Protocolo Chikungunya
Protocolo Chikungunya
Protocolo Chikungunya
Organizadores
Cláudia Vieira Carnevalle - Coordenadora da
Sala de Situação Estadual de Arboviroses e Assessora Técnica da CCD
Lidia Tobias Silveira - Assessora Técnica do Conselho de
Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSEMS-SP)
Marcos Boulos - Assessor Técnico da CCD
Maria do Carmo Rodrigues dos Santos Camis
Diretora Técnica da Divisão de Dengue, Chikungunya e Zika - CVE/CCD
Colaboradores
Alexandra Mariano Fidêncio Casarini
Dirce Marques
Fernando Luiz de Lima Macedo
Jussara Vargas Polimanti
Karina de Oliveira Fatel
Lidia Maria Reis Santana
Luis Eduardo Coelho Andrade
Michele Higa Fróes
Nivia Torres dos Santos
Roseane Porto Medeiros
Simone Fargetti
Produção editorial
Centro de Produção e Divulgação Científica
Coordenação Editorial
Rafael Montagnini
Este documento foi construído para dar suporte e parâmetros ao diagnóstico e tratamento
deste agravo que vem ganhando importância no território paulista.
Este Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo é uma importante
ação do Governo do Estado no sentido de orientar as equipes de saúde no atendimento aos casos
de chikungunya e diminuir o impacto negativo desta arbovirose na vida da população, sendo de
grande relevância principalmente neste momento de maior infestação dos mosquitos vetores.
1. INTRODUÇÃO 9
2. TRANSMISSÃO E SUSCETIBILIDADE 12
3. ASPECTOS CLÍNICOS 12
Apresentação clínica 13
Apresentação clínica 27
Apresentação clínica 28
6. MEDIDAS DE PREVENÇÃO 51
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53
Lista de Figuras
Figra 1. Casos confirmados de chikungunya segundo município e regiões de saúde de residência, 2015-2020, ESP............................10
Figura 2. Casos confirmados e coeficiente de incidência de chikungunya, segundo ano de início de sintomas, 2015-2021, ESP..........11
Figura 4. Roteiro para anamnese, exame físico e solicitação de exames na fase aguda de chikungunya...............................................18
Figura 5. Escala visual analógica combinada com escala facial para avaliação da intensidade da dor...................................................19
Figura 8. Acompanhamento dos casos na fase aguda de chikungunya de acordo com classificação de risco........................................23
Figura 11. Fluxograma 1: tratamento ambulatorial de dor em adultos na fase aguda da doença..........................................................34
Figura 13. Fluxograma 3: tratamento de dor moderada a intensa em adultos na fase aguda da doença..............................................36
Figura 14. Fluxograma 4: tratamento ambulatorial de dor em adultos na fase pós-aguda da doença...................................................37
Figura 15. Fluxograma 5: tratamento ambulatorial de dor inflamatória em adultos na fase crônica da doença...................................39
Figura 17. Fluxograma 7: tratamento de dor em crianças nas fases pós-aguda e crônica da doença.....................................................42
Figura 18. Lista de medicamentos recomendados pelo estado de São Paulo para uso no tratamento de chikungunya........................43
Figura 19. Orientações para coleta e envio de amostras ao IAL de acordo com métodos diagnósticos disponíveis..............................50
PROTOCOLO DE MANEJO CLÍNICO
DE CHIKUNGUNYA NO ESTADO DE SÃO PAULO
1. INTRODUÇÃO
O CHIKV foi isolado inicialmente na Tanzânia por volta de 1952. Desde então,
há relatos de surtos em vários países do mundo. Nas Américas, em outubro de 2013,
teve início uma grande epidemia de CHIKV em diversas ilhas do Caribe.2 No Brasil, a
transmissão autóctone foi confirmada no segundo semestre de 2014, primeiramente nos
estados do Amapá e da Bahia. Atualmente casos autóctones são registrados em todas as
unidades federativas do país1. Em comunidades afetadas, a característica marcante são
epidemias com elevadas taxas de ataque, que variam de 31 a 75%.3,4
O CHIKV foi detectado no estado de São Paulo (ESP) no final de 2014 entre casos
importados de outras localidades. Em 2015, foram registrados os primeiros casos
autóctones do ESP, identificados nos municípios de Jandira, Ribeirão Preto, Rio Claro,
Santos, Taubaté e Várzea Paulista.
