), através da internet. Também poderá solicitar a impressão
dos resultados de exame realizados no CS, via SISREDE.
• Encerrar o trabalho ordenando os pedidos de exames de acordo com o número de origem, os tubos
de sangue de acordo com os pedidos de exames.
• Envolver a grade com os tubos de sangue com duas gominhas evitando que os tubos saiam da gra-
de durante o transporte, causando hemólise.
• Fixar as etiquetas de identificação dos frascos de citologia na vertical, sem cobrir o número do fras-
co. Os frascos devem ser unidos por gominha. Os pedidos (Formulário SISCOLO) não devem vir
juntos com os frascos, e sim na pasta de pedidos. Amostras não devem ser enviadas sem o pedido
de exames e vice-versa.
• Acondicionar as amostras biológicas nas caixas térmicas para transporte, conforme orientação do
Manual Exames SUS-PBH.
• Limpar as caixas térmicas de acordo com as orientações do Manual de Exames SUS-PBH.
• Organizar a sala de coleta, repondo todo o material necessário para realizar as coletas do
dia seguinte.
• Entregar as caixas com as amostras e levar até o carro para o responsável pelo transporte e receber
as caixas vazias.

63
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

7.3. Limpeza e desinfecção específica

7.3.1. Equipe de enfermagem


Higienização diária de bancadas e superfícies com água e sabão e desinfecção com hipoclo-
rito 1% ou sempre que necessário.

7.3.2. Serviço de higienização e limpeza


• Limpeza Concorrente – diária e sempre que necessário.
• Limpeza terminal – semanal.

8. Assistência e supervisão da organização de consultórios

Os consultórios são espaços destinados ao atendimento individual dos usuários, sendo com-
partilhado por todos os profissionais da unidade, obedecendo a uma programação previamente
estabelecida. Assim, a manutenção da organização e a disponibilização dos materiais e insumos
necessários para o atendimento são imprescindíveis para uma assistência de qualidade.

8.1. Atribuições dos profissionais de enfermagem


A organização dos consultórios será realizada pelo auxiliar ou técnico de enfermagem sob a
supervisão do enfermeiro responsável pelo setor.

8.2. Organização do setor


• Repor os materiais de consumo básico diário.
• Trocar as almotolias e seu conteúdo conforme necessário, sempre datando.
• Trocar os lençóis da mesa clínica e ginecológica.
• Organizar o armário de roupas do consultório ginecológico.
• Recolher os espéculos e repor o balde com água de sabão.

64
8.2.1. Organização, recolhimento e reposição de insumos
A organização dos consultórios deverá ocorrer diariamente e a frequência durante o dia de-
penderá da demanda e disponibilidade de profissionais de cada unidade.
Os insumos deverão ser repostos diariamente, assim como a troca de lençol da mesa clínica
e a organização/reposição de roupas do consultório ginecológico.
Há insumos que necessitam de almotolias não descartáveis. Nesses casos, a reposição do
conteúdo das almotolias deve ser evitada e a almotolia deve ser limpa e desinfetada antes de
novo uso. As almotolias devem ser limpas e desinfetadas a cada 5 a 7 dias e seu conteúdo des-
cartado, caso não tenha sido utilizado nesse período. Deve ainda ser rotulada com identificação
do conteúdo, data e nome do profissional responsável pelo preenchimento da almotolia.

8.2.2. Materiais de apoio e insumo


Consultório padrão:

• Balança antropométrica adulto e balança infantil.


• Régua antropométrica.
• Fita métrica flexível.
• Esfigmomanômetro adulto e infantil.
• Estetoscópio adulto e infantil.
• Otoscópio.
• Lanterna clínica.
• Termômetro clínico.
• Negatoscópio.
• Oftalmoscópio.
• Pilhas para lanterna clínica e otoscópio.
• Luvas.
• Lençol descartável.
• Abaixador de língua.
• Impressos e formulários.

Consultório ginecológico:

• Banqueta giratória.
• Biombo duplo.
• Foco com haste flexível.
• Detector ultrassônico fetal.
• Mesa auxiliar.
• Espéculos de metal.
• Kits para inserção do DIU.
• Camisolas.
• Lençóis.
• Bandeja.
• Espéculos.
• Espátula de Ayres.
• Escova ginecológica.
• Lâminas.
• Frascos com fixador.

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MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

• Luvas de procedimento.
• Luva estéril.
• Schiller.
• Ácido acético.
• Vaselina.
• KOH 10%.
• Papel higiênico.
• Lápis.
• Lâmpada de foco.
• Gel condutor.
• Balde.

8.3. Limpeza e desinfecção específica

8.3.1. Equipe de enfermagem


Higienização diária de superfícies com água e sabão e desinfecção com álcool a 70% ou sem-
pre que necessário. Artigos de uso individual (ex.: estetoscópio, detector de batimentos cardiofe-
tais etc) devem ser limpos e desinfetados após cada uso pelo profissional que utilizar.

8.3.2. Serviço de higienização e limpeza


• Limpeza Concorrente – diária e sempre que necessário. Na presença de material biológico e no
consultório de ginecologia realizar desinfecção diária.
• Limpeza terminal – mensal.

9. Limpeza e desinfecção de artigos


A limpeza e a desinfecção de artigos fazem parte da rotina diária da equipe de enfermagem.
Muitas vezes são vistas como tarefas de menor importância, dada à sua falsa simplicidade de
execução. Entretanto, em se tratando de artigos para a saúde, muitas vezes com alto grau de
contaminação, a limpeza e a desinfecção exigem conhecimento técnico e principalmente, noções
em biossegurança para minimizar a ocorrência de falhas que levam risco ao paciente e de aci-
dentes com materiais perfurocortantes que levam risco aos profissionais.

66
9.1. Conceitos básicos
• Pré-limpeza: remoção da sujidade visível presente nos artigos, utilizando água, detergente enzimá-
tico e escovas por meio de ação mecânica, atuando em superfícies internas e externas, de forma a
tornar o produto seguro para envio à Central de Esterilização (CEST).
• Limpeza: consiste na remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas, redução da carga microbiana
presente nos artigos, utilizando água, detergente enzimático, produtos e acessórios de limpeza, por
meio de ação mecânica, atuando em superfícies internas e externas, de forma a tornar o produto
seguro para manuseio e preparado para desinfecção ou esterilização.

OBSERVAÇÃO: A limpeza é sempre o primeiro passo. A desinfecção só é necessária na presença de matéria orgânica.

• Desinfecção: processo físico ou químico que elimina microrganismos de artigos. Na rede SUS-BH
consideramos dois tipos:
• desinfecção de alto nível: destrói a maioria dos microrganismos de artigos, inclusive mico
bactérias e fungos, exceto um número elevado de esporos bacterianos;
▪ desinfecção de nível intermediário: destrói microrganismos na forma vegetativa, micobacté-
rias e a maioria dos vírus e fungos.
• Artigos críticos: utilizados em procedimentos invasivos com penetração de pele e mucosas adjacen-
tes, tecidos subepiteliais e sistema vascular.
• Artigos semi-críticos: aqueles que entram em contato com pele não íntegra ou mucosas
íntegras colonizadas.
• Artigos não críticos: que entram em contato com pele íntegra.

9.2. Atribuições dos profissionais

9.2.1. Enfermeiro
• Gerenciar e monitorar o fluxo de entrega/recebimento dos artigos da Central de Esterilização.
• Promover capacitação da equipe para o desenvolvimento das ações de pré-limpeza, limpeza e de-
sinfecção dos artigos.
• Supervisionar a limpeza/desinfecção dos artigos, aprimorando o processo e corrigindo
possíveis falhas.
• Participar da elaboração/atualização das rotinas de limpeza e desinfecção de artigos.
• Estabelecer escala de trabalho para execução das rotinas de pré-limpeza, limpeza e desin-
fecção dos artigos.

67
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

9.2.2. Técnicos/auxiliares de enfermagem


• Utilizar corretamente os materiais de proteção: avental descartável de manga longa, avental imper-
meável, óculos, máscara cirúrgica, gorro e as luvas de autoproteção.
• Repor os insumos para a pré-limpeza, limpeza e desinfecção dos artigos.
• Executar as ações de pré-limpeza, limpeza e desinfecção dos artigos.
• Registrar os instrumentais encaminhados e recebidos da CEST em impresso disponibilizado pela
4
CEST de seu distrito sanitário, comunicando intercorrências .
• Registrar e controlar o quantitativo de artigos circulantes na unidade.
• Zelar pela conservação dos artigos.

9.3. Expurgo
O expurgo é o local onde são realizadas a pré-limpeza, limpeza e desinfecção dos artigos e
materiais não descartáveis utilizados na assistência. Funciona também como abrigo para as rou-
pas contaminadas ensacadas, até o recolhimento pela Lavanderia Municipal, sendo também o
local adequado para despejo de resíduos líquidos contaminados. É um ambiente potencialmente
contaminado, por isso só deve atender a essas finalidades.
Todos os artigos passíveis de reuso devem passar pela pré-limpeza ou pela limpeza propria-
mente dita ainda nas unidades.
Para os artigos críticos e semicríticos que necessitam de esterilização, as equipes realizam a
pré-limpeza, utilizando detergente enzimático e fricção mecânica com escovas para remoção da
sujidade visível e os encaminha à Central de Esterilização de cada regional.
Para os artigos semicríticos e não críticos que não precisam ser esterilizados, as equipes re-
alizam a limpeza seguida da desinfecção nas próprias unidades. São utilizados álcool a 70% ou
hipoclorito de sódio a 1% para desinfecção de nível intermediário.

9.3.1. Pré-limpeza com detergente enzimático


A pré-limpeza com detergente enzimático é realizada em instrumentais utilizados na sala de
curativos, exames ginecológicos etc, maior detalhamento no quadro 3.

Procedimento

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Colocar avental descartável de manga longa, avental impermeável, óculos, máscara cirúrgica, gorro
e as luvas de autoproteção.
• Recolher os artigos a serem lavados, que devem estar em recipientes com água na sala de curativos
ou no consultório de ginecologia, levando-os até o expurgo.
• Drenar a água do recipiente.
• Diluir o detergente enzimático em água conforme recomendado pelo fabricante descrito no rótulo do
produto, em recipiente para limpeza.
• Imergir os artigos abertos na solução água-detergente enzimático.
• Aguardar o tempo indicado conforme recomendado pelo fabricante, descrito no rótulo do produto.
• Realizar a fricção mecânica preferencialmente sob a solução, escovando cada artigo separada-
mente, atentando para articulações, serrilhas e cremalheiras. Nas serrilhas, a escovação deve
seguir sua direção.

4
Principais intercorrências: extravio de artigo dentro da unidade, artigo retido na CEST com justificativa, acerto de cota, etc.
68
• Colocar os artigos no recipiente para enxágue, que deve ser vigoroso em água corrente,
fazendo com que a água entre e saia dos artigos várias vezes, eliminando por completo o
detergente enzimático.
• Retirar os artigos do recipiente para enxágue e secá-los com pano limpo (não deixar secar ao tempo,
pois favorece crescimento de microorganismos).
• Inspecionar visualmente a limpeza dos artigos.
• Se houver sujidade visível, proceder a nova limpeza a partir do sexto item.
• Anotar a quantidade de artigos por tipo de pacote no impresso que seguirá para a Central
de Esterilização.
• Colocar os artigos dentro da caixa plástica disponibilizada pela Central de Esterilização, mantendo
o impresso do lado de fora.
• Manter a caixa em local visível para recolhimento pelos profissionais da Central de Esterilização.
• Limpar com detergente neutro e água os recipientes usados, enxaguando-os e secan-
do-os em seguida.
• Realizar a desinfecção com álcool a 70% nos recipientes usados.

9.3.2. Limpeza dos artigos com detergente enzimático


A limpeza dos artigos com detergente enzimático é realizada para os materiais utilizados na
micronebulização, etc, maior detalhamento no quadro 3.

Procedimento

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Colocar avental descartável de manga longa, avental impermeável, óculos, máscara cirúrgica, gorro
e as luvas de autoproteção.
• Recolher os artigos a serem lavados, que devem estar em recipientes com água nos setores em que
são utilizados, levando-os até o expurgo.
• Drenar a água do recipiente.
• Diluir o detergente enzimático em água conforme recomendado pelo fabricante descrito no rótulo do
produto, em recipiente para limpeza.
• Imergir os artigos abertos na solução água-detergente enzimático.
• Aguardar o tempo indicado conforme recomendado pelo fabricante, descrito no rótulo do produto.
• Realizar a fricção mecânica vigorosa preferencialmente sob a solução, escovando cada artigo sepa-
radamente, atentando para articulações, serrilhas e cremalheiras. Nas serrilhas, a escovação deve
seguir sua direção.
• Colocar os artigos em recipiente para enxágue, que deve ser vigoroso em água corrente, fazendo com
que a água entre e saia dos artigos várias vezes, eliminando por completo o detergente enzimático.
• Retirar os artigos do recipiente para enxágue e secá-los.
• Inspecionar visualmente a limpeza do artigo.
• Se houver sujidade visível, proceder nova limpeza a partir do sexto item.
• Limpar com detergente neutro e água os recipientes usados, enxaguando-os e secando-os em seguida.
• Realizar a desinfecção com álcool a 70% nos recipientes usados.
• Proceder à desinfecção dos artigos.

69
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

9.3.3. Limpeza com detergente neutro


A limpeza com detergente neutro é realizada para os materiais como almotolias, EPI etc, maior
detalhamento no quadro 3.

Procedimento

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Colocar avental descartável de manga longa, avental impermeável, óculos, máscara cirúrgica, gorro
e as luvas de autoproteção.
• Umedecer um tecido (nunca encharcar) com solução de água e detergente neutro.
• Friccionar a parte externa do artigo a ser limpo.
• Remover a solução de água e detergente com tecido úmido.
• Se o material permitir limpeza interna, realizá-la, introduzindo a solução de água e detergente, fric-
cionado com escova ou tecido, enxaguando em seguida em água corrente.
• Secar e proceder à desinfecção.

9.3.4. Desinfecção dos artigos com hipoclorito de sódio a 1%


A desinfecção com hipoclorito de sódio a 1% é realizada em materiais plásticos, respiratórios
etc, maior detalhamento no quadro 3.

Procedimento
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Colocar avental descartável de manga longa, avental impermeável, óculos, máscara cirúrgica, gorro
e as luvas de autoproteção.
• Despejar o a solução de hipoclorito de sódio a 1% em vasilhame e imergir os artigos limpos e secos
por 30 minutos.
• Retirar os artigos do hipoclorito e enxaguá-los em água corrente.
• Secar os artigos e guardá-los em recipientes com tampa ou em sacos plásticos.
• Limpar com detergente neutro e água os recipientes usados, enxaguando-os e secando-os em seguida.
• Realizar a desinfecção com álcool a 70% nos recipientes usados.

9.3.5. Desinfecção dos artigos com álcool a 70%


A desinfecção com álcool a 70% é realizada em materiais metálicos, de avaliação/procedimen-
to clínico etc, maior detalhamento no quadro 3.

Procedimento
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Colocar avental descartável de manga longa, avental impermeável, óculos, máscara cirúrgica, gorro
e as luvas de autoproteção.
• Friccionar álcool a 70% nos artigos limpos em único sentido, deixando secar, repetindo esse proce-
dimento 3 vezes.
• Guardar os artigos em recipientes com tampa ou em sacos plásticos.

70
OBERVAÇÃO: Informações mais detalhadas sobre esses procedimentos estão disponíveis
no Manual de Normas e Rotinas Técnicas das Central de Material Esterilizado da SMSA/PBH
disponível em http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/protocolos/esterilizacao.pdf

Quadro 3 – Ações preparatórias para o reuso de cada tipo de artigo

ARTIGO LIMPEZA DESINFECÇÃO ESTERILIZAÇÃO

semanalmente, detergente
Almotolias Hipoclorito 1% NÃO
neutro
5 após o uso, detergente
Ambu
neutro parte externa do Hipoclorito 1% máscara e
máscara e conexões NÃO
ambu. detergente enzimático conexões
máscara e conexões

após o uso, detergente


Anel medidor de diafragma Hipoclorito 1% NÃO
enzimático

após o uso, detergente


Anel medidor de diafragma Hipoclorito 1% NÃO
enzimático

após o uso, detergente


Artigos da micronebulização Hipoclorito 1% NÃO
enzimático

Avental impermeável (EPI) após o uso, detergente neutro Hipoclorito 1% NÃO

Após o uso, detergente


Cânula de Guedel Hipoclorito 1% NÃO
enzimático

Comadre, marreco após o uso, detergente neutro Álcool 70% NÃO

Cuba, bacia, bandeja após o uso, detergente neutro Álcool 70% NÃO

Hipoclorito 1% - partes
plásticas
Espaçador de alumínio- após o uso, detergente
Álcool 70% - partes NÃO
câmara inalatória enzimático
metálicas

Estetoscópio após o uso, detergente neutro Álcool 70% NÃO

Glicosímetro após o uso, detergente neutro Álcool 70% NÃO

Instrumentais -tesouras,
após o uso, detergente
pinças, espéculos NÃO SIM
enzimático
ginecológicos, histerômetro

5
Principais intercorrências: extravio de artigo dentro da unidade, artigo retido na CEST com justificativa, acerto de cota, etc.

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MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

após o uso, detergente


Laringoscópio- cabo e lâmina neutro parte externa do cabo. Álcool 70% NÃO
detergente enzimático lâmina

Luvas de autoproteção (EPI) após o uso, detergente neutro Hipoclorito 1% NÃO

Óculos de autoproteção (EPI) após o uso, detergente neutro Hipoclorito 1% NÃO

após o uso, detergente Hipoclorito 1% - espéculos


neutro parte externa do Álcool 70% - partes
Otoscópio- Cabo e espéculo NÃO
cabo. detergente enzimático metálicas
espéculos

após o uso, detergente neutro


Oxímetro – sensor Álcool 70% NÃO
na parte interna e externa

Recipientes usados em
após o uso, detergente neutro Álcool 70% NÃO
limpeza/desinfecção

Termômetro após o uso, detergente neutro Álcool 70% NÃO

após o uso, detergente


Tubo de látex Hipoclorito 1% NÃO
enzimático

Hipoclorito 1% - somente
recipiente plástico
Umidificadores de Oxigênio após o uso, detergente neutro Álcool 70% - partes NÃO
metálicas

9.4. Arsenal
O arsenal é um local específico para a guarda e conservação dos instrumentais e materiais
esterilizados ou desinfetados até a sua utilização. É conveniente que seja um ambiente arejado
e de fácil limpeza e desinfecção. Entretanto, na falta deste espaço, um armário em material que
permita limpeza e desinfecção pode ser utilizado exclusivamente para essa função. É necessário
que tenha um dispositivo que impeça o extravio (chaves, cadeado, etc.) e que permita o acesso
apenas aos profissionais.
O total de instrumentais que circula na unidade (cota) deve ser conferido diariamente, man-
tendo assim um controle rigoroso, comunicando à Corregedoria Geral do Município em caso de
extravio, furto ou roubo, conforme Portaria 002 de 06 de março de 2012.

72
10. Controle/Gerenciamento do enxoval
Toda roupa utilizada na assistência à saúde é considerada potencialmente contaminada e
deve ser acondicionada corretamente em baldes ou hampers com tampa e sacos plásticos.
Elas não devem ser manipuladas, contadas ou sacudidas, para evitar a dispersão de micror-
ganismos. Os sacos plásticos devem ser identificados com o nome da unidade antes de ser
enviado à Lavanderia. Cada ambiente gerador de roupas contaminadas deve ser equipado com
um balde ou hamper.
Os profissionais precisam estar muito atentos para não descartarem instrumentais, artigos
perfurocortantes ou outros objetos junto às roupas utilizadas na assistência, prevenindo assim
acidentes, danos nos equipamentos da lavanderia e extravios de materiais.
A Lavanderia Municipal/SMSA recolhe as roupas contaminadas nas unidades e as distribui
lavadas. Essas, ao chegarem às unidades, devem ser contadas e armazenadas em armários
fechados, protegidas de possível contaminação do ambiente e de manipulação excessiva, até o
momento de serem distribuídas para uso.

10.1. Atribuições dos profissionais

10.1.1. Enfermeiro:
• Gerenciar e monitorar o fluxo de entrega/recebimento do enxoval pela Lavanderia Municipal.
• Gerenciar e monitorar a adequada distribuição diária do enxoval na unidade, atentando para um
dimensionamento adequado.
• Orientar continuamente a equipe quanto ao acondicionamento correto das roupas contaminadas nos
hampers e baldes para evitar a dispersão de microrganismos, corrigindo possíveis atitudes falhas.
• Manter a gerência da unidade informada sobre possíveis faltas de peças do enxoval que estejam
prejudicando a assistência, para tomada de medidas cabíveis junto à Lavanderia Municipal
• Estabelecer escala de trabalho para execução das rotinas controle e distribuição do enxoval na unidade.

10.1.2. Técnicos/auxiliares de enfermagem:


• Armazenar e controlar as roupas limpas recebidas pela Lavanderia.
• Distribuir adequadamente as roupas na unidade para uso na assistência.
• Informar o enfermeiro em caso de dimensionamento inadequado.
• Acondicionar corretamente as roupas contaminadas nos baldes ou hampers, mantendo-os tampados.

10.1.3. Profissionais da limpeza geral e higienização

• Fechar os sacos plásticos quando os baldes ou hampers estiverem cheios e disponibilizá-los aos
profissionais da Lavanderia Municipal no momento do recolhimento.
• Colocar novos sacos plásticos nos baldes ou hampers, mantendo-os fechados.

73
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Segurança do Paciente

74
Segurança do paciente é um conjunto de ações para evitar, prevenir e minimizar consequ-
ências ou danos evitáveis por cuidados e intervenções na área da saúde. O conceito de que o
profissional da saúde não erra está disseminado na sociedade, particularmente entre os profis-
sionais da saúde. Entretanto, toda assistência em saúde envolve algum risco para os pacientes e
eventualmente pode gerar eventos adversos. Estes são danos causados pelo cuidado à saúde e
não atribuídos a evolução natural ou possível doença de base, podendo colocar em risco a vida
e comprometer a integridade física, psíquica e social dos pacientes e de seus familiares por gerar
sequelas transitórias ou permanentes.
No Brasil, em média, 10% dos pacientes sofrem algum tipo de evento adverso e destes, 50%
são evitáveis por técnicas, processos e medidas preventivas. Cerca de 3 a 10% dos eventos
adversos são fatais. Os erros e incidentes tendem a diminuir com a experiência, compromisso,
habilidade técnica e destreza profissional, mas costumam voltar a acontecer quando os pro-
fissionais adquirem confiança e passam a se acomodar e reduzir a preocupação em relação à
possibilidade de ocorrerem.
A capacidade de uma instituição em obter resultados na segurança do paciente pode ser me-
lhorada quando se cria e se estabelece uma cultura de segurança. Essa é caracterizada por um
conjunto de valores, atitudes, percepções e competências individuais e grupais que determinam
o compromisso e as boas práticas da instituição. As características de uma cultura de seguran-
ça sólida incluem o compromisso para discutir e aprender com os erros, identificar possíveis
ameaças e incorporar um sistema não punitivo para o relato e análise dos eventos sentinelas,
promovendo a aprendizagem organizacional e permitindo que todos os trabalhadores, incluindo
profissionais envolvidos no cuidado e gestores, assumam responsabilidade pela sua própria se-
gurança, pela segurança de seus colegas, usuários e familiares.
Reason (1999) propõe o modelo do queijo suíço como uma abordagem sistêmica para o ge-
renciamento de risco. Na abordagem sistêmica, cada erro ou risco é avaliado com o objetivo
de identificar suas causas, fatores relacionados, falhas de processos e de rotinas e a cadeia de
eventos que aumentam a chance de erro. A causa do erro quase nunca pode ser atribuída exclu-
sivamente a um profissional. O modelo consiste-se de múltiplas fatias de queijo suíço colocadas
lado a lado como barreiras à ocorrência de erros. Em algumas situações, os buracos do queijo
alinham-se, permitindo que as ameaças passem pelas múltiplas barreiras causando o dano.
As ameaças são representadas pelas falhas ativas e as condições latentes. As falhas ativas
são os atos inseguros cometidos pelo profissional que está em contato direto com o paciente
como, por exemplo, uma troca de medicamento no momento da administração, erros técnicos
em procedimentos, demora no atendimento às situações de urgência e emergência, práticas sem
evidências científicas, descuido e desatenção, repetição de ações de risco, desconhecimento
ou não adesão às linhas de cuidado, diretrizes clínicas e protocolos institucionais, violação de
protocolos, excesso de rastreamentos e de solicitação de exames complementares, erros no
diagnóstico e prescrição, entre outros.
As condições latentes são representadas pelas ações evitáveis, decisões equivocadas e la-
cunas na sistematização do processo de trabalho, tais como ausência de organização, planeja-
mento e rotinas; presença de instrumentos ou equipamentos sem manutenção; ausência de uma
cultura de segurança, entre outras. As condições latentes, como o nome sugere, podem perma-
necer dormentes na instituição por anos até que se combinem com as falhas ativas provocando
acidentes, como apresentado na figura 1.

