Analise de Projetos de Investimentos
Analise de Projetos de Investimentos
Analise de Projetos de Investimentos
Análise de projetos
de investimento
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constitui violação do copyright (Lei nº 9.610/98).
1ª edição – 2018
Análise de projetos de investimento / José Carlos Franco de Abreu Filho, Marcus Vinicius
Quintella Cury. – Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018.
CDD – 332.67
Aos nossos alunos e aos nossos colegas docentes,
que nos levam a pensar e repensar nossas práticas.
Sumário
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Dedicatória
Apresentação
Introdução
1 | Visão geral da análise de projetos de investimento
Conceituação de projeto de investimento
O fluxo de caixa de um projeto de investimento
Objetivo da análise de projetos de investimento
Identificação do investidor
Funções do gestor como analista de projetos de investimento
Seleção de projetos de investimento
Avaliação de projetos de investimento
Classificação de projetos de investimento
A decisão de investir em projetos e o custo de oportunidade
A decisão para o caso de projetos independentes, mutuamente
excludentes e dependentes
Resumo do capítulo
2 | O custo do capital e a taxa de desconto
A taxa mínima de atratividade
Estrutura de capital de um projeto de investimento
Determinação do custo do capital próprio
Determinação do custo do capital de terceiros
Custo médio ponderado do capital
Resumo do capítulo
3 | Fluxos de caixa de projetos de investimento
Elaboração dos fluxos de caixa
Principais elementos de um fluxo de caixa
Horizonte de estudo
Investimentos
Valor residual
Financiamento
Receitas
Custos operacionais
Depreciação e amortização
Tipos de moeda do fluxo de caixa
Moeda constante
Moeda nominal
Fluxo de caixa real e nominal
Lucro real e lucro presumido
Fluxo de caixa livre do acionista
Fluxo de caixa livre do projeto
Previsão dos resultados dos fluxos de caixa
Fluxo de caixa incremental
Fluxo de caixa do projeto versus lucro contábil
A importância do capital de giro para o projeto
Cálculo da necessidade de capital de giro
Variação do capital de giro no fluxo de caixa de projetos
Resumo do capítulo
4 | Métodos quantitativos para análise de viabilidade de projetos
Análise de projetos de investimento
Os métodos quantitativos mais utilizados no mercado
Valor presente líquido (VPL)
Valor presente líquido anualizado equivalente (VPLAE)
Custo anual equivalente (CAE)
Taxa interna de retorno (TIR)
Taxa interna de retorno modificada (TIRM)
Payback simples (PBS)
Payback descontado (PBD)
Índice de lucratividade líquida (ILL)
Resumo do capítulo
5 | Análise de risco e incerteza
Conceituação de risco e incerteza
Técnicas mais utilizadas
Análise de sensibilidade
Árvore de decisão
Simulação Monte Carlo
Resumo do capítulo
Conclusão
Referências
Os autores
Apresentação
Este capítulo apresenta uma visão panorâmica e integrada com a abordagem dos principais conceitos básicos para
a análise de projetos de investimento, cujo objetivo principal é permitir ao gestor financeiro tomar a decisão ótima,
com base em premissas estabelecidas, critérios e indicadores econômicos consagrados.
A decisão ótima é aquela voltada para a criação de valor da empresa ou negócio e também do capital aportado
pelos investidores, cujo critério relevante está fundamentado no conceito do valor presente e no custo de
oportunidade. Em tempo: doravante adotaremos o termo genérico “acionistas” quando nos referirmos aos sócios,
proprietários, cotistas de empresas limitadas e aos próprios acionistas de empresas de sociedades anônimas.
Portanto, mostraremos as etapas da elaboração do orçamento de capital empresarial voltadas para a tomada de
decisão de aceitação ou rejeição de projetos de investimento selecionados, avaliados e classificados. Além disso,
este capítulo também apresenta como devem ser realizadas as análises de projetos independentes, mutuamente
excludentes e dependentes.
O termo projeto está relacionado à intenção ou percepção de fazer ou realizar algo, no futuro, ou seja, transformar
ideia em realidade. Todo projeto visa ao atendimento de necessidades ou ao aproveitamento de oportunidades das
iniciativas públicas e privadas. Para isso, torna-se imprescindível a criação de premissas econômicas, financeiras,
políticas, sociais, ambientais, culturais, mercadológicas, tributárias, entre outras, e a estimativa de valores para a
construção de um fluxo de caixa que represente o projeto em termos monetários, de maneira que possa ser
realizada sua devida análise e avaliação para a tomada de decisão.
Clemente e colaboradores (2008) afirmam que o conceito de projeto é extremamente amplo e pode ser aplicado
a qualquer atividade de planejamento, por se tratar de um processo de escolha dos negócios futuros de uma
organização. Além disso, o projeto trata de um tema específico, que demanda quantidades definidas de recursos
físicos e financeiros, tem um horizonte de tempo determinado e requer resultados quantificáveis.
Investimento, por sua vez, é o aporte de capital em uma empresa, negócio, imóvel ou qualquer ativo, com o
intuito de obter dividendos, resultados positivos de caixa, aluguéis ou ganhos de capital, incertos e, portanto,
probabilísticos, durante certo horizonte futuro de tempo, de curto, médio ou longo prazo.
Portanto, um projeto de investimento pode ser conceituado como um conjunto organizado de informações sobre
uma ideia de implementar uma iniciativa qualquer, com o objetivo precípuo de fundamentar a tomada de decisão
dos responsáveis pelo aporte de recursos financeiros, próprios ou de terceiros.
Em suma, o projeto de investimento típico deve ser composto pelas seguintes etapas: concepção e conceituação
da ideia, estudo mercadológico das demandas atuais, potenciais e futuras, estudo de funcionalidade e
exequibilidade, elaboração do fluxo de caixa dos aportes de capitais (próprio e de terceiros), com quadro de usos e
fontes, despesas e custos operacionais, administrativos, tributários e financeiros, cálculo e avaliação dos
indicadores de viabilidade, análise de riscos e incertezas, e, por fim, recomendações para a tomada de decisão do
investimento.
Neste livro, trataremos somente de investimentos em projetos ou ativos tangíveis, ou seja, aqueles que podem
ser vistos, tocados, medidos e pesados, como a construção, modernização, recuperação e expansão de prédios,
plantas industriais, usinas, rodovias, portos e ferrovias; aquisição de máquinas e equipamentos; lançamento de
produtos; abertura de negócios empresariais de qualquer natureza, entre outros tipos de implementação de projetos.
Vale ressaltar que muitos aspectos intangíveis já se encontram incorporados tacitamente nos fluxos de caixa de
projetos tangíveis, por exemplo, a marca que alavanca as vendas estimadas.
Não trataremos de projetos ou ativos intangíveis, aqueles que não existem fisicamente, tais como as patentes,
fundo de comércio, marcas, percepção de qualidade, empresas virtuais e outros que possuem valor de mercado,
podem ser comercializados, mas não fazem parte do imobilizado físico das empresas.
Um projeto ou ativo qualquer, pela ótica financeira, para ser considerado viável precisa valer mais do que custa
para seus investidores, o que implica a demonstração de um fluxo de caixa maior do que o montante de recursos
investidos. Todo projeto de investimento deve ser representado, para fins de tomada de decisão, pelo seu fluxo de
caixa incremental, cujo conceito será abordado no capítulo 3.
Na linguagem das finanças corporativas, o valor de qualquer projeto de investimento é determinado pelo valor
presente dos fluxos de caixa livres que os investidores esperam receber dele, ou seja, o valor presente dos valores
líquidos das receitas, tributos, custos, despesas e investimentos a serem realizados durante o período de vida útil
previamente definido, descontado a uma taxa de juros compatível com o risco exigido pelos investidores ou
acionistas. Essas entradas e saídas de caixa esperadas formam o fluxo de caixa estimado do projeto, como
mostraremos no capítulo 3. A taxa de juros citada será mostrada no capítulo 2, e o valor do projeto será
demonstrado no capítulo 4, por meio dos métodos quantitativos para a análise da viabilidade de projetos.
Em finanças, a expressão “fluxo de caixa” é utilizada para indicar as entradas e saídas de recursos financeiros de
um projeto de investimento e, na prática, representa o fluxo dos investimentos, receitas, custos, despesas, juros e
amortizações dos empréstimos, financiamentos, tributos, entre outros, que poderão ser gerados, tanto em curto
prazo quanto nas previsões de longo prazo, em cada intervalo de tempo. Esse termo é oriundo da expressão da
língua inglesa cash flow, ou seja, fluxo de dinheiro, em tradução literal, cujo significado vai ao encontro da
definição inicialmente dada.
Devemos entender bem o conceito financeiro do fluxo de caixa de um projeto de investimento e não podemos
fazer confusão com os conceitos contábeis do demonstrativo dos fluxos de caixa (DFC) e do demonstrativo de
resultados do exercício (DRE), que são dois importantes demonstrativos contábeis básicos utilizados no mundo
empresarial. Outro importante demonstrativo contábil básico é o balanço patrimonial (BP).
Os demonstrativos contábeis citados representam instrumentos fundamentais para o processo decisório em
diferentes níveis, por fornecer informações patrimoniais, financeiras e econômicas das entidades em geral, mas
precisamos ter em mente que eles registram fatos passados, em relação a um determinado período, e utilizam o
regime de competência, exceto o DFC, que utiliza o regime de caixa, situação que pode levar a interpretações
equivocadas e imprecisas sobre a real situação financeira da empresa. Por outro lado, o fluxo de caixa de um
projeto de investimento retrata as estimativas futuras de entradas e saídas de recursos financeiros, para cada
período de um horizonte de tempo definido e utiliza o regime de caixa.
Para efeito de fixação conceitual, os demonstrativos contábeis DFC e DRE adotam, respectivamente, os regimes
de caixa e de competência, enquanto os fluxos de caixa de projetos de investimento, tema central deste trabalho,
utiliza exclusivamente o regime de caixa.
