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Subsídios para o Departamento de

Deveres Cívicos
&
Liberdade Religiosa
Abril 2001
APRESENTAÇÃO

Caros colegas do Ministério dos Deveres Cívicos e da Liberdade Religiosa, da União Central
Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Face ao grande número de consultas e a necessidade de que o grupo de departamentais esteja
apto para, não só orientar mas também auxiliar nossos irmãos, principalmente o grupo dos mais
jovens da Igreja, é que fomos estimulados a atualizar este trabalho que teve sua primeira edição
preparada em 1991, pelo estimado amigo e hoje advogado da Divisão Sul Americana, Dr. Misael
de Lima Barreto.
É evidente que não é um tratado ou um trabalho que encerra em si mesmo o assunto, muito
pelo contrário, nossa intenção é abrir espaço para um trabalho melhor, com a colaboração dos
colegas.
Trata-se, no momento, de uma coletânea de documentos importantes, modelos sugestivos e
outras matérias necessárias a um melhor desempenho de nossa missão.
Quando forem utilizar os modelos de requerimentos e outros, não podem esquecer-se de que
o papel deverá ser timbrado da UCB, da Associação ou mesmo da igreja ou ainda do pastor. Não
usar papel timbrado da Instituição Central, da Instituição Paulista ou outra, de escolas, do IAE, da
ASA, ou outro qualquer que não seja das entidades religiosas, dentro da estrutura legal da UCB.
Aproveito o ensejo desta ocasião para apresentar aos colegas nossos agradecimentos pelo
empenho que vem sendo dispensado no sentido de levar segurança aos nossos queridos irmãos,
quando pressionados a dar prova de sua fé.
Temos que reconhecer o lindo trabalho que os desbravadores vem desenvolvendo, marcando
presença em desfiles oficiais e em inúmeras outras oportunidades onde tem se apresentado.
Também devemos ser reconhecidos ao trabalho que vem sendo desenvolvido nas escolas,
através dos Centros Cívicos e em participação em desfiles.
É importante que os filhos de nossa igreja sejam ensinados quanto aos valores culturais e
cívicos, valorizando os símbolos nacionais.
Especialmente chamamos a atenção dos colegas para o uso mais marcante da Bandeira Bra-
sileira, em primeiro lugar em nossas próprias salas, e em nossa sede, em segundo lugar em nossas
instituições e estabelecimentos e finalmente em nossas próprias igrejas, em respeito a soberania
nacional. Há instituições que possuem o mastro mas nunca hastearam o símbolo nacional mesmo
porque jamais adquiriram uma.
O dar a César o que é de César começa com respeito à dignidade do “Estado.”
Portanto, é importante que dediquemos tempo para manter contato com autoridades políti-
cas, civis e militares, além de eclesiásticas de outras denominações pois todas estas tem interesse e
influência na manutenção da liberdade religiosa, este bem que tanto gostamos de usufruir.

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Desejo ainda ressaltar neste trabalho a importância de se promover nas igrejas e nas Associ-
ações, Cursos Preparatórios para Habilitação ao Serviço Militar Obrigatório, tais como: Curso de
Formação de Socorristas Padioleiros, Cursos para cozinheiros, Cursos de Preparo de Operadores
de Computação e outros mais.
Porém, o assunto que mais nos tem preocupado no momento é o que está ocorrendo com os
nossos alunos das universidades e os vestibulandos. Estes últimos tem sido deixados de lado sem
nossa presença maior em suas tensões próprias do momento dos exames de ingresso nas faculda-
des.
Algum trabalho de preparação de terreno tem que ser desenvolvido com bastante antecedên-
cia, antes que sejam fixadas as datas nos calendários escolares. Na última hora o trabalho é infrutí-
fero pois já haverá toda uma estrutura montada, difícil de ser alterada.
Bem colegas, eis aí o início de um trabalho que juntos poderemos desenvolver e entregar nas
mãos do Senhor, para que através de seu Espírito Santo os frutos brotem em seu devido tempo.
Ao concluir este trabalho estou orando a Deus pelo seu resultado e pelas bênçãos que ele
poderá gerar a nós e aos nossos queridos irmãos.

Alcides Coimbra
Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa
União Central Brasileira IASD

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 5


ÍNDICE

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................ 4
LÍDERES DE DEVERES CÍVICOS E LIBERDADE RELIGIOSA ........................................................................... 7
OBSERVÂNCIA DO SÁBADO - ORIENTAÇÕES - 108/906 DOCUMENTO ASSOCIAÇÃO GERAL ............... 8
POR QUE OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA SÃO NÃO-COMBATENTES .................................................. 21
OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA E O GOVERNO CIVIL .............................................................................. 30
O ESPÍRITO DE PROFECIA E O SERVIÇO MILITAR ........................................................................................... 39
OS ADVENTISTAS E A POLÍTICA .......................................................................................................................... 54
OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA, O VOTO E A POLÍTICA .......................................................................... 63
ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA E VOTAÇÃO .................................................................................................... 68
TEXTOS CONSTITUCIONAIS ................................................................................................................................. 74
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM ............................................................................... 78
DECLARAÇÃO DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA A PROPÓSITO DO 50º ANIVERSÁRIO
DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................... 83
DECLARAÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE INTOLERÂNCIA E DE
DISCRIMINAÇÃO FUNDADAS NA RELIGIÃO OU CRENÇA DE 25.11.1981 ............................................. 84
LEI ESTADUAL N.º 10.066/98 • PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA RELIGIOSA NAS ENTIDADES CIVIS
E MILITARES DE INTERNAÇÃO COLETIVA ................................................................................................. 85
DECRETO N.º 44.395/99 • REGULAMENTA APRESENTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
DE QUE TRATA A LEI N.º 10.066 ....................................................................................................................... 87
LEI Nº LEI 9.982/00 • PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA RELIGIOSA NAS ENTIDADES
HOSPITALARES PÚBLICAS E PRIVADAS, BEM COMO NOS ESTABELECIMENTOS
PRISIONAIS CIVIS E MILITARES .................................................................................................................... 90
EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 16 • REELEIÇÃO ............................................................................................ 91
LEI N.º 4898/65 • ABUSO DE AUTORIDADE ......................................................................................................... 92
LEI N.º 7.437/85 • DEFINE COMO CONTRAVENÇÃO PRECONCEITOS DE RAÇA, COR, SEXO ................. 97
LEI N.º 9.459/97 • DEFINE PUNIÇÕES CONTRA OS CRIMES RESULTANTES DE
PRECONCEITOS DE RAÇA OU DE COR ......................................................................................................... 99
LEI N.º 1.784/97 • FIXA HORÁRIOS PARA CONCURSOS E EXAMES NO D.F. .............................................. 100
LEI ESTADUAL N.º 10.435/72 • SEGUNDA CHAMADA PARA EXAMES E
PROVAS NOS CASOS QUE ESPECIFICA ....................................................................................................... 101
LEI N.º 8239/91 • REGULA O SERVIÇO MILITAR ALTERNATIVO .................................................................. 102
PORTARIA N.º 111, DE 13/02/2001 • ESTABELECE CONDIÇÃO PARA O
SERVIÇO MILITAR ALTERNATIVO ............................................................................................................... 104
LEI N.º 1.110/50 • CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITO CIVIL ................................................................. 106
LEI N.º 6015/73 • REGISTROS PÚBLICOS ........................................................................................................... 107
MODELOS DE REQUERIMENTOS E OUTROS .................................................................................................. 108
DECRETO N.º 4 – DE 19 DE NOVEMBRO DE 1889 • ESTABELECE OS DISTINTIVOS
DA BANDEIRA E ARMAS NACIONAIS ......................................................................................................... 121
LEI 5700/71 • APRESENTAÇÃO DOS SÍMBOLOS NACIONAIS ....................................................................... 122
DESENHO DA BANDEIRA NACIONAL .............................................................................................................. 130
DESENHO MODULAR DA BANDEIRA NACIONAL ......................................................................................... 131
A BANDEIRA BRASILEIRA .................................................................................................................................. 132
NORMAS SOBRE A APRESENTAÇÃO DA BANDEIRA NACIONAL ............................................................... 133
NORMAS E APRESENTAÇÃO DOS SÍMBOLOS NACIONAIS ......................................................................... 134
HINO À BANDEIRA ............................................................................................................................................... 146
AS ARMAS NACIONAIS ........................................................................................................................................ 144
O SELO NACIONAL ............................................................................................................................................... 148
O HINO NACIONAL ............................................................................................................................................... 149
DATAS SUGESTIVAS PARA O HASTEAMENTO DA BANDEIRA EM NOSSAS SEDES
ESTABELECIMENTOS E INSTITUIÇÕES ...................................................................................................... 150

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LÍDERES DE DEVERES CÍVICOS
E LIBERDADE RELIGIOSA

• DSA Pr. Siloé de Almeida


• UCB Dr. Alcides Coimbra
• ABC Pr. Lins Alves de Miranda
• APaC Pr. Edson Caravelli
• APL Pr. Enildo do Nascimento
• APO Pr. Luiz Carlos de Araújo
• APS Pr. Sérgio Octaviano
• AP Pr. Valdir Carlos
• APlaC Dr. Daniel Fiuza
• MMT Prof. Evaldo Zorzim

Apostila preparada pelo Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa da UCB

Expediente:

Presidente: Pr. Tercio Sarli


Secretário: Pr. Getúlio Ribeiro de Faria
Ecônomo: Pr. André Marcos Pasini
Depto. Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa: Dr. Alcides Coimbra
Secretária: Marilene Maran A. Serain
Capa e Diagramação: Edimar Oliveira Veloso
Tiragem: 250 exemplares

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OBSERVÂNCIA DO SÁBADO
ORIENTAÇÕES - 108/906
DOCUMENTO ASSOCIAÇÃO GERAL

90-321
VOTADO registrar o voto DSA 90-639 como segue:
VOTADO registrar o seguinte documento da Associação Geral, Observância do Sábado-
Orientações:
A presente orientação, junto com a Bíblia e o Espírito de Profecia pode servir de pauta para
atender algumas das perguntas que tem surgido, contudo de nenhum modo impede o direito pesso-
al de seguir os ditames da própria consciência desde que dirigida pelo Espírito Santo.

Propósito e Perspectiva

O principal objetivo deste documento sobre a observância do sábado é oferecer conselhos ou


diretrizes aos membros da igreja que desejam uma experiência mais rica e significativa de obser-
vância do sábado. Espera-se que se produza um estímulo para uma genuína reforma quanto à
guarda do sábado em âmbito mundial.
Conhecendo-se o fato de que a comunidade mundial de adoradores encontra numerosos pro-
blemas quanto à observância do sábado, originários de determinados contextos culturais e ideoló-
gicos, tentou-se tomar essas dificuldades em consideração. Não pretende este documento abranger
todas as questões relativas à guarda do sábado, mas apresentar princípios bíblicos e diretrizes do
Espírito de Profecia que ajudem os membros da igreja em seu esforço por seguir a orientação do
Senhor.
Espera-se que os conselhos dados neste documento sejam úteis, em última análise, entretan-
to, as decisões feitas sob circunstâncias críticas devem ser motivadas pela fé e confiança pessoal no
Senhor Jesus Cristo.

Sábado - Salvaguarda de Nosso Relacionamento com Deus

O sábado engloba toda a nossa relação com Deus. É uma indicação dos atos de Deus em
nosso favor no passado, presente e futuro. O sábado protege a amizade do homem com Deus e
proporciona o tempo essencial para o desenvolvimento dessa relação. O sábado esclarece o relaci-
onamento entre Deus e a família humana, pois aponta a Deus como Criador numa época em que os
seres humanos gostariam de usurpar a posição de Deus no universo.
Nesta era de materialismo, o sábado conduz homens e mulheres àquilo que é espiritual e
pessoal. São sérias as consequências de esquecer o dia de sábado para o santificar. Esse esqueci-

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mento produzirá uma distorção e final destruição do relacionamento de uma pessoa com Deus.
Quando é guardado o sábado, ele torna-se testemunha do repouso que advém de confiar
apenas em Deus como sustentador, como base de nossa salvação e como o fundamento de nossa
esperança no futuro. Como tal, o sábado é um deleite porque entramos no descanso de Deus e
aceitamos o convite para comungar com Ele.
Quando Deus pede que nos lembremos do dia de sábado, Ele o faz porque deseja que nos
lembremos dEle.

Princípios e Teologia da Observância do Sábado

Natureza e Propósito do Sábado. A origem do sábado encontra-se na Criação, quando Deus


descansou de Sua obra no sétimo dia (Gên. 1-3). O sábado tem importância como sinal perpétuo do
concerto eterno entre Deus e Seu povo a fim de que soubessem Quem os criou (Êxo. 31:17) e os
santifica (Êxo. 31:13, Eze. 20;12), e para que O reconhecessem como o Senhor seu Deus (Eze.
20:20).
O caráter Singular do Sábado. O sábado é uma ocasião especial para adoração de Deus
como Criador e Redentor, e como o Senhor da Vida, com quem toda a família humana se reunirá
por ocasião do segundo advento. O mandamento do sábado forma o centro da lei moral como o
selo da autoridade de Deus. Sendo que constitui um símbolo do relacionamento de amor de Deus
com Seus filhos terrestres, os seres humanos são obrigados a respeitar este dom no sentido de que
farão o possível para promover e envolver-se em atividades que ajudem a estabelecer e reforçar um
relacionamento duradouro com Deus. Assim, Seu povo se envolverá apenas em atividades volta-
das para Deus e seus semelhantes e não naquelas que se inclinam para a gratificação do próprio eu
ou dos próprios interesses.
A Universalidade do Sábado. A universalidade tem sua raiz na Criação. Dessa maneira seus
privilégios e obrigações são vigentes para todas as nações, classes ou setores. (ver Êxo. 20:11,
23:12; Deu. 5:13; Isa. 56:1-8). A observância do sábado diz respeito a todos os membros da casa,
incluindo as crianças, e estende-se até mesmo ao estrangeiro que está dentro das tuas portas (Êxo.
20:10).
Os Limites de Tempo do Sábado. Dados bíblicos: o sábado começa no final do sexto dia da
semana e dura um dia, de anoitecer a anoitecer (Gên. 1; Mar. 1:32). Esse tempo coincide com o
tempo do ocaso do sol. Nos lugares onde for difícil determinar claramente a hora do pôr-do-sol, o
guardador do sábado começará o sábado no final do dia marcando pela diminuição da luz.
Princípios que orientam a Observância do Sábado. Embora a Bíblia não trate diretamente
de muitas questões específicas que podemos ter atualmente quanto à observância do sábado, ela
nos apresenta princípios gerais aplicáveis hoje (Ver Êxo. 16:29, 20:8-11, 34:21; Isa. 58:13; Nee.
13:15-22).
“A lei proíbe trabalho secular no dia de repouso do Senhor; o labor que constitui o ganha-pão
deve cessar; nenhum trabalho que vise prazer ou proveito mundanos é lícito nesse dia; mas como
Deus cessou Seu labor de criar e repousou ao sábado, e o abençoou, assim deve o homem deixar as
ocupações da vida diária, e devotar essas sagradas horas a um saudável repouso, ao culto e as boas
obras.” (O Desejado de Todas as Nações, p.186)

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 9


Esse conceito, entretanto, não apoia a inatividade total. O Antigo e Novo Testamentos nos
convidam a cuidar das necessidades e aliviar os sofrimentos dos outros, pois o sábado é um bom
dia para todos, particularmente para os humildes e oprimidos (Êxo. 23:12; Mat. 12:10-13; Mar.
2:27; Luc. 13:11-17; Joã. 9:1-21).
Contudo, nem mesmo as boas obras devem obscurecer a principal característica bíblica da
observância do sábado, a saber, o repouso (Gên. 2:1-3), Isso inclui tanto o repouso físico (Êxo.
23:12), como o espiritual em Deus (Mat. 11:28). O último leva o observador do sábado a procurar
a presença de Deus e a comunhão com Ele no culto (Isa. 48:13) tanto na meditação silenciosa (Mat.
12:1-8), como na adoração pública (Jer. 23:32; II Rei. 4:23, 11:4-12; I Crô. 23:30; Isa. 56:1-8). Seu
objetivo é reconhecer a Deus como Criador e Redentor (Gên. 2:1-3; Deu. 5:12-15), e é comparti-
lhado pela família isoladamente e pela comunidade maior (Isa. 56:1-8).
O Sábado e a Autoridade da Palavra de Deus. Ellen White assinala que o mandamento do
sábado é único pois contém o selo da lei de Deus. Unicamente ele apresenta não só o nome mas o
título do Legislador. Declara ser Ele o Criador dos céus e da Terra e mostra assim, o Seu direito à
reverência e culto, acima de todos. Afora este preceito, nada há no decálogo para mostrar por que
autoridade a lei é dada. (O Grande Conflito, pp. 451-452)
O sábado, como sinal do Criador aponta para Sua autoridade e direito de propriedade. Uma
significativa observância do sábado, portanto, indica a aceitação de Deus como Criador e Possui-
dor e reconhece Sua autoridade sobre toda a Criação, inclusive o próprio ser. A observância do
sábado baseia-se sobre a autoridade da Palavra de Deus. Não há para ela outra razão lógica.
Os seres humanos tem a liberdade de entrar em relacionamento com o Criador do universo
como um amigo pessoal.
Os guardadores do sábado podem ter de enfrentar resistências por vezes devido a seu com-
promisso com Deus no sentido de santificar o sábado. Para aqueles que não reconhecem a Deus
como seu Criador, parece arbitrário ou inexplicável que alguém deixe seu trabalho no dia de sába-
do meramente por motivos religiosos. A observância significativa do sábado testifica do fato de
que escolhemos obedecer ao mandamento de Deus. Assim reconhecemos que nossa vida é agora
vivida em obediência à Palavra de Deus. O sábado constituirá uma prova especial no tempo do fim.
O crente terá de fazer uma escolha, submeter-se à Palavra de Deus ou à autoridade humana (Apoc.
14:7, 12).

A Vida no Lar e na Família e sua Relação com o Sábado

Introdução. A vida doméstica é a pedra angular da apropriada observância do sábado. So-


mente quando as pessoas observam o sábado conscienciosamente no lar assumem suas correspon-
dentes responsabilidades como membros da família, a Igreja como um todo revelará ao mundo as
alegrias e privilégios do santo dia de Deus.
Diferentes tipos de Lares. No século XX há vários tipos de lar; por exemplo, o lar onde há
marido, esposa e filhos; o lar onde há marido e esposa, sem filhos; o lar onde há apenas um pai (ou
uma mãe) com filhos (onde devido a um falecimento ou divórcio o pai ou mãe precisam atuar como
pai e mãe ao mesmo tempo); o lar em que uma pessoa nunca tenha se casado ou em que a morte ou

10 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


o divórcio tenha deixado alguém sozinho, sem filhos; ou o lar em que apenas o pai ou a mãe seja
membro da Igreja. Ao levar em conta as necessidades e os problemas dessas categorias, deve-se
entender que alguns dos princípios e sugestões enunciados se aplicarão a todos os grupos, e alguns
serão mais especializados.
Duas Instituições Sagradas. O lar e o sábado. ‘No princípio’ Deus colocou um homem e
uma mulher no Jardim do Éden, seu lar. Também ‘no princípio’ Deus deu o sábado aos seres
humanos. Essas duas instituições, o lar e o sábado andam juntas. Ambas são dons de Deus. Portan-
to, ambas são sagradas, sendo que a última fortalece e enriquece de maneira única os laços da
primeira.
O companheirismo íntimo é um elemento importante do lar. O companheirismo íntimo com
outros seres humanos também é elemento importante do sábado. Ele aproxima as famílias a Deus
e os indivíduos uns dos outros. Vista à partir dessa perspectiva, a importância do sábado para o lar
não pode ser superestimada.
Responsabilidade dos adultos como mestres. Ao escolher Abraão como o pai do povo esco-
lhido, Deus disse: “Eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele” (Gên.
18:19). Parece claro, então, que foi dada aos adultos uma enorme responsabilidade no lar com
vistas ao bem-estar espiritual dos filhos. Tanto por preceito como por exemplo, devem eles propor-
cionar o tipo de estrutura e atmosfera que torne o sábado um deleite e uma parte tão vital da vida
cristã que, mesmo muito tempo depois de deixar o lar, os filhos continuem os costumes que lhes
foram ensinados na infância.
Em harmonia com a injunção “Tu as inculcarás (as palavras e mandamentos de Deus) a teus
filhos” (cf. Deu. 6:4-9), os membros adultos da família devem ensinar os filhos a amarem a Deus e
guardarem Seus mandamentos. Devem ensiná-los a serem leais a Deus e a seguir Sua direção.
Desde a mais tenra infância, as crianças devem ser ensinadas a participar do culto familiar a
fim de que o culto na casa de Deus se torne uma extensão do costume da família. Também desde a
infância as crianças devem ser ensinadas sobre a importância da assistência à igreja aprendendo
que a verdadeira observância do sábado envolve ir à casa de Deus para o culto e o estudo da Bíblia.
Os adultos da família devem dar o exemplo, assistindo aos cultos de sábado; formando um padrão
que será visto como importante quando os filhos tomarem decisões sobre aquilo que tem valor na
vida. Através de discussões, enquanto as crianças crescem e se tornam mais maduras, e através do
estudo da Bíblia deve-se-lhes ensinar o significado do sábado, sua relação com o viver cristão e sua
natureza permanente.
Preparação para o Sábado. Se o sábado deve ser observado devidamente, a semana inteira
deve ser programada de tal maneira que todos os membros estejam prontos para receber o santo dia
de Deus quando ele chegar. Isso significa que os membros adultos da família farão planos para que
as tarefas domésticas - a compra e o preparo de alimentos, o preparo das roupas e todas as outras
necessidades da vida diária - sejam completadas antes do pôr-do-sol de sexta-feira. O dia de repou-
so deve tornar-se o eixo em torno do qual gira a roda da semana inteira. Quando se aproximar o
pôr-do-sol e o anoitecer de sexta-feira, adultos e crianças poderão saudar o sábado com tranquilidade
de mente, tendo concluído todos os preparativos e com a casa pronta para passar as 24 horas
seguintes com Deus e uns com os outros.
As crianças podem ajudar nesse sentido assumindo responsabilidades de preparo para o sá-
bado de acordo com seu grau de maturidade. A maneira como a família se aproxima do início do

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 11


sábado ao pôr-do-sol de sexta-feira e a maneira como é passada a noite de sexta-feira, constituirão
o cenário para o recebimento das bênçãos que o Senhor tem em reserva para todo o dia que segue.
Vestuário apropriado para o Sábado. Onde há crianças no lar, ao vestir-se a família no
sábado de manhã para ir à Igreja, os adultos podem por preceito e exemplo ensinar os filhos que
uma forma de honrar a Deus é ir à Sua casa com roupas limpas que representem apropriadamente
a cultura em que vivem.
A Importância da hora do Estudo da Bíblia. Nos lugares onde as crianças não tem a vanta-
gem de frequentar escolas adventistas, a Escola Sabatina torna-se o mais importante meio de ins-
trução religiosa fora do lar. Não se pode superestimar o valor desta hora de estudo da Bíblia. Os
pais, portanto, devem assistir aos cultos de sábado de manhã e fazer todo o possível para levar os
filhos consigo.
Atividades da Família no Sábado. Na maioria das culturas, a refeição de sábado ao meio-dia
quando a família se reúne em torno da mesa para o almoço no lar é um ponto alto da semana. O
espírito de sagrada alegria e companheirismo, iniciado na hora de levantar e continuado durante a
programação da manhã na igreja, intensifica-se. Sem as distrações de uma atmosfera secular, a
família pode conversar sobre temas de interesse mútuo e manter a disposição espiritual do dia.
Quando é compreendida a natureza do sábado e existe um relacionamento de amor entre pais
e filhos, todos procurarão evitar a intromissão nas horas sagradas de música secular, rádio, progra-
mas de televisão e vídeo, jornais, livros e revistas.
As tardes de sábado, tanto quanto possível serão empregadas em atividades de família -
explorar a natureza, fazer visitas missionárias a doentes ou pessoas de resguardo ou a outras que
necessitem de encorajamento - e assistir às reuniões da igreja. À medida que as crianças crescem,
as atividades se ampliarão para abranger outros membros de sua faixa etária na Igreja, sempre com
a pergunta em mente: “Esta atividade me leva compreender melhor a verdadeira e sagrada natureza
do sábado?” Assim, a devida observância do sábado no lar exercerá uma influência duradoura para
o tempo e a eternidade.

A Observância do Sábado e as Atividades Recreativas

Introdução. A observância do sábado inclui o culto e a comunhão. É amplo e generoso o


convite para desfrutar ambos. O culto sabático dirigido a Deus geralmente ocorre numa comunida-
de de crentes. A mesma comunidade provê comunhão. Tanto o culto como a comunhão oferecem
um potencial ilimitado de louvor a Deus e enriquecem a vida dos cristãos. Quando o culto sabático
ou a comunhão são distorcidos ou abusados, o louvor a Deus e o enriquecimento pessoal ficam
ameaçados. Como o dom de Si mesmo que Deus nos faz, o sábado traz genuíno gozo no Senhor. É
uma oportunidade para que os crentes reconheçam e atinjam o potencial que receberam de Deus.
Assim, para o crente, o sábado é um deleite.
Fatores alheios à observância do Sábado. O sábado pode ser facilmente invadido por ele-
mentos alheios ao seu espírito. Na experiência do culto e da comunhão o crente deve estar sempre
alerta em relação com fatores que prejudiquem a sua percepção da natureza sagrada do sábado. O
senso da santidade do sábado é ameaçado particularmente por tipos errados de comunhão e ativida-
des. Por contraste, a santidade do sábado é exaltada quando o Criador permanece como centro
desse dia santo.

12 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Fenômenos culturalmente condicionados na observância do sábado. É importante com-
preender porque os cristãos prestam obediência a Deus e, dessa maneira, observam o sábado no
lugar histórico e cultural onde vivem. É possível que tanto a história como a cultura nos condicionem
de maneira falsa e produzam a distorção de nossos valores. Ao apelar para a cultura, podemos ser
culpados de dar-nos a desculpa ou licença de condescender com esportes e atividades recreativas
incompatíveis com a santidade do sábado. Por exemplo, o exercício físico intenso e várias formas
de turismo não se harmonizam com a verdadeira observância do sábado.
Qualquer tentativa de regulamentar a observância do sábado além dos princípios bíblicos
preparando listas de proibições para o dia de sábado serão contraprodutivas para uma experiência
espiritual sólida. O cristão submeterá a sua experiência sabática ao teste do princípio. Ele sabe que
o principal objetivo do sábado é fortalecer o elo de união entre si mesmo e Deus. Dessa forma, são
aceitáveis as atividades guiadas por princípios bíblicos e as que contribuem para esse fortalecimen-
to.
Visto que ninguém pode avaliar corretamente os motivos pessoais dos outros, o cristão deve
ser muito cuidadoso para não criticar seus irmãos que vivem em contextos culturais diferentes do
seu próprio.
Em viagem, os turistas adventistas devem fazer todo esforço no sentido de observar o sábado
juntamente com seus irmãos daquela região. Por respeito à santidade do sétimo dia, recomenda-se
que os adventistas evitem usá-lo como dia livre para passeios turísticos e atividades seculares.

Igrejas e Instituições da Igreja

Ao estabelecer diretrizes e praxes específicas para a Igreja como um todo e para as institui-
ções da igreja, a organização está apresentando um exemplo da guarda do sábado para os membros
em geral. É responsabilidade dos membros a aplicação dos princípios da verdadeira observância
do sábado à sua própria vida. A igreja pode ajudar apresentando princípios sobre a guarda do
sábado encontrados na Bíblia e no Espírito de Profecia, mas não pode ser consciência para os
membros.
Igrejas - O papel da igreja e da família nas atividades de sábado à tarde. O pastor e os
líderes da igreja local tem a responsabilidade de oferecer atividades sabáticas cuidadosamente
planejadas para crianças, jovens, adultos e idosos, bem como para famílias e pessoas que vivem
sozinhas, enfatizando a importância de tornar o sábado um dia de alegria, adoração e repouso. As
atividades da igreja devem complementar e não substituir as atividades da família e do lar.
Igrejas - Música de sábado. A música produz um impacto poderoso sobre a disposição de
espírito e as emoções da pessoa. Os líderes da igreja selecionarão a música e os músicos que
realçarão a atmosfera reverente do repouso sabático e o relacionamento do adorador com Deus. Os
ensaios do coral no sábado devem ser evitados durante os horários de reuniões sabáticas regular-
mente programadas.
Igrejas - Penetração na comunidade. Embora os cristãos possam participar de certos tipos
de obra social em favor de estudantes, jovens e pobres nos subúrbios e favelas devem tomar cuida-
do de exercer uma influência exemplar de guarda coerente do sábado. Quando envolvidos numa
classe de extensão ou escola especial para crianças e jovens, devem escolher assuntos e classes que

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 13


sejam diferentes das matérias seculares normais ou aulas da semana e incluir atividades que contri-
buam para a cultura espiritual. Passeios pela vizinhança ou junto à natureza podem substituir os
recreios; caminhadas ou excursões junto à natureza que exijam apenas esforço mínimo podem
substituir matérias ou aulas seculares.
Igrejas - Recolta. O procedimento geral das igrejas adventistas do sétimo dia é realizar a
recolta em dia que não seja o sábado. Nos lugares onde for costume recoltar no sábado, a atividade
deve ser executada de modo a fazer benefícios espirituais a todos os participantes.
Igrejas - Arrecadação de fundos no sábado. A doutrina da mordomia cristã encontra-se em
todas as Escrituras. O ato de dar tem lugar definido nos cultos de adoração. Quando se fazem
apelos para ofertas, devem ser feitos de tal maneira que preservem a santidade do culto e do sába-
do.
Igrejas - Casamentos aos sábados. A cerimônia matrimonial é sagrada e em si mesma não
estaria em desacordo com o espírito da guarda do sábado. Contudo, a maioria dos casamentos
envolve um considerável trabalho e quase inevitavelmente se cria uma atmosfera secular durante
os preparativos e a recepção. A fim de que não se perca o espírito do sábado, deve-se desaconselhar
a realização de casamentos aos sábados.
Igrejas - Funerais aos sábados. Em geral, os adventistas devem tentar evitar os funerais aos
sábados. Em alguns climas e sob certas condições, entretanto, pode ser necessário realizar os fune-
rais sem demora, apesar do dia de sábado. Nesses casos, devem ser feitos arranjos antecipados com
agentes funerários e funcionários do cemitério para que realizem suas tarefas de rotina antes do dia
de sábado reduzindo assim o trabalho. Em alguns casos, a cerimônia fúnebre pode ser realizada no
sábado deixando-se o sepultamento propriamente dito para mais tarde.
Instituições médicas adventistas. As instituições médicas adventistas constituem o único
contato que muitas pessoas tem com a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os hospitais adventistas
devem ser mais do que meramente sistemas de atendimento médico. Tem eles a oportunidade única
de dar um testemunho cristão 24 horas por dia junto às comunidades a que servem. Além disso, tem
o privilégio de apresentar a mensagem do sábado pelo exemplo cada semana.
Na cura dos enfermos e na libertação dos portadores de debilidade físicas, mesmo no sábado,
Cristo deixou um exemplo que consideramos a base para o estabelecimento e funcionamento das
instituições médicas adventistas. Portanto, uma instituição que ofereça atendimento médico ao
público, deve estar preparada para ministrar as necessidades dos enfermos e sofredores indepen-
dente de horas ou dias.
Esse fato coloca uma grande responsabilidade sobre as instituições no sentido de elaborarem
e executarem regulamentos que reflitam o exemplo de Cristo e apliquem os princípios da obser-
vância do sábado encontrados nas Escrituras e ensinados pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os
administradores tem a responsabilidade especial de cuidar para que todos os departamentos mante-
nham o verdadeiro espírito da guarda do sábado, instituindo procedimentos apropriados e evitando
a frouxidão na observância do sétimo dia.
Recomenda as seguintes aplicações dos princípios de observância do sábado:
1. oferecer atendimento médico de emergência sempre que necessário com boa disposição,
ânimo e alto nível de profissionalismo. Entretanto, nem as instituições nem os médicos e dentistas
adventistas devem oferecer os mesmos serviços de clínica ou consultório que oferecem nos outros
dias da semana.

14 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


2. suspender todas as atividades rotineiras que podem ser adiadas. Geralmente, isso significa
fechar completamente os departamentos e instalações que não tenham relação direta com o atendi-
mento aos pacientes e manter um número mínimo de pessoas qualificadas em outros departamen-
tos para tratar das emergências.
3. adiar serviços eletivos de diagnósticos de terapia. O médico de plantão deve decidir o que
é necessário ou de natureza emergencial. Se ele abusar desse direito, os casos devem ser tratados
pela administração do hospital. Os funcionários da instituição que não trabalham na administração
não devem envolver-se nas decisões nem serem obrigados a enfrentar o(s) médico(s) de plantão.
Pode-se evitar mal-entendidos deixando claro em estatutos para a equipe médica que somente
serão realizados procedimentos cirúrgicos, terapêuticos ou de diagnóstico que não possam ser adi-
ados devido a condição do paciente. Um atendimento claro com todos os que são designados para
a equipe no momento da admissão fará muito para evitar mal-entendidos e abusos.
4. fechar os escritórios administrativos para atendimentos de rotina. Embora possa ser neces-
sário admitir ou dar alta a pacientes no sábado, recomenda-se que seja evitada a apresentação de
contas e o recebimento de dinheiro. Jamais deve a guarda do sábado ser motivo de irritação para
aqueles que procuram servir e salvar, mas sim constituir o sinete dos “filhos da luz” (Efé. 5:8, AA
260).
5. fazer do sábado um dia deleitoso para os pacientes, um dia em que intensa atividade de
rotina seja posta de lado e a equipe esteja livre para passar mais tempo com os pacientes, instruí-
los, aconselhá-los e familiarizá-los com o maravilhoso amor de Deus. Essa atividade missionária
será uma lembrança do testemunho cristão que jamais será esquecida. A guarda significativa do
sábado será conseguida muito mais facilmente em uma instituição que empregue uma equipe pre-
dominantemente adventista. A apresentação do sábado sob um prisma favorável pode ser conseguida
pelos obreiros encarregados do atendimento aos pacientes, e pode constituir uma influência con-
vincente na vida dos que não pertencem à nossa fé.
6. o atendimento aos enfermos é uma atividade dos sete dias da semana. A doença não conhe-
ce calendário, entretanto, ao escalar os funcionários, as instituições médicas devem tomar em con-
sideração as crenças, observâncias e práticas sinceras dos empregados ou futuros empregados. A
instituição deve dar margem razoável a essas crenças a menos que se demonstre que essa acomoda-
ção reconhece que a consciência das pessoas varia em relação com a conveniência do trabalho aos
sábados. Nem a igreja nem suas instituições pode atuar como consciência para seus empregados.
Em vez disso, deve-se dar margem razoável para a consciência individual.
7. resistência às pressões para afrouxar as normas adventistas. Algumas instituições tem sido
pressionadas por comunidades, equipes médicas e/ou empregados (quando a maioria se compõe de
não-adventistas) no sentido de abandonar ou enfraquecer os princípios quanto à guarda do sábado
e suas práticas, de modo que o sábado seja tratado como qualquer outro dia. Em alguns casos, tem-
se feito pressão para manter os serviços completos no sábado, reduzindo-se então no domingo.
Essa atitude deve ser vigorosamente combatida. A aquiescência levaria a um sério reexame do
relacionamento dessa instituição com a igreja.
8. instruir os empregados que não são adventistas, quanto aos princípios de guarda do sábado
praticados pela instituição. Todos os não-adventistas no momento da admissão em uma instituição
médica adventista devem tomar conhecimento dos princípios adventistas do sétimo dia, especial-
mente praxes institucionais relativas à observância do sábado. Embora os não-adventistas possam

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 15


não crer como nós, eles devem saber desde o início como se espera que se encaixem no programa
da instituição para ajudá-la a atingir seus objetivos.
9. estimular uma atitude de contínuo testemunho cristão entre os empregados adventistas. O
único contato que muitos funcionários não-adventistas poderão ter com os adventistas do sétimo
dia, será na instituição que os emprega. Todos os relacionamentos devem ser cordiais, bondosos e
representativos do amor exemplificativo na vida e obra do Grande Médico. A compaixão para com
os enfermos, a abnegada consideração para com os semelhantes, a solícita disposição para servir e
uma irrestrita lealdade para com Deus e a Igreja podem bem construir um cheiro de vida para a
vida. A guarda do sábado é privilégio e honra, bem como dever. Jamais deve tornar-se pesada ou
tediosa para os que a observam ou para os que nos rodeiam.
O trabalho aos sábados em hospitais não-adventistas. Embora seja essencial nas institui-
ções médicas que constantemente se realize um mínimo de trabalho para manter o bem-estar e
conforto dos pacientes, os empregados adventistas em instituições não-adventistas onde as horas
do sábado não trazem diminuição dos deveres rotineiros, encontram-se sob a obrigação de recordar
os princípios que regem as atividades sabáticas. Para evitar situações em que os membros da igreja
enfrentem problemas com a guarda do sábado em instituições não-adventistas, recomenda-se que:
1. quando os adventistas aceitam emprego num hospital não-adventista, tornem conhecidos
seus princípios de guarda do sábado e solicitem um horário de trabalho que os isente dos deveres
no dia de sábado.
2. nos lugares onde os horários de trabalho ou outros fatores não permitam esse arranjo, os
adventistas devem identificar claramente as tarefas, se houver alguma que poderão realizar consci-
enciosamente no sábado bem como sua frequência.
3. nos casos em que não for possível acomodar-se aos arranjos acima, os membros devem
tornar supremas as exigências de lealdade a Deus e abster-se de tarefas rotineiras.
Instituições educacionais adventistas. As escolas adventistas de segundo grau com interna-
to desempenham um papel importante na formação de hábitos de observância do sábado das futu-
ras gerações de membros da igreja, e os colégios e universidades adventistas fazem muito para
molar o pensamento do ministério e da classe profissional da igreja. É importante, portanto, que a
teoria e a prática sobre como maximizar as deleitosas bênçãos do sábado se aproximem o máximo
do ideal nessas instituições.
A aplicação desse princípio deve incluir:
1. preparo adequado para o sábado.
2. demarcação do início e final das horas sabáticas.
3. atividades apropriadas para o lar e a escola: culto, grupos de oração, trabalho missionário,
etc.
4. deveres necessários reduzidos ao mínimo. De preferência, devem ser confiados a pessoas
que os realizem como serviço voluntário e não às que recebem pagamento pelo mesmo trabalho
durante a semana.
5. cultos inspiradores de preferência servindo como modelo daquilo que se espera caracteri-
ze os cultos nas igrejas das escolas.

