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Psicologia e Cirurgia

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Desenvolvimento Histórico da Cirurgia e da Anestesia

Viviane Cristina Torlai - 2000

De acordo com Gama (1990:38), ‘’cirurgia é o ramo da medicina que estuda a cura de
enfermidades mediante a atuação física no local atingido, seja unindo, cortando ou retirando
tecidos irrecuperáveis’’.
A história de cirurgia e de doença são antigas, pois a cirurgia é praticada desde o início da
civilização, sobretudo no tratamento de ferimentos. Em épocas passadas, era considerada o último
recurso aplicável aos casos onde não se dispunha de remédios que pudessem restabelecer a
normalidade biológica.
Na lei da Babilônia os cirurgiões eram punidos se realizassem cirurgias mal sucedidas ou
se o paciente morresse no ato cirúrgico, tendo a mão direita do cirurgião amputada. Na Pérsia, as
cirurgias só poderiam ser praticadas após três operações bem sucedidas em pagãos e caso
acontecesse um ato mal sucedido o cirurgião era afastado dos procedimentos cirúrgicos.
O tratamento médico no ato cirúrgico, foi sistematizado mais ou menos em 1800 a . C. no
Egito.
Nos séculos XIII e XIX a cirurgia era condenada e evitada pelos médicos, ficando a cargo
dos analfabetos. Com o tempo foi observado um declínio nas cirurgias, devido à negligência da
anatomia e então os médicos se uniram aos barbeiros por 200 anos e em 1745 esta união foi
desfeita e os médicos cirurgiões passaram a ser independentes.
No século XVI, Paracelsus enfatiza esta separação dos médicos com os cirurgiões
analfabetos, convocando uma reunião da medicina e cirurgia, mostrando que os médicos deveriam
ter a percepção de que para executar uma cirurgia era necessário o conhecimento do médico.
Na Renascença a cirurgia tem uma posição elevada. No século XVI na França Ambroise
Paré (1510 à 1590), um dos mais populares cirurgiões, descobriu métodos para o tratamento de
feridas de guerra, desafiando as autoridades e adquirindo sucesso, enfatizando a importância do
conhecimento de anatomia.
O movimento renascentista lançou novas luzes sobre a cirurgia graças aos estudos
anatômicos do corpo humano e a volta da investigação sistematizada em todos os setores da
ciência.
A cirurgia antigamente era praticada na própria residência do paciente no leito ou sobre
uma mesa. Para conter o paciente amarrava-o, pois não existia anestesia, porém na maioria das
vezes o paciente desmaiava.
Segundo Santos Fo (1986:60), ‘’somente no fim do século XIX é que se instalaram as
salas cirúrgicas, nos Hospitais de pesquisas de Louis Pasteur (1822 – 1895), na França – sobre os
micro – organismos do ar atmosférico, depois da adoção da assepsia ou da desinfecção das mãos
do operador e dos instrumentos, preconizados na Inglaterra por Joseph Lister (1827 – 1912),
depois da descoberta dos micróbios contaminadores da ferida operatória. Anteriormente, o
cirurgião intervinha vestido como andava, sem usar sequer um avental e muito menos luvas. Os
instrumentos, apenas lavados em água, tanto serviam para uma operação como para uma
necropsia. Seguia-se, então, a infecção do ferimento operatório e a cicatrização demorada’’.
A cirurgia até o final do século XVIII, nada mais foi que a continuação daquelas práticas
vindas do Renascimento, onde a tônica dominante consistia num maior conhecimento da anatomia
normal e patológica macroscópica. A limitação em que se debatiam os cirurgiões era condicionada
pelo sempre presente risco das infecções e pela falta de recursos capazes de abolir de vez com o
sofrimento inflingido pelas manobras operatórias.
A anestesia e a assepsia permitiram um grande progresso no desenvolvimento de
cirurgias, pois a dor sempre foi um obstáculo para o progresso da cirurgia, tanto para o paciente
como para o médico, que manteve-se inalterada até os fins do século XVIII, sendo considerada
quase que inevitável nas operações e a infecção rondava os pacientes no pós-operatório.
Humphrij Davy foi o primeiro cientista a sugerir por volta de 1798 o emprego do gás
protóxido em cirurgia. Outro cientista chamado Henry Hill Rickman percebeu que o gás carbônico +
oxigênio + protóxido de azoto, quando absorvidos pelo sangue, atingiam o sistema nervoso e
exerciam uma função sedativa.
No início do século XIX, John Snow, foi considerado o primeiro médico que considerou a
anestesia como especialidade e empregou o uso de clorofórmio em um lenço com ele embebido e
aproximado à face do paciente de forma intermitente, nas fases das contrações dolorosas , de
modo a manter a insensibilidade por todo o tempo com a menor dose. Os aperfeiçoamentos da
técnica de indução e o aprimoramento das propriedades dos agentes utilizados tornarem universal
a aceitação da anestesia cirúrgica.
Observando que um dos objetivos da anestesia é a ‘’perda da sensibilidade para facilitar o
trabalho cirúrgico’’ segundo Gama (1990:40), é possível ressaltá-la como uma medida
humanizadora da medicina. O descobrimento do uso da anestesia para a cirurgia foi uma das mais
importantes descobertas para a medicina em 1840, sendo utilizada pela primeira vez por
Cravvford, W. Long, médico da região de Geórgea, que utilizou éter para remover pequenos
tumores cutâneos. Em seguida foi usado clorofórmio, iniciando-se uma nova era de cirurgia.
Freud descobriu através de estudos indígenas (entre 1884 à 1887), que o componente da
folha de coca provoca efeitos anestésicos. Os método anestésicos foram se aprimorando, criando
uma especialidade de anestesiologia, tendo aceitação como parte de um movimento maior de
humanismo.
A anestesia percorreu um longo caminho desde que foi usada pela primeira vez, em uma
grande operação em 1846 no Hospital Geral De Massachusets, em Boston, onde foi usado éter e o
anestesista foi um jovem dentista de nome Willian Morton.
Em 1847, a experiência era repetida no Rio de Janeiro, no Hospital Militar do Rio de
Janeiro com sucesso e neste mesmo ano, na Escócia, James Young Simpson, descobriu as
propriedades anestésicas do clorofórmio e em 1848, empregou a ‘’máscara de Souberain’’, o
professor cirurgião Manuel Feliciano Pereira de Carvalho efetuava, no Rio d Janeiro, a primeira
cloroformização.
O uso de drogas e álcool eram usadas como ‘’alteradores de humor’’, antes da expressão
caracterizar os tranqüilizantes e os antidepressivos que foram incorporados no século XX. Drogas
como o álcool e o ópio eram usadas para esquecer as preocupações do mundo, mesmo que por
pouco tempo e na medicina eram utilizados para amenizar a dor.
Wilson (1964:153) refere que ‘’na primeira metade do século antes de serem usados
clorofôrmio e óxido nitroso, o álcool era geralmente empregado como anestésico nas intervenções
cirúrgicas. Até surgirem narcóticos novos como a metadona, receitava-se o ópio como analgésico,
o álcool atenua a dor, retardando ou ‘’deprimindo’’ o sistema nervoso central, resultando o
embotamento de todas as reações do corpo’’.
Ópio e seus derivados, morfina e a codeína, também agem como sedativos, além de
serem usados no tratamento contra a dor.
Atualmente, quando o paciente adentra à sala de cirurgia, o anestesista faz com que
adormeça suavemente, com uma injeção na veia quando se aplica anestesia geral. O trabalho
anestésico seguinte depende do tipo de cirurgia que irá ser realizada. Neste momento é introduzido
na boca do paciente um tubo (entubação) que passa pela traquéia com o intuito de assegurar a
passagem do ar. Os gases anestésicos juntamente com o oxigênio vital são administrados através
desse tubo, provenientes de cilindros de gás e soluções que ficam na máquina anestésica. Após a
realização deste procedimento o anestesista tem total controle da respiração do paciente.
Junto com o processo de desenvolvimento anestésico, foi desenvolvido no início do século
XIX, o método asséptico com o intuito de combater os germes, com diminuição de infecções.
Atualmente, no final do século XX, o cirurgião é potencialmente capaz de realizar cirurgias
mais ousadas por possuir conhecimento e capacidade técnica, pois consegue na maior parte das
vezes vencer a barreira da dor e da infecção. Se o paciente está em um grau elevado de tensão o
anestesista pode precisar aumentar excessivamente as dosagens anestésicas para conseguir a
sedação. Esta potencialização de tensão é determinada pelo despreparo emocional do paciente
frente a cirurgia, acarretando no pós-operatório os surtos pré ou psicóticos em si, os estados de
agitação ou depressão, além dos quadros de delírio e demência. Esses aspectos poderão ser
trabalhados pelo psicólogo no pré e pós operatório, para que haja um melhor prognóstico do
paciente.
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS EM CIRURGIA