75
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Figura 2 - Abordagem sistêmica para gerenciar o erro ou a falha (Modelo do queijo suíço)

Ameaças

Falhas
ativas Perdas
Condições e Danos
Latentes

O gerenciamento de riscos voltado para a qualidade da assistência e segurança do paciente


engloba a integração com todos os processos de cuidado e articulação com os processos orga-
nizacionais dos serviços de saúde. A equipe de enfermagem é essencial para garantir o máximo
de eficiência e qualidade na assistência, reduzindo a um mínimo aceitável o risco de danos evitá-
veis relacionados aos cuidados em saúde. Para tanto, faz-se necessário a instalação de efetivas
barreiras de proteção contra os erros, cabendo ao enfermeiro:

• participar ativamente na produção e sistematização das rotinas e protocolos;


• construir em conjunto com toda a equipe do CS e com anuência do gerente, procedimentos
operacionais padrão – POP (modelo no apêndice 6) , fluxogramas, check list de acordo com a
realidade de cada CS;
• estimular a equipe na implementação dos protocolos e cuidados de segurança na prática diária;
• treinar e supervisionar os demais membros da equipe nesses procedimentos;
• realizar e participar da análise sistemática de cada evento adverso para tomada de medidas que
possam ajudar a evitar sua repetição;
• aprender com os erros da unidade e com o erro dos outros; melhorar e corrigir processos e rotinas;
• sensibilizar e atualizar conhecimento dos profissionais, sempre que necessário, e melhorar a cultura
local de segurança;

Para contemplar os principais pontos que teriam impacto direto na prática assistencial de enfer-
magem, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), instituído pela portaria 529 de 1
de abril de 2013 estabelece princípios e diretrizes que orientam os profissionais na execução siste-
mática e estruturada dos processos gerenciamento de risco e medidas de prevenção nas diferentes
áreas voltadas para a segurança. Dentre elas destacam-se: processos de identificação do paciente,
prevenção de infecções relacionadas à assistência em saúde, prevenção de quedas e lesões por
pressão, comunicação efetiva no ambiente de saúde e participação do usuário na segurança.

76
1. Identificação do paciente
A identificação do paciente é prática indispensável para garantir a qualidade e a segurança da
assistência à saúde, assegurando que o cuidado seja prestado à pessoa para a qual se destina.
Os erros de identificação podem ocorrer em todos os setores do CS e em todas as etapas do
cuidado. Para assegurar que o paciente seja corretamente identificado, é importante:

• enfatizar a participação ativa e atenta de todos os profissionais no processo de identificação, inclu-


sive do nome social, principalmente, antes do início dos cuidados, consultas, diagnósticos, prescri-
ções ou procedimentos;
• utilizar mais de um dado para confirmação da identificação do paciente, tais como: nome completo,
data de nascimento, foto e nome da mãe;
• confirmar a identidade do paciente na prescrição médica e no rótulo do medicamento,
antes da administração;
• fazer diversas verificações para evitar a multiplicação de um erro relacionado a um registro informatizado;
• questionar resultados de exames laboratoriais e outros quando estes não forem consistentes com a
história clínica do paciente;
• esclarecer para o paciente e a família, a importância e a relevância da correta identificação do pa-
ciente, respeitando suas preocupações com a privacidade;
• solicitar ao paciente/ responsável que verifique se as informações de identificação estão corretas
antes de realizar um procedimento ou identificar um frasco de amostra de exames.
• atentar para identificação dos usuários(as) travestis e transexuais, quanto ao nome social, durante
6
toda a assistência, respeitando sua identificação de gênero .
• considerar os usuários que desejam realizar o teste rápido de Sífilis, HIV, Hepatites B e C no anoni-
mato, nesse caso, os resultados não reagentes deverão ser entregues de forma verbal, sem dispor
de laudo impresso. E os resultados reagentes ou discordantes, providenciar documento de identifi-
cação e laudo impresso para o usuário.

6
I - nome social: designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente reconhecida; e
II - identidade de gênero: dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona com as repre-
sentações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação necessária com 77
o sexo atribuído no nascimento.
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

2. Comunicação efetiva e participação do usuário na segurança


da assistência

Uma assistência de qualidade exige uma comunicação efetiva. Lidar com pessoas envolve
responsabilidade, cordialidade e respeito às suas necessidades e valores. O diálogo aberto, com
uma linguagem acessível e transparente é a base para a cooperação e troca de conhecimentos
e experiências entre os profissionais e entre estes e os usuários.
A Política Nacional de Humanização define

[...] humanização como a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de


produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam essa
política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade entre eles,
o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a segurança nas unidades de saúde melhora,
se os pacientes forem colocados no centro dos cuidados e incluídos como parceiros. Um cuidado
respeitoso e responsivo às preferências, necessidades e valores individuais dos usuários, pode con-
tribuir para o desenvolvimento da autonomia e da corresponsabilização pelo autocuidado, resultando
na adesão ao tratamento, na cultura de segurança e na ampliação da vinculação com a EqSF.
Além disso, a organização dos processos de trabalho dos CS para o acolhimento das neces-
sidades do usuário/comunidade, coordenação do cuidado e vigilância em saúde é fundamental
para garantir o acesso e uma assistência eficiente e oportuna. A participação coletiva nesse
processo de organização possibilita a redução dos ruídos de comunicação, a variabilidade nas
condutas e servem como base para nortear o cuidado ao usuário. Nesse contexto, é essencial
que os profissionais conheçam e discutam as diretrizes clínicas, os protocolos assistenciais, as
linhas de cuidado, os recursos disponíveis na rede SUS-BH, bem como as normas, rotinas e
fluxos dos CS.
Outro ponto importante é a qualidade dos registros clínicos como forma de comunicação e
tomada de decisões efetivas pelas equipes multiprofissionais. Para que uma anotação seja útil e
dê suporte à continuidade do cuidado, ela deve conter informações suficientes para identificar o
paciente, apoiar o diagnóstico, justificar o tratamento, documentar a evolução e os resultados do
tratamento. Assim, as trocas de informações entre os profissionais precisam ser oportunas, preci-
sas, completas e sem ambiguidades.
Na rede SUS-BH a comunicação efetiva e a organização dos processos podem ser aprimora-
das por diversos dispositivos e ferramentas já conhecidas pelos profissionais da APS. Destacam-
-se as ferramentas da gestão clínica, os colegiados gestores, as reuniões de equipe, a Comissão
Local e Distrital de Saúde, dentre outros. Os cadernos das oficinas de qualificação da APS, o
documento da demanda espontânea e o documento Gestão do Cuidado no Território são alguns
materiais de referência que podem contribuir com o profissional nesse aprimoramento. Esses
materiais estão disponíveis para download na INTRANET.

78
3. Higienização das mãos
As mãos são a principal via de transmissão de microrganismos durante o processo de cuidado
dos pacientes. Higienizar as mãos é remover a sujidade, suor, oleosidade, pelos e células desca-
mativas da microbiota da pele, com a finalidade de prevenir e reduzir as infecções relacionadas à
assistência à saúde. A higienização das mãos deve ser realizada:

• antes e após o contato com o paciente;


• antes e após a realização de procedimentos assépticos;
• após contato com material biológico;
• após contato com o mobiliário e equipamentos próximos ao paciente.

ATENÇÃO: o uso de luvas não substitui a necessidade de higienização das mãos.

3.1. Técnica para higienização das mãos com água e sabão neutro
• Molhar as mãos com água.
• Aplicar sabão neutro.
• Esfregar as palmas das mãos.
• Esfregar a palma da mão sobre o dorso da mão oposta.
• Esfregar a palma da mão sobre o dorso com os dedos entrelaçados.
• Esfregar o dorso dos dedos virados para a palma da mão oposta.
• Envolver o polegar esquerdo com a palma e os dedos da mão direita, realizar movimentos circulares
e vice-versa.
• Esfregar as polpas digitais e unhas contra a palma da mão oposta, com movimentos circulares.
• Friccionar os punhos com movimentos circulares.
• Enxaguar com água.
• Secar as mãos com papel-toalha descartável e use o papel para fechar a torneira.

Figura 3 - Técnica para higienização das mãos

Fonte: COMCIRA/SMSA

79
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

3.2. Técnica para higienização das mãos com álcool a 70%


• Posicionar a mão em forma de concha e colocar o produto, em seguida espalhar por toda a su-
perfície das mãos.
• Esfregar as palmas das mãos.
• Esfregar a palma da mão sobre o dorso da mão oposta com os dedos entrelaçados.
• Esfregar as palmas das mãos com os dedos entrelaçados.
• Esfregar o dorso dos dedos virados para a palma da mão oposta.
• Envolver o polegar esquerdo com a palma e os dedos da mão direita, realizar movimentos cir-
culares e vice-versa.
• Esfregar as polpas digitais e unhas contra a palma da mão oposta, com movimentos circulares.
• Friccionar os punhos com movimentos circulares.
• Esperar que o produto seque naturalmente.
• Não utilizar papel-toalha.

4. Cateteres e sondas
Cateteres e sondas são dispositivos que auxiliam no tratamento dos pacientes, e por isso de-
vem ser manipulados e cuidados de forma adequada, pois podem tornar-se fonte de complica-
ções, inclusive infecção, e prejudicar o tratamento. A administração de fármacos e soluções por
cateteres e seringas é prática cotidiana das equipes de enfermagem. Portanto, a capacitação, a
orientação e o acompanhamento contínuo do enfermeiro sobre os riscos à segurança do paciente
frente às conexões erradas devem ser destinados a toda equipe de enfermagem. Algumas medi-
das são importantes para manipulação desses dispositivos na unidade de saúde:

• Realizar a higienização das mãos antes de manipular os sistemas de infusão.


• Realizar a desinfecção das conexões de cateteres com solução antisséptica alcoólica e gaze, por
três vezes com movimentos circulares, antes de desconectar os sistemas.
• Verificar todos os dispositivos, desde a inserção até a conexão, antes de realizar as reconexões,
desconexões ou administração de medicamentos e soluções.
• Orientar os pacientes e familiares a não manusear os dispositivos na unidade de saúde, não deven-
do realizar conexões ou desconexões.
• Incentivar o paciente e seus familiares a participar da confirmação dos medicamentos e soluções que
serão administrados, a fim de assegurar a infusão correta durante os cuidados domiciliares e nos CS.

5. Prevenção de queda
A queda é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial,
com incapacidade de correção em tempo hábil, provocada por circunstâncias multifatoriais que
comprometem a estabilidade, causam desfechos desfavoráveis e piora das condições de saúde
e qualidade de vida. A avaliação periódica dos riscos que cada paciente apresenta para ocorrên-
cia de queda orienta os profissionais a desenvolver estratégias para sua prevenção tanto no CS,
quanto em domicílio.

80
5.1. Fatores de risco para a ocorrência de queda
• Idade menor que 5 anos ou maior que 65 anos.
• Agitação/confusão.
• Déficit sensitivo.
• Distúrbios neurológicos.
• Uso de medicamentos (diuréticos, sedativos, anti-hipertensivos).
• Visão reduzida (glaucoma, catarata).
• Dificuldades de marcha.
• Hiperatividade.
• Mobiliário (berço, camas altas, tapetes soltos ou com dobras, sofá e cadeiras muito baixas)
• Riscos ambientais (iluminação inadequada, pisos escorregadios, encerados ou molhados, superfí-
cies irregulares, escadas e rampas, tacos soltos no chão).
• Doenças osteoarticulares.
• Sedentarismo.
• Calçado e vestuário não apropriado.
• Presença de animais domésticos na casa.
• Bengalas ou andadores não apropriados.

5.2. Estratégias para evitar a ocorrência de queda


Os CS devem adotar estratégias para a prevenção de quedas de todos os pacientes, indepen-
dente do risco. Essas medidas incluem a criação de um ambiente de cuidado, tais como: iluminação
adequada, corredores livres de obstáculos (por exemplo, equipamentos, materiais e entulhos), o
uso de vestuário e calçados adequados e a movimentação segura dos pacientes. Para os pacientes
pediátricos, deve-se observar a adequação das acomodações e do mobiliário à faixa etária.
Além disso, a utilização de estratégias educativas para orientar usuários/familiares/cuidadores
sobre o risco de queda e de dano por queda é importante para prevenir sua ocorrência. Destaca-
-se o papel do ACS e da equipe de enfermagem nessas orientações durante as visitas domici-
liares, consultas de puericultura e espaços coletivos, tais como grupos operativos, academia da
cidade, Lian Gong. Alguns instrumentos educativos podem auxiliar o profissional durante as orien-
tações e servir de consulta para os usuários. Dentre eles destaca-se: a caderneta da criança, do
adolescente e a cartilha “Prevenindo Quedas dentro de Casa” disponíveis nos links:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menino.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_adolescente_menina.pdf
http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/contents.do?evento=conteudo&idConteudo=92887&chPlc=92887

6. Prevenção de lesão por pressão


Lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou tecido mole subjacente geralmente so-
bre proeminência óssea. Ocorre como um resultado de intensa e/ou prolongada pressão ou de
pressão combinada com cisalhamento, ocasionando a diminuição da irrigação sanguínea, falta
de oxigênio e nutrientes para os tecidos, o que leva à formação do processo inflamatório e morte
celular. A lesão pode apresentar-se como pele intacta ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa.
A tolerância do tecido mole para a pressão e cisalhamento pode ser afetada pelo microclima, nu-
trição, perfusão, doenças associadas e condição do tecido mole.

81
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

6.1. Fatores de risco para ocorrência de lesão por pressão


• Grau de mobilidade alterado.
• Incontinência urinária e/ou fecal.
• Alterações da sensibilidade cutânea.
• Alterações do estado de consciência.
• Presença de doença vascular.
• Estado nutricional alterado.
• Uso de equipamento e dispositivos médicos.

6.2. Medidas de prevenção de lesão por pressão


• Limpeza frequente ou sempre que necessária, porém sem força ou fricção. Não usar água quente.
Usar sabonete suave.
• Usar hidratante na pele.
• Não massagear as proeminências ósseas, nem áreas hiperemiadas.
• Não deixar a pele em contato com umidade de urina, fezes ou secreções.
• Proteger áreas de fricção com produtos protetores.
• Usar técnicas corretas para reposicionamento e mudanças de decúbito.
• Providenciar equipamentos para auxiliar na manutenção da atividade.
• Manter boa hidratação oral.
• Aumentar o consumo de proteínas, carboidratos e vitaminas, principalmente A, C e E, conforme ava-
liação individual do paciente.
• Orientar os pacientes e familiares sobre os riscos e cuidados.
• Reposicionar a cada 2 horas para pacientes acamados e a cada 1 hora quando sentado.
• Descompressão isquiática nos paraplégicos a cada 15 minutos.
• Evitar posicionar sobre o trocânter do fêmur em ângulo de 90°.
• Estabelecer protocolos de horários por escrito para reposicionamentos.
• Utilizar almofadas, travesseiros ou coxins para reduzir a pressão nas proeminências ósseas.
• Não utilizar almofadas com orifício no meio (roda d’água), pois aumentam a pressão na
região central.
• Limitar o tempo que a cabeceira da cama fica elevada a mais de 30°, se as condições permitirem.
• Usar o lençol móvel com duas pessoas para movimentar o paciente (ao invés de puxar ou arrastar).
• Utilizar colchão piramidal para aliviar a pressão. A densidade deverá ser de acordo com o
peso do paciente.
• Inspecionar e orientar o cuidador ou responsável para fazer a inspeção rotineira nos locais de contato
da pele e mucosa com equipamentos e dispositivos médicos.

82
Cuidados de Enfermagem

83
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

O cuidado de enfermagem deve zelar pelo conforto, acolhimento e bem estar dos sujeitos en-
volvidos. Embora a construção da autonomia técnica, realização de procedimentos e perícia técni-
ca sejam competência necessárias a qualidade da assistência prestada, a equipe de enfermagem
não deve se esquecer de seu fazer complexo, abrangente e humanizado.
A padronização das técnicas e dos procedimentos realizados pela equipe de enfermagem na
rede SUS/BH está descrita nos itens abaixo e busca fomentar os conteúdos teóricos necessários
a uma assistência segura e sistemática, ampliando as competências técnicas dos profissionais
envolvidos no cuidado à saúde dos usuários.

1. Administração de medicamentos
Os medicamentos são utilizados para tratar e prevenir doenças, manejar sinais e sintomas, au-
xiliar no diagnóstico e no alívio da dor e do sofrimento das pessoas. O uso seguro, eficaz e ético
dos medicamentos exige conhecimento, habilidade e julgamento crítico por parte dos profissionais
da saúde. O envolvimento e a participação ativa no cuidado implica no esclarecimento de suas
dúvidas e preocupações, assim como o conhecimento dos medicamentos que utilizam e o porquê
de sua utilização.
A administração de medicamentos é parte importante dos cuidados prestados pela equipe de
enfermagem, podendo ser exercida pelo auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e en-
fermeiro, conforme dispõe o Decreto 94.406/87, que regulamenta a lei do exercício profissional
da enfermagem. Envolve a prestação de informações apropriadas ao usuário, responsabilidade e
precisão para utilizar o medicamento conforme a prescrição por profissional habilitado e por pro-
tocolos institucionais.
Os artigos 10, 30, 32, 38 do Código de Ética do Profissional de Enfermagem atribuem ao pro-
fissional o direito de recusar-se a executar prescrição em caso de identificação de erro de registro
ou ilegibilidade, ou quando não constar a assinatura e/ou o número do prescritor, exceto em situa-
ções de emergência. No caso da ocorrência do evento adverso decorrente dessa administração a
partir de uma prescrição duvidosa, ilegível, não identificada, ou verbal, tanto o profissional de en-
fermagem que a executou, como o enfermeiro e a instituição responderá pelos danos causados.
Segundo a Rede Brasileira de Enfermagem em Segurança do Paciente (REBRAENSP) para
evitar erros, o profissional deve seguir os nove “certos” na administração de medicamentos toda
vez que for administrar uma medicação. Muitos erros podem estar ligados, de alguma forma, a
uma dificuldade do profissional em seguir os nove “certos”:

• Paciente certo: a identificação correta e atenta do usuário é prática indispensável para a administra-
ção de medicamentos e para garantir a segurança do paciente.
• Medicamento certo – certificar-se da medicação prescrita. Na dúvida, não administrar. Verificar
com o prescritor.
• Via certa: antes de administrar a medicação, certificar-se da via prescrita e a compatibilidade da via
em relação ao volume e local de aplicação.
• Dose certa: conferência da dose prescrita com a apresentação da dosagem, tomar cuidado com uni-
dade de medida. Não aceitar prescrições vagas como “conforme o habitual” .
• Hora e intervalo entre as doses certas: a medicação deve ser administrada no horário correto para
garantir níveis séricos terapêuticos.
• Registro certo – anotar no próprio receituário data e horário da administração de medicamento e
assinar. Isso fornece evidências de que o medicamento foi administrado ao paciente. O registro da
medicação administrada também deverá ser anotado no SISREDEWEB, assim como a não adminis-

84
tração ou recusa do medicamento.
• Ação certa: garantir que o medicamento seja prescrito pela razão certa.
• Forma certa: medicamentos com o mesmo nome estão disponíveis em comprimidos e cápsulas com
tempo de absorção diferente, suspensão e ampolas com doses e concentrações diferentes. A forma,
o tipo, a dosagem e a concentração precisam ser especificadas e seguidas.
• Resposta certa: observação da resposta esperada é fundamental para avaliação da eficácia da me-
dicação e do tratamento.

As orientações sobre o uso de medicamentos é uma atribuição compartilhada da equipe de


saúde. A enfermagem tem importante função na orientação dos pacientes sobre o uso correto dos
medicamentos: estimular a adesão, monitorar os efeitos esperados, efeitos colaterais, reações
adversas, além de ajudar a evitar eventuais erros na cadeia de prescrição → preparo → dispen-
sação → administração de medicamentos.
A avaliação da adesão e necessidade de orientação sobre a medicação deve ser realizada a
partir da verificação sobre quantos tipos diferentes de medicamentos o paciente toma, se conhe-
ce os nomes, quais são os mais importantes, os de uso contínuo e os sintomáticos. Avaliar se o
paciente consegue identificar cada um ou se há risco de confundir e trocar medicamentos. Além
disso, observar se ele sabe enumerar quais medicamentos toma pela manhã, na hora do almoço
ou ao se deitar.
O investimento em segurança do paciente pode evitar eventos adversos mais graves, tais
como: reações adversas, danos permanentes e morte. Além disso, podem gerar consequências
jurídicas na esfera criminal (responsabilização e punição), civil (indenizações) e financeira. Esses
eventos podem ainda desencadear problemas emocionais que comprometem a capacidade dos
trabalhadores de exercer suas atividades. Alguns passos para administração segura da medica-
ção estão descritos a seguir:

• preparar os medicamentos para um usuário de cada vez;


• seguir os “nove certos” para administração de medicamentos;
• não permitir que ninguém interrompa a administração da medicação ao usuário (ex., chamada tele-
fônica, conversa com outras pessoas);
• não administrar medicamentos preparados por outras pessoas;
• não interprete letras ilegíveis, esclareça as dúvidas com quem fez a prescrição;
• questione doses muito altas ou muito baixas;
• registre todas as medicações logo após a administração;
• antes da administração de medicamentos, perguntar sobre alergias, riscos específicos do usuário
(disfunções de órgãos, comorbidades, gravidez) e considerar as reações adversas graves específi-
cas do medicamento;
• envolva e oriente o usuário quanto à administração e efeitos colaterais dos medicamentos;
• quando cometer um erro, reflita sobre o que deu errado e pergunte como poderia tê-lo evitado. Avalie
o contexto e a situação em que o erro ocorreu (cultura de segurança).

1.1. Principais vias de administração de medicamentos


As vias de administração de medicamentos são o caminho pelo qual uma substância interage
com o organismo humano, visando obter efeitos terapêuticos. Cada via é indicada para uma si-
tuação específica e possui vantagens e desvantagens que influenciam bastante as propriedades
farmacocinéticas de uma droga, isto é, as propriedades relacionadas à absorção, distribuição e
eliminação. São divididas em vias enteral, parenteral e tópica.

85
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

• Via enteral: permite à obtenção de um efeito sistêmico (não-local) e é indicada para substâncias que
são absorvidas via trato digestivo, sendo, geralmente, a mais conveniente para o usuário, já que
não há necessidade de se fazer procedimentos invasivos. São consideradas enterais as vias: oral,
sublingual e retal.
• Via parenteral: possui efeito sistêmico, sendo indicada quando se espera uma ação mais rápida
da droga e na administração de medicamentos que se tornam ineficientes em contato com o suco
digestivo. É indicada ainda para administração de medicamentos a pacientes inconscientes, com
distúrbios gastrointestinais e nos impossibilitados de engolir. São consideradas vias parenterais as
vias: intradérmica, subcutânea ou hipodérmica, intramuscular e endovenosa (WHO, 2016).
• Via tópica: essa via permite à obtenção de uma ação local sobre o tecido ou órgão afetado, de modo
que os princípios ativos passem em quantidade diminuta para a circulação sanguínea, evitando-se
os efeitos sistêmicos. As principais são as vias: ocular, nasal, ótica ou auricular, inalatória, vaginal.

A administração de medicamentos segue normas e rotinas que sistematizam o trabalho, facili-


tando sua organização e controle. O quadro 4 apresenta a síntese de materiais para preparo das
principais vias de administração de medicamentos.

Quadro 4 – Síntese de materiais para preparo e administração de medicamentos

Todas as formas e vias Parenteral venosa Infusões venosas


• Medicamento a ser • Seringa e agulha para • Material para acesso venoso (jelco ou scalp).
administrado. preparo. • Solução a ser infundida já preparada.
• Bandeja ou cuba. • Algodão com álcool a 70%. • Equipos e extensores.
• Luvas de procedimento. • Gaze. • Conectores e tampinhas.
• Máscara (quando indicado). • Seringa/agulha ou conector • Suporte de soro.
• Álcool a 70%, algodão para (preparado). • Seringa para aspiração da via venosa.
a desinfecção da bancada de • Garrote. • Relógio com ponteiros de segundo.
preparo e bandeja ou cuba. • Micropore.
• Etiqueta ou fita para rotular. • Rótulos. Via oral e sublingual
• Folha de prescrição/ • Dispositivo de acesso • Copinhos descartáveis.
medicação. venoso. • Dosadores.
• Equipamento de proteção • Esparadrapo comum ou • Copo com água.
individual. microporoso. • Gaze e luva de procedimento se necessário.

Via nasal
• Lenço de papel

Via retal
• Bandeja.
• Gaze.
• Luva de procedimentos.
• Forro de proteção.

Fonte: adaptado de Oliveira (2016)

86
1.1.1. Via Oral

A administração de medicamentos por via oral é segura, mais conveniente e menos dis-
pendiosa. A maior parte das medicações é normalmente administrada por esta via. Algumas
desvantagens são: efeito mais lento, incerteza sobre a ingestão, dificuldade na aceitação por
gosto ruim e dificuldade de administração em crianças.
As medicações administradas por via oral são disponíveis em muitas formas: comprimidos,
comprimidos de cobertura entérica, cápsulas, xaropes, elixires, óleos, líquidos, suspensões, pós
e grânulos. Alguns cuidados devem ser tomados para cada tipo de forma a ser administrada:

• comprimidos sulcados: podem ser partidos e/ ou triturados e diluídos;


• comprimidos não sulcados: podem ser triturados e diluídos, mas não podem ser partidos;
• comprimidos revestidos: jamais podem ser cortados, triturados ou mastigados;
• soluções/ gotas: podem ser diretas ou diluídas;
• xaropes e emulsões: não devem ser diluídos;
• cápsulas gelatinosas, drágeas e pílulas: não podem ser partidas;
• pastilhas: devem ser chupadas, não devem ser mastigadas ou deglutidas inteiras;
• pó e comprimidos efervescentes devem ser diluídos ao lado do paciente, usar a espátula.

Algumas medidas são necessárias para evitar contaminação do meio ambiente e eventos adversos:

• desprezar os materiais descartáveis, frascos e excesso de solução que tenha sido removido dos
frascos e não utilizado (não retornar para o frasco e não desprezar na pia), somente, nas caixas es-
pecíficas para material perfurocortante;
• não devem ser transferidas soluções orais de um frasco para outro;
• não usar o mesmo recipiente para triturar medicações diferentes para pacientes diferentes (risco
de reações alérgicas);
• a administração oral é contra-indicada em pacientes com irritação gastrointestinal, devido ao risco de
perda parcial da dose e em pacientes inconscientes, torporosos, confusos ou sonolentos devido ao
risco de aspiração.

1.1.2. Via Sublingual

Permite a retenção do fármaco por tempo mais prolongado. Propicia absorção rápida de
pequenas doses de alguns fármacos, devido ao suprimento sanguíneo e a pouca espessura
da mucosa absortiva, permitindo a absorção direta na corrente sanguínea. As formas farma-
cêuticas são geralmente comprimidos que devem ser dissolvidos inteiramente pela saliva, não
devendo ser deglutidos.

