O documento descreve os sofistas da Grécia Antiga, um grupo de pensadores do século V a.C. que se dedicavam ao ensino e à reflexão sobre questões éticas e políticas. Os sofistas desenvolveram novos métodos de ensino e argumentação e elaboraram a teoria da democracia ateniana. Embora criticados por Sócrates, os sofistas contribuíram para a sistematização do ensino na Grécia Antiga.
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O documento descreve os sofistas da Grécia Antiga, um grupo de pensadores do século V a.C. que se dedicavam ao ensino e à reflexão sobre questões éticas e políticas. Os sofistas desenvolveram novos métodos de ensino e argumentação e elaboraram a teoria da democracia ateniana. Embora criticados por Sócrates, os sofistas contribuíram para a sistematização do ensino na Grécia Antiga.
O documento descreve os sofistas da Grécia Antiga, um grupo de pensadores do século V a.C. que se dedicavam ao ensino e à reflexão sobre questões éticas e políticas. Os sofistas desenvolveram novos métodos de ensino e argumentação e elaboraram a teoria da democracia ateniana. Embora criticados por Sócrates, os sofistas contribuíram para a sistematização do ensino na Grécia Antiga.
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O documento descreve os sofistas da Grécia Antiga, um grupo de pensadores do século V a.C. que se dedicavam ao ensino e à reflexão sobre questões éticas e políticas. Os sofistas desenvolveram novos métodos de ensino e argumentação e elaboraram a teoria da democracia ateniana. Embora criticados por Sócrates, os sofistas contribuíram para a sistematização do ensino na Grécia Antiga.
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Os sofistas
O século de Péricles (V a.C.) constitui o período áureo da cultura grega,
quando a democrática Atenas desenvolve intensa vida cultural e artística. Os pensadores do período clássico, embora ainda discutam questões referentes à natureza, desenvolvem o enfoque antropológico, abrangendo a moral e a política. Os sofistas vivem nessa época, e alguns deles são interlocutores de Sócrates. Os mais famosos sofistas foram: Protágoras, de Abdera (485-411 a.C.); Górgias, de Leôncio, na Sicília (485-380 a.C.); Híppias, de Elis; e ainda Trasimaco, Pródico, Hipódamos, entre outros. Tal como ocorreu com os pré-socráticos, dos sofistas só nos restam fragmentos de suas obras, além das referências - muitas vezes tendenciosas - feitas por filósofos posteriores. A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que significa "sábio", ou melhor, "professor de sabedoria". Posteriormente adquiriu o sentido pejorativo de "homem que emprega sofismas", ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de máfé, com intenção de enganar. Sóphisrna significa "sutileza de sofista". Os sofistas sempre foram mal interpretados devido às criticas que sobre eles fizeram Sócrates e Platão. A imagem de certa forma caricatural da sofística tem sido reelaborada no sentido de procurar resgatar a verdadeira importância do seu pensamento. Desde que os sofistas foram reabilitados por Hegel no século XIX, o período por eles iniciado passou a ser denominado Aujklãrung grega (imitando a expressão alemã que designa o iluminismo europeu do século XVIII). São muitos os motivos que levaram à visão deturpada dos sofistas que a tradição nos oferece. Em primeiro lugar, há enorme diversidade teórica entre os pensadores reunidos sob a designação de sofista. Talvez o que possa identificá-los é o fato de serem considerados sábios e pedagogos. Vindos de todas as partes do mundo grego, desenvolvem um ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixa em lugar algum. Deve-se a isso o gosto pela crítica, o exercício do pensar resultante da circulação de idéias diferentes. Segundo Jaeger, historiador da filosofia, os sofistas exercem influência muito forte, vinculando-se à tradição educativa dos poetas Homero e Hesíodo. Os sofistas deram importante contribuição para a sistematização do ensino. Formaram um currículo de estudos: gramática (da qual foram os iniciadores), retórica e dialética; por influência dos pitagóricos, desenvolveram a aritmética, a