2015 - Mário, Suzete Das Dores
2015 - Mário, Suzete Das Dores
2015 - Mário, Suzete Das Dores
Autora:
Supervisor:
UEM-ESUDER
Vilankulo
2015
Declaração de honra
Eu, Suzete das Dores Mário declaro por minha honra, que este trabalho é resultado do meu
esforço e da minha investigação, garanto que o mesmo nunca foi apresentado para a obtenção do
grau de licenciatura, todavia esta é a primeira vez que submeto uma tese para a obtenção do grau
de licenciatura numa instituição de Ensino.
A autora
__________________________________________
i
DEDICATÓRIA
&
Esperança Joaquim,
ii
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus misericordioso pela saúde, força antes e durante a formação.
Em seguida aos meus pais pela confiança, apoio moral e financeiro incondicional, aos meus
irmãos: Amilton Mário, Mário júnior, Áurio Francisco e Nelton Mário vai o meu muito obrigado
pelo apoio moral e material prestado, a minha sobrinha Hamilfa Mário.
Ao meu supervisor Eng.º Graciano Matsinhe pela paciência, dedicação e habilidade didáctica
em transmitir a metodologia. O meu apreço é extensivo a todos docentes que contribuíram para a
minha formação académica em especial ao Eng.º Raitone Armando e ao actual Director do curso
de Economia o dr. Justino Baloi, muito obrigado.
Aos funcionários do SDAE de Homoíne, em especial o Director Gonçalo Tanda Bata por ter
aprovado o meu pedido de estágio, ao Técnico João, Eng.º Macicame e Eng.º Elton pela
paciência e atenção dispensada durante o período de estágio, por me ter colocado em contacto
directo com os produtores da localidade de Chindjinguir, a quem vai meu muito obrigado.
Por outro lado, quero agradecer a amizade, carinho e compreensão de colegas, vizinhos, amigos
em especial: Hudaifa Ismael Fluce, Balbina Augusto, Joaquina Jacinto Sevene, João Mabuba,
Amarina Rafael, Suleja Muvunja, Vicente Júnior, Lourenço Paulo Nhavotso, Luc Tembe,
Mércio Maheme, Tia Lurdes. Ao Tio Armindo e em memória a sua esposa Tia Irene por ter- me
acolhido e prestado muito apoio durante a minha estadia em Vilankulos.
iii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS
Lista de Abreviaturas
iv
RSA- República Sul Africana
Lista de Siglas
Mt- Metical
%- Percentagem
Lista de Símbolos
Ton- Tonelada
Ha- Hectar
v
LISTA DE ILUSTRACÕES
Lista de Tabelas
Tabela 1- Técnicas agrícolas usadas pelos agricultores do Sector Familiar
Lista de Gráficos
Gráfico 1: Género dos entrevistados da localidade de Chindjinguir
Lista de Figuras
Figura no 1: Mapa da Localização do Distrito de Homoíne
vi
LISTA DE APÊNDICES
Figura 2:Campo de produção de Hortícolas
vii
RESUMO
viii
Estudo do contributo da agricultura do sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico da localidade de
Chindjinguir, distrito de homoíne no período de 2009 a 2013
I. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
No mundo a agricultura do sector familiar joga um papel importante para a segurança alimentar e
nutricional, bem como para o bem-estar da população. Neste contexto, os indicadores mostram
que há um crescimento na produção e produtividade agrícola na ordem de 30% nos países
desenvolvidos, na componente de produção de culturas alimentares com principal destaque à
cultura de arroz, que tem impacto directo, não só na segurança alimentar dos agregados, como
também no rendimento da grande parte da população economicamente activa em dependência da
produção agrícola (FAO, 2000).
Além dos benefícios económicos de gerar empregos para a maioria da população, a agricultura
do sector familiar em África produz mais alimentos que contribuem para melhorar a nutrição e o
bem-estar de dois terços (2/3) dos africanos que trabalham principalmente na agricultura assim
como os mais carentes nas zonas urbanas que gastam mais de 60% do seu orçamento em
alimentação (VALE & COSSA, 2004).
Em termos económicos a agricultura representa cerca 24% do produto interno bruto (PIB) e 80%
das exportações emprega cerca de dois terços (2/3) da força laboral, ocupando cerca de 80% da
população activa do país (MINAG, 2010).