9
Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Diante desse cenário, o presente manual foi elaborado com o objetivo de estabelecer
diretrizes para suspeita clínica, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos casos,
servindo de subsídio a gestores, profissionais e usuários dos serviços de saúde do ESP.
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
2. TRANSMISSÃO E SUSCETIBILIDADE
A transmissão do CHIKV pode ainda ocorrer por via transfusional e via transplante
de órgãos caso o doador esteja em período de viremia, mesmo que assintomático,
reforçando a importância da adoção de medidas preventivas em contextos endêmicos e
epidêmicos.9-11
3. ASPECTOS CLÍNICOS
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
apresentam dor e edema poliarticular limitantes, estimando-se que apenas 15% dos
infectados sejam assintomáticos.11,15 Os sintomas iniciais têm, em geral, resolução entre
7 e 10 dias, com a febre durando 3 a 5 dias (1 a 10 dias) e o exantema algumas vezes
evoluindo com descamação da pele. Após 1 semana de dor incapacitante e desconforto,
a maioria dos pacientes tornam-se afebris e a artralgia passa a ser suportável. Esse
período usualmente dura de 1 a 2 semanas antes de uma recidiva muito comum e até
60% dos casos podem cursar com persistência de artralgia por longa data, quase sempre
com acometimento de menor número de articulações que o verificado inicialmente e de
caráter recidivante.15-17 Assim, dado que no curso da doença observa-se manifestações
clínicas e duração dos sintomas diversificados, didaticamente se divide sua evolução
em 3 fases: aguda, pós-aguda e crônica. Considera-se como fase aguda ou febril os
primeiros 14 dias da doença e, quando da persistência de sintomas, segue-se a fase
pós-aguda por até 3 meses. A fase crônica é definida pela duração dos sintomas para
além desses 3 meses.
Apresentação clínica
Na fase aguda, a maioria dos pacientes apresentam febre, que deve ser considerada
mesmo se não aferida, e dor articular. A febre pode ser alta (acima de 39ºC) e a artralgia
começa de 2 a 5 dias após seu início, comumente envolvendo múltiplas articulações,
com as extremidades distais sendo mais afetadas que as proximais, de forma bilateral e
simétrica. O envolvimento do esqueleto axial, que se manifesta como dor nas costas, foi
observado de forma menos frequente que do apendicular e as articulações mais afetadas
incluem mãos, punhos, pés e tornozelos. A dor pode ser intensa e incapacitante. Edema
periarticular, às vezes com grandes derrames, e artrite aguda também podem ocorrer,
em particular nas articulações interfalangianas, punhos e tornozelos, bem como dor
ao longo das inserções ligamentares.18-20 O exantema maculopapular é a manifestação
cutânea mais comum e está presente em mais de 50% dos casos, algumas vezes
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Podem ser definidos como atípicos, casos de chikungunya que apresentem outros
sintomas além de febre e artralgia, com acometimento de, pelo menos, um sistema
orgânico (figura 3). Casos atípicos graves são aqueles que desenvolvem pelo menos uma
disfunção orgânica que exija suporte clínico ou que necessitem de internação em unidade
de terapia intensiva.24-26 Também se considera casos graves de chikungunya aqueles
que evoluam para óbito no curso da doença. Idade avançada e presença de condições
subjacentes, como disfunções cardiovasculares, renais, neurológicas e respiratórias ou
diabetes aumentam o risco de gravidade, de hospitalização e de morte.24,27 O uso de anti-
inflamatórios não esteroidais (AINE) antes da internação também foi apontado como
fator de risco para gravidade.24
14
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O exame físico deve incluir a pesquisa de sinais vitais (a pressão arterial deve ser
verificada em 2 posições para descartar hipotensão postural), avaliação da hidratação,
palpação abdominal para verificar a presença de dor e cuidadosa palpação de todas as
articulações em busca de dor, edema ou calor (figura 4, passo 4).
