Apostila CC 1 Unid - Profa Andressa
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CURSO DE ENFERMAGEM
UP: Enfermagem na atenção aos riscos e agravos à saúde da criança e do adolescente.
Profª. Andressa Fernandes
O Centro Cirúrgico (CC) pode ser considerado uma das unidades mais
complexas do hospital pela sua especificidade, presença constante de estresse e a
possibilidade de riscos à saúde a que os pacientes estão sujeitos ao serem submetidos
à intervenção cirúrgica.
A portaria 400 (BRASIL, 1977) definiu CC como um conjunto de elementos
destinados às atividades cirúrgicas, bem como à Recuperação Anestésica, e pode ser
considerado uma organização complexa devido às suas características e assistência
especializada. Portanto, o CC é constituído de um conjunto de áreas e instalações que
permite efetuar a cirurgia nas melhores condições de segurança para o paciente, e de
conforto para a equipe que o assiste.
Os primeiros centros cirúrgicos surgiram atrelados à história e evolução da
medicina e cirurgia. Na antiguidade o corpo humano era considerado, em toda a sua
complexidade, uma incógnita pelos cirurgiões, levando-os a adotar o tratamento
clínico como forma no processo de cura, pois os médicos eram temerosos em operar
seus doentes. Os cirurgiões geralmente não passavam por uma academia, mas por
uma educação prática, por um aprendizado não-universitário.
Embora a arte cirúrgica não tenha sofrido revoluções até o século XIX, a cirurgia
é quase tão velha quanto a humanidade. Na antiguidade e durante a Idade Média, os
cirurgiões realizavam numerosos procedimentos paliativos, tais como lancetar
furúnculos ou curativos em feridas externas de tumores de mama, localizados em
áreas corpóreas em que não era necessária a abertura da cavidade. Tipicamente
lidavam com o exterior e as extremidades. Evitavam o abdome e outras cavidades do
corpo, assim como o sistema nervoso central. As cirurgias eram realizadas,
indistintamente, em qualquer local, como nos campos de batalha, nas casas de
cirurgiões ou debaixo do convés dos navios de guerra, sem nenhuma preocupação com
as condições de assepsia.
De maneira geral, quando o tratamento cirúrgico se tornava inevitável e aos
cirurgiões não restava outra opção se não tentar, por meio de operações, livrar os seus
pacientes do sofrimento que os afligiam, enfrentavam os três grandes desafios da
cirurgia, que eram a dor, a hemorragia e a infecção.
A anestesia não era totalmente uma novidade, e a medicina sempre usou, é
claro, certos analgésicos. As antigas sociedades estavam a par do poder redutor da dor
com a utilização do ópio, do haxixe ou da maconha indiana e do álcool. Por volta de
1731, foi criada a Real Academia de Cirurgia, e doze anos depois Luís XV dissolveu a
ligação entre os cirurgiões e os barbeiros. Definitivamente essa ligação foi extinta em
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1768, na convenção dos cirurgiões treinados por aprendizagem prática. Depois disso,
os cirurgiões começaram a competir em status com os médicos, pregando que a
cirurgia não era uma mera arte manual, e sim um braço experimental da medicina,
tornando-se o mais progressista.
O primeiro passo para a anestesia geral foi dado por Joseph Priestley, ao
descobrir o oxido nitroso (N2O) em 1772. Coube ao Humphry Davy, um aprendiz de
farmácia, na pequena cidade de Penzance, na Inglaterra, em 1796, experimentar os
efeitos da inalação do NO2.
Ele verificou que o gás produzia uma sensação agradável, acompanhada de um
desejo incontido de rir. Em um de seus escritos, intitulado vapores medicinais, sugeriu
o emprego do N2O em cirurgia, já que o gás hilariante parecia possuir a propriedade
de acalmar as dores físicas, seria recomendável emprega-lo contra as dores cirúrgicas.
A medicina oficial não tomou conhecimento da sugestão.
A cauterização utilizando óleo fervente ou ferro em brasa permaneceu como
melhor meio para estancar a hemorragia até o século XVIII, embora drogas
adstringentes e compressão com bandagens fossem testadas como alternativas.
Ligadura vascular foi preconizada por Ambroise Paré, grande cirurgião-barbeiro,
francês, do século XVI.
Em 1824, o inglês Henry Hill Hickman publicou pela primeira vez um caso de
operação sem dor pelo uso de gás, relato que não foi recebido com muito entusiasmo.