O fluxo de caixa de um projeto de investimento pode ser analisado pela ótica do agente empreendedor, da
sociedade em que ele estará funcionando e interagindo, do agente financiador ou da nação como um todo. Neste
livro, abordaremos a análise de projetos pela ótica privada, ou seja, pelo ponto de vista do agente empreendedor,
com a denominação de acionista ou investidor.
Em outras palavras, podemos definir o fluxo de caixa de um projeto de investimento como uma ferramenta
financeira utilizada para subsidiar a correta tomada de decisão, por parte dos investidores e acionistas das
empresas, de aportes de capital que incluem os gastos a serem realizados em ativos não circulantes, antes
denominados ativos permanentes, tais como obras civis, máquinas, equipamentos, terrenos, sistemas
eletromecânicos, softwares, hardwares, entre outros. Esses investimentos carecem de análise financeira de modo a
garantir que haja um retorno atrativo para os investimentos realizados (Kato, 2012).
A figura 1 mostra a representação gráfica de um fluxo de caixa de um projeto de investimento onde podemos
visualizar os investimentos iniciais FC0 e FC1 (fluxos de caixa previstos para os momentos zero e um).
Ressaltamos que existem projetos que demandam investimentos por dois, três, quatro ou mais períodos para serem
completamente implantados. A figura 1 apresenta um exemplo específico de um fluxo de caixa hipotético com
investimentos alocados apenas nos períodos 0 e 1. Como se trata de saídas de caixa, estão representados por
vetores voltados para baixo. Como mencionamos, nada impede que haja mais fluxos de caixa representativos de
investimentos em quaisquer momentos do horizonte de estudo do projeto. A partir desse ponto, o fluxo da figura 1
apresenta n períodos futuros, mostrando fluxos previstos em cada intervalo de tempo t. Esses períodos podem
representar meses, anos, trimestres ou qualquer outra periodicidade de tempo definida. Geralmente, os fluxos de
caixa das análises de projetos de investimento são elaborados em períodos anuais. FCt representa o fluxo de caixa
livre para o investidor, após taxas, juros e tributos, previsto para cada período t, conforme veremos no capítulo 3.
Figura 1
Representação gráfica do fluxo de caixa de um projeto de investimento
Os fluxos de caixa futuros esperados provenientes de diferentes tipos de projetos de investimento ou ativos
podem receber diferentes nomenclaturas, conforme segue: os fluxos de caixa das aplicações em ações de uma
empresa são os dividendos; os fluxos de caixa provenientes dos imóveis são os aluguéis; investimentos em
debêntures geram juros; as patentes fornecem aos investidores os royalties; e investimentos em projetos industriais
ou de infraestrutura produzem resultados financeiros líquidos.
Os tipos de fluxos de caixa relevantes para a análise de projetos de investimento, tais como os fluxos de caixa do
projeto e do acionista, os fluxos de caixa reais e nominais e os fluxos de caixa incrementais, serão abordados no
capítulo 3.
O exemplo 1 mostra a planilha simplificada e representação gráfica do fluxo de caixa do projeto de investimento
em uma franquia na Zona Sul do Rio de Janeiro. No capítulo 3, os fluxos de caixa serão mostrados em planilhas
mais detalhadas.
Exemplo 1
Considere a aquisição de uma franquia, na Zona Sul do Rio de Janeiro, com investimento inicial de R$ 160 mil, em maio de 2017, e
estimativa de resultados líquidos anuais de R$ 48 mil, nos dois primeiros anos, e de R$ 60 mil, nos três anos seguintes, já
considerado o IR. O contrato da franquia é de cinco anos, renováveis. Faça a representação do fluxo de caixa livre desse projeto de
investimento, na forma de planilha financeira e diagrama dos fluxos de caixa.
0 -160.000,00 -160.000,00
1 48.000,00 48.000,00
2 48.000,00 48.000,00
3 60.000,00 60.000,00
4 60.000,00 60.000,00
5 60.000,00 60.000,00
A análise de um projeto de investimento tem por objetivo o fornecimento de subsídios para a tomada de decisão
objetiva, por parte dos investidores, a partir de premissas básicas estimadas e previstas com base nos cenários
observáveis e em seus julgamentos técnicos, para a maximização da riqueza e pela melhor relação risco versus
retorno.
Simplificando, a análise de um projeto de investimento visa simular as suas condições futuras prováveis,
materiais, mercadológicas, financeiras, administrativas, tributárias, humanas, técnicas e operacionais, para que os
investidores tenham a possibilidade da go or no go decision (decisão de dar ou não continuidade ao projeto
idealizado, isto é, deliberar se vale ou não a pena prosseguir para sua implementação).
A análise de projetos de investimento não é uma ciência exata, pois trabalha, o tempo todo, com a previsão de
fatos futuros, ou seja, fora de nosso controle. Além disso, novas informações chegam ao longo do tempo, e as
análises dos projetos podem ter de ser atualizadas e até mesmo refeitas, uma ou mais vezes, pois um projeto que
poderia ser bom no ano passado pode não ser bom este ano. Apesar de utilizar a matemática financeira, que é uma
ciência exata, como ferramenta, a análise de projetos de investimento emprega inputs não exatos e probabilísticos,
elaborados com base em premissas, estimativas e previsões, que, consequentemente, produzirão outputs também
não exatos e probabilísticos, que dependerão de interpretações e julgamentos subjetivos, dentro de certa margem
de erro, para servirem como subsídios à tomada de decisão dos investidores. Os outputs são produzidos durante a
avaliação dos projetos, por meio de critérios financeiros, conforme será apresentado adiante.
Além disso, conforme a base filosófica preconizada por Damodaran (2009), os investidores, na maioria dos
projetos, não aportam capital por motivos estéticos ou emocionais, mas por motivos estritamente financeiros, visto
que os investimentos em projetos são realizados com base no crescimento de seus fluxos de caixa esperados,
dentro de um determinado horizonte de tempo, que implica a percepção de valor no presente.
Na realidade empresarial, a análise de um projeto de investimento deve ter como ponto focal a criação de
riqueza para os acionistas da empresa, considerando todos os riscos envolvidos, de forma que a melhor tomada de
decisão seja aquela que possa levar em conta um fluxo de caixa líquido operacional suficiente para cobrir os custos
dos capitais próprio e de terceiros aplicados e, além disso, gerar um resultado positivo, o mais elevado possível, ou
seja, criar valor para a empresa.
Portanto, a análise de projetos de investimento engloba as ações de seleção, avaliação, classificação e tomada de
decisão para implementação dos projetos propostos para o orçamento de capital.
Identificação do investidor
Para adquirir um ativo, alguém terá de financiar o investimento nesse ativo. Esse “alguém” é chamado investidor.
Existem, fundamentalmente, dois tipos de investidores: credores e sócios.
De modo geral, quem são os investidores do mercado? No caso das empresas públicas, os investidores são os
cidadãos, a população que paga impostos diretos e indiretos, ou seja, os contribuintes. No caso das empresas
privadas de sociedades anônimas, de capital fechado ou aberto, com ações em bolsa ou não, os investidores são os
acionistas, e, no caso das empresas privadas limitadas, são os cotistas.
Os investidores são aqueles que vinculam suas decisões aos riscos e retornos oferecidos pelos ativos. Os
investidores possuem um comportamento típico de aversão ao risco. Isso significa que os investidores cobram
retornos adicionais para assumir riscos adicionais, isto é, esperam maior retorno por assumir maiores riscos.
Investidores são insaciáveis em relação aos retornos. Para um mesmo nível de risco, um investidor optará pelo
ativo de maior retorno.
Em tempo, doravante adotaremos o termo genérico “investidor” quando nos referirmos aos investidores
propriamente ditos de negócios empresariais e empreendedores, ou seja, aqueles que investem recursos financeiros
em ativos, com a expectativa de conseguir retornos e valorização dos ativos, assumindo os riscos inerentes aos
respectivos ativos e à conjuntura econômica do país. Em outras situações, como foi dito anteriormente, adotaremos
o termo genérico “acionista” quando nos referirmos aos sócios cotistas de empresas limitadas e aos próprios
acionistas de empresas de sociedades anônimas.
Segundo Brealey e Myers (2013), o gestor financeiro trabalha o tempo todo com dois problemas básicos: o
primeiro é decidir quanto e em quais ativos e projetos a firma deve investir, isto é, decisão de investimento, e o
segundo é escolher a forma como deve ser levantado o capital necessário para investir, isto é, decisão de
financiamento.
As decisões do gestor financeiro devem sempre colocar os acionistas da firma na melhor situação possível, e seu
sucesso será medido pela geração de valor conseguida e consequente criação de riqueza, ou seja, o resultado do
investimento em um projeto que vale mais do que custa.
Gitman (2010) diz que os gestores financeiros administram as finanças de todos os tipos de empresas, privadas
ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos, e suas principais tarefas incluem a elaboração de
orçamentos, realização de previsões financeiras, administração do caixa e do crédito, análise de projetos de
investimento e captação de recursos, próprios e de terceiros.
Na prática, a atuação do gestor empresarial na análise de projetos de investimento tem caráter multidisciplinar:
requer visão sistêmica e integradora de toda a empresa, capacidade de lidar com riscos e incertezas e habilidade
para interagir constantemente com os clientes, investidores, instituições financeiras, poderes públicos, parceiros e
colaboradores internos. O gestor dessa área precisa acompanhar os marcos regulatórios e legislações vigentes,
taxas de juros praticadas, tributos envolvidos, padrões de consumo do mercado-alvo e todos os possíveis riscos e
incertezas inerentes ao projeto de investimento em análise.
A multidisciplinaridade citada como atributo do gestor tem como base a elaboração do plano de negócios que
sustentará a parte eminentemente financeira do projeto, o fluxo de caixa, que, por sua vez, é construído pela
monetização das premissas físicas, técnicas, operacionais, humanas, tributárias, mercadológicas, comerciais,
sociais, econômicas e bancárias estimadas e previstas.