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Figura 4. Roteiro para anamnese, exame físico e solicitação de exames na fase aguda de chikungunya
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Figura 5. Escala visual analógica combinada com escala facial para avaliação da intensidade da dor
Bebês (3 anos e menos) e crianças não verbais são mais bem classificados por meio
de escalas de avaliação comportamental. A escala Face, Legs, Activity, Cry, Consolability
(FLACC) considera parâmetros de face, pernas, atividade, choro e consolabilidade,
devendo a criança ser observada por 1 a 2 minutos, com pontuação alocada para cada
categoria e soma dos pontos entre 0 e 10 (figura 6).
Pontuação
Categoria
0 1 2
Caretas ou sobrancelhas Tremor frequente do
Nenhuma expressão
Face especial ou sorriso.
franzidas de vez em quando, queixo, mandíbulas
introversão, desinteresse. cerradas.
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Figura 8. Acompanhamento dos casos na fase aguda de chikungunya de acordo com classificação de risco
Fonte: adaptado de Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Chikungunya: manejo clínico. (2017)
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Apresentação clínica
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Apresentação clínica
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do túnel do carpo são observadas com frequência razoável, com parestesia em áreas
inervadas pelo nervo mediano.20
Nessa fase, o acompanhamento deverá ser feito conjuntamente por UBS e por
unidades de referências com profissionais capacitados para atender pacientes refratários
às terapêuticas instituídas nas fases anteriores. Como nas demais fases, em todas as
consultas a avaliação da dor deve contar com utilização do instrumento EVA (figura 5)
ou FLACC (figura 6) por permitir medida mais objetiva da intensidade dolorosa e com a
aplicação do Questionário de dor neuropática DN4 (figura 7) quando pertinente (EVA ≥
4 ou presença de características neuropáticas).31
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Fonte: CVE/CCD/SES-SP
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4. TRATAMENTO
Até o momento, não estão disponíveis terapias antivirais específicas para infecção
por CHIKV. Os objetivos do tratamento nessa fase são principalmente controle da febre
e redução da dor articular, para os quais dipirona e paracetamol, de forma isolada ou
intercalados, são os medicamentos de primeira escolha.31,32,42 A utilização de cloroquina
no período de viremia pode atrasar a resposta imune adaptativa do paciente, estando
associada a elevação da carga viral, de modo que o medicamento é contraindicado na
fase aguda da doença.43-45 Corticosteroides também não são recomendados durante a
infecção aguda, à exceção de casos muito excepcionais que apresentem manifestações
neurológicas ou oculares graves e sob indicação de especialistas.31,32,42 Há maior
risco de desenvolvimento de formas graves da doença com uso de AINE, com relato
de complicações como manifestações hemorrágicas e lesão renal aguda.24 Ácido
acetilsalicílico pode desencadear síndrome de Reye em pacientes com síndromes virais,
sendo contraindicado seu uso.42
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Figura 11. Fluxograma 1: tratamento ambulatorial de dor em adultos na fase aguda da doença
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Alguns pacientes com dor moderada a intensa (EVA ≥ 4), persistente, poliarticular
ou incapacitante, podem necessitar de medicações por via intravenosa para alívio
sintomático, com uso orientado no fluxograma 3 (figura 13). Se resposta adequada, o
paciente prossegue o tratamento com os esquemas anteriores. Na ausência de resposta,
pode ser necessária internação hospitalar para controle da dor e investigação de outros
fatores ou diagnósticos.
O regime terapêutico deve ser aquele com a menor dose, pelo menor tempo
possível, para obtenção do melhor custo-benefício e redução do risco de possíveis
eventos adversos. Reavaliações periódicas nos prazos preconizados garantem adequação
terapêutica quando o controle da dor não for satisfatório, assim como a suspensão
oportuna das medicações se remissão dos sintomas.