O adoecer implica em desequilíbrio, podendo gerar no estado de doença um abalo


estrutural na sua condição de ser, tendo sentimentos ambivalentes, decorrentes de sua história de
vida e da sua realidade atual, tornando-se frágil psicologicamente, revelando conflitos entre a vida
e a morte.
Platão refere, século IV a.C. [Apud Silva, 1994:;1] ‘’... assim como não se deveria tentar
curar os olhos, sem curar a cabeça, nem considerar o corpo sem tratar a alma... a alma se trata
mediante diálogos’’.
A doença quer seja definida como orgânica ou psíquica, tem como princípio básico a
desorganização da pessoa. Ao considerar-se o homem como um ser virtual, deve-se entendê-lo
através de relações consigo e com o mundo, estabelecendo um equilíbrio bio-psico-social.
O estado emocional do paciente no pré-operatório atua diretamente sobre as reações,
tanto trans, peri ou intra operatório como no pós-operatório pois submeter-se a uma cirurgia,
significa, ao paciente, enfrentar sua vulnerabilidade e mortalidade.
Em uma situação cirúrgica há dois grupos: a equipe especializada para executar o
procedimento médico e do outro lado o paciente ansioso, inseguro e desamparado.
De acordo com Pasini e Haynal (1980), as intervenções cirúrgicas provocam angústia em
relação à integridade psíquica e corporal do paciente, utilizando muitas vezes mecanismos de
defesa contra esta angústia (como a idealização pelo seu médico).
De acordo com Barroso in Mello Fo (1992:260) ‘’ uma das deformações mais comuns é a
que procura ver o cirurgião como um ser onipotente e fantástico capaz de evitar o sofrimento e a
morte. Ceder à tentação de permitir o crescimento exagerado de sua própria imagem constitui um
erro grave’’.
Observa-se também que quanto mais são os inconvenientes previstos frente ao
procedimento cirúrgico, mais dificuldades o paciente tem de entrar em contato com sua realidade,
utilizando-se do mecanismo de negação ou de euforia. Em outros casos, ocorre depressão com
super valorização do risco. Observa-se também o medo da anestesia, fantasias de morte, fantasias
em relação a perda da consciência e controle corporal.
Frente à cirurgia, o paciente apresenta uma considerável qualidade de reações, sendo que
muitas vezes o paciente perde seu controle, limitando suas percepções e sentimentos, negando o
perigo, aceitando o inevitável.
Quando a indicação cirúrgica é devido ao estar doente, o paciente entra em choque
dinâmico do ‘’existir’’, tendo medo frente ao ‘’estar doente’’ e a intervenção cirúrgica estimulará a
projeção de fantasias conscientes e inconscientes que determinarão comportamentos e atitudes do
indivíduo doente.
Sebastiani (1994:33) refere que ‘’o paciente submetido a procedimentos cirúrgicos
apresenta aspectos psicológicos importantes principalmente com relação ao medo. Tem medo da
dor, da anestesia, de ficar incapacitado. Tem medo de mostrar o medo, e o medo de mil e uma
coisas. Sobretudo tem medo da cirurgia, tem pelo menos em parte, uma base concreta. Embora
sempre a realidade seja enriquecida pela imaginação o medo da cirurgia nunca é totalmente
imaginário.’’
Segundo Davis, C. e colaboradores (1970:01), o Oxford University Dictionary define
cirurgia como “a arte ou prática de tratar lesões, deformidades e outros distúrbios por meio de
operações manuais ou do emprego de instrumentos...”.
Ao ser hospitalizado, já com o estigma de doente, o paciente sofre um processo de
despessoalização. Deixa de ter o seu próprio nome e passa a ser um número de leito ou então
alguém portador de uma determinada patologia (Angerami, 1995).
“A despessoalização do paciente deriva-se da fragmentação ocorrida a partir dos
diagnósticos cada vez mais específicos que, além de abordarem a pessoa em sua amplitude
existencial, fazem com que apenas um determinado sintoma exista naquela vida ainda que
circunstancialmente assistamos cada vez mais o surgimento de novas especialidades que reduzem
todo o espaço vital de uma determinada pessoa a um mero determinismo das implicações de
certos diagnósticos...” (Angerami, 1995:17). O indivíduo sente-se, então, modificado como se
fosse um observador de si mesmo.
A partir do que foi descrito, estabelece-se uma nova dinâmica que o paciente não
reconhece como sendo sua, daí a importância da resignificação da existência.
O aparecimento dos sintomas mobiliza, mais ou menos intensamente, temores e fantasias
relacionados à gravidade da patologia e às possibilidades de morte. Muitas vezes, torna-se
extremamente penoso para o paciente enfrentar no plano inconsciente a sensação de morte, bem
como a convivência com fantasias (conscientes e/ ou inconscientes) com conteúdos ameaçadores
à integridade de seu ego. Oliveira (1997) refere-se que “leva-se em conta os aspectos psicológicos
dos pacientes que se submetem a tratamento cirúrgico predispondo-os a complicações emocionais
que prejudicam a convalescença e intensificam a mobilidade no pós-operatório”.
Toda cirurgia, seja ela pequena ou extensa, provoca certo nível de ansiedade no indivíduo
que subjacente a isso tem ainda muito medo seja relacionado à morte, à dor, à anestesia, à
mutilação, à incerteza quanto ao futuro, à violação da intimidade, à sensação de isolamento e
impotência. O temor pela cirurgia tem em parte uma base concreta e, embora sempre a realidade
seja enriquecida pela fantasia, esse fato não é totalmente imaginário.
Segundo Weiss citado por Sechelave (1985:70), “a perspectiva de submeter-se a uma
intervenção representa uma ameaça maior, capaz de provocar reações psicológicas
desproporcionais quando relacionadas aos riscos reais”.
As fantasias ligadas ao momento da cirurgia refletem preocupações do paciente com a
possibilidade de morrer durante a cirurgia; predomina o sentimento de entregar para a equipe seu
próprio auto-controle.
Sebastiani (1995:33) fala sobre a notável quantidade das reações frente à cirurgia. “Nessa
situação, as pessoas tendem a mudar. Elas se refazem, refinam seu auto-controle,
