A Evolução Do Armazenamento Da Informação
A Evolução Do Armazenamento Da Informação
A Evolução Do Armazenamento Da Informação
ORIENTADOR:
Rio de Janeiro
Abril/ 2017
1
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
PROGRAMA FGV MANAGEMENT
MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI
André Barcaui
Coordenador Acadêmico Executivo
2
TERMO DE COMPROMISSO
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos familiares que ao longo dos anos de meu crescimento
me ensinaram os aspectos da vida em como ser uma pessoa melhor e evoluída,
inspirando-me a buscar novas maneiras de compreender as necessidades das pessoas e
ser voz ativa em nossa sociedade de modo construtivo. Também dedico esta tese às
futuras gerações, que poderão utilizar estes ensinamentos aqui registrados para
transformar nosso mundo em um lugar mais seguro, próspero e produtivo.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus professores e amigos, que ao longo dos anos de experiência
acadêmica e profissional me ajudaram e inspiraram a resolver problemas e crias
discussões e soluções para problemas cotidianos da vida social, e a ser uma pessoa mais
otimista e criativa.
5
RESUMO
A informação ao longo dos anos tornou-se base fundamental para a evolução de
nossa sociedade. Com este conhecimento notado e adquirido as sociedades criadas e
formadas ao longo dos séculos perceberam a importância do seu armazenamento e
distribuição para seus integrantes de modo a perpetuar a população de maneira próspera,
sempre tendo em vista seu crescimento contínuo e evolutivo.
Com a evolução social, intelectual e tecnológica constantes, principalmente a
partir da era industrial, os métodos de armazenamento e transmissão da informação
passaram a ser alterados de modos constantes, sempre os tornando mais eficientes e
rápidos. Esta peculiaridade foi possível graças à rápida evolução e aplicação
tecnológica, que nas últimas décadas fez saltar o número de meios de armazenamento e
transmissão de dados. Atualmente o acesso a dados e conhecimento tornou-se quase que
instantâneo entre as pessoas e suas populações em quase toda a superfície do globo
terrestre.
Esta trajetória, porém, exponenciou o volume de dados e informação criados
todos os dias, sem necessariamente haver uma norma organizacional para manutenção
das mesmas, inclusive nas atividades corporativas. Um complicador a mais para esta
observação seria o vasto número de equipamentos e serviços de diversos fabricantes
disponíveis para esta tarefa, privatizando dados pessoais e patrimoniais sem
necessariamente ter obrigações legais na recuperação destes dados.
Nesta tese detalharemos um pouco sobre esta evolução, as tecnologias de
armazenamento e comunicação envolvidas, a influência delas na sociedade e nas
corporações, quais as ameaças, perigos e vulnerabilidades enfrentados pela existência e
ainda surgimento de tantas alternativas para a manutenção da informação, e as
consequências da perda dos mesmos para nossa evolução. Também demonstraremos
como mitigar ou solucionar estes problemas apresentados e novos projetos existentes
que possam ser criados para ajudar a resolver estes desafios.
6
ABSTRACT
Information over the years has become a fundamental basis for the evolution of
our society. With this knowledge noted and acquired, the societies created and formed
throughout the centuries realized the importance of its storage and distribution to its
members in order to perpetuate the population in a prosperous way, always with a view
to its continuous and evolutionary growth.
With constant social, intellectual and technological evolution, especially since
the industrial era, the methods of storage and transmission of information have changed
in constant ways, always making them more efficient and faster. This peculiarity was
made possible thanks to the rapid evolution and technological application, which over
the last decades has caused the number of data storage and transmission to be
multiplied. Access to data and knowledge has now become almost instantaneous
between people and their populations on almost the entire surface of the globe.
This trajectory, however, has exponentiated the volume of data and information
created every day, without necessarily having an organizational standard to maintain
them, including in corporate activities. A further complicator for this observation would
be the vast number of equipment and services of various manufacturers available for
this task, privatizing personal and patrimonial data without necessarily having legal
obligations in the recovery of this data.