1.1.3. Via Retal


É utilizada em pacientes que apresentam vômitos, estão inconscientes ou não sabem deglu-
tir. As formas farmacêuticas empregadas são soluções, suspensões e supositórios. Suas maio-
res limitações de uso são possibilidade de efeitos irritativos para a mucosa e absorção errática
devido à pequena superfície absorsiva e incerta de retenção no reto. A via deve ser evitada para
pacientes com plaquetopenia e com coagulopatia devido ao risco de sangramento e em pacien-
tes imunossuprimidos devido ao risco de infecção.

87
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

1.1.4. Via intradérmica


Usada principalmente para fins de diagnóstico como testes para alergia ou tuberculina. O
volume máximo para essa via é 0,5mL e deve ser realizada na parte ventral do antebraço,
exceto a vacina BCG que é aplicada no deltóide direito. Este tipo de via é usada para produzir
um efeito local, devido à baixa absorção sistêmica.
Imediatamente após a aplicação, é comum aparecer no local de aplicação uma pápula de
aspecto esbranquiçado e poroso (tipo casca de laranja), com bordas bem nítidas e delimita-
das, desaparecendo posteriormente.

Procedimento

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Calçar as luvas de procedimento.
• Aspirar o medicamento.
• Realizar antissepsia da pele com álcool a 70% e deixe secar. Em testes imunobiológicos ou vacinas
não utilizar álcool para antissepsia, devido à possibilidade de reação com a substância.
• Sem tocar o local onde será feita a aplicação, firmar a pele com o dedo polegar e indicador da mão
não-dominante.
• Introduzir a agulha 13 x 4,5 mm paralelamente à pele, em ângulo de 15°, até cerca de 3
mm abaixo da epiderme.
• Injetar a solução lentamente.
• Retirar a agulha e colocar algodão seco no local sem friccionar.
• Registrar os procedimentos realizados no módulo “Procedimentos de Enfermagem” do SISRE-
DEWEB, em caso de contingência utilizar formulários próprios e lançar posteriormente no sistema.

Figura 4- Administração de medicamentos via intradérmica

88
1.1.5. Via subcutânea ou hipodérmica
A administração de medicamento por via subcutânea é realizada no tecido adiposo e ab-
sorvida através dos capilares sanguíneos. É uma via mais rápida do que a oral e mais lenta e
gradual que a intramuscular. É indicada por causar um menor traumatismo tecidual e por não
atingir vasos sanguíneos de grande calibre e/ ou nervos.
As medicações recomendadas para essa via incluem soluções aquosas e suspensões
não irritantes contidas em 0,5 a 2,0 mL de líquido que devem ser aplicadas utilizando um
ângulo de 90° nos adultos eutróficos e 45º nas crianças, adolescentes e adultos muito ma-
gros. Para volumes maiores que 0,5 mL em criança ou 1,5 mL em adultos é melhor dividir o
volume em duas injeções em sítios diferentes.
Os locais de aplicação são a face posterolateral do deltóide, abdômen (região lateral di-
reita e esquerda distante 4-6 cm ou três dedos da cicatriz umbilical), flancos, face anterola-
teral da coxa, região escapular e glútea. É contra-indicada em locais inflamados, edemacia-
dos, cicatrizados ou cobertos por uma mancha, marca de nascença ou outra lesão. Faz- se
necessário garantir o rodízio dos locais em um mesmo membro ou em membros diferentes.
Alguns medicamentos administrados pela via subcutânea possuem particularidades. Por-
tanto, é importante verificar a bula, as particularidades na diluição e na aplicação de alguns
medicamentos. Como exemplo, pode-se citar a insulina e as medicações anticoagulantes
(heparina e enoxaparina sódica) que não devem ser aspiradas ou massageadas. A enoxapa-
rina sódica (clexeane) deve ser aplicada na região abdominal conforme especificado acima.

Procedimento

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Calçar as luvas de procedimento.
• Aspirar o medicamento.
• Em caso de sujidade da pele higienizar o local com água e sabão e deixar secar. Fazer antissepsia
da pele com algodão embebido em álcool 70%, em sentido único e deixar secar.
• Introduzir a agulha com o bisel voltado para cima na prega cutânea.
• Aspirar, observando se atingiu algum vaso sanguíneo, caso atinja desprezar todo o mate-
rial e reiniciar o processo.
• Injetar o líquido lentamente.
• Aguardar cerca de 10 segundos para retirar a seringa/agulha.
• Fazer leve compressão no local com algodão seco sem friccionar a região.
• Registrar os procedimentos realizados no módulo “Procedimentos de Enfermagem” do SISRE-
DEWEB, em caso de contingência utilizar formulários próprios e lançar posteriormente no sistema.

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MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Face
Posterolateral
do Deltóide

Região
Escapular

Parede
Abdominal

Região
Glútea

Face
Anterolateral
da Coxa

Figura 5 - Administração de medicamentos via subcutânea

90
1.1.6. Via intramuscular
A administração de medicamentos por via intramuscular (IM) é procedimento frequente-
mente realizado na prática de enfermagem, envolve uma série de decisões complexas rela-
cionadas ao volume a ser injetado, medicação a ser administrada, técnica de administração
seleção do local e dispositivos.
É caracterizada pela introdução da medicação dentro da fáscia muscular, onde medica-
mentos são rapidamente absorvidos. Adicionalmente requer outras considerações a respei-
to da idade do paciente, constituição corpórea, irritabilidade da medicação e condições pré
existentes, tais como o distúrbio de coagulação.
As injeções intramusculares são contra-indicadas em pacientes com mecanismo de co-
agulação prejudicados, em pacientes com doença vascular periférica oclusiva, edema e
choque, porque estas patologias prejudicam a absorção periférica.

1.1.6.1. Locais de aplicação

A seleção do local da injeção é especialmente importante, pois a escolha incorreta pode


causar danos a nervos, vasos sanguíneos ou o próprio tecido muscular. Portanto, o pro-
fissional deve considerar a distância em relação a vasos e nervos importantes, volume do
medicamento e musculatura suficiente para absorver o medicamento, espessura do tecido
adiposo, idade do paciente, irritabilidade da droga e atividade do paciente.

Os principais locais para administração de medicamentos por via intramuscular são:

• 1ª opção: região ventroglútea (Hochstetter).


• 2ª opção: região vasto lateral da coxa.
• 3ª opção: região deltoidiana.
• 4ª opção: região dorso glútea.

É preciso evitar áreas com lesões de pele, inflamações ou irritações, edemas, atrofias,
nódulos, manchas de nascença, tecidos cicatrizados, paresias e/ou parestesias. O ângulo
de aplicação, o posicionamento de forma confortável do paciente e o relaxamento da mus-
culatura, contribuem para a redução da dor na hora da injeção. As aplicações devem ser
realizadas em um ângulo de 45° a 90°, sendo pertinente identificar o local correto da injeção
usando as proeminências ósseas que servem como referências.
O volume máximo a ser injetado tem sido baseado no tamanho do músculo, volumes
menores auxiliam a absorção e diminuem as reações adversas ao medicamento. Em adul-
tos, recomenda-se dividir em duas injeções a dose de medicação que exceda a 3,0 mL. Em
tratamentos mais prolongados com injeções a cada doze ou vinte e quatro horas é preconi-
zado o rodízio dos sítios de injeção. O quadro 5 abaixo apresenta as recomendações para
a escolha do local e volume da injeção, segundo a idade do paciente.

91
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Quadro 5 – Seleção do local de aplicação de IM e volume máximo a ser administrado,


segundo faixa etária

Idade Deltóide Ventroglútea Dorsoglútea Vasto lateral

Prematuros ------------ ------------ ------------ 0,5 mL


Neonatos ------------ ------------ ------------ 0,5 mL

Lactantes ------------ ------------ ------------ 1,0 mL


Crianças de 3 a 6
------------ -1,5 mL 1,0 mL 1,5 mL
anos
Crianças de 6 a 14
0,5 mL 1,5 - 2,0 mL 1,5 - 2,0 mL 1,5 mL
anos

Adolescentes 1,0 mL 2,0 – 2,5 mL 2,0 – 2,5 mL 1,5 a 2,0 mL

Adultos 1,0 mL 4,0 mL 4,0 mL 4,0 mL

Fontes: Malkin B. Are techniques used for intramuscular injection based on research evidence. Nursing times 2008.
105 (50/51): 48-51. Bork AMT. Enfermagem baseada em evidência- Rio de Janeiro: Guanabara Koongan, 2005.

A administração de medicamento com tamanho correto da agulha (penetre os tecidos e


atinja o músculo selecionado) está associada com a redução de complicações como abs-
cessos, nódulos, dor e necrose. Assim, deve-se avaliar cada paciente a fim de selecionar
o comprimento que garanta a transposição do tecido subcutâneo para que o medicamento
possa ser depositado no tecido muscular. Quanto mais viscoso o líquido infundido ou quanto
maior o volume, mais calibrosa precisa ser a agulha. Além disso, é necessário considerar o
tipo de medicamento, o volume de solução, o músculo selecionado e as características do
paciente. A aplicação de substâncias irritantes, oleosas deve ser realizada via intramuscular
profunda, nesse caso as agulhas 30x7mm, 30x8mm e 40x12mm podem ser utilizadas. A se-
leção do local de aplicação de IM e calibre da agulha segundo características dos pacientes
estão descritos no quadro 6.

Quadro 6 – Seleção do local de aplicação de IM e calibre da agulha,


segundo características dos pacientes

Calibre da agulha Local Características do paciente

30 x 7mm Pacientes adultos.


30 x 8 mm Homens com peso corpóreo entre 60 a 118 kg.
Ventroglútea e dorsoglútea
40 x 12 mm Mulheres com peso corpóreo entre 60 a 90 kg.

Pacientes adultos.
Deltóide e vasto lateral da
25 x 7 mm Mulheres com peso corpóreo superior a 90 kg.
coxa

25 x 6 mm
25 x 5,5 mm Crianças: a avaliação clínica é imprescindível para tomada
Vasto lateral da coxa
20 X 5,5 mm de decisão.

Fonte: Bork AMT. Enfermagem baseada em evidência- Rio de Janeiro: Guanabara Koongan, 2005.

92
Algumas medidas de segurança são necessárias durante a preparação dos medicamen-
tos. O profissional deve treinar a manipulação rápida, encaixes e desencaixes da agulha
com a seringa. Ao apoiar o dorso da mão que segura a seringa na palma da mão que segura
à agulha ou sua capa, ajuda a evitar movimentos bruscos que causam os acidentes com
perfurocortantes. Para reencapar uma agulha após preparo de medicamentos, deixar a capa
sobre a bancada até introduzir a ponta da agulha dentro dela. Além disso, outras medidas
tais como, evitar reencapar agulhas contaminadas com sangue, também contribui para evi-
tar acidentes. No caso de acidentes com agulhas contaminadas, lavar o local com água e
sabão. Comunicar imediatamente ao enfermeiro e gestor responsável pelo CS, realizar os
testes rápidos, as notificações obrigatórias, o acompanhamento do profissional e encami-
nhar para realização da profilaxia (se necessário).

1.1.6.2. Orientações sobre a utilização da técnica em Z

A técnica em Z para administração de medicamentos IM foi inicialmente introduzida para


fármacos irritantes para a pele. Atualmente, tem sido recomendada para todas as injeções
IM, uma vez que se comprovou a redução da dor e do escape da medicação no local da
entrada da agulha.

Procedimento

• Após fazer a anti-sepsia da pele, puxe-a firmemente para o lado ou para baixo com a parte lateral da
mão esquerda (se for canhoto faça com a mão oposta).
• Puxar a pele firmemente para o lado ou para baixo com a parte lateral da mão.
• Introduza a agulha. Sempre mantendo a pele puxada, segure a seringa com o polegar e o dedo indi-
cador da mão esquerda. Uma alternativa é usar a lateral da mão ao puxar a pele para o lado ou para
baixo. Nesse caso, os dedos indicadores e polegar ficarão livres para segurar a seringa.
• Aspirar antes de injetar para se certificar que a ponta da agulha não está dentro de uma artéria ou
veia. Se ocorrer refluxo de sangue, puxar um pouco a agulha e tentar aspirar novamente. Em algu-
mas situações é preferível desprezar a seringa com a medicação e começar tudo de novo.
• Injetar o líquido lentamente.
• Aguardar aproximadamente 10 segundos antes de retirar a agulha.
• Retirar a agulha em movimento único e firme e só então solte a pele. Voltando a posição relaxada, a
pele vedará a saída do líquido injetado para fora do músculo.
• Orientar o paciente a não massagear e comprimir a região.

Figura 6 - Técnica em Z para aplicação de injeção intramuscular

93
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

1.1.6.3. Aplicação intramuscular na região


ventroglútea (Hochstetter)

É a primeira opção para injeções intramusculares, sobretudo com maior volume (até 4 mL).
É a via que tem menor índice de desconforto e complicações. A falta de conhecimento dos
profissionais de enfermagem sobre a delimitação anatômica da região ventroglútea, o acesso
e às evidências publicadas sobre os benefícios de seu uso representam um desafio para o
avanço e promoção da utilização desta região para injeções IM. Existe uma forte pressão cul-
tural tanto do profissional, que raramente usa essa região, como dos pacientes que preferem
a injeção dorsoglútea, que é tecnicamente incorreta em termo de segurança do paciente.
A aplicação intramuscular na região ventroglútea pode ser realizada com o paciente sen-
tado ou em decúbito lateral, ventral ou dorsal. Nesta técnica, o profissional deve colocar
a palma da sua mão sobre a cabeça do fêmur no quadril do paciente (mão direita sobre o
quadril esquerdo, mão esquerda sobre o quadril direito). O polegar deve ser apontado para
o paciente, e o dedo indicador sobre a espinha ilíaca antero-superior e virilha. Em seguida,
o profissional deve estender o dedo médio ao longo da crista ilíaca em direção à nádega,
para formar um triângulo entre o dedo indicador, dedo médio e crista ilíaca (em direção à
nádega). A agulha deve ser inserida e o medicamento injetado no meio deste triângulo a um
ângulo de 90 graus. A figura 7 representa a técnica correta para aplicação.

Figura 7 - Músculo do quadril (vista lateral) – delimitação do sítio de punção

94
1.1.6.4. Região Vasto Lateral da Coxa

É a segunda opção para injeções intramusculares para crianças maiores de 2 anos, adolescen-
tes e adultos. E primeira opção de escolha para lactantes, pois nesta faixa etária é a musculatura
que apresenta a maior massa muscular. Nesse local não se evidencia grandes nervos e vasos
sanguíneos, o que reduz as chances de complicação.
É utilizada para a aplicação de vários tipos de vacinas. O paciente pode estar em decúbito
dorsal, lateral ou sentado. Para a aplicação deve- se traçar um retângulo delimitado pela linha
média lateral externa e a linha média anterior da coxa, dividi-lo em três partes, utilizando o
terço médio para aplicação. A figura 7 representa a delimitação do sítio de punção no músculo
vasto lateral da coxa.

Figura 8 - Delimitação do sítio de punção no músculo vasto lateral da coxa

95
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

1.1.6.5. Região deltóide

O músculo deltóide é o terceiro sítio de escolha para administração de medicamentos de-


vido as maiores chances de complicações, tais como contratura, necrose muscular e lesões
de graus variáveis do nervo axilar que se localiza cinco centímetro da borda lateral do acrômio.
Para a aplicação da medicação o paciente pode estar em decúbito lateral ou sentado. O profis-
sional localizar o músculo deltóide que fica 2 ou 3 dedos abaixo do acrômio. Traçar um triângulo
imaginário com a base voltada para cima e administrar a medicação no centro do triângulo ima-
ginário. É importante ficar atento para não atingir a clavícula, o úmero, o acrômio, a artéria e as
veias braquiais, assim como o nervo radial. A figura abaixo representa a técnica para aplicação.

Figura 9 - Músculo deltóide– delimitação do sítio de punção

1.1.6.6. Região dorsoglútea

Não é a técnica preferencial em termo de segurança do paciente, devido ao risco significa-


tivo de lesões de nervos ou vasos com possibilidade de sequelas permanente. Enfermeiros da
prática clínica continuam a usar a região dorsoglútea como o local de escolha para injeções IM,
apesar das fortes evidências sobre as complicações associadas a este local. As razões mais fre-
quentemente declaradas para escolher esta região incluem acesso mais fácil, a maior extensão
e volume desse músculo, a sensibilidade relativamente baixa para dor e o pedido do paciente.
Para aplicação o paciente pode estar em decúbito ventral ou lateral, com os pés voltados para
dentro, para um bom relaxamento. A posição de pé é contra-indicada, pois há completa contra-
ção dos músculos glúteos, mas, quando for necessário, pedir para o paciente ficar com os pés
virados para dentro, pois ajudará no relaxamento. Deve-se localizar o músculo grande glúteo e
traçar uma cruz imaginária, a partir da espinha ilíaca póstero-superior até o trocânter do fêmur.
Administrar a injeção no quadrante superior externo da cruz imaginária. A figura 9 representa a
técnica para aplicação.

96
Figura 10 Músculo glúteo (vista posterior) – delimitação do sítio de punção

1.1.7. Via endovenosa ou intravenosa


A punção venosa periférica consiste no acesso à corrente sanguínea do paciente pela introdu-
ção de uma agulha ou cateter especial. As principais vantagens dessa via são baixo custo, baixa
complexidade da técnica, alta taxa de sucesso e ausência de complicações clínicas graves. No
entanto, podem ocorrer complicações locais relevantes e potencialmente evitáveis, como extra-
vasamento de doses vesicantes, infiltração, dor, hematomas, flebite e tromboflebite.
A maioria das complicações é facilmente evitável pelos cuidados na punção e manutenção
adequada do cateter. Faz-se necessário o cuidado especial quando puncionar pacientes incons-
cientes ou confusos e com extremidades sem sensibilidade, pois estão incapacitados de perce-
ber ou comunicar dor. Substâncias vesicantes não devem nunca ser infundidas em veias da mão
ou pulso e é essencial retirar o acesso e providenciar outro, ao menor sinal de infiltração.
O acesso venoso periférico é indicado para hidratação de manutenção, reparação ou reposição,
administração de nutrição parenteral, coleta de sangue para exames e manutenção de acesso para
administração de medicamentos endovenosos. Nesse caso o acesso pode ser mantido por uma
infusão contínua de soro fisiológico a 0,9% ou mantido em um sistema fechado e salinizado.

Procedimento

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Em caso de sujidade da pele higienizar o local com água e sabão e deixar secar. Fazer antissepsia
da pele com algodão embebido em álcool 70%, em sentido único e deixar secar.
• Inspecionar, palpar e sentir as veias e escolher o sítio mais adequado (veia cheia, redonda, firme e
elástica). Preferir palpar a veia antes de calçar as luvas para facilitar a percepção tátil.
• Calçar as luvas de procedimento após ter escolhido a veia.
• Colocar o torniquete a pelo menos 10 cm acima do local da punção.
• Pedir ao paciente que abra e feche a mão repetida vezes para aumentar a distensão venosa.
• Segurar a pele próxima e distal do local da punção com o polegar da mão dominante, deixando-a
firme e mantendo a veia mais fixa. Ver e definir o ponto de punção e o direcionamento da agulha.
• Inserir a agulha na pele em um ângulo de 25°, quase paralelo a pele, com o bisel voltado para cima.
• Prosseguir a inserção no sentido do centro da veia enquanto se observa se ocorre retorno de sangue
para o jelco ou para o extensor no caso de cateter agulhado do tipo “butterfly”.

97
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

• Ao retornar sangue pelo jelco/extensor, avançar o conjunto agulha cateter por cerca de meio centíme-
tro. Em caso do jelco, retirar a agulha interna enquanto avança a cânula plástica até introdução total.
• Retirar o garrote assim que a veia for puncionada e ocorrer retorno do sangue.
• Após a introdução da cânula flexível, comprimir distalmente a veia puncionada, com o polegar não
dominante, para evitar que ocorra refluxo de sangue pelo cateter ao retirar a agulha até conectar e
rosquear uma seringa, extensor ou equipo a conexão.
• Confirmar que o acesso está seguro e pérvio antes de iniciar a medicação.
• Fixar o cateter com uma tira de esparadrapo para evitar o deslocamento da cânula e completar o curativo.
• Ajustar o gotejamento por gravidade ou a velocidade de infusão definida na prescrição.
• Confirmar se não há infiltração após o início da infusão.
• Registrar os procedimentos realizados no módulo “Procedimentos de Enfermagem” do SISRE-
DEWEB, em caso de contingência utilizar formulários próprios e lançar posteriormente no sistema.

Figura 11 - Administração de medicamentos via endovenosa

1.1.8. Via ocular


É uma via de administração com absorção e ação rápida por ser muito vascularizada. É usada
para prevenir e controlar infecção, dilatação e ou contração das pupilas para exames, lubrificar
os olhos evitando assim ressecamento e possíveis ulcerações de córnea. Geralmente os medi-
camentos para via ocular vêm em apresentação de colírios (líquidos que são administrados em
gotas) e pomadas (semi-sólidos com técnica de medicação semelhante).
Alguns cuidados são necessários para administração de medicamentos por essa via. Dentre
elas destaca-se: evitar tocar o conta-gotas ou o tubo da pomada na conjuntiva para evitar con-
taminação e evitar instilar qualquer forma de medicamento oftálmico direto sobre a córnea para
não provocar dor e desconforto. Essa via pode apresentar algumas desvantagens como irritação
local, risco de catarata e perda de medicação se administrada de forma errada.

Procedimento

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Posicionar o paciente e fazer a limpeza ocular caso necessário.
• Afastar com o polegar a pálpebra inferior usando gaze.
• Instilar o medicamento conforme prescrição no ponto médio do saco conjuntival, mantendo o olho

98
aberto, sem forçar para que não haja perda de medicação.
• Para aplicação de pomada deve-se depositá-la ao longo de toda extensão do saco conjuntival inferior
e pedir ao paciente que feche os olhos e mexa o globo ocular com movimentos giratórios a fim de
espalhar o medicamento.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar os procedimentos realizados no módulo “Procedimentos de Enfermagem” do SISRE-
DEWEB, em caso de contingência utilizar formulários próprios e lançar posteriormente no sistema.

1.1.9. Via auricular


Para o tratamento das patologias locais do conduto auditivo são utilizados medicamentos lí-
quidos ou gotas óticas que devem ser aplicadas no canal auditivo externo. A medicação deve ser
administrada à temperatura ambiente, pois as estruturas auditivas são sensíveis.
Em crianças e lactentes deve-se puxar delicadamente o pavilhão auditivo para baixo e para trás.
Nos adultos deve-se tracionar o pavilhão auditivo para cima e para frente. Sempre lembrar de que
as soluções óticas devem ser estéreis pelo risco de infecção do ouvido médio.

1.1.10 Via nasal


A via nasal é útil para administrar medicamentos, pois permite o rápido início de ação da droga,
tem aplicação indolor, não sofre interferência do metabolismo hepático e contorna o problema de
absorção errática da droga no trato digestivo. A absorção de medicamentos na mucosa nasal de-
pende dos seguintes fatores: diâmetro aerodinâmico das partículas, volume da droga, pH e capaci-
dade de difusão na camada de muco nasal e na membrana celular. A passagem de drogas do epi-
télio olfatório para o sistema nervoso central pode ocorrer por via intraneuronal ou extraneuronal.
Esta via de administração é utilizada, principalmente, para alívio da congestão nasal, enxaqueca,
tratamento de infecções e alergias respiratórias, tais como: rinite, asma e bronquite.

1.1.11 Via vaginal


É uma fonte de administração altamente vascularizada, por isso com boa absorção de medica-
mento. Geralmente é mais usada para fins tópicos e pouco utilizada para fins terapêuticos sistêmi-
cos. As medicações existentes para uso vaginal compreendem os óvulos, comprimidos, cápsulas
de gelatina mole e pomadas, sendo que os óvulos são exclusivos dessa via. Geralmente a medica-
ção é aplicada com um aplicador próprio que vem acompanhando o produto.

1.1.12 Via inalatória


É uma via que proporciona rápido contato do fármaco com a superfície do trato respiratório e pul-
monar, produzindo um efeito rápido por ser uma área de grande vascularização. Os medicamentos
inalatórios são mais eficazes para tratamento da asma e outras formas de broncoespasmo, pois são
administrados diretamente nos brônquios, com ação mais rápida e com menos efeitos colaterais.
As desvantagens dessa via podem ser irritação do trato respiratório, perda do medicamento para o meio

99
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

e impossibilidade de reversão em caso de superdosagem do medicamento. Existem vários tipos de disposi-


tivos inalatórios, os mais comuns são os inaladores dosimetrados pressurizados ou nebulímetro que dispen-
sam uma dose fixa para cada jato. Outros dispositivos usam cápsulas com pó e os espaçadores.
Os espaçadores são dispositivos plásticos com bocal ou máscara que funcionam como um re-
servatório da medicação inalatória. Nos menores de 3 a 5 anos, deve-se adaptar bem a máscara
sobre o nariz e a boca e disparar um único jato. Manter o selamento perfeito da máscara na face
para que a válvula funcione. Manter por 30 segundos ou 8 respirações. Em crianças acima de 5
anos adaptar a máscara sobre a boca pelo mesmo processo.

Técnica de inalação com dispositivos

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Aguardar a expiração completa do paciente e só depois colocar o dispositivo na boca com o
bocal entre os lábios.
• Nos dispositivos de medicamentos em pó é preciso inspirar o mais rápido, forte e profundamente possível para
aspirar todo o pó da câmera do aparelho. Nos nebulizadores de jato, inspirar mais lenta e profundamente.
• Retirar o aparelho da boca e prender a respiração em inspiração por uns 10 segundos ou mais.
• Se for necessário, repetir a operação para aspirar o pó que restar na câmera (nos medicamentos em pó).
• Se a medicação contém corticóide, enxaguar a boca com água ou escovar os dentes após cada aplicação.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar os procedimentos realizados no módulo “Procedimentos de Enfermagem” do SISRE-
DEWEB, em caso de contingência utilizar formulários próprios e lançar posteriormente no sistema.