deliberadamente limitam suas percepções e sentimentos, negam o perigo, aceitam com estoicismo
o inevitável e conseguem, até mesmo, uma aparência de satisfação. A considerável valia desata
mudança interna, embora não seja universal, é talvez maior do que se pensa. Com sua ajuda, o
paciente não apenas se protege contra um medo e sofrimento avassaladores, mas se entrega
também a um papel mais passivo, cooperativo e tratável”.
Refere Oliveira (1997) em seu trabalho que “pacientes conscientizados e integrados no
processo cirúrgico reagem bem à operação, aumentando seu auto-controle, melhorando a
cooperação pós-operatória e eliminando os estímulos ameaçadores e preocupantes com os quais
se deparava”.
Desde o início da sua existência, o homem tem-se visto face a face com a dor e o
sofrimento que ela acarreta. A primeira referência à dor é encontrada na Bíblia, no episódio de
Adão e Eva, estes, desobedecendo às ordens divinas com relação à maçã proibida, foram
castigados, cabendo a Eva; o parto doloroso e a Adão, prover o sustento familiar com o suor do
rosto. O enfoque religioso, portanto, associa o sofrimento à punição, atribuindo assim um caráter
místico à dor. A origem mística da dor se evidencia na seguinte frase latina: “Opus divium sedare
dolore”, que atribui uma qualificação divina à função dos que procuram aliviar o sofrimento
humano. Baseado nesta concepção, o povo endeusava os terapeutas porque acreditava que
possuíam atributos mágicos.
Não é a ausência da ansiedade ou sua presença quem dá o prognóstico favorável
cirúrgico, mas a assimilação interna do “sinal de ansiedade”. Em geral, pacientes que
aparentemente não apresentaram nenhuma ansiedade antecedendo à cirurgia, desenvolvem
posteriormente estados severos e perigosos de ansiedade.
A assimilação interna deve corresponder à capacidade do paciente de identificar seus
temores, suas fantasias e, posteriormente elaborá-los comparando-os à realidade. A não
assimilação corresponderia, portanto, à negação desta movimentação mental e,
conseqüentemente, à ausência de ansiedade.
À medida que se estabelece a dependência do paciente em relação ao cirurgião,
responsável, muitas vezes pela ansiedade que os pacientes desenvolvem; estes perdem a
capacidade de auto preservação e percebem que sua vida está inteiramente nas mãos de outrem.
Por mais confiança que possam ter no anestesista, dúvidas quanto à sua capacidade estão sempre
presentes. Diante destes impactos emocionais e cargas de ansiedade tão fortes, alguns pacientes
lançam mão de um mecanismo de defesa muito conhecido – a idealização. Idealizando o
anestesista, atribuem-lhe qualidades de onipotência e de infalibilidade, contrabalançam suas
fantasias destruidoras e temerosas, proporcionam a si alívio e maior tranqüilidade. O anestesista,
diante do paciente que o idealiza, precisa compreender que tanto sua presença e quanto o contato
que estabelece com o seu paciente têm alto significado emocional e pode constituir um fator
importante para uma evolução cirúrgica favorável; o paciente precisa de sua presença com maior
constância do que outros que não o idealizam.
A presença do anestesista estimula emocionalmente o paciente dando-lhe maior
segurança, pois atende às suas necessidades psicológicas em detrimento dos cuidados físicos que
obviamente lhe são prestados.
Em geral, às vésperas da cirurgia o paciente apresenta inúmeras dúvidas a respeito do
processo cirúrgico, duração, local da incisão, dor, curativos, ambientação do centro cirúrgico, nome
do cirurgião, recuperação, alta hospitalar, cuidados domiciliares, além de um medo terrível da
anestesia que poderá fazê-lo perder o controle e provocar a ausência da consciência.
Chiattone e Sebastiani (1990:38) sugerem que “o estado emocional do indivíduo em pré-
operatório atua diretamente sobre suas reações, tanto no trans como no pós-operatório. É
inevitável que uma certa dose de medo e ansiedade acompanha a maior parte das pessoas que
entra num centro cirúrgico para submeter-se a cirurgia. Mas, condições elevadas de medo,
ansiedade, tensão, stress ou condições adversas do estado emocional (predominantemente
necrófilas), como depressão e apatia, podem interferir nas condições da pessoa para a cirurgia”.
A intervenção cirúrgica irá interferir no esquema corporal do paciente qualquer que seja o
tipo de cirurgia, principalmente nas “ectomias” que implicam em extração total ou parcial de partes
do corpo. Durante o processo cirúrgico existe uma grande mobilização da pessoa, principalmente
muita preocupação com o que ocorreu durante o ato cirúrgico (perda da consciência e o medo da
ausência de controle da situação vivida). Daí a importância de um esclarecimento anterior e
posterior à cirurgia objetivando dar ao paciente subsídio para que ele estruture novamente seu
esquema corporal modificado e evite o aparecimento de fantasias mórbidas. Assim, a dor
subseqüente a uma cirurgia e todos os demais procedimentos terapêuticos podem vir a ter
conotações de invasão e agressão, caso não se fizer presente um atendimento profilático durante
o período de pré-operatório, com intuito de amenizar todo o processo cirúrgico (Luzzi e
Sona,1990).
Luzzi e Sona (1990) citam ainda algumas alterações ocorridas no pré, no trans e no pós-
operatório em face ao estado emocional:

 Reação frente ao pré- anestésico:


Pacientes com manifestações emocionais exacerbadas neutralizam a ação ansiolítica e/ou
hipnótica, nas horas que antecedem o evento cirúrgico.

 Episódios de somatização:
Algumas cirurgias acabam sendo suspensas devido ao aparecimento de diarréias, estados
febris, reações alérgicas para que possa ser feita uma investigação desses sintomas.
Curiosamente, tais episódios desaparecem horas após a suspensão da cirurgia.

 Picos hipertensivos paroxísticos:


Há uma elevação da pressão arterial máxima e manutenção de pressão arterial mínima em
níveis normais.