Em suma, as funções de um gestor responsável pela análise de projetos de investimento podem ser resumidas
pelo comando das seguintes atividades: concepção da ideia, estudos de mercado, projetos conceitual, funcional e
básico de engenharia, premissas econômicas e financeiras, construção do fluxo de caixa, avaliação e classificação
pelos indicadores financeiros, análise de risco e incerteza e relatório conclusivo sobre a viabilidade do projeto para
subsidiar a tomada de decisão, ou seja, a go or no go decision.
Cabe ressaltar a importância de não confundir as atividades de um gestor responsável pela análise de projetos de
investimento com as atividades do gestor de projetos, visto que este último responde pela implementação de
projetos, após a go or no go decision. Todavia, nada impede que um gestor responsável pela análise de um
determinado projeto de investimento possa assumir a posição de gestor desse mesmo projeto. As funções básicas
do gestor de projetos incluem o planejamento, controle e execução de projetos de acordo com o plano de negócios
previamente definido e aprovado pelos acionistas e investidores e alinhado com os objetivos de negócio da
empresa.
A seleção de projetos de investimento e a quantificação dos recursos financeiros a serem aportados fazem parte do
orçamento de capital das empresas e têm a finalidade precípua de escolher os projetos que apresentam
potencialidade de viabilidade financeira e de aumento de riqueza para os acionistas. Portanto, o orçamento de
capital envolve o planejamento dos investimentos e financiamentos dos projetos em estudo pela empresa e a
seleção daqueles que passarão para a fase de análise e avaliação, e posterior classificação desses projetos para a
tomada de decisão de implementação. A figura 2 mostra, de forma geral, as etapas básicas do orçamento
empresarial de capital, com destaque para a posição estratégica da atividade de seleção no complexo processo de
tomada de decisão para a implementação de projetos de investimento. Cabe ressaltar que este livro aborda apenas
as etapas que antecedem a implementação, ou seja, desde a seleção dos projetos, passando pela avaliação e
classificação, até o processo de tomada de decisão (go or no go decision).
Figura 2
Etapas básicas do orçamento de capital de uma empresa
A seleção de quais projetos de investimento imaginados e propostos passarão por um processo amplo de análise
e avaliação, para que os investidores possam classificá-los e, assim, tomar a decisão sobre a implementação dos
mesmos, pode ser realizada por diversas técnicas não quantitativas, subjetivas ou expeditas, como uma forma
preliminar de indicar aqueles projetos que merecem ser analisados financeiramente de forma ampla e detalhada,
para fins de tomada de decisão pelos investidores. Geralmente, a cada ano, as empresas se deparam com muitas
sugestões de projetos para serem implementados, tanto na fase de ideia quanto em estágios mais elaborados, mas
os recursos orçamentários são limitados, por maior que seja a empresa. Então, existe a necessidade de uma triagem
das opções de projetos sugeridos e propostos, utilizando-se, para isso, algum critério expedito, para que não haja
desperdício de recursos financeiros nas fases de avaliação e classificação.
A seleção de projetos de investimento por priorização é considerada a técnica mais simples utilizada por
empresas de pequeno e médio portes, visto que os projetos imaginados são ordenados por sua importância
(mercadológica, política, estratégica, econômico-social, geração de caixa e retorno sobre o capital) e complexidade
(operacional, política, tecnológica, financeira e nível de risco) de implementação. Contudo, nada impede que essa
técnica seja utilizada por empresas de grande porte. Caso haja um ou mais projetos candidatos para fazer parte do
orçamento de capital da empresa, aqueles com maior importância e menor complexidade deverão ser priorizados e
escolhidos para passar pelo processo de análise financeira e consequente tomada de decisão de implementação.
A vantagem desse método é sua simplicidade e praticidade para a seleção de projetos, desde que os atributos de
complexidade e importância sejam bastante claros. A grande desvantagem do método é a subjetividade das
variáveis utilizadas para determinar os atributos de complexidade e importância. As considerações sobre
complexidade e importância podem ser realizadas por especialistas, técnicos e acionistas da empresa, com
atribuição de notas de zero a cinco, por exemplo, para uma lista de requisitos considerados estratégicos para a
empresa. O quadro 1 propõe uma forma de seleção de projetos por priorização, a partir de cinco requisitos dados a
cada um dos dois atributos do método. Podemos observar que cada projeto poderá alcançar no máximo 25 e no
mínimo cinco pontos para cada atributo.
A figura 3 apresenta um gráfico para a visualização do resultado do método de seleção de projetos por
priorização. Por exemplo, os projetos considerados de alta importância e com baixa complexidade terão prioridade
1 para serem analisados e avaliados para fins de tomada de decisão. Já os projetos com pouca importância, mas
considerados de alta complexidade, entram na região de prioridade 9.
Quadro 1
Planilha proposta para a aplicação do método de seleção de projetos por priorização
Complexidade (notas de 1 a 5) Importância (notas de 1 a 5)
Projeto Nível Nível
proposto Tecnológica Política Financeira Prazo de Total Mercadológica Política Sócioeconômica Prazo de Total
risco risco
A
B
C
...
Figura 3
Gráfico representativo do método de priorização para seleção de projetos
O exemplo 2 apresenta a seleção de projetos hipotéticos, com base no quadro 1 e resultado baseado no gráfico
da figura 3.
Exemplo 2
O grupo empresarial Indústrias Reunidas Novo Mundo S.A. está definindo seu orçamento de capital para o próximo ano e está diante
de quatro projetos de investimentos elaborados por seu corpo técnico. A diretoria pretende fazer a seleção dos projetos por meio da
técnica da priorização, importância versus complexidade e, para isso, convocou suas equipes técnica, econômica e comercial para
atribuírem notas no quadro 1.
Complexidade Importância
(notas de 1 a 5) (notas de 1 a 5)
Projeto
proposto Nível Nível
Tecnológica Política Financeira Prazo de Total Mercadológica Política Sócioeconômica Prazo de Tota
risco risco
Alfa 4,0 2,0 2,0 3,0 3,0 14,0 3,0 2,0 3,0 3,0 2,0 13,0
Beta 3,0 2,0 3,0 2,0 2,0 12,0 4,0 2,0 4,0 3,0 3,0 16,0
Gama 1,5 1,0 2,0 1,0 2,0 7,5 4,5 3,0 5,0 4,0 4,0 20,5
Delta 3,0 4,0 4,0 3,0 4,0 18,0 1,5 1,0 1,0 2,0 2,0 7,5
Alocando os resultados acima no gráfico da figura 3, o projeto Gama assume a prioridade 1, visto que suas notas de complexidade
somaram o menor valor, ou seja, 7,5 pontos, e as notas de importância totalizaram o maior valor, ou seja, 20,5 pontos. Nesse caso, o
projeto Gama deve ser considerado de baixa complexidade e alta importância, encaixando-se na situação de prioridade 1. Os projetos
Beta e Alfa devem assumir as prioridades seguintes, respectivamente, e o projeto Delta ficaria em última posição, podendo, até
mesmo, ser descartado, pois apresenta alta complexidade e baixa importância.
Após a etapa da seleção dos projetos de investimento com potencial para serem incluídos no orçamento de capital
de uma empresa, acontecem as etapas da avaliação e classificação dos mesmos para fins de tomada de decisão,
conforme mostrado na figura 2.
A etapa de avaliação dos projetos selecionados tem por objetivo estimar ou atribuir um valor a cada um deles,
em termos monetários. Para que os investidores possam tomar a decisão de investir ou não investir, eles precisam
ter uma ideia de quanto vale o ativo que está sendo considerado.
Em finanças, como dito, o valor de qualquer ativo, inclusive projetos de investimento, pode ser definido como o
valor presente de um fluxo de caixa futuro de recebimentos e desembolsos esperados, ou seja, resultados
probabilísticos, descontado a uma taxa de juros que reflita o risco do investimento. Esse método de avaliação é
conhecido como fluxo de caixa descontado (FCD), tradução literal do inglês, discounted cash flow (DCF).
O capítulo 3 deste livro tratará da elaboração dos diferentes tipos de fluxos de caixa de projetos e apresentará
seus principais elementos e formas de utilização, conforme o objetivo da análise.
O FCD é o modelo mais utilizado no mercado para estimar o valor de ativos e projetos de investimento e segue a
mesma forma de cálculo do valor presente (VP), aprendido na matemática financeira, cuja fórmula é a seguinte:
onde: FCt é o fluxo de caixa resultante líquido do período t; k é a taxa de desconto apropriada ao risco do fluxo de
caixa; e n é o horizonte de estudo definido para a análise do projeto.
Portanto, antes de aportar capital em projetos, os investidores precisam analisar se o desempenho dos ativos
poderá atender aos objetivos desejados, e o critério mais utilizado pelos analistas de projetos de investimento é o
valor presente líquido (VPL). Trata-se de um critério quantitativo para análise e classificação de projetos que,
permite ver, no tempo zero, se o ativo poderá valer mais, ou menos, do que o custo do investimento necessário
para adquiri-lo. O VPL é calculado matematicamente da mesma forma mostrada na expressão 1 e suas
características como critério quantitativo relevante para análise e classificação de projetos serão detalhadas no
capítulo 4.
A taxa de desconto apropriada ao risco do fluxo de caixa, representada pela letra k, que aparece na expressão 1,
tem importância fundamental na análise de viabilidade de projetos e negócios e na avaliação de empresas, porque
representa o mínimo que os investidores e acionistas pretendem ou exigem receber como retorno aos seus aportes
de recursos financeiros. Essa taxa de desconto, doravante denominada taxa mínima de atratividade (TMA), não
possui uma fórmula matemática definitiva para seu cálculo, mas sua composição deve levar em consideração três
componentes básicos, a saber: (a) o custo de oportunidade do capital a ser investido, ou seja, as remunerações
alternativas desse capital que serão abandonadas, para a realização do investimento em análise; (b) os riscos
envolvidos no projeto em estudo, considerando a compensação financeira esperada para o tamanho desses riscos;
(c) a liquidez potencial do investimento, ou seja, a avaliação do tempo de recuperação do investimento em caixa.
