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Direitos Sociais e Competências Profissionais

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e competênciasprofissionais.

O significado sócio-histórico
da profissão

Maria Carmelita Yazbek


Este texto apresenta alguns elementos para a compreensão das
particularidades históricas do processo de institucionalização e
legitimação do Serviço Social na sociedade brasileira, a partir da
reconstrução teórica do significado social da profissão na sociedade capitalista.
Constituem-se seus objetivos centrais: a análise do significado social da profissão
no processo de
reprodução dasrelações sociais, tendo como referência a abordagem
de Iamamoto (1995); a explicitação das demandas colocadas
socialmente ao Serviço Social e as necessidades sociais a que a
profissão busca responder, pelo caráter contraditório da prática profissional; aanálise
do trabalho profissional do assistente social e de algumas de suas particularidades,
como a vinculação histórica com a Assistência Social; a definição legal do Serviço
Social como profissão liberal e por fim uma reflexão sobre a profissão nos dias
atuais.
Assim sendo, este texto é constituído por quatro partes interligadas e
complementares:
1- Uma análise teórico-metodológica do Serviço Social no processo de
reprodução das relações sociais.
2- O processo de institucionalização e legitimação do Serviço Social no Brasil.
3- Asdemandas e particularidades do trabalho profissional na
sociedade
brasileira.
4- Conclusão - A profissão como especialização do trabalho coletivo na
atualidade.
Assim sendo, é preciso ultrapassar a análise do Serviço
Social em si mesmo para situá-lo no contexto de
relações mais amplas que constituem a sociedade
capitalista, particularmente, no âmbito das respostas
que esta sociedade e o Estado constroem, frente à
questão social e às suas manifestações, em múltiplas
dimensões. Essas dimensões constituem a sociabilidade humana e estão
presentes no cotidiano da prática profissional, condicionando-a e atribuindo-lhe
características particulares.
Então, um conceito fundamental para a compreensão da profissão na sociedade
capitalista é o conceito de reprodução social que, na tradição marxista, se refere ao
modo como são produzidas e reproduzidasas
relações sociais nesta sociedade. Nessa perspectiva, a
reprodução das relações sociais é entendida como a
reprodução da totalidade da vida social, o que engloba
não apenas a reprodução da vida material e do modo de
produção, mas também a reprodução espiritual da
sociedade e das formas de consciência social através das
quais o homem se posiciona na vida social. Ou seja, a
reprodução das relações sociais, “como a reprodução do capital permeia as várias
„dimensões‟ e expressões da vida em sociedade” (IAMAMOTO; CARVALHO, 1995,
p. 65).
O processo de reprodução da totalidade das relações sociais na sociedade é um processo
complexo, que contém a possibilidade do novo, do diverso, do contraditório, da mudança.