geometria, a astronomia e a música. Essa divisão será retomada no ensino medieval, constituindo o tri viam (referente aos três primeiros) e o quadrivium (referente aos quatro últimos). Para escândalo de seus contemporâneos, costumavam cobrar pelas aulas e por esse motivo Sócrates os acusava de prostituição. Cabe aqui um reparo: na Grécia Antiga, apenas os nobres se ocupavam com o trabalho intelectual, pois gozavam do ócio, ou seja, da disponibilidade de tempo decorrente do fato de que o trabalho manual, de subsistência, era ocupação de escravos. Ora, os sofistas, geralmente homens saídos da classe média, faziam das aulas seu ofício, já que não eram suficientemente ricos para filosofarem descompromissadamente. Se alguns sofistas de menor valor podiam ser chamados de mercenários do saber, isso na verdade era acidental. (Será que essas observações podem nos servir ainda hoje?) Como veremos na Unidade IV (Política), os sofistas elaboram o ideal teórico da democracia, valorizada pelos comerciantes em ascensão, cujos interesses se contrapõem aos da aristocracia rural. A exigência que os sofistas vêm satisfazer é de ordem essencialmente prática, voltada para a vida: iniciam os jovens na arte da retórica, instrumento indispensável na assembléia democrática, e os deslumbram com o brilhantismo da participação no debate público. Se forem acusados pelos seus detratores de pronunciarem discursos vazios, essa fama se deve à excessiva atenção dada por alguns deles ao aspecto formal da exposição e da defesa das idéias, pois se achava preocupado com a persuasão, instrumento por excelência do cidadão na cidade democrática. Os melhores deles, no entanto, buscaram aperfeiçoar os instrumentos da razão, ou seja, a coerência e o rigor da argumentação, porque não basta dizer o que se considera verdadeiro, é preciso demonstrá-lo pelo raciocínio. Pode-se dizer que aí se encontra o embrião da lógica, mais tarde desenvolvida por Aristóteles. Quando Protágoras, um dos mais importantes sofistas, diz que "o homem é a medida de todas as coisas", esse fragmento deve ser entendido não como expressão do relativismo do conhecimento, mas enquanto exaltação da capacidade de construir a verdade: o logos não mais é divino, mas decorre do exercício técnico da razão humana.
Sócrates
Sócrates (c.470-399 a.C.) nada deixou escrito, e tiveram suas idéias
divulgadas por dois de seus principais discípulos, Xenofonte e Platão. Evidentemente, devido ao brilho deles, é de se supor que nem sempre fossem realmente fiéis ao pensamento do mestre. Nos diálogos que Platão escreveu Sócrates figura sempre como o principal interlocutor. Mesmo tendo sido incluído muitas vezes entre os sofistas, Sócrates recusava tal classificação, e opunha-se a eles de forma crítica. Como vimos (O que é filosofia), Sócrates se indispôs com os poderosos do seu tempo, sendo acusado de não crer nos deuses da cidade e corromper a mocidade. Por isso foi condenado e morto. Costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou escravos, preocupado com o método do conhecimento. Sócrates parte do pressuposto "só sei que nada sei", que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber. Por isso seu método começa pela parte considerada "destrutiva", chamada ironia (“em grego, perguntar”). Nas discussões afirma inicialmente nada saber, diante do oponente que se diz conhecedor de determinado assunto. Com hábeis perguntas, desmonta as certezas até o outro reconhecer a ignorância. Parte então para a segunda etapa do método, a tnaiêutica (em grego, "parto"). Dá esse nome em homenagem a sua mãe, que era parteira, acrescentando que, se ela fazia parto de corpos, ele "dava à luz" idéias novas. Sócrates, por meio de perguntas, destrói o saber constituído para reconstruí-lo na procura da definição do conceito. Esse processo aparece bem ilustrado nos diálogos relatados por Platão, e é bom lembrar que, no final, nem sempre Sócrates tem a resposta: ele também se põe em busca do conceito e às vezes as discussões não chegam a conclusões definitivas. As questões que Sócrates privilegia são as referentes à moral, daí perguntar em que consiste a coragem, a covardia, a