Em alguns casos, pacientes podem apresentar hostilidade em relação à equipe chegando


até fugir do hospital.
O número de intercorrências como, por exemplo, parada cardio-respiratória, hemorragia,
etc., pode apresentar-se aumentado.
No pós-operatório pode ocorrer maior demora no retorno à consciência, após o coma
anestésico.
A cirurgia estabelece um momento de crise na vida do indivíduo. Ela vem como uma
ruptura nas relações que o sujeito estabelece inter e intrapsiquicamente, ou seja, a significação
que dá a si próprio e ao mundo, respectivamente. A vivência da inter-relação psíquica com o
mundo seria transformada, nesta situação, em relação psíquica com o hospital, perdendo o
aspecto interativo mais amplo, já que o paciente, geralmente, assume posição passiva quando
hospitalizado.
A ruptura na forma de o paciente se relacionar intrapsiquicamente vai gerar a necessidade
de sua readaptação frente à percepção de que precisa haver um novo reconhecimento de si que
se transmutou de ser no mundo enquanto sujeito total atuante para doente no hospital, cujo caráter
é segmentado, despessoalizado, ou seja, é um espaço limitado e limitante, reconhecido como seu.
A incerteza de possíveis intercorrências no trans-operatório e/ou pós-operatório, gera no
indivíduo diversas reações psicológicas no período que antecede o ato cirúrgico. Além disso, há a
questão do medo da anestesia. Esse medo parece então estar ligado, principalmente, à situação
da perda de controle durante a cirurgia. O paciente encontra-se nas mãos do anestesista e
considera o mesmo de forma ambivalente, como um mágico onipotente e inquietante, capaz de
mergulhar o paciente no nada, de tirá-lo de lá ou de ali deixá-lo (Sechelave, 1985).

Braudry e colaboradores (in Sechelave, 1985:71), sugerem que um serviço cirúrgico


moderno é comparado a uma câmara de gás, provocando:
 “ Medo da morte, da mutilação e da dor;
 Incerteza quanto ao futuro;
 Sensações de impotência e de isolamento;
 Ansiedade provocada pelo ambiente estranho e desconhecido;
 Presença de assistentes relativamente impessoais e insensíveis;
 Violação da intimidade, intromissão constante no centro de sua própria existência o
corpo.

Em relação à anestesia em si, os pacientes podem manifestar:

 Medo de sofrer durante a intervenção sem poder se manifestar e sem que o


cirurgião ou anestesista percebam;
 Medo de acordar mal;
 Medo de sofrer mutilações durante o período de inconsciência;
 Medo de acordar durante a intervenção cirúrgica;
 Medo de não acordar;
 Medo de ficar à mercê de outrem, privado de qualquer controle, com o fantasma da
agressão sexual subjacente;
 Medo de perder o controle de si mesmo e revelar segredos pessoais ou de cometer
um ato imprudente.”

Esses dois últimos temores permitem compreender porque certos pacientes preferem a
raquianestesia quando podem escolher (Sechelave, 1985:71).
O despreparo emocional do paciente para a cirurgia pode levá-lo a situações muito comuns
nos centros cirúrgicos, onde a resistência orgânica que o paciente impõe aos anestésicos devido
ao elevado estado de tensão em que se encontra pode levar o anestesista a recorrer a um
aumento excessivo das dosagens anestésicas para obter respostas farmacológicas eficientes.
Pode-se citar ainda como conseqüência do desespero emocional do paciente os surtos pré ou
psicóticos em si, os estados de euforia profunda e depressão no pós-operatório. Segundo
pesquisas do Dr. Harry Benett da Universidade de Nova York, o estado de tensão emocional pode
alterar, inclusive, o curso do trans-operatório, gerando intercorrências importantes na cirurgia.
Baudry e colaboradores (Sechelave,1985) distinguem seis grupos referentes a esses
pacientes, denominados pacientes de risco:

1- Pacientes com antecedentes de descompensação psicótica:


A experiência cirúrgica constitui-se num evento estressor na vida do indivíduo,
gerando risco de descompensação. Milano e cols chamam atenção quanto aos
pacientes que têm sua imagem centrada no corpo, bem como a percepção irreal
do mesmo e medo de ataque físico.

2- Pacientes que recusam a cirurgia, ameaçando deixar o hospital ou


recusam assinar o formulário padrão:
Esse comportamento apresentado pelo paciente pode denotar angústia ou até
pânico através de atitudes rebeldes.
3- Pacientes cujas relações com equipe assistente tornam-se difíceis: Esses
pacientes só conseguem estabelecer com a equipe médica uma comunicação
através de desvios de comportamento tais como críticas, recriminações,
intolerância, além de serem pouco simpáticos, denotando que a causa desses
comportamentos possa estar ligada a problemas emocionais do doente.

4- Pacientes que aguardam resultados milagrosos da cirurgia: Complicações


psicológicas podem surgir quando o paciente apresenta uma expectativa irreal
quanto ao resultado da cirurgia, não correspondendo à limitação real do ato
operatório e às possibilidades colocadas pelo cirurgião.

5- Pacientes que apresentam problemas especiais de diagnóstico e nos


quais a indicação cirúrgica é duvidosa:
O cirurgião, neste caso, deve estar atento às queixas de fundo somático através
das quais o paciente pode estar pedindo auxílio, reivindicando afetivamente ou
até somatizando um estado ansioso ou depressivo. Esses pacientes buscam,
geralmente, inconscientemente através da cirurgia, a solução de problemas
emocionais. Atenção especial deve ser dada àqueles pacientes poli-operados
que parecem buscar, além da solução de problemas, uma cumplicidade por
parte do cirurgião.

6- Pacientes que manifestam pouca ou exagerada ansiedade no período pós-


operatório:
Aqui, o autor leva em consideração a idéia exposta por Abram e Janis, que
classifica como sendo um fenômeno normal e de bom prognóstico a presença
de certa dose de ansiedade no pré-operatório.
Neste sentido é de grande valia que a equipe médica adquira noções suficientes sobre a
dimensão psicológica na prática cirúrgica.

 Aspectos psicológicos em pré-operatório

É neste momento que o anestesista tem a oportunidade de conhecer o paciente e saber