Neste contexto, o presente estudo tem como objectivo estudar o contributo da agricultura do
sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico da localidade de Chindjinguir distrito de
Homoíne.
Nos últimos anos, Moçambique registou uma melhoria significativa da produção agrícola. Essa
melhoria tem sido atribuída fundamentalmente à expansão das áreas de cultivo e/ou melhoria das
condições climáticas em algumas zonas, bem como as medidas adoptadas pelo governo e seus
parceiros na provisão de insumos agrícolas de qualidade (sementes melhoradas, fertilizantes, e
pesticidas) que permitem que sejam alcançados altos níveis de produção (SITOE, 2005).
Neste contexto, surge a seguinte questão para estudo: “Até que ponto a agricultura do sector
familiar contribui para o desenvolvimento socioeconómico da localidade de Chindjinguir?”
1.3. Justificativa
O que torna relevante a escolha deste tema, é a capital importância que a agricultura do sector
familiar tem para o desenvolvimento económico de países em desenvolvimento como
Moçambique, desempenhando diversos papéis importantes no âmbito do combate à pobreza, na
geração de emprego rural e contribuição para a segurança alimentar das famílias.
Atenção destaca-se pelo facto de se notar que em Moçambique, província de Inhambane distrito
de Homoíne, concretamente na localidade de Chindjinguir, a base de desenvolvimento local é a
agricultura do sector familiar, a qual depende principalmente das chuvas. Os níveis de produção
e de produtividade agrária são baixos, além de que não há condições de conservação de produtos,
e a rede de processamento, distribuição e comercialização de produtos agrários é bastante fraca,
devido à limitada rede de infra-estruturas básicas (vias de acesso, armazenagem, industrias de
Suzete das Dores Mário Trabalho de licenciatura em economia agrária 2
Estudo do contributo da agricultura do sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico do distrito de
homoíne, localidade de Chindjinguir
processamento), assim, a pouca produção dos pequenos agricultores, acaba por se deteriorar nas
zonas de produção e por outro lado agravam-se os custos de transporte para o escoamento dos
produtos das zonas excedentárias para as deficitárias e consequentemente o acesso aos alimentos
é reduzido.
Não obstante, o estudo revela-se também importante visto que enquadra-se dentro das
abordagens que dominam actualidade sobre o desenvolvimento rural e visa realizar um
diagnóstico de forma a possibilitar a identificação do contributo da agricultura do sector familiar
para o desenvolvimento socioecónomico local.
1.4. Objectivos
Geral:
Estudar o contributo da agricultura do sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico
da localidade de Chindjinguir.
Específico:
2.1. Conceitualização
Agricultura do sector familiar é tida como toda aquela unidade que tem na agricultura sua
principal fonte de renda e que tem como base da força de trabalho empregada os membros da
família. Segundo esses autores, é permitido o emprego de terceiros temporariamente, quando a
actividade agrícola assim necessitar (BITTENCOURT & BIANCHINI, 1996).
Agregado familiar e comunidade local é um grupo de pessoas ligadas ou não por laços
consanguíneos, comem em conjunto e tem como regra, um chefe que pode ser homem ou
mulher. Enquanto a comunidade local, é definida como sendo, o agrupamento de famílias e
indivíduos, vivendo numa circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a
salvaguardar os interesses comuns através da protecção de áreas agrícolas, sejam cultivadas ou
em pousio, florestas, sítios de importância cultural, pastagens, fontes de água, áreas de caça e de
expansão (MFS-CIS, 1996).
Emprego é o uso do factor de produção por uma empresa. Estritamente, é a função, o cargo ou a
ocupação remunerada exercida por uma pessoa. O nível de emprego consiste na relação entre
aqueles que podem e desejam trabalhar e os que efectivamente o conseguem, isto é, aqueles que,
em tese, são necessários para criar o produto social (SANDRONI, 1999).
Desenvolvimento rural é o processo de melhorias das condições de vida, trabalho, lazer e bem-
estar das pessoas que habitam nas áreas rurais (EDR, 2007).
Fertilizantes ou adubos são qualquer tipo de substância aplicada ao solo ou tecidos vegetais
para prover nutrientes essenciais ao crescimento das plantas (FONSECA, 2010).
Rotação de culturas consiste na alternância de várias culturas na mesma área, durante os anos
agrícolas, de acordo com um plano previamente definido (ARF E BOLONHEZI, 2012).