16 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


6. atividades variadas e apropriadas para as tardes de sábado.
7. estruturação do programa semanal de modo que o sábado represente uma alegria que
permanece além do clímax da semana, em vez de ser um prelúdio para atividades contrastantes no
sábado à noite.
a. Vendas no refeitório. Os refeitórios são destinados a servir os estudantes e os pais que os visi-
tam, bem como os hóspedes autorizados; não devem abrir ao público no sábado. Para evitar
transações desnecessárias durante as horas sagradas, a instituição deve tomar providências para
que os pagamentos sejam feitos fora das horas do sábado.
b. Participação do corpo docente em reuniões de profissionais. Em alguns países, os adventistas do
sétimo dia tem o privilégio de assistir a encontros de profissionais a fim de manter-se a par do
progresso em sua área de especialização. Pode ser tentador justificar a assistência a essas reuni-
ões no sábado. Recomenda-se entretanto, que o pessoal acadêmico participe do culto junto com
os outros membros da igreja, em vez de unir-se aos colegas profissionais à trabalho.
c. Estações de rádio. As estações de rádio dos colégios podem ser uma bênção para a comunidade.
Para maximizar essas bênçãos, a programação durante as horas do sábado deve refletir a filoso-
fia da igreja. Se durante o sábado forem feitos apelos quanto à arrecadação de fundos, eles
devem ser feitos de tal maneira que exaltem a santidade do dia.
d. Viagens promocionais. A fim de manter a natureza de reverência do dia de sábado, as viagens
promocionais devem ser planejadas de forma que reduzam ao mínimo as viagens aos sábados,
proporcionando o máximo de tempo para o culto com os irmãos. As horas do sábado não devem
ser usadas em viagem com o objetivo de que haja tempo livre para um programa no sábado à
noite.
e. A observância do sábado na educação para o Ministério. Os pastores tem a grande responsabili-
dade de moldar a vida espiritual da igreja por seu exemplo pessoal. Portanto, as instituições que
preparam os pastores e as esposas de pastores precisam ensinar seus alunos a formar uma sólida
filosofia de observância do sábado. A devida orientação recebida na escola pode ser um instru-
mento na experiência de um genuíno reavivamento das alegrias do sábado em sua própria vida,
bem como na vida de sua Igreja.
f. Exames no sábado. Os adventistas do sétimo dia que enfrentam o caso de exames aos sábados
em escolas não-adventistas, ou que prestam exames para receber autorização por parte dos con-
selhos profissionais para o exercício da profissão, encontram problemas especiais. Ao lidarem
com essas situações, recomenda-se que façam arranjos com a administração para poderem pres-
tar os exames em oras que não sejam do sábado. A Igreja deve incentivar os membros quanto à
cuidadosa observância do sábado e, sempre que possível, interceder junto às autoridades com-
petentes para que possibilitem a reverência para com o dia de Deus e o acesso aos exames.
Muitos empregadores em assim chamadas áreas de serviços essenciais estão dispostos a fa-
zer concessões aos guardadores do sábado. Quando essas não forem feitas, os membros devem
rever cuidadosamente os princípios bíblicos sobre a guarda do sábado e, sob essa luz, examinar o
tipo de atividades, ambiente, exigências do trabalho e motivos pessoais antes de envolver-se nos
trabalhos aos sábados. Devem perguntar ao Senhor como o fez Paulo na estrada de Damasco:
“Senhor, que queres que eu faça?” Quando prevalece essa atitude de fé, somos persuadidos de que
o Senhor levará o crente a discernir Sua vontade e suprirá a força e sabedoria para segui-la.

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Decisões morais relativas à observância do sábado. Os privilégios sabáticos são algumas
vezes negados ou restringidos por organizações militares, educacionais, políticas ou outras. Para
evitar e/ou reduzir essas situações lamentáveis, devem-se considerar as seguintes sugestões:
Um administrador competente da Igreja, de preferência o diretor do departamento de Deve-
res Cívicos e Liberdade Religiosa, deve ser designado para manter-se informado quanto a circuns-
tâncias que poderiam minar a liberdade de culto aos sábados. Quando necessário, esse oficial pro-
curará as autoridades responsáveis para interceder no caso da possibilidade de um impacto adverso
sobre os adventistas do sétimo dia como consequência de alguma legislação ou medida em pers-
pectiva. Essa linha de ação pode evitar a promulgação de leis que restrinjam ou neguem os privilé-
gios sabáticos.
Os membros adventistas devem ser encorajados a defender pela fé o princípio da guarda do
sábado independentemente das circunstâncias, descansando na certeza de que Deus honrará a leal-
dade para com Ele.
Os membros da igreja devem oferecer ajuda espiritual, moral e, se necessário, material para
outros membros que estejam passando por problemas por causa do sábado. Esse apoio servirá para
fortalecer a dedicação ao Senhor, não só da pessoa que está enfrentando os problemas relativos ao
sábado, mas da Igreja como um todo.

Compra de Bens e Serviços no Sábado

1. O sábado foi designado para prover liberdade e gozo espiritual para todas as pessoas (Êxo.
20:8-11). Como cristãos, devemos apoiar esse direito humano básico que o Criador concedeu a
todos. Como regra geral, comprar produtos, comer em restaurantes e pagar por serviços a serem
prestados por terceiros são coisas que devem ser evitadas por estarem em desarmonia com o prin-
cípio e a prática da guarda do sábado.
2. Além disso, as atividades comerciais mencionadas acima desviarão a mente da santidade
do sábado (ver Nee. 10:31, 13:15). Com o devido planejamento, podem-se tomar com antecedên-
cia medidas apropriadas referentes a necessidades previsíveis do sábado.
Viagens aos sábados. Embora possa ser necessária uma viagem no sábado em conexão com
atividades sabáticas, não se deve permitir que as viagens aos sábados se tornem um evento secular;
portanto, os preparativos devem ser feitos com antecedência. O combustível do veículo e outros
elementos necessários devem ser providenciados antes do início do sábado. Devem ser evitadas
viagens em transportes comerciais para atender a assuntos particulares ou de trabalho.
Como tratar um problema específico de trabalho. Quando um membro da igreja acha ne-
cessário renunciar a um trabalho ou perde seu emprego por causa de problemas de guarda do
sábado, e é admitido pela denominação numa atividade semelhante; e quando o novo trabalho, por
sua natureza, requer que o membro trabalhe no sábado, recomenda-se as seguintes sugestões:
1. dar-se-á ao membro uma cuidadosa explanação sobre a natureza essencial do trabalho.
2. a organização deve fazer todos os esforços no sentido de certificar-se de que somente os
aspectos essenciais do novo trabalho sejam executados no sábado. Os administradores também
devem explicar ao novo empregado os propósitos religiosos e objetivos básicos da organização
empregadora.

18 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


3. adotar-se-á um programa de rodízio para que o membro que conscienciosamente aceita
esse trabalho aos sábados, possa com frequência participar de uma comemoração mais completa
do dia do sábado.
Trabalho em turno. Quando um adventista do sétimo dia trabalha onde existe o sistema de
turnos, o empregador poderá solicitar-lhe que trabalhe no sábado ou em parte do sábado. Nessas
circunstâncias, encoraja-se o membro envolvido a considerar o seguinte:
1. o membro deve esforçar-se por ser o melhor funcionário que puder, um empregado de
valor, a quem o empregador não se dê ao luxo de perder.
2. se surge um problema, o membro deve procurar resolvê-lo através de entendimento direto
com o empregador, solicitando-lhe um arranjo baseado em boa vontade e justiça.
3. o membro deve ajudar o empregador sugerindo-lhe arranjos como:
a. trabalhar com um horário flexível
b. aceitar um turno indesejável
c. trocar de turno com outro empregado
d. trabalhar nos feriados
4. se o empregador resiste à idéia de um arranjo, o membro deve imediatamente procurar a
ajuda do pastor e do departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa nos países onde
houver envolvimento nessas atividades.

Emprego e Comércio Secular Relacionados com o Sábado

Declaração de Princípio. A visão bíblica do sábado inclui uma dimensão divina e humana
(Mat. 12:7). A partir da perspectiva divina, o sábado convida o crente a renovar seu compromisso
com Deus, cessando o trabalho diário para adorar a Deus mais plena e livremente (Êxo. 20:8-11,
31:15-16; Isa. 58:13-14). Na perspectiva humana, o sábado convoca o crente a comemorar o amor
criador e redentor de Deus, revelando misericórdia e solicitude para com o próximo (Deu. 5:12-15,
Mat. 12:12, Luc. 13:12, Joã. 5:17). O sábado, assim, abrange a cessação do trabalho secular com o
propósito de honrar a Deus, e a realização de atos de amor e bondade para com os semelhantes.
Trabalho Essencial e de Emergência. A fim de exaltar a santidade do sábado, os adventistas
do sétimo dia devem fazer escolhas sábias na questão do emprego, guiados por uma consciência
iluminada pelo Espírito Santo. A experiência tem demonstrado que há riscos na escolha de voca-
ções que não permitam a adoração do Criador no sábado, livre de envolvimento com trabalho
secular. Isso significa que evitarão tipos de emprego que, embora essenciais para o funcionamento
de uma sociedade tecnologicamente avançada, possam oferecer problemas quanto à observância
do sábado.
As Escrituras e o Espírito de Profecia são explícitos quanto aos nossos deveres como cristãos
para com os semelhantes, mesmo no dia de sábado. No contexto moderno, muitos empregados em
ocupações relacionadas com a salvação de vidas e propriedades são chamados a tratar de emergên-
cias. Arranjar trabalho regular de fim de semana que requeira o uso emergencial, ou aceitar traba-

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 19


lho nos fins de semana em ocupações de emergência para aumentar a renda familiar, não se harmo-
niza com os princípios de observância do sábado apresentados por Cristo. Atender situações de
emergência que envolvam risco de vida e segurança é diferente de ganhar o sustento por envolver-
se rotineiramente nessas ocupações durante o sábado, já que frequentemente são acompanhadas
por atividades comerciais, seculares ou rotineiras. (Ver os comentários de Cristo sobre o resgate de
bois e ovelhas caídos em valetas e sobre a ajuda a pessoas em necessidade - Mat. 12:11, Luc.
13:16). Ausentar-se da casa de Deus e negar-se à comunhão com os outros membros no sábado
pode exercer um efeito desanimador sobre a vida espiritual.

20 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


POR QUE OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA
SÃO NÃO-COMBATENTES

Esta declaração foi oficialmente aprovada pela Mesa Administrativa da Associação Geral, em Wa-
shington-DC., aos 11 de outubro de 1943 , depois de haver sido submetida a cuidadoso estudo por
um período de muitos meses.
Antes da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, entrou em vigor uma
legislação concedendo completa isenção ao combate e ao porte de armas a todos os que a isso se
opusessem conscientemente. Essa lei favorece as organizações não-combatentes. Portanto, por
decisão do Congresso, os Adventistas do Sétimo Dia estão incluídos entre os que tem garantida sua
isenção ao combate durante a guerra, com base em crença religiosa.
Os Adventistas do Sétimo Dia tem sido não-combatentes através de sua história. Declararam
sua posição durante a Guerra Civil. Tem-na reafirmado sucessivamente através dos anos
subsequentes. O reconhecimento governamental dos Adventistas do Sétimo Dia como não-comba-
tentes também remonta aos dias da Guerra Civil. Esse “status” lhes tem sido concedido nos confli-
tos armados em que nossa nação tem estado envolvida desde aquele tempo.
Considerando que os Adventistas do Sétimo Dia são frequentemente solicitados a explica-
rem as razões de sua crença na não-combatividade, foi publicada esta declaração com a esperança
de lhes prestar auxílio ao dar uma resposta inteligente.
Foi adotado o seguinte pronunciamento oficial, pela Mesa Administrativa da Divisão Norte-
Americana dos Adventistas do Sétimo Dia, numa reunião celebrada em Huntsville, Alabama, dia
18 de abril de 1917:
Às autoridades:
Em nome dos Adventistas do Sétimo Dia nos Estados Unidos da América, a Mesa Adminis-
trativa da Divisão Norte-Americana dos Adventistas do Sétimo Dia respeitosamente apresenta a
seguinte declaração:
“Cremos que o governo civil é ordenado por Deus e que, no exercício de suas legítimas
funções, deve receber o apoio de seus cidadãos. Cremos no princípio sobre o qual este governo foi
fundado. Somos leais à Constituição baseada nos princípios da democracia, garantindo liberdade
civil e religiosa a todos os seus cidadãos.
Deploramos o fato de que nossa nação tenha sido envolvida pelos horrores da guerra, e ora-
remos continuamente para que o Deus do céu possa muito em breve trazer paz a nosso país. Temos
sido não-combatentes através de nossa história. Durante a Guerra Civil nosso povo declarou ofici-
almente:
Que reconhecemos o governo civil como ordenado por Deus; que a ordem, justiça e a calma
possam ser mantidas em nossa terra; que o povo de Deus possa viver vida pacífica e sossegada em
toda piedade e honestidade.

21
De acordo com esse fato, reconhecemos a justiça de prestar tributo, honra e reverência ao
poder civil, como prescrito no Novo Testamento. Enquanto nós, alegremente, damos a César as
coisas que as Escrituras mostram a ele pertencerem, somos compelidos a declinar de toda partici-
pação em atos de guerra e derramamento de sangue, como sendo inconsistentes com os deveres a
nós ordenados por nosso divino Mestre em relação aos nossos inimigos e para com toda a humani-
dade.
Nós, por meio desta, reafirmamos a declaração anterior. Pedimos que nossas convicções
religiosas sejam reconhecidas por aqueles em posição de autoridade, e que sejamos solicitados a
servir nosso país apenas em atividades que não violem nossa obediência consciente à lei de Deus
contida no decálogo interpretada nos ensinos de Cristo e exemplificada em Sua vida.”

Guerra nos Tempos do Velho Testamento

Uma das primeiras perguntas feitas aos que requerem isenção dos deveres de combate com
base na religião, é : “Se vocês crêem que é errado tirar a vida humana em guerras, como explicam
as guerras do Antigo Testamento, nas quais Deus ordenava que Israel se envolvesse?”
Em resposta a isso é necessário observar a forma especial de governo do povo de Israel.
Quando Deus conduziu a Israel para fora do Egito, organizou o povo numa nação que devia ser Seu
reino exclusivo. Seus dirigentes eram designados por Deus e suas leis foram enviadas do céu. Essa
forma de governo - é conhecida como uma “teocracia” - uma nação em que Deus governa direta-
mente sobre os súditos. Não houve jamais outro semelhante desde então - e não há sobre a terra
governo como esse agora.

A Teocracia de Israel

O governo de Israel foi único na história humana, no sentido de que foi uma tentativa de
Deus de governar Seu povo sobre a Terra, diretamente. Ele seria Seu Governador, Legislador e
Juiz. Além disso, jamais foi propósito de Jeová que Israel, Seu povo, se transformasse num reino,
ou estado ou governo como as nações a seu redor. Esse povo deveria ser separado para Deus “de
todos os povos que há sobre a face da terra” (Êxo. 33:16). “Eis que este povo habitará só, e entre as
gentes não será contado” (Núm. 23:9).
Esta era uma nação que também era uma igreja, chamada no Novo Testamento “a igreja no
deserto” (Atos 7:38). Esse aspecto é bem apresentado num trabalho Adventista do Sétimo Dia:
Israel seria agora tomado em uma relação íntima e peculiar para com o Altíssimo - sendo
incorporado como uma igreja e nação sob o governo de Deus. A mensagem dada a Moisés, para o
povo, foi:
‘Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a
Mim; então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos: porque toda a Terra é
Minha. E vós Me sereis um reino sacerdotal e o povo santo.’

22 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


‘Moisés voltou ao acampamento, e, tendo convocado os anciãos de Israel, repetiu-lhes a
mensagem divina. Sua resposta foi: ‘Tudo o que o Senhor tem falado, faremos.’ Assim entraram
em um concerto solene com Deus, comprometendo-se a aceitá-lo como seu Governador, pelo que
se tornavam, em sentido especial, súditos sob Sua autoridade’ (Ellen G. White, Patriarcas e Profe-
tas, p. 309)
‘O governo de Israel caracterizou-se pela organização mais completa, maravilhosa tanto pelo
seu acabamento como pela sua simplicidade. A ordem, tão admiravelmente ostentada na perfeição
e arranjo de todas a obras criadas de Deus, era manifesta na economia hebréia. Deus era o centro da
autoridade e do governo, o Soberano de Israel.’ (Idem, 389)
‘O governo de Israel era administrado em nome e pela autoridade de Deus. O trabalho de
Moisés, o dos setenta anciãos, dos príncipes e juízes, era simplesmente pôr em execução as leis que
Deus dera; não tinham eles autoridade para legislar para a nação. Esta foi, e continuou a ser a
condição da existência de Israel como nação. De tempos em tempos homens inspirados por Deus
eram enviados para instruírem o povo, e guiá-lo na execução das leis.’ (Idem, 645)
Mas o povo de Israel fracassou ao executar o plano de Deus. Finalmente pediram um rei, para
que pudessem ser semelhantes às nações a seu redor. E embora esse pedido fosse atendido, os
princípios sobre os quais estava fundada a teocracia deveriam ser mantidos. Deus devia ser reco-
nhecido como o Chefe da Nação, e Sua lei executada como a lei suprema do país.’ (Idem)
Está claro, portanto, que a teocracia de Israel era um governo cujos poderes derivavam dire-
tamente e imediatamente de Deus.
Por sinais, maravilhas e poderosos milagres, Deus os havia livrado da escravidão do Egito;
havia-os livrado da destruição no Mar Vermelho; conduzido através do deserto; alimentado
miraculosamente; protegido da destruição por seus inimigos; havia expulsado as nações pagãs para
fora da Terra Prometida; havia-os estabelecido em sua possessão. Eles eram Seu povo; Ele era seu
Deus.
Deve-se dizer aqui, entretanto, que Deus não ordenou nem tampouco sancionou todas as
guerras nas quais Israel se envolveu. Como já foi indicado, Israel falhou ao desempenhar o glorio-
so propósito de Deus, como Sua nação escolhida. Mas Deus não mudou imediatamente a forma
teocrática de governo por causa desse fracasso, mas Ele foi paciente com suas transgressões até
que não houvesse mais remédio. Várias vezes os puniu por sua desobediência. Serviu-se até mes-
mo de reis pagãos como instrumentos de punição para Seu povo. A história da nação hebraica,
conforme registro do Velho Testamento, teria sido muito diferente se o povo tivesse apreciado
inteiramente o plano de Deus e vivido em obediência aos princípios de sua lei.
Jeová, às vezes, instruía a Israel quanto às guerras com seus inimigos, assegurando-lhes o
sucesso nesses empreendimentos. Um notável exemplo é registrado no décimo capítulo do livro de
Josué. Relata-se que cinco reis se uniram para aniquilar as hostes de Israel.
“E o Senhor disse a Josué: Não os temas, porque os tenho dado na tua mão: nenhum deles
parará diante de ti. ...E o Senhor os conturbou diante de Israel e os feriu de grande ferida em
Gibeom. ...O Senhor lançou sobre eles, do céu, grandes pedras até Azeca, e morreram; e foram
muitos mais os que morreram das pedras de saraiva do que os que os filhos de Israel mataram à
espada. Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu os amorreus na mão dos filhos de
Israel, e disse aos olhos dos israelitas: sol, detém-te em Gibeom, e tu lua no vale de Ajalom. O sol
se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos.” (Jos. 10:8-13)

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 23


Quando a nação saía para a batalha sob a interposição direta de Deus, até mesmo as agências
sobrenaturais eram usadas contra os inimigos - pois as batalhas eram as batalhas do Senhor.
Por outro lado, houve muitas ocasiões em que Seu povo esqueceu que era apenas instrumen-
to nas mãos de Deus para cumprir Seus propósitos na terra. Nessas ocasiões tomavam o problema
em suas próprias mãos e faziam decisões sem a direção ou liderança divinas. Um exemplo disso foi
a presunção de Israel de lutar contra Amaleque em direta desobediência ao conselho de Deus. A
mensagem de Deus transmitida por Moisés foi: ‘Não subais, pois o Senhor não estará no meio de
vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos. ...Contudo, temerariamente, tentaram
subir ao cume do monte. ...Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na mon-
tanha, e os feriram, derrotando-os até Horná.’ (Núm. 14:42-45)
Dessa forma Israel frequentemente se envolvia em batalhas sem a orientação divina, e sem-
pre com resultados desastrosos.

A Teocracia é subvertida

A teocracia, governo direto de Deus, não mais existe na terra. Que aconteceu com ela? Deus
não nos deixa sem uma resposta. Ao rei Zedequias, o último rei de Judá, o rei que quebrou o
concerto, Deus disse: ‘E tu, é profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia virá no tempo da extrema
maldade, assim diz o Senhor Jeová: tira o diadema, e levanta a coroa; esta não será a mesma, exalta
ao humilde, e humilha ao soberbo. Ao revés a porei, e ela não será mais, até que venha aquele a
quem pertence de direito e a ele a darei.’ (Eze. 21:25-27)
Assim o reino de Israel teve de sujeitar-se a Babilônia. Essa foi a remoção do diadema e da
coroa. Depois disso, Israel tornou-se sucessivamente cativo da Medo-Pérsia, Grécia e Roma, cum-
prindo acuradamente a profecia. Durante o reinado de Roma foi quebrado o último vestígio do
poderio de Israel e sua nação foi inteiramente destruída.
Por divina predição, a teocracia foi limitada em duração ao tempo do primeiro advento de
Cristo. Quando Cristo foi a julgamento, o povo declarou dEle: ‘Não queremos que este reine sobre
nós’ (Luc. 19:14). Pilatos perguntou aos judeus: ‘Hei de crucificar o vosso Rei? Responderam os
principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão a César’ (Joã. 19:14). Ao escolher um governante
pagão, a nação judaica renunciava completamente a teocracia. Havia finalmente rejeitado a Deus
como Rei e portanto Deus fora compelido a rejeitá-la como Sua nação peculiar. A teocracia havia
chegado ao fim e a ordem divina era de que não mais existiria até que Cristo viesse e estabelecesse
o Seu reino literal e visível na terra. Isso não acontecerá, entretanto, até o Segundo Advento de
Cristo. Então Ele sentará no trono de Seu pai Davi e reinará para todo o sempre (Luc. 1:32,33; Apo.
11:15).
Este é o reino vindouro de glória, que será estabelecido por Cristo quando Ele anular toda
autoridade e quando reinar de oriente a ocidente, enchendo a terra com a glória do Senhor (Ver Zac.
9-10, e Núm. 14:21). Até aquele tempo, consequentemente, Deus não administra diretamente o
governo de qualquer nação como fez nos dias de Israel.

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Estabelecendo um reino espiritual

Hoje o reino de Deus neste mundo é um reino espiritual, não temporal. Não há nação hoje em
que todos os cidadãos pertençam ao reino espiritual de Deus. De modo semelhante, não há nação
hoje, da qual todos os cidadãos sejam inimigos de Deus. O trigo e o joio crescem juntos até a ceifa,
e a ceifa é o fim do mundo (Ver Mat. 13:29, 30, 39).
Verdadeiramente, Deus hoje está juntando de todo o mundo um povo para o Seu reino de
glória por vir, mas Ele o está juntando de todos os reinos da terra e não de outra nação (Ver Apo.
14:6; Mat. 28:18; Atos 10:34,35).
O reino de Deus é hoje invisível. Indivíduos tornam-se Seus súditos ao se renderem volunta-
riamente a Sua direção. E “Deus não faz acepção de pessoas, mas ...lhe é agradável aquele que, em
qualquer nação, O teme e obra o que é justo” (Atos 10:34,35).
“Se meu reino fosse deste mundo” declarou Jesus, “pelejariam os meus servos, ...mas agora
o meu reino não é daqui” (João 18:36).
Se, consequentemente, os verdadeiros súditos do reino espiritual de Deus se envolvessem em
combate, estariam lutando um contra o outro. Sendo que se encontram espalhados entre todas as
nações, seriam encontrados em todos os exércitos. Portanto, cristãos estariam matando cristãos.
O povo de Deus recebeu a ordem de pregar o evangelho de Cristo a todos os povos, e batizar
os crentes em todas as nações (Mat. 28:18-20). Se, contudo, começam a matar as pessoas dessas
nações, como então as salvarão da pregação do evangelho?
Nos dias de Israel, Deus usou Seu povo como instrumento de punição e destruição de certas
nações, porque tais nações haviam rejeitado por completo a justiça e haviam enchido a taça de sua
iniquidade (Gên. 15:16; Deu. 9:4). Quando, por conseguinte, o povo de Deus se lançava a essa
destruição, faziam-no sob a ordem direta de Deus e agiam inteiramente como Seus agentes escolhi-
dos.
Mas desde a derribada da teocracia e o estabelecimento do reino espiritual de Cristo na terra,
Deus não mais administra diretamente os negócios das nações como fazia e acontecia com Israel,
e por isso não são recebidas ordens dEle quanto à destruição de certos povos.
Nos dias da teocracia, Israel deveria primeiro consultar a Deus e esperar Suas ordens, antes
de sair para a batalha. Hoje, porém, Deus não comanda os exércitos da terra. Consequentemente, o
cristão jamais teria certeza, ao destruir vidas humanas, de que estaria fazendo a vontade de Deus.
Seguramente, nunca poderia fazer isso com a convicção de que estava cumprindo uma ordem
direta de Deus. Considerando a ausência de uma tal ordem direta, os Adventistas do Sétimo Dia
conscienciosamente crêem que não devem portar armas nem tomar parte em missões de destrui-
ção, mas sim, crêem que sua missão é a mesma de seu Mestre conforme Ele mesmo declarou: “O
Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Luc. 9:56). E
“porque, qual Ele é, somos nós também neste mundo” (I João 4:17).

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Ensinos e exemplo de Cristo

Os ensinos e o exemplo de Cristo constituem a orientação do cristão. Isso é tão verdade em


relação à guerra, como a tudo o mais.
É por causa disso que os Adventistas do Sétimo Dia, na Assembléia da Divisão Norte-Ame-
ricana, realizada em Huntsville, Alabama, em abril de 1917, adotaram a declaração mencionada no
início deste artigo, e a apresentaram ao Governo dos Estados Unidos como a posição histórica de
seu povo. Nessa apresentação é feito um requerimento ao Governo, para “que nossas convicções
religiosas sejam reconhecidas por aqueles em posição de autoridade, e que sejamos solicitados a
servir nosso país apenas em atividades que não violem nossa obediência consciente à lei de Deus
contida no decálogo, interpretada nos ensinos de Cristo e exemplificados em Sua vida.” Com base
nessa declaração, os Adventistas do Sétimo Dia buscam a isenção dos serviços de combate, porque
os ensinos e o exemplo de seu Mestre, os quais são os ensinos e a interpretação da lei de Deus,
foram tanto em palavras como em ação opostos a tal procedimento.
Cristo veio ao mundo para salvar vidas, não para destruí-las (Luc. 9:56). Quando Pedro
desembainhou sua espada para defender o seu Senhor, “Jesus disse-lhe: Mete no seu lugar a tua
espada, porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão (Mat. 26:52).
Ele resumiu Seu ensino em duas declarações estupendas. A primeira delas é conhecida como
a Regra Áurea.
“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque
esta é a lei e os profetas” (Mat. 7:12).
A segunda ensina o amor supremo a Deus e o amor inesgotável para com todos os homens.
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o seu
pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo” (Mat. 22:37-39).
Esse amor deve ser manifesto por todo seguidor de Cristo, até mesmo para com seus inimi-
gos.
“Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos
digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai
pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus,
porque faz que o Seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos”
(Mat. 5:43-45).
A busca da paz deve ser o compromisso dos cristãos. O mal não deve ser pago com o mal,
mas vencido com o bem.
“A ninguém torneis mal por mal, procurai as coisas honestas perante todos os homens. Se for
possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos,
amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança, eu recompensarei, diz o
Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber;
porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal,
mas vence o mal com o bem” (Rom. 12:17-21).

26 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Embora os seguidores de Cristo não possam em sentido algum, tomar parte em Seu trabalho
expiatório, poderão ser chamados a ser “obreiros juntamente com Ele” ao levar as bênçãos de Seu
evangelho aos homens perdidos. Isso não pode ser feito à força. Deve ser feito da maneira como
Seus seguidores foram instruídos, “como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo:
na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos
tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benig-
nidade, no Espírito Santo, no amor não fingido” (II Cor. 6:4-6).
Nessa lista, nada existe que sugira o uso da força. Jesus é apresentado como um “exemplo
para que sigais as Suas pisadas: ...o qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não
ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” (I Ped. 2:21-23).

Dupla lealdade

Dessa maneira, a vinda de Cristo ao mundo fez diferença. Não uma diferença em Deus, em
Cristo, na moralidade, na ética, na verdade básica. É uma diferença no relacionamento, na atitude,
na obrigação, na responsabilidade, da parte dos seguidores de Deus. Não há diferença em seu
relacionamento com Deus. Mas há uma evidente diferença em sua relação para com o governo.
Quando a teocracia existia, os seguidores de Deus tinham tão somente uma lealdade, aquela
com Deus. Nesse aspecto não poderia haver conflito entre as exigências de sua religião e as de seu
governo, pois ambos tinham um único Cabeça. Era Deus.
Depois da teocracia, os seguidores de Deus tem dupla lealdade: a primeira, e mais importan-
te, é para com Deus, cujo trono está no céu; a segunda, e subordinada, é ao governo terrestre.
Além de reconhecer a autoridade de Deus, Cristo dirige Seus seguidores ao reconhecimento
e respeito dos direitos e poder do estado. Cada verdadeiro filho da igreja, cada leal seguidor de
Cristo, será um leal servo do estado. O cristão, portanto, deve uma dupla fidelidade; a saber: a Deus
e também ao estado.
Sua submissão a Deus está em primeiro lugar, suprema, sem reservas. Sua submissão ao
estado é alterada somente por sua submissão a Deus. É, por conseguinte, secundária, mas divina-
mente requerida.
Nada, no relacionamento de um cristão com Cristo, requer dele que se oponha ao governo,
recuse ajuda ao governo, desobedeça ordens, mesmo na guerra, a não ser onde tal obediência o
colocaria em conflito com as exigências de Deus.
Em caso de qualquer conflito entre as exigência dos dois, o cristão deve sempre seguir o
princípio “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Ato. 5:29).
Muitas pessoas pensam que os homens devem obedecer a toda e qualquer ordem que as
autoridades constituídas resolvam dar. Há homens que não hesitam em defender o ponto-de-vista
de que - se surgir um conflito entre a consciência individual e as exigências do estado - a consciên-
cia deve ceder o lugar para que se cumpra a ordem do estado. A esses, parece presunção colocar as
convicções pessoais contra as convicções das autoridades. Mas o direito é independente das maio-
rias; a consciência pessoal é mais importante que a aprovação pública; a lealdade a Deus é maior
que a lealdade ao governo civil; e quando surge um conflito entre as demandas do governo e as de

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Deus, Deus deve ser o primeiro. Com isso também concordam as palavras de Hughes, Chefe de
Justiça da Suprema Corte dos Estados Unidos, pronunciadas a 25 de maio de 1931, a respeito do
caso Estados Unidos vs. Douglas Clyde MacIntosh.
“Muito tem sido falado sobre o supremo dever para com o estado, um dever a ser reconheci-
do mesmo que esteja em conflito com convicções relacionadas a Deus. Sem dúvida alguma, esse
dever para com o estado existe dentro do domínio do poder, pois o governo pode forçar a obediên-
cia a leis, desconsiderando escrúpulos. Quando a crença de alguém colide com o poder do estado,
este é supremo dentro de sua esfera, seguindo-se a submissão e a punição. Mas, no fórum da
consciência, o dever para com um poder moral mais alto que o estado tem sido sempre mantido. A
guarda dessa ‘suprema obrigação’, como questão de princípio, seria inquestionavelmente mantida
por muitos de nossos cidadãos conscienciosos. A essência da religião é a crença numa relação com
Deus, envolvendo deveres superiores àqueles que surgem de qualquer relação humana.”

Reconhecimento dos deveres da consciência

É gratificante saber que, nesse aspecto, alguns governos concedem o devido reconhecimento
aos direitos de consciência. Referimo-nos, por exemplo, às medidas de “Selective Trianing and
Service Act” de 1940, nos Estados Unidos da América. A seção 5, subseção “g” desse voto, estabe-
lece que:
“Nada, nestes estatutos, deve ser interpretado como querendo de qualquer pessoa a
obrigatoriedade de prestar serviços e treinamento de combate, nas forças terrestres ou navais dos
Estados Unidos, se, por razão de crença religiosa, conscientemente se opuser à participação em
guerra em qualquer forma. E tal pessoa requerendo isenção de treinamento de combate e serviço
por causa de suas objeções de consciência, cujo pedido for sustentado pela comissão local, deverá,
no caso de ser alistada nas forças terrestres ou navais, ser designada para serviços de não-
combatividade, conforme definição do Presidente.”
É este princípio que tem sido reconhecido em relação com os participantes na guerra e em
serviço de guerra pelos líderes do Governo dos Estados Unidos, e mui claramente expressos pelo
General Lewis B. Hershey, diretor do Sistema Nacional do Serviço de Seleção, em seu primeiro
relatório ao Presidente Roosevelt. O General Hershey diz:
“Reconhecemos os direitos que um indivíduo tem de abraçar crenças em oposição à guerras
e de se recusar a prestar formas de serviço militar em conflito com tais crenças.”
Diz ele mais adiante, no mesmo relatório:
“É parte desses amplos conceitos de liberdade e personalidade humana, em jogo nesta guer-
ra, que o julgamento da consciência individual oposta à vontade nacional receba consideração e lhe
seja permitida uma forma de cooperação em acordo com seus julgamentos, se estes resultarem de
crença e experiência religiosa” (Selective Service in Peacetime, p. 188 - agosto de 1942)
“Reconhecemos, na base da objeção de consciência, aquela simples declaração do Novo
Testamento: ‘Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.’ Pode ser invencível ignorância,
má compreensão ou emoção, mas se o indivíduo considera os seus atos como sua resposta a um
chamado de Deus ou da vontade de Deus, então, a Nação, de acordo com suas tradições, sente-se
obrigada a reconhecê-lo” (Idem, p. 256, 3 de abril de 1943).

28 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


São esses os princípios sobre os quais os Adventistas do Sétimo Dia tem tomado sua posição.
É por causa desses princípios que se colocam a serviço de seu país nas fileiras da não-combatividade,
sentindo que, ao assim fazer, estão verdadeiramente servindo a seu Deus.
Nos vários “fronts” de batalha nesta terra, encontram-se jovens Adventistas do Sétimo Dia
que não participam na luta, que não destroem vidas, que se esforçam por não causar danos, mas que
não procuraram evitar as linhas de frente. Sua missão é unir, é trazer alívio aos desamparados. Eles
vão a lugares de maior perigo, em missão de misericórdia e cura. Em lugar de espada e aço, carre-
gam seu equipamento de alívio e salvação. Não portam armas. Sua primeira preocupação não é sua
própria segurança. Arriscam suas vidas, sem qualquer arma de defesa, confiando na armadura
celestial. Eles ministram aos seres humanos sofredores, muitos como enfermeiros treinados, e mi-
lhares em outras linhas do serviço médico, tendo recebido treinamento por oficiais de suas igrejas,
os quais os capacitaram especialmente para essa fase de serviço.
A posição de não-combatividade, tomada pelos Adventistas do Sétimo Dia, é portanto, base-
ada em profunda convicção religiosa. Nenhum homem que sinceramente mantém, procurará esca-
par ao dever e à responsabilidade patrióticos que são a obrigação e o alto privilégio de todo cidadão
fisicamente capaz à cooperação para o bem-estar comum de seu país. Sua posição não é covardia
física ou moral. Ao contrário, ela exige coragem e lealdade. Mantém os homens fiéis ao cumpri-
mento do dever mesmo com o risco da própria vida, mesmo porque, esse dever tanto para com os
seus semelhantes como para o governo, é visto como sendo o dever para com Deus. Sobre a plata-
forma dessa dupla lealdade para com Deus e o país, encorajamos nossos membros em toda parte a
manterem firme sua suprema lealdade a Deus, enquanto mantêm sua devotada lealdade a seus
governos e a seus semelhantes.

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OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA
E O GOVERNO CIVIL

Esta declaração foi autorizada pela Mesa Administrativa da Associação Geral dos Adventistas do
Sétimo Dia, aos 25 de setembro de 1940, em Takoma Park, Washington-DC
Os Adventistas do Sétimo Dia, através de sua história, tem sido advogados constantes dos
princípios de liberdade civil e religiosa, princípios sobre os quais a grande República Americana e
certos outros governos foram fundados. Esta igreja tem crido e ensinado que o primeiro e mais
elevado dever do cristão está relacionado com sua comunhão com Deus, que ele deve também nas
palavras do apóstolo Paulo, estar sujeito às “potestades”, ou seja, ao governo civil; e que deverá
executar suas obrigações para com o governo civil, não por causa de temor, mas “pela consciência”
(Rom. 13:1-5).

Sujeito a poderes mais altos

O cristão viverá uma vida de lealdade ao governo sob o qual vive. Pagará seus impostos, não
de má vontade ou com hesitação, mas alegremente e com gratidão pela proteção que o governo
concede na preservação da vida e da propriedade. Procurará obedecer às leis do país, mesmo que,
por desvios, pudesse aumentar seu próprio ganho. Para ilustrar, ele não trará para o país artigos
tributáveis sem pagar a devida taxa. Não violará os regulamentos do trânsito feitos para a proteção
do público em geral. Não acenderá fogueiras em acampamentos, quando sabe que colocará em
perigo a propriedade pública e quando as leis do seu estado ou país o proibirem estritamente. Será
cuidadoso em extinguir fogueiras que a lei não proíbe acender. Falamos disso apenas como exem-
plos das mil e uma exigências em prática para o controle da sociedade.
O cristão é leal e fiel a seu governo nas questões atinentes à vida civil. Em harmonia com a
exortação da Escritura, ele procurará a paz da cidade onde vive (ver Jer. 29:7). Através de sua vida
piedosa, de devoção ao serviço de Deus e o bem da humanidade, ele demonstra seu espírito bondo-
so para com todos os homens. Ele prova, por uma vida de sobriedade e calma que não é um agita-
dor ou um revolucionário.

O dever para com Deus - o primeiro e mais importante

O cristão não pode, conscientemente, obedecer a qualquer ordem humana que o leve a violar
a lei de Deus. O governo de Deus é supremo. Os mandamentos de Deus vem em primeiro lugar.
Isso tem sido atestado através dos séculos pelos leais mártires que foram ao suplício mas não
renunciaram às suas convicções religiosas.