um pouco sobre sua história de vida e, principalmente, conhecer seus sentimentos e fantasias
frente ao procedimento anestésico.
É realizada uma anamnese e são solicitados também alguns exames para que o
anestesista possa estar excessivamente seguro da conduta a ser realizada. A anamnese deve
revelar antecedentes cirúrgicos vividos pelo paciente. Convém conhecer as cirurgias e anestesias
sofridas por ele, o estado emocional que manifestou na época, bem como lembranças dolorosas e
medos residuais (seqüelas emocionais). Deve-se, observar também se há antecedentes cirúrgicos
com familiares, pois alguns pacientes identificam-se com um parente mais próximo ou falecido
durante uma cirurgia ou vítima de erro médico, a ponto de acreditar que estão sendo ameaçados
pela mesma situação (Lopes 1997).
É muito importante que o paciente se sinta à vontade e, principalmente, que seja
estimulado a verbalizar suas fantasias e receios frente ao procedimento anestésico, possibilitando
assim serem trabalhados seus falsos conceitos, medos, inseguranças, a fim de proporcionar um
estado mais adequado e tranqüilo para enfrentar ao ato cirúrgico.
Faz-se necessário que sejam detectados os pacientes com desvios de comportamentos
por problemas emocionais e aqueles que apresentam antecedentes de descompensação psicótica
com uma eventual afecção psiquiátrica ou uma hospitalização em ambiente psiquiátrico, visto que
ambos tendem a não suportar o stress da experiência cirúrgica (Lopes 1997).
Segundo Lopes (1997:46) “o estado emocional do indivíduo no pré-operatório irá atuar
diretamente no trans e no pós-operatório, favorecendo ou dificultando esse momento”. Toda
situação desconhecida é grande geradora de stress e principalmente de ansiedade. Deve-se estar
sempre atento em relação à exacerbação ou ausência desses sentimentos frente à intervenção
cirúrgica ou ao procedimento anestésico, pois seus graus podem influenciar diretamente em um
mau prognóstico no pós-operatório, havendo uma estreita ligação entre a ansiedade pré-operatória
e complicações, havendo até mesmo risco de mortalidade em pós operatório.
Sechelave (1985:69) cita Janis, que diz que “preparar-se para sofrer uma intervenção
cirúrgica sentindo uma certa dose de ansiedade representa um processo necessário e benéfico”.
Crahay (1985), diz que “a preparação cirúrgica ideal, do ponto de vista emocional, precisa passar
por um estado de ansiedade moderada, fornecendo ao paciente uma visão realista dos
inconvenientes da intervenção cirúrgica e dos riscos de sofrimento e de lesão à integridade do
corpo”.
A expectativa de um procedimento cirúrgico, por menor que seja, gera ansiedade e medo
face ao desconhecido e à incerteza dos resultados, esse sentimento induz ao estresse psíquico,
com todas as alterações fisiopatológicas que lhe são inerentes. A emotividade e a ansiedade são
maiores no jovem e podem estar aumentadas por alcoolismo, toxicomania, hipertireoidismo ou
certas neuroses e psicoses; são menores no idoso e podem estar diminuídas por caquexia, certas
doenças neurológicas ou outras condições patológicas. Uma avaliação grosseira pode ser feita
pela observação de alguns dados, como face, temperatura cutânea, respiração, pressão arterial,
freqüência cardíaca, presença ou ausência de tremores, profundidade respiratória, tono muscular e
movimentos oculares.
A abolição de medo e a diminuição da ansiedade são imperativas, tanto pelo conforto que
acarretam, quanto pela segurança do paciente. A visita pré-anestésica, as características da sala
de operação, a recuperação anestésico-cirúrgico e os efeitos da medicação pré-anestésica podem
ser benéficas e permitir ao anestesiologista estabelecer bom relacionamento com o doente,
adquirir a sua confiança e tornando-o mais cooperativo. A complementação desses resultados
ocorrerá por conta da medicação anestésica.
É de fundamental importância o vínculo de segurança e confiança estabelecido entre
paciente e anestesista, pois é através deste que se torna mais fácil a capacidade de enfrentamento
das situações mais temerosas. Deve-se sempre respeitar o paciente em sua capacidade de
compreensão e entendimento da situação, levando em consideração o estado emocional do
mesmo, ponderando o que deve ser dito sem ultrapassar seus limites e tolerância.
O momento pré-operatório serve também para dar informações a respeito do pós-
operatório, curativos e procedimentos. Assim, fica muito mais fácil a administração dessas
informações pelo paciente, que se sente mais preparado psicologicamente para enfrentar a
cirurgia.
Weiss, citado por Sechelave (1985:72), descreve três recomendações que constituem os
pontos essenciais da preparação pré-operatória:
“Inicialmente evitar a ambigüidade, explicando sobre a intervenção e anestesia em
termos simples e claros, descrevendo os acontecimentos que se sucederão;

Evitar o anominato: nem o cirurgião, nem o anestesista deveriam ser


desconhecidos ao paciente, deveriam se conhecer antes da cirurgia para permitir
as perguntas e a ansiedade ser expressada;

Evitar o isolamento, favorecendo para que o paciente possa se comunicar com os


membros da equipe de saúde, externalizando suas necessidades emocionais”.
Neste período é comum os pacientes utilizarem mecanismos de defesas que auxiliam no
enfrentamento da situação pré-operatória, tais como a negação, a racionalização e a regressão.
Segundo Lopes (1997:48), “a negação é utilizada como forma do paciente suportar a
ansiedade que envolve o processo cirúrgico, auxiliando na elaboração gradual e concreta. É como
um disfarce, total ou parcial da realidade angustiante. A racionalização é utilizada para encontrar
teoricamente justificativas que amenizam a ansiedade e angústia sentidas pelo paciente e a
regressão é considerada em seu aspecto comportamental de retorno a uma forma de se relacionar
com o meio ambiente, do ponto de vista de maturidade emocional, comportando-se de forma
passiva e submissa.”
A utilização da medicação pré-anestésica e sedação perioperatória são importantes porque
permitem que o doente suporte com mais facilidade o desconforto psicológico do ambiente
cirúrgico, muitas vezes cercado por manobras violentas ou até mesmo ruídos do ensino verbal
rotineiro em hospital-escola.
Deve-se sempre criar um clima de confiança e tranqüilidade dentro de um ambiente
hospitalar, pois só assim as manobras invasivas inevitáveis se tornam mais amenas e fáceis de se
lidar.
Segundo Pitanguy (1992:270), “deve-se observar o máximo de dados sobre o perfil
comportamental do paciente”, visto que desta maneira é que conseguimos lidar da forma mais
adequada, respeitando cada um de maneira única e singular.

 Aspectos psicológicos em trans-operatório

O trans-operatório é o momento onde o paciente perde completamente o controle do seu


corpo, entregando-o nas mãos de um profissional responsável que será durante um certo período
guardião de sua vida. Neste momento não necessariamente o paciente permanecerá em estado de
inconsciência, uma vez que isto depende muito do anestésico que será utilizado.
Muitas vezes o paciente prefere a utilização da anestesia geral, visto que esta possibilita
um estado de inconsciência, deixando assim o paciente que se coloca afastado do estresse da
sala cirúrgica mais tranqüilo. Por outro lado, existem pacientes que se aterrorizam com este tipo de
analgesia, pois temem perder o total controle da situação estando literalmente expostos a um
outrem.
Os pacientes que apresentam necessidades de controle preferem a anestesia regional ou
local, pois permanecem acordados, sabendo exatamente o que está acontecendo e principalmente
se certificando de que estão vivos.
O ambiente cirúrgico é um local muito estressante e que pode influenciar diretamente no
estado psicológico do paciente, ocasionando muitas interferências no momento cirúrgico em si. É
nesta hora que a relação médico-paciente age de forma extremamente importante, e neste
momento, uma conversa, ou até mesmo um olhar que transmita segurança e confiança, pode
deixar o paciente mais tranqüilo.
O fato de o paciente estar anestesiado não significa que houve um bloqueio nas condições
psicológicas. O paciente em coma anestésico não fica totalmente inconsciente, ele é capaz de
interpretar estímulos externos. Neste momento, o paciente apresenta um estado de consciência
alterada. Isso significa que qualquer situação ocorrida no centro cirúrgico pode influenciar positiva
ou negativamente sob o paciente e em seus comportamentos no pós-operatório (Sebastiani e
Chiattone,1990).