Policultura é uma prática cultural que permite produzir na mesma machamba e no mesmo
período ou uma parte do ciclo mais de uma cultura (FONSECA, 2010).
Pragas são organismos que reduzem a produção das culturas ao atacá-las, serem transmissores
de doenças (principalmente viroses) e reduzirem a qualidade dos produtos agrícolas (PICANÇO,
2010).
Insecticidas são produtos químicos largamente utilizados no controle de pragas, quer de forma
isolada ou em programas de manejo integrado e a escolha do mesmo deve levar em consideração
não apenas a sua eficácia assim como aspectos ligados a selectividade aos inimigos naturais das
pragas, toxidade ao homem e animais, resistência das pragas, persistência no meio ambiente e o
custo do produto (CARRARO, 1997).
Extensão Rural é tida como sendo a arte de interagir tecnicamente junto aos produtores rurais, a
partir do conhecimento da realidade em todos os níveis, na incessante busca de combinar saber
científico com o saber popular, visando o aumento da produção, produtividade e consequente
aumento da renda que levará a melhoria das condições de vida da família rural, sem agressão ao
meio ambiente (GÊMO, 2006).
Segundo o Censo Agro-pecuário de 2006, no Brasil foram identificados mais de quatro milhões e
360 mil estabelecimentos da agricultura familiar, o que representa 84,4% dos estabelecimentos
rurais brasileiros. Quanto à mão-de-obra empregada nesses estabelecimentos, de acordo com o
Censo há 12,3 milhões de pessoas trabalhando na agricultura familiar, o que corresponde a
74,4% do pessoal ocupado no total dos estabelecimentos agro-pecuários (IBGE, 2006). No
entanto, ao contrário do que acontece nos países de capitalismo avançado, no qual o Estado
exerce um papel de manutenção da agricultura do sector familiar, por meio de políticas que
garantam não só sua renda como também melhores condições de vida (ABRAMOVAY, 1998),
no Brasil poucas políticas públicas têm sido orientadas para essa realidade.
Assim, de acordo com MULLER (2007) existe uma complementaridade entre os papéis
exercidos pela agricultura do sector familiar e o Estado”. A agricultura do sector familiar
desempenha, portanto, uma importante função estratégica nos países capitalistas avançados, pois
à medida que produz alimento a baixo custo, permite o processo de transferência intersectorial de
renda, no qual beneficiam não só aqueles sectores que lidam com a compra dos produtos
agrícolas e a venda de insumos agrícolas e máquinas, como também o conjunto do sistema
económico.
ABRAMOVAY (1998) explica que essa questão ocorre devido a capacidade que a agricultura do
sector familiar tem para baixar o custo de produção dos alimentos com a adopção de novas
tecnologias no seu processo produtivo. Segundo o autor, a inovação tecnológica, a princípio,
utilizada por uma pequena parcela dos agricultores, fazem os custos da produção caírem, mas a
medida que está inovação passa a ser utilizada por grande parte dos agricultores eleva-se a oferta
do produto, que consequentemente acaba por baixar o preço da mercadoria, reduzindo dessa
forma, ou até mesmo eliminando, o lucro que obteve com o uso daquela inovação tecnológica. E
nesse processo vê-se a importância do Estado assumir a função simultânea de controlo da renda
agrícola, para manutenção de um piso mínimo, e o controle sobre os preços alimentares.
Segundo dados estatísticos recentemente publicados pelo Instituto Nacional de Estatística a taxa
média de analfabetismo entre a população adulta do país situa-se à volta de 53.6%, sendo mais
elevada nas zonas rurais (65.7%) do que urbanas (30.3%) e mais saliente nas mulheres (68%) do
que nos homens (36.7%). Num país com a dimensão e a diversidade de Moçambique, não é de
estranhar a existência de discrepâncias entre diferentes regiões ﴾MINAG,2012﴿.
Mais de 70% da população vivem em áreas rurais, metade da população está na faixa etária de
15- 35 anos e a maioria é do sexo feminino. A participação activa de mulheres e homens no
desenvolvimento agrário de Moçambique é portanto, fundamental para um desenvolvimento
sustentável, efectivo e baseado na igualdade de direitos e deveres. Quanto ao Género e a
produção na agricultura familiar, a divisão sexual do trabalho reafirma a condição da mulher de
ajudante e responsável pelos serviços domésticos enquanto ao homem cabe o papel de chefe da
família. Um dos pontos principais dessa relação desigual e assimétrica é a compreensão das
relações sociais de gênero, que no mundo rural, representa a precarização do trabalho da mulher
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Estudo do contributo da agricultura do sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico do distrito de
homoíne, localidade de Chindjinguir
agricultora. A divisão sexual do trabalho não pode ser explicada ou elucidada sem que se recorra
à relação entre os homens e as mulheres no universo doméstico (HIRATA, 2009).