Prescrição e administração das medidas de conforto pelo enfermeiro nos casos de asma estão descritas
no item 2.2.2 da Sistematização da Assistência de Enfermagem deste manual.

1.1.13 Oxigenoterapia
A oxigenioterapia é uma suplementação de oxigênio que objetiva a promoção da expansão
pulmonar, mobilização de secreções e manutenção de uma via área pérvia. Deve ser iniciada em
todo paciente com saturação menor que 90-92% (em ar ambiente), com dificuldade respiratória
ou tosse associada à falta de ar em repouso ou durante a fala, cianose, dor torácica precordial,
taquipnéia e/ou estado mental agitado ou confuso e intoxicação por gases (exemplo: incêndios,
gás tóxico como monóxido de carbono). É utilizada para manter um nível saudável de oxigenação
dos tecidos, evitando hipoxemia.
A oxigenação é avaliada pela saturação de oxigênio no sangue por meio do oxímetro, cor e
nível de consciência da pessoa. A saturação de oxigênio da hemoglobina (SaO2) é uma porcenta-
gem que exprime a quantidade de oxigênio transportada pela hemoglobina em relação à quantida-
de que ela poderia carregar. É importante saber que o sinal clínico mais frequente e precoce para
observar hipoxemia é a palidez cutânea (pois a cianose apresenta-se tardiamente). A agitação,
confusão mental ou prostração também podem estar presentes precocemente.
Para a realização da oxigenoterapia algumas medidas de precaução devem ser tomadas. Os
profissionais precisam estar cientes dos efeitos tóxicos do oxigênio, caso seja prescrito incorre-
tamente, e precisam estar atentos ao perigo de combustão, uma vez que é um gás altamente
inflamável. A escolha do dispositivo de oxigenioterapia é baseada na concentração de oxigênio
mais adequada para o tipo e situação clínica do usuário, disponibilidade, aceitação e conforto do
usuário. Os dispositivos de oxigenoterapia são:

• cânula nasal ou cateter tipo óculos é o dispositivo mais usado, prático, fácil, de baixo custo, adaptável para qual-
quer paciente. Pode ser usado com fluxo de até 4 mL para evitar ressecamentos e irritação nasal.

100
• máscaras comuns fornecem uma fração inspirada de oxigênio (FiO2) de 40% com um fluxo 5 a 6
litros, 50% com um fluxo 6 a 7 litros e 60% com cerca de 8 litros.

Procedimentos para a administração de oxigenioterapia

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Acoplar o dispositivo de liberação de oxigênio (cânula nasal ou máscara) ao tubo de oxigênio ajus-
tando o fluxo, conforme prescrição da enfermagem.
• Posicionar as pontas da cânula nasal adequadamente nas narinas do usuário e ajustar o elástico de
cabeça ou o ajustador plástico na cânula de forma que fique perfeitamente confortável. Posicionar
a máscara facial de forma que fique perfeitamente encaixada e confortável. Se estiver utilizando
máscara de oxigênio, ajustar o elástico atrás da cabeça até que fique confortável sobre o rosto e a
boca do usuário.
• Observar o funcionamento adequado do dispositivo de fornecimento de oxigênio.
• Ajustar o fluxômetro à taxa de fluxo prescrito.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar os procedimentos realizados no módulo “Procedimentos de Enfermagem” do SISRE-
DEWEB, em caso de contingência utilizar formulários próprios e lançar posteriormente no sistema.

Na impossibilidade de avaliação médica imediata, o usuário que chegar ao Centro de Saúde


com o quadro descrito acima deverá receber atendimento do enfermeiro e, se for necessário, de-
verá entrar em contato com SAMU para receber demais orientações e definição do tipo de trans-
porte para o caso.
Nesse primeiro atendimento, o usuário deve ser mantido com a cabeceira elevada a 30° e ser
ofertado oxigênio umidificado, de acordo com a prescrição do enfermeiro (item 2.2.2 da Sistemati-
zação da Assistência de Enfermagem). Observar, periodicamente, a resposta do usuário e avaliar
a necessidade de reajustar o fluxo. Atenção especial deve ser dada a idosos, a pacientes com
doença pulmonar obstrutiva crônica e a recém nascidos para não ofertar oxigênio em excesso.

1.1.14 Ventilação não invasiva

Nos casos de emergência em que o paciente não estiver respirando (apnéia) ou seu padrão
respiratório for instável, é necessário ventilar com pressão positiva com uma bolsa-válvula-más-
cara (ambú) e conectar oxigênio nesse sistema, conforme necessário.
O primeiro sinal de disfunção respiratória é em geral, a taquipnéia. Outras alterações da me-
cânica respiratória também podem ocorrer: retrações inspiratórias intercostais, subcostais, supra-
esternal, subesternal e esternais. Uso de musculatura acessória com batimento de asa de nariz,
gemência e estridor respiratório prolongado.
Uma unidade respiratória (ambú) é o sistema de ventilação com pressão positiva com bolsa au-
toinflável e máscara de tamanho adequado ao usuário. O volume das bolsas de adultos variam de 1 a
2,5 litros, sendo importante lembrar que o volume residual no adulto é de 500 mL de ar, ou seja, basta
comprir a bolsa cerca de metade do volume da bolsa ou o suficiente para produzir expansão visível do
tórax e abdômen. As unidades respiratórias pediátricas são para crianças entre 10 e 30 Kg.
Um bom ritmo de tempo para lembrar a ventilação por ambú é “aperta-solta-solta”. Isto promo-
ve tempos de inspiração e expiração adequados. Deve-se observar a expansão e a depressão do
tórax do usuário, permitindo uma expiração adequada em cada incursão. O paciente adulto pode
ser ventilado uma vez a cada 6 segundos (10 ventilações/minuto). Se o tórax não se expande e
deprime quando ventila, reavalie a posição da cabeça, a eficácia da compressão da bolsa, o se-
lamento da máscara na face do paciente e se existe obstrução de via aérea.

101
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

A equipe de saúde deverá entrar em contato imediato com o SAMU para receber demais orien-
tações e para definir o tipo de unidade de suporte para encaminhamento.

2. Aferição de dados vitais


A aferição dos sinais vitais permite o monitoramento da condição de saúde do usuário, auxi-
liando no diagnóstico, na tomada de decisão clínica e no acompanhamento da evolução do es-
tado de saúde. Ao avaliar os sinais vitais, é necessário que a equipe de enfermagem conheça os
parâmetros e os valores de normalidade (dados basais). Muitos fatores, como a temperatura do
ambiente, o esforço físico do usuário e os efeitos de uma doença, causam alterações nos sinais
vitais, algumas vezes fora dos limites de variações aceitáveis. Os sinais vitais clássicos são: tem-
peratura corporal, frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial e dor.

2.1. Temperatura corporal


A temperatura corporal é a diferença entre a quantidade de calor produzido por processos do
corpo e a quantidade de calor perdido para o ambiente externo. É controlada por um centro no
hipotálamo e varia conforme a idade, sexo, hora do dia, atividade física, tônus vasomotor, período
do ciclo menstrual e níveis hormonais (tireóide, testosterona, etc.). Uma temperatura central mais
alta induz a sudorese, vasodilatação, inibição da produção muscular de calor e sensação física
de calor. Ao contrário, uma temperatura corporal baixa induz a vasoconstrição, aumento do me-
tabolismo, tremor, calafrios e contração muscular e a sensação de frio.
A escolha do local para medição de temperatura corporal depende da sua finalidade, podendo
estar relacionada à medição da temperatura de órgãos específicos ou da temperatura central. As
regiões para aferição são a axilar, a oral, a retal e a timpânica/auricular. Alterações na temperatu-
ra do corpo fora da variação habitual podem ser caracterizadas como: febre, hipertermia sem fe-
bre e hipotermia. O quadro abaixo descreve os valores de referência para cada uma das regiões.

Quadro 7 – Valores de referência da temperatura corporal

Medida 1.1.11 Via vaginal


Normal Subfebril Febril

Axilar 35,5 a 36,9° C 37,0 a 37,7° C Acima de 37,8° C


É uma fonte de administração altamente vascularizada, por isso com boa absorção de medica-
mento.
Oral
Geralmente é mais usada para
36,0 a 37,3° C
fins tópicos e pouco utilizada
37,4 a 37,9° C
para fins terapêuticos sistêmi-
Acima de 38,0° C
cos. As medicações existentes para uso vaginal compreendem os óvulos, comprimidos, cápsulas
deRetal
gelatina mole e pomadas,
36,0 asendo
37,5° Cque os óvulos são exclusivos
37,6 a 37,9° C dessa via. Geralmente a medica-
Acima de 38,0° C
ção é aplicada com um aplicador próprio que vem acompanhando o produto.
Auricular/
36,0 a 37,7° C 37,8 a 37,9° C Acima de 38,0° C
Timpânica
Fonte: Oliveira (2016)

102
A febre ocorre devido à incapacidade dos mecanismos de termorregulação em acompanhar
o ritmo de produção excessiva de calor, resultando em um aumento anormal da temperatura.
Temperatura axilar acima de 37,8°C pode ser um sinal de alarme essencial no diagnóstico de in-
fecções e algumas doenças não infecciosas. A desidratação é um problema grave nesse quadro
clínico, principalmente, para crianças e idosos com baixo peso corporal. A manutenção e a orien-
tação para a reposição de líquidos são importantes ações de enfermagem.
O tratamento da febre vai depender da avaliação clínica e está indicado quando além da tem-
peratura alta (especialmente acima de 38 graus), o usuário também apresentar mal-estar, pros-
tração, dor muscular, cefaléia, irritabilidade e/ou náuseas. Como a infecção é a principal causa de
febre, o histórico e o exame físico devem ser dirigidos no sentido de encontrar sinais e sintomas
que indiquem a causa ou foco da infecção.
Na impossibilidade de avaliação médica imediata, a prescrição e administração de medidas
de conforto pelo enfermeiro no CS devem ser oferecidas ao usuário com dor e febre. Antes de
medicar pergunte ao usuário se ele tem história de alergia e se usou algum medicamento antes
de buscar atendimento. Considere as informações do quadro item 2.2.2 da Sistematização da
Assistência de Enfermagem deste manual.
A hipertermia sem febre é caracterizada por temperaturas acima do valor de referência e, ocor-
re quando o usuário não consegue perder calor devido à temperatura elevada do ambiente, a alta
umidade, ao excesso de agasalho, a dificuldade de transpirar, ao efeito de alguns medicamentos
ou devido à desidratação. Nessa situação, medidas físicas como compressas frias, banho morno,
hidratação adequada ou e retirada do excesso de agasalho devem ser realizadas.
A hipotermia é caracterizada pela temperatura corporal abaixo de 35,5°C, usualmente se de-
senvolve de forma gradual e permanece despercebida por várias horas. Os principais sintomas
são: tremores incontroláveis, perda de memória, depressão, pele cianótica e capacidade de julga-
mento empobrecida. Se a hipotermia progride, o usuário pode apresentar disritmias cardíacas e
ausência à resposta de estímulos dolorosos. Para evitar hipotermia, trocar lençóis e roupas mo-
lhadas por outros secos, usar cobertores e oferecer líquidos quentes para beber (nos pacientes
conscientes e alertas) e aquecer o ambiente.

2.1.1. Técnica de medida da temperatura corporal


• Reunir todo o material necessário em uma bandeja (termômetro e algodão com álcool a 70%).
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Higienizar o termômetro com álcool a 70%.
• Identificar o usuário e explicar o que vai ser feito.
• Abrir a blusa do usuário, enxugar a axila e colocar o sensor do termômetro bem no côncavo da axila,
em contato direto com a pele.
• Pedir ao usuário que mantenha o antebraço encostado no tórax com a mão do ombro contrário.
• Esperar 5 minutos ou que o termômetro emita um sinal sonoro indicando o fim da leitura.
• Higienizar novamente o termômetro.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento.

2.2. Frequência cardíaca


A contagem da frequência cardíaca (FC) geralmente é feita por palpação do pulso ou ausculta
dos batimentos cardíacos. O pulso é a delimitação palpável da circulação sanguínea percebida

103
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

em vários pontos do corpo, é um indicador do estado circulatório. A cada batimento cardíaco,


aproximadamente 40 a 70 mL de sangue são ejetados na aorta de um adulto, gerando uma onda
de pulso arterial que pode ser sentida nos pontos em que as artérias são mais superficiais e pal-
páveis contra ossos e músculos subjacentes. Existem vários locais para a verificação do pulso, os
mais utilizados são: o radial, o carotídeo, o femoral, o braquial, o apical, o pedioso e o poplíteo. As
localizações para verificação dos pulsos estão disponíveis na figura 11.

Temporal

Carótida

Apical

Axilar

Braquial

Radial
Ulnar
Femoral

Fossa
Poplítea

Tibial
Posterior
Dorsal
do Pé

Figura 12 - Localizações para verificação da frequência cardíaca

O pulso radial é o mais utilizado para contar a FC por ser mais acessível e fácil de contar. Entre-
tanto, em casos de instabilidade do quadro clínico do usuário, o pulso de escolha para verificação
da frequência é o pulso carotídeo. A pulsação carotídea não deve ser verificada simultaneamente
nos lados (direito e esquerdo) do pescoço, devido ao risco de obstruir o fornecimento de sangue
para o cérebro.
A análise palpatória do pulso permite avaliar sua força, simetria e ritmo. A força ou amplitude de
um pulso reflete o volume de sangue ejetado contra a parede arterial a cada contração cardíaca
e a condição dos sistemas vascular arterial levando ao local de pulsação. A simetria é o acesso
a pulsação radial em ambos os lados do sistema vascular periférico. Pulsos assimétricos estão
presentes em muitas patologias (Ex. trombose). O ritmo é o intervalo regular entre cada pulso ou
batimento cardíaco. Um intervalo interrompido por um batimento precoce ou tardio indica um rit-
mo anormal ou disritmia. O quadro 8 apresenta os valores de referência da frequência cardíaca,
quando o usuário está em repouso e sem febre.

104
Quadro 8 – Valores de referência da frequência cardíaca (em repouso e sem febre)

Faixa etária Limite normais (bpm)

Recém nascidos: 1 a 28 dias de vida 100 a 150

Lactentes: 29 dias de vida a 1 ano 80 a 140

Crianças: 1 a 2 anos 80 a 130

Pré-escolares: 2 a 6 anos 70 a 120

Escolares: 6 a 13 anos 70 a 110

Adoslescentes: 13 a 18 anos 60 a 90

Adultos: 18 a 60 anos 60 a 100

Fonte: Oliveira (2016)

Muitas vezes a avaliação da pulsação periférica e da apical revela alterações na frequência car-
díaca. Duas anormalidades comuns da frequência de pulso são a taquicardia e a bradicardia. A
taquicardia é uma frequência cardíaca anormalmente elevada, acima de 100 batimentos/min em
adultos. A bradicardia é uma frequência lenta, abaixo de 60 batimentos/min. Ambas as condições
são características definidoras de muitos diagnósticos de enfermagem, tais como: intolerância à ati-
vidade, ansiedade, débito cardíaco diminuído, medo, volume de líquido deficiente/excessivo, troca
de gases prejudicada, hipertermia, hipotermia, dor aguda e perfusão tecidual periférica ineficaz.

2.2.1. Técnica de verificação da frequencia cardíaca pelo pulso


• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Realizar a verificação da FC com o dedo indicador e médio, não comprimindo demais o local esco-
lhido, devido ao risco de diminuir o fluxo sanguíneo no local. O polegar também não deve ser usado,
uma vez que esse é o único dedo que possui pulsação e pode interferir na contagem da FC.
• Contar as pulsações por um minuto, observando a força, simetria e ritmo do pulso. Evitar contar a FC
por apenas 15 segundos e multiplicar por 4 para aumentar as chances de detectar arritmias cardía-
cas. Em caso da verificação da FC pela ausculta, colocar o estetoscópio no pulso apical (5° espaço
intercostal esquerdo na linha mamilar) e contar as pulsações.
• Comunicar imediatamente ao enfermeiro e/ou médico, os casos em que os valores de referência
estiverem alterados.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento.

2.3. Frequência Respiratória


A frequência respiratória (FR) é calculada pelo número de incursões respiratórias realizadas por
unidade de tempo, ou seja, número de vezes que o tórax de uma pessoa expande (inspiração) e
contrai (expiração) em um minuto. A respiração é responsável pela troca gasosa entre o sangue e os
pulmões, sendo regulada pelos centros respiratórios que sofrem influência da taxa de gás carbônico

105
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

no sangue. Geralmente ocorre de forma espontânea, sem que o usuário tenha consciência de como
está respirando. A classificação dos limites normais da frequência respiratória é realizada por faixa
etária, conforme descrito no quadro 9, abaixo.

Quadro 9 - Valores de Referência de frequência respiratória (em repouso e sem febre)

Faixa Etária Incursões Respiratórias por Minuto – IRPM

RN a termo 35 a 55

Lactentes até 6 meses 30 a 50

Entre 6 meses e 2 anos 25 a 35

Pré- escolar e escolar de 2 a 12 anos 20 a 30

Adolescente 16 a 20

AdultoOliveira (2016)
Fonte: 12 a 20

Idoso 16 a 24

Fonte: Oliveira (2016)

Além da FR, é importante avaliar a profundidade das respirações observando o grau de desvio
ou movimento da parede torácica e o ritmo respiratório que pode ser regular ou irregular. Uma res-
piração profunda envolve uma expansão completa dos pulmões com a exalação total. A respiração
superficial ocorre quando apenas uma pequena quantidade de ar passa pelos pulmões e o movi-
mento respiratório é difícil de ver. Fatores físicos, químicos, comportamentais e emocionais podem
alterar a respiração.
Existem diferentes padrões respiratórios que aparecem em situações clínicas específicas, tais
como: febre, insuficiência cardíaca, asma, pneumonia, sedativos, depressão respiratória, drogas
depressoras, resposta aos exercícios físicos, acidose metabólica, ansiedade, medo, etc. Dentre as
principais alterações no padrão respiratório, destaca-se a:

• apneia: paradas persistentes que resultam em retardo respiratório. A respiração cessa durante
vários segundos.
• bradpneia: frequência da respiração é regular, porém muito lenta (inferior a 12 respirações por minuto).
• taquipneia: a frequência da respiração é regular, porém muito rápida (superior a 20 respira-
ções por minuto).
• hiperventilação: a frequência e a profundidade da respiração aumentam.
• hipoventilação: frequência respiratória é anormalmente lenta e a profundidade da ventilação
está deprimida.
• Cheyne-stokes: frequência e profundidade da respiração são irregulares, alternância entre períodos
de apneia e hipoventilação.
• Kussmaul: respiração é anormalmente profunda, regular e de alta frequência.
• Biot: respiração é anormalmente superficial para duas ou três respirações seguida de um pe-
ríodo irregular de apneia.

106
2.3.1. Técnica de contagem da frequência respiratória
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Escolher um ponto do tórax ou do abdômen em que os movimentos são mais fáceis de se-
rem observados. É importante que o usuário não perceba a contagem, uma vez que pode
ocasionar interferências.
• Verificar sinais de comprometimento respiratório: cianose, inquietação, sons respiratórios, alterações
no padrão respiratório (apneia, dispneia, traquipneia, ou bradipneia), tiragem, retrações intercostais
ou subcostais e uso da musculatura acessória.
• Contar o número de incursões respiratórias por minuto.
• Comunicar imediatamente ao enfermeiro e/ou médico, os casos em que os valores de referência e
padrão respiratório estiverem alterados.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento.

2.4. Pressão arterial


A pressão arterial (PA) é a força exercida sobre a parede de uma artéria pelo sangue bom-
beado sob pressão do coração. Durante a contração do ventrículo esquerdo (sístole) a pressão
está no seu valor máximo, sendo chamada pressão sistólica (PAS). Durante o relaxamento do
ventrículo esquerdo (diástole) a pressão está no seu valor mínimo ou basal, sendo chamada
pressão diastólica (PAD).
A determinação da PA permite a avaliação do estado geral da saúde cardiovascular e as res-
postas aos desequilíbrios de outros sistemas. A PA reflete as interrelações do débito cardíaco
(DC), resistência vascular periférica, volume sanguíneo, viscosidade sanguínea e elasticidade da
artéria. O conhecimento das variáveis hemodinâmicas auxilia na avaliação da PA sanguínea. Essa
não é constante, fatores como: idade, estresse, etnia, medicamentos, tabagismo, atividade física
e obesidade podem influenciar sua aferição. Portanto, uma medição pode não refletir adequada-
mente a PA usual do usuário. São as tendências e não as medições isoladas da PA que guiam as
intervenções de enfermagem.
A pressão de pulso representa a diferença entre a pressão sistólica e a diastólica (Pressão de
pulso = PAS - PAD) e correlaciona-se com o volume sistólico ou a quantidade de sangue ejetada do
coração (DC). Normalmente, a pressão de pulso é de 30 a 40 mmHg. A PA é convergente quando a
pressão de pulso é menor que 30 mmHg, podendo ocorrer na insuficiência cardíaca, infartos e cho-
que. A PA é divergente quando a pressão de pulso ultrapassa o valor de 60 mmHg, podendo ocorrer
na fibrose senil de vasos, hipertireoidismo, síndromes hipercinéticas, febre, anemia, gravidez. A PA é
também, um método indireto de monitoração da hipóxia tecidual. Portanto, é importante atentar para
PA sistólica menor de 90 mmHg ou uma queda na PA sistólica de 40 mmHg.
Sinais como hipotensão, hipertensão, hipotensão ortostática permitem diagnósticos de enferma-
gem importantes para a construção de um plano de cuidado assertivo. Dentre os principais diagnós-
ticos destaca-se: intolerância à atividade, ansiedade, débito cardíaco diminuído, volume de líquidos
deficiente/excessivo, dor aguda, risco para lesão e perfusão tecidual ineficaz. Os quadros 10 e 11
apresentam a média da PA ótima por idade e a classificação da PA para adultos maiores de 18 anos.

107
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Quadro 10 – Média da pressão arterial ótima por idade

Idade Pressão arterial (mmHg)

Recém nascido (3000g) 40

1 mês 85/54

1 ano 95/65

6 anos 105/65

10-13 anos 110/65

14-17 anos 119/75

>18 anos < 120/< 80

Fonte: Potter et.al., (2013)

Quadro 11 – Classificação da pressão arterial para adultos (> 18 anos)

Classificação Pressão Sistólica (mmHg) Pressão Diastólica (mmHg)

Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130-139 85-89

Hipertensão estágio I 140-159 90-99

Hipertensão estágio II 160-169 100-109

Hipertensão estágio III ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90

Fonte: Potter et.al., (2013)

2.4.1. Técnica de aferição da pressão arterial


• Reunir todo o material necessário em uma bandeja (esfigmomanômetro, estetoscópio e algodão
com álcool a 70%).
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Higienizar o estetoscópio (olivas, diafragma e campânula) com álcool a 70%.
• Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso por pelo menos cinco minutos em
ambiente calmo.
• Solicitar ao usuário que não fale durante o procedimento de medição.
• Certificar-se de que o usuário não está com a bexiga cheia, não praticou exercícios físicos há pelo menos
60 minutos, não ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumou nos 30 minutos anteriores.
• Posicionar o usuário sentado, com as pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado
na cadeira e relaxado.
• Evitar aferir a PA em membros com deformidades, com cateter venoso, paralisias e doença vascular
periférica. Nunca aferir em membros com fístula, mastectomia e esvaziamento axilar. O braço esco-

108
lhido deve estar na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou quarto espaço intercostal),
livre de vestimentas, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido.
• Localizar a artéria braquial através da palpação.
• Colocar o manguito firmemente cerca de 2 a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando sobre a
artéria braquial.
• Posicionar no ponteiro do manômetro aneróide.
• Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial e inflar o manguito até seu desa-
parecimento no nível da pressão sistólica. Desinsuflar rapidamente e aguardar de 15 a 30 segundos
antes de inflar novamente.
• Colocar o estetoscópio nos ouvidos, com as olivas voltadas para frente.
• Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial, na fossa antecubital,
evitando compressão excessiva.
• Inflar rapidamente, de 10 em 10 mmHg, até o nível estimado da pressão arterial.
• Proceder à deflação, com velocidade constante inicial de 2 mmHg a 4 mmHg por segundo, evitando
congestão venosa e desconforto para o paciente. Procede-se neste momento, à ausculta dos sons sobre
a artéria braquial, evitando-se compressão excessiva do estetoscópio sobre a área onde está aplicado.
• Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de Korotkoff),
que se intensifica com aumento da velocidade de deflação.
• Determinar a pressão diastólica no desaparecimento completo dos sons (fase V de Korotkoff),
exceto em condições especiais. Auscultar cerca de 20 mmHg a 30 mmHg abaixo do último som
para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. Caso, os
batimentos persistam até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons
(fase IV de Korotkoff).
• Registrar o valor da pressão sistólica e diastólica. Deverá ser registrado o valor da pressão obtido na
escala do manômetro que varia de 2mmHg em 2 mmHg, evitando-se arredondamentos e valores de
pressão terminados em “5”.
• Esperar 1 a 2 minutos antes de realizar novas medidas, recomendando-se a elevação do braço para
normalizar mais rapidamente a estase venosa, que poderá interferir na medida tensional subsequente.
• Comunicar imediatamente ao enfermeiro e/ou médico, os casos em que os valores de referência e
padrão respiratório estiverem alterados.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento.