Na prática do mercado, a determinação da TMA “ideal” gera controvérsias e dúvidas, e muitas vezes são
utilizadas taxas de desconto arbitradas ou consensuais, além da subjetividade presente em sua composição. O
capítulo 2 apresentará a TMA com mais profundidade e mostrará um modelo teórico para sua definição.
De acordo com Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001), a análise de cada projeto de investimento selecionado
com potencial para o orçamento de capital deve seguir determinados passos: determinação do custo do projeto;
construção dos fluxos de caixa esperados para a vida útil do projeto, incluindo seu valor residual; estimação dos
riscos dos fluxos de caixa esperados; definição da taxa de juros relativa ao custo do capital para o desconto dos
fluxos de caixa, ou seja, a TMA; determinação do valor do projeto para a empresa, com base na comparação entre
o VP dos fluxos de caixa esperados do projeto e o custo de capital do investimento para sua implementação, cujo
resultado deve mostrar a superioridade do primeiro, para a recomendação de aceitação do projeto (caso contrário, o
projeto deve ser rejeitado). Na prática, trata-se da aplicação do método do VPL: quando positivo, recomenda-se a
aceitação do projeto; caso contrário, a rejeição. Vale recomendar uma análise de risco e incerteza como
complemento à avaliação de cada projeto a partir de métodos estatísticos e estudos de sensibilidade e de cenários,
como será visto no capítulo 5.
A etapa subsequente à avaliação dos projetos trata da classificação dos mesmos para fins de tomada de decisão
sobre fazerem parte ou não do orçamento de capital da empresa. Brasil (2002) chama essa classificação de
estabelecimento de um ranking dos projetos avaliados positivamente como integrantes da carteira de investimentos
do orçamento de capital da empresa.
Para a formação desse ranking, existem quatro métodos quantitativos consagrados e consensuais no mundo das
finanças, que são os seguintes:
Além desses quatro métodos, são também utilizados os critérios do payback simples (PBS), taxa interna de
retorno modificada (TIRM), valor presente líquido anualizado (VPLA) e custo anual equivalente (CAE) como
métodos auxiliares para tomada de decisão, que serão mostrados e comentados detalhadamente no capítulo 4.
Apesar de ser considerado o critério mais importante e de estar presente praticamente em todas as análises de
projetos de investimento, Brealey e Myers (2013) alertam que o VPL não deve ser tratado como o indicador único
e suficiente no processo de tomada de decisão, pois possui limitações que devem ser levadas em consideração. O
VPL tem grande aceitação no mercado, mas é um método que produz um resultado absoluto, e não relativo como o
ILL e, além disso, depende fundamentalmente da consistência das previsões dos fluxos de caixa esperados no
futuro, da constância do custo de oportunidade do capital ao longo do tempo, das oscilações cíclicas dos mercados
e da influência descompensada da inflação sobre os elementos do fluxo de caixa projeto.
Entretanto, reforçando o que já foi mencionado, o VPL, quando positivo, fornece uma indicação a respeito do
potencial de criação de valor de um projeto de investimento, que, em outras palavras, aponta que o capital
investido poderá ser recuperado, remunerado pela taxa de juros exigida pelo investidor, ou seja, a TMA, e gerará
um ganho adicional igual ao próprio VPL.
Para a formação do ranking de projetos, podemos empregar o conjunto dos quatro critérios citados ou utilizar
apenas o VPL como critério principal. Portanto, o orçamento de capital deve ser formado por um conjunto
otimizado de projetos de investimento, com o maior somatório de VPL, dentro das limitações ou restrições
orçamentárias da empresa ou dos investidores.
No caso da utilização dos quatro critérios de forma combinada, existem técnicas de pesquisa operacional, como
a programação linear, para a maximização do VPL do conjunto de projetos que comporá o orçamento de capital da
empresa, levando em conta as restrições orçamentárias, os investimentos iniciais, as características de
independência ou mútua exclusividade dos projetos e os indicadores da TIR, PBD e ILL. Esse tema não será
tratado neste livro. O exemplo 3 mostra um caso da formação de um orçamento de capital baseado em ranking
construído pelo critério do VPL.
Exemplo 3
Considere uma empresa multinacional que esteja montando seu orçamento de capital para o próximo exercício e selecionou e avaliou
cinco projetos candidatos, com níveis de risco aceitáveis, e, agora, encontra-se na etapa da tomada de decisão para aceitação ou
rejeição desses projetos, ou seja, chegou a hora da go or no go decision. Os cinco projetos selecionados possuem o mesmo horizonte
de tempo de cinco anos e os VPL foram calculados à taxa de desconto de 12% ao ano. O limite orçamentário da empresa para os
investimentos de capital nesses projetos está definido em R$ 35 milhões. Elabore uma planilha para subsidiar a tomada de decisão da
empresa com base na maximização do VPL total.
Moeda: R$ (maio 2017)
Projeto Investimento inicial Investimento acumulado VPL VPL acumulado Ranking Go or no go decision
Conclusão: recomenda-se a implementação dos projetos B, E e A, nessa ordem, visto que o montante dos investimentos respeita a
restrição orçamentária de R$ 35 milhões, e a geração de valor total para a empresa, indicada pela soma dos VPL, está estimada em
R$ 82,4 milhões.
Exemplo 4
A empresa Alfa está analisando um projeto para expansão de sua planta industrial, cujo investimento totaliza R$ 20 milhões, aplicados
no ano 0, e os resultados líquidos anuais foram estimados em R$ 6,5 milhões, durante os próximos cinco anos. Determine o VPL do
projeto, considerando que o custo de oportunidade da empresa Alfa está baseado em títulos públicos federais, que giram em torno de
8% ao ano (a.a.). Os acionistas da empresa Alfa estimaram as probabilidades de ocorrência dos fluxos de caixa anuais do projeto e
definiram um prêmio de 4% ao ano como compensação pelos riscos a serem assumidos.
Definição da TMA = custo de oportunidade + prêmio de risco exigido = 8% a.a. + 4% a.a. = 12% a.a.
Cálculo do VP de cada período pela expressão 1, adotando a TMA como taxa de desconto.
O somatório dos VP anuais corresponde ao VPL do projeto.
Moeda: R$ (maio 2017)
Mês Investimento e resultados líquidos Fluxo de caixa descontado a 12% a.a. Fluxo de caixa descontado acumulado
Conclusão: o projeto indica viabilidade pelo VPL positivo de R$ 3.431.045,32, descontado à TMA de 12% ao ano, que significa
geração de riqueza, visto que o projeto tem potencialidade para recuperar o capital investido de R$ 20 milhões, remunerado à taxa de
juros exigida pelos acionistas (TMA) e ainda gerar um resultado excedente (VPL), que servirá para o crescimento e perpetuação da
empresa. Caso venha a optar pelo custo de oportunidade, a empresa conseguirá apenas a rentabilidade de 8% ao ano, durante os
mesmos cinco anos, sem produzir qualquer riqueza para seus acionistas.
Já vimos, até aqui, que a tomada de decisão para aplicação de recursos financeiros em projetos de investimento,
tanto no âmbito individual quanto no empresarial, pressupõe a elaboração de um orçamento de capital, por mais
simples que seja, que pode ser composto por um ou mais projetos.
No caso de um orçamento de capital com mais de um projeto de investimento, devemos ficar atentos às
possíveis relações entre os projetos selecionados, para que possam ser corretamente avaliados e classificados, visto
que podem ser independentes, mutuamente excludentes ou dependentes.
Os projetos são caracterizados como independentes quando possuem objetivos distintos e a escolha de um deles
não interfere ou exclui os demais, podendo, inclusive, ser implementados de forma simultânea. No caso da tomada
de decisão entre dois ou mais projetos independentes, o indicador recomendado é o VPL positivo, em que a
classificação dos projetos será feita do maior para o menor valor do VPL.
Os projetos mutuamente excludentes são aqueles que concorrem entre si e possuem o mesmo objetivo, mas a
aceitação de um promove diretamente a rejeição dos demais. Esses projetos podem ser denominados também
mutuamente exclusivos, uma vez que podemos rejeitar todos os projetos selecionados e somente aceitar um único
projeto, excluindo, consequentemente, os outros em análise. Por exemplo, podemos classificar dois projetos como
mutuamente excludentes na seguinte situação: uma empresa adquiriu um grande terreno ao lado de sua planta
industrial principal e estuda a viabilidade de construir ali uma unidade de expansão ou implantar um centro de
pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, considerando que ambos os projetos visam aumentar o
faturamento. Esses dois projetos não poderão ocupar o terreno simultaneamente e um deles deverá ser descartado.
Da mesma forma que no caso dos projetos independentes, o indicador recomendado para a tomada de decisão
continua sendo o VPL; entretanto, esse indicador deve ser calculado para o fluxo de caixa incremental decorrente
da diferença entre os fluxos de caixa de ambos os projetos mutuamente excludentes, do maior para o de menor
investimento, como será mostrado no capítulo 4.
Os projetos são considerados dependentes quando a aceitação de um deles interferir ou depender diretamente da
escolha de outro projeto, ou de vários ao mesmo tempo. Esses projetos podem também ser denominados
complementares, quando a aceitação de um depender da aprovação de um ou mais projetos em análise. Nesse caso,
o indicador mais adequado para a classificação dos projetos, para fins de tomada de decisão, é o ILL, como
também será mostrado no capítulo 4.
Resumo do capítulo
Este capítulo apresentou uma introdução à análise de projetos, para que o leitor entenda a complexidade da tomada
de decisão financeira, tanto para investidores individuais quanto para os acionistas de empresas, e tenha o ponto de
partida para o entendimento de todos os assuntos relacionados que serão tratados em todos os capítulos deste livro.
O capítulo seguinte abordará a questão da estreita relação existente entre os riscos inerentes ao mundo financeiro
e as expectativas de retorno dos investidores de capital, a partir da apresentação dos conceitos da taxa de retorno
exigida para o capital próprio e do custo do capital do projeto ou empresa.