Em 1842, o modesto médico rural, Crawford Long, iniciou a anestesia cirúrgica, porém
só publicou em 1849, quando o fato já não era mais novidade. Em 1848, Ignaz Filipe
Semmelweis, trabalhando na clínica obstétrica do hospital geral de Viena, descobre a
causa da mortalidade pela febre puerperal. Ele instituiu, a partir de 15 de maio de
1847, uma política rigorosa de lavagens das mãos e dos instrumentos em solução de
cal clorada, entre o trabalho de autópsia e o cuidado com os pacientes. Ele desvendara
o segredo da transmissão dos germes infecciosos, por meio das mãos e de
instrumentos dos médicos e cirurgiões, revelação que seria três decênios depois o
sucesso da assepsia.
À medida que a técnica cirúrgica foi se desenvolvendo, em conseqüência da
descoberta dos procedimentos anestésicos, da hemostasia e da assepsia cirúrgica, o
acesso aos órgãos não era mais possível ser realizado, apenas com as mãos.
O século da cirurgia moderna, sem dúvida, começou no ano de 1846, na sala de
operações do Hospital de Massachusetts, em Boston. No dia 16 de outubro do mesmo
ano, o paciente Gilbet Abbot foi submetido ao procedimento cirúrgico, com duração
de 25 minutos, para remoção de um tumor no pescoço, pelo cirurgião John Collins
Warren e o anestesiologista William Thomas Morton. Portanto, nesse dia surgiu à luz
do mundo a narcose, a anestesia da dor, mediante a inalação de gases químicos. A
cena deixou de ser documentada fotografada porque o fotógrafo sentiu-se mal ao
presenciar o ato cirúrgico, porém foi posteriormente imortalizada em um quadro do
pintor Robert C. Hinckley, em 1882.
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A unidade de bloco operatório é uma das mais importantes do hospital, sendo uma
das que atrai mais atenção pela evidência dos resultados obtidos com os
procedimentos cirúrgicos, bem como pela dramaticidade das operações, pela sua
importância demonstrativa e didática e, principalmente, pela decisiva ação curativa da
cirurgia propriamente dita. Sua importância é devido:
A localização ideal do CC, no contexto hospitalar, deve ser a mais próxima das
unidades de internação, do Pronto-Socorro e da Unidade de Terapia Intensiva, de
modo a contribuir com a intervenção imediata e melhor fluxo de pacientes.
-Raio X: uma área que contém câmara escura para revelação e fixação e guarda de
equipamento móvel de Raios X.
-Laboratório e anatomia patológica: área equipada com aparelhos, mesa e pia
destinados a exames
com a finalidade de diagnóstico emergencial. O serviço de anatomia patológica requer
todo
o aparelhamento para a realização de cortes de congelação no próprio CC, para
fornecer
resposta pronta e segura aos casos duvidosos.
-Auxiliares de Anestesia: realizam a previsão e provisão de todos os artigos utilizados
pelos anestesiologistas e também auxiliam os mesmos durante o ato anestésico. Em
algumas instituições as atividades executadas pelos auxiliares de anestesia já estão
sendo desenvolvidas pelos funcionários da equipe de enfermagem.
-Serviço de engenharia clínica e engenharia de manutenção: realizam a manutenção
preventiva e corretiva (elétrica, eletrônica, hidráulica e mecânica).
-Farmácia: realiza a previsão e provisão de medicamentos e principalmente o controle
dos entorpecentes e psicofármacos.
-Segurança: equipe que promove a segurança da outra equipe que assiste o paciente,
permitindo a entrada no CC somente de pessoas que ali trabalham ou com autorização
do
corpo administrativo.
-Secretaria: área destinada ao controle administrativo e funcional do CC. Deve ser um
local que facilite o aceso de informações: externas para realização da programação
cirúrgica, e internas para elaboração de relatórios de produtividade do CC.
- Área restrita: entendida como a que tem limites definidos para a circulação de
pessoal e equipamentos, com rotinas próprias para o controle da assepsia. Privativa do
pessoal vestido com o uniforme privativo, gorro ou touca, protetores de calçados
(abolido em algumas instituições) e especialmente a máscara cirúrgica, com rígido
controle de trânsito e assepsia. Exemplificando: Sala de Operação, corredor intersala e
lavabo (POSSARI, 2004, p. 41).