2.5. Dor
Considerada como quinto sinal vital, a dor tem sido definida como uma experiência sensorial e
emocional desagradável associada a dano tecidual real ou potencial que envolve aspectos fisiológi-
cos, sensoriais, afetivos, cognitivos, comportamentais e sócio-culturais. A dor pode ser classificada
como aguda ou crônica.
A dor aguda, em geral, tem início recente e está comumente associada a uma lesão ou dano es-
pecífico, está relacionada a afecções traumáticas, infecciosas ou inflamatórias. Quando não aliviada
pode afetar os sistemas pulmonar, cardiovascular, gastrointestinal, endócrino e imune. Geralmente
diminui à medida que ocorre o alívio.
A dor crônica é constante ou intermitente, persistindo além do tempo esperado e que, raramente,
pode ser atribuída a uma lesão ou etiologia específica. Ela pode ter um início mal definido, sendo
com frequência, difícil de tratar porque sua etiologia ou origem pode ser incerta. A dor crônica fre-
quentemente resulta em depressão, comprometimento dos relacionamentos interpessoais e incapa-
cidades. As incapacidades podem variar desde a restrição as atividades físicas até a realização das
necessidades pessoais, como vestir-se ou alimentar-se.

109
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

O tratamento da dor é considerado como uma parte importante do cuidado à saúde do usuário,
pois pode resultar numa recuperação rápida, devido à redução da resposta neuroendócrina ao es-
tresse e no aumento da qualidade de vida. O papel da equipe de enfermagem consiste em avaliar,
aliviar e monitorar a dor, administrando e avaliando a eficácia dos medicamentos e dos tratamentos
prescritos (repouso, relaxamento, mudança de decúbito, suporte emocional, orientações).
Devido à grande variedade de aspectos envolvidos é importante que a avaliação da dor seja mul-
tidimensional, conforme apresentado no quadro 12.

Quadro 12 – Critérios para avaliação multidimensional da dor

Dimensão da experiência
Fatores avaliados
dolorosa
Intensidade, localização, qualidade, irradiação, inicio/ duração, frequência,
fatores precipitantes reais e potenciais, fatores agravantes e de alívio.
Componentes físicos da dor
respostas neurovegetativas (elevação da pressão arterial, taquicardia,
taquipnéia, entre outras).
Interpretação da experiência
Tensão, medo, angústia, ansiedade, fadiga, monotonia, depressão.
dolorosa
Compreensão da experiência Experiências pregressas, significado da situação, comportamentos
dolorosa relacionados.
Impacto da experiência Sono, apetite, atividade, cognição, estado de ânimo, relacionamentos,
dolorosa na qualidade de vida desempenho profissional e responsabilidade dos papéis.
Fonte: Potter et.al., (2012)

A avaliação da dor começa com uma cuidadosa observação do usuário, da postura geral e da
presença ou ausência dos comportamentos de dor, especialmente em usuários incapazes de se
comunicarem com eficiência. Apenas o usuário pode avaliar com exatidão a própria dor. Portanto,
é essencial pedir ao usuário que descreva, com suas próprias palavras, a sua experiência de dor.
Alguns instrumentos para avaliar a percepção da dor podem ser utilizados para documentar a ne-
cessidade de intervenção, para avaliar a eficácia da prescrição e para identificação de intervenções
adicionais. A figura 12 mostra as escalas de dor analógicas, visuais e de face que são instrumentos
padronizados úteis na avaliação da intensidade da dor.

110
Figura 13 - Escalas analógicas visuais e de face de dor

Fonte: Mackway-Jones, 2010

Fonte: Mackway-Jones, 2010

111
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

2.5.1. Ações de enfermagem no alívio da dor


• Assegurar ao usuário medidas de conforto e analgesia, antes que a dor se agrave (ver item 2.2.2 da
Sistematização da Assistência de Enfermagem).
• Reduzir ou eliminar os fatores que precipitem ou aumentem a experiência de dor (p.ex. medo, fadiga,
monotonia e falta de informação).
• Controlar fatores ambientais capazes de influenciar a resposta à dor (Ex. temperatura ambiente,
iluminação, ruído).
• Assegurar analgesia pré-tratamento e/ou estratégias não-farmacológicas antes de procedi-
mentos dolorosos.
• Oferecer informações sobre a dor, a saber, suas causas, tempo de duração, e desconfortos anteci-
pados decorrentes de procedimentos.
• Avaliar com o usuário e a equipe de cuidados de saúde a eficácia de medidas de controle da
dor que tenham sido utilizadas, monitorando a satisfação do paciente com o controle da dor, a
intervalos específicos.
• Instituir e modificar medidas de controle da dor com base na resposta do usuário.
• Ensinar e utilizar técnicas não-farmacológicas (p.ex. relaxamento, musicoterapia, diversão, terapia
de jogos, terapia de atividades, aplicação de calor/frio e massagem), antes, após e, se possível, du-
rante atividades dolorosas.
• Utilizar uma abordagem multidisciplinar no controle da dor (Lian Gong, grupos de dor crônica, aca-
demia da cidade, CREAB), quando possível.
• Encorajar o usuário a monitorar a própria dor e a interferir adequadamente antes que a dor ocorra ou
aumente, conforme orientações da equipe de saúde.
• Estimular o usuário e a família a buscar apoio.
• Oferecer informações adequadas para promover o conhecimento da família quanto à resposta à
experiência de dor e quanto à própria experiência de dor.

3. Medidas antropométricas
A avaliação antropométrica em saúde é aplicável em todas as fases do ciclo de vida, sendo im-
portante para muitos procedimentos e condutas terapêuticas. A avaliação nutricional, fundamental
no acompanhamento de portadores de hipertensão arterial, nefropatias, diabetes, gestantes e crian-
ças e o cálculo da dosagem de medicações muitas vezes depende do peso ou do índice de massa
corpórea do paciente (IMC). Mais do que realizar uma ação rotineira, essas medidas fazem parte
da coordenação do cuidado e vigilância em saúde. As principais medidas antropométricas utilizadas
nos serviços de saúde são: peso, altura, IMC, perímetro abdominal e perímetro cefálico.

112
3.1. Peso
O peso corporal é composto por massa muscular, massa gordurosa, água, proteínas, minerais e
lipídios, sua medida é a mais comum realizada na avaliação nutricional, sendo de fácil obtenção e
baixo custo. A manutenção do peso corporal, considerado ideal, é um fator determinante no estado
nutricional considerado saudável, levando ao bem-estar e a uma melhor qualidade de vida. A ava-
liação e discussão dessa medida com o usuário ajudam a reforçar as orientações sobre a nutrição
adequada e/ou alertar para perda ou ganho de peso em excesso, gerando obesidade, desnutrição
e outras condições crônicas.

No adulto, o peso ideal pode ser estimado pelas fórmulas:

• Peso ideal no homem adulto = 50 + 0,91 (altura em cm – 152,4).


• Peso ideal na mulher adulta = 45,5 + 0,91 (altura em cm – 152,4).

Na criança, o acompanhamento da evolução do peso funciona como um fio condutor das condu-
tas e orientações aos pais ou responsáveis pela criança. A cada consulta o profissional deve anotar
o peso e marcar esse parâmetro na caderneta da criança. Essa anotação em consultas consecuti-
vas permite visualizar a evolução longitudinal dessas medidas de acordo com o percentil, permitindo
a identificação de quaisquer desvios progressivos. O gráfico de percentil de peso presente na ca-
derneta da criança permite comparar o parâmetro com a distribuição normal de uma população de
crianças saudáveis na mesma idade e sexo e avaliar se tais medidas e evolução ao longo do tempo
estão acima ou abaixo da média e o grau ou gravidade de eventuais desvios do esperado.

3.1.1. Técnica de medição do peso corporal em criança


menores de 2 anos ou com até 16 Kg

• Apresentar-se cordialmente aos pais ou responsável pela criança.


• Identificar a criança.
• Realizar a higienização das mãos, conforme técnicas antissépticas.
• Posicionar a balança em superfície regular e firme.
• Forrar a balança, utilizando papel-toalha e destravar a balança.
• Verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma linha horizon-
tal). Caso contrário, calibrá-la, girando lentamente o calibrador.
• Esperar até que agulha do braço e do fiel estejam nivelados. Após constatar que a balança está
calibrada, ela deve ser destravada.
• Despir a criança com ajuda da mãe/ responsável, retirando fraldas e outros adereços.
• Colocar a criança deitada ou sentada (a partir de oito meses) no centro do prato, de modo a distribuir
o peso igualmente, destravar a balança, mantendo a criança parada o máximo possível nessa posi-
ção. Tomar cuidado para criança não cair ou para a balança virar com a criança.
• Orientar a mãe/responsável a manter-se próximo sem tocar na criança e na balança.
• Mover o cursor maior sobre a escala numérica para marcar os quilos, depois mover o cursor menor
para marcar as gramas.
• Travar a balança e realizar a leitura.
• Retirar a criança da mesa e orientar a mãe a vesti-la.
• Retornar os pesos ao ponto zero da escala numérica.
• Registrar o procedimento.

113
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

3.1.2. Técnica de medição do peso corporal em crianças


maiores de 2 anos, adolescentes e adultos

• Apresentar-se cordialmente ao usuário e/ou acompanhante.


• Realizar a higienização das mãos, conforme técnicas antissépticas.
• Verificar se a balança está sobre um piso seco, plano e não escorregadio.
• Verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma linha horizon-
tal). Caso contrário, calibrá-la, girando lentamente o calibrador.
• Esperar até que agulha do braço e do fiel estejam nivelados. Após constatar que a balança está
calibrada, ela deve ser destravada.
• Orientar o usuário a esvaziar a bexiga, a retirar os calçados, acessórios e a ficar com o mínimo de
roupa possível.
• Auxiliar o usuário a subir na balança e posicioná-lo no centro do equipamento, ereto, de costas para
a escala graduada com a coluna e a cabeça ereta e olhar à frente. Mantê-lo parado nessa posição.
• Destravar a balança.
• Mover o cursor maior sobre a escala numérica para marcar os quilos, depois mover o cursor menor
para marcar as gramas.
• Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
• Travar a balança e realizar a leitura.
• Solicitar ao usuário descer da balança e colocar novamente seus pertences.
• Retornar os pesos ao ponto zero da escala numérica.
• Anotar e analisar o peso de acordo com os gráficos de percentil presentes na caderneta de saúde da criança.
• Registrar o procedimento.

3.2. Altura ou comprimento


A altura ou o comprimento é um parâmetro essencial para se conhecer a saúde, uma vez que
possibilita a avaliação do estado nutricional nas diversas faixas etárias e o acompanhamento do
crescimento da criança e do adolescente. O crescimento é um processo dinâmico que envolve al-
teração do comprimento ou da altura em função do tempo. Inicia-se no período intra-útero e acaba
com o fechamento da cartilagem no final da adolescência. É um processo não linear que depende
de por fatores ambientais, emocionais, socioeconômicos e étnicos.
A correta determinação da estatura depende de um rigor no posicionamento do paciente. É es-
sencial comparar as medidas obtidas com a tendência prévia de crescimento e repetir qualquer me-
dida que se mostre inconsistente. O quadro 13 sintetiza algumas referências básicas de crescimento
normal para crianças até 5 anos.

114
Quadro 13 - Referências de crescimento

Idade Crescimento médio

Primeiro trimestre 3 cm por mês

Segundo trimestre 2 cm por mês

Terceiro trimestre 1,5 cm por mês

Quarto trimestre 1 cm por mês

12 a 24 meses 0,5 cm por mês

2 a 5 anos 6-7 cm por ano

Fonte: Oliveira (2016)

3.2.1. Técnica de medição da altura/comprimento em crianças


menores de 2 anos

• Apresentar-se cordialmente aos pais ou responsável pela criança.


• Identificar a criança.
• Realizar a higienização das mãos, conforme técnicas antissépticas.
• Forrar a maca ou uma superfície plana, utilizando lençol descartável.
• Deitar a criança descalça e com a cabeça livre de adereços no centro do antropômetro.
• Manter, com ajuda da mãe/ responsável, a cabeça da criança apoiada firmemente contra a parte
fixa do equipamento. O pescoço deve estar reto e o queixo afastado do peito. Os ombros devem
estar totalmente em contato com a superfície de apoio do antropômetro e os braços devem es-
tar estendidos ao longo do corpo. As nádegas e os calcanhares também devem estar em pleno
contato com a superfície que apóia o antropômetro.
• Pressionar cuidadosamente os joelhos da criança para baixo com uma das mãos, de modo que
eles fiquem estendidos. juntar os pés fazendo um ângulo reto com as pernas. levar a parte móvel
do equipamento até as plantas dos pés, com cuidado para que não se mexam.
• Realizar a leitura do comprimento quando estiver seguro de que a criança não se moveu da
posição indicada.
• Retirar a criança da mesa e orientar a mãe a vesti-la.
• Anotar e analisar o comprimento de acordo com os gráficos de percentil presentes na caderneta
de saúde da criança.
• Registrar o procedimento.

115
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

3.2.2. Técnica de medição da altura/comprimento em crianças


maiores de 2 anos, adolescentes e adultos

• Apresentar-se cordialmente ao usuário e/ou acompanhante.


• Realizar a higienização das mãos, conforme técnicas antissépticas.
• Posicionar o usuário de pé, ereto, com os braços estendidos ao longo do corpo, a cabeça ergui-
da, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos. Os ombros, as nádegas e os calcanhares
devem estar em contato com o antropômetro/parede. A parte interna dos joelhos, os calcanhares
e os pés devem estar unidos.
• Abaixar a parte móvel do antropômetro, fixando-a contra a cabeça, com pressão suficiente para
comprimir o cabelo.
• Retirar o usuário da posição, quando tiver certeza que o mesmo não se moveu.
• Realizar a leitura da estatura, sem soltar a parte móvel do equipamento.
• Registrar o procedimento.

3.3. Índice de massa corporal


O cálculo do índice de massa corporal (IMC) é recomendado internacionalmente para a classi-
ficação do estado nutricional de um individuo ou de uma população. Trata-se de um método fácil
e rápido para a avaliação do peso ideal de cada pessoa, sendo um preditor de obesidade adotado
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Valores elevados do índice de massa corporal têm sido
associados a índices elevados de morbimortalidade por doenças crônico-degenerativas, tais como:
cardiopatia isquêmica, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias, diabetes mellitus e a algumas
formas de câncer. Já valores reduzidos podem estar associados à desnutrição, bulimia e anorexia
nervosa. O cálculo do IMC é determinado pela divisão da massa do indivíduo pelo quadrado de sua
altura, em que a massa está em quilogramas e a altura em metros.

IMC= Peso (Kg)


Altura (m) 2

Em crianças e adolescentes, o IMC é analisado por idade, a partir de gráficos específicos presen-
tes na caderneta da criança e na caderneta do adolescente. No início da vida, as crianças começam
naturalmente a vida com mais gordura corporal e vão ficando mais magras conforme envelhecem.
Nos idosos, os valores do IMC e de massa corporal aumentam com a idade enquanto diminuem a
estatura e a quantidade de massa magra.
O IMC pode variar também de acordo com o gênero, etnia, fatores biológicos, culturais e com-
portamentais. Normalmente, as mulheres têm mais gordura corporal do que os homens. Assim, um
IMC considerado normal para uma mulher, pode ser considerado de risco para um homem ou uma
pessoa musculosa pode ter um IMC elevado e não ser sobrepeso ou obesa.
Portanto, embora o índice de massa corporal seja amplamente utilizado na clínica, faz-se neces-
sária uma avaliação mais criteriosa do estado nutricional do paciente por parte dos profissionais da
saúde. A equipe de enfermagem pode ajudar muito na abordagem da pessoa com distúrbio nutricio-
nal, uma vez que as intervenções são principalmente a orientação, o apoio e a motivação do pacien-
te para enfrentar o problema e a construção de um plano de cuidado que considere o contexto de
vida e as necessidades do paciente. O quadro abaixo apresenta a classificação do estado nutricio-
nal em adultos de acordo com o IMC. Para as demais faixas etárias, avaliar gráficos das cadernetas
da criança, adolescente e idoso.

116
Quadro 14 - Relação entre a referência de IMC e a classificação do estado nutricional em adultos

Referência de IMC Situação

Abaixo de 17 Muito baixo peso

Entre 17 e 18,49 Abaixo do peso

Entre 18,5 e 24,99 Peso normal

Entre 25 e 29,99 Sobrepeso

Entre 30 e 34,99 Obesidade I

Entre 35 e 39,99 Obesidade II (severa)

Acima de 40 Obesidade III (mórbida)

Acima de 50 Superobesidade
Fonte: Adaptado de Oliveira, 2016.

3.4. Perímetro cefálico


O perímetro cefálico (PC) é descrito como a circunferência “frontoccipital” que corresponde ao
perímetro máximo da cabeça da criança. Essa medida está altamente correlacionada com o cres-
cimento cerebral e com o desenvolvimento neuromotor. Alterações no PC podem ser associadas a
neuropatologias, doença infecciosas, doenças crônicas e desnutrição. As curvas de referência para
o perímetro cefálico são importantes para o acompanhamento do desenvolvimento da criança, prin-
cipalmente no primeiro ano de vida e devem ser registrados na caderneta da criança.

OBS.: Em 2016, devido ao ZIKA vírus o Ministério da Saúde passa a adotar novos parâmetros
para medir o perímetro cefálico e identificar casos suspeitos de bebês com microcefalia. Para
menino, a medida será igual ou inferior a 31,9 cm e, para menina, igual ou inferior a 31,5 cm.

3.4.1. Técnica de medição do perímetro cefálico


• Apresentar-se cordialmente aos pais ou responsável pela criança.
• Identificar a criança.
• Realizar a higienização das mãos, conforme técnicas antissépticas.
• Forrar a maca ou uma superfície plana, utilizando lençol descartável.
• Deitar a criança em decúbito dorsal, sem adereços na cabeça.
• Solicitar os pais/ responsável que segure a cabeça da criança firmemente sem machucá-la.
• Colocar a fita métrica firmemente ao redor do osso frontal sobre o sulco supra-orbital, passando-
-a ao redor da cabeça, no mesmo nível de cada lado, e colocando-a sobre a proeminência oc-
cipital, máxima. A fita métrica deverá estar suficientemente tensa para comprimir os cabelos de
encontro à cabeça.
• Realizar a leitura do comprimento quando estiver seguro de que a criança não se moveu da
posição indicada.
• Retirar a criança da maca.

117
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

• Analisar o comprimento do PC de acordo com os gráficos de percentil presentes na caderneta de


saúde da criança.
• Registrar o procedimento.

3.5. Perímetro torácico


O perímetro torácico (PT) é um parâmetro que permite avaliar o estado nutricional e o crescimen-
to anormal do tórax, podendo indicar anomalias pulmonares e cardíacas, entre outras. Até 6 meses,
o PC é maior do que o PT. A seguir o PT é ligeiramente maior que o PC. A partir do 2 anos de idade,
há um predomínio nítido do PT. Para realizar a medição a fita métrica deve ser posicional ao redor
do tórax na linha dos mamilos, com o tórax moderadamente cheio (no meio tempo entre inspiração
e expiração). É importante anotar e o PT no prontuário da criança.

3.6. Perímetro abdominal


O perímetro abdominal é o parâmetro mais importante para avaliar o risco cardiovascular, pois
reflete o acúmulo de gordura visceral que é a que tem maior impacto negativo na saúde. Para cada
5 cm de aumento da circunferência abdominal em homens, a mortalidade aumenta cerca de 7%,
nas mulheres esse valor aumenta cerca de 9%. Ao realizar a medição, considerar sempre a maior
circunferência abdominal na altura do umbigo ou acima dele. O quadro 15 apresenta os valores de
referência do perímetro abdominal.

Quadro 15 - Referência de perímetro abdominal

Risco Homem Mulher

Baixo (normal) < 94 cm < 80 cm

Médio 94-102 cm 80-88 cm

Alto > 102 cm > 88 cm

Fonte: Oliveira, 2016.

118
3.6.1. Técnica de medição do perímetro abdominal
• Apresentar-se cordialmente ao usuário e/ou acompanhante.
• Realizar a higienização das mãos, conforme técnicas antissépticas.
• Posicionar o usuário de pé, ereto, com os braços estendidos ao longo do corpo.
• Colocar a fita métrica firmemente ao redor na região mais estreita do abdômen ou no ponto
médio entre a última costela e a crista ilíaca. A medida deve ser realizada sobre a pele e com a
respiração normal.
• Registrar o procedimento.

4. Eletrocardiograma
O eletrocardiograma (ECG) é uma representação visual da atividade elétrica do coração referida
pelas alterações do potencial elétrico na superfície da pele determinado pela variação da quantidade
relativa de íons de sódio presentes dentro e fora das células do músculo cardíaco. Eletrodos sensí-
veis colocados em pontos específicos do corpo registram estas diferenças de potenciais e mostram
a despolarização (contração) e a repolarização (relaxamento) cardíaca.
Esse exame possibilita a identificação de distúrbios do ritmo cardíaco, alterações de condução e de-
sequilíbrios eletrolíticos, bem como auxilia no diagnóstico e monitoração de alguns distúrbios cardíacos.
Na rede SUS-BH o exame ECG é realizado de forma computadorizada via telessaúde, sendo enviado
para a central de telediagnóstico do Hospital das Clínicas/UFMG. O laudo é efetuado por médico espe-
cialista do HC/UFMG e reenviado para o CS para avaliação, monitoração, registro e arquivamento.

4.1. Registro do ECG


O ECG é registrado em papel quadriculado e milimetrado, feito de pequenos e grandes quadros.
Os quadros menores medem 1mm de largura por 1 mm de altura. O eixo horizontal do papel cor-
responde ao tempo. Cada unidade horizontal (quadro 1mm) representa 0,04 segundos e o quadro
maior (10 mm) representa 0,2 segundos. A velocidade do papel é de 25mm/s que é o mesmo que
0,04s = 1mm. O eixo vertical do papel representa a voltagem e a amplitude das formas das ondas
ou deflexões, sendo que 10 milímetros (mm) correspondem a um milivolte (mV).

Figura 14 - Representação do papel de ECG

Fonte: imagem Google7

7
Disponível em: http://enf09savilalop.blogspot.com.br/2013/01/electrocardiograma.html Acesso em 24/11/2016.

119
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

4.1.1. Formas de ondas e complexos


Uma forma de onda do ECG é um movimento para fora da linha de base em direção positiva (as-
cendente) ou negativa (descendente). As formas das ondas são denominadas em ordem alfabética,
começando com P, QRS, T e U, conforme representado na figura abaixo:

Figura 15 - Formas das ondas, seguimentos e intervalos do ECG

Fonte: imagem Google


8

• Onda P: corresponde à despolarização dos átrios. Deve-se identificar a onda P em todos os


ciclos cardíacos, observando a sua morfologia, ou seja, onda arredondada, simétrica e de
pequena amplitude.
• Segmento PR: segmento de linha que conecta a onda P ao complexo QRS. Deve estar ao nível da
linha de base do traçado.
• Intervalo PR: reflete a despolarização dos átrios direito e esquerdo (onda P) e a disseminação do
impulso elétrico através do nó atrioventricular (AV) (segmento PR). É o intervalo de tempo medido do
início da onda P ao início do QRS.
• Complexo QRS: corresponde a despolarização ventricular. É maior que a onda P, anormalidades no
sistema de condução geram complexos QRS alargados.
• Segmento ST e Ponto J: corresponde a fase inicial da repolarização ventricular. O segmento ST une
QRS à onda T. O ponto J é o ponto de junção entre o final do complexo QRS e o início do segmento
ST situado ao nível da linha de base. A elevação do segmento ST no eletrocardiograma é sabida-
mente um grande marcador de isquemia miocárdica.
• Onda T: corresponde a repolarização ventricular. Normalmente é assimétrica, perpendicular e arre-
dondada. A inversão da onda T indica processo isquêmico.
• Onda U: ocasionalmente pode ser identificada logo após a onda T. É uma onda arredondada, de
curta duração, de pequena amplitude e de mesma polaridade da onda T precedente.
• Intervalo QT: corresponde a sístole ventricular. É o intervalo de tempo medido entre o início do QRS
ao final da onda T.

8
Disponível em: http://www.rbconline.org.br/artigo/eletrocardiograma-recomendacoes-para-a-sua-interpretacao/ Acesso em
24/11/2016.
120
4.1.2. Derivações
São locais padronizados para medida da diferença do potencial elétrico entre dois pontos, no
campo elétrico gerado pelo coração, ao longo do ciclo cardíaco. Existem três tipos de derivações, as
derivações unipolares (periféricas), as derivações bipolares (periféricas) e as derivações precordiais
(torácicas).
O ECG compõe-se de seis derivações periféricas e de seis derivações precordiais que pro-
porcionam visões do coração dos planos frontal e horizontal e visualiza as superfícies do ven-
trículo esquerdo a partir de 12 ângulos diferentes. As derivações do plano frontal visualizam
o coração pela parte frontal do corpo (I, II, III, aVL e aVF). As derivações do plano horizontal
visualizam o coração como se o corpo tivesse sido cortado ao meio, permitindo uma visão da
frente e do lado do coração (V1 a V6 ).

AVR AVL

V1 V6
V2
V3 V5
I
V4

III II
AVF

Figura 16 - Posição das seis derivações periféricas e das seis derivações precordiais

4.1.2.1. Derivações periféricas:


Existem seis derivações periféricas, sendo três derivações bipolares denominadas DI, DII e
DIII e três derivações unipolares denominadas aVR, aVL e aVF.

121
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

• As derivações unipolares consistem em um único eletrodo positivo e um ponto de referência. O pon-


do de referência dessas derivações encontra-se no centro do campo elétrico do coração, ou seja,
à esquerda do septo interventricular e abaixo da junção atrioventricular. Normalmente, o potencial
elétrico produzido nessas derivações é pequeno. O aparelho de ECG aumenta a amplitude dos po-
tenciais elétricos detectados em cada extremidade em cerca de 50% em relação aos registrados nas
derivações bipolares.

Tabela 1 - Derivações periféricas unipolares

Derivação Localização do Eletrodo Positivo Superfície do coração visualizada

Derivação aVR Membro superior direito (MSD) Nenhuma

Derivação aVL Membro superior esquerdo (MSE) Lateral

Derivação aVF Membro Inferior esquerdo (MIE) Inferior

Fonte: Adaptado da Emergência em cardiologia - ACLS (2010)

• As derivações bipolares consistem em um eletrodo positivo e negativo. Cada derivação registra a


diferença de potencial elétrico entre os dois eletrodos selecionados.