2
O custo do capital e a taxa de desconto
Exemplo 5
Exemplo 6
A Delícia Alimentos Ltda. obteve um financiamento de R$ 500 mil para pagar, no prazo
de um ano, o montante de R$ 550 mil. Sabendo-se que o custo bruto da dívida é de
10% ao ano e a alíquota do imposto de renda é de 30%, determine o custo líquido
dessa dívida para a empresa.
Com utilização da expressão 3:
kd = 10% a.a.
k’d = kd . (1 – IR) = 10% . (1 – 0,30) = 7% a.a. custo líquido da dívida para a Delícia
Alimentos Ltda.
A entrada do principal não tem influência no lucro tributável, assim como a sua
amortização, porém o pagamento de R$ 50 mil de juros é dedutível, e reduz em R$ 15
mil o IR a pagar. Por isso, o custo líquido da dívida cai para 7% ao ano, levando-se em
conta o IR.
Exemplo 7
Resumo do capítulo
Neste capítulo, abordamos um tema altamente relevante em análise de
projetos de investimento, que é o binômio risco versus retorno e sua relação
com os preços dos ativos dentro da dinâmica do mercado, fundamental na
definição da TMA.
O segundo tema discutido neste capítulo foi o custo de capital, quando
apresentamos o modelo CAPM, explorando cada um de seus parâmetros,
em particular o índice beta, que relaciona o retorno de um ativo com o
retorno do mercado. Ainda sobre custo de capital, fizemos um detalhamento
do custo de capital próprio e do custo de capital de terceiros, fechando com
o custo médio ponderado de capital, que agrega todos os custos em relação
às suas participações no custo total, considerando também o efeito da
alíquota do IR nas despesas financeiras referentes ao capital de terceiros.
O próximo capítulo tratará da elaboração das estimativas dos fluxos de
caixa, apresentando os fluxos de caixa do acionista e do projeto.
3
Fluxos de caixa de projetos de investimento
Horizonte de estudo
Investimentos
Ano
Discriminação Total
0 1 2 3
USOS 2.905,00 1.930,00 1.410,00 930,00 7.175,00
1. Despesas pré-operacionais 105,00 280,00 310,00 80,00 775,00
2. Terreno 800,00 800,00
3. Máquinas e equipamentos 650,00 – 250,00 – 900,00
4. Veículos 150,00 150,00 – – 300,00
5. Obras civis 1.200,00 1.500,00 850,00 850,00 4.400,00
FONTES 2.905,00 1.930,00 1.410,00 930,00 7.175,00
1. Recursos próprios (30%) 871,50 579,00 423,00 279,00 2.152,50
2. Recursos de terceiros (70%) 2.033,50 1.351,00 987,00 651,00 5.022,50
Valor residual
Financiamento
Exemplo 8
Simule o financiamento do capital de R$ 100 mil, data-base de maio de 2017, pelo SAC
e Price, a uma taxa de juros de 2,5% ao mês, pelo prazo de quatro meses.
Sabemos, da matemática financeira, que: PMT (parcela) = amortização + juros (PMT =
A + J).
A planilha do SAC deve ser iniciada pelo cálculo das amortizações constantes:
A = 100.000,00 / 4 = 25.000,00/mês
Os juros incidem sobre o saldo devedor: J1 = 100.000,00 × 2,5% = 2.500,00
Parcela do primeiro mês: PMT1 = 25.000,00 + 2.500,00 = 27.500,00
Saldo devedor do primeiro mês: SD1 = SD0 – A1 = 100.000,00 – 25.000,00 = 75.000,00
SAC
A planilha do Price deve ser iniciada pelo cálculo das prestações constantes, com
utilização da fórmula da matemática financeira referente à série uniforme de
pagamentos (função PGTO ou PMT):
PMT = PV × {[k.(1+ k)n] / [(1+k)n –1]} = 100.000,00 × {[0,025.(1+ 0,025)4] / [(1+ 0,025)4 –
1]} = 26.581,79
Os juros incidem sobre o saldo devedor: J1 = 100.000,00 × 2,5% = 2.500,00
Amortização do primeiro mês: A1 = PMT – J1 = 26.581,79 – 2.500,00 = 24.081,79
Saldo devedor do primeiro mês: SD1 = SD0 – A1 = 100.000,00 – 24.081,79 = 75.918,21
Price
Mês Saldo devedor Amortização Juros Parcela PMT
0 100.000,00
1 75.918,21 24.081,79 2.500,00 26.581,79
Receitas
Depreciação e amortização
Moeda constante
Moeda nominal
onde: knom representa a taxa de juros nominal; kreal é a taxa de juros real; e π
é a taxa de inflação.
Devemos ter em mente que essas taxas de juros são colocadas na
expressão 6 em suas formas unitárias, ou seja, divididas por 100, e não em
percentuais.
As taxas de juros nominais são aquelas divulgadas no mercado, por
exemplo, no Brasil, as taxas da caderneta de poupança e a Selic. A taxa de
juros real é aquela parte fixa de um empréstimo ou aplicação, como no caso
da caderneta de poupança, que oferece uma taxa de juros reais de 0,5% ao
mês, mais uma parte variável, calculada pela TR, mas é divulgada na forma
nominal. No caso da taxa Selic, chamada de taxa básica de juros, que serve
de referência para toda a economia, para calcularmos a taxa de juros real de
nosso país, devemos abater a inflação oficial brasileira, que é definida pelo
IPCA, calculada pelo IBGE. O exemplo 9 mostra os cálculos das taxas de
juros reais da caderneta de poupança e Selic, a partir das taxas divulgadas
oficialmente.
Exemplo 9
Exemplo 10
Fluxos de caixa
Ano Moeda constante Moeda nominal
R$ (maio 2017) R$ (correntes)
0 -1.000.000,00 -1.000.000,00
1 200.000,00 210.000,00
2 200.000,00 220.500,00
3 200.000,00 231.525,00
4 400.000,00 486.202,50
5 500.000,00 638.140,78
No fluxo de caixa em moeda constante, a TMA de 8% ao ano é uma taxa de juros real e
será utilizada para o cálculo do VPL. Pela expressão 6, achamos a TMA nominal para
ser utilizada para o cálculo do VPL do fluxo de caixa em moeda nominal:
(1 + knom) = (1 + kreal) . (1 + π) → k = [(1+0,08) . (1+0,05)] – 1 = 0,1340 → k = 13,40%
a.a. TMA nominal
Com a utilização da expressão 1, calculamos os VPL de ambos os fluxos, com suas
respectivas TMA:
VPdo ativo = VPL = Σ FCt / (1+k)t
VPLmoeda constante = -1.000.000,00 + 200.000,00 / (1,08)1 + 200.000,00 / (1,08)2 +
200.000,00 / (1,08)3 + 400.000,00 / (1,08)4 + 500.000,00 / (1,08)5 = 149.722,94
VPLmoeda nominal = -1.000.000,00 + 210.000,00 / (1,134)1 + 220.500,00 / (1,134)2 +
231.525,00 / (1,134)3 + 486.202,50 / (1,134)4 + 638.140,78 / (1,134)5 = 149.722,94
Comparativo entre o lucro real e o lucro presumido para a Atlântica Hotéis e Pousadas
Ltda. No caso do lucro presumido, a alíquota de presunção do LAIR foi retirada do
quadro 4.
Receitas brutas
(-) Tributos sobre as receitas1
(=) Receitas líquidas
(-) Custos fixos e variáveis
(-) Despesas diversas
do tempo, sendo que as depreciações atuam sobre os ativos tangíveis, como máquinas, equipamentos, veículos,
imóveis etc, e as amortizações agem sobre os ativos intangíveis, como marcas e patentes.
4 Earnings before interest and taxes (EBIT).
5 Earnings before taxes (EBT): base tributária para aplicação do IR/CSLL.
6 Inclui o adicional do IRPJ. Essa linha pode ser aberta para mostrar os valores individualmente.
7 As depreciações e amortizações são reincorporadas ao fluxo de caixa porque não representam saídas de caixa
efetivas, pois são registros contábeis e servem apenas a determinação da base tributável (LAIR), já que podem ser
consideradas benefícios fiscais e tributários.
8 O valor residual dos ativos de um projeto é o preço de mercado estimado para a data terminal definida.
Quadro 6
Modelo genérico de FCLA – regime tributário do lucro presumido
Discriminação Ano 0 Ano 1 Ano 2 ...... Ano n
Receitas brutas
Exemplo 12
Elabore o fluxo de caixa livre do projeto Tabajara, pelo ponto de vista de seus
investidores, a partir dos seguintes dados, em moeda de maio de 2017: investimento
inicial de R$ 50 milhões; financiamento de 60% do investimento, em cinco anos, pelo
SAC, à taxa de 10% ao ano; receitas estimadas em R$ 35 milhões, para o primeiro ano,
com crescimento de 5% ao ano; tributos de 12% sobre as receitas; custos variáveis de
R$ 5 milhões, para o primeiro ano, com crescimento de 3% ao ano; custos fixos de R$
2,5 milhões/ano; despesas diversas de R$ 1,5 milhão; alíquota do IR/CSSL de 34%;
depreciação anual dos ativos de R$ 8 milhões/ano, durante os cinco anos do projeto; e
valor residual de R$ 15 milhões no ano 5. Considere o regime tributário do lucro real.
Moeda: R$ . 106 (maio 2017)
Exemplo 13
Elabore o fluxo de caixa livre do projeto Tabajara, do exemplo 12, pelo ponto de vista de
seus investidores, agora considerando o regime tributário do lucro presumido, com
alíquota de presunção de 32%.
Moeda: R$ . 106 (maio 2017)
Quadro 8
Modelo genérico de FCLE – regime do lucro presumido
Discriminação Ano 0 Ano 1 Ano 2 ...... Ano n
Receitas brutas
(-) Tributos sobre as receitas
(=) Receitas líquidas
(-) Custos fixos e variáveis
(-) Despesas diversas
(=) Lucro presumido para base do IRPJ e CSLL
Assim como alertamos para o FCLA, o FCLE também pode ser elaborado
em moeda constante ou em moeda nominal, e pelos regimes tributários do
lucro real e do lucro presumido, como foi mostrado. Os exemplos 14 e 15
mostram aplicações práticas numéricas.