Esta concepção de reprodução social fundamenta uma forma de


apreender o Serviço Social como instituição inserida na sociedade.
Inserção que, conforme Iamamoto e Carvalho (1995, p. 73), implica
considerar o Serviço Social a partir de dois ângulos indissociáveis e
interdependentes:
-como realidade vivida e representada na e pela consciência de seus
agentes profissionais e que se expressa pelo discurso teórico e
ideológico sobre o exercício profissional;
-como atividade socialmente determinada pelas circunstâncias sociais
objetivas que imprimem certa direção social ao exercício profissional,
que independem de sua vontade e/ou da consciência de seus agentes
individuais.
Cabe assinalar que estes dois ângulos constituem uma unidade
contraditória, podendo ocorrer um desencontro entre as intenções do
profissional, o trabalho que realiza e os resultados que produz.
Analisar o Serviço Social nesta perspectiva permite, em primeiro
lugar, apreender as implicações políticas do exercício profissional que
se desenvolve no contexto de relações entre classes. Ou seja,
compreender que a prática profissional do Serviço Socialé
necessariamente polarizada pelos interesses de classes sociais em relação, não
podendo ser pensada fora dessa trama. Permite também apreender as dimensões
objetivas e subjetivas do trabalho do assistente social: Objetivas: no sentido de
considerar os determinantes sócio-históricos do exercício profissional
em diferentes conjunturas.
Subjetivas: no sentido de identificar a forma como o assistente social
incorpora em sua consciência o significado de seu trabalho e a direção
social que imprime ao seu fazer profissional. Supõe, portanto, também
descartar visões unilaterais da vida social e da profissão, deixando de considerar, por
um lado, as determinações históricas, econômicas, sociais, políticas e culturais sobre o
exercício profissional do assistente social e, por outro, o modo como o profissional
constrói sua intervenção, atribui- lhe significado, confere-lhe finalidades e uma direção
social.
Não se trata de uma dicotomia, mas do fato de
que ele não pode eliminar essa polarização de seu
trabalho, (...).
Essa relação é essencialmente contraditória e na
qual o mesmo movimento que permite a
reprodução e a continuidade da sociedade de
classes cria as possibilidades de sua
transformação.
Como decorrência dessa compreensão da profissão, é possível
afirmar o caráter essencialmente político da prática profissional, uma
vez que ela se explica no âmbito das próprias relações de poder na
sociedade. Caráter que, como vimos, não decorre exclusivamente das intenções do
profissional, pois sua intervenção sofre condicionamentos objetivos dos contextos
onde atua. No entanto, isso não significa que o assistente social se
coloque passivamente diante das situações sociais e políticas que
configuram o cotidiano de sua prática, mas porque participa da reprodução
da própria vida social é que o Serviço Social pode definir estratégias profissionais e
políticas no sentido de reforçar os interesses da população com a qual trabalha. Por
isso a possibilidade da profissão colocar-se na perspectiva dos
interesses de seus usuários depende da construção de um projeto
profissional coletivo que oriente as ações dos profissionais em seus
diversos campos de trabalho.
2. O processo de institucionalização e legitimação da
profissão no Brasil

Sabemos que a institucionalização do Serviço Social


como profissão na sociedade capitalista se explica no
contexto contraditório de um conjunto de processos
sociais, políticos e econômicos, que caracterizam as
relações entre as classes sociais na consolidação do
capitalismo monopolista. Assim, a institucionalização
da profissão de uma forma geral, nos países
industrializados, está associada à progressiva
intervenção do Estado nos processos de regulação
social.
A Questão Social em suas variadas expressões, em especial, quando se
manifesta nas condições objetivas de vida dos segmentos mais
empobrecidos da população, é, portanto, a "matéria-prima" e a
justificativa da constituição do espaço do Serviço Social na divisão
sociotécnica do trabalho e na construção/atribuição da identidade da
profissão.
Nos anos 30, o Estado assume a regulação das tensões entre as classes
sociais mediante um conjunto de iniciativas: a Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT), o Salário Mínimo e outras medidas de cunho
controlador, assistencial e paternalista. Ao reconhecer a legitimidade da
questão social no âmbito das relações entre capital e trabalho, o governo Vargas
buscou enquadrá-la juridicamente, visando à desmobilização da classe operária e a
regulação das tensões entre as classes sociais. Como mostra Ianni (1990), o Estado
brasileiro transformou a questão social em problema de administração, desenvolvendo
políticas eagênciasde poder estatal nos maisdiversos setores da vida nacional.
Em 1932, é criado o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), entidade que
seria fundadora e mantenedora da primeira Escola de Serviço Social do país. O Centro surge
após um curso intensivo de “formação social para moças”, organizado pelas Cônegas de Santo
Agostinho de 1o de abril a 15 de maio de 1932. Como se observa, o CEAS é gestado em plena
revolução paulista. Era mantido com mensalidades das sócias e tinha como objetivos: difundir a
doutrina eaação social da Igreja.
Essa orientação ocorre em um momento em que a Igreja, como força
social, mobiliza o laicato a partir das diretrizes da Rerum Novarum
(1891) e do Quadragésimo Anno (1931) encíclicas papais que
assumiam um posicionamento antiliberal e antissocialista.

Rerum Novarum e Quadragésimo ano já caíram em prova.