30
O relacionamento do cristão com o governo terrestre

Os deveres do cristão com referência ao governo sob o qual vive, são esclarecidos na Sagra-
da Escritura:
“Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores, porque não há potestade que não venha
de Deus, e as potestades que há, foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à potestade,
resiste à ordenação de Deus...” (Rom. 13:1-2).
Cristo reconheceu e ensinou a existência da linha divisória que separa a autoridade do gover-
no civil da esfera de relações espirituais. Àqueles que vieram perguntar-lhE se era lícito pagar
tributo a César - ao governo civil - o Mestre, depois de lhes chamar a atenção para o fato de que eles
estavam reconhecendo o governo de César ao usar as moedas com sua efingie, respondeu: “Dai
pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mat. 22:16-21).
Há uma esfera dentro da qual César pode, com todo o direito, exercer poder. No campo das
relações civis ele pode se mover livremente. Deve ser um terror para as más obras, “um vingador
para castigar o que faz o mal”, nisso ele “é ministro de Deus”, sendo o cristão sujeito a essa auto-
ridade civil “não somente pelo castigo, mas também pela consciência” (Rom. 13:3-6).
O cristão deve dar a cada um o que deve: “a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto;
a quem temor, temor; a quem honra, honra.” “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor
com que vos ameis uns aos outros, porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rom. 13:7-8). O
apóstolo, então, passa a mencionar os cinco últimos mandamentos, que definem as relações civis
dos homens. Ele nada menciona sobre a primeira tábua da lei, porque os primeiros quatro manda-
mentos se referem à relação do homem para com Deus e pertencem somente à esfera do governo e
da jurisdição de Deus. Nessa esfera, o governo civil não tem o direito de entrar.

Limite da autoridade dos governos humanos

Com que autoridade tem Deus investido os governos civis? É inconcebível que ele lhes tenha
conferido poder ilimitado. Isso tornaria o governo terrestre, na extensão da capacidade humana,
igual ao governo de Deus. Seria colocar o trabalho de Deus na terra - Seu evangelho, Sua igreja, os
negócios da humanidade - física, social, civil e espiritualmente sob o controle do governo humano
sem referência a sua atitude para com os problemas e princípios envolvidos. Não podemos crer que
o grande Governador do universo faria isso.
Somos, por conseguinte, forçados a concluir que a jurisdição do governo humano é limitada
à esfera das relações civis, à decisão de questões que governam o relacionamento do homem com
seus semelhantes. Há uma esfera - a relação pessoal do homem com seu Criador - dentro da qual o
governo civil não tem nenhum direito conferido por Deus ou ordenado por Deus, de se intrometer.

Jurisdição Civil - não espiritual

Nem é possível, pela natureza do caso, que o governo civil lide com a segunda tábua da lei de
Deus no sentido espiritual dos mandamentos dessa tábua. Esse campo espiritual pertence somente

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 31


a Deus. Com a relação civil definida nos seis últimos mandamentos, o governo civil pode agir. Tem
o direito de punir o assassino, o adúltero, o ladrão; não porque eles tenham cometido um erro
moral, mas porque violaram a lei da ética civil. O governo lida com atos abertos. Deus, entretanto,
olha para trás do ato descoberto e observa os pensamentos do coração, os motivos e propósitos da
vida. Em Sua maneira de ver, o homem que odeia seu irmão, mesmo que não cometa o ato, é
assassino (I João 3:15). O homem sensual, de modo semelhante viola o mandamento mesmo que
não tenha, exteriormente, ofendido a lei da castidade (Mat. 5:28).

Lealdade ao governo

Quando o governo civil, consciente ou inconscientemente, passa por cima dos limites que
Deus estabeleceu para ele, e, procura regular ou controlar as relações espirituais e pessoais existen-
tes entre o homem e seu Criador, qual deveria ser a atitude do cristão em relação ao governo?
Deus é o Ser Supremo e Suas exigências estão acima das outras. A Ele, o cristão deve
fidelidade sem reservas. Ele não pode exercer essa fidelidade por ordem de qualquer mestre huma-
no. E quando as leis de seu governo requerem que viole as leis de Deus, não tem outra alternativa
a não ser obedecer a Deus. Acima de qualquer temor que possa ter do homem, que pode destruir
somente seu corpo, ele deve temer o grande Deus do céu, que é poderoso para destruir tanto o
corpo como a alma (Mat. 10:28).
A atitude do cristão deveria sempre ser a de lealdade a seu governo, até onde não haja confli-
to com seu dever para com Deus. Como deverá manifestar lealdade quando as leis do governo
entrarem em conflito com as exigências de Deus? Deve obedecer a seu Deus custe o que custar,
mas ele pode ao mesmo tempo esforçar-se por colocar diante do público e dos legisladores os
princípios envolvidos. Ele pode procurar fazer com que a lei seja revogada. Pode tentar modificá-
la por seu próprio esforço e ajuda de outros, por todas as formas ilícitas. O cristão nunca poderá
recorrer à violência pessoal para atingir esse fim. Não se envolverá em brigas nem promoverá
rebeliões e alvoroços. Em lugar disso, sofrerá mansamente a penalidade da lei, embora injusta,
deixando com Deus a vingança de sua causa. Através dessa conduta e no espírito de trabalhar para
reparar o mal, o cristão está dando a maior prova de sua lealdade ao governo. Ele está ao lado de
princípios fundamentais e, ao procurar induzir o governo a restringir suas atividades àquela esfera
que Deus, com justiça lhe designou, estará prestando o mais alto serviço.

Posição dos Adventistas do Sétimo Dia diante da guerra

Em harmonia com sua profissão de seguidores do Príncipe da Paz, podem os Adventistas do


Sétimo Dia se envolver na destruição de seus semelhantes? Essa é uma pergunta que os Adventistas
tem encarado desde o início de sua história. De seu estudo sobre a vida e o exemplo de Cristo, Seus
ensinos do evangelho, declararam-se não-combatentes desde o tempo de sua organização. O que
entendem sobre os princípios evangélicos de não-combatividade pode ser expresso brevemente
como segue:
1. O reino de Cristo não é deste mundo. Disse Cristo a Pilatos: “Se meu reino fosse deste
mundo, pelejariam os meus servos” (João 18:36).

32 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


2. Recebemos a ordem de amar até mesmo nossos inimigos. Declara o Salvador: “Amai a
vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos
maltratam e vos perseguem” (Mat. 5:44).
3. “O Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Luc.
9:56). Devemos levar avante o trabalho do Mestre. Foi-nos dito: “Mas se alguém não tem o espírito
de Cristo, esse tal não é dEle” (Rom. 8:9).
4. Disse mais o Mestre: “Não resistais ao mal; mas se qualquer te bater na face direita,
oferece-lhe também a outra” (Mat. 5:39).
5. Quando Pedro quis defender seu Senhor com a espada, Cristo lhe disse: “Mete no seu lugar
a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mat. 26:52).
6. O apóstolo Pedro apresenta esta descrição do caráter de Cristo, nosso grande Exemplo:
“Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo
para que sigais as suas pisadas; o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano, o
qual, quando o injuriavam e quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga
justamente” (I Ped. 2:21-23).

Nosso registro histórico sobre não-combatividade

1864 - Na data de 2 de agosto de 1864, em Battle Creek, Michigan, então sede da Igreja, a
Mesa Administrativa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia endereçou uma carta ao
governador do estado de Michigan, na qual foi feita a seguinte declaração:
“A denominação de cristãos que se chamam Adventistas do Sétimo Dia, tomando a Bíblia
como sua regra de fé e prática, são unânimes em seu ponto-de-vista de que seus ensinos são contra
o espírito e a prática da guerra; daí, objetarem sempre conscienciosamente ao porte de armas.”
Com uma declaração de lealdade ao Governo, solicitaram ao governador do estado onde
estava localizado o escritório central, que endossasse seu pedido de reconhecimento como não-
combatentes, com voto do Congresso. No dia seguinte, dia 3 de agosto, o governador Austin Blair,
emitiu a declaração que segue:
“Estou satisfeito por encontrar correta a anterior declaração dos Adventistas do Sétimo Dia
quanto a seus princípios e práticas. Eles tem direito a todas as imunidades garantidas por lei àque-
les que conscientemente se opõem ao porte de arma e ao envolvimento em guerras.”
A declaração anterior, com o endosso do governador de Michigan, foi apresentada dia 30 de
agosto de 1864 ao Governo de Washington. Dia 1º. de setembro, o Marechal se manifestou quanto
ao método de estabelecer o ‘status’ de não-combatentes.
1865 - O seguinte voto foi tomado pela Associacão Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, em
Assembléia Geral realizada em Battle Creek, Michigan, dia 17 de maio de 1865:
“Resolvido que reconheçamos o governo civil como ordenado por Deus; que a ordem, a
justiça e a paz sejam mantidas na terra e que o povo de Deus possa viver vidas sossegadas e
pacíficas em toda piedade e honestidade.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 33


De acordo com esse fato, reconhecemos a justiça de render tributo, honra e reverência ao
poder civil como prescrito no Novo Testamento. Enquanto alegremente damos a César as coisas
que as Escrituras nos mostram a ele pertencerem, somos compelidos a declinar de toda participa-
ção em atos de guerra e derramamento de sangue, como sendo inconsistentes com os deveres a nós
comissionados por nosso divino Mestre, em relação a nossos inimigos e para com toda a humani-
dade.”
1917 - Esta declaração dos dias da Guerra Civil foi reafirmada pela Mesa Administrativa da
Divisão Norte-Americana dos Adventistas do Sétimo Dia, em reunião realizada em 18 de abril de
1917, em Huntsville, Alabama, como segue:
“Nós, por meio desta, reafirmamos a declaração anterior. Solicitamos que nossas convicções
religiosas sejam reconhecidas por aqueles em posição de autoridade, e que sirvamos nosso país em
atividades que não violem nossa obediência consciente à lei de Deus contida no decálogo, interpre-
tada nos ensinos de Cristo e exemplificada em Sua vida.”
Em maio de 1934, a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia aprovou um documen-
to de instrução aos jovens da igreja, sendo que dois dos parágrafos se referiam à não-combatividade,
como segue:
“Os não-combatentes - Embora reconhecendo ser inevitável a guerra num mundo de pecado,
os não-combatentes conscientemente se opõem a tirar a vida humana. Crêem eles que, dessa ma-
neira, podem prestar um serviço maior a seus semelhantes e exercer mais ampla influência pela
causa da justiça do que tomando parte ativa nos combates, na destruição de vidas humanas, não
condenam, entretanto, os que tomam parte na guerra. Por outro lado, os não-combatentes estão
dispostos a ajudar o governo de qualquer maneira, em tempo de guerra, que não seja a destruição
de vidas humanas. Ajudarão a alimentar e vestir o Exército, ajudarão no cuidado dos doentes e
feridos; ajudarão a enterrar os mortos; ajudarão no transporte de homens, alimento, vestuário, etc;
armarão os acampamentos; irão aos campos, às minas e fábricas sob a ordem do governo; ajudarão
a fortificar as posições e de qualquer outra forma proteger a vida humana. Retirarão os feridos das
linhas de frente. O não-combatente não é um covarde, ele simples e conscientemente se opõe, com
coragem, a tirar a vida humana no que se refere a sua participação.
Os Adventistas do Sétimo Dia dos Estados Unidos estão registrados, no Governo, como não-
combatentes. Estão sempre prontos a servir sem reservas, exceto portarem armas em combate e
fazer trabalho desnecessário no dia de sábado. No que se refere a dever e lealdade ao governo
humano, como ordenado por Deus, permanecerão leais e patrioticamente ao lado de seu Governo.”
Ao assim declarar a posição da igreja, esse estatuto tornou claro que a convicção do membro
deve ser o último fator nessa questão de consciência. O estatuto declara mais adiante:
“A igreja não tenta impor coisa alguma a seus membros, individualmente, mas cada pessoa
deve ficar ao lado de suas próprias convicções de consciência.”

Notáveis exemplos bíblicos da fidelidade a princípios

O cristão tem o apoio das Escrituras Sagradas quanto a se manter fiel a suas convicções.
Quando se requereu de Daniel, sob pena de morte, que obedecesse à lei dos Medos e Persas,
contrária ao mandado expresso de Deus, ele firmemente prestou obediência a Deus. E, quando foi

34 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


jogado na cova dos leões, Deus operou por ele um maravilhoso milagre de livramento aprovando a
posição que ele havia tomado (Ver Dan. 6). E, mesmo que essa aprovação não se tivesse manifes-
tado nesta vida e Daniel tivesse morrido nas covas dos leões, a aprovação teria sido manifesta na
vida por vir. A preocupação do cristão não está primariamente colocada neste breve espaço de vida
na terra, mas na vida eterna.
Uma experiência semelhante ocorreu com Sadraque, Mesaque e Abednego, no reino de
Nabucodonosor (Dan. 3). Esse rei erigiu na planície de Dura uma grande imagem de ouro e reuniu,
para sua inauguração, os principais homens de seu extenso império. Sadraque, Mesaque e Abednego
foram à planície de Dura e, como os outros, estiveram na presença da imagem dourada. Até esse
ponto, obedeceram à lei de Nabucodonosor. Mas, quando se lhes ordenou que se prostrassem em
adoração à imagem de ouro, esses três homens não puderam obedecer ao editorial. Sabiam que
seria violação direta da lei de Deus. Nas palavras do Salvador, eles temiam, não àquele que poderia
destruir seus corpos, mas ao que era capaz de destruir tanto o corpo como a alma. Por causa de sua
posição, foram lançados na fornalha ardente, mas Deus vindicou sua atitude livrando-os
miraculosamente.

Obedecer a Deus em primeiro lugar

Tais exemplos não estão restritos apenas ao Antigo Testamento. O apóstolo Pedro e seus
companheiros foram colocados em circunstâncias semelhantes. Ordenado a não pregar em nome
de Jesus, o apóstolo respondeu: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Ato. 5:29).
Deus mostrou Sua aprovação através do grande poder de Seu espírito, que os acompanhou em seus
labores.
De todos os homens, o cristão não deveria ser aquele que ofendesse. Deve ser pacífico,
ordeiro, honesto, bom vizinho, cumpridor da lei. Cada relação na vida deveria ser regulada por
sincera devoção a Deus e a seus semelhantes. Deveria amar a Deus supremamente e a seu próximo
como a si mesmo. Amor a Deus e ao homem, é sobre estes dois grandes princípios que estão a lei
e os profetas.

Instrução para nossa igreja

As seguintes declarações foram feitas durante os dias da Guerra Civil entre os Estados Ame-
ricanos:
“Devemos agir com grande cautela. ‘Se for possível, quanto estiver em vós tende paz com
todos os homens.’ Podemos obedecer a essa admoestação e não sacrificar um princípio de nossa fé.
Satanás e suas hostes estão em guerra contra os guardadores dos mandamentos e trabalhará para
colocá-los em posições tentadoras. Não devem eles, por falta de discernimento, deixar-se levar”
(Testimonies, vol. 1, p. 356).
“Aqueles que estariam mais bem preparados para sacrificar até mesmo a vida, se necessário,
em vez de se colocarem numa posição em que não pudessem obedecer a Deus, são os que menos
falam. Não se ufanam. Sentem e meditam mui profundamente, e suas sinceras orações ascendem
ao Céu, pedindo sabedoria para agir e graça para resistir. Aqueles que sentem que, no temor de

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 35


Deus, não podem conscientemente se envolver nesta guerra, ficarão quietos e quando interrogados,
simplesmente declararão o estritamente necessário para responder à pergunta do interlocutor, dan-
do a entender que não simpatizam com a rebelião” (Idem, p. 357).
“Vi que é nosso dever em todas as circunstâncias obedecer às leis de nossa terra, a menos que
entrem em conflito com a lei mais alta, que Deus falou com voz audível no Sinai, e mais tarde
gravou em pedra com Seu próprio dedo” (Idem, p. 361).
Em anos posteriores foram dados os seguintes conselhos à igreja:
“Ensinai o povo a se conformar em todas as coisas às leis de seu estado quando assim pude-
rem fazer sem conflito com a lei de Deus” (Idem, vol.9, p. 238).
“A bandeira da verdade e da liberdade religiosa desfraldada pelos fundadores da igreja evan-
gélica e pelas testemunhas de Deus durante os séculos decorridos desde então, foi, neste último
conflito, confiada às nossas mãos. A responsabilidade deste grande dom repousa com aqueles a
quem Deus abençoou com o conhecimento de Sua palavra. Temos de receber essa Palavra com
autoridade suprema. Cumpre-nos reconhecer o governo humano como uma instituição designada
por Deus, e ensinar obediência ao mesmo como um dever sagrado, dentro de sua legítima esfera.
Mas, quando suas exigências se chocam com as reivindicações de Deus, temos que obedecer a
Deus de preferência aos homens. A Palavra de Deus precisa ser reconhecida como estando acima
de toda legislação humana. Um ‘Assim diz o Senhor’ não deve ser posto à margem por um ‘Assim
diz a Igreja’ ou um ‘Assim diz o Estado’. A coroa de Cristo tem de ser erguida acima dos diademas
de potentados terrestres.”
“Não se nos exige que desafiemos as autoridades. Nossas palavras, quer faladas, quer escri-
tas, devem ser cuidadosamente consideradas, para que não sejamos tidos na conta de proferir coi-
sas que nos façam parecer contrários à lei e à ordem. Não devemos dizer nem fazer coisa alguma
que vos venha desnecessariamente impedir o caminho. Temos de avançar em nome de Cristo,
defendendo as verdades que nos foram confiadas. Se somos proibidos pelos homens de fazer essa
obra, podemos então dizer como os apóstolos: ‘Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos
antes a vós do que a Deus; por que não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” (Atos
dos Apóstolos, p. 68-69)
“Não é sábio apontar continuamente faltas naquilo que é feito pelos governantes. Não é
nosso trabalho atacar indivíduos ou instituições. Devemos ter muito cuidado para que não sejamos
acusados de oposição às autoridades civis. É verdade que nossa guerra deve ser agressiva, mas
nossas armas devem ser encontradas num simples ‘Assim diz o Senhor’. Nosso trabalho é preparar
um povo que permaneça de pé no grande dia de Deus.” (Testimonies, vol.6, p. 394)
“Os fariseus sempre se tinham sentido irritados sob a exação do tributo por parte dos roma-
nos. Sustentavam que o pagamento do tributo era contrário à lei divina. Viram então ensejo de
armar uma cilada a Jesus. Os espias foram ter com ele e, com aparente sinceridade, como desejan-
do conhecer seu dever, disseram: ‘Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que
não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É-nos lícito
dar tributo a César ou não?”
“A resposta de Cristo não foi uma evasiva, mas uma réplica sincera. Segurando a moeda
romana sobre que se achavam inscritos o nome e a imagem de César, declarou que, uma vez que
estavam vivendo sob a proteção do poder romano, deveriam prestar àquele poder o apoio que lhes
exigia, enquanto isso não estivesse em oposição a um mais elevado dever. Mas, conquanto pacifi-

36 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


camente sujeitos às leis da Terra deviam em todos os tempos manter primeiramente lealdade para
com Deus.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 449)

Os Adventistas do Sétimo Dia definem a não-combatividade cristã

Não combatividade não é pacifismo.


O pacifismo mantém uma organização substancial e poderosa que promove agitações contra
a guerra. A não-combatividade não mantém organizações, não promove agitações, não faz propa-
ganda, não faz campanha para conseguir adeptos. Meramente mantém sua fé cristã. A não-
combatividade não é oposição consciente à guerra, mas mantém a atitude e a convicção de que a
guerra não altera a obrigação cristã de obedecer a Deus.
Os cristãos não-combatentes participarão de qualquer serviço que contribua para a salvação,
manutenção e bem-estar da vida humana, defendendo a idéia de que a fidelidade a Deus não permi-
te que se tire a vida humana.
A não-combatividade cristã não é antimilitarismo, que baniria a instituição militar, os unifor-
mes e bandeiras, opondo-se a ordens militares, manobras, insígnias, atividades, procedimentos e
apropriações.
A não-combatividade cristã se refere apenas à honestidade do indivíduo em sua relação para
com Deus. Sempre, em toda parte, em cada condição e circunstância, o indivíduo cristão não-
combatente colocará a vontade de Deus em primeiro lugar. Um cristão não-combatente não se
recusará a participar do serviço militar nem de usar a farda do país, ele saudará a bandeira de seu
país e ajudará seu país em sua necessidade.
A não-combatividade cristã não é covardia. É uma convicção sem referência a perigo ou
segurança pessoal. Os que advogam não escapam do perigo. Não procuram evitar a linha de ação.
Irão a qualquer parte para fazer trabalhos de não-combatividade.
Os não-combatentes cristãos solicitarão ao governo, quando convocados, que sejam postos
em ramos de serviço, ou civil ou militar, nos quais possam prestar o serviço que desejam prestar.
Quando convocados, voluntária e lealmente executarão qualquer dever militar que contribua
para a preservação, manutenção, bem-estar e sustento da vida humana. Gastar-se-ão até a última
reserva de energia em trabalhos de médicos, enfermeiros, padioleiros, motoristas de ambulâncias,
cozinheiros, dentistas, encarregados do vestuário e outros ramos de serviço de não-combatividade
do setor militar.
Tanto na guerra como na paz, o cristão obedece a Deus e guarda os preceitos de Cristo. É por
causa disso que o cristão que crê no princípio da não-combatividade, solicita que lhe seja permitido
cumprir sua obrigação para com o governo em tempo de guerra ou preparação para ela, em qual-
quer serviço compatível com sua obediência a Deus.

A Guarda do sábado

Nossos crentes que forem convocados para serviços militares, acharão, sem dúvida, mais
difícil observar o sábado no exército do que em outros tempos, mas assim mesmo temos certeza de

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 37


que todos reconhecerão que as exigências da guerra não mudam a obrigação do cristão - guardar o
santo dia de Deus.
Com o fim de minimizar essa dificuldade, o não-combatente guardador do sábado, ao ser
chamado para o serviço, deverá pedir que lhe seja indicado algum posto de dever no qual não
apenas esteja isento do porte de armas, como também possa trabalhar conscienciosamente nas
linhas de atividade que sejam compatíveis com a observância do sábado.
Há certos tipos de serviço que podem ser feitos no sábado sem quebra do mandamento, e em
tais linhas podemos trabalhar alegremente.
Nosso Salvador nos deu o exemplo de fazer obras de misericórdia e absoluta necessidade no
sábado. Pediu ao doente curado no sábado que tomasse sua cama e fosse para sua casa. Os escribas
e fariseus acusavam a Cristo de fazer no sábado muitas coisas por eles consideradas ilícitas. Mas
Jesus lhes respondeu: “Uma coisa vos hei de perguntar: É lícito nos sábados fazer bem ou fazer
mal, salvar a vida ou matar?” (Luc. 6:9) Em outra ocasião o Salvador respondeu a Seus acusadores:
“Quem dentre vós, tendo uma ovelha, e se ela cair num poço no dia de sábado, não a tirará? Não é
um homem melhor do que uma ovelha? Portanto, é lícito fazer o bem no dia de sábado.”
O Salvador apresentou alguns amplos princípios sobre o que se constitui uma própria obser-
vância do sábado em tempos de necessidade e perplexidade. Esses princípios são dignos de nosso
estudo agora.
Por seu exemplo em curar os doentes e ministrar aos necessitados no dia de sábado, Cristo
indicou que é próprio de Seus seguidores prestar o mesmo tipo de serviço nesse dia.
Os comandantes militares geralmente têm sido muito considerados ao enfrentarem este pro-
blema com seu pessoal Adventista do Sétimo Dia. Em consideração às convicções daqueles sob
seu comando, tem expedido ordens dispensando tais indivíduos do trabalho, do pôr-de-sol de sex-
ta-feira ao pôr-de-sol do sábado. Esta é a melhor solução para o caso dos Adventistas do Sétimo
Dia em serviço, pois os livra da rotina do trabalho, livrando a ele e ao oficial de qualquer embaraço
que poderia surgir se ele se mantivesse no lugar de trabalho. Mesmo em tempo de guerra tem sido
dada, aos membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, essa considerada atenção.
Deveríamos estar dispostos a submeter-nos a tudo que não seja pecado. A lealdade para com
princípios morais é o dever supremo na vida de qualquer indivíduo.
Cada pessoa deverá responder diante de Deus por suas convicções, e prestará contas de seus
atos no último dia. Ninguém pode decidir por outro as questões supremas da eternidade. Cada
indivíduo deve decidir a grande questão da diferença entre o certo e o errado. Devemos interpretar
nossas idéias religiosas sobre a observância do sábado, não segundo o exemplo e os ensinos dos
fariseus, mas à luz do exemplo da vida e dos ensinos de Cristo. Devemos ser capazes de discernir
a diferença entre norma e princípio mantendo-nos leais ao princípio. Devemos ser coerentes. Não
podemos ser conscienciosos em alguns pontos e insinceros em outras coisas de igual importância.
Não devemos transferir a outros uma responsabilidade que de direito nos pertence.
Essas palavras de conselho são oferecidas na esperança de que possam ajudar nossos jovens,
tanto com respeito a seus deveres para com Deus e suas obrigações religiosas, como para com seus
semelhantes. Devemos estudar não sobre qual é o mínimo que podemos fazer pela humanidade
sofredora em tempos de emergência nacional, mas qual o máximo. Nós, sobre todos os povos, que
advogamos as reformas de saúde e a vivência de uma religião que se deleita em obras de misericór-
dia, deveríamos colocar-nos na linha de frente desse serviço.

38 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


O ESPÍRITO DE PROFECIA E O SERVIÇO MILITAR

Documento preparado por W.C. White, D.E. Robinson e A.L. White(*)

Durante os anos de 1860 a 1863, enquanto se davam os últimos passos em direção à organi-
zação da igreja, os líderes de nossa denominação enfrentavam, com crescente intensidade, outras
novas e graves perplexidades. A luta política nos Estados Unidos, culminando com a Guerra Civil,
trouxe ao “front” um grande número de problemas cuja solução afetou não somente sua relação
para com os problemas comuns, mas que deveriam moldar a política da igreja durante tempos
ainda mais turbulentos de conflitos internacionais. Naturalmente, ao se desenvolver a crise da
Guerra Civil, os membros da igreja olhavam para os líderes, particularmente a Tiago e Ellen White,
esperando algum pronunciamento concernente à atitude que deveriam tomar quanto às novas situ-
ações.
Felizmente não havia divisões ou seitas entre os adventistas guardadores do sábado. Enquan-
to seu trabalho se havia expandido rapidamente de leste a oeste, não havia, antes da Guerra Civil,
penetrado nos estados sulistas, pró-escravatura. Aqueles que haviam aceito a mensagem estavam
unidos em sua oposição aos princípios da escravidão humana. Tinham patriótica simpatia pela
causa dos estados do Norte e pelo governo da União, em Washington. Sua atitude era tal que, nos
últimos anos da guerra, puderam declarar às autoridades civis que “os Adventistas do Sétimo Dia
são rigidamente contrários à escravidão, leais ao governo e simpatizantes com ele contra a rebe-
lião.” (The Views of Seventh-day Adventists Relative to Bearing Arms, p. 7, 1864)
A despeito de seu ponto-de-vista comum, haviam perigos esperando pela nova e crescente
igreja. Havia o perigo de que as mentes do povo se tornassem tão absorvidas em questões políticas,
que se afastassem de seu trabalho de proclamar a mensagem. E havia o perigo de que o público
perdesse o interesse na mensagem, ao dirigir sua atenção às questões nacionais.
Ambos os perigos foram previstos por Tiago White. No fim do verão de 1860, quando estava
no clímax a excitação motivada pela eleição presidencial, ele apresentou uma nota editorial de
advertência contra o deixar-se levar por controvérsias políticas. Aconselhou os ministros a condu-
zir seus esforços “em lugares pequenos, longe do calor das lutas políticas,” ou a suspendê-los
durante a época da campanha. Ele sabiamente evitou condenar ou advogar a causa do exercício do
voto, declarando:
“Não estamos preparados para provar, pela Bíblia, que seria errado um cristão fiel à
terceira mensagem angélica, de maneira compatível com sua profissão de fé, apresen-
tar seu voto. Não o recomendamos nem a isso nos opomos.” Review and Herald, 21 de
agosto de 1860 (1)
Abraão Lincoln, o candidato republicano à presidência, ao passo em que não interferia no
assunto da escravidão onde ela já existia, comprometeu-se a se opor a ela, evitando que se alastras-
se em novos territórios. Era natural que os eleitores, entre nosso povo, dessem a ele seu voto. E sua
eleição, em novembro, foi seguida, em poucas semanas, pelo início da secessão dos estados sulinos.

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A Carolina do Sul aprovou a secessão dia 20 de dezembro de 1860. Votos semelhantes foram
aprovados em três dias sucessivos - 9, 10 e 11 de janeiro - em Mississipi, Flórida e Alabama,
respectivamente, e a 1º. de fevereiro, Georgia, Louisiana e Texas se haviam unido a eles no
hasteamento da bandeira dos “Estados Confederados da América.” Desta forma, sete estados se
haviam separado antes da posse de Lincoln, a 4 de março de 1861.

Visão em Parkville

Haviam sido marcadas reuniões para 11 e 12 de janeiro de 1861 em Parkville, Michigan.


Estiveram presentes Tiago e Ellen White e os pastores J. H. Waggoner, Urias Smith e J. N.
Loughborough. No sábado, dia 12 de janeiro, depois de haver falado, a irmã White foi tomada em
visão.
Nessa visão foi lhe revelado que outros estados se uniriam a Carolina do Sul e que uma
guerra ainda mais terrível seguia-se. Ela viu cenas dos exércitos em conflito com terrível carnifici-
na. Viu os campos de batalha cobertos com mortos e moribundos. Ela testemunhou cenas de sofri-
mento em prisões superlotadas e viu lares onde reinava a angústia e aflição por causa da perda de
maridos, filhos ou irmãos.
Ao sair da visão, ela olhou em volta e disse tristemente: “Nesta casa há pessoas que perderão
filhos nesta guerra.” (2)
Na época em que essa visão foi dada, nem o Norte nem o Sul esperavam que uma grande
guerra se seguisse. Os políticos sulistas argumentavam que “poderiam sair-se melhor fora da União
do que dentro dela.” Seu pensamento era de “temporariamente retirar-se do governo federal até que
lhes fossem dadas as garantias próprias para a observância” do que eles consideravam seus direitos
e interesses. “Eles não criam que as autoridades dos Estados Unidos realmente tentassem” uma
tarefa tão tremenda, como a ocupação de seu vasto território, num esforço por conquistá-los à
força.” (Ver Enciclopédia Britânica, art. “United States”)
Quanto ao Governo Federal, suas limitadas expectativas quanto a uma guerra são indicadas
pelo fato de que mesmo depois da primeira agressão em Fort Sumter, dia 12 de abril, quando a
guerra foi considerada inevitável, o presidente, em 15 de abril, expediu uma convocação para
apenas 75.000 homens, e isso por um período de três meses.

Convocação para voluntários

Esta convocação de 75.000 voluntários para o exército federal foi rápida e entusiasticamente
recebida. Quando se preencheram as quotas determinadas para cada estado, região e município,
foram recusadas novas inscrições. Em Battle Creek, após concentração de massa em 20 de abril,
presenciada por mais de 1.000 cidadãos, 71 voluntários se alistaram. Na manhã seguinte vieram
outros, que foram desapontados porque o número já havia sido completado.

40 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Primeiros contratempos e seu significado

O presidente Lincoln convocou o Congresso para uma reunião especial no dia 4 de julho de
1861. O Congresso imediatamente se dedicou à organização da guerra, suas finanças, e autorizou a
formação de um exército de 500.000 voluntários. Antes do término da sessão especial, as forças do
norte e do sul se encontraram em combate, a 21 de julho de 1861, na Batalha de Bull Run, em
Manassas, Virginia, umas 30 milhas ao sul de Washington. A desencorajadora derrota das forças do
Norte enfatizou sua falta de preparo para a guerra. Mas havia outras razões para esse fracasso e a
falta de uma vitória decisiva para ambos os lados. A cortina foi afastada para Ellen White, numa
visão em Roosevelt, New York, dia 3 de agosto, exatamente duas semanas após o conflito de
Manassas, e se lhe permitiu ver o que aconteceu. Acerca desses episódios ela escreveu um artigo
intitulado “A Escravidão e a Guerra”, publicado em Review, dia 27 de agosto de 1861 e reimpresso
em Testimonies, vol.1:
“Tive uma visão da desastrosa batalha em Manassas, Virgínia. Foi uma cena muito
comovente e confrangedora. O exército do Sul tinha tudo a seu favor e estava prepara-
do para um combate terrível. O exército do Norte avançava em triunfo, sem nenhuma
dúvida de que seria o vencedor. Muitos eram arrojados e marchavam arrogantemente
como se a vitória já fosse sua.
Ao se aproximarem do campo de batalha, muitos já estavam desmaiando por causa do
cansaço e da necessidade de refrigério. Não esperavam um encontro tão feroz. Corre-
ram para a luta e batalharam brava e desesperadamente. Os mortos e moribundos esta-
vam em ambos os lados. Tanto o Norte como o Sul sofriam severamente. Os homens
sulistas sentiam a batalha e por um pequeno período de tempo foram forçados a recuar.
Os nortistas estavam pressionando, embora a destruição em seu meio fosse muito gran-
de.
Exatamente então, um anjo desceu e acenou sua mão para trás. Instantaneamente hou-
ve confusão nas fileiras. Parecia aos homens do Norte que suas tropas se estavam reti-
rando, quando na verdade não era assim, e uma retirada começou precipitadamente.
Isto me pareceu maravilhoso.
Então ficou claro que Deus tinha esta nação em Suas próprias mãos e não permitiria
que vitórias fossem ganhas com mais rapidez do que Ele ordenava, e que não permiti-
ria mais perdas aos homens do Norte do que em Sua sabedoria Ele julgasse necessário,
para puni-los por seus pecados. ...Esse repentino retrocesso das tropas do Norte é um
mistério para todos. Não sabem que a mão de Deus interveio na questão.” (Testimonies,
vol.1, pp. 266-267)
Os “pecados” do Norte, aqui referidos, significam o fato de ser tolerada a escravidão e os
esforços por apenas confiná-la aos estados onde já existia, em vez de libertar todos os escravos.

Recompensas para encorajar o alistamento

Enquanto a guerra prosseguia, foram proclamadas convocações pelo Presidente para mais
soldados. Requereu-se que cada estado fornecesse uma certa quota de homens para cada convoca-
ção sendo, por sua vez, apresentada uma quota a cada região, cidade e distrito. Se o número dos que

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 41


se apresentavam voluntariamente não alcançava a quota referida, seria necessário instituir uma
convocação. Para evitar isso, precisavam encontrar alguma maneira de encorajar o alistamento de
homens para preencher o número requerido. Como um modo de promover o alistamento, foram
formadas comissões de cidadãos em muitas municipalidades, eles resolveram oferecer uma recom-
pensa aos recrutas. Começando com $25,00; a importância foi logo aumentada para $100,00 ao
serem convocados mais e mais homens para a linha de frente.
Como os Adventistas do Sétimo Dia estavam particularmente ansiosos por evitar a ameaça
da convocação que envolveria os guardadores do sábado, Tiago White participou de todo o coração
no trabalho de levantar fundos, dos quais uma liberal recompensa seria paga a voluntários. En-
quanto, com regra, nossos irmãos eram conscienciosamente não-combatentes, ainda assim sentiam
ser seu dever unir-se para juntar dinheiro para o pagamento do bônus oferecido aos voluntários que
não tinham escrúpulos religiosos contra o serviço do exército.
Tiago White e outros líderes adventistas ajudaram, tomando parte em certo número de reuni-
ões públicas dos cidadãos de Battle Creek, onde havia livre discussão sobre as várias atividades da
guerra, mas particularmente sobre o problema de fornecer a quota de homens, se possível sem a
necessidade de convocação. Ele tornou claro que seus irmãos guardadores do sábado não se absti-
nham de apresentar-se voluntariamente por serem covardes ou preguiçosos. Embora fossem geral-
mente pobres, de boa vontade, contribuiriam tão livremente quanto os abastados.
Tiago White relatou à sua esposa algumas de suas experiência nessas reuniões de massa.
Vários de seus associados o apontaram como representante para oferecer seus compromissos ao
fundo, em tempo oportuno. Assim, ele diria na reunião: “Em nome de meu amigo, A.B., sujeito à
convocação, estou autorizado a creditar ___ dólares. Também em nome de meu amigo, C.D., não
sujeito à convocação, mas que de boa vontade deseja participar do levantamento de fundos para o
bônus, estou autorizado a creditar ___ dólares.”
A 20 de outubro de 1862, foi realizada uma grande reunião de guerra em Battle Creek “para
dar os passos preliminares para o preenchimento da quota de homens da cidade, sob o apelo do
Governo, referente a 600.000 homens.” O plenário recusou a proposta da comissão, de recomendar
uma recompensa de $ 100,00 para cada voluntário, e a substituiu por uma oferta de $ 200,00. Uma
comissão composta por nove membros foi indicada para levantar os fundos, dentre os quais se
encontravam no mínimo dois guardadores do sábado, J.P. Kellogg e o pastor Tiago White, repre-
sentando o segundo e terceiro distritos de Battle Creek (Battle Creek Journal, 24/10/1862).
Ao passo que a guerra prosseguia, esse procedimento foi questionado por alguns. Sua atitude
e de outros irmãos líderes foi apresentada em resposta a um grande número de perguntas recebidas
pelo pastor Tiago White “quanto à validade de contribuir para o levantamento de fundos para a
recompensa, objetivando o alistamento.” A resposta a isso foi: “Cremos que é válido, e o temos
feito em Battle Creek.” (Review and Herald, 30 de agosto de 1864)

Dificuldades no campo

E assim as perplexidades intrínsecas à guerra cresceram, à medida que se aumentava o valor


da recompensa, requerendo ainda maiores empregos de recursos de nosso povo. Os relatórios dos
obreiros no campo indicavam dificuldades relacionadas à proclamação da mensagem. O pastor
Insgraham relatou que a tenda de Illinois fora dobrada porque “era inútil erguer a tenda em novos

42 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


campos enquanto durasse a excitação da guerra.” Em Iowa, os pastores J.H. Waggoner e B.F.
Snook foram presos sob a lei marcial e detidos até conseguir um certificado do juiz da comarca,
“declarando sua residência, ocupação atual e profissão. O juiz os aconselhou a imediatamente pôr
em ordem suas casas, já que estariam mais e mais sujeitos, diariamente, a problemas e dificulda-
des.” De Rochester, New York, o pastor _______ relatou:
“O excitamento da guerra era tão grande que tivemos que suspender as reuniões por duas noites.
Nossa tenda foi usada para reuniões sobre a guerra. Nunca vi tanta excitação como desta vez, em
Rochester. As ruas estão bloqueadas com as tendas de recrutamento de oficiais. As lojas estão todas
fechadas das 3 às 6 da tarde, e todos estão tentando convencer homens a se alistarem. Há reuniões
de debate sobre a guerra todas as noites.” (Review and Herald, 26 de agosto de 1862)
Contudo, apesar das dificuldades em manter esforços públicos, houve condições
compensadoras. Os problemas e as perplexidades tornaram mais sóbrios os corações de nossos
irmãos. Procuraram o Senhor fervorosamente, tornaram-se mais zelosos nas atividades missionárias
dentro das comunidades em que viviam. O Senhor os abençoou, acrescentando muitas almas.