Tabela 2 - Derivações periféricas bipolares

Superfície do coração
Derivação Localização do Eletrodo Positivo Localização do eletrodo Negativo
visualizada
Derivação I Membro superior esquerdo (MSE) Membro superior direito (MSD) Lateral

Derivação II Membro Inferior esquerdo (MIE) Membro superior direito (MSD) Inferior

Derivação III Perna esquerda Membro superior esquerdo (MSE) Inferior

Fonte: Adaptado da Emergência em cardiologia- ACLS (2010)

4.1.2.2. Derivações precordiais:


Existem seis derivações precordiais (torácicas) que são identificadas como V1, V2, V3, V4, V5 e
V6. Como estas derivações são unipolares, o eletrodo positivo de cada derivação é colocado em um
local específico do tórax. o coração é o eletrodo negativo teórico.

122
Tabela 3 Derivações precordiais

Derivação Localização do Eletrodo Positivo Superfície do coração visualizada

Derivação V1 Porção direita do esterno, 4º espaço intercostal Septo

Derivação V2 Porção esquerda do esterno, 4º espaço intercostal Septo

Derivação V3 Linha média entre V2 e V4 Anterior

Linha hemiclavicular esquerda, 5º espaço


Derivação V4 Anterior
intercostal
Linha axilar anterior esquerda no mesmo nível de
Derivação V5 Lateral
V4

Derivação V6 Linha hemiaxilar esquerda no mesmo nível de V4 Lateral

Fonte: Emergência em cardiologia- ACLS (2010)

4.2. Realização do ECG

4.2.1. Materiais necessários

• Aparelho de ECG – eletrocardiógrafo.


• Cabos com eletrodos conectados a braçadeiras ou clipe para a colocação nos antebraços e pernas.
• Gel condutor.
• Lençol descartável (rolo).
• Eletrodo em forma de peras fixadas à pele por vácuo ou eletrodos adesivos descartáveis para deri-
vações precordiais.
• Papel toalha.
• Algodão ou gazes.
• Álcool a 70 %.

4.2.2. Técnicas para realização do ECG

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Pedir para o paciente retirar objetos metálicos, como jóias e relógio.
• Posicionar paciente deitado e relaxado em decúbito dorsal com o tórax, antebraços e torno-
zelos expostos.
• Colocar os eletrodos nos braços e pernas usando o gel condutor para melhorar a transmissão elétri-
ca. Em caso de amputação ou impedimento do membro, fixar o eletrodo na extremidade dos mem-
bros (usar eletrodo adesivo se for preciso).
• Observar as marcações dos fios pelas iniciais ou pelas cores padronizadas (MSD→amarela.
MID→verde. MSE→vermelho e MIE→preto).
• Digitar os dados necessários como nome do paciente, prontuário e idade outros dados de identifica-
ção na Central Telessaúde.
• Ligar o aparelho e registrar o padrão (botão específico) que registra uma onda quadrada que deve
ter 10 quadrículos (pode ser alterada pela metade, se preciso).

123
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

• Pedir o paciente para ficar relaxado e o mais imóvel possível.


• Colocar as derivações precordiais, sequencialmente usando múltiplas peras-eletrodos. Nas mulhe-
res, ajustar o eletrodo embaixo da mama, deslocando-a para cima ou para o lado.
• O registro pode ser visto numa tela antes de ser impresso ou enviado para a central de telediagnós-
tico para realização do laudo.
• Após o registro adequado do ECG, remover os eletrodos (braçadeiras e clipe) e limpar o gel nos
braços, pernas e tórax com papel toalha.
• Ajudar o paciente a descer da maca com segurança, calçar sapatos e vestir a camisa/blusa
(se for o caso).
• Limpar os eletrodos e braçadeiras com papel toalha, lavar com água e sabão e friccionar com álcool
a 70% as partes que entram em contato com a pele do paciente.
• Deixar o ambiente limpo e organizado.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Anotar os dados no módulo “Procedimento de Enfermagem” no SISREDEWEB.

5. Sondagens
A sondagem é um procedimento invasivo caracterizado pela introdução de uma sonda ou
de um cateter através de um orifício corporal com a finalidade de extrair líquidos retidos, reali-
zar exames laboratoriais, efetuar investigações diagnósticas ou administrar alguma substância
(medicamentos e dietas). Além disso, permite auxiliar as funções fisiológicas que se encontram
prejudicadas temporariamente ou definitivamente, contribuindo para responder as necessida-
des básicas do usuário e possibilitando conforto e qualidade de vida.
As particularidades de cada tipo de sondagem e cateterismo, assim como os seus procedi-
mentos serão descritas nos itens abaixo.

5.1. Sondagem vesical

O cateterismo da bexiga envolve a introdução de um cateter de látex ou de plástico na uretra


e bexiga para fornecer um fluxo contínuo de urina. É indicado em casos de obstruções, retenção
urinária grave com episódios recorrentes de infecção do trato urinário (ITU), medição do débito
urinário em pacientes criticamente enfermos, irritação e/ou ferida da pele devido ao contato com
a urina, alívio do desconforto, situações pós-cirúrgicas etc.
A resolução número 450, publicada em dezembro de 2013 normatiza o procedimento de
sondagem vesical no âmbito do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e dos Conselhos
Regionais de Enfermagem (COREN). Segundo o parecer normativo, aprovado por esta resolu-
ção, a inserção de cateter vesical é função privativa do enfermeiro, em função dos seus conheci-
mentos científicos e do caráter invasivo do procedimento, que envolve riscos ao paciente, como
infecções do trato urinário e trauma uretral ou vesical.
Esse parecer ressalta que ao técnico de enfermagem compete a realização das atividades
prescritas pelo enfermeiro no planejamento da assistência, a exemplo de monitoração e registro
das queixas do paciente e condições do sistema de drenagem, do débito urinário, assim como,
manutenção de técnica limpa durante o manuseio do sistema de drenagem e coleta de urina
para exames, sempre sob supervisão e orientação do enfermeiro.
No cateterismo de alívio introduz-se a sonda para drenar a bexiga por tempo suficiente (5 a
10 minutos), quando a bexiga está vazia, o enfermeiro retira imediatamente a sonda. Este tipo
de cateterismo também pode ser realizado pelo próprio paciente ou cuidador. No cateterismo de

124
demora ou de Foley a sonda permanece no local por um longo período, até que o paciente seja
capaz de urinar voluntariamente ou não sejam mais necessárias medições precisas de urina
continuamente. Ambos os tipos de cateterismos exigem prescrição médica.

5.1.1.1. Materiais necessários

O tamanho do cateter deve ser determinado pelo tamanho do canal uretral do paciente. Para
evitar traumas prefere-se o cateter eficaz de menor calibre. As numerações de sondas urinárias
recomendadas para crianças e adolescentes são 06, 08, 10, 12 e para adultos 10, 12, 14. Nas
sondas que possuem balonete, o volume a ser infundido varia de acordo com as orientações do
fabricante. É importante a utilização apenas de água bidestilada para insuflar o balão, porque a
solução salina cristaliza, resultando em deflação incompleta do balão no momento da remoção.

Quadro 16 - Materiais necessários ao cateterismo vesical

• Equipamentos de proteção individual (gorro, máscara e óculos de proteção).


• Luvas estéreis (1 par).
• Luva de procedimento (2 par).
• Álcool à 70%.
• Sabão líquido.
• Gel anestésico a 2%.
Materiais gerais • 1 frasco de 250 mL de soro fisiológico a 0,9%.
para sondagem • Gazes estéreis (2 pacotes).
vesical de demora • Gazes abertas estéreis (2 unidades).
e de alívio • Pacote de curativo.
• Bandeja.
• Cuba.
• Lençol descartável.
• Esparadrapo comum ou microporoso.
• Saco plástico branco leitoso para coleta de resíduos infectantes.

• Sonda uretral estéril (tipo Foley- compatível com o meato uretral do usuário).
• Coletor de urina com sistema fechado e válvula anti-refluxo.
Materiais • Ampolas de 10 mL de água bidestilada (3 unidades).
específicos para • Agulha 40x12.
sondagem de • Seringas de 20 mL (2 unidades).
demora Obs.: Os materiais para cateterismo de demora não devem ser fornecidos aos usuários.
Devem ser levados pelo enfermeiro no momento da realização do procedimento.

Materiais
específicos para • Sonda uretral estéril descartável (compatível com o meato uretral do usuário).
sondagem de alívio

Fonte: Adaptado de Oliveira (2016)

125
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

5.1.2. Sondagem vesical de demora

Apesar da importância de usar a sonda vesical de demora pelo menor tempo possível, em al-
gumas situações ela precisa permanecer por vários dias ou até meses. Nesse caso, é importan-
te que o profissional pergunte ao paciente se houve alguma anormalidade como dor, desconfor-
to, vazamentos, parada de drenagem, secreção, urina turva, hematúria ou sedimentação. Evitar
manipulação desnecessária para não aumentar o risco de infecção e outras complicações.
Os cateteres de silicone ou teflon são mais adequados para cateterismos de longa duração
em circuito fechado. Podem durar três meses ou mais quando usados com os cuidados neces-
sários. Sondas de látex e poliuretano geralmente são trocadas por volta de 30 dias, mas não
existe recomendação formal para trocas programadas. Trocas planejadas quando não houver
evidências de problemas com a sonda atual, não reduzem os riscos de complicações. Nos
casos de maior risco de complicações faz-se necessária a inspeção mais frequente da sonda,
fixação, sistema de drenagem, reservatório e o aspecto da urina para definição e/ou orientação
de um cuidado adicional.

5.1.2.1. Técnica de sondagem vesical de demora no sexo feminino

• Selecionar um local com ótima luminosidade e que preserve a privacidade do paciente.


• Preparar todo o material.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Colocar os materiais de proteção: gorro, máscara e óculos de proteção.
• Calçar luvas de procedimento.
• Posicionar adequadamente em decúbito dorsal com membros inferiores fletidos com distância de 60
cm de distância. Descobrir apenas a região genital.
• Colocar o saco branco leitoso sobre o colchão e posicionar a comadre, fralda ou material absor-
vente sob o paciente.
• Realizar higienização da genitália com sabão líquido neutro ou PVPI degermante e SF a 0,9%, com
movimentos unidirecionais e desprezando a gaze após cada movimento.
• Proceder a limpeza utilizando a mão não dominante para afastar os grandes lábios e com a mão
dominante realizar a limpeza dos pequenos lábios de cima para baixo e à direita e depois à esquerda.
Visualizar o meato uretral e proceder à limpeza do mesmo, de cima para baixo.
• Remover as luvas de procedimentos, realizar antissepsia das mãos com álcool 70% e calçar
as luvas estéreis.
• Afastar os pequenos e grandes lábios e aplicar gaze estéril umedecida com PVPI tópico no meato uretral.
• Aplicar a gel anestésico a 2% na quantidade necessária sobre a gaze estéril e lubrificar a extremida-
de distal do cateter.
• Introduzir o cateter pré-conectado a um coletor de sistema de drenagem fechado, por 5 a 7 cm no
meato uretral observando o retorno urinário.

OBS.: Caso seja observado um possível falso trajeto da sonda retirar cateter introduzido em
canal vaginal sendo necessário utilizar um novo cateter vesical.

126
• Insuflar balonete de acordo com volume de água recomendado pelo fabricante.
• Tracionar o cateter lentamente, para fora, até sentir resistência.
• Fixar o cateter na face interna da coxa com esparadrapo comum ou microporoso, deixando o sistema
por cima da perna.
• Atentar para que a sonda e a bolsa não fiquem hiperextendidas ou dobradas.
• Retirar e desprezar em lixeira para resíduo infectante os materiais descartáveis utilizados, deixando
o local em ordem.
• Retiras as luvas estéreis.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento e os cuidados de enfermagem no prontuário eletrônico ou em caso de
contingência no prontuário físico. Informar o tipo de sonda utilizada, calibre, horário, data da realiza-
ção do procedimento, intercorrências, orientações realizadas ao pacientes e aos familiares e outras
condutas realizadas pelo profissional.
• Assinar e carimbar o registro.

5.1.2.2. Técnica de sondagem vesical de demora no sexo


masculino

• Selecionar um local com ótima luminosidade e que preserve a privacidade do paciente.


• Preparar todo o material.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Colocar os materiais de proteção: gorro, máscara e óculos de proteção.
• Calçar luvas de procedimento.
• Posicionar adequadamente em decúbito dorsal. Descobrir apenas a região genital.
• Colocar o saco branco leitoso sobre o colchão e posicionar a comadre, fralda ou material absor-
vente sob o paciente.
• Realizar higienização da genitália com sabão líquido neutro ou PVPI degermante e SF a 0,9%, com
movimentos no sentido longitudinal, de cima para baixo, sempre utilizando uma gaze para cada
movimento. Tracionar o prepúcio para baixo e higienizar a glande a partir do meato uretral com mo-
vimentos circulares.
• Remover as luvas de procedimentos, realizar antissepsia das mãos com álcool 70% e calçar as
luvas estéreis.
• Aplicar a gel anestésico a 2% na quantidade necessária sobre a gaze estéril e lubrificar a extremida-
de distal do cateter.
• Tracionar o pênis perpendicularmente (ângulo de 90°) ao corpo para retificação da uretra.
• Introduzir a sonda na uretra já pré-conectada ao coletor de drenagem com sistema fechado até a
bifurcação do cateter. Observar retorno urinário.
• Insuflar balonete de acordo com volume de água recomendado pelo fabricante.
• Tracionar o cateter lentamente até sentir resistência.
• Recobrir a glande com o prepúcio em caso de paciente não circuncidado.
• Fixar o cateter na região supra-púbica (hipogástrica).
• Atentar para que a sonda e a bolsa não fiquem hiperextendidas ou dobradas.
• Retirar e desprezar em lixeira para resíduo infectante os materiais descartáveis utilizados, deixando
o local em ordem.
• Retiras as luvas estéreis.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento e os cuidados de enfermagem no prontuário eletrônico ou em caso de
contingência no prontuário físico. Informar o tipo de sonda utilizada, calibre, horário, data da realiza-

127
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

ção do procedimento, intercorrências, orientações realizadas ao pacientes e aos familiares e outras


condutas realizadas pelo profissional.
• Assinar e carimbar o registro.

A manutenção de um sistema de drenagem urinária fechado é importante no controle de infec-


ções. Portanto, o enfermeiro deve usar técnica antisséptica rigorosa para a sua inserção. Uma que-
bra no sistema leva à introdução de microrganismos. Os locais em risco são o local de inserção do
cateter, a bolsa coletora, a saída, a junção do cateter e a junção do cateter a com a bolsa. Algumas
medidas são necessárias para a prevenção de infecções e devem ser levadas em consideração no
momento do procedimento e nas orientações de cuidado ao paciente e seus cuidadores:

• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.


• Não deixar que a saída do sistema de drenagem toque uma superfície contaminada.
• Se o tubo de drenagem se desconectar, não tocar as extremidades do cateter ou do tubo. Secar a
extremidade do tubo e do cateter com uma solução antisséptica antes de voltar a conectar.
• Evitar o acúmulo de urina no tubo e o refluxo de urina para a bexiga.
• Evitar elevar a bolsa coletora acima da altura da bexiga ou conforme orientação do fabricante.
• Camplar a bolsa e/ou drenar toda a urina do tubo para a bolsa coletora antes da realização de exer-
cícios ou deambulação.
• Orientar o paciente a esvaziar a bolsa coletora pelo menos a cada 8 horas. Se observar a produção
de grande quantidade, esvaziar com mais frequência.
• Incentivar a ingestão de líquidos (se não for contra-indicada).

5.1.3. Sondagem vesical de alívio pelo enfermeiro

No paciente com disfunção miccional crônica o cateterismo intermitente melhora a qualidade de


vida, a mobilidade, a função sexual, o controle do esvaziamento vesical e reduz o risco de infecção
e lesão renal progressiva. O desconforto pós-sondagem é menor com o uso do gel anestésico.

5.1.3.1. Técnica de sondagem vesical de alívio no paciente


do sexo feminino

• Selecionar um local com ótima luminosidade e que preserve a privacidade do paciente.


• Preparar todo o material.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Colocar os materiais de proteção: gorro, máscara e óculos de proteção.
• Calçar luvas de procedimento.
• Posicionar adequadamente em decúbito dorsal com membros inferiores fletidos com distância de 60
cm de distância. Descobrir apenas a região genital.
• Colocar o saco branco leitoso sobre o colchão e posicionar a comadre, fralda ou material absor-
vente sob o paciente.
• Realizar higienização da genitália com sabão líquido neutro ou PVPI degermante e SF a 0,9%, com
movimentos unidirecionais e desprezando a gaze após cada movimento.
• Proceder a limpeza utilizando a mão não dominante para afastar os grandes lábios e com a mão
dominante realizar a limpeza dos pequenos lábios de cima para baixo e à direita e depois à esquerda.
Visualizar o meato uretral e proceder à limpeza do mesmo, de cima para baixo.

128
• Remover as luvas de procedimentos, realizar antissepsia das mãos com álcool 70% e calçar as luvas estéreis.
• Afastar os pequenos e grandes lábios e aplicar gaze estéril umedecida com PVPI tópico no meato uretral.
• Aplicar a gel anestésico a 2% na quantidade necessária sobre a gaze estéril e lubrificar a extremida-
de distal do cateter.
• Afastar com a mão não dominante os grandes e pequenos lábios e com a mão dominante inserir a
sonda de 5 a 7 cm no meato uretral e observar o retorno urinário.
• Colocar a outra ponta da sonda em um recipiente para drenar toda a urina, desprezando-a em local adequado.
• Retirar a sonda suavemente após esvaziamento da bexiga.
• Secar a área, garantindo o conforto do paciente.
• Retirar e desprezar em lixeira para resíduo infectante os materiais descartáveis utilizados, deixando
o local em ordem.
• Retirar as luvas estéreis.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento e os cuidados de enfermagem no prontuário eletrônico ou em caso de
contingência no prontuário físico. Informar o tipo de sonda utilizada, calibre, horário, data da realiza-
ção do procedimento, intercorrências, orientações realizadas ao pacientes e aos familiares e outras
condutas realizadas pelo profissional.
• Assinar e carimbar o registro.

5.1.3.2. Técnica de sondagem vesical de alívio no paciente


do sexo masculino

• Selecionar um local com ótima luminosidade e que preserve a privacidade do paciente.


• Preparar todo o material.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Colocar os materiais de proteção: gorro, máscara e óculos de proteção.
• Calçar luvas de procedimento.
• Posicionar adequadamente em decúbito dorsal. Descobrir apenas a região genital.
• Colocar o saco branco leitoso sobre o colchão e posicionar a comadre, fralda ou material absor-
vente sob o paciente.
• Realizar higienização da genitália com sabão líquido neutro ou PVPI degermante e SF a 0,9%, com
movimentos no sentido longitudinal, de cima para baixo, sempre utilizando uma gaze para cada
movimento. Tracionar o prepúcio para baixo e higienizar a glande a partir do meato uretral com mo-
vimentos circulares.
• Remover as luvas de procedimentos, realizar antissepsia das mãos com álcool 70% e calçar as luvas estéreis.
• Aplicar a gel anestésico a 2% na quantidade necessária sobre a gaze estéril e lubrificar a extremida-
de distal do cateter com o gel.
• Tracionar o pênis perpendicularmente (ângulo de 90°) ao corpo para retificação da uretra.
• Introduzir a sonda na uretra ate que a urina flua.
• Colocar a outra ponta da sonda em um recipiente para drenar toda a urina, desprezando-a em local adequado.
• Retirar a sonda suavemente após esvaziamento da bexiga.
• Secar a área, garantindo o conforto do paciente.
• Retirar e desprezar em lixeira para resíduo infectante os materiais descartáveis utilizados, deixando
o local em ordem.
• Retiras as luvas estéreis.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento e os cuidados de enfermagem no prontuário eletrônico ou em caso de
contingência no prontuário físico. Informar o tipo de sonda utilizada, calibre, horário, data da realiza-

129
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

ção do procedimento, intercorrências, orientações realizadas ao pacientes e aos familiares e outras


condutas realizadas pelo profissional.
• Assinar e carimbar o registro.

5.1.4. Sondagem vesical intermitente ou autocateterismo

É a introdução de um cateter por meio do meato urinário até a bexiga. A técnica limpa de sonda-
gem vesical intermitente pode ser realizada pelo próprio paciente, se este apresentar condições,
bem como pelo familiar ou pelo cuidador capacitados. A reutilização do cateter é permitida, desde
que se realizem cuidados de higiene e armazenamento. A frequência das sondagens depende do
volume urinário do paciente, recomenda-se que para volume de 400 a 500 mL, sejam realizadas
de 5 a 6 cateterismo por dia.
Evidências científicas demonstraram que o autocateterismo intermitente limpo esteve associa-
do a menores taxas de infecção do trato urinário (ITU) e complicações das vias urinárias baixas,
quando comparado ao cateterismo de demora estéril. Além disso, a técnica limpa pode ser empre-
gada como alternativa à técnica estéril no autocateterismo intermitente no domicílio, uma vez que,
o uso único de cateter estéril no autocateterismo intermitente não reduz a incidência de bacteriúria
e ITU, quando comparado ao uso de cateter limpo por várias cateterizações. Os insumos neces-
sário para a realização do autocateterismo estão descritos no apêndice 5.1.

5.1.4.1. Técnica para a sondagem vesical intermitente ou


autocateterismo

• Lavar as mãos com água e sabão e secar em toalha limpa.


• Realizar a higiene íntima com água e sabão:
• Mulheres: afastar os lábios da vagina e limpar internamente sempre de cima para baixo,
enxaguando abundantemente.
• Homens: retrair o prepúcio (cabeça do pênis), lavar várias vezes com água e sabão
e enxaguar abundantemente.
• Lavar novamente as mãos com água e sabão e enxugar.
• Procurar uma posição que seja mais confortável:
• Mulheres: recostadas no leito, com pernas dobradas em direção ao peito ou em pé
apoiando uma das pernas no vaso sanitário (por exemplo), posicionando o espelho
para visualização da uretra se for preciso.
• Homens: deitados, recostados no leito em pé ou sentados.
• Lubrificar a extremidade distal do cateter com gel anestésico a 2%.
• Introduzir a sonda:
• Mulheres: com a mão não dominante, afaste os grandes e pequenos lábios e com a mão do-
minante insira a sonda de 5 a 7 cm do meato uretral, observando o retorno urinário.
• Homens: tracionar o pênis perpendicularmente (ângulo de 90°) ao corpo para retificação da
uretra e insira a sonda, observando o retorno urinário.
• Coloque a outra ponta da sonda em um recipiente, para drenar toda a urina.
• Retirar a sonda suavemente após esvaziamento da bexiga.
• Desprezar a urina observando a cor, o cheiro e a quantidade.
• Realizar higienização das mãos.

A reutilização do cateter não deve ultrapassar sete dias de uso, sendo lavada, seca e armazenada
adequadamente após cada utilização. Para tanto o usuário/cuidador/familiar deve ser orientado a:

130
• Lavar a sonda com água e sabão neutro.
• Colocar sabão em uma gaze e deslizá-la sobre a sonda, uma única vez. Enxaguá-la abundantemen-
te por fora com água corrente tratada retirando todo o sabão.
• Lavar a sonda por dentro com o auxílio da seringa utilizando água tratada e após, introduzir jatos de ar
com a seringa de 10 mL de modo a retirar o máximo da água que estiver retida no interior da sonda.
• Guardar a sonda e a seringa em um vidro bem limpo e tampar.
• Manter o pacote com gaze tampado em local limpo e seco.
• Lavar as mãos com água e sabão após realizar o procedimento.

5.2. Aplicação de coletor urinário

O coletor urinário é adequado para homens incontinentes que possuem esvaziamento da be-
xiga completo e espontâneo. O preservativo é um envoltório macio e flexível que desliza sobre
o pênis. A extremidade do preservativo é conectada ao tubo plástico de drenagem ligado a uma
bolsa coletora que é acoplada à lateral do leito ou presa à perna do paciente. O coletor urinário
apresenta pouco risco de ITU. Eventualmente, as infecções urinárias resultam de um acúmulo de
secreção ao redor da uretra ou de trauma ao meato uretral. É recomenda a troca diária do coletor
urinário e a troca semanal da bolsa coletora.
Na SMSA/PBH é indicado para pacientes do sexo masculino com perda involuntária de urina
nas seguintes condições: idosos com incontinência urinária, acamados no domicílio ou ILPI, pa-
cientes com lesão por pressão em região sacral, Pós prostatectomia, trauma raquimedular (pa-
raplégicos e tetraplégicos), sequelados de acidente vascular encefálico, esclerose múltipla com
incontinência urinária. O tipo de coletor urinário disponibilizado pode variar conforme a empresa
vencedora do processo de compra.

5.2.1.1. Materiais necessários


• Bolsa coletora (1 unidade).
• Coletor urinário (1 unidade de cada tamanho – pequeno, médio e grande).
• Luvas de procedimentos (1 par).
• Soro fisiológico 0,9% (1 frasco com 250 mL).
• Sabão líquido.
• Pacote de gaze estéril (5 unidades ).
• Esparadrapo comum ou microporoso.
• Tesoura.
• Fita métrica.

5.2.1.2. Técnica de aplicação do coletor urinário


• Selecionar um local com ótima luminosidade e que preserve a privacidade do paciente.
• Preparar todo o material.
• Calçar luvas de procedimento.
• Observar e registrar as características da urina, caso o paciente já esteja em uso do coletor urinário
e retirá-lo, observando a ocorrência de possível lesão no local de fixação.
• Posicionar adequadamente o paciente de forma confortável, colocando- o em decúbito dorsal e ex-

131
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

pondo apenas a sua genitália.