Simultaneamente, o CEAS envia à Bruxelas na Bélgica Maria Kiehl e Albertina Ramos para
realizar o Curso de Serviço Social. D. Odila já tinha formação social na Escola Normal Social de
Paris. Mesclando, portanto, avisão francesa e avisão belga, em15de fevereiro de 1936,inaugura-
se aprimeira escola de Serviço Social no país.
Cabe ainda assinalar que, nesse momento, a "questão social" é vista a
partir do pensamento social da Igreja, como questão moral, como um
conjunto de problemas sob a responsabilidade individual dos sujeitos
que os vivenciam embora situados dentro de relações capitalistas.
Trata-se de um enfoque conservador, individualista, psicologizante e
moralizador da questão, que necessita para seu enfrentamento de
uma pedagogia psicossocial, que encontrará, no Serviço Social,
efetivas possibilidades de desenvolvimento.

Os referenciais orientadores do pensamento e da ação do emergente


Serviço Social brasileiro têm sua fonte na Doutrina Social da Igreja, no
ideário franco-belga de ação social e no pensamento de São Tomás de
Aquino (séc. XII): o tomismo e o neotomismo (retomada em fins do século XIX
do pensamento tomista por Jacques Maritain na França e pelo Cardeal Mercier na
Bélgica tendo emvista "aplicá-lo" àsnecessidadesde nosso tempo).
A Igreja Católica, que o Serviço Social brasileiro vai fundamentar a
formulação de seus primeiros objetivos político-sociais,
orientando-se por posicionamentos de cunho humanista
conservador contrário aos ideários liberal e marxista na busca de
recuperação da hegemonia do pensamento social da Igreja em face
da “questão social”.

Ano: 2015 Banca: CESPEÓrgão: STJProva: Analista Judiciário


- Serviço Social
Julgue o item subsequente, a respeito das
influências teórico-metodológicas e das formas de
intervenções construídas pelo serviço social em
diferentes contextos históricos.

No Brasil, os primeiros objetivos políticos e sociais


do serviço social foram orientados pelo
CORRETA!!! posicionamento de cunho humanista conservador, o
qual divergia dos ideários liberal e marxista.
Cunho humanista Dignidade da pessoa humana
Contrários aos ideário Natural sociabilidade do homem
liberal e marxista
Necessidade de autoridade para
cuidar da justiça geral.
Origem

arranjo teórico
doutrinário

Discurso Suporte técnico de


humanista cristão inspiração positivista
Énecessário assinalar que esta matriz encontra-se na gênese da profissão em
toda a América Latina, embora com particularidades diversas como, por
exemplo, na Argentina e no Chile, onde vai somar-se ao
racionalismo higienista (ideário do movimento de
médicos higienistas que exigiam a intervenção ativa do
Estado sobre a questão social pela criação da assistência
pública, que deveria assumir um amplo programa
preventivo na área sanitária, social e moral).

Racionalismo higienista e seu conceito


dado pela Iamamoto já caíram em prova
tal qual no texto.
Ano: 2012 Banca: PUC-PR Órgão: DPE-PR Prova: Assistente Social
O Serviço Social surge como resultado do conjunto de mudanças ocorridas nas esferas das relações e processos de
trabalho edos novos arranjosedesenhos do Estado,das políticas sociaisedos próprios movimentos sociais.

Em relação ao exposto é CORRETO afirmar que:

a)Entre os postulados filosóficos tomistas que marcaram o Serviço Social tem-se a noção de
dignidade da pessoa humana; sua perfectibilidade, sua capacidade de desenvolver potencialidades;
a natural sociabilidade do homem, como ser social e político.

b) O Serviço Social adere àAção Social da Igreja, que se encontra na gênese da profissão somente no
Brasil e não se estende à América Latina.

c)O Serviço Social soma-se ao racionalismo higienista, ideário do movimento de médicos, juristas e assistentes sociais
higienistas que exigiam a intervenção ativa do Estado, para assumir umamplo programa preventivo na área
sanitária, social e moral.

d)É na relação com a Igreja Católica que o Serviço Social brasileiro vai fundamentar a formulação de seus primeiros objetivos
político/sociais, orientando-se por posicionamentos de cunho humanista-conservador, favoráveis aos ideários liberal e
marxistanabusca de recuperaçãoda hegemonia do pensamento social da Igreja face à
"questão social".