Enfrentando a convocação

O ano de 1862 testemunhou contínuos e inexplicáveis reveses para as forças do Norte, e mais
e mais homens se tornaram necessários. Até esse tempo, o exército da União fora inteiramente
suprido com homens recrutados em base de alistamento. Os Adventistas do Sétimo Dia, com seus
pontos de vista sobre a guarda do sábado e a não-combatividade, não se haviam alistado e isso
levou alguns observadores a questionar sua lealdade ao governo. Ellen White escreveu:
“A atenção de muitos se voltou para os guardadores do sábado, porque não manifesta-
vam grande interesse na guerra e não se apresentavam como voluntários.” (Testimonies,
vol.2, p. 356)
E ela comentou:
“Era necessário agir com sabedoria, para desfazer a suspeita levantada contra os
guardadores do sábado. Devemos agir com grande cautela. ‘Se possível, quanto estiver
em vós, vivei em paz com todos os homens.’ Podemos obedecer a essa admoestação,
sem sacrificar um princípio de nossa fé. Satanás e suas hostes estão em guerra contra os
guardadores dos mandamentos e trabalhará para levá-los a posições probantes. Eles
não devem, por falta de discrição, deixar-se levar até lá.” (Testimonies, vol.1, p. 356,
janeiro de 1863)
Todos podiam perceber que uma convocação era inevitável e não muito distante. Como de-
veriam os Adventistas do Sétimo Dia relacionar-se com a convocação, quando esta chegasse, era a
pergunta nas mentes de quase todos.
Nessa conjuntura, numa tentativa de dar orientação aos que achavam difícil chegar a uma
conclusão, o pastor White publicou em Review and Herald de 12 de agosto de 1862 um editorial
intitulado “A Nação”. Aqui, depois de declarar as razões por que os Adventistas do Sétimo Dia
simpatizavam com a causa do governo na guerra que estava sendo travada, e por que não podiam
conscientemente apresentar-se como voluntários para o serviço bélico, diz ele, falando de uma
possível convocação por parte do governo:

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 43


“Seria loucura resistir. Aquele que resistisse contra a administração da lei militar, e
fosse executado, iria muito longe, cremos, assumindo a responsabilidade do suicídio.
No momento, gozamos da proteção de nossos direitos civis e religiosos, concedida
pelo melhor governo debaixo dos céus. ...É cristianismo honrar as boas leis de nossa
terra. Disse Jesus: ‘Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus’ (Mat.
22:21). Aqueles que desprezam a lei civil, deveriam fazer as malas e partir para algum
lugar onde não exista lei civil.
Quando isso acontecer, ou seja, quando decretos civis forem impostos para nos afastar
da obediência à lei de Deus e nos colocar em rebelião contra o governo do Céu (Ver
Apo. 13:15-17), então teremos probabilidades de nos tornarmos mártires. Mas tentar
resistir às leis do melhor governo debaixo do céu, o qual está agora tentando subjugar
a rebelião, ...repetimos, seria loucura.
Aqueles que são leais ao governo do Céu, fiéis à constituição e às leis do Governador
do Universo, serão os últimos a desertar para o Canadá, para a Europa, ou a ficarem
tremendo de medo de uma convocação militar.
Este artigo causou em alguns distritos uma tormenta de críticas e sua natureza pode ser inferida
do seguinte trecho, publicado na Review duas semanas mais tarde:
“Vários irmãos se referiram a nossas observações sob esta legenda(A Nação), há duas
semanas, em estilo um tanto febril. Convidamo-los a ler o artigo novamente e a se
assegurarem de que entenderam nossa posição, antes de se oporem a ela. Contenham-
se, irmãos! Não é tempo para que cavalheiros cristãos dêem lugar a sentimentos de
preconceito e virtualmente nos acusem de apregoar o homicídio e a quebra do sábado.
Seria melhor que todos levassem o assunto a Deus, pedindo um espírito humilde e
moldável; então, se algum for convocado, e escolher fazer um pacto com Tio Sam em
vez de obedecer, poderá tentá-lo. Não discutiremos com essa pessoa, a menos que
alguns de vocês, não-resistentes, suscitem uma guerrinha antes de serem chamados a
lutar por seu país. Qualquer artigo bem escrito, com o propósito de lançar luz sobre
nosso dever como um povo, em referência à presente guerra, receberá imediata aten-
ção” (Review and Herald, 26 de agosto de 1862)
Seguiu-se nas colunas da Review uma discussão aberta quanto às perguntas referentes aos
deveres dos guardadores do sábado em face da convocação, com o resultado de que finalmente se
conseguiu unanimidade de ação. Há divergência nos pontos de vista por algum tempo, contudo, é
indicada numa observação na última página da Review, de 09/09/1862, no sentido de que Tiago
White seria incapaz de assumir certos compromissos “em consequência da época desfavorável, do
excitamento da guerra, do temor aos índios (indubitavelmente sem fundamento), sentimentos agi-
tados em relação a nosso artigo intitulado ‘A Nação’, e a proximidade da Associação Geral.”
A atitude geral dos irmãos em relação às exigências do governo e à guerra foi refletida por
H.E. Carver em sua resposta à posição de Tiago White, conforme artigo publicado na Review:
“Devemos fidelidade ao governo sob o qual vivemos. É nosso dever apoiar o governo
até que ele exija que desobedeçamos a Deus e então não poderemos hesitar quanto a
quem serviremos ... Confio em que Deus nos livrará dessa grande provação, mas se a
provação tiver de vir, peço a Deus que nos dê sabedoria e força para glorificá-lo através
da guarda de Seus mandamentos.” (Review and Herald, 21/10/1862)

44 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Instruções através do Espírito de Profecia

A essa altura, a Igreja recebeu orientação por meio do Espírito de Profecia. Em janeiro de
1863 foi anunciado na Review o “Testimony for the Church”, nº. 9, com a declaração de que contin-
ha instruções referentes “à guerra e o nosso dever em relação a ela.”
Este não foi o primeiro artigo dos testemunhos fazendo referência à Guerra Civil, mas foi o
primeiro a dar conselho específico relacionado à convocação, ao alistamento, etc. Um artigo
intitulado “O Norte e o Sul” (Vol. 1, pp. 253-260), publicado um ano antes (janeiro de 1862),
ajudou a esclarecer, na mente dos Adventistas do Sétimo Dia, os verdadeiros problemas da guerra.
E houve também um segundo artigo, intitulado “A Escravidão e a Guerra”, apresentando a visão de
3 de agosto de 1861.
Mas foi nesse capítulo, “A Rebelião”, publicado em janeiro de 1863 e agora incluído nos
Testimonies, Vol.1, que entrou em discussão o recrutamento que parecia inevitável. Foi revelado à
Sra. White que Deus considerava a nação responsável pelo pecado da escravatura, e que tanto o
Norte como o Sul seriam punidos. Com referência ao desfecho da guerra, disse ela:
“Deus não está ao lado do Sul, e ele o punirá terrivelmente no final. ...Vi que Deus não
entregaria o exército do Norte inteiramente nas mãos de um povo rebelde, para ser
destruído por seus inimigos. ...Vi que tanto o Sul como o Norte estavam sendo castiga-
dos.
Com relação ao Sul, minha atenção foi voltada a Deu. 32:35-37 ‘Minha é a vingança e
a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé, porque o dia da sua ruína está próximo,
e as cousas que lhes hão de suceder, se apressam a chegar.” (Testimonies, Vol.1, pp.
359, 365, 368)
Com respeito a alguns que ousadamente asseveraram que prefeririam morrer a submeter-se
ao recrutamento, e que haviam criticado a posição tomada por Tiago White e outros líderes, o
Testemunho declarou:
“Vi que aqueles que haviam falado tão decididamente sobre a sua recusa em obedecer
a um recrutamento, não entendem de que estão falando. Se na realidade fossem convo-
cados e, recusando-se a obedecer, fossem ameaçados com aprisionamento, tortura ou
morte, voltariam atrás e então, veriam não estarem preparados para tal emergência.
Não suportariam a prova de sua fé. O que julgavam ser fé era apenas fanática presun-
ção.” (Testimonies, Vol.1, p. 357)
A seguinte excelente advertência foi dada contra o manter uma atitude ousadamente confian-
te em relação à maneira de enfrentar a futura crise:
“Aqueles que estão mais bem preparados para sacrificar inclusive a própria vida, se
necessário, em vez de se colocarem numa posição na qual poderiam não obedecer a
Deus, são os que menos tem a dizer. Não se vangloriariam, meditariam muito e suas
sinceras orações ascenderiam ao Céu, suplicando sabedoria para agir, e graça para
suportar. Aqueles que sentem que no temor de Deus não podem conscienciosamente se
envolver nesta guerra, ficarão bem quietos, e quando interrogados, simplesmente de-
clararão o que tem obrigação de dizer para responder à pergunta do inquiridor, e então
deixarão claro que não simpatizam com a Rebelião.” (Testimonies, Vol.1, p. 357)

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 45


A inveja e a falta de unidade entre os líderes do exército nortista foram declaradas neste
testemunho como sendo grandemente responsáveis pelo prolongamento da luta e pelas muitas
baixas nas forças federais.(3)

Conselho relativo ao Alistamento

Ellen White volta-se para certas fases muito práticas da crise dos tempos. Com referência à
nossa lealdade para com o governo, ela escreveu:
“Vi que era nosso dever em cada caso obedecer às leis de nossa terra, a menos que elas
estejam em conflito com a lei mais alta que Deus proferiu com voz audível no Sinai, e
depois gravou em pedra com Seu próprio dedo. ‘Porei as minhas leis em suas mentes e
as escreverei em seus corações; eu lhes serei Deus e eles serão para mim um povo.’
‘Aquele que tem a lei de Deus escrita no coração, obedecerá a Deus e não aos homens,
e mais prontamente desobedecerá a todos os homens do que se desviará dos manda-
mentos de Deus. O povo de Deus, ensinado pela inspiração da verdade e guiado por
uma boa consciência para viver através de cada palavra de Deus, tomará Sua lei, escrita
em seus corações, como a única autoridade a quem reconhecem obedecer. A sabedoria
e autoridade da lei divina são supremas.” (Testimonies, Vol.1, p. 361)
Com o princípio estabelecido de que o cristão deve obedecer às leis do país, a menos que
estejam em conflito com a lei mais alta de Deus, Ellen White chega a um ponto muito crítico,
aquele do recrutamento que não prevê a liberdade da consciência. Citamos o seguinte parágrafo do
testemunho:
“Foi-me mostrado que o povo de Deus, que é Seu peculiar tesouro, não pode se envol-
ver nesta desconcertante guerra, pois ela se opõe a todos os princípios de sua fé. No
exército não podem obedecer à verdade e ao mesmo tempo obedecer às exigências de
seus oficiais. Haveria uma contínua violação da consciência. Homens mundanos são
governados por princípios mundanos. ...Mas o povo de Deus não pode ser governado
por esses motivos...
Aqueles que amam os mandamentos de Deus, concordarão com todas as boas leis da
terra. Mas se as exigências dos governantes são tais, que entrem em conflito com as
leis de Deus, a única pergunta a ser feita é: -Obedeceremos a Deus ou aos homens?”
(Testimonies, Vol.1, pp. 361-362; grifo nosso)
O leitor deve ter em mente que quando esta declaração foi publicada, em janeiro de 1863,
ainda não havia sido promulgada a convocação. Todo o serviço militar nas forças da União era
feito em base de alistamento simplesmente. Um homem entrava no exército através de apresenta-
ção voluntária de seus serviços e ao mesmo tempo se colocava, sem reservas, às ordens de seus
oficiais. Havia um agudo conflito com o quarto e sexto mandamentos da lei de Deus. Nada estava
previsto quanto à guarda do sábado e a não-combatividade. “No exército” não podiam “obedecer à
verdade e ao mesmo tempo obedecer às exigências de seus oficiais.”
Deveríamos fazer uma pausa para observar nessa conjuntura que muitos interpretam essa
declaração de que “no exército”, (os Adventistas do Sétimo Dia) “não podem obedecer à verdade e
ao mesmo tempo obedecer às exigências de seus oficiais” (Testimonies, vol. 1, p. 361) como signi-
ficando que em tempo algum e sob nenhuma circunstância pode um Adventista do Sétimo Dia ser

46 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


leal a Deus e envolver-se com serviço militar. Deve-se reconhecer que Ellen White estava falando
de circunstâncias em conexão com “esta desconcertante guerra”, a Guerra Civil, no período em que
o serviço militar estava apenas em base de alistamento, e não haviam sido previstos os casos de
convicção individual de consciência.(4)

A primeira Lei de Alistamento e o Recrutamento

Em março de 1863, um pouco menos de 3 meses depois da publicação do artigo mencionado


acima, com seus orientadores conselhos, o Congresso dos Estados Unidos promulgou um ato para
o “alistamento de todos os cidadãos do sexo masculino, fisicamente capazes, entre as idades de 18
e 45”e o presidente foi autorizado a fazer os recrutamentos para o serviço militar.
Nesse recrutamento de março de 1863, foi estabelecido que um recruta poderia ser dispensa-
do, ou através da apresentação de um substituto ou através do pagamento de $ 300,00. Essa provi-
são foi recebida pelos Adventistas como providencial meio de evitar serviços combativos e confli-
tos com a observância do sábado, mas também trazia consigo a ameaça de um novo e crescente
perigo. Com tal exigência de recursos para a compra de substitutos, o interesse financeiro da Causa
estava em perigo. Reconhecendo esse perigo, Tiago White, escreveu:
“O avanço da mensagem do terceiro anjo é o mais alto objetivo pelo qual podemos
trabalhar nesta terra. Seja qual for o sofrimento que possa existir em qualquer parte,
esta causa deveria ser a última a sofrer por causa da falta de recursos. No caso de
nossos irmãos serem recrutados, deveriam, se possível, amortizar suas propriedades
para levantar os $ 300,00 dólares, em vez de aceitar meios que deveriam ir para a
Tesouraria do Senhor. Diríamos isto inclusive a nossos ministros.” (Review and Herald,
24/11/1863)
Ao insistir em que o dinheiro levantado pela Benevolência Sistemática não deveria ser dimi-
nuído ou desviado do sustento do ministério, ele citou sua própria prática. Sem diminuir seu costu-
meiro pagamento anual para esse fundo, ele havia posto de lado uma quantia igual para ajudar
ministros, no caso de serem convocados. Um ano mais tarde ele considerou “um privilégio” o
pagamento de “dez dólares a cada eficiente ministro que for recrutado dentre nós, para ajudá-lo a
pagar os $ 300,00.” (Review and Herald, 27/09/1864)
Desse modo ele estabeleceu um exemplo de fidelidade na manutenção da causa e na ajuda
àqueles que poderiam ser envolvidos pela convocação. Um espírito semelhante foi manifestado em
todo o campo. Um de nossos ministros, pastor Isaac Sanborn, na iminência de pagar uma nota que
estava por vencer, inseriu uma nota da Review and Herald declarando que ele havia tomado em-
prestados $ 150,00 para livrar um outro irmão do recrutamento, e solicitando a ajuda de qualquer
pessoa que pudesse auxiliá-lo nessa “empresa”. Foi esse espírito de ajuda mútua em prover fundos
para o pagamento de taxas e isenções que tornou possível, na maioria dos casos, que nossos irmãos
evitassem sérios conflitos quanto à questão do porte de armas.

Providências básicas para os não-combatentes

Na “Lei do Alistamento”, de março de 1863, a primeira lei de conscrição aprovada pelo


Congresso dos Estados Unidos, foi feita provisão pelo Governo Federal para que “os membros de

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 47


denominações religiosas, que por julgamento ou afirmação declararem ser conscienciosamente
oponentes ao porte de armas” serão, quando recrutados, “considerados não-combatentes”. Pode-
rão, então, ser designados para hospitais, para o cuidado de recém-libertos ou poderiam garantir-se
o privilégio da isenção concedida àqueles que pagassem os $ 300,00.
Enquanto vigorou a provisão geral para a libertação de qualquer recruta ao serviço militar
através do pagamento de $ 300,00, nenhum passo foi tomado pelos Adventistas do Sétimo Dia para
obter o reconhecimento como não-combatentes. Nossa denominação era nova e seus membros
relativamente poucos e desconhecidos. Assim, por mais de um ano, a maior parte de nossos ho-
mens, quando recrutados, conseguiam a isenção através do pagamento dos $ 300,00.
Mas uma nota assinada em 4 de julho de 1864 revogou “a cláusula comumente conhecida
como a cláusula da isenção dos $ 300,00”, exceto para aqueles “conscienciosamente contrários ao
porte de armas.” Essa decisão precipitou a crise, pois se os Adventistas do Sétimo Dia queriam
assegurar os continuados benefícios da isenção, ou assegurar o status de não-combatentes no caso
de serem convocados, deveriam agora publicamente declarar sua posição e atitude.
Prontamente foram dados passos para enfrentar a questão. Dia 3 de agosto foi colocada dian-
te de Austin Blair, governador de Michigan, uma declaração de princípios, assinada pela Mesa
Administrativa da Associação Geral, dando as razões pelas quais os Adventistas do Sétimo Dia
“não se sentiam livres para se alistarem no serviço”, e querendo o endosso do governador para a
declaração de que “como um povo, nos colocamos sob o último voto do Congresso, no que respeita
àqueles que conscienciosamente se opõem ao porte de armas, e tem direito aos benefícios das
mencionadas leis” (grifo nosso).
O governador de Michigan prontamente deferiu esse requerimento.
Passos semelhantes foram dados e outros estados, como Wisconsin, Illinois e Pennsylvania,
com igualmente satisfatórias respostas dos governadores. Esses endossos, juntamente com cartas
de recomendação de certos oficiais militares, foram levados a Washington-DC, pelo pastor J.N.
Andrews que os entregou ao Marechal James B. Fry.

Os Adventistas do Sétimo Dia


são reconhecidos como não-combatentes

O Sr. Fry declarou ao pastor Andrews que ele interpretava a cláusula de isenção da lei do
alistamento como aplicando-se a qualquer denominação que mantivesse pontos de vista de não-
combatividade, e expediu ordens a todos os marechais de acordo com essa interpretação da cláusu-
la de isenção. Deu instruções pormenorizadas quanto à maneira em que nossos irmãos deveriam
agir, se convocados, a fim de receberem o privilégio da isenção através do pagamento de $ 300,00
ou serem designados a serviço de não-combatividade. Muitos dos convocados tiraram proveito da
cláusula de isenção pelo pagamento dos $ 300,00. Mas alguns dos que foram recrutados requere-
ram uma designação para trabalhos de não-combatividade.
Para não faltar à verdade, declaramos que certo número de irmãos, tendo sido convocados,
entraram no exército em fins de 1864 e foram tratados injustamente pelos oficiais locais, que se
recusaram a reconhecer a provisão feita na lei. Sob as mais probantes circunstâncias, nossos jovens
permaneceram leais ao Deus do céu, enquanto cumpriam seus deveres para com os semelhantes.

48 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Esforçaram-se para deixar brilhar a sua luz no exército. Atendendo ao seu pedido de literatura, foi
levantado um fundo para a compra de folhetos, a fim de que eles recebessem material de leitura a
ser distribuído entre seus colegas. Muitas cartas foram recebidas desses homens recrutados, cujo
pedido de isenção do porte de armas foi irritadamente recusado. Duas dessas cartas foram publicadas
numa edição de Review and Herald, com uma nota de Tiago White como segue:
“A experiência que eles apresentam não parece ser a exceção, mas a regra. Ainda não
soubemos de qualquer que, apesar de sua posição de não-combatente ter sido referen-
dada pelos marechais de seus distritos, com os devidos certificados, tenha conseguido
alguma posição em hospitais ou no cuidado com os recém-libertos. E até mesmo os
marechais algumas vezes recusam endossar requerimentos de nossos irmãos, apesar de
todas as evidências como não-combatentes.” (Review and Herald, 24/01/1865)

Luz especial com respeito ao Recrutamento

Nessas circunstâncias foi levantada uma pergunta, e com razão: “Deu o Senhor luz a Ellen
White a respeito da orientação a ser dada aos líderes da igreja quanto aos passos tomados em 1863
e 1864, relativamente ao serviço militar, ou aprovando o procedimento seguido?”
Essa pergunta é vitalmente importante para nós hoje, pois a posição da denominação com
respeito ao serviço militar está baseada na “posição histórica” tomada nos dias da Guerra Civil.
Nos conselhos de “Testomonies for the Church”, vol. 1, onde se trata desse período de nossa
história, não há informação direta quanto a esse ponto. Depois de janeiro de 1863 não há pronunci-
amentos relativos à Guerra Civil ou ao recrutamento. Não tivesse a guerra terminado num período
de tempo tão curto depois da efetivação do recrutamento com todos os seus problemas, e sem
dúvida teria sido publicado algum conselho. É lógico concluir por inferência que, ao sentirem os
líderes da obra sua preocupação sobre essa questão crucial, mantiveram estreito contato com a Sra.
White, e que foram guiados pela luz que ela recebeu do Senhor. É igualmente lógico concluir que,
se na ausência de qualquer luz eles tomaram uma posição com referência ao serviço militar, em
desarmonia com a vontade de Deus, o Senhor lhes teria enviado uma mensagem quanto a isso, e o
procedimento teria sido alterado por conselhos corretivos. Tudo isso parece razoável e lógico.
Mas não fomos deixados apenas com inferências e conclusões lógicas sobre o assunto de
tanto interesse e vital importância para nossos rapazes ao redor do mundo. É realmente gratificante
observar que os líderes da igreja foram avante com cuidado e oração, enfrentando as crises à medi-
da que surgiam, encontrando “posições históricas” que nós, como denominação, adotamos com
referência à convocação. Eles assim fizeram em harmonia com a luz dada por Deus através do
Espírito de Profecia. Ellen White fez referência direta a isso, umas duas décadas após o término da
Guerra Civil, numa carta a líderes da igreja, pastores G.I. Butler, presidente da Associação Geral, e
S. N. Haskell, pioneiro executivo e evangelista. Ellen White, então na Europa, tinha diante dela
certas perguntas que esses irmãos lhe haviam formulado e, ao responder, olha para trás e comenta,
com referência à conveniência de os líderes da igreja procurarem uma saída para medidas opressi-
vas:
“Os irmãos perguntam com respeito à atitude adequada para assegurar os direitos de
nosso povo quanto ao culto, de acordo com os ditames de sua consciência. Isto tem
sido um fardo sobre minha alma por algum tempo, quer fosse uma negação da nossa fé,

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 49


quer uma evidência de que nossa confiança não estava firme em Deus. Mas relembro
muitas coisas que Deus me mostrou no passado com relação a assuntos de natureza
similar, como recrutamento e outros pontos. Posso falar no temor de Deus; é correto
usarmos todo poder no sentido de evitar a pressão trazida sobre nosso povo.” (Ellen
White, carta 55, 1886 - grifo nosso)
Dessa forma temos a resposta certa. O Senhor deu a Ellen White luz direta e definida, ajudan-
do os líderes da igreja a chegarem à posição que tomaram naquela ocasião, a qual ainda mantém
com relação ao serviço militar dos Adventistas do Sétimo Dia.

Um convite à Oração

Ao continuar, em 1865, o conflito entre as forças do Norte e do sul, o presidente Lincoln fez
outra convocação e desta vez para 300.000 homens. Os líderes adventistas estão consternados.
Sobre o significado que isso teria sobre a igreja, escreveu o pastor White:
“Conta-se que no próximo recrutamento será alistado um entre cada três homens fisi-
camente aptos. Supõe-se que essa proporção de Adventistas do Sétimo Dia será envol-
vida, isto é, um em três. Nesse caso, se cada um pagasse os $ 100,00, isso seria sufici-
ente para pagar $ 300,00 por todos os convocados no próximo recrutamento.” (Review
and Herald, 24 de janeiro de 1865.)
Depois de encabeçar a lista, com seu próprio compromisso de doar cem dólares para um
fundo em benefício especialmente de seus coobreiros, Tiago White instou com outros para que se
unissem a ele, e concluiu com estas palavras: “Se esta guerra continuar, somente Deus saberá o que
pode acontecer mesmo com os não-combatentes.”
Num enfático editorial, na semana seguinte, o pastor White expressou sua convicção pessoal,
dizendo que a impressionante petição do anjo de Apocalipse 7:3: ‘Não danifiqueis a terra, nem o
mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas testas aos servos do nosso Deus’, simbo-
lizava a fervorosa oração da parte do leal povo de Deus naquele período da terrível guerra america-
na. Recomendou ele aos membros da igreja:
“Que a oração e ação de graças por aqueles em autoridade constituam uma parte ade-
quada do serviço sabático e outros tipos de culto público, bem como das devoções
familiares e particulares.
O segundo sábado de cada mês seja preparado especialmente para jejum e oração,
tendo em vista esta atual guerra, terrível, e as relações peculiares que não-combatentes
sustentam com o governo, para que continuem gozando de liberdade de consciência,
vivendo vidas pacíficas e tranqüilas em toda piedade e honestidade.” (Review and
Herald, 31 de janeiro de 1865.)
Essa recomendação pessoal foi formalmente adotada pela Mesa Administrativa da Associa-
ção Geral, que fez especialmente um apelo para a dedicação do segundo sábado de fevereiro como
um dia de jejum e oração pelos objetivos especificados no artigo do pastor White. Algumas sema-
nas mais tarde outro apelo para a humildade e oração foi feito pela Mesa Administrativa, num
artigo de duas colunas, intitulado “Chegou o tempo para o Cumprimento de Apocalipse 7:3.” Os
irmãos foram incentivados a colocarem de lado quatro dias, de quarta-feira, 1º. de março, a sábado,

50 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


4 de março, como dias de “oração fervorosa e importuna.” O trabalho secular deveria ser suspenso,
os serviços da igreja seriam realizados todos os dias, iniciando as 13 horas, e duas reuniões seriam
feitas no sábado. A sinceridade e confiança dos irmãos que assinaram esse compromisso é refletida
neste parágrafo conclusivo:
“O número dos servos de Deus será selado, pois o profeta assim o declara; mas não
antes de que um sincero trabalho seja efetuado por parte da igreja. Cremos firmemente
que chegou o tempo de agirmos, e então se seguirá o trabalho de selamento, ou o alto
clamor da terceira mensagem, e então o triunfo; a transladação e a vida eterna. Amém.”
(Review and Herald, 21/02/1865.)
Entre as condições que seriamente afetaram a Causa, estava a grande e crescente carga finan-
ceira para levantar fundos para a isenção dos não-combatentes do recrutamento. Estimou-se que
para assegurar a isenção daqueles que seriam convocados, da igreja de Battle Creek, haveria um
gasto de uma quantia maior que a de seu dízimo durante os quatro anos precedentes, ou para toda
a causa, de 25 a 40 mil dólares. Milhares de pessoas que poderiam estar ouvindo e aceitando a
verdade, estavam sendo arrastadas para os campos de carnificina. E enquanto a mente da nação
estava tão absorta na pavorosa luta, era quase impossível chamar a atenção de suas mentes para
assuntos religiosos.
Com esses efeitos retardatários sobre a disseminação da mensagem, causados pela guerra, a
Mesa Administrativa da Associação Geral em seu apelo declarou que a denominação fora trazida
para um ponto onde “se a guerra continuar, seremos obrigados a parar.” Então, confiantemente, sua
esperança e fé foram expressas:
“Descansando em Deus, e tendo confiança na eficácia da oração, e nas indicações de
Sua palavra profética, cremos que o trabalho de Deus não pode ser impedido. ...O
trabalho de Deus nestes últimos dias não deve, não irá parar.” (Review and Herald, 21
de fevereiro de 1865.)
E foi assim que no dia de sábado, 4 de março de 1865, quando Abraão Lincoln tomou posse
pela segunda vez como presidente dos Estados Unidos(5), dez mil Adventistas do Sétimo Dia
estavam rogando ao céu pelo bem da causa da verdade, que estava sendo impedida e que a guerra
pudesse terminar em breve. Dia 9 de abril de 1865, o General Lee rendeu-se e a longa e desastrosa
guerra se encerrava literalmente. Escreveu Tiago White:
“No ar retumbavam gritos: Richmond foi tomada! Lee rendeu-se! Cidades e vilas se
iluminaram. Fogueiras e rojões iluminavam o céu, enquanto vivas a Lincoln, Grant,
Sherman e Sheridan soavam repetidamente. Mas o leal povo de Deus se encontrava de
joelhos, bendizendo o céu pela resposta a suas orações, e chorando de alegria por causa
da fidelidade de Deus em cumprir Sua palavra.” (Review and Herald, 25 de abril de
1865)
Pouco percebemos hoje o quanto devemos aos pioneiros que naqueles dias de perplexidade
foram levados a adotar uma atitude em relação ‘a guerra, a qual os capacitou a manter o respeito
dos oficiais do governo, por sua lealdade aos poderes constituídos, e isso sem comprometer sua
lealdade a Deus em obediência a Seus mandamentos. A história que eles relataram naquele tempo
possibilitou nossos jovens a serem reconhecidos, não como pacifistas, mas como não-combaten-
tes, prontos a dar completo apoio a seus governantes terrestres, enquanto não violassem suas cons-
ciências em assim fazendo.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 51


Reconhecimento de Leis de Serviço Militar européias

Quando Ellen White, em atendimento ao convite da Associação Geral, passou dois anos
trabalhando na Europa (1885-1887), viu-se face a face com os problemas que nossos rapazes de lá
precisavam enfrentar no que dizia respeito ao serviço militar. Enquanto vivia no edifício-sede em
Basiléia, Suíça, erigido para servir como centro de onde nossa obra na Europa devia ser dirigida,
três dos rapazes empregados na tipografia, no andar térreo, foram convocados para prestar suas três
semanas no exercício militar compulsório, requeridas anualmente de cada rapaz da Suíça. Não
havia sido dado nenhum conselho para que os rapazes resistissem ou desconsiderassem tal convo-
cação, nem que recusassem vestir os uniformes do país, requeridos em tal serviço. A referência
feita por Ellen White naquela época, em relação à experiência, é esclarecida:
“Demos adeus a três jovens de responsabilidade no nosso escritório, e que foram con-
vocados pelo governo para três semanas de treino. Estávamos numa importante fase de
nosso trabalho na casa publicadora, mas o chamado do governo não se acomoda às
nossas conveniências. As ordens exigem que os jovens aceitos como soldados não
negligenciem o exercício de treino essencial para o serviço militar. Estávamos conten-
tes por ver que esses três homens em seu regime tinham insígnia de honra pela fidelida-
de em seu trabalho. Eram jovens leais. Não foram porque queriam ir, mas porque as
leis de sua nação assim exigiam. Demo-lhes uma palavra de encorajamento a serem
fiéis soldados da Cruz de Cristo. Nossas orações acompanharam a estes jovens, a fim
de que anjos de Deus fossem com eles e os guardassem da tentação.” (Ellen White,
carta 23, 1886)
“Chegamos à conclusão lógica, pois, que através dos anos, a senhora White reconheceu o
dever dos jovens de servirem seu país, quando convocados para o serviço militar.”
Quando explodiu a I Guerra Mundial, Ellen White tinha idade bem avançada e não deu
instrução alguma por escrito quanto aos deveres de nossos homens para com as exigências do
serviço militar. Em conversa pessoal ela aconselhou contra a atitude de desafiar as autoridades
militares.
Assim, através dos anos, encontramos uma consistência na instrução e nos conselhos, que
nos dão a certeza de a igreja, ao encontrar a solução para o problema relacionado à atitude que seus
jovens deveriam tomar durante o serviço militar, fê-lo em harmonia com os conselhos do Espírito
de Profecia, dados por Deus para orientar e guardar Seu povo.

Publicações E.G. White


Washington 12, DC.
15/06/1956
(*) Manuscrito preparado por W.C. White, D.E. Robinson e A.L. White, dando conta pormenoriza-
da e cuidadosamente documentada de como os Adventistas do Sétimo Dia enfrentaram a
crise da Guerra Civil, no que se relacionava à convocação, ao sábado e ao porte de armas - e
ampliado por A.L. White para incluir todos os trechos disponíveis da pena de Ellen G. White
relacionados ao assunto. Extratos do esboço original apareceram em Review and Herald, 26
de novembro de 1936, como parte de uma série de artigos intitulada “Sketches and Memories
of James and Ellen White”. (Esboços e Memórias de Tiago e Ellen White)

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(1) Em uma reunião de oração na igreja de Battle Creek, realizada na noite de domingo, 6 de março
de 1859, com a presença de Tiago e Ellen White, chegou-se à conclusão de que seria aconse-
lhável que os adventistas observadores do sábado votassem na eleição municipal do dia se-
guinte, emprestando seu apoio aos candidatos que estivessem ao lado dos princípios de tem-
perança. (Ver Temperança, pp 255-256)
(2) Para pormenores adicionais sobre essa visão e seu exato cumprimento, ver o Livro The Great
Second Advent Movement, pp. 337-340.
(3) Poucas semanas depois da publicação deste Testemunho, apareceu em Review uma longa carta
do irmão Otis Nichols, contendo, anexos, recortes de jornal que confirmavam as declarações
concernentes à conduta da guerra, e também àqueles membros do exército do Norte, traido-
res da causa pela qual deveriam estar lutando. Ele fez referência à declaração positiva da Sra.
White, no sentido de que “eles (o Sul) não triunfarão por completo sobre os exércitos do
Norte.”
(4) Com referência a alguns desses conselhos que deveriam ser estudados em relação às circuns-
tâncias, Ellen G. White declarou em ocasião posterior: “Com respeito aos testemunhos, nada
é ignorado; nada colocado à parte; mas o tempo e o lugar devem ser considerados.” (Writing
and Seding Out of the Testemonies, p. 25)
(5) Em seu discurso de posse, o presidente Lincoln disse: “Ansiosamente esperamos e fervorosa-
mente oramos para que este grande flagelo da guerra passe em breve. Contudo, se Deus
quiser que ele continue até que se dissipe toda a riqueza acumulada pelo labor não remunera-
do dos escravos, durante duzentos e cinquenta anos, e até que cada gota de sangue seja
derramada pelo açoite seja paga com outra gota vertida pela espada, como foi dito há três mil
anos, ainda assim deve-se dizer que os juízos do Senhor são justos e verdadeiros.” (Citado
em Review and Herald, 21 de março de 1865)

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OS ADVENTISTAS E A POLÍTICA

Em Colossensses 2:16,17 (RSV), Paulo diz, (ler o texto)

Nenhum Adventista do Sétimo Dia deveria ficar só nesta passagem, porém deveria insistir
em analisá-la e avaliá-la à luz, de Lev. 23, do Sermão do Monte e do completo corpo das cartas de
Paulo. Quando isto é feito, é revelado que, em Col. 2:16-17, nem tudo significa o que a primeira
vista parece significar. Embora pareça significar que Paulo proscrevesse completamente o sábado
do sétimo dia, um estudo mostra que ele está falando apenas de certos sábados anuais, cerimoniais
(Lev. 23) e que em realidade, Paulo (juntamente a Cristo) fortemente endossa e estabelece os dez
mandamentos, com seu Sábado semanal (Rom. 3:31; Mat. 5:17-18; Rev. 14:12, 12:17, etc.).
Em FÉ pág. 82, Ellen White, diz;
“Tendes pensamentos que não ousais exprimir, de poderdes um dia alcançar as alturas
da grandeza intelectual; de poderdes assentar-vos em conselhos deliberativos e
legislativos, cooperando na elaboração de leis para a nação? Nada há de errado nessas
aspirações.”
Não é difícil ver agora, tomando-se só este texto, que poderia parecer significar para alguns
que Ellen White endossa uma carreira em política e que os jovens adventistas poderiam de maneira
correta aspirarem ser congressistas e senadores. Contudo, como no caso de Col. 2:16-17, esta
afirmação, quando tomada no contexto complexo dos escritos de Ellen White, não é encontrado a
querer dizer o que parece significar a primeira vista, antes porém todos os outros diferem-se do
Espírito de Profecia e visto a rogar a todos os adventistas a não entrarem em política, mas deixá-la
de lado.

Sentar-se ao estar em pé

Como será? Examinemos as evidências.


Primeiro comparemos a citação acima (Fé, 82) com cinco outras que são similares em con-
teúdo e contexto porém significativamente diferentes em palavras:
(1) “O êxito em qualquer coisa que empreendamos exige um objetivo definido. Aquele que desejar
alcançar o verdadeiro êxito na vida deve conservar firmemente em vista o alvo digno de seus
esforços. Tal alvo acha-se posto diante da mocidade de hoje. O propósito, indicado por Deus,
de dar o evangelho ao mundo nesta geração, é o mais nobre que possa apelar para qualquer
ser humano. Abre um campo aos esforços de todo aquele cujo coração foi tocado por Cristo.
O propósito de Deus para com os filhos que crescem ao lado de nossas lareiras, é mais amplo,
mais profundo, mais elevado, do que o tem compreendido a nossa visão restrita. Aqueles em
quem Ele viu fidelidade, tem sido, no passado, chamado dentre as mais humildes posições na
vida, afim de testificar d’Ele nos mais elevados lugares do mundo. E muitos jovens de hoje,

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que crescem como Daniel no seu lar judaico, estudando a palavra e as obras de Deus, e
aprendendo as lições do serviço fiel, ainda se levantarão nas assembléias legislativas, nas
cortes de justiça, ou nos paços reais, como testemunhas do Rei dos reis. Multidões serão
chamadas para um ministério mais amplo. O mundo todo se está abrindo para o evangelho.
(Educação, 262, publicado em 1903)
(2) “Os membros da igreja serão individualmente provados. Serão colocados em circunstâncias em
que se verão forçados a dar testemunho da verdade. Muitos serão chamados a falar diante de
concílios e em tribunais de justiça, talvez separadamente e sozinhos. A experiência que os
haveria ajudado nesta emergência, negligenciaram obter, e sua alma se acha opressa de re-
morsos pelas oportunidades desperdiçadas e os privilégios que negligenciaram.” (TS, vol. II,
164/5, publicado em 1882)
(3) “O Senhor deseja que obtenhamos toda instrução possível, com o escopo em vista de partilhar
com outros nosso conhecimento. Ninguém pode saber onde nem como será chamado para
labutar ou falar para Deus. Somente nosso Pai celeste vê o que pode fazer do homem. Há
perante nós possibilidades que nossa fraca fé não discerne. Nossa mente deve estar tão ades-
trada que, se necessário, possamos expor as verdades da palavra de Deus perante as mais
altas autoridades terrenas, de maneira tal que glorifique Seu nome. Não devemos perder
oportunidade alguma de nos prepararmos intelectualmente para a obra de Deus.” (Parábolas
de Jesus, 333/4, publicado em 1900)
(4) “Ignorais aonde vos poderão convidar a ser testemunhas da verdade. Muitos terão de se apre-
sentar nas cortes legislativas, alguns perante reis e diante dos doutores da Terra, para respon-
derem por sua fé. Os que não tem senão um superficial conhecimento da verdade, não serão
capazes de expor claramente as Escrituras e dar razões definidas da fé que possuem. Ficarão
confusos, e não serão obreiros que não tem de que se envergonhar. Que ninguém imagine não
precisar estudar” (FE, 217, originalmente publicado na RH. 14/02/93)
(5) “Se jamais necessitamos de manifestar bondade e genuína cortesia, é agora. Talvez tenhamos
de pleitear mui diligentemente com os conselhos legislativos pelo direito de adorar a Deus
segundo os ditames da consciência. Assim designou Deus em Sua providência que as reivin-
dicações de Sua lei sejam levadas perante homens em posições de mais alta autoridade. Ao
nos encontrarmos, porém, em presença desses homens, não devemos manifestar sentimentos
amargos. Devemos orar constantemente por auxílio divino. Unicamente Deus é que pode
segurar os quatro ventos até que Seus servos estejam selados na fronte.” (2ME, 375, publica-
do originalmente na RH. 11/02/1904)

Duas coisas são enfatizadas nestas citações

1- O comparecimento diante de concílios e assembléias legislativas com as quais Ellen White está
tratando são ocasiões quando os homens necessitaram levantar-se pela verdade de Deus e liber-
dade religiosa. Não como legisladores de carreiras ligados a questões políticas ordinárias.
2- Sua grande preocupação com respeito a estes futuros acontecimentos é a preparação agora.
“Que ninguém imagine não precisar estudar.” “O êxito em qualquer coisa que empreendamos
exige um objetivo definido.” “Se nós quisermos evitar remorso pelas oportunidades
desperdiçadas.” “Não devemos perder oportunidade alguma de preparar-nos intelectualmente
para a obra de Deus.”