In this thesis we will detail a little bit about this evolution, the storage and
communication technologies involved, their influence on society and corporations, what
are the threats, hazards and vulnerabilities faced by existence and also the emergence of
so many alternatives for the maintenance of information and the consequences of losing
them to our evolution. We will also demonstrate how to mitigate or solve these
presented problems and new existing projects that can be created to help solve these
challenges.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Pintura Rupestre - Parque Nacional de Sete Cidades - Piauí - Brasil .............19
Figura 2 - Aurora boreal fotografada em Napa Valley, Califórnia durante uma
tempestade magnética em novembro de 2001 .................................................................35
8
SUMÁRIO
1 - Introdução .............................................................................................. 10
2 - Fundamentação Teórica ......................................................................... 12
2.1 - Evolução histórica da informação ................................................... 12
2.2 – Dispositivos, tecnologias e políticas corporativas .......................... 13
2.3 – A diversidade dos métodos de armazenamento e distribuição da
informação................................................................................................ 14
2.4 – O gerência da informação para a história ....................................... 15
2.5 - Riscos envolvidos ............................................................................ 16
2.6 – Soluções pela inovação ................................................................... 17
3– Informação, transmissão e armazenamento ........................................... 18
3.1- O que é a informação ........................................................................ 18
3.2 - A importância do armazenamento ................................................... 19
3.3 - A evolução do armazenamento e a transmissão da informação ...... 20
4 - Os primeiros problemas ......................................................................... 23
4.1 – Diferentes dispositivos .................................................................... 23
4.2 - A comercialização da informação ................................................... 24
4.3 – Diferentes softwares ........................................................................ 26
5 – A verdadeira catástrofe ......................................................................... 27
5.1 – O atual modelo ................................................................................ 27
5.2 - A dependência da energia ................................................................ 28
5.3 – Conflitos armados ........................................................................... 29
5.4 – Ataques com armas eletromagnéticas ............................................. 31
5.5 – Eventos espaciais severos ............................................................... 32
6 – Soluções de um futuro próximo ............................................................ 36
6.1 – O armazenamento de dados via DNA ............................................. 37
6.2 – Dispositivos de armazenamento “infinito” ..................................... 38
6.3 – Armazenamento em nano vidro em 5D .......................................... 39
7 – Conclusão .............................................................................................. 40
9
1 - INTRODUÇÃO
11
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
12
2.2 – Dispositivos, tecnologias e políticas corporativas
13
Outra referência que utilizamos para este assunto foi Deitos (2002), que enfoca
os fatores necessários para as empresas enfrentarem as dificuldades e possibilidades
advindas das novas tecnologias e suas respectivas inovações obtidas a partir delas. O
foco é colocado na efetividade do tratamento dos dados e informação corporativos e a
importância de seu armazenamento para constituir e assegurar a longevidade das atuais
empresas. Este trecho exemplifica bem a abordagem usada pela autora: “Se em períodos
anteriores, a deficiência em informação reportava-se sempre à dificuldade de acesso às
fontes, hoje a abundância de fontes traz consigo a dificuldade em identificar e tratar as
informações que são realmente relevantes (Deitos, 2002, pág. 32)”.
14
“A ideia inicial da cloud computing foi processar as aplicações e armazenar os dados
fora do ambiente corporativo, dentro da grande rede, em estruturas conhecidas como
datacenters, otimizando o uso dos recursos. Datacenters, em resumo, processam
aplicações e armazenam os dados de organizações que atuam em rede (Veras, 2012,
pág. 30)”.
Já os autores Somasundaram e Shrivastava (2011) são utilizados nas referências
bibliográficas para desenvolver a descrição do funcionamento dos datacenters e como é
baseada sua infraestrutura. Nela uma série de tecnologias são postas em conjunto,
através de vários padrões já adotados no mercado para suprir as necessidades de
comunicação e segurança para o seu funcionamento. Além disso, descrevem os desafios
e estratégias para executar o devido funcionamento destes e como a sua correta gerência
propicia ganho financeiro e comercial para as corporações através da transmissão e
armazenamento de dados e informação: “As organizações fazem uso destes bens
digitais para gerar novas receitas, melhorar os níveis dos serviços e potencializar o valor
histórico. Isso demanda recuperações frequentes e rápidas do conteúdo fixo em várias
localizações. Um arquivo é um repositório em que o conteúdo fixo é colocado. A
disponibilidade on-line de dados no arquivo pode aprimorar o valor de negócio das
informações referenciadas (2011, pág. 212-213)”.