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Figura 13. Fluxograma 3: tratamento de dor moderada a intensa em adultos na fase aguda da doença
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Figura 14. Fluxograma 4: tratamento ambulatorial de dor em adultos na fase pós-aguda da doença
Havendo remissão dos sintomas, o AINE pode ser suspenso de forma imediata ou
com tomadas em dias alternados, enquanto a prednisona só poderá ser imediatamente
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suspensa se tiver sido utilizada por no máximo 21 dias. No entanto, na maioria das vezes
a melhora com prednisona ocorre após períodos de 4 a 6 semanas de uso, tornando
obrigatória a retirada gradual da medicação. Esse desmame pode ser feito com redução
de 5 mg da dose diária a cada semana se a dose em uso for superior a 30 mg/dia,
seguido de redução de 2,5 mg da dose diária a cada semana quando a dose estiver entre
20 e 10mg/dia.
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Figura 15. Fluxograma 5: tratamento ambulatorial de dor inflamatória em adultos na fase crônica da
doença
Fonte: CVE/CCD/SES-SP
Os pacientes devem ser avaliados a cada 6 semanas com EVA para avaliar a
intensidade da dor e a resposta terapêutica, como descrito no fluxograma 5 (figura
15). As medicações podem ser suspensas quando o paciente estiver sem dor após
pelo menos 3 meses de tratamento. Casos refratários, exceto se apresentarem alguma
contraindicação, podem ser tratados com metotrexato na dose inicial de 10 mg por
semana. Se não for observada melhora, aumentar a dose em 2,5 mg por semana a cada
2 semanas, até a dose máxima de 25 mg por semana. A dose deve ser ajustada em
pacientes com insuficiência renal e a medicação é contraindicada em pacientes com
clearance de creatinina <30mL/min. No dia seguinte ao da tomada do metotrexato,
recomenda-se ácido fólico 5 mg por semana para redução de efeitos adversos. É
necessário realizar monitoramento clínico e laboratorial antes e durante o tratamento
pelo risco de hepatoxicidade e de mielotoxicidade. Por sua atividade imunossupressora,
o metotrexato não pode ser utilizado na presença de infecções ativas, que devem ser
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Assim como para adultos, não existem terapias antivirais específicas para
infecção por CHIKV atualmente licenciadas para crianças. Corticosteroides e AINE
não são recomendados durante a infecção aguda, sob o risco de maior gravidade e
de complicações.31,32,42 Ácido acetilsalicílico pode desencadear síndrome de Reye em
crianças com síndromes virais, sendo seu uso contraindicado.42 Com objetivo de controle
da febre e redução da dor articular, medicamentos como dipirona e paracetamol, de
forma isolada ou intercalados, devem ser administrados em uma programação regular
de doses e horário, conforme intensidade avaliada por instrumento adequado para a
idade.31,32,42 Atenção deve ser dada à prevenção de desidratação, com oferta de fluidos
orais em quantidades adequadas.32
Na fase aguda da doença, as dores leves a moderadas (EVA < 7) podem ser tratadas
ambulatorialmente. No caso de refratariedade ao tratamento ou dor classificada
como intensa (EVA 7 a 10), recomenda-se internação hospitalar, podendo ou não ser
introduzida medicação adjuvante para componente neuropático, conforme fluxograma
6 (figura 16). São consideradas alternativas para tratamento de dor neuropática em
crianças a amitriptilina, a carbamazepina e a gabapentina.1
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Figura 17. Fluxograma 7: tratamento de dor em crianças nas fases pós-aguda e crônica da doença
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Figura 18. Lista de medicamentos recomendados pelo estado de São Paulo para uso no tratamento de
chikungunya
Medicação Apresentações Posologia Orientações
2 comp. 500 mg a cada Não ultrapassar 4g/dia Hepatoxicidade em doses
Paracetamol Comp. 500 mg 6 horas (dose máxima 8 elevadas, com risco adicional se hepatopatias
comp. ao dia) crônicas Interações medicamentosas.
