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Ministério Apóstolico Nos Dias Atuais

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Ministério Apóstolico nos Dias Atuais

O uve-se falar muito, nas igrejas neopentecostais, sobre a chamada “Restauração do


Ministério Apostólico”. Há, inclusive, congressos somente para falar do tema convidando os
intitulados Apóstolos que ministrem defendendo os seus chamados. Com o surgimento da Visão
do G-12, esse tema efervesceu mais ainda por causa da consagração de apóstolos e mulheres
ao ministério pastoral como ao ministério apostólico também. Isso trouxe questionamentos a
algumas denominações se realmente há base nas escrituras para o chamado Ministério
Apostólico. Por causa da polêmica, a Convenção Batista Nacional criou um parecer oficial que
foi passado as Convenções Regionais: A CBN em sua eclesiologia não elegeu, nem elege
nenhum modelo de gestão eclesiástica e crescimento como superior ou mais importante que
outro. A multiforme graça de Deus se manifesta diversamente; Os ministérios são diferentes, e
nenhum deve ser apresentado como superior ao outro: “o caminho mais excelente é o amor”...
As igrejas batistas nacionais não reconhecem o título de bispo ou de apóstolo. Não há, de
acordo com estatuto e a pragmática da ORMIBAN, ordenação para tais funções que não fazem
parte de nossa eclesiologia.
O objetivo desse pequeno ensaio é analisar com cuidado o que a Bíblia diz sobre esse tema,
bem como de ratificar o parecer da CBN em demonstrar que se deve ter muita cautela ao tratar
desse assunto. Precisase falar também que não se está questionando o chamado ministerial dos
colegas, mas questionando se de fato é adequado o uso do título ou função na igreja local
atualmente.
Apostolos é derivado de apostellö – verbo grego enviar. Foi usado pela primeira vez na
linguagem marítima que significa um navio de carga ou uma frota enviada. Depois o termo
passou a ser usado para um comandante de uma expedição naval. Somente em duas
passagens em Heródoto é que apóstolo significava um emissário como pessoa individual.
Flávio Josefo emprega a palavra para um grupo enviado numa missão (Os judeus enviados para
Roma – Ant. DITNT, Colin Brown). O primeiro a usar a palavra no NT foi o primeiro evangelista.
Marcos chama os discípulos de Jesus de apostoloi (Mc 6.30). Da mesma forma, todos os outros
evangelistas sinóticos os chamam também (Mt 10.2; Lc 9.10; At 4.33). João, no seu Evangelho,
apenas os chama de hoi dödeka / os Doze (Jo 6.67-70); porém, no Apocalipse João deixa claro
que os reconhecia como ton dodeka apostolon tou arniou / dos doze apóstolos do
Cordeiro (Ap 21.14). Nas cartas do Apocalipse, Jesus reconhecia que alguns se diziam
apóstolos, mas não eram de fato. Ele os chamou de mentirosos (Ap 2.2). Tiago, Barnabé e
Paulo foram considerados pela Igreja como apóstolos na mesma autoridade dos doze de Jesus.
O próprio Lucas o reconheceu comoapóstolos juntamente com Paulo (At 14.14). Paulo também
tinha plena convicção que Barnabé era um apóstolo (1 Co 9.5,6). O contexto era de apóstolos
reconhecidos pela Igreja, pois ele fala de Cefas, os irmãos do Senhor e inclui Barnabé como
fazendo parte desse círculo. Na carta aos Gálatas, Paulo novamente cita Barnabé num contexto
de apóstolos com autoridade reconhecida (Gl 2.9). Portanto, fica claro que além dos doze
apóstolos, havia um grupo que a Igreja reconhecia como apostoloi tou Christou encerrado em
Paulo. Ele afirma isso quando diz que era um nascido fora do tempo (1Co 15.8), mostrando
que Deus já tinha fechado o círculo de apóstolos autorizados na comunidade dos cristãos e que
ele era o último comissionado.