Exemplo 14
A Metalúrgica Imperial S.A. precisa conhecer seu valor para analisar uma proposta
recebida por um importante grupo de investidores internacionais. Para isso, seus
analistas financeiros elaboraram o fluxo de caixa da empresa, em moeda de maio de
2017, para um horizonte de projeção de cinco anos, considerando o regime tributário do
lucro real.
Moeda: R$ . 106 (maio 2017)
Exemplo 15
Exemplo 16
Exemplo 17
O sr. José Pereira pretende começar um negócio de vendas de pipocas e, para isso,
abriu uma pequena empresa e investiu na aquisição de uma carrocinha de pipocas.
Com base em um curso de microempreendedores, o sr. José Pereira recebeu
orientações sobre um rápido estudo do mercado de pipocas em seu bairro e como ele
poderia prever as suas vendas, para os próximos cinco anos, tempo definido para a
vida útil da carrocinha. Então, durante o mês de maio de 2017, ele fez sua pesquisa de
mercado e conversou com diversos pipoqueiros da região, além de ter observado o
movimento das carrocinhas nas portas dos colégios, igrejas, cinemas e praças. Ao final
da pesquisa, o sr. José Pereira chegou às seguintes informações:
– os pipoqueiros da região venderam, em média, 80 saquinhos de pipoca por dia;
– nos últimos três anos, os pipoqueiros disseram que houve uma queda nas vendas,
entre 5% e 10%;
– o horário de trabalho varia e pode chegar a cerca de 10 horas por dia, com quatro
dias de folga no mês;
– os principais concorrentes são os vendedores de milho, cachorro-quente, churro,
sorvete e bala;
– o mercado de pipoca possui público fiel e os concorrentes não afetam muito as
vendas;
– são vendidos três tamanhos de saquinhos de pipoca: R$ 2,00, R$ 4,00 e R$ 8,00.
Com base nas informações acima, o sr. José Pereira criou suas premissas de vendas,
conforme segue:
Preço de venda = R$ 4,00/saquinho típico
Horários e locais de trabalho (terça-feira a sexta-feira): 75 saquinhos típicos/dia útil
– 11:00 às 13:00 – porta do Colégio A = 30 saquinhos típicos
– 13:30 às 14:30 – porta do Colégio B = 15 saquinhos típicos
– 15:30 às 17:30 – pracinha = 10 saquinhos típicos
– 18:00 às 20:00 – porta do cinema = 20 saquinhos típicos
Horários e locais de trabalho (sábado e domingo): 100 saquinhos típicos/dia de final de
semana
– 12:00 às 18:00 – calçadão da praia = 80 saquinhos típicos
– 18:30 às 20:30 – porta do cinema = 20 saquinhos típicos
Estimativa das quantidades anuais de venda:
– vendas em dias úteis = 75 sacos/du × 18 du/mês × 12 meses/ano = 16.200 sacos/ano
– vendas em dias de final de semana = 100 sacos/dfs × 8 dfs/mês × 12 meses/ano =
9.600 sacos/ano
– vendas previstas para o primeiro ano = 25.800 saquinhos típicos
– crescimento previsto = estabilização para os dois anos seguintes e crescimento de
5% ao ano.
Exemplo 18
Exemplo 19
A Santa Cruz Veículos precisa calcular sua necessidade de capital de giro para seu
projeto de expansão. Para isso, fez previsões anuais de vendas, custos, despesas,
tributos e estoque, além de definir os prazos médios para a realização dessas
movimentações financeiras.
Previsão Conta
Prazo médio de
Item anual cíclica*
realização (dias)
R$ R$
(+) Faturamento das vendas 4.000.000 45 500.000
Exemplo 20
Resumo do capítulo
Neste trabalho, preferimos utilizar a denominação principal “métodos quantitativos” para análise
e classificação de projetos de investimento. Em alguns momentos, podemos chamar esses métodos
de indicadores de viabilidade financeira, desde que tenhamos o correto entendimento do conceito
de indicador financeiro, como mostraremos a seguir.
Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001) ensinam que os indicadores financeiros são calculados
para ajudar na análise das demonstrações financeiras das empresas e, na verdade, são relatórios
contábeis compostos pelo balanço patrimonial, demonstração dos resultados, demonstração de
lucros retidos e a demonstração dos fluxos de caixa. As informações fornecidas por esses relatórios
fornecem uma “fotografia” contábil das operações da empresa e sua posição financeira.
Com base nos relatórios contábeis citados, de uma forma geral, os principais indicadores
financeiros de uma empresa são os seguintes: margem operacional, margem EBITDA, índice de
liquidez, índice de liquidez corrente, estrutura de capital e índice de endividamento/patrimônio.
Cabe lembrar que o EBITDA, cuja sigla em português é LAJIDA, é muito conhecido no mundo
contábil-financeiro, pois representa a estimativa de quanto uma empresa gera de recursos por meio
de suas atividades operacionais, sem considerar os impostos e outros efeitos financeiros. O
LAJIDA é a sigla correspondente ao lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização,
equivalente à sigla em inglês EBITDA (earnings before interest, taxes, depreciation and
amortization).
O valor presente líquido (VPL), do inglês net present value (NPV), pode ser considerado o método
mais rigoroso e tecnicamente perfeito, e, de maneira geral, o melhor procedimento para
comparação de projetos diferentes, mas com o mesmo prazo de vida econômica útil.
Matematicamente, o VPL é o valor no presente (t = 0) que equivale a um fluxo de caixa de um
projeto, calculado a uma determinada taxa de desconto. Portanto, corresponde à soma algébrica
dos resultados periódicos líquidos de um projeto de investimento, ou seja, os fluxos de caixa
resultantes de cada período considerado, atualizados a uma taxa de juros que reflita a taxa de
retorno exigida pelos investidores, para compensar os riscos inerentes ao mesmo, também
conhecida como TMA, como foi mostrado. No caso de fluxos de caixa de empresas, a taxa de
desconto utilizada para a atualização é o CMPC, também já mencionado. Assim, haverá indicação
de viabilidade do fluxo de caixa se o VPL for positivo e, na escolha entre projetos concorrentes,
com mesmo horizonte de tempo, a preferência recairá sobre aquele com maior VPL positivo.
Kato (2012) define o VPL como uma técnica estruturada de análise de orçamento de capital,
conceituada como um método determinístico de análise de investimentos, cujo objetivo é computar
o somatório entre as entradas e saídas de um fluxo de caixa, ao longo do tempo, e os investimentos
iniciais, utilizando uma TMA.
O VPL de um fluxo de caixa de um projeto pode ser calculado pela seguinte expressão, que, na
prática, é a mesma expressão 1, mostrada no capítulo 1:
onde: FCt é o fluxo de caixa resultante líquido do período t; k é a taxa de desconto; n é o horizonte
de estudo definido para a análise do projeto.
A figura 8 mostra a representação gráfica do VPL, e nela podemos observar que o VPL é um
valor resultante equivalente de todo o fluxo de caixa do projeto, no período zero. Quando positivo,
o VPL é representado por um único vetor voltado para cima.
Figura 8
Representação gráfica do VPL
Se o valor do VPL for positivo, então a soma, na data zero, de todos os capitais do fluxo de caixa
será maior que o valor investido. Como trabalhamos com estimativas futuras de um projeto de
investimento, podemos dizer que o capital investido poderá ser recuperado e remunerado à taxa de
juros exigida, e que o projeto gerará um ganho extra, ou seja, um resultado acima do custo do
capital na data zero, equivalente ao VPL, conforme exemplificado abaixo. Portanto, o método do
VPL estabelece que, enquanto o valor presente das entradas for maior que o valor presente das saí‐
das, descontados pela TMA, o projeto pode ser aceito, conforme mostra o exemplo 21:
• VPL > 0 → o projeto pode ser aceito;
• VPL = 0 → é indiferente aceitar ou rejeitar o projeto;
• VPL < 0 → o projeto deve ser rejeitado.
Em linguagem mais simples, podemos interpretar o VPL como o resultado líquido potencial do
projeto de investimento, no tempo presente, após pagamentos de todas os custos diretos e
indiretos, despesas administrativas e financeiras, tributos, serviço da dívida e quaisquer outros
gastos, e depois da devolução do capital aportado pelos acionistas ou investidores, devidamente
remunerado pela taxa de retorno mínima exigida, ou seja, a TMA do capital próprio. O VPL pode
ser considerado a riqueza potencial a ser gerada pelo projeto de investimento em análise, caso
todos os resultados previstos do fluxo de caixa sejam alcançados.
Exemplo 21
O projeto Aymoré custa, hoje, R$ 3 milhões, sem qualquer tipo de financiamento com capital de terceiros. Esse
projeto tem uma previsão de gerar os seguintes resultados líquidos, pelos próximos três anos: R$ 1.500.000,00,
em t = 1, R$ 1.750.000,00, em t = 2, R$ 2.100.000,00, em t = 3. Calcule o VPL do projeto Aymoré, considerando as
seguintes informações, levantadas pelos investidores: beta desalavancado = 0,97; taxa livre de risco = 5% ao ano;
prêmio de mercado = 7% ao ano (data-base: maio de 2017).
Pela expressão 2, do CAPM, encontramos o custo do capital próprio não alavancado da empresa:
k0 = Rf + β . (Rm – Rf) = 5% + 0,97 . (12% – 5%) = 11,79% a.a. k0
Com utilização da expressão 8, com k0 = 11,79% ao ano (TMA), temos:
VPL = Σ FCt / (1+k)t
VPL = -3.000.000,00 + 1.500.000,00 / (1,1179)1 + 1.750.000,00 / (1,1179)2 + 2.100.000,00 / (1,1179)3
VPL = R$ 1.245.315,27 Aceitar o projeto Aymoré, pois o VPL é positivo.
