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Contestação - Casa Do Sabor

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Advogados

Graciele Pinheiro Teles


OAB/GO 6948
Guillherme Secundino Porfírio de Castro
OAB/GO 35.189

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO


TRABALHO DA 11ª. VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA – GOIÁS.

Referência: Processo n. 0010419.64.2016.5.18.0011

CASA DO SABOR INDUSTRIA E COMÉRCIO DE


ALIMENTOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ
37.638.939/0001-96, sediada na Avenida do Líbano, 817, Jardim Santo Antônio,
74853-050, Goiânia , Goiás, via de seus advogados, infra-assinados, inscritos na
OAB/GO sob ns. 6948 e 35189, ambos com escritório profissional situado na rua
2, n. 230, salas 807/8, centro, nesta Capital, local onde recebem
notificações/intimações, vem, respeitosamente, apresentar sua D E F E S A , nos
autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA movida por JOÃO PAULO
BATISTA DE SOUZA MENEZES, brasileiro, inscrito no CPF sob o nº
700.537.641-29 e RG nº 5913725, residente e domiciliado na rua Capitão Inácio
da Silva, quadra 56, lote 30, Veiga Jardim, Goiânia, Goiás, CEP 74.954-070, o
que passa a fazer com amparo nos fundamentos de fato e de direito que a seguir
passa a expor:
1 – Síntese do pedido
O reclamante diz ter sido contratado pela reclamada em 01/07/2015
para exercer a função de “auxiliar de produção”. Aduz ainda que foi dispensado
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sem justa causa no dia 09/03/2015. A maior remuneração recebida durante a


vigência do contrato e trabalho totalizou R$ 1.045,00 ( Hum mil e quarenta e
cinco reais).
Afirma que após discutir com o Gerente de Produção sobre o
direito que teria ao recebimento do adicional de insalubridade teve seu contrato
de trabalho rescindido, mediante dispensa sem justa causa no dia 09/03/2015.
Acrescenta que laborava das 07:30 às 18:00 h, de segunda-feira a
sexta-feira, com intervalo intrajornada de apenas 00:15 minutos. Diz que, no
exercício da função de auxiliar de produção estava exposto agente o agende
agressivo que o expunha ao choque térmico (quente e frio), razão pela qual faz
jus ao recebimento do adicional de insalubridade.
Atribuiu à causa o valor de R$ 36.109,00 (trinta e seis mil e cento e
nove reais).
2. Admissão, função, remuneração e desligamento.
As datas de admissão e de desligamento do trabalhador noticiadas
na petição inicial estão corretas. O reclamante recebeu como última e maior
remuneração a importância de R$ 1.045,36 (hum mil, quarenta e cinco reais e
trinta e seis centavos), composta pelas seguintes verbas: R$ 900,00 (salário base),
R$ 45,03 (produtividade), R$ 85,55 (horas extras) e R$ 14,26 (Repouso Semanal
Remunerado).
No tocante a função, o autor foi contratado para exerceu a função
de “auxiliar de produção”, desenvolvendo as seguintes tarefas, durante a
vigência do contrato de trabalho, em consonância com o Código Brasileiro de
Ocupação (CBo 7842):
a) Retirar o produto armazenado no estoque (Câmara
fria) e auxiliar no abastecimento da loja da fábrica e dos veículos que
fazem a distribuição dos produtos;
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b) Efetuar os registros da produção de acordo com as


especificações da linha e dos produtos a serem produzidos;
c) Preparar, separar e abastecer materiais para as linhas
de produção;
d) Limpar as máquinas, utensílios, as caçambas térmicas
dos veículos onde eram depositados os produtos para a distribuição, e o
local de trabalho;
e) Prestar assistência aos operadores, ajudando no
processo de envase, na produção de biscoito e na modelagem do pão de
queijo de acordo com normas e procedimentos técnicos de qualidade,
segurança, higiene e saúde.
2.1 Sobre o pedido de insalubridade no grau máximo e
seus reflexos
Nos termos das normas especiais que tratam do trabalho em
frigoríficos, no interior de câmaras frias, nos termos do art. 253, parágrafo
único, da CLT, o legislador considerou artificialmente frio “... o que for
inferior, na primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do
Ministério do Trabalho, a 15° (quinze graus), a quarta zona a 12° (doze
graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10°(dez graus).”(Sic)
O anexo 9 da NR-15 estabelece que:
“as atividades ou operações executadas no interior de
câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições
similares que exponham os trabalhadores ao frio, sem a
proteção adequada, serão consideradas insalubres em
decorrência de laudo de inspeção no local de trabalho”.
No caso em tela, o reclamante não realizou durante a
manutenção do vínculo empregatício somente atividades no interior da câmara
fria; e, quando adentrava no referido ambiente utilizava equipamento específico
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de proteção e segurança, conforme confessado por ele com a juntada de