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Um cuidadoso estudo de FE. 82, revela que o item 2, preparação completa para o serviço
futuro, é sua preocupação ali também. Ela está se dirigindo aos estudantes do Battle Creek College
(em 15/11/83-ver RH 19/08/84) e ela quer que eles estudem e se preparem para o desafio futuro.
“Todos os seus dons são outorgados a nós para serem usados ao máximo. Ele requer que
todos nós cultivemos nossas faculdades e atinjamos a mais alta capacidade possível para sermos
úteis a fim de que realizemos um nobre trabalho para Deus e sejamos uma bênção para a humani-
dade.”
“Vossas faculdades intelectuais e morais são dons divinos, talentos a vós confiados
para sábio desenvolvimento, e não tendes a liberdade de deixá-los improdutivos por
falta de devido cultivo, ou serem danificados ou apoucados pela inanição.” (FE, 85-86)
“Cingi o vosso entendimento e lançai-vos ao trabalho com todas as fortes energias de
vossa vontade. É o sábio aproveitamento de vossas oportunidades, o cultivo dos talen-
tos que vos foram dados por Deus, que vos tornará homens e mulheres que possam ser
aprovados pelo Senhor e uma bênção para a sociedade. Tende uma norma elevada, e
com indomável energia tirai o máximo proveito de vossos talentos e oportunidades e
avançai para o alvo.” (FE, 87 § 2)
O Grande peso de sua mensagem aos jovens de Battle Creek College, era a obrigação de se
desenvolver a mente e o caráter para a utilidade futura. Suas palavras sobre “Assentar-se em As-
sembléias Legislativas”, devem ser vistas como numericamente acidental, isto é, enquanto que o
sermão completo como publicado na Review (19 e 26/08/84) tinha cerca de 3150 palavras, a afir-
mação, “de poderdes assentar-se em conselhos deliberativos e legislativos para a elaboração de leis
para a nação” consiste de apenas 18 palavras, apenas um pouco mais da metade de um por cento.
Obviamente então esta afirmação não é considerada o clímax de um discurso mais extenso ou de
uma pesquisa sobre envolvimento em política. Isto não é nada mais do que uma referência passa-
geira a uma futura responsabilidade num sermão que jamais repete o assunto outra vez.

Porém, não é cada palavra do profeta inspirada?

Num sentido amplo, sim, e convenientemente, também em um sentido mais individual, ver-
bal e palavra por palavra, não. A própria Ellen White diz da Bíblia e de seus escritos:
“A Bíblia é escrita por homens inspirados, mas não é a maneira de pensar e exprimir-se
de Deus. Esta é da humanidade. Deus, como escritor, não Se acha representado. Os
homens dirão muitas vezes que tal expressão não é própria de Deus. Ele, porém, não Se
pôs à prova na Bíblia em palavras, em lógica, em retórica. Os escritos da Bíblia foram
os instrumentos de Deus, não Sua pena. Olhai os diversos escritores.”
É a tese deste artigo que quando a Sra. White falou de “Assentar-vos em conselhos deliberativos
e legislativos cooperando para a elaboração de leis para a nação”, ela disse tudo certo, porém não
queria dizer o que alguns pensam que ela dizia. O que ela quis dizer aqui (em FE, 82) é o mesmo
que ela quis dizer em todos os outros lugares onde referiu-se à necessidade de presente preparação
em vista das futuras experiências em concílios legislativos, isto é, que um jovem deveria preparar-
se hoje para que quando no futuro, chamarem-no a estar de pé em Assembléias Legislativas ele
esteja pronto para servir a Deus honrosamente. “Como uma testemunha do Rei dos reis.”

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Ele não está endossando uma carreira ordinária em política, porém, está falando da prepara-
ção para um tempo quando os adventistas serão “chamados a...apresentar as verdades de Sua pala-
vra diante das mais altas autoridades da terra.” “Para estar de pé diante de reis para responder por
sua fé.” E as leis da terra que ajudaram a promulgar não são leis ordinárias, mas regulamentos
preservando a liberdade religiosa. “Talvez tenhamos de pleitear mui diligentemente com os conse-
lhos legislativos pelo direito de adorar a Deus segundo os ditames da consciência.”
Construir uma tese para defender uma carreira política baseado em uma única frase: “sentar-
se em assembléias legislativas” é enganar-se em um obscuro fundamento que faz violência ao
processo divino de revelação. Deus não prometeu ditar cada palavra que um profeta usa. Porém,
prometeu ver se suas idéias são transmitidas suficientemente claras, para que todos possam
compreendê-las e que estejam dispostos a estudar o contexto geral, antes do que uma ou duas
palavras aqui e ali.
O contexto até aqui analisado neste artigo, inclui as 3150 palavras do sermão, no qual a
cláusula sob a discussão aparece, e várias passagens paralelas em que frases similares porém, são,
significativamente diferentes. Também ocorrem (a saber, “levantar-se como testemunhas...para
pleitear...pela correta adoração a Deus” em vez de “assentar-se...para ajudar a promulgar as leis às
nações”) e tem sido enfatizado que estas passagens mostram o que Ellen White estava dizendo em
FE, 82.
Porém, para demonstrar além de toda dúvida que ela não estava positivamente endossando
carreira política em FE, 82, examinemos agora uma enfática passagem na Rwal. Ela trata direta e
extensivamente com a específica questão de política e os adventistas.

Devem os adventistas entrar em política?

Essa passagem é naturalmente, o “testemunho especial acerca de política”. (Um manuscrito


datado de 16/06/1899) o qual foi publicado em FE, 475-484. (O mesmo material um tanto abrevi-
ado também aparece em DE 391-396). Aqui, a especial mensageira do Senhor para o nosso povo
diz:
“O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos o
silêncio é eloquência. (FE, 475)
“Não devem gastar seu tempo a falar de política e agir em favor dela.” (FE, 483)
“Os filhos de Deus tem de separar-se da política e de toda aliança com os incrédulos.”
(FE, 483)
E há muito mais desse mesmo assunto nestas nove páginas. Porém, a quem é isto dirigido? O
testemunho não inicia “aos professores e diretores de nossas escolas.” Então, isto não significa
simplesmente que professores e diretores, e talvez ministros e outros obreiros denominacionais,
não deveriam engajar-se em política, enquanto que leigos consagrados cujos talentos são-lhes uma
aptidão especial são deixados livres para correrem ao congresso?
A única maneira de responder esta questão é ler o Testemunho cuidadosamente:
1- “Os que ensinam a Bíblia em nossas igrejas e escolas, não se acham na liberdade de se unir aos
que manifestam seus preconceitos a favor ou contra homens e medidas políticas.” (FE, 475)

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2- “O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas.” (FE, 475)
3- “Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são
positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos com segurança votar por partidos
políticos, pois não sabemos em quem votamos. Não podemos com segurança tomar parte em
nenhum plano político.” (FE, 475)
4- “O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais, pois assim fazen-
do, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos.” (FE,
475)
5- “Os que são deveras cristãos, são ramos da videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela.
Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo.”
(FE. 476)
6- “Deus emprega as mais vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união entre partidos
mundanos e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo.” (FE, 476)
7- “Como um povo, devemos colocar-nos sob o estandarte de Jesus Cristo. Devemos consagrar-
nos a Deus como um povo distinto, separado e peculiar.”
8- “Os que ocupam o lugar de educadores, de ministros, de colaboradores de Deus em qualquer
sentido, não tem batalhas a travar no mundo político.” (FE, 478)
09- “Os filhos de Deus tem de separar-se da política.” (FE, 483)
10- “Pois, esta obra Deus não deu nem a elevados nem a humildes dentre o seu povo.” (FE 483)
11- “Todos quantos receberam a Cristo, ministros e membros leigos, devem levantar-se e resplan-
decer, pois grandes perigos se acham eminentes sobre nós.” (FE, 483)
A evidência é que este testemunho especial não foi dirigido a ministros e professores apenas,
ou a denominações como um todo, mas a cada membro consagrado, individualmente em toda a
organização.
Mas por quê? O que há de errado na política? Uma análise revelará várias razões:
1- “...Alguns que serão incitados a exprimir seus sentimentos e suas preferências políticas, de
maneira que se introduzirá na igreja a divisão.” (FE, 475)
2- “Cristo chama Seus seguidores a chegarem a unidade nos puros princípios evangélicos que são
positivamente revelados na palavra de Deus.” (FE, 475)
3- “Como povo devemos colocar-nos sob o estandarte de Jesus Cristo.” (FE, 478)
4- “Seu povo tem de prevenir os elementos de reconciliação.” (FE, 479)
5- “Tem de ter a responsabilidade de uma obra especial e de uma mensagem especial.” (FE, 479)
6- “Temos uma responsabilidade individual.” (FE, 479)
7- “Deus não nos pede que ampliemos nossa influência misturando-nos com a sociedade, ligando-
nos com os homens em questões políticas, mas ficando como partes individuais.” (FE, 479)
8- “Cumpre-nos realizar a obra que nos foi designada.” (FE, 479)

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9- “Não deve haver disputas partidárias na família de Deus.” (FE, 479)
10- “Nossa cidadania está no Céu.” (FE 481)
11- “...essa obra (ser político) Deus não deu nem a elevados nem a humildes dentre o Seu povo.”
(FE, 481)
12- “Deus pede a Seu povo que mantenha acima de tudo a bandeira que apresenta a mensagem do
terceiro anjo.” (FE, 483)
Em suma, Deus ordena aos Adventistas do Sétimo Dia a esquivarem-se da política, para
evitar conflito e impróprias uniões mundanas (de um lado) e (por outro lado) para manterem-se
livres para fazer a grande obra que nos foi designada: sustentar a mensagem do terceiro anjo.

Conselho temporário ou princípio permanente?

Isto nos traz a uma questão fundamental; deve este testemunho ser meramente tomado como
um conselho temporário ligado a uma circunstância especial no passado ou é a expressão de um
princípio permanente?
O próprio testemunho tem muito que soa com um “princípio permanente”, porém para uma
compreensão correta e útil examinar uma afirmação de Ellen White, relacionada ao assunto, escrita
por volta da mesma data. (DN, foi publicado em 1898)
O governo sob o qual Jesus viveu era corrupto e opressivo, chamavam de todo lado os abu-
sos/extorsões, intolerância e abusiva crueldade. Não obstante, o Salvador não tentou nenhuma
reforma civil. Não atacou nenhum abuso nacional, nem a administração dos que se achavam no
poder. Aquele que foi o nosso exemplo, conservou-se afastado dos governos terrestres. Não porque
fosse indiferente às misérias do homem, mas porque o remédio não residia em medidas meramente
humanas e externas. Para ser eficiente, a cura deve atingir o próprio homem, individualmente e
regenerar o coração.
Não pelas decisões dos tribunais e conselhos, nem pelas assembléias legislativas, não pelo
patrocínio dos grandes do mundo, há de estabelecer-se o reino de Cristo, mas pela implantação de
Sua natureza na humanidade, mediante o operar do Espírito Santo. “A todos quantos O receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no Seu nome, os quais não nasce-
ram do sangue, nem da vontade do varão, mas de Deus.” Aí está o único poder capaz de erguer a
humanidade. E o instrumento humano para a realização dessa obra é o ensino e a observância da
palavra de Deus.
Quando o apóstolo Paulo começou seu ministério em Corinto, populosa, rica e ímpia cidade,
poluída pelos inomináveis vícios do paganismo, disse: “Nada me propus saber entre vós, senão a
Jesus Cristo, e Ele crucificado.” Escrevendo posteriormente a alguns que foram corrompidos pelos
mais vis pecados, pôde dizer: “Mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis
sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito de nosso Deus.” “Sempre dou graças ao
meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo.”
Hoje, como no tempo de Cristo, a obra do reino de Deus não se acha a cargo dos que recla-
mam o reconhecimento e apoio dos dominadores terrestres e das leis humanas, mas dos que estão

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 59


declarando ao povo, em Seu nome, as verdades espirituais que operarão, nos que as recebem, a
experiência de Paulo: “Já estou crucificado com Cristo, e vivo não mais eu, mas Cristo vive em
mim.” Então eles trabalharão, como Paulo, em benefício dos homens. Disse ele: “De sorte que
somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos pois da parte
de Cristo que vos reconcilieis com Deus.”
Uns poucos anos depois, ela escreveu:
“Repetidamente, Cristo foi solicitado a decidir questões políticas e legais. Mas ele
recusou interferir em assuntos temporais. Ele sabia que na política mundial havia
ações inimigas e grande tirania. Porém sua única posição era a proclamação da Verda-
de Bíblica à grande multidão que seguia Seus passos. Ele apresentou os puros, santos
princípios da Lei de Deus, e falou das bênçãos achadas em obedecer-lhes, e falou das
bênçãos encontradas em obedecer estes princípios da Lei de Deus. Com a autoridade
do alto, Ele enfatizou a importância de justiça e misericórdia. Porém, Ele não se emba-
raçou em disputas pessoais.” (9T, 218)
Uma pequena perspectiva histórica nos ajudará. Quando a Sra. White estava escrevendo DN
e FE 475-484, as maiores denominações Americanas estavam rapidamente adotando o evangelho
social para aproximarem-se dos problemas de nossas cidades (EUA), igual as igrejas Britânicas
estavam fazendo a várias décadas. Os problemas nos anos de 1880 não envolvia guetos de negros,
mas envolviam conflitos de raças, de direitos e greves, assim como hoje. A revolução industrial
incrementava o surgimento de nossas grandes cidades, e para prover (abastecer) barato custo
operacional para empresas monopolistas, inábeis operários foram atraídos para a América com
promessas de altos salários. Os poloneses, italianos e tchecos e outros que responderam encontra-
ram os mais altos salários que eles tinham visto, porém, o custo de vida também era muito alto, e
quase inacreditáveis, as más condições de trabalho. Mesmo crianças, pela necessidade econômica
foram compelidas a trabalhar 12 horas diárias em perigosas fábricas, sete dias por semana sem
descanso, e se eles faltavam um dia para alguma causa, eram comumente demitidos sem considera-
ção ou misericórdia. Conflitos seguiam-se tais como o sangrento “Haymarket” em 1886 (em que
numerosos policiais foram mortos) em Chicago, a greve rural de 1892 (marcada por uma acirrada
batalha), a greve Pullman de 1894 (quando as estradas de ferro de New York a Chicago foram
iluminadas pelos vagões de carga fechados queimando) e a guerra “Cripple Creek” nas jazidas de
carvão do Colorado.
Os líderes das maiores denominações perderam a confiança no poder do simples evangelho.
Os Seminários estavam vazios como outrora estudantes do ministério deixavam Teologia para
estudar cursos de Assistência Social. Todo púlpito sofisticado no país, tornou-se em propaganda da
luta por melhores condições de trabalho e legislações para reforeá-las, e quaisquer livros que con-
tinham a palavra social no título tornaram-se Best Sellers.
O Evangelho social como era chamado por seu mais hábil expositor (e seu mais hábil expo-
sitor foi indubitavelmente Rauschenbusch, que escreveu “A Theology for the Social Gospel”), foi
de alguma maneira arraigando-se na teoria da evolução. Mas depois, como resultado da primeira
grande guerra, revelando o que fizera a maldade inerente no homem, foi grandemente reduzido o
entusiasmo dos evangelistas sociais (como eram chamados) durante a década de 1920. Os
fundamentalistas, como é sabido, guardaram reservas quanto ao evangelho social nos seus
primórdios. Durante a depressão de 1930 o evangelho social aumentara em força. Na década de 50
(depois da segunda guerra) ele aumentou muito mais, e atualmente desde os anos 60 é tão prevale-

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cente que mesmo os neo-fundamentalistas (os “evangelísticos conservadores”) têm-no adotado,
ainda que com alguma teologia melhorada. Hoje, uma vez mais, os conflitos de raças, de direitos e
greves ameaçam nossas maiores cidades, e hoje, uma vez mais, as igrejas olham para o ativismo
social e político como cura para estes problemas.
Assim a história se repete. E, uma vez mais, os adventistas preocupam-se em envolver-se em
assuntos políticos para aliviar os problemas da raça humana.
A resposta que Deus nos deu é: Não. Não há nada essencialmente novo acerca de conflitos de
raças, de direitos e greves. Eles causaram grandes problemas, mesmo nos dias de Cristo. Porém,
Jesus que é o nosso exemplo, não atentou para reformas civis, diz o DN, 509. Porque? Porque era
indiferente aos infortúnios dos homens? “Não porque fosse indiferente as misérias do homem, mas
porque o remédio não residia em medidas meramente humanas e externas. Para ser eficiente, a cura
deve atingir o próprio homem, individualmente, e regenerar o coração.”
Deus nos chama a ser pensantes e não meros refletores do pensamento de outros homens. É
fácil numa época de pânico nacional adotar o pensamento de outros e fazê-lo nosso próprio. Se os
outros estão dizendo, “Gastos Federais”, “Legislação de Direitos Civis”, “Marcha da Paz”, nos é
fácil repetir os mesmos ‘slogans’ sem pensarmos por nós mesmos.
Pensar por si mesmo, o que significa? Pensar verazmente significa procurar os pensamentos
de Deus. Qualquer questão menor do que esta não é digna de ser pensada. E pensar por si mesmo
significa permanecer firmemente pela verdade de Deus, quando todos os outros ao redor estão
discordando. Qualquer outro ato não é lealdade, porém rebelião. “Pensar por si mesmo”, então, no
mais alto sentido, não significa ser um individualista, mas um cristão perseverante nas escrituras.
E que pensamentos Deus nos chama a “pensarmos por nós mesmos”, num tempo como este?
Por um motivo, Ele prefigurou-nos em profecia (Apo. 14:6-12) e chamou-nos a fazer uma obra
especial: preparar o coração dos homens para sua segunda vinda, e desde que sua segunda vinda é
a última solução para os problemas de nossas cidades, a melhor coisa que podemos fazer para a
nossa nação e ao povo pobre não é construir residências, mas construir crentes no Senhor Jesus
Cristo; não elaborar leis, mas procurar assegurar aliança à lei de Deus; não confiar em doações
federais, mas inspirar ilimitada fé em Deus.
Isto significa que devamos ficar sem fazer nada na hora da crise? Claro que não! Significa
que Deus nos chama a palmilhar em tudo.
Nossos pobres necessitam de melhores casas, melhores empregos, melhores condições de
vida e melhores chances para desenvolverem-se como cidadãos. Graças a Deus há muitas pessoas
ternamente dispostas que obram em realizar estas coisas por eles.
Deus tem agentes (não conversos) em nosso governo que Ele usa como seus instrumentos em
promulgar boas leis. (Vide 1T, 203). E há Billy Grahams também, que estão trabalhando nas cida-
des, trazendo os perdidos de todas as raças a um conhecimento de Cristo. Porém, com quem está
contando para trazer os não iluminados de todas as raças a um conhecimento da salvadora plenitu-
de do conhecimento de Cristo, e que também possuem o direito da vida eterna? Esta tarefa foi
confiada a nós. Deus não permite que nos tornemos envolvidos em úteis, contudo superficiais
soluções propostas por nossos profundamente interessados cidadãos, e que esqueçamos a comis-
são especial que Deus, em sua inescrutável sabedoria, tem confiado a nossas pobres e freqüentemente
indispostas mãos.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 61


Estudemos acuradamente para podermos estar preparados para estarmos de pé em assem-
bléias legislativas como testemunha do Rei dos reis, e ao mesmo tempo demonstrar ao mundo pela
nossa fé e ação que nós cremos ter um remédio mais efetivo para todos estes males do que mera
legislação humana e doação de dólares.
Tornemo-nos profundamente envolvidos com as necessidades dos homens, mas não com sua
política.

62 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


OS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA,
O VOTO E A POLÍTICA

Embora os adventistas tenham através de sua história tido o privilégio de votar, para poder
deste modo influir nos acontecimentos, (especialmente aqueles que se relacionavam com o fabrico
e venda de bebidas alcoólicas e a liberdade religiosa), os líderes da Igreja e Ellen G. White tem com
clareza aconselhado a Igreja a não se envolver em política partidária ou em controvérsia de nature-
za política. Somos apolíticos. Em 1856, o Pastor Uriah Smith, declarou a posição dos adventistas
como sendo de “neutralidade em política.”
Neste particular devemos seguir o exemplo de Cristo. “Por mais de uma vez, Cristo foi soli-
citado a decidir questões políticas e jurídicas, mas recusava-se a interferir em assuntos temporais.
...Ele ocupava no mundo o lugar de cabeça do grande reino espiritual para cujo estabelecimento
aqui viera, o reino da justiça.” (OE, 396 § 2). Para tal, lançaria mão dos recursos celestiais.
No entanto, no sentido de garantir a liberdade religiosa e de favorecer a causa de Deus, em
geral não devemos dispensar a influência dos que tem poder temporal. Procurando ao fazê-lo, não
misturar religião com política.
“O Senhor ainda toca no coração dos reis e governadores em favor do Seu povo, e
compete aos que estão tão profundamente interessados na questão da liberdade religi-
osa não dispensar quaisquer favores ou eximir-se do auxílio que Deus tem movido os
homens a dar para o avanço de Sua causa.” (TN, 202)
Num editorial que apareceu na Review and Herald, de 13 de setembro de 1928, o Pastor F. M.
Wilcox, escreveu:

A Igreja e a Política

“É privilégio de cada indivíduo exercer o direito de voto. Ninguém tem autoridade para
negar-lhe este privilégio. A Igreja Adventista do Sétimo Dia não procura ditar a seus
membros como devem votar, ou se devem votar. Isto é deixado a critério de cada um
agir dentro de seu próprio julgamento no temor de Deus.” (extraído de Publicações de
Ellen G. White, Associação Geral da IASD. Washington 12, DC. - 14 de agosto de 1952
- Arthur L. White)
“Embora o membro individual da Igreja tenha o direito, se assim ele quiser, de votar, a
Igreja em si deve manter-se inteiramente fora de política. É uma coisa os membros
individuais da igreja votarem, e outra coisa estes mesmos indivíduos em suas capaci-
dades da Igreja procurarem influenciar medidas políticas.” (Idem)
Em 1859, nossos pioneiros, em Battle Creek, ao se defrontarem com determinados proble-
mas locais em época de eleições, procuraram encontrar o caminho quando preocupados com suas

63
responsabilidades como cidadãos de uma comunidade. O Pastor Tiago White e o irmão Andrews,
segundo registro feito no diário de Ellen G. White em 1859, “consideraram melhor por sua influên-
cia a favor do direito e contra o erro.” Acharam que deviam votar a favor dos melhores homens que
se candidataram a cargos oficiais na cidade, “em vez de, por seu silêncio, correrem o risco de virem
os intemperantes ocuparem os postos.” (Ver Temperança, 255)
Quanto aos problemas nacionais que afetavam nosso povo nos dias dos pioneiros, eles con-
cluíram que deveriam votar em candidatos que fortalecessem a causa da temperança e da liberdade
religiosa.
Em 1865, a Associação Geral, em sua Terceira Sessão, registrou a questão de Adventistas do
Sétimo Dia votarem. Sob o título “Votação”, encontramos o seguinte:
“Resolvido: Que em nossa concepção, a ação de votar quando exercida em favor da
justiça, humanidade e daquilo que é certo, é em si inatacável, e pode ser em algumas
ocasiões altamente próprio; mas que a apresentação de qualquer voto que fortaleça a
causa de crimes tais como intemperança, insurreição e escravidão, é considerada por
nós como altamente criminosa à vista dos céus. Mas nós reprovamos qualquer partici-
pação no espírito de controvérsia entre partidos.” (Relatório da Terceira Sessão Anual
da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, publicado na Review and Herald,
23 de maio de 1865.
No Brasil, o voto é considerado não somente um privilégio do cidadão, mas um dever cívico
regulado por lei.
Os conselhos sobre votação que podemos extrair da pena inspirada são os seguintes:

1- Escolher entre os melhores candidatos

“Quantos desmerecem sua prerrogativa como cidadãos de uma república, comprados


por um copo de uísque para dar seu voto a algum candidato infame.” (Review and
Herald, 08/11/1881)

2- Utilizar bem a prerrogativa de cidadão, escolhendo aqueles que fortalecerão a causa da


liberdade religiosa

“Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para
reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou
compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da
semana não é um dia para ser reverenciado. É um sábado espúrio, e os membros da
família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a Lei
de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens
em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles come-
tem enquanto investidos desses cargos.” (FEC, 475 § 2)

3- Os melhores estão entre os temperantes

“Homens intemperantes não devem, por voto do povo, ser colocados em posições de
confiança.” (Signs of the Times, 08 de julho de 1880)

64 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


4- Votar no homem por suas qualidades morais e preparo para o exercício do cargo e não
pelo partido a que pertence

“Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos, pois não sabemos em quem
votamos.” (OE, 391)
(Quando o voto é vinculado, fica um pouco mais difícil seguir esta orientação, contudo
não somos obrigados a votar em candidatos para todos os cargos eletivos)

5- Votar em quem achar melhor sem proclamar pela pena ou pela voz em quem votou.
Manter secreto o voto

“Sejam quais forem as opiniões que tenhais em relação a dar o vosso voto em questões
políticas, não as deveis proclamar pela pena ou pela voz.” (II ME, 336 § 1)

6- Ninguém tem o direito de induzir a outro a votar neste ou naquele candidato. Cada um é
livre para votar em quem achar melhor

“Mantende secreto o vosso voto. Não acheis ser vosso dever insistir com todo o mundo
para fazer como fazeis.” (Carta 4, 1898 - II ME, 337)
Quanto às ações do âmbito político as orientações são:
1- Os templos que edificamos são para o louvor de Deus e Sua adoração. É local sagrado. Nas
dependências de nossos templos e salões não há lugar para nenhuma ação a não ser as de caráter
religioso. Ali não deve ocorrer nenhuma promoção de ordem política, não devem circular vo-
lantes, nem material de propaganda política; em tempo algum.
“No lugar em que o povo se reúne para adorar a Deus não seja pronunciada nenhuma
palavra que desvie a mente do grande interesse central - Jesus Cristo, e Este crucifica-
do.” (TM, 331)
2- Enquanto a política se refere a assuntos terrenos, temporais, a religião está no âmbito do sacro.
A primeira está na esfera do que “é de César”, a segunda no que “é de Deus.” Uma cuida dos
valores da terra, a outra do que é eterno. Não misturemos o sacro com o profano. Não misture-
mos fogo comum com o sagrado.
“O Senhor Deus do Céu não pode aprovar muito do que é trazido ao púlpito pelos que
professam estar falando a Palavra do Senhor. Quando o orador, de maneira descuidada
se intromete em qualquer parte, tomado pela fantasia, quando fala de política ao povo,
está misturando fogo comum com o sagrado. Ele desonra a Deus. (TM, 337)
3- É desaconselhável o uso de distintivos políticos.
“Os que são deveras cristãos são ramos da Videira Verdadeira, e darão o mesmo fruto
que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos,
mas os de Cristo.” (FE, 392)
4- Os ministros do Evangelho devem se apartar das disputas políticas
“Aqueles, entre os ministros, que desejam ser políticos, devem perder suas credenci-
ais; pois essa obra Deus não deu a elevados nem a humildes dentre Seu povo.” (OE,
395)

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 65


“Os que ocupam o lugar de educadores, de ministros, de colaboradores de Deus em
qualquer sentido, não tem batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha
nos Céus.” (FEC, 478 § 3)
“O dízimo não deve ser empregado para pagar ninguém para discursar sobre questões
políticas. Todo mestre, ministro ou dirigente em nossas fileiras, que é agitado pelo
desejo de ventilar suas opiniões sobre questões políticas, deve-se converter pela crença
na verdade, ou renunciar à sua obra. Sua influência deve ser a de um coobreiro de Deus
no conquistar almas para Cristo, ou devem ser-lhe cassadas as credenciais. Se ele não
muda, há de ser nocivo, apenas nocivo.” (FEC, 477)
5- O cristão como indivíduo deve cumprir seus deveres de cidadão evitando contudo os embates
das lutas político-partidárias. Sobretudo, deve evitar que sejam trazidas tais discussões para o
âmbito da Igreja.
“O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o
silêncio é eloquência.” (OE, 391 e FEC, 475)
“Deus emprega as mais vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união
entre partidos mundanos e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo.” (FEC, 476
§ 2)
“Os filhos de Deus tem de separar-se da política, de toda aliança com os incrédulos.
Não devem ligar seus interesses aos do mundo.” (FEC, 485 § 2)
Quando os temas políticos são trazidos à Igreja:
a) Se introduz “na igreja a divisão” (FEC, 475)
b) Há o perigo de disputas e “cismas no corpo de crentes” (FEC, 479)
c) Traz “contendas e perturbações” às igrejas” (FEC, 483 § 2)
“Não deve haver disputas partidárias na família de Deus, pois o bem-estar de cada um é a
felicidade de outros.” (FEC, 479)

Trabalhemos para manter a concórdia

“Não haja pois nenhuma sombra de contenda entre os Adventistas do Sétimo Dia.”
(FEC, 480)

O Evangelho une

“Cristo chama Seus seguidores a chegarem a unidade nos puros princípios evangélicos
que são positivamente revelados na Palavra de Deus.” (FEC, 475 § 2)
“Como povo devemos colocar-nos sob o estandarte de Jesus Cristo. Devemos consa-
grar-nos a Deus como um povo distinto, separado e peculiar.” (FEC, 478)

66 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Nosso compromisso é com a Tríplice Mensagem Angélica

“Tem de ser a responsabilidade de uma obra especial e de uma mensagem especial.”


(FEC, 479)
“Deus não nos pede que ampliemos nossa influência ligando-nos com homens em ques-
tões políticas, mas ficando com partes individuais de Seu grande todo, tendo Cristo
como nossa cabeça. Cristo é nosso Príncipe, e, como súditos Seus, cumpre-nos realizar
a obra que nos foi designada por Deus.” (FEC, 479)
“Nossa cidadania está no Céu.” (FEC, 481)
“Deus pede a Seu povo que mantenha acima de tudo a bandeira que apresenta a Men-
sagem do Terceiro Anjo.” (FEC, 483)
Em ocasiões especiais, Deus permitiu que homens como José e Daniel (Gên. 41:40, 6:02),
chegassem a ocupar altos postos na administração de grandes impérios. Um chegou a ser o segun-
do homem no Egito e o outro foi um dos três presidentes que supervisionavam os cento e vinte
sátrapas que administravam o império de Dario. Foi primeiro ministro, “fiel estadista nas cortes de
Babilônia” (FEC, 205). Sadraque, Mesaque e Abede-nego (Dan. 3:12), cuidaram da Província de
Babilônia como governadores.
Certamente um cargo desta natureza na administração e governo de um país pode conferir ao
seu ocupante certa parcela de influência política. Todavia, não podemos usar estes personagens
bíblicos como exemplos de políticos visto que eles não o foram. As formas de governo naquele
tempo eram outras logicamente. O próprio executivo acumulava as funções legislativas. Eles fo-
ram convidados a ocupar cargos na administração do país, porque os supremos mandatários confi-
avam neles e sobretudo porque no grande plano salvador de Deus, havia espaço para que eles
desempenhassem altas funções na administração de impérios. Certamente, enfeixaram grande par-
cela de poder nas mãos, todavia não eram políticos na acepção moderna do termo. Não disputaram
cargos eletivos. Foram guindados a cargos de confiança. Foram instrumentos nas mãos de Deus
para benefício do Seu povo e execução dos Seus planos. Defenderam os interesses do povo de
Deus em momentos especiais da história. Daniel não procurou o cargo e Deus certamente permitiu
que ali estivesse, contudo sua posição não era invejável, segundo Ellen G. White.
“A posição de Daniel não era invejável. Dirigia um gabinete desonesto, prevaricador e
ímpio, cujos membros o observavam com olhos perspicazes e aguçados; a fim de en-
contrar alguma falha em sua conduta.” (YI, nov. 1, 1900 - SDABC, 4º. vol., 1171)
Na execução dos Seus planos salvíficos, Deus usa a homens influentes dentre os Seus filhos,
bem como a outros (Ciro, por exemplo) que não estão nas fileiras do Seu povo e a alguns que virão
futuramente.
“Muitos dos dominadores pertencem ao número dos dirigidos por Satanás, mas vi que
Deus tem os Seus agentes mesmo entre os dominadores. E alguns deles se converterão
ainda à verdade.” (ITS, 74)
A nós, portanto, compete guardar distância das lutas pelo poder temporal, não permitindo
que controvérsias políticas invadam os nossos arraiais, para evitar com isso conflitos e divisões.
Conservemo-nos unidos e livres para a proclamação da última mensagem de advertência ao mun-
do.
Pr. Jorge Lucien Burlandy

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ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA E VOTAÇÃO

Arthur L. White, Secretário


Publicações de Ellen G. White
Nem Ellen White no Espírito de Profecia aconselha contra, nem a Associação Geral, pelos
seus votos, tem negado aos Adventistas do Sétimo Dia o privilégio de votarem. Porém, consisten-
temente através dos anos, os líderes da igreja e Ellen G. White tem vez após vez apontado o perigo
do nosso povo envolver-se na política em si ou em controvérsia política. Guiados e admoestados
pelo Espírito de Profecia, nós, Adventistas do Sétimo Dia, encontramos o nosso caminho quando
atravessamos os dias tensos das questões de escravidão, as perplexidades relacionadas com a op-
ção local de licenciar a venda de licor, os problemas com relação à professa Emenda Cristã à
Constituição Federal e a questão monetária. Isto nos dá o fundo histórico para termos uma imagem
clara da nossa atitude sobre votação.
Em 1856, o Pastor Uriah Smith declarou a posição dos adventistas que guardam o sábado
como sendo a de “neutralidade em política”, com a recusa por parte do nosso povo “em tomar parte
na competição tão excitante como a que está agitando esta nação.” Ao concluir o seu editorial ele
declara as razões:
“A questão por que nós, com nossos votos e influência, não lutamos contra a tendência
ao mal do nosso tempo, respondemos que os nossos pontos de vista de profecia nos
dirigem à conclusão de que as coisas não serão melhoradas. ...E nós sentimos que é
nosso dever limitar os nossos esforços ao preparo de nós mesmos e outros, tanto quan-
to nos é possível, para a grande e final questão que já com urgência está sobre nós: a
revelação do Filho do Homem dos Céus, a destruição de todos os governos terrestres, o
estabelecimento do reino glorioso, universal e eterno do Rei dos reis, e a redenção e
libertação de todos os Seus súditos.” (Review and Herald, 11 de setembro de 1856.)
De questões nacionais que parecia fútil ajustar, vamos três anos mais tarde a uma situação
local em Battle Creek, em 1859. Então observamos os pioneiros encontrarem o caminho ao serem
confrontados com sua responsabilidade como cidadãos da comunidade. Para nossa informação,
vamos a um registro feito no diário de Ellen G. White em 1859:
“Assisti à reunião ao anoitecer. Tivemos uma reunião franca, interessante. À hora de
terminar, a questão de votar foi considerada demoradamente. Tiago falou primeiro,
depois o irmão Andrews, e foi por eles considerado melhor pôr sua influência a favor
do direito e contra o erro. Acham ser justo votar a favor dos homens da temperança que
ocupam lugares oficiais em nossa cidade em vez de, por seu silêncio, correrem o risco
de verem os intemperantes ocuparem os postos. O irmão Hewett conta sua experiência
de alguns dias antes, e acha que é direito dar o seu voto. O irmão Hart fala a favor. O
irmão Lyon opõe-se. Ninguém mais faz objeção, mas o irmão Kellog começa a achar
que é direito. Há entre todos os irmãos sentimentos cordiais. Oh, que todos procedam
no temor de Deus.”

68
“Homens favoráveis à intemperança estiveram no escritório hoje, exprimindo
lisonjeadoramente sua aprovação à atitude de observadores do sábado que não vota-
vam, e exprimiram esperanças de que eles ficassem firmes a sua orientação e, como os
quakers, não dessem seu voto. Satanás e seus anjos maus estão atarefados neste tempo,
e ele tem obreiros na Terra: Oxalá seja ele decepcionado, é a minha oração.” (Ellen G.
White em seu diário, no domingo 6 de março de 1859-Temperança, pp. 255, 256)
Subseqüentemente, os Adventistas do Sétimo Dia estavam bem claros em seu dever de votar
a favor da proibição, ou da restrição do tráfico de licor. Uma questão sobre este ponto, porém, foi
apresentada em uma reunião campal em Des Moines, Iowa, no início de 1881. Um voto proposto
foi apresentado aos delegados, dizendo:
“Resolvido: Que expressemos nosso profundo interesse no movimento pró-temperan-
ça ora em andamento neste Estado; e que instruamos todos os nossos ministros a usa-
rem sua influência entre nossas igrejas e junto ao povo em geral para induzi-los a
envidar todo esforço coerente, pelo trabalho individual e na urna eleitoral, em favor da
emenda proibitória à Constituição, a qual os amigos da temperança estão procurando
conseguir.” (Review and Herald, 5 de junho de 1881 - Temperança, p. 255)
Alguns, porém, objetaram à cláusula que pedia ação à “urna eleitoral” e insistiam em sua
supressão. A Sra. White, que assistia à reunião campal, retira-se, mas foi chamada a dar seu conse-
lho.
Escrevendo sobre isto naquele tempo, diz ela: “Preparei-me e achei que devia falar sobre o
assunto se nosso povo devia votar pela proibição. Disse-lhes: ‘Sim’, e falei por vinte minutos.”
(Carta 6, 1881 - Temperança, p. 255)
Na Review and Herald de 15 de outubro de 1914, um artigo reproduzido no livro Obreiros
Evangélicos, pp. 384-388, Ellen White enfatizou novamente a responsabilidade de cada cidadão
exercer toda influência dentro do seu poder para refrear o tráfico de licor, incluindo seu voto:
“Ao passo que não devemos de maneira alguma envolver-nos em questões políticas, é
contudo nosso privilégio tomar decididamente posição em todas as questões relativas à
reforma pró-temperança. Tenho dado a esse respeito muitas vezes, um claro testemu-
nho. Em um artigo publicado na Review and Herald de 8 de novembro de 1881, escre-
vi:
“Há uma causa para a paralisia moral que há na sociedade. Nossas leis mantêm um mal
que está minando seus próprios fundamentos. Muitos deploram os erros que sabem
existir, mas consideram-se isentos de qualquer responsabilidade na questão. Não pode
ser assim. Todo indivíduo exerce uma influência na sociedade. Em nossa terra
favorecida, todo votante tem alguma voz no determinar que leis hão de reger a nação.
Não devem essa influência e esse voto ser lançados ao lado da temperança e da virtu-
de?
“Podemos chamar os amigos da causa da temperança a unirem-se para o conflito e
buscar repelir a onda do mal que está desmoralizando o mundo; de que proveito, po-
rém, serão todos os nossos esforços enquanto a venda de bebidas alcoólicas for mantida
por lei? Deve a maldição da intemperança repousar para sempre sobre nossa terra como
uma praga? Deve ela cada ano assolar, qual fogo devorador, milhares de lares felizes?
“Falamos dos resultados, trememos pelos resultados, e cogitamos o que podemos fazer

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 69


com os terríveis resultados, ao passo que, com freqüência, toleramos e mesmo sancio-
namos a causa. Os defensores da temperança deixam de cumprir seu inteiro dever a
menos que exerçam sua influência por preceito e exemplo - pela voz e pela pena e pelo
voto - em favor da proibição e da abstinência total. Não necessitamos esperar que
Deus opere um milagre para efetuar essa reforma, removendo assim a necessidade de
esforçar-nos. Cumpre-nos agarrar-nos com esse gigante inimigo, tendo como divisa,
nenhuma transigência e nenhuma cessação de esforços de nossa parte até que seja
obtida a vitória.” (Review and Herald, 15 de outubro de 1914 - Veja Obreiros Evangé-
licos, pp. 387, 388; Temperança, pp. 253, 254) (Grifo nosso).