 Aspectos psicológicos em pós-operatório

Após a intervenção cirúrgica o paciente automaticamente é encaminhado para a sala de


recuperação pós-anestésica (RPA), onde irá receber cuidados especiais para uma recuperação
total. Geralmente, a chegada do paciente à sala de recuperação pós-anestésica é considerada
pelo mesmo como um período que representa o renascimento, pois simbolicamente ele esta vivo
após ter passado por uma situação de alto risco.
Durante todo o tempo em que o paciente permanece na sala de recuperação, ele deve ser
assistido, sucessivamente, por seu anestesista que, na verdade, assume a partir do término da
intervenção da sua vitalidade de forma plena. O afastamento do anestesista da sala de
recuperação só se dá quando ele se sente assegurado de que a equipe da RPA está preparada
para qualquer e eventual complicação pós-anestésica. A alta da RPA é dada após uma reavaliação
do paciente pelo anestesista, cirurgião responsável, intensivista ou pelo responsável pela RPA.
A incidência e severidade da dor no pós-operatório também é influenciada pelo estado
físico e psicológico do paciente, bem como sua situação social e cultural. Há indícios de que os
pacientes com maior comprometimento do estado físico tendem a sofrer mais do que se os que
encontram em bom estado geral.
Segundo Martelete (1989:480) “é muito importante o grau de ansiedade pré e pós-
operatório apresentado pelo paciente. Sua intensidade vai depender de qualidade da informação e
do preparo psicológico recebidos pelo paciente no pré-operatório, pois nesse momento o paciente
pode apresentar medo da morte, de perder a consciência das possíveis complicações da anestesia
e da cirurgia, da própria dor pós-operatório além das preocupações naturais com o trabalho,
situação financeira e outras. Já foi demonstrado que a ansiedade gerada pela admissão hospitalar
está altamente correlacionada à incidência e intensidade da dor pós-operatória”.
O estado de ansiedade apresentado pelo paciente no pós-operatório é constituído
basicamente por três fatores: medo, incerteza e sensação de desamparo. Acordar em um ambiente
estranho, longe dos seus familiares, rodeado por aparelhos e drenos, muitas vezes em posição
desconfortável, sem poder mover-se espontaneamente, sentindo mais dor do que imaginava e sem
saber o que vai lhe suceder, tudo isto gera muito medo, incerteza e sensação de desamparo que
são reforçados pelo grau de ansiedade já apresentado pelo paciente em pós-operatório.
Todos os fatores contribuem para uma série de complicações e disfunções em pós-
operatório. As mais freqüentes e importantes segundo Martelete (1989:481) são: pulmonares,
circulatórias, gastrointestinais, urinárias, musculares, tromboembólicas e reações psicológicas e
emocionais.
Muitos pacientes que apresentam dores imediatas em pós-operatório que não são
adequadamente tratadas desenvolvem ansiedade e medos excessivos no caso de cirurgias
subseqüentes. Além disso, alguns pacientes podem desenvolver distúrbios emocionais que
comprometem a sua saúde mental.
Segundo Martelete (1989 :483), “a profilaxia é a melhor conduta na dor pós-operatório.
Várias são as medidas a serem tomadas:

1- Preparo Psicológico:
Um preparo psicológico adequado a pacientes cirúrgicos, diminui a ansiedade, reduz
significativamente a incidência e intensidade da dor pós-operatório.
Um bom esclarecimento sobre o período pós-operatório durante a preparação para a
cirurgia auxilia na redução de ansiedade, diminui o estresse e favorece a colaboração do
paciente para a diminuição da dor pós-operatória.

2- Cirurgia:
A redução das manipulações viscerais e os estriamentos da musculatura auxiliam na
diminuição da dor em pós-operatório.

3- Anestesia:
A anestesia condutiva retarda o aparecimento das dores em pós-operatório, principalmente
quando são empregados anestésicos locais de longa duração”.

A maior parte das depressões pós-operatórias é reativa, que varia em grau de leve a
grave, sendo fatores principalmente ativos. O estado anímico do paciente suscetível a todo tipo de
evento, mobiliza-se buscando defender-se ou esquivar-se da situação de ameaça presente. Essa
mobilização é inadequada e os fatores vividos pelo paciente geram ou acentuam o estresse e
ansiedade; o desgaste emocional torna-se cada vez mais progressivo. Todos os seus mecanismos
de defesa estão voltados para o enfrentamento do evento crítico que, no caso, é representado pela
cirurgia. Uma vez superada a crise, há uma quebra abrupta de toda essa energia mobilizada,
levando o paciente a um estado depressivo reativo que terá duração e intensidade determinadas
pelo desgaste físico e emocional experimentado no pré-operatório (Sebastiani,1995).
O que se espera de um pós-operatório é uma recuperação tranqüila, buscando equilíbrio
entre o físico e o psíquico, por isto é muito importante que o paciente possa expressar tudo o que
está sentindo sem medo ou receio.
Uma das causas de depressão em pós-operatório está associada a fantasias frente a um
pós-operatório diferente, sem dores, sem recomendações e principalmente sem limitações, e isto
faz com que o paciente se frustre e se sinta ameaçado. Em decorrência destas circunstâncias é
que se faz fundamental uma boa preparação psicológica em pré-operatório e um acompanhamento
contínuo em pós-operatório.
O papel do psicólogo no pós-operatório é abarcar todos os sentimentos apresentados pelo
paciente, com o intuito de deixar com que estes não interfiram na recuperação do corpo operado, e
não deixem seqüelas emocionais em relação a procedimentos cirúrgicos.
O procedimento cirúrgico é invasivo e muitas vezes ameaçador da integridade física e
psicológica do paciente caso esse não esteja preparado psicologicamente para enfrentar tal
situação.

 A relação médico-paciente em cirurgia

“Amamos o médico não pelo


seu saber,
não pelo
seu poder,
mas pela
solidariedade humana
que se revela na sua espera
mediativa”.
(Ru
bens Alves)