• Colocar o saco branco leitoso sobre o colchão e posicionar a comadre, fralda ou material absorvente
sob o paciente.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Medir a circunferência peniana com o pênis relaxado para a escolha adequada do tamanho (peque-
no – 8 cm, médio -9,5 cm e grande- 11 cm) do coletor urinário.
• Aparar os pelos pubianos.
• Realizar higienização da genitália com sabão líquido neutro e SF a 0,9%, com movimentos no senti-
do longitudinal, de cima para baixo. Tracionar o prepúcio para baixo e higienizar a glande a partir do
meato uretral com movimentos circulares.
• Secar toda a extensão e base do pênis para a adequada aderência do coletor urinário.
• Segurar o pênis perpendicularmente ao corpo do paciente, com a mão não dominante. Com a mão
dominante posicionar o coletor no pênis e desenrolá-lo suavemente, observando a técnica de manu-
seio, que dependerá da orientação do fabricante. O coletor urinário auto adesivo, após ser desenro-
lado, deve ser pressionado suavemente sobre a base do pênis para a devida fixação.
• Adaptar a extensão do sistema da bolsa coletora no dispositivo urinário.
• Fixar o tubo coletor na face interna da coxa para evitar tração na uretra.
• Manter o coletor de urina abaixo do nível da bexiga.
• Retirar e desprezar em lixeira para resíduo infectante os materiais descartáveis utilizados, deixando
o local em ordem.
• Retiras as luvas de procedimento.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento e os cuidados de enfermagem no prontuário eletrônico ou em caso de con-
tingência no prontuário físico. Informar o tipo de coletor urinário utilizado, tamanho, horário, data da
realização do procedimento, intercorrências, orientações realizadas ao paciente, familiar ou cuidador
e outras condutas realizadas pelo profissional.
• Assinar e carimbar o registro.

5.2.1.3. Orientações ao paciente, familares e cuidadores


O paciente, seus familiares e cuidadores devem ser orientados quanto aos cuidados:

• limpeza do pênis, observando a ocorrência de irritação ou lesão na pele;


• troca diária do coletor, preferencialmente após o banho;
• troca semanal da bolsa coletora, ficando atento para vazamento no circuito;
• sinais e sintomas sugestivos de infecção urinária e comunicação imediata à unidade de saúde caso
perceba alguma alteração;
• no caso de anormalidade ou desconforto procurar a unidade de saúde.

5.3. Sondagem nasogástrica

Também chamada de sondagem ou cateterismo gástrico, é a inserção de uma sonda ou cate-


ter flexível até o estômago através da boca ou do nariz, para esvaziamento, lavagem e descom-
pressão ou para administração de alimentos, soluções e medicamentos. As sondas gástricas são
geralmente mais curtas e calibrosas e de material mais rígido.
A sondagem nasogástrica deve ser realizada pelo enfermeiro por ser considerada uma ação de
maior complexidade técnica e exigir conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar
decisões imediatas, estando de acordo com a resolução COFEN n° 453 de 16 de janeiro de 2014,
a lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986 e o Decreto n° 94.406 de 08 de junho de 1987.

132
5.3.1. Sondagem nasogástrica
• Bandeja.
• Cuba.
• Estetoscópio.
• Sonda nasogástrica.
• Luvas de procedimento (2 pares).
• Gaze (1 pacote).
• Esparadrapo comum ou microporoso.
• Seringa de 20 mL (2 unidades).
• Gel anestésico a 2%.
• Papel toalha.
• Abaixador de língua (2 unidades).

5.3.2. Técnica para introdução da sonda:


• Selecionar um local com ótima luminosidade e que preserve a privacidade do paciente.
• Preparar todo o material.
• Explicar o procedimento ao paciente e seu acompanhante.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Colocar os materiais de proteção: gorro, máscara e óculos de proteção.
• Posicionar adequadamente o paciente para o procedimento, sentado ou com a cabeceira elevada a
45° (posição de Fowler).
• Cobrir o tórax do paciente com papel toalha, e usar a cuba para aparar vômitos.
• Calçar luvas de procedimento.
• Remover próteses dentárias caso exista.
• Inspecionar a permeabilidade das narinas.
• Retirar a sonda e a seringa da embalagem e verificar sua integridade, defeitos, arestas, permeabilidade.
• Medir com a sonda a distância da abertura da narina ao lobo da orelha e desse até o apêndice xifóide.
• Fazer a marcação na sonda com esparadrapo comum.
• Lubrificar a parte inicial da sonda preferencialmente com gel anestésico 2%.
• Enrolar a sonda de 20 a 30 cm na mão antes de iniciar a introdução, induzindo uma curvatura da
parte distal.
• Introduzir delicadamente a sonda na narina no sentido horizontal, paralelo ao palato (e não para
cima) acompanhando o septo nasal, orientando o paciente a ficar com a boca fechada. Após intro-
duzir pouco mais de 10 cm, pedir ao paciente que engula fortemente ou beba água (se não tiver
disfagia). Com a mão não dominante sob a nuca do paciente, ajudá-lo a manter a cabeça na posição
fletida até a sonda passar na faringe. Quando a sonda atingir o esôfago, a progressão é facilitada
se o paciente respirar fundo e continuar os movimentos de deglutição. Se possível, coordenar a pro-
gressão da sonda com esses movimentos de deglutição até que a marcação feita na sonda atinja a
borda do nariz.

ATENÇÃO:
• Se o paciente tossir, apresentar cianose ou agitação, suspender a manobra e retirar
a sonda até a faringe. Aguardar a melhora do paciente e reiniciar o procedimento.
• Caso ocorra resistência à progressão da sonda, não forçar, a rotação suave pode
ajudar. Se isto não for bem sucedido, abrir a boca do paciente usando abaixador de

133
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

língua e verificar se a sonda não está enrolada na nasofaringe, se positivo, retirar


e iniciar novamente.
• Se houver sangramento no trajeto da sonda encaminhar o paciente para o serviço
que indicou o procedimento ou para a Unidade de Pronto Atendimento de referência.

• Remover oleosidade da pele com gaze umedecida com álcool a 70% e fixar a sonda no nariz e de-
pois na testa ou bochecha com tira de esparadrapo comum ou microporoso, impedindo que a sonda
passe na frente dos olhos ou da boca. Evitar o traumatismo da mucosa nasal tracionando a asa do
nariz por meio da fixação inadequada. A sonda não deve fica dobrada nem puxar a narina. Em caso
de vermelhidão ou machucado na pele, fixar a sonda em outro local.

Figura 17 - Fixação de sonda enteral

• Confirmar a localização da sonda, aspirando o conteúdo gástrico com seringa de 20mL e observar
seu aspecto. Se aspiração for negativa, posicionar o paciente em decúbito lateral para deslocar o
conteúdo gástrico para a grande curvatura do estômago e repetir o teste.
• Injetar ar com seringa de 20mL, enquanto ausculta a região epigástrica, verificando a se há presença
de ruídos hidroaéreos. Porém, esse teste tem baixa confiabilidade (pode ser positivo com a sonda
na traqueia).
• Retirar e desprezar em lixeira para resíduo infectante os materiais descartáveis utilizados, deixando
o local em ordem.
• Retiras as luvas de procedimento.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento e os cuidados de enfermagem no prontuário eletrônico ou em caso de
contingência no prontuário físico. Informar o tipo de sonda e o procedimento realizado incluindo,
tamanho, horário, data da realização do procedimento, intercorrências, orientações realizadas ao
paciente, familiar ou cuidador e outras condutas realizadas pelo profissional.
• Assinar e carimbar o registro.

134
5.3.3. Orientações sobre cuidados no domicílio
• Verificar periodicamente se a sonda está no local correto a partir da marcação realizada na sonda
(próxima ao nariz). Estando no local incorreto o paciente, familiares ou cuidadores deverão acionar o
Centro de Saúde ou o serviço de referência que realizou o procedimento.
• Lavar as mãos sempre que for manipular a sonda.
• Manter a sonda com fixação limpa e bem aderida:
• retirar a fixação antiga;
• limpar o nariz com água de sabão, secar bem, mas sem friciconar;
• fixar a sonda no nariz, testa ou bochecha, impedindo que a sonda passe na frente dos olhos ou da boca.
A sonda não deve fica dobrada nem puxar a narina. Em caso de vermelhidão ou machucado na pele,
fixar a sonda em outro local.
• Administração de alimentos e medicamentos pode ser realizada por meio de seringa ou frasco com
equipo. Em ambos os casos antes e após a administração deve-se injetar com seringa 40 mL de
água filtrada ou fervida em temperatura ambiente para limpeza da sonda evitando obstrução.

ATENÇÃO: ocorrendo obstrução da sonda, injetar 20 mL de água filtrada ou fervida mor-


na lentamente para não ocorrer rompimento da sonda e intercalar com aspiração vi-
gorosa. Verificar a temperatura da água no antebraço ou no dorso da mão antes de
injetá-la na sonda.

• O paciente deve ficar sentado ou na posição de Fowler pelo menos 45 minutos antes e 1 hora após
a administração da dieta. Esse procedimento previne refluxo e oferece mais conforto para o paciente.
• As seringas, equipos e frascos podem ser reutilizados, devendo ser lavados com água e sabão, en-
xaguados e por fim passar água quente, secar e guardar em recipiente fechado.
• Atentar para obstruções, rachaduras, furo na sonda. Tendo alguma intercorrência o paciente, familiares ou
cuidadores deverão acionar o Centro de Saúde ou o serviço de referência que realizou o procedimento.

5.4. Sondagem nasoentérica

Também chamada de sondagem transpilórica ou jejunal, é a progressão da sonda até o duo-


deno, passando pelo esôfago, estômago e piloro. Sondas nasoentéricas são longas, finas, male-
áveis, radiopacas, com fio-guia flexível e ponta distal com peso para facilitar sua progressão. As
trocas de rotina deverão ser realizadas em até 6 meses ou conforme indicação do fabricante.
A sondagem nasoentérica deve ser realizada pelo enfermeiro por ser considerada uma ação de
maior complexidade técnica e exigir conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar
decisões imediatas, estando de acordo com a resolução COFEN n° 453 de 16 de janeiro de 2014,
a lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986 e o Decreto n° 94.406 de 08 de junho de 1987.

135
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

5.4.1. Materiais necessários:


• Bandeja.
• Cuba.
• Estetoscópio.
• Sonda nasoentérica.
• Luvas de procedimento (2 pares).
• Gaze (1 pacote).
• Esparadrapo comum ou microporoso.
• Seringa de 20mL (2 unidades).
• Gel anestésico a 2%.
• Papel toalha.
• Abaixador de língua (2 unidades).

5.4.2. Técnica para introdução da sonda:


• Selecionar um local com ótima luminosidade e que preserve a privacidade do paciente.
• Preparar todo o material.
• Explicar o procedimento ao paciente e seu acompanhante.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Colocar os materiais de proteção: gorro, máscara e óculos de proteção.
• Posicionar adequadamente o paciente para o procedimento, sentado ou com a cabeceira elevada a
45° (posição de Fowler).
• Cobrir o peito do paciente com papel toalha, e usar a cuba para aparar vômitos.
• Calçar luvas de procedimento.
• Remover próteses dentárias caso exista.
• Inspecionar a permeabilidade das narinas.
• Retirar a sonda e a seringa da embalagem e verificar sua integridade, defeitos, arestas, permeabili-
dade, mobilidade do fio guia.
• Medir com a sonda a distância da abertura da narina ao lobo da orelha e desse até o apêndice xifói-
de, acrescentando 10 cm a essa medida.
• Fazer a marcação na sonda com esparadrapo comum.
• Lubrificar a parte inicial da sonda preferencialmente com gel anestésico 2%.
• Enrolar a sonda de 20 a 30 cm na mão antes de iniciar a introdução, induzindo uma curvatura
da parte distal.
• Introduzir delicadamente a sonda na narina no sentido horizontal, paralelo ao palato (e não para
cima) acompanhando o septo nasal, orientando o paciente a ficar com a boca fechada. Após intro-
duzir pouco mais de 10 cm, pedir ao paciente que engula fortemente ou beba água (se não tiver
disfagia). Com a mão não dominante sob a nuca do paciente, ajudá-lo a manter a cabeça na posição
fletida até a sonda passar na faringe. Quando a sonda atingir o esôfago, a progressão é facilitada
se o paciente respirar fundo e continuar os movimentos de deglutição. Se possível, coordenar a pro-
gressão da sonda com esses movimentos de deglutição até que a marcação feita na sonda atinja a
borda do nariz.

136
• Se o paciente tossir, apresentar cianose ou agitação, suspender a manobra e retirar
a sonda até a faringe. Aguardar a melhora do paciente e reiniciar o procedimento.
• Caso ocorra resistência à progressão da sonda, não forçar, a rotação suave pode
ajudar. Se isto não for bem sucedido, abrir a boca do paciente usando abaixador de
língua e verificar se a sonda não está enrolada na nasofaringe, se positivo, retirar
e iniciar novamente.
• Se houver sangramento no trajeto da sonda encaminhar o paciente para o serviço
que indicou o procedimento ou para a Unidade de Pronto Atendimento de referência.

• Retirar o fio guia da sonda, limpar e orientar o paciente, familiares e cuidadores a guardá-lo caso
seja necessário a reintrodução.
• Remover oleosidade da pele com gaze umedecida com álcool a 70% e fixar a sonda no nariz e depois
na testa ou bochecha com tira de esparadrapo comum ou microporoso, impedindo que a sonda passe
na frente dos olhos ou da boca. Evitar o traumatismo da mucosa nasal tracionando a asa do nariz por
meio da fixação inadequada. A sonda não deve fica dobrada nem puxar a narina. Em caso de verme-
lhidão ou machucado na pele, fixar a sonda em outro local. Exemplo de fixação na figura 16.
• Confirmar a localização da sonda, aspirando o conteúdo gástrico com seringa de 20mL e observar
seu aspecto. Se aspiração for negativa, posicionar o paciente em decúbito lateral para deslocar o
conteúdo gástrico para a grande curvatura do estômago e repetir o teste.
• Confirmar a localização da sonda com a realização do RX de abdômen. Esse exame é padrão ouro
para confirmação e conforme orientações da resolução COFEN 0453/2014.
• Retirar e desprezar em lixeira para resíduo infectante os materiais descartáveis utilizados, deixando
o local em ordem.
• Retiras as luvas de procedimento.
• Higienizar as mãos conforme técnica antisséptica.
• Registrar o procedimento e os cuidados de enfermagem no prontuário eletrônico ou em caso de
contingência no prontuário físico. Informar o tipo de sonda e o procedimento realizado incluindo,
tamanho, horário, data da realização do procedimento, intercorrências, orientações realizadas ao
paciente, familiar ou cuidador e outras condutas realizadas pelo profissional.
• Assinar e carimbar o registro.

5.4.3. Orientações sobre cuidados no domicílio


• Verificar periodicamente se a sonda está no local correto a partir da marcação realizada na sonda
(próxima ao nariz). Estando no local incorreto o paciente, familiares ou cuidadores deverão acionar
o Centro de Saúde ou o serviço de referência que realizou o procedimento.
• Lavar as mãos sempre que for manipular a sonda.
• Manter a sonda com fixação limpa e bem aderida:
• retirar a fixação antiga.
• limpar o nariz com água de sabão, secar bem, mas sem friciconar.
• fixar a sonda no nariz, testa ou bochecha, impedindo que a sonda passe na frente dos olhos ou da boca.
A sonda não deve fica dobrada nem puxar a narina. Em caso de vermelhidão ou machucado na pele,
fixar a sonda em outro local.
• Administração de alimentos e medicamentos pode ser realizada por meio de seringa ou frasco com
equipo. Em ambos os casos antes e após a administração deve-se injetar com seringa 40 mL de
água filtrada ou fervida em temperatura ambiente para limpeza da sonda evitando obstrução.

137
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

ATENÇÃO: ocorrendo obstrução da sonda, injetar 20 mL de água filtrada ou fervida morna lenta-
mente para não ocorrer rompimento da sonda e intercalar com aspiração vigorosa. Verificar a tempe-
ratura da água no antebraço ou no dorso da mão antes de injetá-la na sonda. Não usar fio guia para
desobstruir a sonda, pois pode ocorrer perfuração da sonda e lesão da mucosa.

• O paciente deve ficar sentado ou na posição de Fowler pelo menos 45 minutos antes e 1 hora após a
administração da dieta. Esse procedimento previne refluxo e oferece mais conforto para o paciente.
• As seringas, equipos e frascos podem ser reutilizados, devendo ser lavados com água e sabão, en-
xaguados e por fim passar água quente, secar e guardar em recipiente fechado.
• Atentar para obstruções, rachaduras, furo na sonda. Tendo alguma intercorrência o paciente, familiares ou
cuidadores deverão acionar o Centro de Saúde ou o serviço de referência que realizou o procedimento.
• Guardar o fio guia para caso de intercorrências e necessidade de reintrodução da sonda.

6. Estomias
Estoma ou estomia deriva do grego “stóma”, que significa boca, abertura. É um designativo
genérico de uma condição orgânica resultante de intervenção cirúrgica com o objetivo de restabe-
lecer a comunicação entre uma víscera/órgão e o meio externo, compensando seu funcionamento
afetado por alguma doença. Essa designação é especificada de acordo com o local anatômico
correspondente, por exemplo, traqueostomia, gastrostomia, ileostomia, colostomia, nefrostomia,
ureterostomia, vesicostomia e cistostomia.
A realização do estoma é sempre um acontecimento traumático, uma vez que o estoma acarre-
ta mudanças que repercutirão em todos os níveis da vida da pessoa, tais como: necessidade de
realização do autocuidado com o estoma, aquisição de material apropriado para a contenção das
fezes ou urina, adequação alimentar, convivência com a perda do controle da continência intes-
tinal ou vesical, eliminação dos odores, alteração da imagem corporal, bem como alteração nas
atividades sociais, sexuais e inclusive nas cotidianas.
Os profissionais da APS têm como principais atribuições no enfoque na atenção a saúde das
pessoas com estomas a orientação para o autocuidado e a prevenção de complicações nos es-
tomas, bem como a busca ativa e o encaminhamento para os demais níveis/pontos de atenção.

6.1. Traqueostomia

É um procedimento cirúrgico em que é realizada uma comunicação entre a pele do pescoço e


a traquéia por onde é inserida e fixada uma cânula. Pode ser eletiva ou de urgência temporária ou
definitiva por técnica cirúrgica convencional ou por inserção percutânea.

138
6.1.1. Orientações e cuidados aos usuários traqueostomizados

A equipe de enfermagem deverá orientar os familiares e cuidadores sobre os procedimentos


descritos abaixo e se houver necessidade realizá-los.

• Manter a cabeceira elevada a 30º ou mais (posição de Fowler).


• Manter a área da traqueostomia limpa e seca evitando infecções, trocar o curativo sempre
que necessário.
• Trocar a fixação diariamente, dando um nó no gancho lateral da cânula para evitar que a mesma saia
acidentalmente. É prudente remover a fixação antiga apenas depois que a nova estiver amarrada.
Durante a troca, a cânula deve ser mantida firmemente na abertura da traqueostomia.
• Evitar deixar a fixação frouxa para evitar que a cânula saia ou fique movimentando e machuque a
pele e nem apertado demais para não incomodar ou prejudicar a circulação e lesar a pele. Deve-se
deixar um espaço que possibilite a passagem do dedo indicador entre a fixação e o pescoço.
• Observar o local da traqueostomia se há presença de secreção, escoriações, rupturas, sinais de
inflamação ou infecção.
• Orientar à família e cuidadores para atentar sobre os sinais de obstrução, realizar vaporização e
aumentar a ingestão de líquidos, se não houver contra-indicação.
• Lavar a cânula interna (macho) pelo menos uma vez ao dia:
▪ higienizar as mãos conforme técnica antisséptica;
▪ calçar as luvas de procedimento;
▪ abrir o pacote de gaze sem contaminá-lo;
▪ retirar a cânula interna e colocar sobre uma gaze;
▪ utilizar gaze com soro fisiológico para limpar a parte interior da cânula removendo as secreções
e crostas aderidas. Repita o procedimento até que a cânula fique limpa e seca.

6.1.2. Observações

• Se houver secreção aderida no interior da cânula, deixá-la submersa em água filtrada morna por 5 a
10 minutos (se for cânula metálica).
• Se acidentalmente a cânula interna cair no chão, e se ela for metálica, lave com detergente e água
corrente e ferva por 5 minutos, antes de utilizá-la novamente. Se for de plástico, lave somente com
detergente e água corrente, usando álcool a 70% antes de reutilizá-la. Deixe o álcool evaporar antes
de reintroduzi-la. Esse material não pode ser fervido.
• Para os usuários que possuem aspirador no domicílio, a aspiração deve ser realizada sempre que
necessário (sinais de obstrução, respiração ruidosa, secreção visível na saída da cânula, desconforto
do paciente, achados na ausculta respiratória, expansibilidade torácica reduzida e sinais de hipoxe-
mia). O procedimento de aspiração está descrito no apêndice 4.

6.1.3. Sinais de alerta em casos de usuários


traqueostomizados
Em caso de obstrução da cânula, deve ser realizada limpeza da mesma, o mais rápido possível
utilizando o soro fisiológico. Se houver disponibilidade de aspirador a aspiração também deve ser
realizada. Caso estas técnicas não solucionem o problema, recomenda-se ligar para o SAMU (192).
Em caso de decanulação acidental, a mesma cânula pode ser inserida desde que a estomia
esteja cicatrizada (madura). A cânula devera ser inserida virada lateralmente e, após entrada da

139
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

ponta da traquéia, e rodada para a posição normal. Caso essa técnica não solucione o problema,
recomenda-se encaminhar o usuário para o serviço de referência ou ligar para o SAMU (192), em
caso de sinais de asfixia.

6.2. Gastrostomia e jejunostomia

A gastrostomia é um procedimento cirúrgico no qual é criado um acesso à luz do estômago atra-


vés da parede abdominal com o objetivo de oferecer os nutrientes (dieta) por meio de sonda a pa-
cientes com condições clínicas agudas ou crônicas que apresentem risco nutricional ou desnutrição.
A jejunostomia é um procedimento cirúrgico no qual é criado um acesso à luz do jejuno com fi-
nalidade de oferecer nutrientes (dieta) por meio de sonda, sendo indicados nos casos de retardo
do esvaziamento gástrico por obstrução mecânica (tumor), refluxos frequentes, aspiração e no pós
operatório de grandes cirurgias do tubo digestivo superior.
De acordo com MANSUS (2010), as indicações de troca das sondas estão limitadas aos casos
de desgastes e situações de complicações como infecção peristomal, extravasamento do conteúdo
gástrico, sangramento, obstrução da sonda, dentre outros.
As trocas das sondas são realizadas pelos serviços em que o procedimento cirúrgico foi realiza-
do. Porém, no caso da gastrostomia havendo disponibilidade de insumos e o enfermeiro se sentir
técnico e cientificamente seguro para realizar o procedimento, não oferecendo riscos ao paciente,
a si ou para outrem, o enfermeiro poderá realizar a troca (Pareceres COFEN nº 06 e 010/2013). Já
para a sonda de jejunostomia a troca somente poderá ser realizada por enfermeiro estomaterapeu-
ta, conforme Parecer do COFEN nº 06/2013.

6.2.1. Orientações e cuidados aos usuários gastromizados


e jejunostomizados

• Lavar as mãos sempre que for manipular a sonda.


• Evitar tracionar a sonda devido ao risco de ocorrer sua exteriorização acidental, pois são fixadas por
sutura ou com balonete interno.
• O local da gastrostomia ou jejunostomia deve ser mantido limpo e seco. A limpeza deve acontecer
diariamente com água filtrada ou fervida e sabão líquido neutro, assim como a parte externa da son-
da. Se ocorrer pequeno vazamento, limpar com água filtrada ou fervida e secar sem friccionar.

ATENÇÃO: em caso de vazamento importante, ferida, dor, irritação ou vermelhidão da pele


procurar o Centro de Saúde ou o serviço de referência que realizou o procedimento.

• Administração de alimentos e medicamentos pode ser realizada por meio de seringa ou frasco com
equipo. Em ambos os casos antes e após a administração deve-se injetar com seringa 40 mL de
água filtrada ou fervida em temperatura ambiente para limpar a sonda e evitar obstruções.

ATENÇÃO: ocorrendo obstrução da sonda, injetar 20 mL de água filtrada ou fervida morna lenta-
mente para não ocorrer rompimento da sonda e intercalar com aspiração vigorosa. Verificar a tempe-
ratura da água no antebraço ou no dorso da mão antes de injetá-la na sonda.

140
• O paciente deve ficar sentado ou na posição de Fowler pelo menos 45 minutos antes e 1 hora após a
administração da dieta. Esse procedimento previne refluxo e oferece mais conforto para o paciente.
• A gastrostomia permite alimentação em bolus, enquanto a jejunostomia apenas infusão contínua.
• As seringas, equipos e frascos podem ser reutilizados, devendo ser lavados com água e sabão, en-
xaguados e por fim passar água quente, secar e guardar em recipiente fechado.
• Atentar para obstruções, rachaduras, furo na sonda. Tendo alguma intercorrência o paciente, familia-
res ou cuidadores deverão acionar o serviço de referência que realizou o procedimento.

6.3. Estomas intestinais e urinários

São intervenções cirúrgicas que exteriorizam um segmento intestinal ou urinário por meio da pa-
rede abdominal, criando uma abertura artificial para a saída do conteúdo fecal ou urinário, também
chamado de estomas de eliminação.
Os estomas intestinais variam em relação à forma de construção (terminal, em alça, e em duas
bocas) e ao segmento intestinal:

• Colostomia: estoma intestinal realizado no cólon (intestino grosso).


• Ileostomia: estoma intestinal realizado no intestino delgado é realizada na porção do íleo.