15
Para corroborar estas ações e realizar um comparativo destas com os problemas
corporativos enfrentados atualmente face à evolução tecnológica, utilizamos o
conhecimento técnico da mestra Duranti (2009) registrado em uma entrevista, como
observado neste trecho: “Nos demos conta de que tínhamos na realidade estabelecido
todos os requisitos para produzir documentos arquivísticos corretos, da forma correta, e
para mantê-los autênticos em seus sistemas de gestão de documentos na idade corrente.
No entanto, o que ocorreria com eles quando passassem da idade corrente e as
tecnologias para produzi-los e acessá-los se tornassem obsoletas? Logo tornou-se claro
que este era um problema partilhado com várias profissões, em muitos países (2009,
pág. 87)”.
______________________
¹ “The rapid growth of the computing and communications infrastructure over the last
decade has produced a significant dependency in modern industrialised economies, and
this dependency produces a major vulnerability to attack by electromagnetic weapons”.
16
Já aproveitando do conhecimento da parte científica, um workshop realizado em
2008 pelo National Research Council (Conselho Nacional de Pesquisas Americano)
discute uma série de acontecimentos e suas consequências sobre eventos naturais
espaciais e como estes, ao longo das décadas afeta nossas atuais tecnologias
computacionais, e como os governos e corporações reagem sobre estes fatos.
17
informações em 5 dimensões garantido capacidades gigantescas de armazenamento,
seguros por milhares de anos em ambientes de clima extremo e ainda sem necessitar de
energia para garantir a manutenção da informação.
3– INFORMAÇÃO, TRANSMISSÃO E
ARMAZENAMENTO
18
Figura 1: Pintura Rupreste - Parque Nacional de Sete Cidades - Piauí - Brasil
19
As ferramentas utilizadas, já evoluídas passaram a utilizar novas formas de
armazenamento. As inscrições em rocha, madeira e até argila passaram a ser portáteis,
assim poderiam ser carregadas e transportadas, levando o conhecimento e registro para
onde fossem necessários. Estas eram as primeiras tecnologias de transmissão da
informação das sociedades.
Durante o século VI dc. a tinta começara a ser implementada no lugar dos
entalhes e as superfícies de papel foram inventadas para facilitar o armazenamento,
além de fornecer uma maior segurança e durabilidade durante o transporte do
conhecimento adquirido (Queiroz, 2004).
Com o passar dos anos, os mais sábios de cada sociedade verificaram a
importância de ordenar todos os registros já conquistados ao longo de séculos e que a
perda deste seria a ruína de seu grupo. Logo, armazenar de forma segura ao longo dos
anos tornou-se essencial. Daí as primeiras construções de templos e bibliotecas - locais
de fundamentais para o armazenamento das informações obtidas - que organizadas de
modo padrão, tornar-se-iam conhecimento fundamental para a prosperidade das futuras
gerações (Laignier; Fortes, 2009).
20
Porém, no século XIX, de acordo com Laignier e Fortes (2009), durante a
revolução industrial e o início da industrialização e a automação pela evolução das
máquinas a vapor a tecnologia da impressão tipográfica acelerou o processo de
distribuição da informação através de notícias (origem do jornalismo). Aproveitando
este impulso, em 1830 o telégrafo foi inventado e difundido para aumentar ainda mais a
velocidade de divulgação de mensagens e notícias entre regiões distantes.
Esta evolução crescente e constante perdurou. A tecnologia evoluía, mas os
processos produtivos tinham chegado ao seu limite de transmissão. Mesmo com o
advento da criação do rádio e da TV a comunicação poderia ser transmitida com maior
rapidez, e quem conseguisse realizar esta missão de maneira mais ordenada e eficiente
teria vantagem competitiva no mundo da indústria e da manufatura.
Na época, os processos produtivos e toda a informação relativa a eles era tarefa
totalmente manual, dependendo de ações gerencias realizadas por interpretações
procedurais humanas. Inúmeros arquivos de texto em papeis e arquivos eram criados e
repassados por vários escritórios e vários profissionais especializados em diversas
categorias da indústria (contabilidade, direito trabalhista, gerência corporativa, etc.) para
manter a sua respectiva corporação e melhorar sua eficiência em contrapartida a seus
concorrentes.
