Ressureição e Vida - Yvonne A. Pereira
Ressureição e Vida - Yvonne A. Pereira
Ressureição e Vida - Yvonne A. Pereira
Pereira
RESSURREIÇÃO E VIDA
Pelo Espírito
Léon Tolstoi
Sumário
Introdução 7
Apresentação 13
1 – O reino de Deus 15
2 – A lição materna 29
3 – O sonho de Rafaela 39
4 – O sonho do Startsi (Parábola) 45
5 – O discípulo anônimo 65
6 – Ressurreição e vida! 85
7 – O paralítico de Kiev 105
8 – O segredo da felicidade 183
Primeira Parte 183
Segunda Parte 225
Terceira Parte 248
Quarta Parte 273
Conclusão 319
Introdução
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Yvonne A. Pereira / Léon Tolstoi
próprias, narra o conto “Jesus e o aldeão russo” daquele escritor. Não obs-
tante, em junho de 1961, tive, por assim dizer, a maior surpresa de minha
vida de espírita quando, durante a noite, notei que uma entidade amiga
vinha buscar meu Espírito para algo que no momento não pude prever.
Segui-a de boa mente, presa de encantamento sedutor, irresistível. Não
foi possível recordar integralmente o que se passou então. Lembro-me,
porém, com certeza absoluta, que caminhando ao seu lado me vi trata-
da com polidez principesca, uma afetividade comovedora. Reconheci na
entidade o grande “apóstolo russo”, como é chamado, mas tal coisa, assim
em Espírito, não me atemorizou, não me surpreendeu, nem sequer me
admirou. Mantive-me naturalmente, como se fôssemos antigos conheci-
dos. E ele disse:
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Ressurreição e vida
Levou-me então à sua pátria. Vi-me vagando a seu lado pelas ruas
de Moscou (a antiga Moscou imperial, da época em que ele próprio vi-
veu), em São Petersburgo e várias outras cidades cujos nomes me são
desconhecidos; pelas aldeias e lugarejos. Mostrou-me e explicou-me mil
coisas, de que não conservei lembrança. Fez-me examinar indumentá-
rias masculinas, trajadas por personagens que se encontravam sempre à
mão. Mostrava-me mangas e punhos de blusas masculinas, botas, tipos
de calçados, interiores domésticos, utensílios como o samovar, aparelho
onde se prepara a água para o chá, de que eu nunca ouvira falar antes;
mostrou-me fachadas de residências nobres com seus parques sugesti-
vos, e também as residências humildes das aldeias, a que chamou isbás.1
E depois, amavelmente, disse ainda:
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N.E.: pequena casa de madeira muito usada na Rússia, para os homens do campo.
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profunda, sucedeu-se em meu espírito. Tão forte fora a sugestão por mim
recebida, ou a “recordação” extraída do meu subconsciente, que cheguei
a ouvir o rumor do vento e das folhas que se despegavam das árvores
para tapetarem o chão...
— Foi para decidi-la de uma vez... e ver como será fácil, pois sei que
desconhece também assuntos piemonteses...
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entidades com quem tenho trabalhado, foi esta a obra que mais fácil se
me tornou captar do Além-túmulo. Entrego-a, pois, ao público, esperan-
do que ela reconforte os corações sedentos de esperança, para satisfação
da nobre alma de apóstolo que amorosamente ma concedeu.
Yvonne A. Pereira
Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1964.
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APRESENTAÇÃO
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L. T.
Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1962.
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O REINO DE DEUS
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Havia pouco tempo que abandonara aos vermes aquilo que fora a
minha personalidade social humana, a mente, afeita desde o berço às pai-
sagens russas, figurava para si própria os quadros habituais de minha terra
natal: estepes geladas a se confundirem com o horizonte, onde o vento
soprava levantando a neve, para reuni-la em montículos que se multipli-
cavam a perder de vista; as aldeias com suas isbás, movimentadas pelo
trabalho dos moradores sempre preocupados com suas lides; o gado ru-
morejando à hora do repouso; as camponesas palrando ou cantarolando
ao recolherem as roupas que secavam ao vento desde manhã; os trenós e
as troikas2 regressando com seus nédios proprietários, bem aquecidos e
ainda mais tranquilos sob suas peliças, depois de vencerem 5 ou 8 verstas,3
satisfeitos com os resultados de suas compras e vendas...
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N.E.: carro conduzido por três cavalos.
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N.E.: antiga medida russa para distâncias, equivalente a 1,067 km.
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Sobressaltei-me.
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N.E.: cobrador de rendimentos públicos, na Roma antiga e países submetidos por ela. Os judeus
desprezavam os próprios compatriotas que se permitiam servir ao Império Romano, que então
dominava Israel.
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Judeia; que viesse a conhecer alguém que, por sua vez, houvera conhe-
cido a Jesus Cristo?...”
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N.E.: os primeiros cristãos assim se denominavam uns aos outros.
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“Fui ouvi-lo.
6
N.E.: Atos, 13:9.
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N.E.: Atos, 9:1 a 31 (Conversão de Saulo).
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vontade para a propagação da Verdade que nos trouxe... Tu, que possuis
noções da prática da beneficência, porque já a havias mais ou menos
praticado antes do teu encontro com o Mestre, testemunha o teu amor
por Ele, servindo também aos teus irmãos que sofrem ou erram, pois
tal é o segredo da boa prática da nova doutrina. Nenhum de nós será
tão pobre que não possa favorecer o próximo com algo que possua para
distribuir: o pão, o lume, o agasalho, o bom conselho, a advertência so-
lidária, a assistência moral no infortúnio, o ensinamento do bem, a lição
ao ignorante, a visita ao enfermo, o consolo ao encarcerado, a esperança
ao triste, o trabalho ao necessitado de ganhar o próprio sustento honro-
samente, a proteção ao órfão, o seu próprio coração de amigo e irmão em
Cristo, a prece rogando aos Céus bênçãos que aclarem os caminhos dos
peregrinos da vida, o perdão àqueles que nos ferem e nos querem mal...
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Foi esse um dos mestres que encontrei aquém do túmulo. Seus en-
sinamentos, os exemplos de ternura em favor do próximo, que me deu,
revigoraram minhas forças. Sob seus conselhos amorosos orientei-me,
dispondo-me a realizações conciliadoras da consciência.
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N.E.: Mateus, 22:37 a 39.
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