e)O conservadorismo católico, que caracterizou os anos iniciais do Serviço Social brasileiro começa, especialmente a partir
dos anos 30, a ser tecnificado ao entrar em contato com o Serviço Social norte- americano e suas propostas de trabalho
permeados pelo caráter inovador da teoria social positivista.
O conservadorismo católico que caracterizou os anos
iniciais do Serviço Social brasileiro começa,
especialmente a partir dos anos 1940, a avançar
tecnicamente ao entrar em contato com o Serviço Social
norte-americano e suas propostas de trabalho
permeadas pelo caráter conservador da teoria social
positivista.
Ano: 2010 Banca: EXATUS Órgão: CEFET-RJ Prova: Assistente Social
O conservadorismo católico que caracterizou os anos iniciais do Serviço Social brasileiro
começa, especialmente a partir dos anos 1940, a ser tecnificado ao entrar em contato com o
Serviço Social norte- americano e suas propostas de trabalho são permeadas pelo caráter
conservador da teoria social:
a)marxista b) positivista c)femenológica d) acrítica
É dessa forma e objetivando sua própria legitimação que
o Estado brasileiro incorpora parte das reivindicações
dos trabalhadores, pelo reconhecimento legal de sua
cidadania através de leis sindicais, sociais e trabalhistas,
o que, ao lado das grandes instituições assistenciais, abre
para o emergente Serviço Social brasileiro um mercado
de trabalho, que amplia suas possibilidades de intervenção mais
além dos trabalhos de ação social até então implementados no âmbito
privado, sob o patrocínio do bloco católico. A profissão amplia sua
área de ação, alarga as bases sociais de seu processo de formação,
assume um lugar na execução das políticas sociais emanadas do
Estado e, a partir desse momento, tem seu
desenvolvimento relacionado com a complexidade dos
aparelhos estatais na operacionalização de Políticas
Sociais.
É importante lembrar que a ação normativa e social do
Estado brasileiro que, nesse momento, apresenta fortes
características paternalistas e repressivas, reforçadoras
da ideia de um Estado humanitário e benemerente,
tenderá e se expressar, nas décadas seguintes, através de
Políticas Sociais inoperantes, que, reproduzindo a luta
política mais geral da sociedade com suas contradições e
ambiguidades, se caracterizará por sua pouca
efetividade social e por sua crescente subordinação a
interesses econômicos.
Outra característica histórica das Políticas Sociais
brasileiras e que interferirá no desempenho profissional
dos assistentes sociais é sua fragmentação, pois essas políticas
são concebidas setorialmente como se o social fosse a simples somatória de setores
da vida, sem articulação, numa apreensão parcializada da realidade social.
Consequentemente, as ações profissionais acabam por se fragmentar, assumindo um
caráterpontual e localizado.

.Ano: 2010 Banca: CESPE Órgão: MS Prova: Assistente


Social
O desempenho profissional dos assistentes sociais não
sofre interferência da fragmentação das políticas sociais brasileiras,
por essas serem concebidas historicamente na perspectiva da
integralidade e universalidade.

Já falei várias vezes das políticas sociais no Brasil serem caracterizadas


como pontuais, focalizadas, fragmentadas ou transclassistas.
No entanto, as políticas governamentais no campo social
em nosso país, embora, historicamente, expressem o
caráter contraditório das lutas sociais, acabam por
reiterar o perfil da desigualdade social da sociedade
brasileira, mantendo essa área de ação incapaz de
modificar esse perfil.
Como mediação, neste processo, o Serviço Social vai se inserir,
obtendo legitimidade no conjunto de mecanismos reguladores, no
âmbito das políticas socioassistenciais, desenvolvendo atividades e
cumprindo objetivos que lhe são atribuídos socialmente e que, como assinalamos
anteriormente, ultrapassam sua vontade e intencionalidade. Esta inserção, que
inscreve o assistente social em uma relação de assalariamento e o
integra ao mercado de trabalho como um dos agentes responsáveis
pela execução de políticas engendradas no âmbito do Estado e
voltadas ao atendimento de sequelas da "questão social", vai conferir
um caráter não liberal ao exercício profissional, apesar de seu reconhecimento legal
como profissão liberal (...).
Assim sendo, embora o Serviço Social tenha sido regulamentado como profissão liberal no Brasil, o
assistente social não tem se configurado como profissional autônomo no exercício de suas atividades, não
dispondo do controle das condições materiais, organizacionais e técnicas para o desempenho de seu
trabalho. No entanto, isso não significa que a profissão não disponha de relativa autonomia
e de algumas características
que estão presentes nas profissões liberais como a
singularidade que pode estabelecer na relação com seus
usuários, a presença de um Código de Ética, orientando
suas ações, o caráter não rotineiro de seu trabalho, a
possibilidade de apresentar propostas de intervenção a
partir de seus conhecimentos técnicos (...).