No entanto, na década de 1940 cientistas começaram a utilizar a matemática para
aumentar a eficiência no transporte e repasse da informação para outras pessoas. O
primeiro dispositivo automático de processamento de dados foi desenhado e entrou em
operação. O computador (como ficou conhecido) era capaz de processar várias
informações ao mesmo tempo. Neste caso, as inúmeras informações que o mundo na
época continha e produzia foi organizada matematicamente em um código binário de 0
e 1.
Partindo da realidade de que várias línguas faladas e escritas existiam no mundo,
chegou-se à conclusão dos pesquisadores de que a matemática (conhecida por ser uma
linguagem universal) poderia unir o vasto conhecimento existente e transformá-lo de
modo mais eficiente. A informação então seria transformada em dados para o
computador, utilizando-se de código binário, e aumentando a rapidez no processamento
de informações corporativas.
Agora, números sobre produção, pagamentos de salários, tributos, despesas e
outras informações relativas poderiam ser processados de forma muito mais rápida e
organizada que a humana utilizada até então. No começo, para se guardar todos estes
21
resultados, cartões perfurados eram na época a primeira tecnologia para manter todos os
registros de maneira segura, totalmente analógica. A execução de processos era ainda o
fator principal da evolução. Para se chegar à efetividade do processamento de dados em
escala massiva a miniaturização dos computadores e seus componentes foi fundamental
para a eficiência e aumento da automação de dados (Laignier e Fortes, 2009).
Segundo Somasundaram e Shrivastava (2011, pág. VII) o volume de dados
começou a se expandir e a crescer de forma exponencial. Como a tecnologia colocava
grande conteúdo e eficiência na análise de dados corporativos, começou-se a investir em
processamento ainda maior e maneiras de se se guardar todos a informação produzida.
“Para se ter uma ideia dos desafios que enfrentamos hoje, o volume de
informações criadas, capturadas e replicadas em um ano é milhões de vezes o volume
de informação em todos os livros já escritos. A informação é o bem mais importante de
uma empresa. Ela deve ser armazenada, protegida e gerenciada de forma inteligente e
eficiente para que seja acessível, pesquisável, compartilhável e acionável”.
22
4 - OS PRIMEIROS PROBLEMAS
Como descrito por Almeida (2006), a crescente demanda por tecnologia iniciou
um processo conflituoso a respeito dos tipos de dispositivos a serem usados para o
processamento de dados. Para cada novo método de armazenamento e transmissão, um
novo equipamento e uma nova interface eram criados. Triplicava-se a capacidade de
armazenamento do disco rígido, uma nova arquitetura era necessária para a sua leitura.
Mais dados, mais poder de processamento. Novos processadores eram criados e novas
placas-mãe eram necessárias para se instalar o novo dispositivo. Cada um com seu
respectivo meio de leitura e transmissão.
Nas décadas de 70 e 80 do século XX esta evolução ainda era menos frequente,
mas ainda rápida e constante. Durante o início do século XXI pudemos testemunhar
várias frentes inovadoras de tecnologia para incrementar a eficiência do processamento
e seu armazenamento, e como ficávamos reféns de vários padrões da indústria da
tecnologia. Alguns órgãos foram criados para padronizar estas ferramentas e garantir
que uma grande parcela da sociedade pública e corporativa pudesse se beneficiar com o
melhor de cada característica tecnológica do dispositivo inventado.
Chegamos então à grande questão: com tamanha evolução destas tecnologias,
como garantir o duradouro armazenamento do conhecimento produzido ao longo de
todos estes anos? A troca do papel e tintas por dados em dispositivos foi benéfica em
processamento, mas como garantir a integridade da informação contida em dispositivos
que se tornam obsoletos em tão pouco tempo?
Podemos usar o exemplo do disquete da década de 70 que contenha uma
informação de grande importância. Onde poderíamos utilizá-lo neste século 21? Mesmo
se tivéssemos meios de retransmitir seus dados para um dispositivo mais atual, estes
depois de alguns anos provavelmente estariam corrompidos e ilegíveis. A nossa
sociedade agora passara de textos em paredes e pergaminhos com séculos de duração
para dispositivos que se deterioram em poucos anos.