Chiattone (1996:74) citando Lewis et Lewis, afirma que “a maioria das doenças está na
dependência, tanto de fatores emocionais quanto físicos. Você é uma unidade mente corpo, suas
emoções são fenômenos físicos e cada alteração fisiológica tem seu componente emocional”.
Dentro desta visão tem-se saúde como um estado de equilíbrio do indivíduo, nas suas três
esferas (biológica, psicológica e social) mantendo a homeostase entre elas.
No entanto, o que se observa é a supervalorização dos aspectos orgânicos do paciente em
detrimento dos aspectos psicológicos e sociais do mundo, que podem interagir no processo saúde-
doença. Assim sendo, a relação médico-paciente se faz fundamental, pois é através do vínculo
estabelecido no primeiro encontro que o paciente se torna fortalecido e motivado a enfrentar
situações que muitas vezes são grandes geradoras de estresse, facilitando o processo de cura,
tratamento e reabilitação. É a partir desse o vínculo, que se é construída uma ligação afetiva,
fundamental para o sucesso do tratamento.
Cardella (1994:16) concebe “o amor como um estado e um modo de ser caracterizados
pela integridade e diferenciação de um indivíduo, que lhe permite ver, aceitar e encontrar o outro
como único, singular e semelhante na condição de humano. O estado de amor pressupõe
capacidade de auto-satisfação de necessidades e os desejos em relação aos outros. O amor é a
polaridade oposta do egocentrismo e do sofrimento de natureza emocional (...)”.
Segundo Dias (1998:50), “o estado de amor permite-nos apreciar as qualidades e
potenciais de outra pessoa e aceitar suas limitações como um ser em aprendizado e crescimento
(...). O amor implica a capacidade de estabelecer limites entre si e o outro, um contato de boa
qualidade e retratação, além de espontaneidade e autenticidade”.
Essa relação apresenta-se dentro do contexto cirúrgico, de forma benéfica, pois identifica-
se a integração dos objetivos comuns entre anestesista e paciente: esse vai em busca de uma
“solução” para seu problema, carregando entretanto a expectativa de em nenhum momento sentir
dor ou qualquer outro tipo de incomodo durante a intervenção cirúrgica, cabendo àquele
proporcionar ao paciente o resguardo total de sua vida.
Na dependência de expectativas prévias, o paciente pode apresentar-se inseguro da
competência, dedicação e seriedade do anestesista, o que torna difícil a reversão desta
expectativa frente à conduta a ser tomada. Esta desconfiança pode manifestar-se mais ou menos
de forma ostensiva e agressiva; a firmeza e correção das atitudes iniciais são indispensáveis para
minimização dos problemas futuros (Barroso,1992).
É em virtude da situação acima que se torna de fundamental importância que o anestesista
da maneira mais singela e objetiva transmita ao paciente segurança e confiança, pois, durante um
certo período, aquele se tornará guardião da sua vida, cabendo somente a ele resguardar e
assegurar a sua vitalidade.
Algumas vezes, a anestesia desperta no paciente angústia maior do que a própria
operação. Em proporções variáveis, essa sensação parece estar ligada à idéia de perda de
controle, ausência, desligamento, separação e morte. Neste momento, a visita do anestesista,
dando corpo a uma figura abstrata, explicando, entendendo e acalmando o paciente, tem um
enorme significado na redução da ansiedade e de todas as suas conseqüências. Através deste
clima, o paciente se torna cada vez mais participativo do processo. Esta transferência de
conhecimentos e credibilidade deve sempre ser utilizada a favor da melhor condução do caso
(Barroso,1992). Durante a consulta, além da utilização do conhecimento técnico, é muito
importante que o anestesista saiba ouvir seu paciente com atenção, não se prendendo somente às
questões da anamnese que são direcionadas, mas também avaliando a validade dos
conhecimentos dinâmicos que cercam o paciente.
“Antes de ser médico ou terapeuta se é pessoa, e não é fácil ser pessoa, desvestir por
algum tempo o uniforme do saber, do poder, tudo manifestado pelo modo de ser, pelo olhar, pelo
silêncio – uma presença total em face do outro” (Sarano 1978:41).
A existência e o grau de ansiedade e insegurança causados pela expectativa de
sofrimento, morte, mutilação e castração devem ser atentamente observados e investigados na
relação médico-paciente. Deve-se criar um clima de confiança, que permita que o paciente possa
expor seus sentimentos e principalmente medos, na expectativa de que os mesmos sejam
abarcados pelo profissional, que muitas vezes se torna uma figura onipotente e temerosa perante o
paciente, em virtude de suas fantasias.
Cabe ao anestesista estar atento e esclarecer qualquer dúvida, proporcionando ao
paciente desmistificar qualquer fantasia que possa indiretamente interferir no momento anestésico.
É muito difícil para o paciente entregar seu corpo a um anestesista no qual não confia,
podendo assim surgirem anteriores à intervenção cirúrgica manifestações comportamentais que
reflitam o estado psicológico do paciente gerado pela insegurança de um vínculo pouco
estabelecido. Muitas vezes o profissional não prioriza um bom relacionamento, uma vez que
mantém o contato com o paciente somente no momento cirúrgico, leva-se assim em consideração
apenas o aspecto técnico de manutenção da vida durante a intervenção cirúrgica, não vendo como
relevância a condição de ser humano.
Sarmento (1994:23) refere que “o ser procura ajuda, em seu estado fragilizado, espera
encontrar gestos solidários para o seu penar. O ser que oferece ajuda coloca-se à disposição, em
atos que se baseiam no seu saber, mas que, anteriormente ao conhecimento, trazem em seu
âmago o desejo de curar ou de contribuir para que, antes mesmo que a dor apareça, configure-se
um outro caminho – o caminho do bem-estar”.
Geralmente, quando o paciente busca uma solução para o seu problema, tal ação vem
carregada de uma série de outros problemas e principalmente de sentimentos ligados a eles, como
medo, ansiedade, ignorância, ressentimento e até certa desconfiança, que, na maioria das vezes,
apresentam-se diretamente ligados à percepção da pessoa, seus antecedentes pessoais, história
de vida, idade, sexo, e personalidade, englobando a bagagem genética e a experiência de vida.
Segundo Dias (1998:55), “torna-se importante uma atitude emocionalmente madura e
compreensiva por parte do médico para que ele possa identificar, reconhecer e diferenciar quando
uma atitude do paciente é direcionada ou não à sua pessoa real. Caso o médico não se dê conta
deste movimento do paciente, poderá ter o relacionamento com o mesmo prejudicado através da
atuação de um papel complementar que é esperado pelo paciente. Se, ao contrário, souber
diferenciar e manejar tal situação – e isso não é tarefa fácil – poderá facilitar o estabelecimento de
um vínculo de confiança, onde o paciente sentir-se-á compreendido”.
Sendo assim, o processo de transferência provoca reações no médico, denominadas de
contratransferência, que segundo Laplanche e Pontalis (1995:102), “é um conjunto de reações
inconscientes do Analista à pessoa do analisando e, mais particularmente, à transferência deste”.
Transportando para o setting hospitalar, Canella (1994:06) define contratransferência
como “conjunto de sentimentos e reações mobilizados no médico, não exatamente pela pessoa
“real” do cliente, mas pelas distorções perceptuais do médico, que determinam a maneira pela qual
este “vê”o cliente”.
Desta forma, deve-se levar em consideração que o ser humano é um ser carregado de
experiências passadas, de realidades presentes e principalmente de expectativas futuras, que
muitas vezes podem influenciar na relação com um outrem seja ele médico ou paciente.
Para Barroso (in Mello Filho, 1992:259), “a criação de um ritmo que permita ao
paciente, dentro da sua própria força, ir expondo ou deixando perceber os seus temores, abre
espaço para que sejam esclarecidos problemas e propostas médicas, na justa medida da
capacidade e disposição de conhecê-los”.
Neste sentido, uma boa relação entre médico e paciente é indispensável, pois, em certas
circunstâncias, a confiança e a segurança se fazem tão eficazes quanto qualquer instrumento
médico.

 Atuação do psicólogo hospitalar em cirurgia

“Procuro despir-me do que aprendi,


Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me
ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos.
Desencaixotar as minhas emoções
verdadeiras...”
(Fernando Pessoa)