Já falei várias vezes que devemos romper com a visão


endógena da profissão e messianismo radical e utópico
pois existem sempre possibilidades para o trabalho do
assistente social desde que ele veja macroscopicamente
e subjetivamente também. Ao mesmo tempo que não
veja a profissão de forma ilusória ou utópica.
Esses enquadramentos da intervenção muitas vezes obscurecem para o assistente
social o fato de que sua atividade profissional se insere numa relação de compra e
venda de sua força de trabalho, que se torna
mercantilizada (mediante assalariamento), estabelecendo-se aí um divisor entre o
trabalho profissional e atividade assistencial voluntária.Nesse
sentido, o campo de trabalho do assistente social no mercado de trabalho
se estabelece por meio de relações contratuais que vão definir as
condições concretas do exercício profissional.

Neste processo é que vão se constituindo as particularidades da profissão,


decorrentes seja das respostas formuladas pelos profissionais às demandas, dos
grupos e classes sociais, que configuram o mercado de trabalho do assistente.

Ou seja, no decurso de sua trajetória, o Serviço Social


profissional vai construindo referências que expressam
sua identidade profissional, derivada do modo de
inserção objetiva da profissão nas relações sociais e de seu
modo de pensar e efetivar o exercício profissional.
Do ponto de vista da demanda, o que se observa é que, na sociedade
brasileira, o Serviço Social como profissão vem desenvolvendo sua
intervenção junto aos segmentos mais empobrecidos e
subalternizados da sociedade, interferindo em situações sociais que
afetam as condições concretas em que vivem seus usuários, em geral
e, sobretudo, os segmentos mais desfavorecidos da sociedade.

A institucionalização e legitimação do Serviço Social como profissão,


no Brasil, têm como fundamento processos de reprodução social da
vida, e nestes, particularmente, as diversas manifestações da questão
social, como a pobreza, a subalternidade e a exclusão social. A
profissão resulta de circunstâncias históricas definidas e se consolida
na medida em que se constituem no país as Políticas Sociais e seus
(precários e insuficientes) padrões de Proteção Social.
3. As demandas e particularidades do trabalho profissional na sociedade
brasileira

O Serviço Social como profissão insere-se, desde sua emergência, no interior dos
equipamentos socioassistenciais existentes, desenvolvendo uma atuação caracterizada: 1o –
pelo atendimento de demandas e necessidades sociais de seus usuários,
podendo produzir resultados concretos nas condições materiais, sociais,
políticas e culturais na vida da população com a qual trabalha, viabilizando
seu acesso a políticas sociais, programas, projetos, serviços, recursos e bens
de natureza diversa.

Nesse âmbito, desenvolve tanto atividades que envolvem abordagens diretas com os seus
usuários, como ações de planejamento e gestão de serviços e políticas sociais; 2o - por uma
ação socioeducativa para com as classes subalternas, interferindo em seus
comportamentos e valores, em seu modo de viver e de pensar, em suas
formas de luta e organização e em suas práticas de resistência.
No conjunto desta ação profissional institucionalizada (...) Éo desvelamento dessa mediação
que vai permitir compreender as políticas socioassistenciais como
espaços contraditórios, onde se ocorrem muitas vezes o controle e o
enquadramento dos subalternos. Dessa forma, o Serviço Social participa tanto da criação de
condições para a sobrevivência material das classes subalternas, como de uma ação
socioeducativa tensionada pela dinâmica contraditória dos interesses em confronto no espaço
em que semovimenta.
Em síntese, na divisão social e técnica do trabalho coletivo, o assistente
social vem sendo demandado como gestor e executor, de Políticas Sociais, no
âmbito de organizações públicas e privadas, operando sob diversas
perspectivas: da gestão social à prestação de serviços e à ação
socioeducativa (e político-ideológica).
A análise das particularidades do trabalho do Serviço Social desenvolvido
junto às classes subalternas situa necessariamente este trabalho numa
dimensão eminentemente política, colocando em questão o significado e a direção
social desta ação profissional. O que se pretende assinalar é que este significado e a direção
social do trabalho profissional se explicam a partir e no conjunto das relações e dos projetos
colocados emconfronto na trama social.
4. Considerações Finais: a profissão como especialização do trabalho coletivo
na atualidade