O dilema da desatualização continua em ritmo constante. Temos outros
exemplos como antigos discos rígidos, LPs, fitas de gravação como o K7 entre outros
que mesmo mantidos em segurança na tentativa de perdurar a informação neles
contidas, perdem seu uso pelo simples fato de se tornarem obsoletos. A grande questão
23
não está no fato de se ficar velho em nossa história já que tudo se torna antigo ao longo
da evolução, mas sim em quanto tempo isto está levando para ocorrer.
24
pessoa física) garantindo a segurança dos dados de maneira eficiente. À primeira vista,
realmente parece um investimento muito bom, garantindo a resolução de vários
problemas administrativos importantes que permitem a longevidade do conhecimento
adquirido pelo usuário. Este tornou-se um serviço muito popular e terceirizou a
importante responsabilidade de se gerenciar a longevidade de toda a informação que se
é gerada e precisa ser salva para tempos futuros (Veras, 2012).
Porém alguns detalhes estratégicos de risco ainda persistem neste tipo de
serviço. São estes:
- A necessidade de comunicação constante com a fonte de dados e seu local de
armazenamento (empresa contratada para realizar o serviço).
- A duração e armazenamento dos dados do usuário somente durará de acordo com a
longevidade da empresa contratada. Considerando pessoas físicas, caso a empresa se
acabe ou não tenha mais capacidade de realizar suas atividades, toda a responsabilidade
e riscos da perda de suas informações é assumida pelo usuário, de acordo com as
cláusulas de uso por ele aceitas ao iniciar o uso dos serviços (EULAs - End User
Licence Agreement).
Os itens acima ainda não são suficientes de maneira mais global em sua
importância. Imaginemos que por algum advento alguma empresa de clouding
computing não consiga mais prover seus serviços. Além de atípico, outra instituição
poderia assumir este compromisso. A questão a ser analisada é a de que todo o
conhecimento gerado está em local distante e não conhecido por seus usuários. Um
evento de grandes proporções poderia simplesmente interromper o acesso a dados
imprescindíveis, sem dar ao usuário condições de resgatá-lo.
Além disso, as empresas que prestam este tipo de serviço usam dispositivos de
armazenamento que padecem do mesmo problema do restante da população: tornam-se
obsoletos muito rapidamente e usam padrões e dispositivos específicos para o
armazenamento. Os dados precisam necessariamente serem repassados e retransmitidos
para mídias que se tornam desatualizadas cada vez mais rápido.
A última e mais importante questão a respeito desta abordagem, e a qual todos
relevam, seria a não obrigação deste serviço ser utilizado para fins históricos. Não há
obrigações políticas do Estado para que dados históricos – hoje fundamentalmente
digitais – sejam selecionados e armazenados de forma que se tornem patrimônio da
humanidade e possam ser usados armazenados ao longo dos séculos, como feito por
nossos antepassados.
25
4.3 – Diferentes softwares
26
5 – A VERDADEIRA CATÁSTROFE
27
controle de ambiente, acesso restrito e longe de áreas populosas) o cloud computing
atualmente é a solução mais adequada para a evolução constante de tecnologia,
desonerando as empresas e prestando um qualificado serviço para as pessoas acessarem
e armazenarem seus dados de qualquer ponto do planeta.
Mesmo com todas essas adequações, ainda podemos consultar o artigo de Paul
(2009) descrevendo taticamente como as organizações econômicas e políticas estão
vulneráveis a ataques e eventos globais e como economias inteiras seriam afetadas
atualmente.
28
volume de seus dados ou ativos tecnológicos para superar o advento da falta de energia
prolongada.
Numa crise de escala global de longa duração, vários dispositivos sem se
carregar eletricamente poderiam em semanas perder todos os seus dados, já que estes
são armazenados de modo magnético e suas memórias foram criadas pela indústria
considerando o uso contínuo do fornecimento de energia pública (Paul, 2009).
Descrevemos a seguir 3 vulnerabilidades que tem o potencial de criar um
ambiente destrutível o suficiente para aniquilar dados comerciais e históricos de forma
permanente.