área de maior dimensão. Os tamanhos das SO, segundo o Ministério da Saúde, através
da RDC 307/2002, são:
- Sala de operação pequena: 20 m2, com dimensão mínima igual a 3,45 metros. Sala de
operação destinada às operações das especialidades otorrinolaringológica e oftálmica.
- Sala de operação média: 25 m2, com dimensão mínima igual a 4,65 metros.
Destinada às especialidades gástrica e geral.
- Sala de operação grande: 36 m2, com dimensão mínima igual a 5,0 metros. Sala
específica para operações de neurocirurgia, cardiovascular e ortopédica.
Portas da sala de operação: as portas devem ser suficientemente largas para facilitar
a passagem da maca e equipamentos cirúrgicos, possuir metal na altura da maca para
evitar o seu estrago.
Elas devem ser de material lavável e resistente, de preferência, revestida de fórmica.
Deve ser provida de visor, para facilitar a visão entre os dois ambientes. A porta de
correr é contraindicada, pois necessita do uso das mãos para abri-la e causa barulho,
além disso, o trilho do chão dificulta a limpeza e pode causar acidentes.
Piso da sala de operação: deve ser de superfície lisa, não porosa, resistente a agentes
químicos comuns, sem fendas ou fissuras, ter aspecto estético, realçar a sujeira, ser
absorvente à luz, impermeável, resistente ao choque, durável, de fácil limpeza, pouco
sonoro e fundamentalmente bom condutor de eletricidade estática para evitar faíscas.
Exemplo: vinílicos, granilite, mármore. Pisos em vinílicos, na lavagem, requerem
produtos de limpeza com pH recomendado pelo fabricante para prevenir
descolamento. No piso de salas de operação não devem existir ralos para escoamento
de água, pois facilitam a presença de insetos e roedores.
Paredes da sala de operação: devem ser revestidas com material liso, resistente,
lavável, antiacústico (azulejos, placas melamínicas) e não refletor de luz. Essas
recomendações decorrem da necessidade de evitar reflexos, facilitar a limpeza e
contribuir para a manutenção das condições de menor risco ambiental. Devem ser
pintadas com uma cor que combata a fadiga visual, que diminua os reflexos luminosos
e reduza a excitação nervosa e, conseqüentemente, o cansaço.
Os materiais, cerâmicos ou não, quando usados nas áreas críticas, não podem
ter índice de absorção de água superior a 4% individualmente ou depois de instalados
no ambiente, além do que, o rejunte de suas peças, quando existir, também deve ser
de material com esse mesmo índice de absorção. O uso de cimento sem nenhum
aditivo antiabsorvente para rejunte de peças cerâmicas ou similares é vedado tanto
nas paredes quanto nos pisos das áreas críticas.
As tintas devem ter características especiais, tais como: não possuírem cheiro
(emissão de vapores de solventes ou fortes odores característicos de resina), serem
resistentes à limpeza freqüente, terem textura superficial lisa para facilitar a limpeza e
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Teto da sala de operação: deve ser de material resistente, lavável, não deve conter
ranhuras e não poroso para impedir a retenção de bactérias. Ele deve ser contínuo,
sendo proibido o uso de forro falso removível, do tipo que interfira na assepsia da sala
de cirurgia. Nas demais áreas do CC, pode-se utilizar forro removível, inclusive por
razões ligadas à manutenção, desde que nas áreas semi-críticas eles sejam resistentes
aos processos de limpeza, descontaminação e desinfecção.
Recomenda-se conservar um espaço útil de no mínimo 80 cm de altura livre entre a
laje do forro e o piso do pavimento imediatamente superior. Esse espaço possibilita
instalações de novos equipamentos e a entrada de pessoal do serviço de manutenção
hospitalar para revisões periódicas e reparos de eventuais problemas com os
equipamentos que passam acima do forro da respectiva unidade, sem prejudicar a
dinâmica de funcionamento da sala de operação.
Na sala de operação, a possibilidade de incêndio é relativamente grande devido
a um elevado número de materiais de fácil combustão. No CC, além de dispor de um
esquema e instalações para combate a incêndios (extintores de incêndio, mangueiras
conectadas e hidrantes), as salas de operação devem possuir sistema de segurança,
também conhecido como sprinklers, que através da elevação da temperatura produz
fortes borrifos de água no ambiente (borrifador de teto – splinkers).