Afirmamos ao longo desta reflexão o caráter histórico e mutável da ação


profissional, do assistente social, na trama das relações sociais vigentes na
sociedade. Ou seja, a intervenção desse profissional enfrenta a necessidade
de renovação e mudança, como resultado das transformações que ocorrem
nas relações sociais que peculiarizam o desenvolvimento do capitalismo no
país.
Assim, à medida que novas situações colocam para a profissão novas
exigências, o Serviço Social é obrigado a atualizar-se, redefinindo estratégias
e procedimentos, adequando-se a novas demandas e requisições do mercado
de trabalho. Isso sem deixar de lado algumas características historicamente
persistentes de sua intervenção. Coexistem no Serviço Social brasileiro, na atualidade,
práticas renovadas ao lado de "velhas" práticas. Sempre no mesmo espaço: a reprodução social
da vida das classes subalternas na sociedade.
Diante deste quadro, ganham evidência as defesas de alternativas privatistas
para a "questão social", crescem as ações no campo da filantropia e as
organizações não governamentais, sem fins lucrativos, criadas e mantidas
pela ênfase na participação voluntária, envolvidas na construção de uma
esfera de interesse público, não estatal. Emergem como alternativas em face da
limitação da ação social do Estado neoliberal e pelo papel subsidiário que cabe ao Estado neste
contexto, no âmbito daProteção Social, propostasseletivas, reducionistas,
apenas suficientes para minimizar as consequências negativas dos programas de ajuste
estrutural.

O “modelo” é um Estado:
- que, de um lado, apesar do reconhecimento de direitos sociais afiançados pela Constituição
de 1988, redesenha suas ações sociais aprisionado pela agenda neoliberal. Uma rápida
análise de nossas políticas sociais revela-as distantes da universalidade e com
uma direção compensatória e seletiva centrada em situações limites em
termos de sobrevivência e seu direcionamento aos mais pobres dos pobres, incapazes de
competir no mercado.
-de outro lado, apela para a solidariedade social e se põe como parceiro da sociedade em suas
responsabilidades sociais, redesenhando as ações sociais e as políticas sociais em geral. Este
processo tem como expressão maior o crescimento do Terceiro Setor (não governamental, não
lucrativo, com ênfase na participação voluntária) e interfere diretamente no caráter público e
construtor de direitos das políticas sociais. Ou seja, ainda nos defrontamos com o
legado da subordinação do social ao econômico. O social constrangido pelo
econômico. O social refilantropizado, despolitizado e despublicizado.
Ano: 2013 Banca: FGV Órgão: INEA-RJ Prova: Assistente Social

As alternativas a seguir expressam traços do ideário neoliberal no campo


das políticas sociais, à exceção de uma. Assinale‐a.
a) Refilantropização.
b) Focalização.
c) Universalização.
d) Descentralização.
e) Privatização.

Universalização nunca vai ser característica de uma ação neoliberal


Embora a presença do setor privado na provisão de serviços sociais não se constitua novidade
na trajetória do trabalho profissional, é inegável que lidamos hoje com novas alternativas nesse
campo, sobretudo com o crescimento de ONGs e de modernas
fundações empresariais, que vêm movimentando um
corpo considerável de voluntários e muitos recursos na prestação de serviços sociais (YAZBEK,
1995, p. 17).

Outro aspecto a ser ressaltado, tanto na esfera pública estatal como no setor privado, é a
partilha de demandas que a profissão enfrenta, com as perspectivas desregulamentadoras dos
mercados de trabalho e as crescentes tendências ao trabalhointerdisciplinar, que
permeiam as relações de trabalho na
contemporaneidade.
ABEPSS. Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa
em Serviço Social. Serviço Social: direitos sociais e
competências profissionais. CFESS/ABEPSS, Brasília,
2009.
85 987337191

Informações sobre
conteúdos gratuitos e
pagos.
Sarah Mesqnezes

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