Quanto aos meios de produção o autor refere que apenas cerca de 11% dos agricultores
familiares usam rega dentro das pequenas explorações; em termos do uso de insumos, somente
3.7% das pequenas explorações na agricultura familiar, é caracterizada pelo uso da mão-de-obra
familiar (LIBERMAN, 1998). As áreas das machambas são, em média de 1,4 há, limpas
manualmente usando o machado, catana e enxada que constituem os principais instrumentos de
produção das famílias rurais em Moçambique ﴾GOVM, 1998﴿.
Em Moçambique existem mais de 36 milhões de hectares de terra arável, dos quais apenas 10%
em uso e 90% destes pelo sector familiar que cultiva uma área média abaixo de 2ha. 3,3 Milhões
de hectares são potencialmente irrigáveis, mas apenas 3% estão efectivamente a beneficiar de um
sistema de irrigação. A produção agrária assenta em cerca de 98% de pequenas explorações
(MINAG, 2012). Estas explorações são responsáveis por 95% do total da produção agrícola,
enquanto os restantes 5% são atribuídos a cerca de 400 agricultores comerciais, que se
concentram nas culturas de rendimento e de exportação (cana de açúcar, tabaco, chá, citrinos e
pecuária).
Em todo o país os níveis de produção e de produtividade agrária são baixos, além de que não há
condições de conservação de produtos, e a rede de processamento, distribuição e comercialização
de produtos agrários é bastante fraca, devido à limitada rede de infra-estruturas básicas (vias de
acesso, armazenagem, industrias de processamento), assim, a pouca produção dos pequenos
agricultores, acaba por se deteriorar nas zonas de produção e por outro lado agravam-se os custos
de transporte para o escoamento dos produtos das zonas excedentárias para as deficitárias e
consequentemente o acesso aos alimentos é reduzido (TOSTÃO & BRORSEN, 2004).
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Estudo do contributo da agricultura do sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico do distrito de
homoíne, localidade de Chindjinguir
O autor citado acrescenta que a agricultura familiar cria excedentes produtivos e poupança para
permitir a transformação estrutural da agricultura e da economia no sentido da industrialização.
Esta transformação pressupõe a transferência de recursos da agricultura para o conjunto da
economia e do meio rural para as cidades, tendo como base o aumento da produtividade que
permite a passagem dos factores de trabalho e capital para sectores mencionados sem gerar crises
alimentares e empobrecimento da agricultura rural.
De acordo com o mesmo autor, para além do contributo de natureza económico existem outros
como seja a disponibilização de uma alimentação equilibrada, o aumento da produção e
produtividade agrícola que se realiza com a participação de mais de 70% da população e que
constitui a principal fonte de rendimento familiar que contribui para a criação de riqueza numa
base social alargada.
Por seu turno, USAID (2008) no seu artigo “Investimento privado no sector da agricultura em
Moçambique”, refere que em Moçambique a agricultura desempenha um papel importante no
âmbito do combate à pobreza, na geração de emprego rural e contribui para a segurança
alimentar familiar e nutricional. Ela representa em termos económicos, 25% do PIB e 80% das
exportações. Além disso, a nível do país cerca de dois terços da força de trabalho encontra-se
neste sector, ocupando cerca de 90% das mulheres activas e 70% dos homens activos.