Os estomas urinários podem ser realizados com uso exclusivo do trato urinário (ureterostomia
cutânea, nefrostomia, cistostomia, vesicostomia) ou com uso de uma alça intestinal (urostomia/cirur-
gia de Bricker, ureterossigmoidostomia, reservatório ileal continente).
Em todas essas variações de estomas é importante observar suas características normais,
ou seja, ter coloração rosa-avermelhada, ser úmido, sangrar ligeiramente se friccionado, au-
sência de sensação ao toque, fezes e urina eliminados involuntariamente e no caso de pós-
-operatório ter edema.
São categorizados quanto a sua altura (perfil alto, altura normal, perfil baixo, sem protusão, retra-
ído), formato (redondo para oval ou irregular) e diâmetro.
A enfermagem deve avaliar a área da pele, assim como o volume e consistência dos efluentes e
fazer os cuidados e orientações adequadas. A pele deve ser avaliada quanto a sua cor, integridade,
turgor e a área de aplicação da placa do dispositivo.

Quadro 17 – Avaliação da pele

Avaliação da pele Características

Cor Saudável ou se apresenta eritema ou lesões.

Integridade Intacta, macerada, com erosão, com erupção cutânea, com ulceração.

Turgor Normal com a pele macia e boa elasticidade ou apresentar-se fraca e flácida ou muito firme.

Adaptação da placa do dispositivo.


Presença ou não de hérnia peristomal.
Área da pele
Presença de dermatites.

141
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Quadro 18 – Características do efluente intestinal e urinário

Estoma Característica Aspecto


Íleo: líquida
Cólon direito: semilíquida
Consistência Cólon esquerdo: pastosa
Sigmóide: sólida ou formada

Colostomia: presente
Intestinal
Flatos Ileostomia: ausente ou presente

Elevado: igual ou maior que 1.000 mL/24 horas


Normal: 500 ou 800 mL/24 horas
Volume da ileostomia
Baixo: menos que 500 mL/24 horas

Urinário Cor Âmbar/palha, rosada ou vermelha

Clareza Límpida, turva ou com sedimentos

Odor Nenhum, fraco ou forte

Elevado: maior que 2.500 mL/24 horas


Normal: 1.200 a 2.500 mL/24 horas
Volume
Baixo: menor que 1.200 mL/24 horas

Outras características importantes na avaliação aos estomizados são aquelas em relação à


dieta. Habitualmente os estomizados não precisam de dieta especial e, com o tempo, poderão
alimentar-se quase da mesma forma como se alimentavam antes de ter o estoma. A pessoa de-
verá experimentar um alimento de cada vez, de forma a compreender o seu efeito sobre a fun-
ção intestinal. se não ocorrer alteração, deve mantê-lo na sua dieta. A pessoa estomizada deve
observar a sintomatologia presente e minimizar as intercorrências, como flatulência excessiva,
eliminação de gases, constipação e diarreia. As recomendações gerais podem ser resumidas
em fracionar as refeições, mastigar bem os alimentos, evitar bebidas carbonadas e diminuir o
volume das refeições ao anoitecer. Outras práticas alimentares devem ser incentivadas, como
consumir vegetais cozidos, e não folhosos. alimentar-se em ambiente calmo e tranquilo, e in-
gerir, em média, dois litros de líquidos por dia. Devem-se evitar os alimentos gordurosos, os
condimentos industrializados e os produtos embutidos.
O manejo adequado da alimentação dos usuários colostomizados é importante para manter ou
recuperar o estado nutricional do paciente, repor líquidos e nutrientes perdidos e que o efluente te-
nha pouco volume, seja pastoso, sem odor desagradável e excesso de gás.
O serviço de referência para estes usuários é o CREAB-Leste e qualquer alteração que ultrapas-
se a competência da APS os usuários deverão ser orientados a retornar a este serviço. Em caso de
primeiro atendimento ou necessidade de reavaliação do estoma devido a complicações, má adap-
tação ao dispositivo ou demandas nutricionais/psicológicas, ligar no telefone 3277-5608 e agendar
atendimento com o enfermeiro do setor de estomia do CREAB- Leste. O atendimento abrange usu-
ários estomizados em uso de dispositivos intestinais e urinários (bolsas coletoras). O CREAB-Leste
não possui atendimento para troca de sonda de cistostomia.
A troca da sonda de cistostomia é realizada pelo serviço em que o procedimento cirúrgico foi
realizado. Porém, havendo disponibilidade de insumos e o enfermeiro se sentir técnico e cientifica-
mente seguro para realizar o procedimento, não oferecendo riscos ao paciente, a si ou para outrem
(Pareceres COFEN n° 06 e 010/2013), o enfermeiro poderá realizar a troca.

142
6.1.3. Orientações e cuidados aos usuários com estomas de
eliminação

• Orientar que o processo final de cicatrização do estoma ocorre aproximadamente entre 4 e 6 sema-
nas do processo cirúrgico, a mucosa exposta tem cor vermelho vivo, é úmida, brilhante e não pos-
suem sensibilidade tática ou térmica.
• Orientar que inicialmente o estoma apresenta-se edemaciado com provável redução do diâmetro
dentro dos primeiros meses.
• O corte da placa do dispositivo deve ser adequado, de acordo com o tamanho do estoma, para que
não haja exposição da pele com os efluentes (fezes) e aparecimento de dermatites locais.
• Não se deve utilizar cremes ou produtos oleosos próximos do local da estomia para que não haja má
aderência do dispositivo à pele.
• Orientar a expor a pele periestoma ao sol da manhã por 15 a 20 minutos no horário das 10 horas,
protegendo-a com uma gaze umedecida.
• Realizar a limpeza do estoma, preferencialmente no horário do banho utilizando água e sabonete
líquido neutro e secar com tecido macio sem esfregar.
• Esvaziar as bolsas coletoras trocando-as periodicamente com o intervalo de três a sete dias. É im-
portante não ultrapassar duas trocas por dia. Já as bolsas fechadas são trocadas diariamente no
momento do funcionamento intestinal.
• As bolsas coletoras devem ser higienizadas diariamente com água e sabonete líquido pela parte
inferior da bolsa coletora. No caso de dispositivos de duas peças, a bolsa deve ser desacoplada da
placa para higienização e posteriormente recolocada.
• Os coletores para urostomias devem ser esvaziados constantemente ao atingirem 1/3 de sua capa-
cidade total, atentando para o adequado fechamento do dispositivo.

7. Dietas enterais
A nutrição enteral consiste de alimentos formulados para fins especiais que possam ser uti-
lizados através de tubo de alimentação ou sonda, que pode instilar os nutrientes diretamente
no estômago ou no intestino, dependendo da condição do indivíduo. Existem dietas enterais
artesanais, mistas e industrializadas.

• Dieta artesanal: dieta composta por alimentos não processados ou minimamente processados. No
domicílio é uma alternativa vantajosa para o cuidado nutricional a longo prazo, pois, possuem baixo
custo quando comparadas às dietas enterais industrializadas, além de estarem mais próximas da
alimentação consumida pela família.
• Dieta semi-artesanal ou mista: dieta composta por alimentos não processados, minimamente proces-
sados, alimentos processados e/ou módulos de nutrientes. A dieta semi-artesanal é preparada no
domicílio com medidas caseiras padrão e possui distribuição calórica entre 1500Kcal a 2100 Kcal.

OBSERVAÇÃO: segundo as diretrizes da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)


na Portaria 120 de 14 de Abril de 2009 diz no artigo 8º: “§ 3º as dietas artesanais e/ou semi-arte-
sanais deverão ser incentivadas naqueles pacientes sob cuidados e/ou internação domiciliar”

• Dieta industrializada: é dieta pronta, balanceada que possui todos os nutrientes necessários. Pode
ser apresentada sob a forma de pó (diluída com água) ou líquida.

143
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

OBSERVAÇÃO: Para solicitação de dietas industrializadas seguir as orientações do anexo 1


e os seguintes protocolos: Diretrizes para Dispensação de Fórmulas Enterais Industrializadas
e Suplementos Nutricionais para Crianças e Adolescentes em Terapia Nutricional Domiciliar;
e Protocolo da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte para Dispensação Fórmulas
Alimentares para Adultos e Idosos.

8. Diálise peritoneal
A diálise peritoneal implica na realização de um procedimento de depuração sanguínea, de-
sempenhando o papel dos rins. Neste procedimento, o peritônio, a membrana semipermeável
que reveste a cavidade abdominal, é utilizado como um filtro, permitindo a transferência de
massa entre a cavidade abdominal e o capilar peritoneal, local este no qual se encontram subs-
tâncias tóxicas ao organismo. Para que este procedimento seja realizado, introduz-se, através
de um cateter, uma solução de diálise no interior da cavidade abdominal processo denominado
infusão, sendo que aquela permanece tempo suficiente neste para a ocorrência de troca entre a
solução e o sangue, processo conhecido como permanência. Desta forma, substâncias nitroge-
nadas e líquidas migram do sangue para a solução de diálise, realizando-se, por conseguinte, a
terceira etapa da qual a diálise peritoneal é composta, que é a drenagem.
O tratamento da insuficiência renal com a diálise peritoneal faz-se necessária quando os medicamen-
tos, dieta e restrição hídrica se tornam insuficientes no controle adequado da homeostase orgânica.
A insuficiência renal sobrevém quando os rins não conseguem remover os resíduos metabóli-
cos do corpo nem realizar as funções reguladoras, ou seja, quando esses órgãos se encontram
afetados impedem que os mesmos realizem a função de filtrar o sangue do corpo.
Para a realização da diálise peritoneal podem ser realizadas duas modalidades, as intermitentes
e as contínuas, sendo que as intermitentes são realizadas no ambiente hospitalar e são subclassi-
ficadas em ambulatorial diária (DPAD), intermitentes (DPI) ou noturna (DPN). Já a modalidade con-
tínua pode ser realizada em ambiente domiciliar e são classificadas como contínuas e automáticas.

8.1. Orientações e cuidados aos usuários


O passo a passo da rotina de diálise peritoneal no domicílio vai depender de cada serviço
de referência, assim como, o treinamento dos usuários, familiares e os cuidadores. A equipe de
enfermagem dos Centros de Saúde tem um papel de extrema importância no cuidado ao pa-
ciente renal crônico, e um dos pontos chave é o incentivo ao autocuidado, de modo a facilitar a
cooperação e adesão do paciente ao tratamento, além de estimulá-lo a enfrentar as mudanças
cotidianas e a alcançar o seu bem estar, amenizando suas angústias e medos. A equipe deve
oferecer esperança de acordo com a realidade e avaliar o conhecimento do paciente a respeito
do esquema terapêutico, bem como as complicações e temores.
O local de saída e as incisões relacionadas à diálise devem ser cuidados à semelhança do
que se faz com outras feridas cirúrgicas recentes. Nos primeiros dias após a inserção, o local
de saída deve ser coberto com gaze e o curativo trocado sempre que for observadas manchas
de exsudato ou sangue. Curativos oclusivos, impermeáveis ao ar, bem como pomadas, nunca
devem ser usados. Os curativos devem imobilizar o cateter contra a pele. Os usuários devem
ser orientados a observarem os cateteres regularmente para sinais de infecção do local de saí-
da e do túnel. Banhos em chuveiros são permitidos poucas semanas após a inserção do cateter,
se o local estiver bem cicatrizados, porém deve ser enxugado cuidadosamente após o banho.
Os pacientes devem ser orientados a se movimentar frequentemente para evitar a desmine-

144
ralização óssea e outras consequências no seu estado clínico.
No apêndice 5.5 estão descritos os materiais dispensados, se necessário, para uso domiciliar
durante a realização da diálise peritoneal.

145
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

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Horizonte. Belo Horizonte, 2008: HMP Comunicação.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE. Tunga penetrans. Disponível em: http://www.ufrgs.br/para-


-site/siteantigo/Imagensatlas/Athropoda/Tunga%20penetrans.htm Acesso em: 16/09/2016.

VARALDA, D.B.; MOTTA, A.A. Reações adversas aos antiinflamatórios não esteroidais. Revista Brasileira
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MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

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WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global alliance against chronic respiratory diseases (GARD) basket : a
package of information, surveillance tools and guidelines, to be offered as a service to countries. Suíça, 2008.
Disponível em: http://www.who.int/gard/publications/GARD_Basket_web.pdf. Acessado em 03/11/2016.

156
Apêndices

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MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

APÊNDICES

1. Formulários de consentimento para visitas domiciliares

1.2. Termo de Consentimento Informado

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Usuário _______________________________________, residente à rua/beco____________


___________________________nº__________ PE__________________está sendo incluída no
serviço de visita domiciliar da Secretaria Municipal de Saúde de BH.
A visita domiciliar destina-se a prestação de assistência domiciliar ao paciente que preencha obrigatoria-
mente os critérios abaixo relacionados:

• Ser morador da área de abrangência da ESF.


• Estar impossibilitado de se deslocar até o Centro de Saúde
• Ter um cuidador e ou responsável esclarecido (maior de 18 anos) durante a realização da visita
domiciliar da ESF para informar sobre o estado do paciente e seguir as orientações do profissional.
• Seguir adequadamente as orientações e o tratamento proposto.
• Em caso de haver necessidade de atendimento fora da data agendada, fazer contato com o
ACS da sua área, contato telefônico com a equipe ou comparecer ao Centro de Saúde.
• Se houver necessidade de desmarcar a visita, avisar com antecedência, para novo agendamento.

EM CASO DE URGENCIA/EMERGENCIA DEVERÁ LIGAR PARA O SERVIÇO DE URGENCIA SAMU(192)


OU LEVAR O PACIENTE À UPA

Eu,_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ RG
nº__________________, estando de acordo com os termos acima, me comprometo a receber a visita da
Equipe de Saúde no meu domicílio.

____________________________ _______________________________
Assinatura do cuidador/responsável Assinatura do representante da equipe

158
2. Escalas de enfermagem padronizadas para APS de BH
2.1. Enfermeiros

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MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Técnicos/auxiliares de enfermagem
2.2.

160
3. Materiais e medicamentos para Sala de Observação e Caixa de Urgência
3.1. Formulário controle dos materiais e medicamentos da Sala de Observação

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162
3.1. Formulário controle dos materiais e medicamentos da Sala de Observação
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte
3.1. Formulário controle dos materiais e medicamentos da Sala de Observação

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3.2. Formulário controle dos materiais e medicamentos da Caixa de Urgência/Emergência
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte
3.2. Formulário controle dos materiais e medicamentos da Caixa de Urgência/Emergência

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3.2. Formulário controle dos materiais e medicamentos da Caixa de Urgência/Emergência
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte
4. Aspiração de traqueostomia

O objetivo da aspiração é permitir que as vias aéreas mantenham-se limpas e livres, garan-
tindo melhora da ventilação e oxigenação, através da remoção das secreções que se acumulam
nas vias aéreas e na traquéia causando obstrução e dificultando a respiração, além de favorecer
o crescimento de bactérias que podem causar infecções. A aspiração pode ser feita com aspira-
dor elétrico portátil ou com aspirador com sistema a vácuo.
Os usuários dependentes destes dispositivos devem ser submetidos à consulta médica por
profissional do CS (visita domiciliar na impossibilidade de locomoção) para estabelecimento do
diagnóstico da patologia de base e definição da necessidade do uso desses.
Os familiares e cuidadores deverão ser orientados pela equipe para o manejo adequado com
a traqueostomia no domicílio.

4.1. Orientações gerais

• Realizar pelo menos 3 vezes ao dia (ao acordar, a tarde e antes de dormir) ou quantas vezes se fize-
rem necessário ou conforme orientações da equipe responsável. Antes de realizar uma aspiração é
necessário observar o padrão respiratório.
• Se o usuário fizer uso de oxigênio, este deve ser oferecido 30 a 60 segundos antes do início do pro-
cedimento, entre uma e outra aspiração e quando terminar, conforme as orientações recebidas antes
da alta hospitalar.
• Caso o usuário apresentar grande agitação, palidez cutânea, lábios arroxeados, respiração rápida e
ofegante após as primeiras aspirações, deve-se interromper o procedimento para observar e aguar-
dar a recuperação do padrão respiratório para dar continuidade ao procedimento.
• Não se deve aspirar a traqueostomia durante as refeições. Se possível, aguardar pelo menos 1 hora
após a refeição para realizar aspiração. No entanto, se durante a refeição a aspiração for necessá-
ria, a dieta deve ser interrompida imediatamente, reiniciando quando o padrão respiratório permitir,
aguardando alguns minutos após o término do procedimento.

4.2. Materiais necessários:


Descritos no apêndice 5, item 5.5.

4.3. Técnica de aspiração


• Conferir se o sistema de vácuo está funcionando adequadamente.
• Separar todo o material necessário para aspiração, colocando em local de fácil acesso,
limpo e seguro.
• Fazer a assepsia com álcool no alto da embalagem de soro fisiológico. Usar seringa com agulha para
furar o frasco na região que foi realizada a assepsia. Retirar 5 ml de soro com a seringa, manter a
agulha no frasco de soro.

167
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

ATENÇÃO: Não utilizar o soro gelado. Caso utilize o soro fisiológico do frasco de 250 ml
(que deve ser mantido na geladeira), retire a quantidade necessária com a seringa em torno de
5 ml e deixe-o à temperatura ambiente para realizar o procedimento

• Lavar as mãos e os braços com água corrente e sabão, seque com toalha limpa.
• Calçar luvas de procedimento.
• Abrir a embalagem da sonda de em seguida encaixe apenas ponta colorida na mangueira do aspirador.
• Calçar as luvas de procedimento.
• Retirar a sonda da embalagem já aberta (puxando-a com a luva já calçada).
• Desenrolar a sonda, segurando firme na parte mais próxima à ponta, introduzindo-a na cânula com
cuidado, ainda sem aspirar.
• Aumentar o fluxo de oxigênio, se uso contínuo, antes de começar a aspiração por aproximadamente
1 minuto, mantendo o uso nos intervalos e após a aspiração.

ATENÇÃO: todo o procedimento de aspiração (entrada e saída da sonda na cânula) deve ser
rápido, em torno de 15 segundos. Antes de introduzir a sonda, caso a secreção esteja muito
espessa, difícil de ser aspirada, pode-se pingar cerca de 3 gotas de soro fisiológico na cânula
da traqueostomia para que a secreção fique mais fluida, facilitando o procedimento

• Introduzir a sonda por cerca de 0,5 cm além do comprimento da cânula, ultrapassando-a durante os
movimentos de vai e vem.
• Ligar o aspirador apenas após a introdução da sonda na cânula dobrando e desdobrando ou tam-
pando o orifício lateral da sonda uretral. Ao terminar a aspiração, retire a sonda fazendo movimentos
circulares com a mão, ou rodando-a de leve entre os dedos.
• Limitar o tempo de aspiração entre 10 e 15 segundos.
• O excesso de aspiração pode causar broncoespasmo, tosse, irritação das vias aéreas, lesões da
traquéia, provocar vômitos e aumento das secreções.

ATENÇÃO: Em caso de sangramento pela cânula, orienta-se a realização de aspiração su-


ave, observando a intensidade do sangramento, espaçando as aspirações. Se o sangramento
for persistente ou intenso, recomenda-se acionar o SAMU.

• A sequencia para aspiração deverá seguir a seguinte ordem: traqueostomia, nariz e boca. Quando
aspirar a boca, introduza a sonda nos cantos (bochechas) para não provocar vômitos.
• A aspiração deve ser encerrada quando não perceber mais secreção na cânula.
• Realize a limpeza da boca (higiene oral) do traqueostomizado sempre que necessário, no mínimo 3
vezes ao dia, antes ou após a aspiração.
• Lavar a sonda por dentro, após término da aspiração, com o soro fisiológico com o auxílio da seringa.
Colocar sabão líquido em uma gaze e deslizá-la na sonda de cima para baixo uma única vez. Retirar
o sabão da sonda com água corrente tratada.
• Após essa limpeza, proteja a ponta do látex onde é conectada a sonda para aspirar, com a embala-
gem da própria sonda utilizada, para a próxima aspiração.
• Conectar a seringa à agulha que está no frasco de soro.
• Desprezar a sonda de aspiração após a última aspiração do dia.
• Esvaziar e lavar o frasco de coleta do aspirador e o tubo de sucção diariamente.

168
• Lembrar sempre de lavar as mãos antes e após o procedimento.

OBSERVAÇÕES:

• Caso o paciente apresente alteração no comportamento após o procedimento (agitado, pálido, su-
ando, com lábios arroxeados, com esforço respiratório, respiração rápida e ofegante) deve entrar em
contato com o SAMU (192).
• Se o paciente utilizar algum aparelho eletrônico, como BIPAP, antes de iniciar a aspiração, desconec-
tar o circuito do BIPAP da traqueostomia reconectando o circuito logo que acabar a aspiração.

5. Materiais de dispensação para uso domiciliar


Todos os materiais de dispensação para uso domiciliar definidos abaixo são referentes há 1
mês de uso, exceto para a diálise peritoneal que são referentes há 03 meses . Casos que ne-
cessitem de outros quantitativos deverão ser encaminhados com relatório para a Gerência de
Assistência/SMSA para analise e possível liberação.
Os fluxos para solicitação deverão seguir orientações Gerência de Assistência/SMSA.

5.1. Sonda vesical intermitente ou autocateterismo


• 07 sondas uretrais de alívio (1 de reserva).
• 02 seringa de 10 mL (1 de reserva)
• 30 pacotes de gaze estéril.
• 02 tubos de gel anestésico 2 %.
OBS.: nos casos em que o cateterismo é realizado por familiares ou cuidadores será acrescido 2
caixas de luvas de procedimento.

5.2. Coletor urinário

5.2.1. Coletor Urinário de Perna em uso contínuo:


• 30 dispositivos silicone nº específico para o usuário.
• 04 bolsas coletoras.
• Fita elástica – encaminhado apenas na primeira remessa ou quando solicitado.

5.2.2. Coletor Urinário de Cama em uso contínuo:


• 30 dispositivos silicone nº específico para o usuário.
• 04 bolsas coletoras.

169
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

5.3. Traqueostomia

• 37 sondas uretrais números 6, 8, 10 ou 12 (sendo 06 sondas de reserva).


• 07 seringas de 05 mL agulhadas 25X7mm (01 de reserva).
• 04 frascos de soro fisiológico 250mL.
• 30 pacotes de gazes estéreis.
• 01 caixa de luvas de procedimento.
OBS.: casos que necessitem que ambú deverão ser incluído relatório do hospital que acompanha ou
dos profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF).

5.4. Dietas enterais


• 07 equipos simples (01 de reserva).
• 07 frascos graduados de plástico (01 frasco de reserva).
• 10 seringas de 20 mL (01 de reserva).
• 01 seringa graduada de 1mL.
• 01 esparadrapo comum ou microporoso.

5.5. Diálise peritoneal ambulatorial automática


• 10 litros de álcool a 70%.
• 05 litros de hipoclorito de sódio no mínimo a 1%.
• 20 pacotes de gaze estéril.
• 03 unidades de esparadrapo microporoso 25 x 10mm.
• 50 unidades de seringa de 1 ml com agulha.
• 100 unidades de agulha 25 x 7mm.

170
6.   Modelo
 
padrão para Procedimento Operacional Padrão

5. Modelo padrão para Procedimento Operacional Padrão

POP 00/00 – XXXXXXXXXXXX Pág. 135


PROCEDIMENTO
Nº: 00/00 Revisão: 00
Data de emissão: OPERACIONAL Data da revisão: xx/xx/xxx
PADRÃO
Setor xxxxx

Tipo xxxxx

TAREFA XXXXX

Executante xxxxx

Resultados  Xxxxx
esperados  xxxxxx

Recursos  Xxxxx
necessários  Xxxxxx

Periodicidade Xxxxx

Monitoramento Xxxxxx

Descrição da 1. Xxxxx
2. Xxxxx
Ação 3. Xxxxx
4. Xxxxx
5. Xxxxx
6. Xxxxx
7. Xxxxx
8. Xxxxx
9. Xxxxx
10. Xxxxx
Observação: 
 
 
 
Sigla: 
 
 
Elaboração:  Revisão: Aprovação: 
 
   

135 

171
MANUAL DE ENFERMAGEM – Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte

Anexo

172
ANEXO

1. Fluxograma para dispensação de dietas enterais


Fluxograma disponível nas Diretrizes para Dispensação de Fórmulas Enterais Industrializa-
das e Suplementos Nutricionais para Crianças e Adolescentes em Terapia Nutricional Domiciliar;
e Protocolo da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte para Dispensação Fórmulas
Alimentares para Adultos e Idosos.

USUÁRIO PORTADOR DE VIA ALTERNATIVA DE ALIMENTAÇÃO COM SOLICITAÇÃO


PARA FORNECIMENTO DE FÓRMULAS ALIMENTARES INDUSTRIALIZADAS

EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA (EqSF)

MÉDICO DA EqSF REALIZA AVALI- MÉDICO DA EqSF REALIZA AVALI-


ÇÃO CLÍNICO-LABORATORIAL E ÇÃO CLÍNICO-LABORATORIAL E
FORNECE RELATÓRIO DA CONDI- FORNECE RELATÓRIO DA CONDI-
ÇÃO DE SAÚDE DO PACIENTE ÇÃO DE SAÚDE DO PACIENTE

USUÁRIO PREENCHE OU NÃO OS CRITERIOS


DO PROTOCOLO?

SIM NÃO

ENCAMINHAMENTO: RELATÓRIO MÉDICO, ORIENTAÇÃO DE DIETA ARTESANAL


FORMULÁRIO PREENCHIDO PELO NUTRI- E CUIDADOS COM A VIA ALTERNA-
CIONISTA, RELATÓRIO DA ENFERMAGEM TIVA DE ALIMENTAÇÃO (Entrega da
COM GRAU DA ÚLCERA (SE FOR O CASO) Cartilha de Dieta Enteral Artesanal)
E ASSINATURA DO TERMO DE ADESÃO PELA ESF E NASF.
PARA GERASA (DISTRITO)

ENCAMINHAMENTO GERASA PARA GEAS

DEFERIMENTO DA LIBERAÇÃO DE DIETA PELO NÍ-


VEL CENTRAL – REFERÊNCIA TÉCNICA NUTRIÇÃO

NÍVEL CENTRAL LIBERA FÓRMULA INDUSTRIA-


LIZADA POR 4 MESES. SE NECESSÁRIO RENO-
VAR, SEGUIR O MESMO FLUXO (exceto inclusão
do termo de adesão assinado)

173

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