“Uma queda drástica na economia dos Estados Unidos, por exemplo, causou uma
recessão econômica mundial, que talvez exija soluções políticas regionais ou mundiais”
(Paul, 2009, pág. 80).
29
- Ataques cibernéticos nos últimos anos tornou-se tão destrutivo quanto um conflito, já
que este além de possibilitar o roubo ou extravio de dados e informação de lugares e
centros vulneráveis, pode também impedir o acesso à informação dos datacenters que
são espalhados e estão longe dos centros populacionais, seguindo recomendações de
segurança física.
30
desenvolvidos para durar décadas a fio sem energia. Seriam muito caros, e estariam
preparados para uma improvável guerra em escala continental. Além disso, atualmente
há sempre uma loja ou empresa para substituir os defeituosos.
31
Atualmente não há segurança disponível para a abrangência desta categoria de
ataque. Apenas alguns serviços militares estariam disponíveis para poucas pessoas. Não
há previsão para a proteção dos atuais dispositivos. Novamente, perdura a atual regra de
mercado: preços seriam altos demais para um evento raríssimo e improvável como esse,
tornando o valor final do produto muito superior à da competição.
32
de nossa órbita, e somos protegidos dele pelas várias camadas de nossa atmosfera.
Estamos falando de tempestades solares.
Segundo um workshop da NASA (Severe Space Weather Events, 2008)
envolvendo a Academia Nacional de Ciências, a Academia nacional de Engenharia, o
Instituto de Medicina e o Conselho Nacional de Pesquisas (todos dos Estados Unidos)
reuniram especialistas para debater as causas e consequências de tempestades solares
em nosso planeta e como interferem e interfeririam em nossa atual sociedade. De acordo
com suas pesquisas em eventos comuns e extremos atuais e acontecidos ao longo de
décadas de observações, o workshop observou várias vulnerabilidades em nossa atual
infraestrutura e possíveis calamidades que poderiam ocorrer de eventos solares.
Um dos primeiros eventos a relatados no debate se deu em 2 de setembro de
1859, quando uma massiva explosão solar foi desencadeada e entrou em confluência
com a camadas magnéticas externas do planeta Terra, gerando uma descarga
eletromagnética gigantesca em grande parte das Américas Central e Norte. Estas
descargas geraram brilhos intensos de plasma solar e ondas magnéticas na atmosfera
que duraram dias para se dissipar. O interessante neste episódio é que a evolução
tecnológica ainda estava em seu princípio e somente causou impactos nos sistemas mais
“modernos” na época: a rede de transmissão de telégrafos ficou desabilitada, gerando
curto circuitos e panes constantes em seus aparelhos e grades de distribuição, e sistemas
férreos automáticos foram instantaneamente desabilitados.
O grupo de estudo então fez um comparativo do impacto que um evento desta
magnitude acontecesse em nossa atual era tecnológica: sistemas de comunicação via
satélite (como o GPS) seriam desabilitados, a rede elétrica pública sofreria constantes
quedas e sobrecargas, e aparelhos eletroeletrônicos mais simples e vulneráveis seriam
danificados. Na tradução destas ocorrências em serviços existentes, podemos citar a
gerência de centros de energia elétrica e centrais nucleares afetados, linhas de transporte
aéreo sem funcionamento, transmissão de dados via satélite impossibilitadas ou
destruídas, serviços médicos hoje automatizados interrompidos, além de centenas de
transtornos com danos em aparelhos e dispositivos de uso pessoal como
eletrodomésticos e carros.
Um dos palestrantes do workshop (La Porte, 2008) levantou uma questão
interessante: quais os riscos de uma sociedade onde engenheiros e cientistas vivem em
um ambiente do que ele chamou de eventos pouco frequentes/alto impacto, e que
decisões vulneráveis estes poderiam tomar? Ele ainda descreve que a política
33
econômica e social não está preparada para construir uma infraestrutura segura a longo
prazo, já que eventos extremos como tempestades solares são altamente incomuns e
normalmente os de menor porte (frequentes) não causaram impactos sociais
significativos ao longo das últimsa décadas.