Angerami (1995:23), afirma que o principal objetivo da Psicologia Hospitalar é “a


minimização do sofrimento provocado pela hospitalização”. Segundo ele, a hospitalização não
deve ser entendida apenas como processo de instituição hospitalar, mas como um conjunto de
fatos decorrentes desse processo que apresenta implicações na vida do paciente.
Quando se aborda a hospitalização no sentido institucional, prioriza-se a relação causa e
efeito das doenças, tornando o doente um mero espectador de si mesmo, que não interage, sendo
apenas mais um doente. É preciso olhar para este ser e a sim traduzir a dimensão do significado
do adoecer junto ao mesmo, tornando elemento ativo do processo de hospitalização. Outro objetivo
é avaliar o grau de comprometimento emocional do paciente causado por uma situação de
tratamento cirúrgico e/ou de hospitalização e as implicações que permeiam este processo,
cabendo ao psicólogo propiciar condições para manutenção das capacidades de enfrentamento,
favorecendo a livre expressão de sentimentos e emoções, que por si só são grandes geradoras de
conflitos.
A Psicologia Hospitalar acredita que a humanização é possível e real. “É a vertente que faz
com que o grito de dor do paciente seja escutado e compreendido em toda a sua extensão”
(Angerami, 1992:24).
Neste sentido, o profissional da área da saúde dever estar sempre atento a entender a dor
do paciente, identificando e compreendendo a necessidade de atendimento especializado, já que
essa dor vai além da questão orgânica, ganha amplitude no psiquismo.
Para Santos e Sebastiani (1996), a doença causa desarmonia orgânica ou psíquica,
quebra a dinâmica de desenvolvimento do indivíduo gerando desarmonização da pessoa dentro de
sua sociocultura.
O indivíduo quando hospitalizado é obrigado a seguir regras da instituição, perdendo assim
sua privacidade e autonomia. Além da percepção de que seu organismo passa a se apresentar de
forma limitada, o paciente ainda se vê em um ambiente extremamente limitador.
“Dessa forma é muito importante que o psicólogo tenha bem claro os limites de sua
atuação para não se tornar ele também mais um dos elementos abusivamente invasivos que
agridem o processo de hospitalização e que permeiam largamente a instituição hospitalar. Ainda
que o paciente em seu processo de hospitalização esteja muito necessitado da intervenção, a
opção do paciente de receber ou não esse tipo de intervenção deve ser soberana e deliberar a
prática do psicólogo. Balizar a sua necessidade de intervir em determinado paciente, a própria
necessidade do paciente em receber tal intervenção, é delimitação imprescindível para que essa
atuação caminhe dentro dos princípios que incidem no real respeito à condição humana”
(Angerami, 1995:25)
Segundo Lopes (1997:67), o hospital é reflexo dos anseios, angústias, dificuldades,
desejos e alegrias da humanidade que busca recursos contra os males e problemas do homem.
No momento em que a doença se instala e há a necessidade de internação e de
intervenção cirúrgica, automaticamente ocorrem manifestações psíquicas e comportamentais
importantes no paciente, gerando uma situação de crise, isto é, a quebra no equilíbrio, na unidade
que compõe o ser humano, ou seja, na homeostase.
Em meio a esta situação, é natural que o ser humano reaja, utilizando-se de ações de
enfrentamento e mecanismos de defesa com o intuito de resgatar o seu equilíbrio, tentando se
proteger contra situações estressoras geradas pelo próprio processo de hospitalização.
Neste sentido, “a função do psicólogo hospitalar é resgatar condições de enfrentamento da
situação de crise, reforçando os recursos internos do indivíduo, minimizando assim o sofrimento
causado pela situação vivida (tratamento cirúrgico, invasão corpórea), melhorando assim, a
qualidade de vida dos mesmos” ( Lopes, 1997: 68 ).
O psicólogo deve ficar atento às reações emocionais de um paciente cirúrgico, pois
segundo Sebastiani (1995:33), “o paciente submetido a procedimento cirúrgico apresenta
aspectos psicológicos importantes principalmente em relação à dor, anestesia, fica incapacitado ou
desfigurado, e nesse momento o psicólogo atua como facilitador para externalização desses
sentimentos, oferecendo informações adequadas baseadas na confiança que permeia essa
relação”.
Esse profissional representa o paciente diante da equipe de saúde, pois, devido ao seu
estado emocional alterado este não tem condições para representar a si mesmo. Enquanto
representante, o psicólogo não ameaça a integridade física do paciente, mas sim reforça a
segurança; diante disso, faz a ligação entre a equipe de saúde e paciente, o que é de grande
importância, pois com isso possibilita desenvolver um bom prognóstico emocional da relação do
indivíduo com a cirurgia e o processo de pós-operatório e reabilitação (Sebastiani, 1995:34 ).
“O psicólogo atuará como intermediário psicológico com o intuito de buscar a
compreensão entre profissionais/pacientes e profissionais/família, pois, muitas vezes, a angústia,
depressão ou temores difusos referem-se à destruição do corpo, sofrimento, medo da internação
ou tratamento cirúrgico, o que pode dificultar na relação médico/paciente” (Lopes 1997:69).
Muitas vezes, o simples fato de fornecer ao paciente informações adequadas e suficientes,
ajuda-o muito a controlar sua ansiedade. Através do conhecimento da situação, torna-se muito
mais fácil para o paciente a adaptação à situação estressante. A informação tranqüiliza e motiva ao
mesmo tempo, em relação ao tratamento.
Um dos intuitos do psicólogo é criar um clima de confiança entre médico e paciente, para
que esse último se sinta participante da decisão operatória.
“No período pré-operatório, a atuação psicológica visa essencialmente o esclarecimento e
apoio ao paciente, devendo sempre respeitar as necessidades do paciente, bem como algumas
características: idade, personalidade, formação educacional, precedentes étnicos, religiosos e
sociais, é de suma importância a capacidade do indivíduo de enfrentar perdas, frustrações e
dificuldades, bem como os recursos que ele possui (apoio familiar, meios econômicos e sociais), e
suas crenças sobre a doença As informações devem ser simples, diretas, realistas e
principalmente gradativas, sendo que o paciente deve direcionar o caminho a seguir.
No pré-operatório é importante que as informações sejam repetidas sempre que
necessário, toda vez que o paciente expressar angústias, dúvidas, fantasias e falsos conceitos,
além de medo. Nesse momento vale enfatizar que é essencial trabalhar a fantasia da morte, o risco
virtual da morte, o medo de possíveis seqüelas. Além de envolver todos os aspectos positivos do
processo cirúrgico,(melhora da dor, do quadro clínico, etc.), é importante ressaltar e transmitir
informações precisas sobre o que vai ocorrer. Devem ser transmitidas informações sobre a
anestesia, no sentido do objetivo desta, do pré-anestésico e do aspecto temporário. Os pacientes
temem adormecer e não acordarem mais após serem anestesiados, além de temerem perder o
controle da situação” (Luzzi e Sona, 1990: 65 )
Durante o período pré-operatório, é muito importante também fornecer informações sobre o
centro cirúrgico, sobre a equipe de saúde, sobre o uso de mascaras, gorros e aventais, sobre o
foco de luz e aparelhos utilizados. É também nesta fase que o paciente deve ser esclarecido
quanto aos aspectos do pós-operatório para que ele esteja consciente das condutas quando
acordar da anestesia. Além disso, também é importante ressaltar a possibilidade de permanecer
em sala de recuperação ou U.T.I. As informações jamais devem ser excessivas para que não
contribuam para aumentar os medos e fantasias dos pacientes. Por isso, é importante que o
próprio paciente direcione toda a preparação, mostrando o que deseja saber.
Enfim, a atuação do psicólogo junto a pacientes cirúrgicos, permite que os mesmos
verbalizem e expressem suas angústias, medos, fantasias, tornando se cada vez mais participativo
do processo, o que reforça sempre sua capacidade de enfrentamento, e fortalece gradativamente
suas defesas, renovando o seu ser e estar a cada momento, ampliando seus próprios limites e
horizontes, pois a busca que cada um faz de seu próprio ser é infinito, já que o homem é um ser
dinâmico e vive em constante mudança.
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