Talvez a única desvantagem do VPL seja a dificuldade para a determinação da taxa de desconto,
dependendo do tipo de fluxo de caixa. Os pontos fortes do VPL são a inclusão de todos os capitais
do fluxo de caixa e o custo do capital, além da informação sobre o aumento ou decréscimo do
valor da empresa.
O conceito de equivalência financeira é de fundamental importância no raciocínio do VPL, pois
dois ou mais fluxos de caixa de mesma escala de tempo são equivalentes quando produzem
idênticos valores presentes num mesmo momento, calculados à mesma taxa de desconto. Para que
possamos avaliar opções de investimentos, é indispensável a comparação de todos os fatores em
uma mesma data, ou seja, na data zero, para proceder ao cálculo do VPL dos fluxos de caixa em
estudo.
Em suma, o VPL serve para indicar a potencialidade de um projeto valer mais do que custa, ou
seja, se o projeto tem possibilidade de gerar riqueza e criar valor para os acionistas da empresa. O
VPL serve para medir, antecipadamente, o resultado previsto para um projeto. É a diferença entre
quanto custa e quanto vale um projeto, a valores de hoje, incorporando o valor do dinheiro no
tempo. Se positivo, indica que o projeto considerado terá capacidade de devolver o capital
investido, devidamente remunerado pela taxa de retorno exigida pelos investidores, ou seja,
atender à TMA, e, ao mesmo tempo, gerar riqueza e aumentar o valor de mercado da empresa.
O valor presente líquido anualizado equivalente (VPLAE), do inglês equivalent annual net present
value (EANPV), converte o VPL de um fluxo de caixa de um projeto de investimento em uma
série uniforme de valores (pagamentos ou recebimentos), considerando uma dada taxa mínima de
atratividade, conforme as regras da equivalência entre capitais a juros compostos, definidas na
matemática financeira.
O método do VPLAE transforma todas as entradas e saídas de um fluxo de caixa, ou seja,
valores positivos de receitas ou resultados líquidos e negativos de investimentos ou desembolsos,
em uma série uniforme de valores equivalentes periódicos, geralmente anuais, indicando, assim, o
valor resultante líquido, por período, do projeto de investimento considerado. Em outras palavras,
o VPLAE é um valor anual, equivalente ao VPL, a juros compostos, ao longo do horizonte de
tempo de estudo do projeto. Matematicamente, o valor presente da série de VPLAE equivale ao
próprio VPL, considerando a mesma taxa de desconto. Apesar de ser conhecido como uma série
anualizada, o VPLAE também pode ser calculado como uma série periódica qualquer, ou seja,
semestral, trimestral ou mensal. Entretanto, em análise de projetos de investimento, é mais comum
encontrarmos os fluxos de caixa divididos em períodos anuais.
A formulação matemática para o cálculo do VPLAE é função do VPL, conforme a expressão
abaixo, que desagrega o VPL em valores periódicos, iguais e sucessivos, positivos ou negativos,
conforme o caso.
onde: k é a taxa de desconto, geralmente, TMA (k0 ou ke) ou CMPC; n é o horizonte de estudo
definido para a análise do projeto.
A figura 9 mostra a representação gráfica do VPLAE. Nela, podemos observar que o VPLAE é
um valor periódico equivalente ao VPL e, ao mesmo tempo, a todo o fluxo de caixa do projeto.
Quando positivo, o VPLAE é representado por vetores voltados para cima, a partir do primeiro
período, até o último período do horizonte de tempo definido para a análise do projeto.
Figura 9
Representação gráfica do VPLAE
Geralmente, os horizontes de estudo dos projetos de investimento de um orçamento de capital
são iguais, para fins de simplificação da comparação entre as opções existentes. Entretanto,
existem casos de projetos de investimento com horizontes de estudo diferentes e, pelos princípios
das finanças corporativas, projetos de diferentes tempos de duração não são comparáveis.
Para resolvermos esse impasse, deveríamos adotar o mínimo múltiplo comum (MMC) dos
horizontes de planejamento dos projetos de diferentes tempos de duração, de modo que seja
possível a comparação entre eles, numa mesma base temporal. Por exemplo, suponhamos a
comparação dos projetos A e B, com horizontes de estudo de sete e nove anos, respectivamente.
Com base no método citado, a comparação entre esses dois projetos seria feita para um horizonte
de 63 anos, que é o MMC entre sete e nove. Assim, a comparação entre os dois projetos seria
realizada pelo artifício da elaboração de dois fluxos de caixa hipotéticos, com 63 anos cada um, da
seguinte forma: o fluxo de caixa do primeiro projeto hipotético seria construído pela repetição do
projeto A original, de sete anos, nove vezes, para ficar com um horizonte de 63 anos; da mesma
forma, o fluxo de caixa do segundo projeto hipotético seria formado pela repetição do projeto B
original, de nove anos, sete vezes, para ficar também com 63 anos. Dessa forma, ambos os projetos
hipotéticos ficariam com 63 anos e poderiam ser comparados.
Entretanto, esse método é bastante trabalhoso, principalmente para a comparação entre projetos
de longas durações. Para simplificar o processo acima, o método do VPLAE deve ser utilizado, em
virtude de sua equivalência financeira com o VPL. Portanto, o método do VPLAE obedece às
mesmas regras do VPL, conforme segue:
Exemplo 22
A Agroindustrial Campo Belo Ltda. deseja avaliar quantitavamente os projetos Alfa e Beta, cujas previsões dos
fluxos de caixa líquidos dos acionistas são mostradas na planilha abaixo. A TMA considerada é de 10% ao ano.
Moeda: R$ (maio 2017)
1 30.000,00 35.000
2 30.000,00 35.000
3 30.000,00 35.000
4 30.000,00 35.000
5 40.000,00 37.500
6 40.000,00 37.500
7 40.000,00 45.000
8 – 45.000
9 – 45.000
O custo anual equivalente (CAE), do inglês equivalent annual cost (EAC), é um caso particular do
VPLAE que trata da comparação entre projetos com variações apenas nos investimentos, custos e
despesas, ou seja, somente saídas de caixa. Esses tipos de projetos são aqueles que visam à
aquisição de equipamentos, máquinas e veículos, considerando apenas seus custos de manutenção
e operação, assim como seus valores residuais, sem possibilidade de vincular as receitas
produzidas por esses ativos. O CAE também pode ser utilizado para a escolha do tempo ótimo de
substituição de ativos, em termos financeiros.
Alguns autores utilizam a terminologia “custo anual uniforme” (CAU) ou “custo anual uniforme
equivalente” (Caue). Nos projetos dessa natureza, as receitas não são consideradas ou são difíceis
de serem previstas para o fluxo de caixa dos projetos.
O CAE indica o valor do custo total do projeto, por período do horizonte de estudo, geralmente
anual, mas que pode ser semestral, trimestral ou mensal. Por estarmos lidando somente com
investimentos, custos e despesas, os valores alocados no fluxo de caixa do projeto em estudo serão
necessariamente negativos, por convenção, e, assim, representados graficamente por vetores
voltados para baixo. Em projetos de custos, pode existir a previsão de um valor residual ao final da
vida útil do projeto, que é um valor positivo, porque representa a recuperação do valor investido
inicialmente. Esse valor positivo não invalida o cálculo do CAE, como será visto no exemplo
adiante.
Diferentemente do VPLAE, o projeto mais viável financeiramente a ser escolhido deverá
apresentar o menor valor absoluto do CAE. Para isso, devemos calcular, inicialmente, o valor
presente (VP) do fluxo de caixa do projeto, utilizando uma determinada TMA. Na prática, a
fórmula para o cálculo do VP, mostrada pela expressão 1, é a mesma do VPL, da expressão 8. Não
podemos chamar o resultado de VPL porque os valores do fluxo de caixa desse tipo de projeto são
valores negativos e, por conseguinte, o valor presente, no tempo zero, será obrigatoriamente
negativo.
Assim como o VPLAE, o método do CAE também permite a comparação de projetos de
horizontes de estudo diferentes.
A formulação matemática para o cálculo do CAE está mostrada a seguir e produzirá valores
periódicos, geralmente anuais, iguais, sucessivos e negativos, ao longo do horizonte de tempo do
fluxo de caixa do projeto.
onde: FCt é o fluxo de caixa resultante de investimentos, custos e despesas do período t; k é a taxa
de desconto, geralmente, TMA (k0 ou ke) ou CMPC; n é o horizonte de estudo definido para a
análise do projeto.
A figura 10 mostra a representação gráfica do CAE. Nela, podemos observar que o CAE é um
valor periódico equivalente ao VP e, ao mesmo tempo, a todo o fluxo de caixa do projeto.
Figura 10
Representação gráfica do CAE
Exemplo 23
A Central Metalúrgica Ltda. precisa adquirir uma importante máquina para sua linha de produção e levantou no
mercado duas opções de fabricantes diferentes: Universal e Global. A decisão da empresa deve ser pelo menor
custo anual, porque não há como levantar a parcela da receita referente à máquina em questão. Os fluxos de caixa
previstos contemplam o investimento inicial, os custos anuais operacionais e de manutenção e o valor residual
estimado, ao final da vida útil. A TMA considerada é de 8% ao ano.
Moeda: R$ (maio 2017)
4 - - - - -34.000,00 -34.000,00
A taxa interna de retorno (TIR), do inglês internal rate of return (IRR), é a taxa de desconto que
iguala o valor presente das entradas e saídas de um projeto de investimento e serve para determinar
a taxa de juros máxima de custo de capital que um projeto suporta pagar. A TIR deve,
obrigatoriamente, ser maior do que a taxa de custo do capital que financia o projeto, ou seja, maior
que a TMA (k0 ou ke) do fluxo de caixa do acionista ou maior que o CMPC do fluxo de caixa do
projeto. Entretanto, existem restrições ao uso da TIR, como será abordado adiante, apesar de ser
um indicador de larga aceitação e um dos mais utilizados como parâmetro de decisão, muitas vezes
de forma equivocada.
A TIR é a taxa intrínseca média de retorno de um projeto, em longo prazo, e é uma função
endógena do projeto, pois depende exclusivamente do tamanho, capacidade e eficiência do projeto.