Idade entre 0-29
Solução oral dias: 5-10 mg/Kg de
(gotas) 200 mg/mL 6-8 horas 30 dias a
Dose máxima de paracetamol: 4 gramas/dia =
Paracetamol (1 mL=15 3 meses: 10 mg/Kg
275 gotas/dia
gotas=200 mg;1 a cada 6-8 horas 3
gota=13 mg) meses a 12 anos: 10-15
mg/Kg a cada 6-8 horas
Adultos e > 15 anos: 2
Monitoramento da função renal e hepática
Dipirona Comp. 500 mg comp. 500 mg a cada 6
principalmente em idosos.
horas
Solução oral
(gotas) 500 mg/ Crianças menores de 3 meses de idade ou
10-15 mg/Kg por dose a
Dipirona mL (1 mL=20
cada 6 horas
pesando menos de 5 Kg não devem ser tratadas
gotas=500 mg; com dipirona.
1gota=25 mg)
Crianças: 10-15 mg/Kg Crianças menores de 1 ano de idade ou pesando
Solução
por dose a cada 6 horas menos que 9 Kg não devem ser tratadas com
Dipirona injetável
Adultos: 15-25 mg/Kg dipirona intravenosa Adultos: dose máxima diária
500 mg/mL
por dose a cada 6 horas de 10 mL
Comp. 50 mg
Tramadol (não faz parte da
Adultos e > 14 anos: Contraindicado até os 14 anos de idade e durante
Equivalente RENAME, não 1 comp. 50 mg a cada aleitamento Risco de depressão respiratória
terapêutico da tendo, portanto, 4-6 horas (dose máxima principalmente em idosos (sonolência e letargia
codeína previsão de 400 mg/dia) são sinais de alerta).
disponibilização)
Contraindicado durante aleitamento.
Adultos e > 14 anos:
Solução injetável 50-100 mg a cada 4-6 Pode ser necessário associar um anti-emético.
Tramadol 50mg/mL horas (dose máxima
Hipotensão relacionada a velocidade de infusão -
400 mg/dia)
administrar lento principalmente em idosos.
Contraindicado até os 12 anos de idade e durante
aleitamento.
1 comp. 30 mg a cada
Codeína Comp. 30 mg
6 horas Risco de depressão respiratória principalmente
em idosos (sonolência e letargia são sinais de
alerta).
Principais efeitos colaterais: sensação de boca
seca, sonolência e ganho de peso. Não deve
Crianças >6 anos: 10
ser prescrita em pacientes com história de
Amitriptilina Comp. 25 mg mg/dia.
arritmia e em associação com inibidores da
Adultos: 25-50 mg/dia monoaminoxidases.
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Fonte: adaptado de Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Chikungunya: manejo clínico. (2017)
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Como a dor tem fatores biológicos, psicológicos e emocionais, espera-se que possa
estar associada a sentimentos como raiva, desesperança, tristeza e ansiedade. O suporte
psicológico é importante em todas as fases da doença e tem potencial de alterar a forma
como o cérebro processa as sensações dolorosas. Com a persistência dos sintomas,
é necessário avaliar o impacto psicológico e social da doença. A terapia cognitivo-
comportamental pode ajudar a desenvolver novas habilidades de enfrentamento a
transtornos depressivos ou de ansiedade, muitas vezes presentes em consequência do
longo período de adoecimento.
