Por Que Pensar Interdisciplinaridade Com
Por Que Pensar Interdisciplinaridade Com
Por Que Pensar Interdisciplinaridade Com
número 03
Qual interdisciplinaridade
queremos?
Novas agendas científicas para
sociedades em transformação
Conselho Deliberativo: Ana Lucia Lage (UFBA) | Christian Luiz da Silva (UTFPR)
Cidoval Morais de Souza (UNITAL) | Daniela Manica (UNICAMP) | Fabrício Neves (UnB)
Fernanda Sobral (UnB) | Henrique Luiz Cukierman (UFRJ) | Ivan da Costa Marques (UFRJ)
Lorena Fleury (UFRGS) | Julia Guivant (UFSC) | Márcia Regina Barros da Silva (USP)
Raoni Rajão (UFMG) | Thales Haddad Novaes Andrade (UFSCAR)
EXPEDIENTE DO BOLETIM
O boletim CTS em foco, número 03, propõe fomentar este debate estratégico
na presente conjuntura de pandemia e de sérios problemas associados tanto à
economia mundial quanto às formas de estruturação política e social em trans-
formação.
A escolha desse tema ocasionou enorme oferta de artigos, o que nos fez optar
por não publicar entrevista neste número. Os 22 artigos presentes no terceiro
Boletim apresentam uma ampla variedade de abordagens e assuntos, que opta-
mos por agrupar em duas partes, uma mais teórico-conceitual e outra de expe-
riências e aplicações da interdisciplinaridade em instituições, práticas e contex-
tos localizados.
Convidamos os leitores do Boletim CTS em foco a participar desses debates conosco, acom-
panhando as discussões sobre a conjuntura que vivemos e a busca de instrumentos para
entender um mundo cada vez mais fragmentado, em que os laços de solidariedade se dis-
solvem na grande arena do mercado e no qual a sustentabilidade aparece cada vez mais
distante. Acreditamos que uma forma efetiva de evitar os males do negacionismo e da de-
sinformação é o estabelecimento de um debate público e informado em temas essenciais
ao nosso bem-estar coletivo.
maíra baumgarten
Presidente da ESOCITE.BR
sumário
parte 1
parte 2
“[cuidado é] um processo: não tem fronteiras claras. Ele está 1. Cíntia Engel é doutora em
antropologia social pela UnB
em aberto. Não é uma questão de tamanho; não significa que o
e mestra em sociologia pela
processo do cuidado é maior, que engloba mais coisas do que mesma universidade. É vinculada
ao Coletivo de Antropologia
os artefatos e atividades que são parte dele. Ao contrário, é uma
e Saúde Coletiva (CASCA)
questão de tempo. Porque o cuidado não é um produto (grande e estuda demências, cuidado,
medicamentos e biomedicina.
ou pequeno) que vai mudando de mãos, mas é uma questão de
várias mãos trabalhando juntas (ao longo do tempo) na direção 2. Helena Fietz é doutora em
antropologia social pela UFRGS
de um resultado.” (MOL, 2008, p. 18). e pesquisadora vinculada ao
Grupo de Pesquisa Ciências na
Vida (UFRGS) e Grupo de Estudos
Pensar sobre o cuidado não foi o ponto de partida de nossas trajetórias em Antropologia e Deficiência/
de pesquisa junto a famílias de adultos com deficiência intelectual, GEAD (UFRGS).
Bella Casa (2017) propõe que pensemos com cuidado. Pensar e produzir
com envolve levar a sério as práticas e mundos propostos por diferen-
tes projetos de cuidado, não ansiar representá-los, mas se engajar com
as criações materiais desses projetos. Envolve, ainda, “discordar-entre”
(dissenting-within), o que significa formular críticas e acolher perspec-
tivas críticas em um diálogo interno. Conflitos transformam. O apren-
dizado pelo dissenso, mesmo entre aqueles que “se importam” com o
“melhor cuidado possível” é um tipo de ontologia política – uma forma
de pensar com cuidado. Apostamos que isso pode auxiliar-nos e a ou-
tras pesquisadoras imersas no campo a discutir os termos da interdisci-
plinaridade que queremos/podemos manejar ao participar da criação
de produtos de cuidado e se engajar de suas consequências materiais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELLA CASA, Maria Puig de la. Matters of Care: Speculative Ethics in More
than Human Worlds. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2017.
MOL, Annemarie. The Logic of Care: Health and the Problem of Patient Choice.
New York: Routledge, 2008.
Resumo: Mediante os desafios de comunicação entre a comunidade científica, 1. Maria Aparecida dos Santos
é psicóloga, doutora em
no decorrer da pandemia de COVID-19, a gamificação com apoio de designers, Psicologia pela UFF (Universidade
arte e educadores foi apresentada como vídeo narrado em trabalhos de Estudos Federal Fluminense), mestre
em Psicologia Social pela UERJ
CT&S, em uma proposta inovadora. (Universidade Estadual do Rio
de Janeiro). Desde 2010 iniciou
Palavras-chave: Teoria do Ator-REDE, gamificação, comunicação. os estudos sobre a Teoria do
Ator-REDE e Estudos CT&S. Nos
últimos oito anos, vem atuando
Abstract: Faced with the communication challenges among the scientific com- como pesquisadora, assistente
na FIOCRUZ, apoiando pesquisas
munity during the course of the COVID-19 pandemic, we presented a narrated que tenham como metodologia
video in CT&S Studies papers, in an innovative gamification proposal with inter- a Teoria do Ator-REDE.