A Responsabilidade do Cidadão em sua Comunidade

A verdade de Deus faz um homem ou uma mulher um bom cidadão. Em Atos dos Apóstolos,
p. 69, lemos: “Cumpre-nos reconhecer o governo humano como uma instituição designada por
Deus, e ensinar obediência ao mesmo como um dever sagrado, dentro de sua legítima esfera.”
Em uma afirmação já mencionada, Ellen White reconhecia que: “Todo indivíduo exerce uma
influência na sociedade. Em nossa terra favorecida, todo votante tem alguma voz no determinar
que leis hão de reger a nação.”
Damos alguns breves excertos que dão mais ênfase à responsabilidade do cidadão individual:
“Homens intemperantes não devem, por voto do povo, ser colocados em posições de
confiança.” (Signs of the Times, 8 de julho de 1880 - Temperança, p. 255)
“Quantos desmerecem sua prerrogativa como cidadãos de uma república - comprados
por um copo de uísque para dar seu voto a algum candidato infame.’ Como classe, os
intemperantes não hesitarão em usar de engano, suborno, e mesmo violência contra os
que recusam ilimitada licença ao apetite pervertido.” - Review and Herald, 8 de no-
vembro de 1881 (Temperança, p. 254)
“Muitos emprestam sua influência ao grande destruidor, ajudando-o pela palavra e
pelo voto a destruir a imagem moral de Deus no homem, não pensando nas famílias
que são degradadas por causa de um apetite pervertido para a bebida.” Manuscrito 87,
1898 (Temperança, pp. 254, 255)
“E aqueles que, mediante seu voto, sancionam o comércio das bebidas espirituosas,
serão considerados responsáveis pela perversidade praticada pelos que se encontram
sob a influência da bebida forte.” Carta 234a, 1905 (Temperança, 255)

Votação em Eleições Nacionais

Por volta do ano 1860, a Igreja Adventista do sétimo Dia estava crescendo e a organização
tomando forma. Ao se aproximarem as eleições nacionais, Tiago White viu claramente os danos
que a controvérsia política podia causar à obra crescente, e escreveu:
“A excitação política de 1860 provavelmente continuará elevada como tem sido por
muitos anos, e nós advertimos os nossos irmãos a não serem atraídos a ela. Não estamos

70 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


preparados para provar através da Bíblia que seria errado para um que crê na terceira
mensagem, ir em uma maneira condizente com sua profissão, e votar. Não recomenda-
mos isto, mas tampouco nos opomos. Se um irmão escolhe votar, não podemos condená-
lo, e queremos a mesma liberdade se não votarmos.
“Porém, cremos que aquele que entra no espírito da competição que se aproxima, per-
de o espírito da verdade presente e põe em perigo sua própria alma. Nossos irmãos com
as tendas provavelmente verão a necessidade de se afastarem para lugares menores,
fora do calor da controvérsia política, ou deixarem de realizar conferências de tendas
durante esta ocasião.” (Review and Herald, 21 de agosto de 1860)
É claro que alguns Adventistas do Sétimo Dia votaram nesta eleição, de acordo com um
artigo do Pastor White intitulado “A Nação”, que apareceu na Review and Herald de 12 de agosto
de 1862. Tiago White comenta de uma forma que indica que não houve censura contra aqueles que
votaram nas eleições de 1860: “Aqueles do nosso povo que votaram na última eleição presidencial,
votaram a favor de Abraão Lincoln.”
Em 1865, a Associação Geral em sua Terceira Sessão, registrou a questão de Adventistas do
Sétimo Dia votarem. Sob o título “Votação” encontramos o seguinte voto:
“Resolvido: Que em nossa concepção, a ação de votar quando exercida em favor da
justiça, humanidade e daquilo que é certo, é em si inatacável, e pode ser em algumas
ocasiões altamente próprio; mas que a apresentação de qualquer voto que fortaleça a
causa de crimes tais como intemperança, insurreição, e escravidão, é considerada por
nós como altamente criminosa à vista dos Céus. Mas nós reprovamos qualquer partici-
pação no espírito de controvérsia entre partidos.” (Relatório da Terceira Sessão Anual
da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, publicado na Review and Herald,
23 de maio de 1865)
Poderíamos relatar aqui afirmações feitas por obreiros individuais através dos anos
subsequentes. Mas todas seguiram a mesma linha, dando a entender claramente que o indivíduo
estava livre para seguir o seu julgamento na questão de votar. Entretanto, devia ter em mente, ao
dar seu voto, que carregaria uma parte da responsabilidade dos atos do homem para quem votou, e
admoestando contra agitação política e controvérsia.

Conselho de Ellen G. White sobre Política

Mais freqüentemente usado hoje, ao citar os conselhos de E.G. White que tem que ver com
política e votação, é a comunicação que aparece em Fundamentos da Educação Cristã, pp. 475-
484. Esta é somente uma das comunicações escritas em meados e fins da década 1890-1900, em
uma ocasião quando alguns obreiros Adventistas do Sétimo Dia estavam profundamente preocupa-
dos com a questão monetária. Uma dessas comunicações é encontrada agora no livro Testemunho
para Ministros, pp. 331-340, e esta é endereçada “À Conferência Geral de 1897.” Nela a agitação
dos nossos obreiros sobre a questão política da “mudança da moeda circulante,” foi mencionada, e
ela aconselhou que “Não é empenhando-nos em polêmicas políticas, seja no púlpito ou fora dele”
que agradamos a Deus. (Testemunhos para Ministros, p. 331)
“Surpreendi-me,” diz ela, “ao ver homens que entendem crer na verdade para este
tempo, todos excitados com algumas questões - questões que se relacionavam com o

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 71


Senhor Jesus e os interesses eternos? Não, mas pareciam estar maravilhosamente exci-
tados quanto ao dinheiro. Alguns ministros distinguiam por entremear estes assuntos
em seus discursos. Estavam-se excitadamente envolvendo, tomando partidos quanto a
estas questões, sobre as quais o Senhor não lhes deu a responsabilidade de nelas se
empenhar.” (Testemunhos para Ministros, p. 332)
Ela admoestou que, “Há nessa agitação justamente o que separa os que são da mesma fé.”
(Testemunhos para Ministros, p. 333). E depois esclareceu que “Os que tem andado humildemente
diante de Deus, não se absorverão em advogar tanto um como o outro lado desta questão.” (Ibid., p.
334)
Nos conselhos escritos durante este período existem três que se destacam:
1. Qualquer agitação política deve ser evitada, pois isto trará diferenças entre os mem-
bros da igreja.
2. Nossos ministros e professores devem manter silêncio sobre questões que não tem
relação à mensagem do terceiro anjo, pois a agitação política seria um impedimento
para que alguns de nossos obreiros alcançassem algumas pessoas que devem ouvir
a mensagem.
3. Se votarmos, “Mantenha sua votação para si. Não sinta como seu dever insistir para
que todos façam como você.” (Carta 4, 1898)
E agora chegamos ao estudo de um artigo, como publicado em Fundamentos da Educação
Cristã, tendo o título de “Testemunho Especial acerca da Política.” Isto é uma carta endereçada
“Aos Mestres e Diretores de Nossas Escolas,” escrita em 16 de junho de 1899. Recomendamos a
leitura cuidadosa deste artigo. Em primeiro lugar, será notado que não há proibição do indivíduo
quietamente votar. O conselho é dirigido a obreiros Adventistas do Sétimo Dia, e são admoestados
a que não devem usar sua influência em promoção de sentimentos políticos.
“O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o
silêncio é eloquência. ...Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos;
pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em
nenhum plano político.” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 475)
“Os que ocupam o lugar de educadores, de ministros, de colaboradores de Deus em
qualquer sentido, não tem batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha
nos Céus. O Senhor pede-lhes que permaneçam como um povo separado e peculiar.
Ele não quer que haja cismas no corpo de crentes. Seu povo tem de possuir os elemen-
tos de reconciliação. É porventura sua obra fazer inimigos no mundo político? - Não,
não! Eles tem de permanecer como súditos do reino de Cristo, levando a bandeira em
que se acha inscrito: ‘Os mandamentos de Deus, e a fé de Jesus.” (Ibid., pp. 478, 479)
Poderíamos resumir as advertências do artigo inteiro como segue:
1- A expressão de sentimentos políticos por parte dos nossos irmãos resultará em divi-
são na igreja. (p. 475)
2- Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos desconsiderando os prin-
cípios dos homens nestes partidos. (p. 475)
3- Deve-se exercer cuidado em escolher o homem para quem damos o nosso voto, pois

72 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


o votante torna-se participante com aquele colocado no posto, pelos seus atos en-
quanto estiver no posto. (p. 475)
4- Não devemos usar emblemas políticos. (p. 476)
5- O dízimo não deve ser usado para pagar qualquer pessoa para fazer discursos sobre
questões políticas. (p. 477)
6- Nenhuma parede de separação deve ser erigida entre homem e homem. ( p. 479)
7- Nossos ministros e professores devem abster-se de trazer para dentro da igreja ou
escola idéias que levarão à contenda ou desordem. (p. 483)
Podemos muito bem concluir esta apresentação citando uma parte de um editorial que apare-
ceu na Review and Herald de 13 de setembro de 1928. O Pastor F.M. Wilcox escreve:

“A Igreja e a Política”

“É o privilégio de cada indivíduo exercer o direito de voto. Ninguém tem autoridade


para negar-lhe este privilégio. A Igreja Adventista do Sétimo Dia não procura ditar a
seus membros como devem votar, ou se devem votar. Isto é deixado a critério de cada
um para agir dentro do seu próprio julgamento no temor de Deus. Foi-nos dito pela
serva do senhor que não devemos unir-nos a partidos políticos, que não devemos agitar
questões políticas em nossas escolas e instituições. Por outro lado, temos sido instruí-
dos pela mesma autoridade que quando certas questões morais, como a proibição, es-
tão envolvidas, os ‘defensores da temperança deixam de cumprir seu inteiro dever a
menos que exerçam sua influência por preceito e exemplo - pela voz e pela pena e pelo
voto - em favor da abstinência total’. Esta instrução não é obrigatória; ainda é deixado
a critério de cada um determinar por si mesmo o que ele deve fazer.”
“Embora o membro individual da igreja tenha o direito, se assim ele quiser, de votar, a
igreja em si deve manter-se inteiramente fora de política. É uma coisa os membros
individuais da igreja votarem, e outra coisa estes mesmos indivíduos em suas capaci-
dades da igreja procurarem influenciar medidas políticas.”

Publicações de Ellen G. White


Associação Geral da IASD
Washington 12, DC.
14 de agosto de 1952

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 73


TEXTOS CONSTITUCIONAIS

...Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quais-
quer outras formas de discriminação.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII – é assegurada nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva;
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, inde-
pendentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
LXVIII – conceder-se-á “habeas corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não am-
parado por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funciona-
mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;

74
LXXVII – são gratuitas as ações de “habeas corpus” e “habeas data”, e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compreensão de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou con-
venção coletiva de trabalho;
Art. 13. § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo
nacionais.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II – facultativos para
a) os analfabetos
b) os maiores de setenta anos
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art.
5º VIII;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamen-
to ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, resvalada, na
forma da lei, a colaboração de interesse público;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I- zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conser-
var o patrimônio público;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
§2º A competência da União para legislar sobre normas gerais exclui a competência suplementar
dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 75


plena, para atender a suas peculiaridades.
Art. 30. Compete aos Municípios:
II - suplementar a legislação federal e estadual no que couber;
Art. 37. I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei;
Art. 58. § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência cabe:
IV – receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra
atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
Art. 60. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
IV – os direitos e garantias individuais.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei
complementar, nem a legislação sobre:
II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente contra:
III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:
II – as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
Art. 102. Parágrafo único. A argüição de descumprimento de preceito fundamental decorrente des-
ta Constituição será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da Lei.
Art. 103. § 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma
constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias
e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organis-
mo internacional;
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Esta-
do, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

76 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
IV – suspensão da liberdade de reunião;
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de
paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter
essencialmente militar.
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz,
sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedada à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto;
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Art. 209. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais
das escolas públicas de ensino fundamental.
Art. 220 § 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e
terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá,
sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
V – obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar
de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm
o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência e enfermidade.
Art. 230 § 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus
lares.

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DECLARAÇÃO UNIVERSAL
DOS DIREITOS DO HOMEM

APROVADA EM RESOLUÇÃO DA IV SESSÃO ORDINÁRIA DA


ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS,
EM 10 DE DEZEMBRO DE 1948

PREÂMBULO

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família


humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
mundo.
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem resultaram em atos
bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum.
Considerando ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei,
para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opres-
são.
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as na-
ções.
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos
fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida
em uma liberdade mais ampla.
Considerando que os Estados Membros se comprometeram a promover, em cooperação com
as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a obser-
vância desses direitos e liberdades.
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta im-
portância para o pleno cumprimento desse compromisso.
Agora portanto

78
A ASSEMBLÉIA GERAL

Proclama
A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM como o ideal
comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com objetivo de que cada indivíduo e
cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e
da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua obser-
vância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os
povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo I. Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo II. 1 – Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabeleci-
dos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer
outra condição.
2 – Não será também, feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território inde-
pendente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo III. Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de
escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
Artigo VI. Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
Artigo VII. Todos são iguais perante a lei e têm o direito, sem qualquer distinção, a igual
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a pre-
sente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII. Todo homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constitui-
ção ou pela lei.
Artigo IX. Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X. Todo homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por
parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do funda-
mento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI. 1 – Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento públi-
co no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 79


2 – Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não cons-
tituam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte
do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo XII. 1 – Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no
seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo homem tem direito
à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII. 1 – Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das
fronteiras de cada Estado.
2 – Todo homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Artigo XIV. 1 – Todo homem vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar
asilo em outros países.
2 – Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XV. 1 – Todo homem tem direito a uma nacionalidade.
2 – Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.
Artigo XVI. 1 – Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,
nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de
iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2 – O casamento não será válido senão com livre e pleno consentimento dos nubentes.
3 – A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito a proteção da
sociedade e do Estado.
Artigo XVII. 1 – Todo homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2 – Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo XVIII. Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamen-
te, em público ou em particular.
Artigo XIX. Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a
liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e
idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo XX. 1 – Todo homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.
2 – Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo XXI. 1 – Todo homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamen-
te ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2 – Todo homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

80 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


3 – A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente
que assegure a liberdade de voto.
Artigo XXII. Todo homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, e à
realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignida-
de e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.
Artigo XXIII. 1 – Todo homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condi-
ções justas e favoráveis do trabalho e à proteção contra o desemprego.
2 – Todo homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3 – Todo homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que
se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4 – Todo homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus
interesses.
Artigo XXIV. Todo homem tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável das
horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
Artigo XXV. 1 – Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua
família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os ser-
viços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez,
viuvez ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
2 – A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crian-
ças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo XXVI. 1 – Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos
nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2 – A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade huma-
na e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais
ou religiosos, e coadjuvará as atividades das facções Unidas em prol da manutenção da paz.
3 – Os pais tem prioridade do direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a
seus filhos.
Artigo XXVII. 1 – Todo homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
2 – Todo homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de
qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Artigo XXVIII. Todo homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os
direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 81


Artigo XXIX. 1 – Todo homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível.
2 – No exercício de seus direitos e liberdades, todo homem estará sujeito apenas às limita-
ções determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e
respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem
pública e do bem estar de uma sociedade democrática.
3 – Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma ser exercidos contrariamente
aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX. Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou
praticar qualquer ato destinado à destruição de qualquer dos direitos e liberdades aqui estabeleci-
dos.
A NOVA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL inspirou-se e exalta em suas disposições a DECLARA-
ÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM, pelo que a publicamos na íntegra.

82 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


DECLARAÇÃO DA IGREJA ADVENTISTA
DO SÉTIMO DIA A PROPÓSITO DO
50º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Desde seu inicio, na metade do século XIX, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem se empe-
nhado por apoiar os direitos humanos. Inspirada nos valores bíblicos, os primeiros adventistas se
envolveram na luta contra a escravidão e a injustiça. Eles reivindicavam o direito de cada pessoa
escolher a crença, de acordo com sua consciência, e a livre prática e ensino religioso, sempre
respeitando a igualdade de direitos dos outros. Os adventistas do sétimo dia estão convencidos de
que o exercício da força na área religiosa é contrária aos princípios eternos de Deus.
Ao promoverem a liberdade religiosa, a vida familiar, a educação, saúde e assistência mútua,
e ao buscar atender as necessidades humanitárias daqueles que os cercam, os adventistas do sétimo
dia reconhecem e afirmam a dignidade de cada pessoa criada à imagem de Deus.
Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi escrita e adotada por indivíduos
que haviam saído de uma destruição, desorientação e sofrimento sem precedentes decorridos da
Segunda Guerra Mundial. Essa dolorosa experiência deu-lhes a compreensão e o desejo de um
mundo futuro de paz e liberdade. Surgida das mais nobres aspirações do coração humano, a Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos é um documento fundamental que se posiciona fortemente
em favor da dignidade, liberdade, igualdade humana e da não discriminação das minorias. O Arti-
go 18, que enaltece incondicionalmente a liberdade e a prática religiosas, é de especial importância
porque a liberdade religiosa é um direito humano fundamental que sustenta e defende todos os
direitos humanos.
Hoje, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é muitas vezes violada, especialmente o
Artigo 18. A intolerância, com muita freqüência, ergue sua cabeça ameaçadora, a despeito do avan-
ço dos direitos humanos alcançados por muitas nações. A Igreja Adventista insta em que as Nações
Unidas, as autoridades governamentais, os líderes religiosos e os crentes, e as organizações não
governamentais consistentemente trabalhem pela implementação dessa Declaração. Os políticos,
líderes sindicais, professores, empregadores, representantes dos órgãos de comunicação e impren-
sa, e todos os formadores de opinião devem dar um forte apoio aos direitos humanos. Tal apoio
ajudará a reduzir o crescimento dos extremismos religiosos violentos, da intolerância, dos crimes
odiosos e da discriminação com base na religião ou no secularismo anti-religioso. Desta forma, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos crescerá em importância e magnificência práticas e
nunca se tornará um documento irrelevante.
Documento aprovado em 17 de novembro de 1998, Washington-USA
Comissão Administrativa da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia

Brasília 10 de dezembro de 1998.

83
DECLARAÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE
TODAS AS FORMAS DE INTOLERÂNCIA E DE
DISCRIMINAÇÃO POR CAUSA DE
RELIGIÃO OU CRENÇA DE 25.11.1981

INTRODUÇÃO

Um dos objetivos básicos das Nações Unidas conforme consta em sua Carta, é a promoção e
estímulo ao respeito quanto aos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem dis-
tinção de raça, sexo, língua ou religião.
Liberdade de crença é um dos direitos proclamados na Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos, adotado pela Câmara Legislativa do Congresso, em 1948, e na Convenção Internacional dos
Direitos Civis e Políticos, adotados em 1966.
O Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos declara que “a vinda de um novo
mundo no qual os seres humanos possam gozar de liberdade de expressão e crença, e libertação do
temor e da pobreza, tem sido proclamado como a mais alta aspiração do povo comum.”
O artigo dois declara que: Estes direitos e liberdades contidos nesta Declaração são concedidos à
todas as pessoas, sem distinção de qualquer espécie, tais como raça, cor, sexo, língua, religião,
política ou outra opinião, origem nacional ou social, posses, nascimento ou condição social.
O artigo dezoito da Declaração Universal dos Direitos Humanos declara que: “Todas as pessoas
têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui liberdade de mu-
dar sua religião ou crença e liberdade de, sozinho ou em comunidade, em público ou em particular,
manifestar sua religião ou crença, no ensino, na prática, no culto e na observância.
Esse direito foi transformado numa obrigação legal para os Estados que o aprovaram no artigo 18
do Convênio Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que declara o seguinte:
“1. Todas as pessoas terão o direito de liberdade de pensamento, consciência e religião. Este direito
incluirá a liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha e liberdade de,
individualmente ou em comunidade, em público ou em particular, manifestar sua religião ou cren-
ça em culto, observância, prática e ensino.
2. Nenhuma pessoa será submetida à coação que prejudique sua liberdade de ter ou adotar uma
religião ou crença de sua escolha.
3. A liberdade de manifestar religião ou crença pode estar sujeita apenas à certas limitações previs-
tas pela lei, necessárias à defesa de segurança pública, ordem, saúde, moral ou direitos fundamen-
tais e liberdade dos outros.
4. A representação dos Partidos dos Estados na presente Convenção compromete-se a respeitar a
liberdade dos pais e, na falta destes, os tutores legais, de assegurarem a religião e educação moral
de seus filhos em conformidade com suas próprias convicções.”

84
LEI N.º 10.066 - DE 21 DE JULHO DE 1998

Dispõe sobre a prestação de assistência religiosa nas


entidades civis e militares de internação coletiva
situadas no território do Estado
(Projeto de Lei n.º 468/96, do Deputado Walter Feldman - PSDB)

O VICE-GOVERNADOR, EM EXERCÍCIO NO CARGO DE GOVERNADOR DO


ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

ART. 1 - A presente lei regulamenta a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva situadas no território do Estado de São Paulo.
ART. 2 - É garantida a livre prática de culto para todas as crenças religiosas.
Parágrafo único. A liberdade de religião fica condicionada às limitações impostas pela pre-
sente lei e seu regulamento, em favor do interesse prevalecente da coletividade.
ART. 3 - A assistência religiosa somente poderá ser ministrada se houver opção dos interessados
nesse sentido.
ART. 4 - A assistência religiosa de que trata a presente lei é constituída pelos serviços de capelania,
prestados por quaisquer ministros de culto religioso.
Parágrafo único. A atuação religiosa será feita sem ônus para os cofres públicos.
ART. 5 - Constituem dentre outros “serviços de capelania”:
I - trabalho pastoral;
II - aconselhamento;
III - orações;
IV - ministério de comunhão cristã;
V - unção bíblica e
VI - unção dos enfermos.

85
ART. 6 - A assistência religiosa poderá ser ministrada:
I - aos pacientes internados em hospitais da rede pública ou privada; e
II - aos reclusos internados em estabelecimentos penitenciários do Estado.
ART. 7 - A assistência religiosa poderá ser prestada fora dos horários normais de visita e os minis-
tros de culto religioso terão acesso às dependências dos hospitais e estabelecimentos penitenciári-
os, onde lhes será prestada a colaboração necessária ao desempenho de suas atribuições.
ART. 8 - O acesso às dependências dos hospitais e estabelecimentos penitenciários fica condicio-
nado à apresentação, pelo ministro de culto religioso, de credencial específica, fornecida pela Se-
cretaria de Estado da Administração Penitenciária ou pela Secretaria de Estado da Saúde.
ART. 9 - Somente poderá ser expedida credencial mediante apresentação de termo de identifica-
ção, apresentação, idoneidade e responsabilidade, subscrito pelo órgão competente ou majoritário
de representação da associação religiosa a que pertença o interessado.
Parágrafo único. A associação religiosa deverá ter sido legalmente instituída, obedecidos os
requisitos e limites de atuação impostos pela legislação vigente.
ART 10 - Deverá ser criado e mantido um registro de identificação das pessoas que forem
credenciadas.
ART. 11 - O credenciamento, bem como os demais termos desta lei, serão regulamentados por
decreto no prazo de 60 (sessenta ) dias, contados da data de sua publicação.
ART. 12 - Na regulamentação a ser feita pelo Poder Executivo deverão ser consideradas as condi-
ções de desenvolvimento das visitas, obedecido o respeito à liberdade de religião dos demais inter-
nos.
ART. 13 - O regulamento da presente lei deverá ser afixado, de forma visível, nos locais de acesso
do público aos estabelecimentos, preferencialmente nas portarias.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto neste artigo importará na imposição ao
responsável pelo estabelecimento de multa na valor de 100 (cem) UFIRs.
ART. 14 - As despesas decorrentes da aplicação da presente lei correrão por conta de dotações
orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
ART. 15 - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrá-
rio.

GERALDO ALCKMIN FILHO

86 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


DECRETO N.º 44.395, DE 10 DE NOVEMBRO DE 1999

Regulamenta a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação


coletiva de que trata a Lei n.º 10.066, de 21 de julho de 1998

MÁRIO COVAS, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais,

Decreta:

ART. 1 - A prestação de assistência religiosa nos hospitais da rede pública e privada, manicô-
mios e estabelecimentos penitenciários do Estado é garantida aos representantes de todas as cren-
ças, atendidos os requisitos previstos neste regulamento.
§ 1.º A prática de culto envolvendo cerimônias coletivas somente será realizada em local
apropriado dos hospitais e estabelecimentos penais.
§ 2.º Em situações urgentes, a assistência religiosa poderá ser prestada fora dos horários
normais de visita.
§ 3.º A atuação religiosa não poderá implicar em ônus para os cofres públicos.
ART. 2 - Nenhum paciente acolhido nos hospitais da rede pública ou privada e nenhum preso
ou internado nos estabelecimentos penais do Estado será obrigado a participar de atividade religi-
osa ou a aceitar os serviços religiosos.
Parágrafo único Na impossibilidade de manifestação da própria vontade, a autorização para
a prestação dos serviços deverá ser providenciada pelos familiares.
ART. 3 - Fica garantido o acesso dos representantes credenciados às dependências dos hos-
pitais, manicômios e penitenciárias para fins de prestação de assistência religiosa.
§ 1.º Para o acesso às dependências dos estabelecimentos previstos neste artigo e para a
realização das atividades religiosas os representantes dos cultos contarão com a colaboração dos
funcionários e servidores.
§ 2.º Na ausência de colaboração do servidor público e se o fato constituir infração aos
deveres funcionais, será ele apurado na forma prevista nos Estatutos.

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§3.º Salvo autorização especial a ser dada pelo responsável da unidade hospitalar, não é
permitido o uso de instrumentos musicais durante as atividades religiosas.
§ 4.º Ficarão suspensos os serviços religiosos nos estabelecimentos hospitalares durante a
assepsia dos pacientes ou nos momentos em que lhes estiverem sendo aplicados medicamentos,
devendo ser aguardada a liberação do local pelo serviço de enfermagem.
§ 5.º O acesso dos representantes religiosos nos setores de terapia intensiva dos hospitais
ficará condicionado às determinações da autoridade médica de plantão.
§ 6.º As restrições contidas nos parágrafos anteriores não se operam no caso de unção dos
enfermos.
§ 7.º Fica facultado ao paciente internado em hospital da rede privada, de orientação religi-
osa distinta daquela por ele professada, solicitar ao responsável pelo estabelecimento, a presença
de membro de sua crença, para prestação de serviços de assistência espiritual.
§ 8.º O acesso aos estabelecimentos penais deverá obedecer às normas de segurança e disci-
plina interna, respeitadas as peculiaridades da instituição.
ART. 4 - Para fins de credenciamento de seus representantes, as entidades religiosas, deve-
rão cadastrar-se junto à Secretaria da Saúde ou da Administração Penitenciária, conforme o caso,
mediante a apresentação de cópia autenticada de seus atos constitutivos, devidamente registrados.
§ 1.º O credenciamento dos representantes dos cultos religiosos cadastrados será realizado
mediante a apresentação do documento de identidade pessoal e de declaração da entidade relativa
à sua filiação, expedindo-se carteira de identificação.
§ 2.º Os requisitos para expedição da carteira de identificação de que trata o parágrafo
anterior serão indicados em resolução a ser editada respectivamente pelo Secretário da Administra-
ção Penitenciária.
§ 3.º A resolução indicará ainda os locais e horários para realização das cerimônias religio-
sas, e a forma de sua distribuição entre as entidades cadastradas.
ART. 5 - Os prestadores de assistência religiosa já cadastrados junto aos estabelecimentos
penais do Estado deverão requerer credenciamento na forma deste regulamento.
Parágrafo único - Será mantido cadastro das entidades religiosas e dos credenciamentos ou-
torgados a seus representantes contendo os documentos que possibilitaram o registro, nos órgãos
próprios das Secretarias da Saúde e da Administração Penitenciária.
ART. 6 - No caso de comportamento incompatível do religioso com as finalidades do
credenciamento, a autorização poderá ser suspensa pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, ga-
rantido o direito de defesa ao imputado.
§ 1.º Na mesma suspensão poderá incorrer o representante religioso que provocar disputa ou
confronto durante as celebrações com membros de outra comunidade religiosa.
§ 2.º A suspensão do credenciamento será comunicada à entidade à qual pertença o religioso.
§ 3.º O prazo da suspensão poderá ser interrompido por ato do Secretário da respectiva Pasta
mediante requerimento da entidade religiosa.

88 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


§ 4.º Na hipótese de reincidência, o credenciamento poderá ser cancelado.
ART. 7 - Este regulamento deverá ser afixado, de forma visível, nos locais de acesso do
público aos estabelecimentos, preferencialmente nas portarias.
Parágrafo único - Pelo descumprimento do disposto neste artigo será aplicada ao responsável
pela instituição multa no valor de 100 (cem) Ufirs que deverá ser recolhida aos cofres do Tesouro
dentro do prazo de 30 (trinta) dias a contar de sua notificação.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 89


LEI 9.982 DE 14/07/2000 - DOU 17/07/2000

Dispõe sobre a prestação de assistência religiosa nas entidades hospitalares públicas e privadas,
bem como nos estabelecimentos prisionais civis e militares.

ART.1 - Aos religiosos de todas as confissões assegura-se o acesso aos hospitais da rede
pública ou privada, bem como aos estabelecimentos prisionais civis ou militares, para dar atendi-
mento religioso aos internados, desde que em comum acordo com estes, ou com seus familiares no
caso de doentes que já não mais estejam no gozo de suas faculdades mentais.
Parágrafo único. (VETADO)
ART.2 - Os religiosos chamados a prestar assistência nas entidades definidas no art.1 deve-
rão, em suas atividades, acatar as determinações legais e normas internas de cada instituição hospi-
talar ou penal, a fim de não pôr em risco as condições do paciente ou a segurança do ambiente
hospitalar ou prisional.
ART.3 - (VETADO)
ART.4 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias.
ART.5 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 14 de julho de 2000.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

José Gregori

Geraldo Magela da Cruz Quintão

José Serra

90
EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 16 (REELEIÇÃO)

Dá nova redação ao § 5.º do art. 14, ao caput


do art. 28, ao inciso II do art. 29, ao caput do
art. 77 e ao art. 82 da Constituição Federal.
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3.º do art. 60 da Cons-
tituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:
Art. 1.º O § 5.º do art. 14, o caput do art. 28, o inciso II do art. 29, o caput do art. 77 e o art.
82 da Constituição Federal passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 14........................................................................................................................................
§ 5.º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefei-
tos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subseqüente.
.............................................................................................................................................................
“Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro
anos, realizar-se-á no primeiro Domingo de outubro, em primeiro turno, e no último Domingo de
outubro, segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores,
e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o dis-
posto no art. 77.
.............................................................................................................................................................
“Art. 29......................................................................................................................................
II – eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro Domingo de outubro do ano
anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77 no caso de
Municípios com mais de duzentos mil eleitores.
.............................................................................................................................................................
“Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultane-
amente, no primeiro Domingo de outubro, em primeiro turno, e no último Domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente.
.............................................................................................................................................................
“Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de
janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.”
Art. 2.º. Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 4 de junho de 1997

Mesa da Câmara dos Deputados Mesa do Senado Federal


Deputado MICHEL TEMER Senador ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES
Presidente Presidente

91
LEI 4898 DE 09/12/1965 - DOU 13/12/1965

Regula o Direito de Representação e o Processo de


Responsabilidade Administrativa Civil e penal nos casos de abuso de autoridade
ART.1 - O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal,
contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela
presente Lei.
ART.2 - O direito de representação será exercido por meio de petição:
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou
militar culpada, a respectiva sanção;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime
contra a autoridade culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo
do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de
testemunhas, no máximo de três, se as houver.
ART.3 - Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício de culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.
• Alínea j acrescentada pela Lei nº 6.657, de 5 de junho de 1979.
ART.4 - Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou
com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado
em lei;

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c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer
pessoa;
d) deixar o juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer se proponha a prestar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou
qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie, quer
quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título
de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com
abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
•Alínea i acrescentada pela Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989.
ART.5 - Considera-se autoridade, para os efeitos desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou função
pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
ART.6 - O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e
consistirá em;
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de 5 (cinco) a 180 (cento e oitenta) dias, com
perda de vencimentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma
indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal
e consistirá em:
a) multa de cem cruzeiros a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por 10 (dez) dias a 6 (seis) meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até
3 (três) anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativa-
mente.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 93


§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer
categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer
funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
ART.7 - Recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a
autoridade civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais, estadu-
ais ou federais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
§ 2º Não existindo no Município, no Estado ou na legislação militar normas reguladoras do
inquérito administrativo serão aplicadas, supletivamente, as disposições dos artigos 219 a 225 da
Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União).
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da
ação penal ou civil.
ART.8 - A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade civil ou militar.
ART.9 - Simultaneamente com a representação dirigida à autoridade administrativa ou indepen-
dentemente dela, poderá ser promovida, pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou
ambas, da autoridade culpada.
ART.10 - (Vetado).
ART.11 - À ação civil serão aplicáveis as normas do Código do Processo Civil.
ART.12 - A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação, por
denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
ART.13 - Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e
requererá ao juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e julgamento.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias.
ART.14 - Se o ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios o ofendido
ou o acusado poderá:
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas testemunhas qua-
lificadas;
b) requerer ao juiz, até 72 (setenta e duas) horas antes da audiência de instrução e julgamento, a
designação de um perito para fazer as verificações necessárias.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão seus depoimentos verbalmente,
ou o apresentarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento.
§ 2º O caso previsto na letra a deste artigo a representação poderá conter a indicação de mais
duas testemunhas.
ART.15 - Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquiva-
mento da representação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará
remessa da representação ao procurador-geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro ór-
gão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o
juiz atender.

94 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


ART.16 - Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo fixado nesta Lei, será
admitida ação privada. O órgão do Ministério Público poderá porém aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
ART.17 - Recebidos os autos, o juiz, dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) horas, proferirá
despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o juiz designará, desde logo, dia e hora para a audi-
ência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro de 5 (cinco)
dias.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e para comparecer à audiência de
instrução e julgamento, será feita por mandado sucinto que será acompanhado da segunda via da
representação e da denúncia.
ART.18 - As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresentadas em juízo, independente-
mente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória para a audiência ou a intimação de
testemunhas ou, salvo o caso previsto no art.14, b, requerimentos para a realização de diligências,
perícias ou exames, a não ser que o juiz, em despacho motivado, considere indispensáveis tais
providências.
ART.19 - À hora marcada, o juiz mandará que o porteiro dos auditórios ou o oficial de justiça
declare aberta a audiência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante
do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do
réu.
Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se se ausente o juiz.
ART.20 - Se até meia hora depois da hora marcada o juiz não houver comparecido, os presentes
poderão retirar-se devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência.
ART.21 - A audiência de instrução e julgamento será pública, se contrariamente não dispuser o
juiz, e realizar-se-á em dia útil, entre 10 (dez) e 18 (dezoito) horas, na sede do juízo ou, excepcio-
nalmente, no local que o juiz designar.
ART.22 - Aberta a audiência o juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o juiz nomeará imediatamente
defensor para funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
ART.23 - Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o juiz dará a palavra, sucessivamente, ao
Ministério Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do
réu, pelo prazo de 15 (quinze) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do
juiz.
ART.24 - Encerrado o debate, o juiz proferirá imediatamente a sentença.
ART.25 - Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro próprio, ditado pelo juiz, termo que
conterá, em resumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos e,
por extenso, os despachos e a sentença.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 95


ART.26 - Subscreverão o termo o juiz, o representante do Ministério Público ou o advogado que
houver subscrito a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
ART.27 - Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis e não permitirem a observância
dos prazos fixados nesta Lei, o juiz poderá aumentá-los, sempre motivadamente, até o dobro.
ART.28 - Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código de Processo Penal, sempre que
compatíveis com o sistema de instrução e julgamento regulado por esta Lei.
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, caberão os recursos e apelações previstas
no Código de Processo Penal.
ART.29 - Revogam-se as disposições em contrário.

96 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


LEI 7.437 DE 20/12/1985 - DOU 23/12/1985

Inclui, entre as contravenções penais, a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de


cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redaçaõ à Lei no 1390 de 3 de julho de 1951 -
Lei Afonso Arinos
ART.1 - Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a prática de atos resultantes de pre-
conceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
•Vide Lei nº 7.716, de 05/01/1989, sobre crimes resultantes de preconceito.
ART.2 - Será considerado agente de contravenção o diretor, gerente ou empregado do estabeleci-
mento que incidir na prática referida no art.1 desta lei.
ART.3 - Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou estabelecimento de mesma finalida-
de, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior
valor de referência (MVR).
ART.4 - Recusar a venda de mercadoria em lojas de qualquer gênero ou o atendimento de clientes
em restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes, abertos ao público, por preconceito de
raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o
maior valor de referência (MVR).
ART.5 - Recusar a entrada de alguém em estabelecimento público, de diversões ou de esporte, por
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o
maior valor de referência (MVR).
ART.6 - Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo de estabelecimento comercial ou de presta-
ção de serviço, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o
maior valor de referência (MVR).
ART.7 - Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, por
preconceito de raça, de cor, de sexo, ou de estado civil.
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior
valor de referência (MVR).
Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial de ensino, a pena será a perda do cargo
para o agente, desde que apurada em inquérito regular.