piedade, a justiça e assim por diante. Diante de diversas manifestações de coragem, quer saber o que é a "coragem em si", o universal que a representa. Ora, enquanto a filosofia ainda é nascente, precisa inventar palavras novas, ou usar as antigas dando lhes sentido diferente. Por isso Sócrates utiliza o termo logos, que na linguagem comum significava "palavra", "conversa", e que no sentido filosófico passa a significar "a razão que se dá de algo", ou mais propriamente, conceito. Assim explica García Morente: “O que os geômetras dizem de uma figura, do circulo, por exemplo, para defini-lo, é o logos do circulo, é a razão dada do círculo”. Do mesmo modo, o que Sócrates pede com afã aos cidadãos de Atenas é que lhes dê o logos da justiça, o logos da coragem. (“...) “Pois que é este logos senão o que hoje denominamos conceito”? Quando Sócrates pede o logos, quando pede que indiquem qual é o logos da justiça, que é a justiça, o que pede é o conceito da justiça, a definição da justiça”. Apesar de suas contradições, o ideal democrático devia ser justificado. Coube aos sofistas, no século V a.C., a função de elaborar a teorização que interessava à nova classe dos comerciantes. E isso acontece no período clássico da história grega. Como vimos, a divisão da filosofia grega está centralizada em Sócrates (470-399 a.C, e é a partir dele que se costuma estabelecer os períodos pré-socrático, socrático (ou clássico) e pós-socrático. O período clássico acontece nos séculos V e IV a.C. e dele faz pane, além de Sócrates, seu discípulo Platão, que por sua vez foi o mestre de Aristóteles. Os sofistas são contemporâneos de Sócrates e foram por ele duramente criticados. Vimos que o primeiro filósofo pré-socrático preocupa-se, sobretudo com a natureza, e as explicações cosmológicas se desenvolvem em torno da procura da arché (princípio) de todas as coisas. Entre os primeiros filósofos não há textos referentes à política. São os sofistas que irão proceder a passagem para a reflexão propriamente antropológica, centrando suas atenções na questão moral e política. Elaboram teoricamente e legitima o ideal democrático da nova classe em ascensão, a dos comerciantes enriquecidos. À virtude (areté) de uma aristocracia guerreira opõe-se a virtude do cidadão: a maior das virtudes é a justiça, e todos, desde que os cidadãos da polis, devem ter direito ao exercício do poder. Enquanto na aristocracia predomina a areté ética, para o cidadão ela é política e mais objetiva que a anterior, pois o critério do justo e do injusto se acha na lei escrita. Através da Paidéia, os gregos elaboram a nova educação capaz de satisfazer os ideais do homem da pólis, e não mais do aristocrata, superando, assim, os privilégios da antiga educação, para a qual a areté só era acessível aos que pertenciam a uma linhagem de origem divina. A exigência que os sofistas vêm satisfazer não é apenas de ordem teórica, mas também prática, voltada para a vida. Segundo Jaeger, historiadores da filosofia exercem por isso uma influência muito forte, vinculando se à tradição educativa dos poetas Homero e Hesiodo. Os sofistas são os mestres da nova are ti política, e o instrumento desse processo será a retórica, ou seja, a arte de bem falar, de utilizar a linguagem em um discurso persuasivo. É bem verdade que esse movimento não se dirige ao povo em geral, mas a uma elite, àqueles bons oradores que poderiam, nas assembléias públicas, fazer uso da palavra livre e pronunciar discursos convincentes e oportunos. Com o brilhantismo da participação no debate público, deslumbram os jovens do seu tempo. Desenvolvem o espírito crítico e a facilidade de expressão. Com frequência os sofistas são acusados de superficialidade e logomaquia, ou seja, de pronunciar um discurso vazio, um palavreado oco. Talvez essa fama se deva a excessiva atenção dada por alguns deles ao aspecto formal da exposição e defesa das idéias, já que se achavam tão preocupados com a persuasão. Mas também é preciso lembrar que os sofistas sempre foram mal-interpretados devido às críticas que a eles fizeram Sócrates e Platão. Só a partir do século XIX a imagem caricatural dos sofistas foi atenuada.