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Yoga e Tai Chi Chuan são modalidades de práticas físicas que também estão entre
as PICS disponíveis no SUS. Como exercícios físicos de intensidade leve a moderada são
recomendados para manutenção das funções articulares e para redução dos sintomas
de ansiedade, pode haver benefício com ambas as práticas, desde que com cautela para
não exacerbar os sintomas inflamatórios.47
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
O RNA do CHIKV pode ser detectado por RT-PCR durante os primeiros 5 dias da
doença e anticorpos IgM anti-chikungunya são melhor detectados a partir do 6º dia do
início dos sintomas, podendo persistir detectáveis por meses.49 No ESP, o IAL dispõe de
sorologias IgM anti-chikungunya (ELISA kit comercial e MAC ELISA) e RT-PCR CHIKV para
confirmação laboratorial dos casos suspeitos, preferencialmente na fase aguda da doen-
ça, devendo ser observadas as orientações para coleta e envio das amostras na figura 19.
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Figura 19. Orientações para coleta e envio de amostras ao IAL de acordo com métodos diagnósticos
disponíveis
Método diagnóstico De quem solicitar Amostra biológica Período de coleta
Casos suspeitos em
fase aguda, de acordo
Pesquisa de
com a transmissão
Anticorpo Ideal: amostras coletadas
local (verificar
(ELISA IgM-Kit) orientação da vigilância a partir do 6º dia do início
epidemiológica) dos sintomas até 60
Soro e líquor
Casos graves e óbitos dias. Sempre enviar em
suspeitos. Casos qualquer período para
Pesquisa de
que necessitem de graves e óbitos.
Anticorpo
confirmação do ELISA
(MAC ELISA IgM) IgM-Kit (possibilidade de
falso-positivo)
Sangue, soro, líquor, líquido
sinovial, sangue pós-óbito,
fragmento de tecido congelado. Ideal: amostras coletadas
do 1º até o 5º dia do
RT-PCR em Casos graves e óbitos A coleta de tecidos deverá ser início dos sintomas.
suspeitos realizada preferencialmente Sempre enviar em
Tempo Real
até 8 horas após o óbito em qualquer período para
fragmentos a fresco, tais como graves e óbitos.
fígado, baço, rim e cérebro,
dentre outros.
Fragmentos de tecidos fixados
em formalina 10% (transporte
em temperatura ambiente).
Qualquer período da
Histopatológico e Coletar fragmentos de fígado, doença, quando em
Óbitos suspeitos
imuno‑histoquímica baço, rim, cérebro e musculo ocorrência de óbito
esquelético, articulações ou
sinóvia preferencialmente
até 8 horas após o óbito.
Fonte: CVE/CCD/SES-SP
Não se deve aguardar a confirmação laboratorial para manejo clínico dos casos em
nenhuma das fases da doença. O tratamento deve ser iniciado sempre de acordo com
a suspeita clínica, critérios epidemiológicos e resultados de exames complementares.
Quando da circulação do vírus chikungunya em áreas endêmicas para dengue, a detecção
de anticorpos IgM anti-dengue por si só não descarta a suspeita de chikungunya, sendo
necessária criteriosa avaliação clínica e epidemiológica do caso conjuntamente com
resultados laboratoriais.
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
Podem ser descartados para chikungunya casos suspeitos que possuam 1 ou mais
dos seguintes critérios: diagnóstico laboratorial negativo (devendo-se confirmar se as
amostras foram coletadas no período adequado para a técnica realizada); ausência de
vínculo clínico-epidemiológico; presença de diagnóstico laboratorial de outra entidade
clínica; casos sem exame laboratorial, cujas investigações clínica e epidemiológica são
compatíveis com outras doenças.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
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Ainda não há vacina disponível para prevenção de infecção pelo CHIKV, porém seu
desenvolvimento está em andamento. Podem ser destacadas como candidatas a MV-
CHIK, com vetor de vírus vivo atenuado de sarampo, que completou os ensaios clínicos
de fase 2 e foram constatados segurança, tolerabilidade e imunogenicidade adequados;
a PXVX0317, vacina de partículas semelhantes ao vírus da chikungunya que se encontra
em ensaios clínicos de fase 3; e a VLA1553, vacina de vírus vivo atenuado, atualmente
também em fase 3, que se mostrou segura, bem tolerada e com boa imunogenicidade.51-53
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Protocolo de Manejo Clínico de Chikungunya no Estado de São Paulo
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