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ART.8 - Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público civil ou militar, por preconceito de
raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Pena - perda do cargo, depois de apurada a responsabilidade em inquérito regular, para o funci-
onário dirigente da repartição de que dependa a inscrição no concurso de habilitação dos candida-
tos.
ART.9 - Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia, sociedade de economia mista, empre-
sa concessionária de serviço público ou empresa privada, por preconceito de raça, de cor, de sexo
ou de estado civil.
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior
valor de referência (MVR), no caso de empresa privada; perda do cargo para o responsável pela
recusa, no caso de autarquia, sociedade de economia mista e empresa concessionária de serviço
público.
ART.10 - Nos casos de reincidência havidos em estabelecimentos particulares, poderá o juiz deter-
minar a pena adicional de suspensão do funcionamento, por prazo não superior a 3 (três) meses.
ART.11 - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
ART.12 - Revogam-se as disposições em contrário.

98 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


LEI 9.459 DE 13 DE MAIO DE 1997

Define punições contra os crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou de Cor.


Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor, e acrescenta parágrafo ao art. 140 do Decreto - lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ART 1º - Os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passam a vigorar com a
seguinte redação:
“ART. 1 - Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconcei-
to de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.”
“ART. 20 - Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião
ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 1.º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos
ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 2.º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunica-
ção social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3.º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a
pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
§ 4.º Na hipótese do § 2.º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a
destruição do material apreendido.”
ART. 2 - O art. 140 do Código Penal fica acrescido do seguinte parágrafo:
“Art. 140. .............................................................................................................................................
§ 3.º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou ori-
gem:
Pena: reclusão de um a três anos e multa.”
ART. 3 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
ART. 4 - Revogam-se as disposições em contrário, especialmente o art. 1.º da Lei n.º 8.081, de 21
de setembro de 1990, e a Lei n.º 8.882, de 3 de junho de 1994.

Brasília, 13 de maio de 1997; 176º da Independência e 109º de República


Fernando Henrique Cardoso
99 Milton Seligman
LEI Nº 1.784 DE 24 DE NOVEMBRO DE 1.997

Fixa horários para realização de concursos e exames no Distrito Federal


ART. 1 - As provas de concursos públicos e os exames vestibulares de instituições públicas ou
privadas serão realizados no Distrito Federal no período de Domingo a Sexta-feira, ao horário
compreendido entre as oito e as dezoito horas.
§ 1º Quando inviável a promoção dos certames em conformidade com o caput, a entidade
organizadora poderá realizá-los no Sábado, devendo permitir ao candidato que alegue e prove
convicção religiosa a alternativa de realização das provas após as dezoito horas.
§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, o candidato ficará incomunicável desde o horário
regular previsto para os exames até o início do horário alternativo para ele estabelecido previamen-
te.
ART. 2 - Os estabelecimentos de ensino da rede pública e particular do Distrito Federal ficam
obrigados a abonar as faltas de alunos que, por crença religiosa estejam impedidos de frequentar as
aulas ministradas às sextas-feiras após as dezoito horas e aos sábados até as dezoito horas.
§ 1º Para beneficiar-se do disposto neste artigo, o aluno apresentará ao estabelecimento de
ensino declaração da congregação religiosa a que pertence, com firma reconhecida, atestando sua
condição de membro da Igreja.
§2º Na hipótese prevista neste artigo, o estabelecimento exigirá do aluno a realização da
tarefa alternativa que supra a falta abonada.
ART. 3 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
ART. 4 - Revogam-se as disposições em contrário.

100
LEI N.º 10.435 – DE 10 DE JULHO DE 1972

Estabelece critérios para segunda chamada de exames e provas na Rede Estadual de ensino no
Estado de São Paulo
ART. 1 - Conceder-se-á Segunda chamada de exames e provas a alunos de estabelecimentos esta-
duais de ensino secundário e normal, que, tendo faltado à primeira, a requeiram, no prazo de 8
(oito) dias, contados da data do exame ou prova, mediante a comprovação de um dos seguintes
motivos:
I – doença;
II – gala;
III – nojo;
IV – obrigações militares;
V – serviço público obrigatório;
VI – doação de sangue;
VII – motivos religiosos;
VIII – interrupção de transporte.
§ 1.º Os motivos constantes do inciso VII, se for o caso, poderão ser comprovados, de antemão, por
ocasião da matrícula do aluno.
§ 2.º A direção e o corpo docente dos estabelecimentos estaduais de ensino secundário e normal, na
organização do calendário de exames ou provas, deverão levar em considerações os impedimentos
decorrentes do inciso VII.
ART. 2 - Esta lei entrará em vigor no dia 1.º de janeiro de 1972.

101
SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL

...ART.143 - O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.


§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo
de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente
de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter
essencialmente militar.
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de
paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
• LEI Nº 8.239 - DOU 05/10/1988 191-A
Regulamenta o art. 143, §§ 1º e 2º da Constituição Federal, que dispõem sobre a Prestação de
Serviço Militar Obrigatório
ART.1 - O serviço Militar consiste no exercício de atividades específicas, desempenhadas nas
Forças Armadas - Marinha, Exército e Aeronáutica.
ART.2 - O Serviço Militar inicial tem por finalidade a formação de reservas, destinadas a atender
às necessidades de pessoal das Forças Armadas, no que se refere aos encargos relacionados com a
Defesa Nacional, em caso de mobilização.
ART.3 - O Serviço Militar inicial é obrigatório a todos os brasileiros, nos termos da lei.
§ 1º Ao Estado-Maior das Forças Armadas compete, na forma da lei e em coordenação com os
Ministérios Militares, atribuir Serviço Alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alega-
rem imperativo de consciência decorrente de crença religiosa ou de convicção filosófica ou políti-
ca, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.
§ 2º Entende-se por Serviço Alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo,
assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às atividades de caráter essencial-
mente militar.
§ 3º O Serviço Alternativo será prestado em organizações militares da ativa e em órgãos de
formação de reservas das Forças Armadas ou em órgãos subordinados aos Ministérios Civis, medi-
ante convênios entre estes e os Ministérios Militares, desde que haja interesse recíproco e, também,
sejam atendidas as aptidões do convocado.
ART.4 - Ao final do período de atividades previsto no § 2º do art.3 desta Lei, será conferido
Certificado de Prestação Alternativa ao Serviço Militar Obrigatório, com os mesmos efeitos jurídi-
cos do Certificado de Reservista.

102
§ 1º A recusa ou o cumprimento incompleto do Serviço Alternativo, sob qualquer pretexto, por
motivo de responsabilidade pessoal do convocado, implicará o não fornecimento do Certificado
correspondente, pelo prazo de dois anos após o vencimento do período estabelecido.
§ 2º Findo o prazo previsto no parágrafo anterior, o Certificado só será emitido após a decreta-
ção, pela autoridade competente, da suspensão dos direitos políticos do inadimplente, que poderá,
a qualquer tempo, regularizar sua situação mediante cumprimento das obrigações devidas.
ART.5 - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do Serviço Militar Obrigatório em tempo de
paz, sujeitos, porém, de acordo com suas aptidões, a encargos do interesse da mobilização.
ART.6 - O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas baixará, no prazo de cento e oitenta dias
após a sanção desta Lei, normas complementares à sua execução, da qual será coordenador.
ART.7 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
ART.8 - Revogam-se as disposições em contrário.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 103


PRESTAÇÃO ALTERNATIVA
AO SERVIÇO MILITAR INICIAL

CONVOCAÇÃO PARA 2002

O MINISTÉRIO DA DEFESA baixou a PORTARIA nº 111, de 13/02/2001, DOU de 19/02/


2001, que trata da convocação para o Serviço Militar Obrigatório (Inicial), e que estabelece a
condição para o SERVIÇO MILITAR ALTERNATIVO do qual transcrevemos parte, para co-
nhecimento e divulgação.
2. RECRUTAMENTO
2.4 - Condições Gerais
m. o convocado que, após alistado, alegar imperativo de consciência, entendo-se como tal o decor-
rente de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, para eximir-se de atividades de
caráter essencialmente militar, deverá ser encaminhado, normalmente, à seleção geral da classe.
Somente após ter sido considerado apto naquela seleção, receberá designação para a prestação do
Serviço Alternativo, conforme as normas reguladoras daquele Serviço;
n. ninguém será privado de direito por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cum-
prir prestação alternativa, fixada em lei (Constituição da República Federativa do Brasil, inciso
VIII, art. 5o).
2.10 - Serviço Alternativo
2.10.2 - Em MT.
b. tendo o alistado manifestado o desejo de prestar o Serviço Alternativo, o secretário deverá:
1) antes de entregar ao optante pelo Serviço Alternativo o modelo de Requerimento de Vaga para a
Prestação do Serviço Alternativo ao Serviço Militar Obrigatório e da Declaração de Imperativo de
Consciência, ler para o interessado, em voz alta, os seguintes textos:
“O NÃO CUMPRIMENTO DO SERVIÇO ALTERNATIVO OU DOS DEVERES,
OBRIGAÇÕES E DISPOSIÇÕES REFERENTES AOS OPTANTES POR ESTA
MODALIDADE DE SERVIÇO, IMPLICARÁ NA SUSPENSÃO DE SEUS DIREI-
TOS POLÍTICOS, O QUE SIGNIFICA QUE NÃO PODERÁ VOTAR, NEM SER
CANDIDATO A QUALQUER CARGO EFETIVO”;
“A DURAÇÃO DO SERVIÇO ALTERNATIVO É DE 18 MESES, PORTANTO, 6
MESES A MAIS DO QUE O SERVIÇO MILILTAR OBRIGATÓRIO”; e

104
“EM QUALQUER OCASIÃO, PODERÁ APRESENTAR UM REQUERIMENTO
PARA PRESTAR O SERVIÇO MILITAR, PASSANDO A CONCORRER À PRIMEI-
RA SELEÇÃO GERAL QUE VIER A OCORRER. NESTE CASO, ESTARÁ DESIS-
TINDO DEFINITIVAMENTE DE PRESTAR, NO FUTURO, O SERVIÇO ALTER-
NATIVO”;
2) Preencher o Requerimento de Vaga para a prestação do Serviço Alternativo ao Serviço Militar
Obrigatório, de acordo com o modelo fornecido, a ser assinado pelo optante;
3) determinar ao alistado que preencha a Declaração de Imperativo de Consciência, de acordo com
o modelo fornecido.
2.10.3 - De acordo com o § 7º do art. 15 do RLPSA, os Comandantes de DN, RM ou COMAR
poderão, a qualquer tempo, DETERMINAR INSTAURAÇÃO DE SINDICÂNCIA OU SOLI-
CITAR DOCUMENTO, QUE BEM ESCLAREÇAM AS CONVICÇÕES DOS OPTANTES.
(NOSSO DESTAQUE PARA ATENÇÃO A ESTE DETALHE)
2.10.7 - Não será concedido adiamento do Serviço Alternativo.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 105


LEI 1.110 DE 23/05/1950 - DOU 27/05/1950.

Regula o Reconhecimento dos Efeitos Civis do Casamento Religioso


ART.1 - O casamento religioso equivalerá ao civil, se observadas as prescrições desta Lei (Consti-
tuição Federal, art.163, parágrafos 1º e 2º).
ART.2 - Terminada a habilitação para o casamento perante o oficial do registro civil (Código Civil,
artigos 180 e 182 e seu parágrafo) é facultado aos nubentes, para se casarem perante a autoridade
civil ou ministro religioso, requerer a certidão de que estão habilitados, na forma da lei civil, dei-
xando-a, obrigatoriamente, em poder da autoridade celebrante, para ser arquivada.
ART.3 - Dentro nos 3 (três) meses imediatos à entrega da certidão, a que se refere o artigo anterior
(Código Civil, art.181, § 1º), o celebrante do casamento religioso ou qualquer interessado poderá
requerer a sua inscrição, no registro público.
§ 1º A prova do ato do casamento religioso, subscrita pelo celebrante, conterá os requisitos
constantes dos incisos do art.81 do Decreto nº 4.857, de 9 de novembro de 1939, exceto o de nº 5
(Lei dos Registros Públicos).
§ 2º O oficial do registro civil anotará a entrada no prazo do requerimento e, dentro em 24 (vinte
e quatro) horas, fará a inscrição.
ART.4 - Os casamentos religiosos, celebrados sem a prévia habilitação perante oficial do registro
público, anteriores ou posteriores à presente Lei, poderão ser inscritos, desde que apresentados
pelos nubentes, com o requerimento de inscrição, a prova do ato religioso e os documentos exigi-
dos pelo art.180 do Código Civil.
Parágrafo único. Se a certidão do ato do casamento não contiver os requisitos constantes dos
incisos do art.81 do Decreto nº 4.857, de 9 de novembro de 1939, exceto o de nº 5 (Lei dos Regis-
tros Públicos), os requerentes deverão suprir os que faltarem.
ART.5 - Processada a habilitação dos requerentes e publicados os editais, na forma do disposto no
Código Civil, o oficial do registro certificará que está findo o processo de habilitação, sem nada
que impeça o registro do casamento religioso já realizado.
ART.6 - No mesmo dia, o juiz ordenará a inscrição do casamento religioso, de acordo com a prova
do ato religioso e os dados constantes do processo, tendo em vista o disposto no art.81 do Decreto
nº 4.857, de 9 de novembro de 1939 (Lei dos Registros Públicos).
ART.7 - A inscrição produzirá os efeitos jurídicos a contar do momento da celebração do casamento.
ART.8 - A inscrição no Registro revalida os atos praticados com omissão de qualquer das formali-
dades exigidas, ressalvado o disposto nos artigos 207 e 209 do Código Civil.
ART.9 - As ações, para invalidar efeitos civis de casamento religioso, obedecerão exclusivamente
aos preceitos da lei civil.
ART.10 - São derrogados os artigos 4 e 5 do Decreto-lei nº 3.200, de 19 de abril de 1941, e revogadas
a Lei nº 379, de 16 de janeiro de 1937, e demais disposições em contrário.

106
EXCERTOS DA LEI DOS REGISTROS PÚBLICOS
LEI 6015 DE 31/12/1973 - DOU 31/12/1973
REP 16/09/1975 E RET 30/10/1975
NA PARTE EM QUE SE REFERE
AO CASAMENTO CIVIL.

...ART.71 - Os nubentes habilitados para o casamento poderão pedir ao oficial que lhes forneça a
respectiva certidão, para se casarem perante autoridade ou ministro religioso, nela mencionando o
prazo legal de validade da habilitação.
ART.72 - O termo ou assento do casamento religioso, subscrito pela autoridade ou ministro que o
celebrar, pelos nubentes e por duas testemunhas, conterá os requisitos do art.70, exceto o 5.
ART.73 - No prazo de 30 (trinta) dias a contar da realização, o celebrante ou qualquer interessado
poderá, apresentando o assento ou termo do casamento religioso, requerer-lhe o registro ao oficial
do cartório que expediu a certidão.
§ 1º O assento ou termo conterá a data da celebração, o lugar, o culto religioso, o nome do
celebrante, sua qualidade, o cartório que expediu a habilitação, sua data, os nomes, profissões,
residências, nacionalidades das testemunhas que o assinarem e os nomes dos contraentes.
§ 2º Anotada a entrada do requerimento, o oficial fará o registro no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas.
§ 3º A autoridade ou ministro celebrante arquivará a certidão de habilitação que lhe foi apresen-
tada, devendo, nela, anotar a data da celebração do casamento.
ART.74 - O casamento religioso, celebrado sem a prévia habilitação perante o oficial de registro
público, poderá ser registrado desde que apresentados pelos nubentes, com o requerimento de
registro, a prova do ato religioso e os documentos exigidos pelo Código Civil, suprindo eles even-
tual falta de requisitos no termo da celebração.
Parágrafo único. Processada a habilitação com a publicação dos editais e certificada a inexistência
de impedimentos, o oficial fará o registro do casamento religioso, de acordo com a prova do ato e
os dados constantes do processo, observado o disposto no art.70.
ART.75 - O registro produzirá efeitos jurídicos a contar da celebração do casamento.

107
MODELOS DE REQUERIMENTOS E OUTROS

EXMO SR. DIRETOR DA ESCOLA ESTADUAL DE 1.º e 2.º GRAUS


JOSÉ AMARO RODRIGUES

Cleunice Cardoso Machado Moraes, brasileira, casada, auxiliar de limpeza, portadora da Cédula
de Identidade com RG. n.º 22.154.112 (SSP/SP), residente à Rua Biagio Mauro, n.º 316, Parque
Residencial Itamarati, nesta cidade de Artur Nogueira, SP, aluna regularmente matriculada no 1.º
Colegial, nesta conceituada escola, VEM, mui respeitosamente ante V.S.ª, nos termos dos incisos
VI e VIII do art. 5.º da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de
outubro de 1988, REQUERER que digne-se facultar à requerente a prestação alternativa de seus
deveres escolares como preceituam os dispositivos constitucionais supra, posto que a requerente é
membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia e tem adotado a santidade do dia de sábado desde o
por do sol da sexta-feira até o ocaso no sábado, separando-o exclusivamente para cultuar ao Cria-
dor, como um imperativo de consciência religiosa.

Termos em que
Pede e Espera Deferimento
São Paulo, 21 de maio de 1999

Cleunice Cardoso Machado Moraes

108
ILMO. SR. PROFESSOR VICENTE DI GRADO
DD. DIRETOR DA FACULDADE DE BELAS ARTES DE SÃO PAULO

___________________________________, aluna da ____________________ Série/Ano, vem mui


respeitosamente expor as razões em que fundamenta sua solicitação de lhe ser deferido, por extre-
ma equidade, a justificativa de seu não comparecimento às aulas e provas nos dias de Sábado.
A peticionária é cristã fundamentalista, criacionista, aceitando como única norma de fé e
doutrina, os dogmas, princípios e ensinos exarados na Sagrada Escritura. Razão porque adotou em
sua profissão de fé e batismo, manter obediência e fidelidade aos preceitos, ordenanças e princípi-
os outorgados por Deus, como revelação de seu amor e interesse pelo bem estar da humanidade,
através de Sua Palavra. A inspiração da conduta e a motivação para sua adoção encontram-se
amparadas nos seguintes preceitos bíblicos, entre outros similares:
“...e abençoou Deus o dia sétimo e o santificou...porque nele descansou de toda a Sua
obra...” Gênesis 2:3.
“Lembra-te do dia do Sábado, para o santificar, seis dias trabalharás e farás toda a tua obra,
mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus. Nele não farás obra alguma... portanto abençoou
o Senhor o dia de Sábado e o santificou.” Êxodo 20:8-10.
“Se desviares o teu pé de profanar o Sábado e de fazer a tua vontade no Meu santo dia...nem
pretendendo fazer a tua vontade nem falar as tuas próprias palavras...Então...te sustentarei com a
herança de teu pai Jacó;...” Isaías 58:13,14.
“Santificai os Meus sábados, pois servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu
sou o Senhor vosso Deus.” Ezequiel 20:20
“...Assim o Filho do Homem, até do Sábado é Senhor...” Marcos 2:28.
“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos...”. João 13:15.
“...disse Jesus...se alguém Me ama, guardará a Minha Palavra; quem não me ama, não guar-
dará Minha Palavra...”. João 24:3.
“Aqui está a paciência dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e tem a fé de
Jesus.” Apocalipse 12:17.
“Aquele que guardar toda a lei e tropeçar num só ponto, tornou-se culpado de todos.” Tiago
2:10.
Por aceitar a Bíblia como sua única regra de fé e prática, a requerente se dedica à guarda do
Santo Sábado, como prescrito pelo seu Deus e Criador. A Escritura ensina claramente que o Dia
Santo deve ser guardado do pôr-do-sol de Sexta-feira ao pôr-do-sol de Sábado. E, nele, diz a Bíblia
– não farás obra alguma...nem fazer a tua própria vontade... nem falar as tuas próprias pala-
vras...!

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 109


Nasceu aí o costume adotado pela aluna, desde sua infância de dedicar as horas do Sábado
para louvor e adoração a Deus, com estudo e meditação sobre Sua Palavra, Seu amor, Sua salvação
e Redenção, quer em seu lar como com os demais membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
É a guarda do Sábado uma questão de fé. Uma questão de opção pessoal adotada no fundo de
sua consciência, como um sagrado voto para com o Ser Supremo. Supera a guarda do Sábado uma
simples questão de crença ou obediência a dogma de uma determinada religião. É a questão da
guarda do Sábado, uma magna decisão entre o indivíduo e o seu Deus, o seu Criador, o seu Reden-
tor. É uma decisão a ser tomada no íntimo da consciência.
O espaço da liberdade religiosa não se circunscreve ao próprio indivíduo. A natureza social
humana leva consigo, incluso, a associação neste terreno, por ser o santuário das relações pessoais
do homem com seu Deus, Criador e Redentor. A liberdade de consciência religiosa surge como a
concretização das liberdades de pensamento nas relações com o Ser Absoluto.
É certo ser a liberdade de consciência religiosa a faculdade interior que exige espaços exteri-
ores de liberdade para a associação e a expressão. Por isso deve interessar ao Estado, em seu
ordenamento, garantir a liberdade religiosa, tanto na esfera pessoal como na social, na família e na
sociedade. A plena liberdade religiosa da pessoa humana se materializa em dois âmbitos distintos:
•na comunidade religiosa, o da liberdade dentro das igrejas e;
•na sociedade civil, a LIBERDADE DENTRO DO ESTADO.
Por ocasião do 30º aniversário da ONU, o Papa João Paulo II, em mensagem enviada ao Sr.
Secretário Geral, enalteceu e destacou que nos direitos e deveres que, indiscutivelmente,
estão na base da dignidade humana, tem que ser priorizada a liberdade maior:
“...Quero me referir sobre a questão da liberdade religiosa que é a base de todas as demais
liberdades, que está inseparavelmente unida a todas elas em razão, precisamente, de ser
esta dignidade que constitui a pessoa humana...
Queria solenemente que, para todos e por todos...a liberdade religiosa seja respeitada a todos,
e a cada indivíduo, e a todos os povos...”.
O direito fundamental que assegura a toda a pessoa o princípio da INVIOLABILIDADE da
liberdade de consciência, está consubstanciada na Declaração Universal dos Direitos do Ho-
mem; no texto do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e do Pacto Internacio-
nal sobre Direitos Econômicos (aprovados pela XXIª Assembléia Geral das Nações Unidas);
na Declaração sobre Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e Discriminação por
Causa de Religião ou Crença (aprovada por unanimidade, em 25 de novembro de 1981, pela
Câmara Legislativa das Nações Unidas).
Para estes organismos internacionais, o conceito fundamental que reflete a essência da liber-
dade de consciência e religiosa, IMPLICA:
• um profundo respeito à liberdade de consciência dos demais, quer sejam representados pela
maioria ou minoria do agrupamento social; o direito de crer, professar, de ensinar e de viver
suas convicções sem nenhum impedimento exterior, não poderá servir de escusa para dene-
grir, atacar livremente igrejas ou seus adeptos, estimulando preconceitos ou ferindo a digni-
dade do próximo;

110 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


• no respeito da transcendência, do caráter absoluto e da soberania de Deus; o que pressupõe
poder a liberdade de Deus que atuar no ser humano; de responder este, unicamente no foro
íntimo de sua consciência perante o Ser Supremo por suas crenças, convicções e sua
exteriorização;
• no impedimento da sociedade e do próprio Estado imiscuir-se nas convicções religiosas de
seus cidadãos, atuando como fator limitante, capaz de restringir direitos individuais ou redu-
zir ao silêncio, à opressão moral ou interior os crentes de qualquer confissão religiosa.
A inviolabilidade da liberdade de consciência, de crença e culto, como direito fundamental,
universalmente consagrado, foi protegido pelo constituinte na elaboração da Lei Maior em
1988. Insculpiu-a no Artigo 5º, VI, ao dispor:
“VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença...”.
Consagra o absoluto respeito, reconhece a intocabilidade, a inviolabilidade da liberdade de
consciência, não sujeitando-a a parâmetros, conceitos ou restrições de qualquer natureza. O
constituinte, na questão de “consciência” adotou o princípio absoluto do respeito e acata-
mento à sua invocação.
Face à justificativa aqui exposta, espera e confia a aluna, no espírito de solidariedade humana
de V.S., que se manifestará, certamente, no deferimento do pedido submetido à sua elevada
apreciação, que promoverá e respeitará o sagrado direito da solicitante em poder vivenciar os
ditames e convicções de sua consciência, além de permitir que possa livremente e sem coa-
ções reverenciar e prestar culto a seu Deus através da santificação e guarda do Santo Sábado.
Respeitosamente,

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 111


ILMO(A) SR(A). DIRETOR(A) DO(A)

(Nome da Escola)_________________________________________________________________
(Cidade, Estado)_________________________________________________________________

(Curso, Período, Série)____________________________________________________________

DECLARAÇÃO

Declaramos para os devidos fins, que _____________________________________, filho(a) de


___________________________________________________, residente à (endereço completo,
cidade, estado) aluno(a) deste conceituado Estabelecimento de Ensino, sente-se impossibilitado(a),
por motivo de convicção pessoal e religiosa, de exercer quaisquer atividades profissionais ou aca-
dêmicas, no período que se encontra entre o pôr-do-sol de Sexta-feira ao pôr-do-sol de Sábado,
pois por livre arbítrio guarda o Sábado bíblico, preceituado na Sagrada Escritura.
Por ser membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o(a) referido(a) aluno(a) solicita a V. Excia. Se
digne a atendê-lo(a) dando-lhe a oportunidade de realizar as provas que serão realizadas no Sába-
do, em uma data posterior.
Certos de vosso liberal espírito de boa vontade em atender à solicitação deste(a) aluno(a), expres-
samos nossos sinceros e profundos agradecimentos.

(nome do Departamental de)


Diretor do Departamento de Deveres Cívicos e
Liberdade Religiosa da
Igreja Adventista do Sétimo Dia
(nome da Associação/Missão)

112 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


ILMO. SR. OFICIAL DO CARTÓRIO DO REGISTRO CIVIL DE
PESSOAS NATURAIS DE ARTUR NOGUEIRA

JOSÉ CARVALHO DA SILVA, brasileiro, casado, religioso, portador da Cédula de Identidade


com RG nº. 9.678.436-8/SSP-SP, residente e domiciliado à Av. José Bonifácio, 493, nesta cidade,
na qualidade de Ministro de Confissão Religiosa da Igreja Adventista do Sétimo Dia e com base no
§ 2º. do Art. 226 da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro
de 1988, Lei nº. 1110 de 23 de maio de 1950 e Arts. 71 a 75 da Lei nº. 6015 de 31 de dezembro de
1973, VEM, mui respeitosamente diante de V.Sa. para REQUERER que digne-se a providenciar
os procedimentos de rotina, para celebração do casamento do Sr. Mário Otávio da Costa com a Sta.
Lourdes Ribeiro de Souza, em ato religioso a ser celebrado no templo da Igreja Adventista do
Sétimo Dia do Jardim Rezek II, localizado à Av. Profª. Magdalena Sanseverino Grosso, 850, para
que produza os efeitos civis pretendidos, expedindo a competente “Certidão de Habilitação”, após
cumprida as formalidades do art. 180 da Lei nº. 3071 de 1º. de janeiro de 1916, corrigida pela Lei
nº. 3725 de 15 de janeiro de 1919.

Termos em que

Pede e Aguarda Deferimento

Artur Nogueira/SP, 12 de setembro de 1999.

José Carvalho da Silva


Ministro de Confissão Religiosa da
Igreja Adventista do Sétimo Dia

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 113


(DADOS QUE DEVEM CONSTAR NO “PROCLAMAS”)

EDITAL DE PROCLAMAS - (sugestivo)

JOSÉ DE CARVALHO DA SILVA, Ministro de Confissão Religiosa da Igreja Adventista do Séti-


mo Dia, usando dos poderes que lhe são confiados pela Ordenação ao Santo Ministério e com
fundamento no § 2º. do art. 226 da Constituição da República Federativa do Brasil, combinado
com a Lei nº. 1110/50 e com os arts. 71 a 75 da Lei nº. 6015/73, faz saber que no dia 30 de junho de
1999, neste templo, será celebrado a Cerimônia de Casamento Religioso com efeito Civil de Mário
Otávio da Costa, brasileiro, solteiro, contador, domiciliado na Rua Jesuíno Maciel, 743, nesta cida-
de, natural de Caxias-MA, nascido aos 18 dias do mês de setembro de 1970, filho de Jessé Ribeiro
Costa e de Maria de Jesus Costa, com Lourdes Ribeiro Souza, brasileira, solteira, professora,
domiciliada na Av. Andrade Neves, 347, nesta cidade, natural de Cratos-CE, nascida aos 25 dias do
mês de agosto de 1971, filha de Themistocles André Souza e de Terezinha Christiane Souza, ha-
vendo cumpridas as formalidades legais junto ao Cartório do Registro Civil de Pessoas Naturais,
de Artur Nogueira, pelo que, havendo qualquer impedimento que seja do conhecimento de quem
dos termos deste edital ficar ciente, oponha-o munido de provas, até quinze dias da data da sua
afixação.

Artur Nogueira, 12 de fevereiro de 1999.

José Carvalho da Silva


Ministro de Confissão Religiosa da
Igreja Adventista do Sétimo Dia

114 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


ILMO. SR. OFICIAL DO CARTÓRIO DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS
NATURAIS DE ARTUR NOGUEIRA

JOSÉ CARVALHO DA SILVA, casado, religioso, portador da Cédula de Identidade com Rg nº.
9.678.436/81/SSP-SP, residente e domiciliado à Av. José Bonifácio, nesta cidade, na qualidade de
Ministro de Confissão Religiosa da Igreja Adventista do Sétimo Dia, havendo celebrado, em ato
religioso, a cerimônia de casamento do Sr. Mário Otávio da Costa com Sra. Lourdes Ribeiro de
Souza Costa, com base no § 2º. do art. 226 da Constituição da República Federativa do Brasil,
promulgada em 05 de outubro de 1988, VEM, mui respeitosamente, diante de V.Sa., para RE-
QUERER, nos termos do art. 73 (caput) da Lei nº. 6015 de 31 de dezembro de 1973, alteradas
pelas Leis nºs. 6140/74 e 6216/75, o assento do casamento dos acima referidos, pelo que anexa o
“Termo de Casamento Religioso”, com as informações de praxe.

Termos em que
Pede e Aguarda Deferimento

Artur Nogueira, 02 de julho de 1999.

José Carvalho da Silva


Ministro de Confissão Religiosa da
Igreja Adventista do Sétimo Dia
OFICIANTE

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 115


EXMO. SR. DIRETOR DA FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DE
EMPRESAS DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

SAMUEL PEREIRA MENDES, brasileiro, solteiro, estudante, portador da Cédula de Identidade


com RG nº. 5.146.256/SSP-SP, residente à Av. Duque de Caxias, nº. 418, apartamento 706, nesta
capital, aluno regularmente matriculado no Curso de Ciências Contábeis, nesta conceituada escola,
sob prontuário nº. 18471, VEM, mui respeitosamente ante V.Sa., nos termos dos incisos VI e VIII
do art. 5º. da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de
1988, REQUERER que digne-se facultar ao requerente prestar exame de Estrutura e Análise de
Balanço marcado para o dia 22 de junho, sábado, em outro dia, posto que o requerente é membro
da Igreja Adventista do Sétimo Dia e tem adotado conscientemente como norma bíblica de fé a
santidade do dia do sábado desde o pôr-do-sol da sexta-feira até o ocaso no sábado, separando
exclusivamente para cultuar ao Criador, como um imperativo de consciência religiosa.

Termos em que

Pede e Aguarda Deferimento

São Paulo, 12 de julho de 1.999.

Samuel Pereira Mendes


.

PS.: ANEXAR DECLARAÇÃO DO PASTOR.

116 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


ILMO. SR. DIRETOR ADMINISTRATIVO DA INDÚSTRIA E
COMÉRCIO J. J. RIBEIRO S.A.

ANTÔNIO CARLOS MACHADO, brasileiro, casado, eletricista de manutenção, portador da


CTPS n.º 52427, Série 142, residente à R. Javali, 34, bairro de Engenho de Fora, nesta cidade,
funcionário desta conceituada empresa desde 14/02/1978, VEM, diante de V.Sa. nos termos dos
incisos VI e VIII do art. 5.º combinado com o inciso XIII do art. 7.º da Constituição da República
Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, § 2º. e caput do art. 59 do Decreto-Lei
n.º 5452 de 1º. de maio de 1943 - CLT, REQUERER lhe seja facultado celebrar convenção indivi-
dual em aditamento a seu contrato de trabalho para compensação das horas da jornada do dia do
sábado, em acréscimo às jornadas dos demais dias da semana, por razões de consciência religiosa,
havendo abraçado a fé e os princípios bíblicos adotados como regra de fé pelos Adventistas do
Sétimo Dia, especialmente no tocante à observância da santidade do dia do sábado, separando-o
desde o pôr-do-sol da sexta-feira até o mesmo ocaso no dia do sábado exclusivamente ao Senhor
Deus, dedicando-se aos serviços religiosos de sua igreja, em respeito ao Criador.
Reafirmo ainda meu desejo de continuar servindo a esta empresa, como o fiel obreiro e cumpridor
das obrigações, como sempre foi meu procedimento.

Termos em que

Pede e Aguarda Deferimento

Cuiabá, 12 de setembro de 1999.

Antônio Carlos Machado


CTPS n.º 52427 / Série 142

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 117


(PARA ANEXAR AO REQUERIMENTO PARA SERVIÇO MILITAR
ALTERNATIVO)

DECLARAÇÃO

LUIZ CARLOS DE MELO, brasileiro, casado, religioso, portador da Cédula de Identidade, com
RG nº. 3.582.934/7/SSP-MT, residente à R. Basílio da Gama, nº. 784, em Goiânia-GO, na qualida-
de de Ministro de Confissão Religiosa da Igreja Adventista do Sétimo Dia, sob as penas da lei,
DECLARO, a quem possa interessar e especialmente para fins do § 1º. do art. 143, combinados
com os incisos VI e VIII do art. 5º. ambos da Constituição da República Federativa do Brasil
promulgada em 05 de outubro de 1988 que MANOEL RODRIGUES LIMA, portador da Cédula
de Identidade com RG nº. 6.482.975-4/SSP-SP, é um fiel membro da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, tendo abraçado a fé e os princípios bíblicos adotados por sua igreja, especialmente quanto à
observância da santidade do dia do sábado, separando-o desde o pôr-do-sol da sexta-feira até o
mesmo ocaso no dia do sábado exclusivamente ao Senhor Deus, e que por um imperativo de cons-
ciência religiosa reserva-se o direito de dedicar este Santo dia às atividades religiosas, em respeito
ao Criador.

Goiânia/GO, 12 de setembro de 1999.

Luis Carlos de Melo


Ministro de Confissão Religiosa da
Igreja Adventista do Sétimo Dia

118 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


EXMO. SR. COMANDANTE DA JUNTA DE ALISTAMENTO
MILITAR DAS FORÇAS ARMADAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Manoel Rodrigues de Lima, brasileiro, solteiro, estudante, portador da Cédula de Identidade com
RG n.º 6.482.975 SSP/SP, residente à Rua Amador dos Reis, 351, Jardim Bela Vista, Osasco, SP, V
E M à presença de V. Ex.a, com fundamento no § 1º do art. 143 da Constituição da República
Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, e regulamentado pela Lei 8239 de 04
de outubro de 1991, REQUERER a prestação do “SERVIÇO MILITAR ALTERNATIVO” previs-
to nos citados dispositivos legais, em decorrência de crença religiosa, e ser membro regular da
Igreja Adventista do Sétimo Dia e haver adotado como regra de fé os princípios Bíblicos quanto a
santidade do dia de sábado, pelo que anexa declaração, informando ainda, que possui habilidades
na área de computação.
O Requerente coloca-se à disposição para trabalhos em qualquer dia ou hora da semana, exceto o
período identificado por razões de consciência, amparado que está, além do citado dispositivo,
também, nos incisos VI e VIII do Art. 5º, do capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais da
mesma Carta Magna.
Requer ainda a suspensão de qualquer sanção disciplinar decorrente do não comparecimento ao
serviço no período identificado como “Sábado Bíblico”, por manifesta infringência aos elencados
dispositivos constitucionais.

Termos em que

Pede e Espera deferimento

Osasco, 12 de setembro de 1999

Manoel Rodrigues de Lima


Alistamento Militar n.º 524.197, Série Q
14º CSM - 2º RM - ME

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 119


ILMO. SR. OFICIAL COMANDANTE DO 26º. BATALHÃO DE
INFANTARIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO

BENEDITO COELHO RODRIGUES, brasileiro, solteiro, em cumprimento de Serviço Militar


Obrigatório, locado na Companhia de Comando e Serviços, desta conceituada corporação, SD nº.
677, VEM, mui respeitosamente ante V.Sa., com fundamento nos incisos VI e VIII do art. 5º.,
combinado com o art. 143 e seu § 1º., da Constituição da República Federativa do Brasil, promul-
gada em 05 de outubro de 1991, combinado com o disposto na Lei 8.239 de 04 de outubro de 1.991,
REQUERER dispensa da prestação de serviço aos sábados, por motivo de crença religiosa, posto
que, tendo abraçado a fé e os princípios bíblicos quanto a santidade do sábado, adotados pela Igreja
Adventista do Sétimo Dia, separando-o exclusivamente para cultuar o Criador, desde o pôr-do-sol
da sexta-feira até o ocaso do dia do sábado, conforme mandamento bíblico e imperativo de consci-
ência religiosa, deseja dedicá-lo ao Senhor, com norma de fé, pelo que anexa declaração.

Termos em que

Pede e Aguarda Deferimento

Paragominas/TO, 12 de setembro de 1999.

Benedito Coelho Rodrigues


SD 677 – CCS – 26.º BI - ME

PS.: ANEXAR DECLARAÇÃO DO PASTOR.