Por outro lado, o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA, 2011-2020)
trouxe uma nova concepção sobre o papel da agricultura para o processo de desenvolvimento
sócio-económico onde, espera-se que a agricultura nacional exercerá também o papel de fonte de
expansão de mercado competitivo especialmente com respeito ao desenvolvimento de
tecnologias para a redução de custos de produção e aumento da rentabilidade. Este documento
assenta em 4 pilares, a saber:
3. Uso sustentável dos recursos naturais - Terra, água, Florestas e Fauna Bravia.
Segundo o MINAG (2011), pretende-se com a estratégia do PEDSA, que a agricultura cresça,
em média, pelo menos 7% ao ano. As fontes de crescimento serão a produtividade (ton/ha)
combinada com o aumento da área cultivada, perspectivando duplicar os rendimentos em
culturas prioritárias e aumentar em 25% a área cultivada de produtos alimentares básicos até
2020, garantindo a sustentabilidade dos recursos naturais. A realidade no país contrasta com esta
ambição visto que o potencial agrícola não é devidamente convertido na geração de receitas e na
criação de emprego de modo tangível
III. METODOLOGIA
3.1. Descrição da área de estudo1
A superfície1 do distrito é de 1.921 km2 e a sua população está estimada em 122 mil habitantes à
data de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 63,3 habitantes por km2. A
estrutura etária do distrito reflecte uma relação de dependência económica de 1:0.9. Com uma
população jovem (47%), abaixo dos 15 anos), tem um índice de masculinidade de 80% (por cada
1
Secção baseada no perfil do distrito de Homoíne, MAE (2014).
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Estudo do contributo da agricultura do sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico do distrito de
homoíne, localidade de Chindjinguir
100 pessoas do sexo feminino existem 80 do masculino) e uma taxa de urbanização de 7%,
concentrada na Vila de Homoíne e zonas periféricas de matriz semi-urbana.
Clima e hidrologia
O clima do distrito é dominado por zonas do tipo tropical seco-árido, com uma precipitação
média anual na ordem dos 880 mm. O distrito é banhado pelos rios Domo-Domo, Nhanombe,
Nhalihave e alguns cursos de água que nascem no distrito, e tem duas lagoas: Pembe e Nhavarre.
A vegetação é típica de clima tropical, predominando a vegetação de savana, destacando-se uma
cobertura de coqueiros na zona sul, nomeadamente nas localidades de Manhiça, Chindjinguir,
Golo e Inhamússua.
Relevo e solos
À semelhança do relevo da zona sul de Moçambique, o distrito de Homoíne é
predominantemente de planícies. Apresenta uma vegetação de Savanas, destacando-se uma
cobertura de coqueiros na zona sul (localidades de Manhica, Chindjinguir, Golo e Inhamússua),
uma cobertura de Messassa (Brachystegia spiciformis) e de Messassa encarnada (Julbernadia
globiflora).
Infra-estruturas
A rede de estradas é composta por 246 km de estradas maioritariamente de terra batida. Em
termos de telecomunicações, o acesso a fontes de água potável no distrito de Homoíne constitui
um dos maiores problemas com que as populações se debatem. O Distrito está ligado a Rede
Nacional de Energia Eléctrica, possuindo 885 ligações das quais 1 de Média Tensão e 854 de
Baixa Tensão nas Localidades de Manhiça, Inhamússua, Chindjinguir. O distrito do Homoíne
possui as seguintes Instituições de Ensino: 47 EP1, 27 EPC (EP1 e EP2), 2 Escolas Secundárias,
2 ETPV, 1 IFP e 13 Unidades de AEA. Está servido por 11 unidades sanitárias.
Economia e Serviços
De um modo geral, a agricultura é praticada em sequeiro e manualmente em pequenas
explorações familiares em regime de consociação de culturas com base em variedades locais,
nomeadamente o milho, a mandioca, o feijão nhemba, o amendoim, a batata-doce, o arroz, a
mapira e o feijão manteiga. A irregularidade da precipitação, a grande vulnerabilidade às
calamidades naturais condiciona o potencial de produção agrícola às áreas irrigadas existentes,
Para o presente trabalho foi usado o método de amostragem estratificada, usando como estratos:
Género, idade, nível de escolaridade, estado civil. Esta tem maior facilidade na obtenção de
amostra permitindo generalizar os resultados, garante a representatividade, elimina erros de
estrato. A amostragem estratificada consiste em se especificar quantos itens da amostra serão
retirados de cada estrato
usa-se 10% se estiver no intervalo de 100-500 e 5% se for superior a 500. Assim considerando o
critério acima foi possível determinar o número da população abrangida pelo estudo e assim
teremos:
n=N*P
Assim sendo, de uma população de 3.377 famílias foi extraída uma amostra de 169 famílias
distribuídos em cinco povoados nomeadamente: Nguilazi 32, Mubalo 39, Macavani 28,
Manhaussane 36, Lichlanga 34.
a) Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica consistiu na obtenção de dados relacionados ao tema, através de
pesquisa em diversas bibliografias, concretamente livros, manuais, artigos, relatórios e trabalhos
científicos referentes ao tema. Estas obras foram consultadas em bibliotecas físicas e virtuais,
que permitiu a obtenção de uma base teórica para a formulação do problema e familiarização
com o tema de estudo.
b) Observação directa
A observação directa, através da deslocação ao campo de estudo, permitiu a observação do
desenrolar da actividade agrícola do sector familiar, foi realizada durante o período de pesquisa,
o que possibilitou a obtenção de informações gerais e realísticas a cerca da agricultura do sector
familiar e o seu contributo.
c) Entrevista estruturada
A entrevista estruturada desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem de
redacção permanece invariável para todos entrevistados (GIL, 2008). Para o presente trabalho a
Suzete das Dores Mário Trabalho de licenciatura em economia agrária 15
Estudo do contributo da agricultura do sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico do distrito de
homoíne, localidade de Chindjinguir
escolha desta técnica deve-se ao facto de possibilitar a obtenção de dados susceptíveis a uma
análise estatística através da classificação e quantificação visto que as respostas são
padronizadas. Por outro lado, permitirá a exploração profunda e precisa do tema em estudo, a
medida que serão feitas perguntas fechadas aos agricultores familiares da localidade de
chindjinguir.
Para o presente trabalho, o método quantitativo permitiu agregar a informação sobre o número
dos postos de emprego criados no âmbito da agricultura familiar, rendimento obtido pela
comercialização dos excedentes agrícolas bem como construção de tabelas de frequência de
modo a facilitar a interpretação dos resultados. E, o qualitativo serviu como um método
interpretativo das informações organizadas com base no método quantitativo.
i. Género
O gráfico 1 abaixo ilustra a situação em termos de género dos 169 produtores entrevistados da
localidade de Chindjinguir, dos quais 111 o correspondente 66% é a parcela das mulheres, e 58 o
correspondente 34% é a parcela dos homens. Portanto, observou-se maior número de mulheres
em relação aos homens, resultante do êxodo rural praticado maioritariamente pelos homens a
procura de melhores condições de vida para suas famílias.
ii. Idade
De acordo com o gráfico 2 na página a seguir, a idade dos produtores entrevistados está dividida
em 5 intervalos, nomeadamente: No intervalo de 11 a 20 anos com 5 produtores, de 21 a 30 anos
com 44 produtores, de 31 a 40 anos com 67 produtores, de 41 a 50 anos temos 42 produtores, e
finalmente mais de 50 temos 11 produtores.
De acordo com o gráfico a baixo, observa-se que dos 169 entrevistados, 141 produtores o
correspondente a 83% são casados, porque na zona rural o casamento é que dita o prestígio da
pessoa, 6 produtores o correspondente a 4% são viúvos, 22 produtores correspondentes a 13%
são divorciados isto porque enquanto os seus parceiros procuram melhores condições de vida nas
cidades as suas relações se deterioram, não foi identificado nenhum solteiro.
De acordo com gráfico abaixo, observa-se com clareza que dos 169 entrevistados 18 o
correspondente a 11%, não são escolarizados pois são de famílias mais carenciadas, 113
produtores o correspondente a 67%, tem o nível primário isto porque no meio rural o nível que
se ministra é primário, 38 produtores o correspondente a 22%, tem nível Básico básico porque
poucos é que conseguem sair dos seus povoados a sede do distrito onde se leciona este nível.
4.2. Descrição das técnicas agrícolas aplicadas pelos agricultores do sector familiar
Os dados da tabela 1 mostram que dos 169 agricultores entrevistados, 60% agricultores utilizam
instrumentos rudimentares (enxadas, catanas e machados), contra 40% que utiliza a tracção
animal. Quanto ao uso de adubos, somente 10% é que utiliza o adubo na base de nitrogénio,
fósforo e potássio (NPK) e Ureia como fertilizantes para as hortícolas e os restantes 90% não
utilizam nenhum fertilizante ou adubo e, em relação ao uso de insecticida utilizam forte e
cipermitrina na mesma ordem percentual, de acordo com os dados observa-se claramente que há
baixo uso de tracção animal e de adubos pelos agricultores do sector familiar de chindjinguir,
isto devido falta de recursos financeiros para aquisição das juntas de bois e as respectivas
charruas, bem como para aquisição de adubos, fertilizantes e outros agro-tóxicos essenciais
(pesticidas para combate a pragas e doenças nas culturas) para a produção agrícola.