A palavra apostolos sendo usada no sentido geral


Apesar de que a palavra apostolos tenha tido um sentido técnico de enviado com autoridade de
Cristo e sua designação limitada a somente alguns poucos da Igreja de Cristo, essa palavra foi
usada no NT para enviado, servo como em Fp 2.25 que Paulo chama Epafrodito de apostolos.
Os tradutores entenderam muito bem que o sentido era de um mensageiro, um enviado apenas,
não um título ou um dom. João também coloca essa palavra nos discursos de Jesus quando
escreve em Jo 13.16:nem o enviado maior que aquele que o enviou. Deixa claro que essa
palavra ainda era usada na sua forma mais simples como alguém que era enviado para algum
serviço ou um mensageiro de confiança. Jesus, nesse texto, confirma que todos nós podemos
ser um enviado / apostolos.
Os apóstolos que são ordenados hoje em dia exigem autoridade acima dos pastores e
geralmente são de igrejas grandes e poderosas ou líderes de mega ministérios. Há uma
hierarquia: os apóstolos ficam acima dos bispos e esses acima dos pastores. Há aqueles que
precisavam ter um título acima dos apóstolos. Como não havia na Bíblia, criaram a seu bel
prazer o nome de “paipóstolo”. Esse tipo de comportamento já desqualifica o que significava a
palavra em si.

A Interpretação de Efésios 4.11


Tem-se que admitir que esse texto não é tão fácil de interpretação. Por isso a razão de tanta
polêmica. Ao que parece os ministérios eram claros na igreja local e que não se precisava
explicar detalhes. Porém, precisa-se fazer uso da Hermenêutica e da Exegese para que se
possa perceber a intenção de Paulo. Uma regra de Hermenêutica clara de interpretação é
atentar primeiramente para o contexto imediato do parágrafo e do livro. A comunidade cristã era
ensinada que os apóstolos eram um número limitado, por isso que Paulo sempre começava
suas epístolas com a famosa frase apostolos tou Iesou Christou / apóstolo de Jesus
Cristo (Ef 1.1). Quando Paulo fala em apóstolos e profetas, precisa-se analisar que é na mesma
designação dos textos do mesmo livro Ef 2.20 e 3.5. Paulo explica que a Igreja estava sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo Cristo a Pedra Angular. A Igreja estava
consciente de que não havia mais apóstolos com autoridade dos doze além daqueles poucos
que Deus escolheu. Partindo disso que se pode analisar Ef 4.11. Não é porque Paulo incluiu os
apóstolos e profetas entre evangelistas, pastores e mestres que obrigatoriamente Paulo esteja
dizendo que tenha que ter apóstolos e profetas na igreja local, pois Paulo estava escrevendo de
uma forma abrangente que Jesus concedeu dons aos homens (Ef 4.8) (o profeta que se fala
aqui é aquele que tinha a autoridade de falar a Palavra de Deus inspirada). Isso implica dizer
que essa abrangência incluiria até os apóstolos e profetas de número limitado. O que se entende
é que Paulo deu a primazia aos fundamentos das Escrituras em primeiro lugar. Seria como se
Paulo dissesse: Deus escolheu em primeiro lugar a sua Palavra falada pelos apóstolos e
profetas, depois os evangelistas, pastores e mestres. Portanto, é duvidoso que haja apóstolos na
igreja local simplesmente porque são citados juntamente com outros dons. No contexto do Novo
Testamento ninguém poderiam ser apóstolo além daqueles que foram designados por Deus,
pois eles eram os únicos que tinham autoridade de falar a Palavra de Deus com fidelidade.

Conclusão
Conclui-se que as igrejas que não aderiram à ordenação de apóstolos são mais prudentes, mais
bíblicas e mais capacitadas. Mesmo que haja divergências quanto ao uso do dom de apóstolo,
mas diante das evidências contrárias e dos exageros, devemse ter os olhos bem atentos a
igrejas que trazem a “Restauração do Ministério Apostólico”. Gostaria de trazer esse alerta, não
questionando o chamado ao ministério, diga-se de passagem, mas questionando apenas o dom
de apóstolo e valorizando o Fundamento dos Apóstolos e dos Profetas como única regra de fé e
prática.Célio Roberto

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