120 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


DECRETO Nº 4 – DE 19 DE NOVEMBRO DE 1889

Estabelece os distinctivos da bandeira e das armas nacionais, e dos sellos e sinetes da República.
O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brazil:
Considerando que as côres da nossa antiga bandeira recordam as luctas e as victórias glo-
riosas do Exército e da Armada na defesa da pátria;
Considerando, pois, que essas côres, independentemente da forma de governo, symbolisam a
perpetuidade e integridade da Pátria entre as outras nações:
Decreta:
Art. 1º A bandeira adaptada pela República mantém a tradição das antigas côres
nacionaes – verde e amarella – do seguinte modo: um losango amarello em campo verde, tendo no
meio a esphera celeste azul, atravessada por uma zona branca, em sentido oblíquo e descendente
da esquerda para a direita, com a legenda -–Ordem e Progresso – e ponteada por vinte e uma
estrellas, entre as quaes a da constellação do Cruzeiro, disposta na sua situação astronomica,
quanto à distancia e ao tamanho relativos, representando os vinte Estados da República e o Muni-
cípio Neutro; tudo segundo o modelo debuxado no anexxo n. 1.
Art. 2º As armas nacionais serão as que se ligaram na estampa annexa n. 2.
Art. 3º Para os sellos e sinetes da República servirá de symbolo a esphera celeste, qual
se debuxa no centro da bandeira, tendo em volta as palavras – República dos Estados Unidos do
Brazil.
Art. 4º Ficam revogadas as disposições em contrário.
Sala das sessões do Governo Provisório, 19 de novembro de 1889, 1º da República.
Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório. - Q. Bocayuva.
– Aristides da Silveira Lobo. – Ruy Barbosa. – M. Ferraz de Campos Salles. – Benjamin Constant
Botelho de Magalhães. – Eduardo Wandenkolk.

121
LEI 5700 DE 01/09/1971 - DOU 02/09/1971

Dispõe sobre a forma e a apresentação dos Símbolos Nacionais, e dá outras providências.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
Disposição Preliminar

ART.1 - São Símbolos Nacionais:


I - a Bandeira Nacional;
II - o Hino Nacional;
III - as Armas Nacionais; e
IV - o Selo Nacional.
* art.1 com redação dada pela Lei nº 8.421, de 11/05/1992.
Parágrafo único. São também Símbolos Nacionais, na forma da lei que os instituiu:
I - as Armas Nacionais;
II - o Selo Nacional.

CAPÍTULO II
Da Forma dos Símbolos Nacionais

SEÇÃO I
Dos Símbolos em Geral
ART.2 - Consideram-se padrões dos Símbolos Nacionais os modelos compostos de conformidade
com as especificações e regras básicas estabelecidas na presente Lei.
SEÇÃO II
Da Bandeira Nacional
ART.3 - A Bandeira Nacional, adotada pelo Decreto nº 4, de 19 de novembro de 1889, com as
modificações da Lei nº 5.443, de 28 de maio de 1968, fica alterada na forma do Anexo I desta Lei,
devendo ser atualizada sempre que ocorrer a criação ou a extinção de Estados.
* art.3, “caput”, com redação dada pela Lei nº 8.421, de 11/05/1992.
§ 1º As constelações que figuram na Bandeira Nacional correspondem ao aspecto do céu, na
cidade do Rio de Janeiro, às 8 horas e 30 minutos do dia 15 de novembro de 1889 (doze horas
siderais) e devem ser consideradas como vistas por um observador situado fora da esfera celeste.

122
* § 1º com redação dada pela Lei nº 8.421, de 11/05/1992.
§ 2º Os novos Estados da Federação serão representados por estrelas que compõem o aspecto
celeste referido no parágrafo anterior, de modo a permitir-lhes a inclusão no círculo azul da Ban-
deira Nacional sem afetar a disposição estética original constante do desenho proposto pelo Decre-
to nº 4, de 19 de novembro de 1889.
* § 2º com redação dada pela Lei nº 8.421 de 11/05/1992.
§ 3º Serão suprimidas da Bandeira Nacional as estrelas correspondentes aos Estados extintos,
permanecendo a designada para representar o novo Estado, resultante de fusão, observado, em
qualquer caso, o disposto na parte final do parágrafo anterior.
• § 3º com redação dada pela Lei nº 8.421, de 11/05/1992.
ART.5 - A feitura da Bandeira Nacional obedecerá às seguintes regras
I - Para cálculo das dimensões, tomar-se-á por base a largura desejada, dividindo-se esta em 14
(quatorze) partes iguais. Cada uma das partes será considerada uma medida ou módulo.
II - O comprimento será de vinte módulos (20 M).
III - A distância dos vértices do losango amarelo ao quadro externo será de um módulo e sete
décimos (1,7 M).
IV - O círculo azul no meio do losango amarelo terá o raio de três módulos e meio (3,5 M).
V - O centro dos arcos da faixa branca estará dois módulos (2 M) à esquerda do ponto do
encontro do prolongamento do diâmetro vertical do círculo com a base do quadro externo (ponto C
indicado no Anexo número 2).
VI - O raio do arco inferior da faixa branca será de oito módulos (8M); o raio do arco superior da
faixa branca será de oito módulos e meio (8,5 M).
VII - A largura da faixa branca será de meio módulo (0,5 M).
VIII - As letras da legenda Ordem e Progresso serão escritas em cor verde. Serão colocadas no
meio da faixa branca, ficando, para cima e para baixo, um espaço igual em branco. A letra P ficará
sobre o diâmetro vertical do círculo. A distribuição das demais letras far-se-á conforme a indicação
do Anexo número 2. As letras da palavra Ordem e da palavra Progresso terão um terço de módulo
(0,33 M) de altura. A largura dessas letras será de três décimos de módulo (0,30 M). A altura da
letra da conjunção E será de três décimos de módulo (0,30 M). A largura dessa letra será de um
quarto de módulo (0,25 M).
IX - As estrelas serão de 5 (cinco) dimensões: de primeira, segunda, terceira, quarta e quinta
grandezas. Devem ser traçadas dentro de círculos cujos diâmetros são: de três décimos de módulo
(0,30 M) para as de primeira grandeza; de um quarto de módulo (0,25 M) para as de segunda
grandeza; de um quinto de módulo (0,20 M) para as de terceira grandeza; de um sétimo de módulo
(0,14 M) para as de quarta grandeza; e de um décimo de módulo (0,10 M) para a de quinta grande-
za.
X - As duas faces devem ser exatamente iguais, com a faixa branca inclinada da esquerda para
a direita (do observador que olha a faixa de frente), sendo vedado fazer uma face como avesso da
outra.
ART.6 - O Hino Nacional é composto da música de Francisco Manoel da Silva e do poema de
Joaquim Osório Duque Estrada, de acordo com o que dispõem os Decretos número 171, de 20 de
janeiro de 1890, e número 15.671, de 6 de setembro de 1922.
Parágrafo único. A marcha batida, de autoria do mestre de música Antão Fernandes, integrará as
instrumentações de orquestra e banda, nos casos de execução do Hino Nacional, mencionados no

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 123


inciso I do art.25 desta Lei, devendo ser mantida e adotada adaptação vocal, em fá maior, do
maestro Alberto Nepomuceno.
ART.7 - As Armas Nacionais são as instituídas pelo Decreto nº 4, de 19 de novembro de 1889 com
a alteração feita pela Lei nº 5.443, de 28 de maio de 1968 .
ART.8 - A feitura das Armas Nacionais deve obedecer à proporção de 15
(quinze) de altura por 14 (quatorze) de largura e atender às seguintes disposições:
I - O escudo redondo será constituído em campo azul-celeste, contendo cinco estrelas de prata,
dispostas na forma da constelação Cruzeiro do Sul, com a bordadura do campo perfilada de ouro,
carregada de estrelas de prata em número igual ao das estrelas existentes na Bandeira Nacional.
* Inciso I com redação dada pela Lei nº 8.421, de 11/05/1992.
II - O escudo ficará pousado numa estrela partida-gironada, de 10 (dez) peças de sinopla e ouro,
bordada de 2 (duas) tiras, a interior de goles e a exterior de ouro.
III - O todo brocante sobre uma espada, em pala, empunhada de ouro, guardas de blau, salvo a
parte do centro, que é de goles e contendo uma estrela de prata figurará sobre uma coroa formada
de um ramo de café frutificado, à destra, e de outro de fumo florido, à sinistra, ambos da própria
cor, atados de blau, ficando o conjunto sobre um resplendor de ouro, cujos contornos formam uma
estrela de 20 (vinte) pontas.
IV - Em listel de blau, brocante sobre os punhos da espada, inscrever-se-á, em ouro, a legenda
República Federativa do Brasil, no centro, e ainda as expressões “15 de Novembro”, na extremida-
de destra, e as expressões “de 1899”, na sinistra.
ART.9 - O Selo Nacional será constituído, de conformidade com o Anexo número 9, por um círcu-
lo representando uma esfera celeste, igual ao que se acha no centro da Bandeira Nacional, tendo em
volta as palavras República Federativa do Brasil. Para a feitura do Selo Nacional observar-se-á o
seguinte:
I - Desenham-se 2 (duas) circunferências concêntricas, havendo entre os seus raios a proporção
de 3 (três) para 4 (quatro).
II - A colocação das estrelas, da faixa e da legenda Ordem e Progresso no círculo interior obede-
cerá às mesmas regras estabelecidas para a feitura da Bandeira Nacional.
III - As letras das palavras República Federativa do Brasil terão de altura um sexto do raio do
círculo interior, e, de largura, um sétimo do mesmo raio.

CAPÍTULO III
Da Apresentação dos Símbolos Nacionais

ART.10 - A Bandeira Nacional pode ser usada em todas as manifestações do sentimento patriótico
dos brasileiros, de caráter oficial ou particular.
ART.11 - A Bandeira Nacional pode ser apresentada:
I - Hasteada em mastro ou adriças, nos edifícios públicos ou particulares, templos, campos de
esporte, escritórios, salas de aula, auditórios, embarcações, ruas e praças, e em qualquer lugar em
que lhe seja assegurado o devido respeito.
II - Distendida e sem mastro, conduzida por aeronaves ou balões, aplicada sobre a parede ou
presa a um cabo horizontal ligando edifícios, árvores, postes ou mastros.

124 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


III - Reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças, veículos e aeronaves.
IV - Compondo, com outras bandeiras, panóplias, escudos ou peças semelhantes.
V - Conduzida em formaturas, desfiles, ou mesmo individualmente.
VI - Distendida sobre ataúdes, até a ocasião do sepultamento.
ART.12 - A Bandeira Nacional estará permanentemente no topo de um mastro especial plantado na
Praça dos Três Poderes de Brasília, no Distrito Federal, como símbolo perene da Pátria e sob a
guarda do povo brasileiro.
§ 1º A substituição dessa Bandeira será feita com solenidades especiais no 1º domingo de cada
mês, devendo o novo exemplar atingir o topo do mastro antes que o exemplar substituído comece
a ser arriado.
§ 2º Na base do mastro especial estarão inscritos exclusivamente os seguintes dizeres:
“Sob a guarda do povo brasileiro, nesta Praça dos Três Poderes, a Bandeira sempre no alto -
visão permanente da Pátria”.
ART.13 - Hasteia-se diariamente a Bandeira Nacional:
I - No Palácio da Presidência da República e na residência do Presidente da República.
II - Nos edifícios-sede dos Ministérios.
III - Nas Casas do Congresso Nacional.
IV - No Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores, nos Tribunais Federais de Recur-
sos e nos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
* Inciso com redação dada pela Lei nº 5.812, de 13/10/1972.
V - Nos edifícios-sede dos poderes executivo, legislativo e judiciário dos Estados, Territórios e
Distrito Federal.
VI - Nas Prefeituras e Câmaras Municipais.
VII - Nas repartições federais, estaduais e municipais situadas na faixa de fronteira.
VIII - Nas Missões Diplomáticas, Delegações junto a Organismos Internacionais e Repartições
Consulares de carreira, respeitados os usos locais dos países em que tiverem sede.
IX - Nas unidades da Marinha Mercante, de acordo com as Leis e Regulamentos da navegação,
polícia naval e praxes internacionais.
ART.14 - Hasteia-se, obrigatoriamente, a Bandeira Nacional, nos dias de festa ou de luto nacional,
em todas as repartições públicas, nos estabelecimentos de ensino e sindicatos.
Parágrafo único. Nas escolas públicas ou particulares, é obrigatório o hasteamento solene da
Bandeira Nacional, durante o ano letivo, pelo menos uma vez por semana.
ART.15 - A Bandeira Nacional pode ser hasteada e arriada a qualquer hora do dia ou da noite.
§ 1º Normalmente faz-se o hasteamento às 8 horas e o arriamento às 18 horas.
§ 2º No dia 19 de novembro, Dia da Bandeira, o hasteamento é realizado às 12 horas, com
solenidades especiais.
§ 3º Durante a noite a Bandeira deve estar devidamente iluminada.
ART.16 - Quando várias bandeiras são hasteadas ou arriadas simultaneamente, a Bandeira Nacio-
nal é a primeira a atingir o tope e a última a dele descer.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 125


ART.17 - Quando em funeral, a Bandeira fica a meio-mastro ou a meia adriça. Nesse caso, no
hasteamento ou arriamento, deve ser levada inicialmente até o tope.
Parágrafo único. Quando conduzida em marcha, indica-se o luto por um laço de crepe atado
junto à lança.
ART.18 - Hasteia-se a Bandeira Nacional em funeral nas seguintes situações, desde que não coin-
cidam com os dias de festa nacional:
I - Em todo o País, quando o Presidente da República decretar luto oficial.
II - Nos edifícios-sede dos poderes legislativos federais, estaduais ou municipais, quando deter-
minado pelos respectivos presidentes, por motivo de falecimento de um de seus membros.
III - No Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores, nos Tribunais Federais de Recur-
sos, nos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e nos
Tribunais de Justiça estaduais, quando determinado pelos respectivos presidentes, pelo falecimen-
to de um de seus ministros, desembargadores ou conselheiros.
* Inciso com redação dada pela Lei nº 5.812, de 13/10/1972.
IV - Nos edifícios-sede dos Governos dos Estados, Territórios, Distrito Federal e Municípios,
por motivo do falecimento do Governador ou Prefeito. Quando determinado luto oficial pela auto-
ridade que o substituir.
V - Nas sedes de Missões Diplomáticas, segundo as normas e uso do país em que estão situadas.
ART.19 - A Bandeira Nacional, em todas as apresentações no território nacional, ocupa lugar de
honra, compreendido como uma posição:
I - Central ou a mais próxima do centro e à direita deste, quando com outras bandeiras, pavi-
lhões ou estandartes, em linha de mastros, panóplias, escudos ou peças semelhantes.
II - Destacada à frente de outras bandeiras, quando conduzida em formaturas ou desfiles.
III - À direita de tribunas, púlpitos, mesas de reunião ou de trabalho.
Parágrafo único. Considera-se direita de um dispositivo de bandeiras a direita de uma pessoa
colocada junto a ele e voltada para a rua, para a platéia ou, de modo geral, para o público que
observa o dispositivo.
ART.20 - A Bandeira Nacional, quando não estiver em uso, deve ser guardada em local digno.
ART.21 - Nas repartições públicas e organizações militares, quando a Bandeira é hasteada em
mastro colocado no solo, sua largura não deve ser maior que 1/5 (um quinto) nem menor que 1/7
(um sétimo) da altura do respectivo mastro.
ART.22 - Quando distendida e sem mastro, coloca-se a Bandeira de modo que o lado maior fique
na horizontal e a estrela isolada em cima, não podendo ser ocultada, mesmo parcialmente, por
pessoas sentadas em suas imediações.
ART.23 - A Bandeira Nacional nunca se abate em continência.
SEÇÃO II
Do Hino Nacional (artigos 24 e 25)
ART.24 - A execução do Hino Nacional obedecerá às seguintes prescrições:
I - será sempre executado em andamento metronômico de uma semínima igual a 120 (cento e
vinte).
II - É obrigatória a tonalidade de si bemol para a execução instrumental simples.

126 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


III - Far-se-á o canto sempre em uníssono.
IV - Nos casos de simples execução instrumental, tocar-se-á a música integralmente, mas sem
repetição; nos casos de execução vocal, serão sempre cantadas as duas partes do poema.
V - Nas continências ao Presidente da República, para fins exclusivos do Cerimonial Militar,
serão executados apenas a introdução e os acordes finais, conforme a regulamentação específica.
ART.25 - Será o Hino Nacional executado:
I - Em continência à Bandeira Nacional e ao Presidente da República, ao Congresso Nacional e
ao Supremo Tribunal Federal, quando incorporados; e nos demais casos expressamente determina-
dos pelos regulamentos de continência ou cerimônias de cortesia internacional.
II - Na ocasião do hasteamento da Bandeira Nacional previsto no parágrafo único do art.14.
§ 1º A execução será instrumental ou vocal de acordo com o cerimonial previsto em cada caso.
§ 2º É vedada a execução do Hino Nacional em continência, fora dos casos previstos no presente
artigo.
§ 3º Será facultativa a execução do Hino Nacional na abertura de sessões cívicas, nas cerimôni-
as religiosas a que se associe sentido patriótico, no início ou no encerramento das transmissões
diárias das emissoras de rádio e televisão, bem assim para exprimir regozijo público em ocasiões
festivas.
§ 4º Nas cerimônias em que se tenha de executar um Hino Nacional Estrangeiro, este deve, por
cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro.
SEÇÃO III
Das Armas Nacionais
ART.26 - É obrigatório o uso das Armas Nacionais:
I - No palácio da Presidência da República e na residência do Presidente da República.
II - Nos edifícios-sede dos Ministérios.
III - Nas Casas do Congresso Nacional.
IV - No Supremo Tribunal Federal, nos Tribunais Superiores e nos Tribunais Federais de Recur-
sos.
V - Nos edifícios-sede dos poderes executivo, legislativo e judiciário dos Estados, Territórios e
Distrito Federal.
VI - Nas Prefeituras e Câmaras Municipais.
VII - Na frontaria dos edifícios das repartições públicas federais.
VIII - Nos quartéis das forças federais de terra, mar e ar e das Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares, nos seus armamentos, bem como nas fortalezas e nos navios de guerra;
* Inciso VIII com redação dada pela Lei nº 8.421, de 11/05/1992.
IX - Na frontaria, ou no salão principal das escolas públicas.
X - Nos papéis de expediente, nos convites e nas publicações oficiais de nível federal.
SEÇÃO IV
Do Selo Nacional
ART.27 - O Selo Nacional será usado para autenticar os atos de governo e bem assim os diplomas
e certificados expedidos pelos estabelecimentos de ensino oficiais ou reconhecidos.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 127


CAPÍTULO IV
Das Cores Nacionais

ART.28 - Considera-se cores nacionais o verde e o amarelo.


ART.29 - As cores nacionais podem ser usadas sem quaisquer restrições, inclusive associadas a
azul e branco.

CAPÍTULO V
Do Respeito Devido à Bandeira Nacional e ao Hino Nacional

ART.30 - Nas cerimônias de hasteamento ou arriamento, nas ocasiões em que a Bandeira se apre-
sentar em marcha ou cortejo, assim como durante a execução do Hino Nacional, todos devem
tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, os civis do sexo masculino com a cabeça descoberta
e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações.
Parágrafo único. É vedada qualquer outra forma de saudação.
ART.31 - São consideradas manifestações de desrespeito à Bandeira Nacional, e portanto proibi-
das:
I - Apresentá-la em mau estado de conservação.
II - Mudar-lhe a forma, as cores, as proporções, o dístico ou acrescentar-lhe outras inscrições.
III - Usá-la como roupagem, reposteiro, pano de boca, guarnição de mesa, revestimento de
tribuna, ou como cobertura de placas, retratos, painéis ou monumentos a inaugurar.
IV - Reproduzi-la em rótulos ou invólucros de produtos expostos à venda.
ART.32 - As Bandeiras em mau estado de conservação devem ser entregues a qualquer Unidade
Militar, para que sejam incineradas no Dia da Bandeira, segundo o cerimonial peculiar.
ART.33 - Nenhuma bandeira de outra nação pode ser usada no País sem que esteja ao seu lado
direito, de igual tamanho e posição de realce, a Bandeira Nacional, salvo nas sedes das representa-
ções diplomáticas ou consulares.
ART.34 - É vedada a execução de quaisquer arranjos vocais do Hino Nacional, a não ser o de
Alberto Nepomuceno; igualmente não será permitida a execução de arranjos artísticos instrumen-
tais do Hino Nacional que não sejam autorizados pelo Presidente da República, ouvido o Ministé-
rio da Educação e Cultura.

CAPÍTULO VI - Das Penalidades (artigos 35 e 36)

ART.35 - A violação de qualquer disposição desta Lei, excluídos os casos previstos no art.44 do
Decreto-lei nº 898, de 29 de setembro de 1969, é considerada contravenção, sujeito o infrator à
pena de multa de 1 (uma) a 4 (quatro) vezes o Maior Valor de Referência vigente no País, elevada
ao dobro nos casos de reincidência.

128 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


• Redação dada pela Lei nº 6.913, de 27/05/1981.
ART.36 - O processo das infrações a que alude o artigo anterior obedecerá ao rito previsto para as
contravenções penais em geral.
ART.37 - Haverá nos Quartéis-Generais das Forças Armadas, na Casa da Moeda, na Escola Naci-
onal de Música, nas embaixadas, delegações e consulados do Brasil, nos museus históricos ofici-
ais, nos comandos de unidades de terra, mar e ar, capitanias de portos e alfândegas, e nas prefeitu-
ras municipais, uma coleção de exemplares-padrão dos Símbolos Nacionais, a fim de servirem de
modelos obrigatórios para a respectiva feitura, constituindo o instrumento de confronto para a
aprovação dos exemplares destinados à apresentação, procedam ou não da iniciativa particular.
ART.38 - Os exemplares da Bandeira Nacional e das Armas Nacionais não podem ser postos à
venda, nem distribuídos gratuitamente sem que tragam na tralha do primeiro e no reverso do se-
gundo a marca e o endereço do fabricante ou editor, bem como a data de sua feitura.
ART.39 - É obrigatório o ensino do desenho e do significado da Bandeira Nacional, bem como do
canto e da interpretação da letra do Hino Nacional em todos os estabelecimentos de ensino, públi-
cos ou particulares, dos primeiro e segundo graus.
ART.40 - Ninguém poderá ser admitido no serviço público sem que demonstre conhecimento do
Hino Nacional.
ART.41 - O Ministério da Educação e Cultura fará a edição oficial definitiva de todas as partituras
do Hino Nacional e bem assim promoverá a gravação em discos de sua execução instrumental e
vocal, bem como de sua letra declamada.
ART.42 - Incumbe ainda ao Ministério da Educação e Cultura organizar concursos entre autores
nacionais para a redução das partituras de orquestras do Hino Nacional para orquestras restritas.
ART.43 - O Poder Executivo regulará os pormenores de cerimonial referentes aos Símbolos Naci-
onais.
ART.44 - O uso da Bandeira Nacional nas Forças Armadas obedece à normas dos respectivos
regulamentos, no que não colidir com a presente Lei.
ART.45 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas a de número 5.389,
de 22 de fevereiro de 1968, a de número 5.443, de 28 de maio de 1968, e demais disposições em
contrário.

Emílio G. Médice - Presidente da República

ANEXOS

1- Desenho da Bandeira Nacional


2- Desenho modular

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 129


ANEXO Nº 1

DESENHO DA BANDEIRA NACIONAL

130
ANEXO Nº 2

DESENHO MODULAR DA BANDEIRA NACIONAL

OBS.: (1) Este desenho modular obedece ao estabelecido no artigo 5º da Lei


(2) Os números entre parenteses indicam a grandeza das estrelas.

131
A BANDEIRA BRASILEIRA

Nossa Bandeira é símbolo máximo da nacionalidade. É a imagem do Brasil. Nela se encerra


o culto ao passado, às tradições, ao patriotismo dos heróis que souberam manter nossa integridade
e soberania.
As cores da Bandeira do Brasil lembram nossas belezas de nação tropical. Contemplemos
com entusiasmo o pavilhão auriverde, sentinela de nossa autonomia, aliada aos anseios de paz,
cooperação e fraternidade, hasteado aqui, ali, atingindo os nossos limites geográficos.
Externe com orgulho o seu amor ao Brasil.

Ordem de Cristo Real (1495)

D. João IV (1640) Reino Unido de Portugal


Brasil e Algarves (1816)

D. João III (1521-1616) D. Pedro II (1669)

Constitucional (1821) Império (1822)

132
NORMAS SOBRE A APRESENTAÇÃO
DA BANDEIRA NACIONAL

• Nas escolas públicas ou particulares é obrigatório o hasteamento solene da Bandeira Nacional,


pelo menos uma vez por semana durante o ano letivo.
• A Bandeira Nacional pode ser hasteada ou arriada a qualquer hora do dia ou da noite, mas, nor-
malmente, faz-se o hasteamento às 8 horas e o arriamento às 18 horas.
• Hasteada à noite, ela deve estar sempre iluminada.

1 2 3

1 • Conduzida em desfile.
4 5
2 • Posição de descansar.
3 • Ombro armas.
4 • Em continência
5 • Saudação civil:
em pé, em silêncio, e os homens com a cabeça descoberta.

133
NORMAS E APRESENTAÇÃO DOS
SÍMBOLOS NACIONAIS

SUAS CORES
A BANDEIRA NACIONAL
Cada cor de nossa Bandeira representa uma par-
“A Bandeira é a imagem da Pátria. Devemos te de nossa Pátria, ou seja:
amá-la com carinho e reverenciá-la com digni- O verde simboliza as nossas florestas;
dade. Vamos fazê-la flutuar, altaneira e respei- O amarelo simboliza as nossas riquezas mine-
tada, para engrandecimento cívico do Brasil”. rais;
O azul simboliza o nosso céu;
A Bandeira Nacional representa o nosso céu, o O branco simboliza a paz que deve ser o fruto
nosso lar, o nosso mar, o povo brasileiro, os nos- da justiça e do amor.
sos antepassados, a nossa língua, os nossos cos-
tumes, a nossa cultura, enfim, a nossa Pátria. SUA APRESENTAÇÃO
Todos esses valores são representados e lembra- A Bandeira Nacional pode ser usada em todas
dos pela Bandeira Nacional. Por isso, ela deve as manifestações do sentimento patriótico dos
ser homenageada, respeitada e amada por todos brasileiros, de caráter oficial ou particular.
os brasileiros. A Bandeira em sua totalidade, re-
presenta a nossa Pátria, e defendê-la é uma for-
ma simbólica de defender a terra em que vive-
mos.

SUA FORMA

A Bandeira Nacional é composta por um retân-


gulo verde, formando o fundo da Bandeira, um
losango amarelo sobre o centro do retângulo
verde, uma esfera azul sobre o centro do losango
amarelo, uma faixa branca que atravessa a esfe-
ra azul, contendo os dizeres “Ordem e Progres-
so”, escritos na cor verde, e 23 estrelas brancas
espalhadas sobre a esfera azul.

1 – Ela pode ser hasteada em mastros nos edifí-


cios públicos e particulares, templos, escritóri-
os, campos de esporte, salas de aula, auditórios,
embarcações, ruas e praças e em qualquer lugar
que lhe seja assegurado o devido respeito.

134
A BANDEIRA NACIONAL TAMBÉM
PODE SER APRESENTADA:

1 – Conduzida em desfiles, formaturas, ou mes-


mo individualmente.

2 – Reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças,


veículos e aeronaves.

3 – Destacada a frente de outras bandeiras, em


desfiles ou formaturas.

4 – À direita de tribunas, púlpitos, mesas de reu-


nião ou de trabalho, desde que a mesma não te-
nha impedida a sua completa visualização.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 135


7 – Compondo, com outra bandeira.

5 – Durante a noite, a Bandeira deve estar devi-


damente iluminada.

Observações:

6 – Quando conduzida em desfiles e formatu- A pessoa que hasteia a bandeira deve estar sem-
ras, a Bandeira deverá ser mantida na posição pre de frente para o público. Sempre que houver
vertical e, em nenhuma situação, poderá ser aba- 2 mastros, a Bandeira Nacional deve ficar à di-
tida (posição horizontal) nem inclinada para a reita de quem hasteia, e à esquerda para quem
frente. estiver olhando, ou seja o “público”.

136 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


8 – Compondo com outras bandeiras. vantagem sobre as demais. Ao ser arriada, ela
deve descer mantendo a mesma distância das
outras, de modo a chegar por último ao chão.
Na composição de quatro bandeiras, a Bandeira
Nacional deve ocupar o terceiro mastro, olhan-
do da direita para a esquerda e o segundo lugar,
olhando da esquerda para a direita. Desta for-
ma, ela ocupa um lugar de destaque perante as
demais bandeiras e aproxima-se mais do centro.

Observação:
Sempre que houver 3 mastros, a Bandeira Naci-
onal deve ficar no centro das três bandeiras e a
Paulista à direita para quem estiver hasteando.
Sempre que hasteada com outras, a Bandeira Na-
cional deve subir e alcançar o topo com ligeira

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 137


DISPOSIÇÃO DE BANDEIRAS uma da entidade (por exemplo, a da E.A., que
será a última).
• Nenhuma bandeira de outra nação poderá ser
usada sem que a nacional esteja ao seu lado di- • O modo mais prático para se estabelecer a po-
reito e seja de igual tamanho, salvo nas sedes sição de cada bandeira em relação à Nacional é
das embaixadas e consulados. o seguinte:

• Num dispositivo de bandeiras (mastros ou Verifica-se o número de bandeiras que partici-


adriças), as estrangeiras deverão ser distribuí- parão do dispositivo, inclusive a nacional.
das à direita e à esquerda da nacional, por or- Se o número de bandeiras for par, a de priorida-
dem alfabética dos países. Tratando-se de ban- de 1 ficará à esquerda da nacional, a de priori-
deiras dos estados e territórios da União, a or- dade 2 à direita, alternando-se as demais à es-
dem é determinada pela constituição histórica querda e à direita.
dessas entidades, a saber: Bahia, Rio de Janeiro,
Maranhão, Pará, Pernambuco, São Paulo, Mi- Se o número de bandeiras for ímpar a de priori-
nas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do dade 1 ficará à direita da nacional, a de priorida-
Sul, Ceará, Paraíba, Espírito Santo, Piauí, Rio de 2 à esquerda, alternando-se as demais à di-
Grande do Norte, Santa Catarina, Alagoas, reita e à esquerda.
Sergipe, Amazonas, Paraná, Acre, Mato Grosso A Bandeira estrangeira só poderá ser hasteada
do Sul, Distrito Federal, Rondônia, Tocantins, e isoladamente na embaixada e/ou consulado do
territórios do Amapá, Fernando de Noronha e respectivo país.
Roraima.
Obs.: Não esquecer que direita e esquerda de
• Num dispositivo em que, além de bandeiras um dispositivo é a direita e a esquerda de uma
estrangeiras, participa a estadual, ela deverá es- pessoa colocada de costas para o prédio ou pal-
tar logo após a estrangeira de primeira priorida- co, onde estão as bandeiras, e de frente para a
de. rua, platéia ou público.
Caso participe também a municipal, esta ficará Os desenhos a seguir ilustram as diversas dis-
em última prioridade ou penúltima, se houver posições.

Duas bandeiras, podendo ser uma estrangeira.


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138 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Três bandeiras, podendo ser até as estrangeiras A e B, nesta prioridade.

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Quatro bandeiras, podendo ser até 3 estrangeiras A, B e C, nesta prioridade.


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Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 139


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Cinco bandeiras, podendo ser até 4 estrangeiras, A, B, C e D, nesta prioridade.


C

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


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Observação:
Sempre que o número de bandeiras for par, inclusive a nacional,
haverá uma bandeira a mais do lado esquerdo. A bandeira nacional
estará sempre no centro ou à direita, o mais próximo possível do
centro do prédio, palco ou qualquer local.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 141


DIAS DE LUTO Observações:

Em dias de luto nacional, todas as bandeiras de- Em dias de luto, para hastear a Bandeira Nacio-
verão ser hasteadas a meio mastro. nal a meio mastro devemos “antes” alcançar o
topo do mastro e “depois” arriá-la até o meio.

142 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


Para arriá-la em dias de luto, devemos “antes”
atingir o topo do mastro novamente e “depois”
arriá-la.

Descer até o fim do mastro, impedindo-a de to-


car o solo.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 143


DIA DA BANDEIRA 01 de maio – dia do Trabalho
07 de setembro – proclamação da Independência
19 de novembro é o “Dia da Bandeira”. Neste 15 de novembro – proclamação da República
dia ela é hasteada às 12 horas e arriada às 18 25 de dezembro – dia de Natal
horas, hasteando-se, também, todas as Bandei-
ras do dispositivo.

DIAS DE HASTEAMENTO
Outras datas:
DA BANDEIRA
- aniversário do município local, - dia de
Hasteia-se, obrigatoriamente, a Bandeira Naci- visitas oficiais (presidentes, governadores,
onal nos dias de Festa ou de Luto Nacional, em secretários, prefeitos),
todas as repartições públicas, nos estabelecimen- - dia de luto nacional (quando decretado por
tos de ensino, nas empresas de economia mista, autoridade competente).
nas autarquias e nos sindicatos. Nas escolas, pelo
menos uma vez por semana. HORÁRIO DE HASTEAMENTO

Normalmente hasteia-se a Bandeira Nacional às


DIAS DE FESTA NACIONAL 8:00 horas e arria-se às 18:00 horas.
Observação:
01 de janeiro – dia da confraternização Universal Quando a Bandeira permanecer hasteada no perí-
21 de abril – morte de Tiradentes odo noturno, deverá estar devidamente iluminada.

144 Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa


DESRESPEITO À BANDEIRA Usá-la como roupagem, pano de boca, guarni-
ção de mesa, revestimento de tribuna, ou cober-
Apresentá-la em mau estado de conservação, ras- tura de placas, retratos, painéis ou monumentos
gada, furada, descorada. a inaugurar.

Reproduzí-la em rótulos ou invólucros de pro-


dutos expostos à venda.

INCINERAÇÃO DE BANDEIRA

As Bandeiras em mau estado de conservação de-


vem ser entregues na Unidade Militar mais pró-
xima, para que sejam incineradas, no Dia da Ban-
deira, segundo formalidades próprias.

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 145


HINO À BANDEIRA

HINO À BANDEIRA
LETRA: OLAVO BILAC
MÚSICA: FRANCISCO BRAGA

I
Salve, lindo pendão da esperança!
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença, à lembrança, III
A grandeza da Pátria, nos traz! Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever.
Estribilho E o Brasil, por seus filhos, amado,
Recebe o afeto que se encerra Poderoso e feliz há de ser!
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra, IV
Da amada terra do Brasil! Sobre a imensa Nação brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
II Paira sempre, Sagrada Bandeira,
Em teu seio formoso, retratas Pavilhão da Justiça e do Amor.
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas
E o esplendor do Cruzeiro do Sul!

146
AS ARMAS NACIONAIS

Armas Nacionais é o escudo que deve figurar nos edifícios oficiais do Governo Federal, bem como
nos papéis oficiais. Constituído por uma grande estrela de cinco pontas, nas cores verde e amarela,
apoiada sobre uma espada. Dentro da estrela se encontra uma esfera azul, em cuja volta se situam
as estrelas correspondentes aos estados do Brasil. No seu interior há uma esfera menor, onde se
encontram as cinco estrelas que formam o Cruzeiro do Sul.
Rodeando a estrela grande, pelo lado de fora, aparecem dois ramos, na cor verde, um de café e
outro de fumo. Ao pé da estrela, sobre uma fita, está a legenda “República Federativa do Brasil” e
a data “15 de novembro” (na extremidade direita) “de 1889” (na extremidade esquerda).

147
O SELO NACIONAL

O Selo Nacional é constituído por um círculo representando uma esfera celeste, igual ao que se
acha no centro da Bandeira Nacional, tendo em volta os dizeres “República Federativa do Brasil”.
O Selo Nacional é usado para autenticar os atos do Governo e também os diplomas e certificados
expedidos pelos estabelecimentos de ensino, oficiais ou reconhecidos.

Os Símbolos Nacionais (Bandeira, Hino, Armas e Selo)


representam o nosso sentimento de amor e responsa-
bilidade para com a Pátria , sendo, portanto, nosso
dever protegê-los para que não sejam desrespeitados.

148
O HINO NACIONAL

O Hino Nacional, assim como a Bandeira, é também um dos símbolos Nacionais.


Foi escrito por Joaquim Osório Duque Estrada e sua música foi composta por Francisco Manoel da Silva.
O Hino Nacional fala de nosso passado heróico, da nossa Independência, da beleza do céu, da grandeza de
nossas terras, do nosso futuro e também de que estamos sempre dispostos a trabalhar e a lutar pela nossa
Pátria. Portanto, o vigilante, assim como qualquer outra pessoa, quando estiver participando de uma comemo-
ração em que seja executado o Hino Nacional, deverá manter-se em silêncio, de pé, em postura respeitosa e
com a cabeça descoberta (sem chapéu, boné, capacete), demonstrando assim, o respeito para com a Pátria.
HINO NACIONAL BRASILEIRO

Letra de Joaquim Osório Duque Estrada


Música de Francisco Manoel da Silva

I II
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Deitado eternamente em berço esplêndido,
De um povo heróico o brado retumbante. Ao som do mar e à luz do céu profundo,
E o sol da liberdade em raios fúlgidos, Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante. Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Se o penhor dessa igualdade Do que a terra mais garrida
Conseguimos conquistar com braço forte Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
Em teu seio, ó Liberdade, “Nossos bosques têm mais vida”
Desafia o nosso peito a própria morte! “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Ó Pátria amada, Ó Pátria amada,
Idolatrada, Idolatrada,
Salve! Salve! Salve!Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Brasil, de amor eterno seja símbolo
De amor e de esperança à terra desce, O lábaro que ostentas estrelado,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, E diga o verde-louro dessa flâmula
A imagem do Cruzeiro resplandece. -Paz no futuro e glória no passado.
Gigante pela própria natureza, Mas, se ergues da justiça a clava forte,
És belo, és forte, impávido colosso, Verás que um filho teu não foge‘a luta
E o teu futuro espelha essa grandeza Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada Terra adorada
Entre outras mil, Entre outras mil,
És tu Brasil, És tu Brasil,
Ó Pátria amada! Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil, Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil! Pátria amada, Brasil!

149
DATAS SUGESTIVAS PARA O HASTEAMENTO
DA BANDEIRA EM NOSSAS SEDES
ESTABELECIMENTOS E INSTITUIÇÕES

Voto – UCB: 90 – 260

Dias Nacionais comemorativos em que devemos hastear a Bandeira Nacional em nossas sedes
administrativas e Instituições. (sugestões)

Janeiro

01 – Dia da Confraternização Universal


07 – Dia da Liberdade de Cultos
21 – Dia Mundial da Religião

Fevereiro

18 – Dia do início da Semana Nacional Contra Alcoolismo


24 – Dia da Promulgação da Primeira Constituição Republicana

Março

07 – Dia Mundial da Oração


21 – Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial
31 – Dia da Páscoa

Abril

07 – Dia Mundial da Saúde


08 – Dia do Desbravador
21 – Dia de Tiradentes
28 – Dia da Educação

Maio

01 – Dia do Trabalho
13 – Dia da Fraternidade Brasileira
15 – Dia da Assistência Social

150
Agosto

05 – Dia Nacional da Saúde


25 – Dia do Soldado

Setembro

07 – Dia da Proclamação da Independência


30 – Dia da Bíblia

Outubro

15 – Dia do Professor
25 – Dia da Democracia

Novembro

15 – Dia da Proclamação da República


19 – Dia da Bandeira
28 – Dia Nacional de Ação de Graças

Dezembro

10 – Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos


25 – Dia do Natal

Obs.: Acrescentar as datas Estaduais e Municipais

Subsídios para o Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa 151

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