No que diz respeito a sementeira e plantação é importante referir que a sementeira é usada nas
seguintes culturas: Milho, amendoim, arroz, feijão nhemba enquanto a plantação é usada nas
culturas de batata-doce, mandioca e o transplante para as hortícolas. Quanto a rega, 10% aplica a
rega localizada com recurso a regadores manuais nas hortícolas com vista a aproveitar a água do
rio nhanombe porque geralmente as hortícolas são produzidas nas proximidades do rio e o resto
das culturas depende das chuvas. Quanto a colheita, é totalmente realizada manualmente, e
quanto aos tratos pós-colheita, não obedecem padrões técnicos, e a conservação é em sacos de
100kg e garrafões de 5 litros facto justificado pela falta de recursos financeiros para aquisição de
conservantes e a ausência de infraestrutura de armazenamento.
Por outro lado, RAFFI E TAYSSIER (1998) refere que agricultura do sector familiar não utiliza
factores de produção melhorados ﴾adubos, pesticidas, sementes), porque a pobreza das famílias e
a indisponibilidade dos mesmos nas zonas rurais limita o acesso. O uso de meios de produção de
baixa tecnologia que caracteriza a agricultura familiar moçambicana reflete-se nos baixos níveis
de rendimentos.
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Estudo do contributo da agricultura do sector familiar para o desenvolvimento socioeconómico do distrito de
homoíne, localidade de Chindjinguir
2,5 hectare, contra 24,3% que consegue produzir entre 3 a 5 toneladas, 13% produz entre 6 a 8
toneladas, 11,2% produz cerca de 9 a 11 toneladas e os restantes 6,5% consegue produzir mais
de 12 toneladas.
4.4.2. Actividades realizadas com base nos rendimentos obtidos pela comercialização de
produtos agrícolas
De acordo com os entrevistados 98% custeiam despesas escolares e o restante 2% não custeiam
esta despesa porque os seus filhos ainda não têm idade, 100% custeiam despesas com assistência
médica e medicamentosa. No tocante a acesso a informação 30 produtores correspondentes a
18% compraram rádio, aos outros 139 não compraram porque tem outras prioridades e quanto a
construção e / renovação de residências, 100% constroem e renovam suas residências.
Importa referir que as famílias que os excedentes agrícolas somente conseguem satisfazer as
necessidades alimentares durante um trimestre (3 meses) são na sua maioria chefiadas por idosos
que praticam agricultura para o seu auto-sustento e sustentar os seus dependentes.
De acordo com os resultados alcançados nota-se claramente que, apesar dos baixos níveis de
produção agrícola global alcançados na localidade de Chindjinguir, ela tem um impacto positivo
na vida das famílias rurais da localidade, visto que contribui para a geração de renda, emprego e
na disponibilidade e acesso aos alimentos, indo ao encontro dos exposto pela USAID (2008) ao
referir que em Moçambique a agricultura desempenha um papel importante no âmbito do
combate à pobreza, na geração de emprego rural, renda e contribui para a segurança alimentar
familiar e nutricional. Por seu turno, MOSCA (2014) refere que a agricultura do sector familiar
contribui para assegurar os níveis ajustados de disponibilidade e acesso de alimentos e aumentar
o rendimento das famílias.
V. CONCLUSÃO E RECOMENDACÕES
5.1. Conclusão
Segundo o estudo conclui -se que em termos das características dos produtores da localidade de
Chindjinguir, 66% são mulheres em relação a 34% dos homens. 67% tem apenas o nível
primário e 22% tem nível básico.
No que tange a descrição das técnicas de produção agrícola aplicadas pelos agricultores, os
dados mostram que 60% dos agricultores utilizam instrumentos rudimentares (enxadas, catanas e
machados) para a prática da agricultura e somente 40% usa tração animal. De acordo com os
entrevistados 60% da produção é destinada ao consumo familiar e somente 40% é canalizada
para o mercado. Quanto aos meios de produção, constatou-se que nenhum agricultor usa sistema
de rega, dependendo das chuvas.
Em termos de níveis de produção obtidos pelos agricultores do sector familiar, 85% da produção
global da localidade de Chindjinguir é de tubérculos e os restantes 15% estão divididos, 7% em
cereais, 4% em hortícolas e 4% em legumes.