1. Iluminação por foco cirúrgico: o foco de luz do campo operatório deve fornecer uma
intensidade luminosa ideal, gerando um campo iluminado adequado. Por outro lado, a
luz geral da SO deve ter uma intensidade luminosa adequada, a fim de reduzir o
contraste entre o campo operatório e o resto do ambiente. Este fato é de fundamental
importância, uma vez que está comprovado que a fadiga visual é primordialmente
conseqüência do excessivo contraste entre a intensidade de luz. A má iluminação pode
acarretar graves prejuízos ao profissional e ao paciente. Para diminuir os riscos nas
salas de cirurgia, a alimentação elétrica das lâmpadas dos focos cirúrgicos deve ser
feita com baixa voltagem.
A elevação da temperatura, proporcionada por lâmpadas cirúrgicas, deve ser
minimizada com o uso de filtros de luz que eliminam o comprimento da onda de
espectro
infravermelho, responsável pelo fenômeno. Outro aspecto a considerar é a cor. A
iluminação adotada deve reproduzir fielmente a cor, de modo a permitir a
identificação dos tecidos pelo cirurgião. Além disso, a luz empregada tem que permitir
ao cirurgião a visualização adequada, mesmo em cirurgias mais profundas, como no
caso de laparotomia exploradora ou cirurgia cardíaca. Os focos cirúrgicos fixos no teto
devem ser giratórios, podendo ser manipulados pela própria equipe cirúrgica por
manoplas estéreis adaptadas ao foco e nos mais modernos por controle remoto. Para
iluminar o campo operatório pode-se utilizar também foco auxiliar de luz, foco frontal
e foco suplementar manual de fibras de vidro, os quais são de grande valia na
iluminação complementar do campo operatório. O foco suplementar de fibras de
vidro, no entanto, é de difícil manuseio, pode lesar tecidos devido à liberação de
grande quantidade de calor e o seu uso indevido pode propiciar o aparecimento de
infecção da ferida cirúrgica.
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a) Cilindro: que contém oxigênio no estado gasoso mantido em alta pressão (120 e 190
Kgf/cm2). Deve ter duas baterias de cilindros que alternadamente fornecem o gás à
rede de
distribuição sem interrupção. A capacidade da central deve ser dimensionada de
acordo com o fator de utilização previsto e a freqüência de fornecimento dos gases
medicinais.
b) Tanque Criogênico: contém o oxigênio no estado líquido, o qual é convertido no
estado gasoso por um sistema vaporizador. O tanque deve estar localizado acima do
solo, ao ar livre e em abrigo à prova de incêndio, protegido das linhas de transmissão
de energia elétrica, receptores e tubulações de líquidos e gases inflamáveis. Esse tipo
de instalação tem uma central de cilindros como reserva para atender a possíveis
emergências, com o mínimo de cilindros. O dimensionamento do tanque e cilindros
deve ser de acordo com o fator utilizado proposto e a freqüência do fornecimento dos
gases medicinais.
- Vácuo clínico: é produzido por bombas, que devem ter a capacidade de 100% do
consumo máximo provável, com possibilidade de funcionar alternadamente ou em
paralelo em caso de emergência. Neste caso deve estar previsto suprimento de
energia elétrica de emergência. Deve ser previsto um reservatório de vácuo a fim de
que as bombas não tenham que operar continuamente sob baixa demanda. É
importante manter no Centro Cirúrgico outro tipo de sistema de suprimento
autônomo de emergência, para manutenção da rede de vácuo e pane na sua
produção.
fornecido em cilindros com pressão variando entre 120 e 190 kgf/cm2, e também em
forma líquida. Quando misturado com oxigênio medicinal, é chamado de ar estéril.
Lavabo das Salas de Operação: o lavabo é geralmente constituído de uma pia em aço
inoxidável, provida de torneiras de água quente e fria, escovas e anti-sépticos para a
escovação cirúrgica. A escovação é a limpeza mecânica com água e solução anti-
séptica das mãos, antebraços e cotovelos, com o objetivo de retirar ao máximo a flora
transitória da pele e evitar proliferação da flora residente. O lavabo, quando próximo
das salas de operação, reduz o tempo de exposição da área escovada com o meio
ambiente.
Para cada duas salas de operação é previsto:
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REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6493. Emprego das cores
para identificação de tubulações. Rio de Janeiro, 1994.