Porém, em outro momento do debate o palestrante Michael Stills (2008) cita
dois importantes acontecimentos, agora mais recentes:
- Em 1989 na área de Quebec no Canadá uma tempestade espacial magnética afetou por
a grade de geração elétrica da região, gerando um blackout de mais de 9 horas,
sobrecarregando e destruindo vários geradores e transformadores.
- Por volta de 1999 as companhias aéreas começaram a criar rotas aéreas em torno do
Polo Norte para maximizar suas rotas e tempos de voo. Ela então cita que em várias
oportunidades voos de maiores altitudes foram prejudicados com blackouts em sua
aviônica e sistemas de navegação.
34
Figura 2 Aurora boreal fotografada em Napa Valley, Califórnia durante uma tempestade
magnética em novembro de 2001
35
6 – Soluções de um futuro próximo
36
informações históricas em um nível satisfatório de segurança contra todos os riscos que
possuímos em nossa sociedade, e que tem chances históricas de ocorrerem. Ao longo
deste capítulo descreveremos alguns métodos de ideias inovadores que visam a
melhoria de segurança da informação nos moldes duradouros de nossos antepassados
aproveitando todo o potencial tecnológico da atualidade
37
rígidos e que a integridade dos dados nos dispositivos de DNA descritos seria mais
segura a invasões ou quebra de código por hackers, já que o sequenciamento natural de
DNA contém índices naturalmente pré definidos pelos marcadores 0,1,2,3 à A,T,C,G,
codificando naturalmente cada byte de informação.
Outro aspecto que diminuiria a vulnerabilidade da dependência magnética para a
gravação de dados em uma superfície molecular é a capacidade de usar micropartículas
metálicas ao longo de sua liga molecular para realizar as funções de gravação e
armazenamento. Depois disso, sua leitura para qualquer dispositivo seria necessária
apenas o uso de lasers, similar aos encontrados para leitura em drivers ópticos.
Os custos destes experimentos e tecnologia não são muito altos para a sua
produção e execução, mas acumulando toda a reestruturação de um parque tecnológico,
as quantias envolvidas seriam grandes, além de toda uma nova adoção para padrões de
comunicação que aderissem ao uso desta tecnologia.
38
6.3 – Armazenamento em nano vidro em 5D
Até aí o mini dispositivo não tem muita diferença de seus “concorrentes” a não
ser pela capacidade de resistir a temperaturas de cerca de 1000 graus Celsius por horas e
poder ser armazenado por mais de 13 bilhões de anos a temperaturas constantes de mais
de 150 graus Celsius sem perder seus dados gravados.
Os componentes para leitura e escrita neste tipo de material são relativamente
simples e de fácil calibração. Além disso, depois de gravados os pequenos discos podem
ficar milênios sem serem energizados podendo disponibilizar seus dados armazenados a
qualquer hora que forem acessados.
39
Novamente o paradigma do estabelecimento de um padrão deve ser adotado pela
indústria para aproveitar a capacidade deste dispositivo, mas as atuais vulnerabilidades
dos nossos atuais equipamentos seriam enormemente atenuadas com o uso desta
tecnologia.
7 – Conclusão
40
A adoção de padrões para o futuro, de sistemas e tecnologias comuns que
possam tornar e aproveitar os dispositivos existentes (e a serem criados) deve ser
realizada. Nossa próxima geração tem de ser capaz de acessar nossos atuais dados e de
armazená-los de forma sucinta e compreensível para ser reprocessada, inovada e
transmitida. Políticas de classificação da informação (Ministério da justiça, 2015) e
ciclo de vida da informação (Somasundaram; Shrivastava, 2011) já existem e devem
fazer parte da cultura das organizações corporativas e governamentais para a
continuidade do bem de maior valor que existe: o registro da história.
41
Bibliografia
GONÇALVES, José Ernesto Lima. Os Impactos das Novas Tecnologias nas Empresas
Prestadoras de Serviços. Revista de Administração de Empresas, p. 63 – 81, Junho
1993.
42
LIMBACHIYA, Dixita; GUPTA, Manish K. Natural Data Storage: A Review on
sending Information from now to then via Nature. 2015. 17f. Paper - Cornell
University Library, Nova York, Estados Unidos da América.
VERAS, Manoel. Cloud Computing: nova Arquitetura da TI. São Paulo: Brasport
Livros e Multimídia Ltda, 2012.
43