Contudo, conclui-se que a agricultura do sector familiar contribui para geração de Renda,
emprego e garante a disponibilidade e acesso aos alimentos e por via disso possibilita o
Desenvolvimento socioeconómico da localidade de Chindjinguir, distrito de Homoíne.
5.2. Recomendações.
ARF, O. & BOLONHEZI, A.C. ﴾2012﴿ Apostila de agricultura geral: Tecnologia de alimentos e
sócio economia. Ilha solteira.
GIL, A. C. ﴾2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6.ed. São Paulo: Atlas S.A.
LIBERMAN, G. ﴾1998﴿. Vida nas Zonas Rurais. Situação das mulheres camponesas em
Moçambique. Maputo.
MARCONI, M. de A.& LAKATOS, E.M. ﴾1999) Metodologia cientifica. 2. ed. revista ampliada
são Paulo: Atlas S.A.
MFS-CIS, ﴾1996﴿. Inquérito de segurança Alimentar, Maputo: Médicos sem fronteiras- CIS/
Ministério de Agricultura e pesca.
MICOA, 2010 ﴾ Ministério para Coordenação da Acão Ambiental﴿: Plano de Acão De Combate
a Seca e Desertificação.
MINAG (2010). Plano estratégico para o desenvolvimento do sector agrário 2010-2019: Por um
sector agrário integrado, próspero, competitivo e sustentável.
MULLER, A.L. (2007) A construção das Politicas para Agricultura Familiar: O caso da
aquisição de Alimentos. Porto Alegre.
NODA,﴾2006). Agricultura familiar na Amazônia, Segurança Alimentar e Agroecologia.
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Pesquisa em Ciências
Agro económicas.
ORAM & ROSA, 2010 ﴾Organizações de ajuda mútua e Rede das organizações para segurança
alimentar). O Impacto da política Agrária em Moçambique.
PARPA I, ﴾2001﴿. ﴾Plano de Ação para a redução da pobreza absoluta﴿ 2001-2005: Pobreza.
Ministério da Administração Estatal. Perfil do distrito, Direcção Nacional da Administração
Local, 2014.
SAMUELSON, P. (1995) Introdução à Análise Econômica. 8.ed. Rio de Janeiro: Agir. v.1 e 2.
VALE, C. T. & COSSA, N. (2004). Uma abordagem para redução da pobreza na africa
subsahariana. Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA).Nigéria: Ibadan.
I
Questionário
1. Localização Geográfica
1.1.Província______________________
1.2.Distrito ________________________
1.3.Posto Administrativo__________________
1.4.Localidade ______________________
1.5.Bairro﴾ Povoado﴿__________________
2. Identificação
2.1.
Nome______________________________________________________________________
2.2.Sexo: Masculino…Femenino…
2.3. Idade: 0-10 Anos____; 11-20Anos_____; 21-30Anos_____; 31-40 Anos_____; 41-50
Anos____.
2.4. Estado civil: Solteiro/a_____; Casado/a_____; Viúvo/a______; Divorciado/a______.
2.5 Nível de escolaridade: Não escolarizado___ Primário____; Básico____; Médio____;
Superior______.
II
3.4 Técnica de conservação pós colheita: Armazenam em cilos____ sacos____celeiros____
bacias___garrafões____.
III
5. Analisar o contributo da agricultura familiar
5.1. Qual é o destino do produto obtido? Consumo____;Venda____; Consumo e venda____;
5.2.Qual é o destino do rendimento obtido pela venda do produto?
Assistência médica e medicamentosa_____; Compra de insumos; Utensílios domésticos____;
Reabilitação de residências____;Construção de residências____; Compra de rádios____;
TV____; Painel solar____;Abertura de estabelecimentos comerciais____; Contratação de mão-
de-obra____.
5.3. Tipo de mão-de-obra: Permanente____Sazonal____.
5.4. Quantos trabalhadores consegue contratar? No mínimo ____; No máximo ____;
5.5. Em que período é que contrata? Na sementeira ____; Sacha ____; Colheita ____;
5.6. Qual o rendimento obtido pela comercialização dos produtos agrícolas? Mínimo ____;
Máximo ____;
5.7. Por quanto tempo consegue se alimentar da sua produção? 1 a 3 meses____3 a 6 meses____
6 a mais____.
IV