fotografias comprovando o uso de japona térmica com capuz (de uso coletivo),
luvas de vaqueta, protetor auricular, protetor concha, máscara cirúrgica e
botas de borracha, razão pela qual, nos termos do anexo-9 da NR-15, não faz jus
à insalubridade em qualquer grau.
A interpretação que se deve fazer ao texto das normas é literal
e restritiva, por se tratar de excepcionalidade. O que se lê no anexo – 9 é que
seria considerado insalubre adentrar a câmara fria sem a proteção adequada.
No entanto, o próprio reclamante confessa que adentrava no
espaço frio com todos os equipamentos necessários à eliminação do risco,
fazendo referência, inclusive, japona térmica com proteção até 35°C (ver
descrição do produto no DANFE – Documento Auxiliar da Nota Fiscal
Eletrônica), sendo que esse período de exposição não era permanente, habitual e
nem contínuo, visto que dentro da jornada de trabalho o reclamante desenvolvia
todas as tarefas elencadas no item anterior e que não eram feitas no interior da
câmara fria, até porque dentro dela os empregados adentravam individualmente.
Nestas condições, não era só o reclamante que permanecia, durante toda a
jornada de trabalho, o único a utilizar o EPI’s – dentre os quais o agasalho
térmico -, pois este era de uso coletivo, podendo ser utilizado até mesmo pelo
proprietário da reclamada.
A reclamada entende, com amparo no anexo da NR-15, que o
tempo de exposição do reclamante ao agente agressivo existente na câmara fria,
além de ínfimo, era eliminado com a utilização dos EPI’S, o que demonstra ter o
empregador cumprido rigorosamente a legislação específica.
Em reclamação trabalhista ajuizada em face da reclamada, o
ex-empregado Joaquim Francisco Leite Júnior que laborou juntamente com o
reclamante formulou pedido idêntico ao ora contestado, conforme processo n.
0011776-40.2015.5.18.0003. A perícia realizada naquele processo de autoria do
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perito Wanderley Pereira Coelho, CREA-GO 1013571029/D, apresentou as


seguintes considerações finais e conclusão:

“VII – CONSIDERANÇÕES FINAIS:


“Considerando que os equipamentos de proteção individuais foram
considerados adéquas para a situação de exposição ao frio verificada;
Considerando que o tempo de exposição ao frio foi considerado
intermitente/eventual;
Considerando que o nível de ruído que o reclamante estava exposto foi
considerado abaixo do limite de tolerância;
Considerando que não evidenciamos nenhuma outra situação que pudesse ser
enquadrada nos anexos da NR-15;
Podemos concluir que:
VIII – CONCLUSÃO
Tendo em vista o exposto no corpo do presente Laudo concluímos que o
reclamante NÃO faz(endo) jus ao adicional de insalubridade.”
Acrescenta-se ainda que durante a realização da referida
perícia o próprio reclamante dela participou. De acordo com o Laudo Pericial,
“...o Sr. João Paulo Batista – Auxiliar de Produção, confirma explicitamente
que utiliza os equipamentos acima descritos. Neste contexto avaliamos que o
reclamante utilizava os EPI’s necessários e adequados à sua proteção.” (fls.11
do Laudo anexo).
Por fim, a possível caracterização e a classificação da
insalubridade, nos termos do art. 195 da CLT far-se-á através de perícia técnica e
não pelo apontamento aleatório da parte. Assim, embora a reclamada entenda não
ser devido o adicional de insalubridade, na hipótese para que o juízo possa
espantar qualquer dúvida a esse respeito, a prova técnica realizada no processo
movido por Joaquim Francisco Leite Junior poderá suprir a necessidade de
realização da prova pericial como prova emprestada.
2.2 Sobre os reflexos
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Como os pedidos principais de pagamento do adicional de


insalubridade são indevidos, os reflexos seguem a mesma sorte.

2.3 Sobre as horas de intervalo para recuperação


térmica
O reclamante não laborava durante toda a jornada diária de
trabalho executando as tarefas que impunham a entrada na câmara fria. Durante a
jornada de trabalho permanecia afastado do choque térmico em períodos muito
superiores ao intervalo para recuperação.
Veja-se que o reclamante não era o único a exercer a função
de auxiliar de produção, o que possibilitava o cumprimento de intervalos. A
atividade não era habitual, permanente e não intermitente.
Portanto, não são devidas as horas de intervalo postuladas,
posto que houve o cumprimento de intervalo para recuperação térmica, conforme
será demonstrado durante a instrução processual.
2.4 Sobre os cálculos
Na hipótese da reclamada ser condenada em alguns dos
pedidos, o que se admite apenas por apego à discussão, pede seja observada sua
condição de micro empresa, conforme estatuto social anexo.
2.5. Sobre as provas
A reclamada requer a produção de todas as provas,
especialmente, a tomada de depoimento pessoal do reclamante, que se requer
desde já, sob pena dos efeitos da confissão.
PEDIDO
Face ao exposto, a reclamada impugna o pedido em todos os
seus termos e requer a Vossa Excelência que, por sentença, o julgue totalmente
improcedente e condene o reclamante no pagamento das custas processuais.
Termos em que, j. aos autos,
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P.Deferimento.
Goiânia, 27 de julho de 2016.

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