A TIR não deve ser considerada uma taxa de remuneração do capital investido no projeto. Por
comparação, a taxa de custo do capital depende da taxa de juros e de outros fatores exógenos ao
projeto, assim como o VPL depende da taxa de desconto para ser calculado. A TIR, por sua vez,
depende apenas dos fluxos de caixa do projeto para ser calculada. Se calcularmos o VPL de um
projeto usando como taxa de desconto a taxa TIR, o VPL será zero.
Em termos matemáticos, a TIR de um projeto é a taxa de juros k* que satisfaz a equação abaixo
e está representada graficamente, de forma genérica, na figura 11:
Figura 11
Gráfico da taxa interna de retorno
O grau da equação da expressão 11 está relacionado com o horizonte de estudo do projeto,
acarretando o aparecimento de equações com graus maiores que dois, cuja solução algébrica é
extremamente complexa. Esse problema é facilmente solucionado pelas modernas calculadoras
financeiras e pelas planilhas eletrônicas, mas também pode ser resolvido “manualmente” por
processos iterativos, de tentativa e erro, para se determinar um VPL positivo e outro negativo,
correspondentes às duas taxas de juros tomadas arbitrariamente. Em seguida, fazemos uma
interpolação linear desses valores para encontrar o VPL igual a zero e, assim, encontrar a TIR
desejada, conforme mostrado no exemplo 24.
Um projeto de investimento terá indicação de viabilidade, segundo esse método, se sua TIR for
igual ou maior que a taxa de retorno exigida para o capital investido, ou seja, a TMA. Assim,
quanto maior a TIR, maior a atratividade do projeto, conforme segue:
A TIR não é método para comparação entre opções de projeto, embora possa parecer intuitivo
que a opção de maior TIR pode remunerar melhor o capital investido e, portanto, deve ser a
escolhida. A TIR não é a taxa de juros que remunera o capital investido, pois a taxa de juros que
atende a essa função é a TMA, no caso de sucesso do projeto.
A TIR é um método polêmico e que traz algumas restrições, entre outros problemas, pois pode,
simplesmente, não existir matematicamente, ou podemos encontrar mais que uma TIR positiva.
Isso ocorre porque a TIR é encontrada pela resolução da equação da expressão 11, que,
dependendo de seu grau e de seus fatores, pode produzir uma ou mais raízes positivas ou não
produzir raiz alguma. Esse problema pode ser evitado se o cálculo da TIR ficar limitado aos
chamados fluxos de caixa convencionais, que são aqueles em que os investimentos antecedem os
fluxos positivos, ou seja, não há inversões intermediárias. Nos fluxos convencionais, podemos
garantir a existência matemática de uma única TIR.
Um importante problema causado pela TIR é a falsa ideia de que todos os fluxos de caixa
positivos são remunerados pela própria TIR, para que seu cálculo possa produzir o efeito de anular
o VPL. Logicamente, isso não é verdade, pois a TIR não é uma taxa de juros de mercado e também
pode não existir, como mencionado.
Existe também a situação em que a TIR gera um conflito com o VPL para a correta tomada de
decisão. Por exemplo, na comparação entre dois ou mais projetos, aquele que tem a TIR mais
elevada não necessariamente possui o maior VPL. Portanto, devemos ter cuidado com o uso da
TIR para a classificação de projetos, especialmente no caso da escolha entre projetos mutuamente
excludentes, quando há grandes diferenças de escala de investimento ou de padrões de
comportamento dos fluxos de caixa. O exemplo 24 apresenta uma forma iterativa para o cálculo da
TIR.
Exemplo 24
Em virtude de todos esses problemas, muitos artigos científicos recomendam a não utilização da
TIR como indicador financeiro de viabilidade em análise de projetos, mas entendemos que a TIR
pode ser útil, desde que utilizada de forma correta. Para termos ideia da ampla utilização da TIR no
mundo corporativo, diversas pesquisas de instituições renomadas revelam que esse método é
amplamente utilizado por mais de 75% dos altos executivos empresariais, que desconhecem os
problemas da TIR e a utilizam para avaliar e tomar decisões sobre projetos de investimento.
Em resumo, diante dos diversos problemas da TIR, recomendamos seu uso somente em fluxos
de caixa convencionais. Em todas as situações, o VPL deve ser considerado o indicador relevante e
sem restrições de uso.
A TIR apresenta a vantagem de ser apresentada na forma de taxa de juros, para ser comparada
com a TMA em projetos convencionais, de modo a proporcionar ao analista a margem de
segurança para a inviabilidade do projeto.
O VPL é a quantia máxima a que se poderia elevar o custo do investimento, hoje, para que esse
ainda continuasse viável. Já a TIR é a taxa de desconto para o qual o VPL de um projeto é igual a
zero e, em fluxos convencionais, é o limite da TMA para manter o projeto viável. Para o caso de a
TIR existir e ser a única raiz positiva da equação da expressão 11, dizemos que ela pode ser vista
como a maior taxa de juros que pode ser paga se todos os recursos necessários forem obtidos via
empréstimo ou financiamento.
Em sua obra, Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001) explicam a lógica do método da TIR por
meio da resposta à seguinte questão: por que é tão importante a taxa de desconto que iguala o custo
do projeto ao valor presente de suas entradas? Essa taxa é a TIR. A resposta tem por base a
seguinte lógica: (1) a TIR de um projeto é sua taxa de retorno esperada; (2) caso a TIR ultrapasse o
custo das fontes utilizadas para financiar o projeto, um excedente permanece após pagamento pelo
uso do capital, e esse excedente pertence aos acionistas da empresa; (3) empreender um projeto
cuja TIR excede seu custo de capital aumenta a riqueza dos acionistas; em caso contrário, se a TIR
for menor do que o custo de capital, a implementação desse projeto acarretará custo aos acionistas.
Os quatro exemplos a seguir mostram algumas aplicações do método da TIR.
Exemplo 25
Os projetos Bela Vista e Vale Central são mutuamente excludentes e possuem um horizonte de estudo de apenas
um ano. O projeto Bela Vista precisa de um investimento inicial de R$ 2.500.000 e prevê a geração de um fluxo de
caixa líquido de R$ 3.500.000, no final do ano. O projeto Vale Central exige um investimento inicial de R$
7.500.000 e promete um fluxo de caixa líquido de R$ 9.750.000, também no final do ano. Considerando uma TMA
de 12% ao ano, determine o melhor projeto para investimento (data-base: maio 2017).
Vamos calcular os VPL e TIR de ambos os projetos:
Projeto Bela Vista
Expressão 12: VPL = -2.500.000 + 3.500.000 / (1,12) → VPL = 625.000
Expressão 13: -2.500.000 + 3.500.000 / (1 + TIR) = 0 → TIR = 40%
Projeto Vale Central
Expressão 12: VPL = -7.500.000 + 9.750.000 / (1,12) → VPL = 1.205.357 maior VPL
Expressão 13: -7.500.000 + 9.750.000 / (1 + TIR) = 0 → TIR = 30%
O projeto Bela Vista apresenta uma TIR mais alta, mas o projeto Vale Central é melhor, pois produz um VPL mais
elevado, indicando, assim, maior geração de riqueza para a empresa e atendimento da mesma taxa de retorno
exigida pelos investidores, de 12% ao ano.
Exemplo 26
Qual é a TIR do projeto Brasil? O projeto Brasil, em construção civil, precisa de investimento inicial da ordem de R$
1 milhão e promete pagar aos seus investidores um único fluxo de caixa, no valor de R$ 1.300.000,00, em t = 1.
Considerando que a TMA desse projeto seja de 20% ao ano, você investiria no projeto Brasil? (data-base: maio
2017).
Partindo da definição de que a TIR é taxa “k” que torna o VPL = 0, devemos aplicar a expressão 13 para
calcularmos a TIR:
VPL = - FC0 + FC1 / (1 + k)
0 = -1.000.000 + 1.300.000 / (1 + TIR)
(1 + TIR) = 1.300.000 / 1.000.000
TIR = 0,30 → 30% a.a.
TIR = 30% a.a. > TMA = 20% a.a. Investir no projeto Brasil
Exemplo 27
Calcule a TIR do projeto Tupy, representado pelo fluxo de caixa abaixo, em milhões de reais, base maio de 2017, e
verifique sua viabilidade para uma TMA de 15% ao ano.
Com o uso de uma calculadora financeira, a TIR equivale a 19,48% ao ano. O cálculo da TIR também pode ser
realizado por interpolação linear, conforme mostrado no exemplo 23, pois seu valor está compreendido entre 15%
ao ano e 20% ao ano, pela tabela dos VPL abaixo.
0,0% 2.500.000
5,0% 1.642.875
10,0% 959.829
15,0% 408.061
20,0% -43.210
25,0% -416.480
TIR = 19,48% a.a. Aceitar o projeto Tupy, pois a TIR é maior que a TMA de 15% a.a.
Exemplo 28
Estude a viabilidade do projeto Netuno, representado pelo fluxo de caixa abaixo, em reais, considerando uma TMA
de 20% ao ano (data-base: maio 2017).
Fluxo de caixa
Ano
(R$)
0 24.000
1 24.000
2 -116.000
3 24.000
4 24.000
5 24.000
Como o fluxo do projeto Netuno é não convencional, haverá duas TIR, calculadas por uma calculadora financeira,
que não serão consideradas para fins de estudo de viabilidade. Neste caso, o VPL é o indicador adequado, cujo
valor negativo (-R$ 1.448) indica que o projeto Netuno não deve ser realizado, para a TMA de 20% ao ano.
5,0% 923
10,0% -724
15,0% -1.408
20,0% -1.448
25,0% -1.057
30,0% -387
35,0% 462
40,0% 1.415
Taxa interna de retorno modificada (TIRM)
A taxa interna de retorno modificada (TIRM), do inglês modified internal rate of return (MIRR),
serve para “resolvermos” o principal problema da TIR, que é a restrição de seu uso para o caso dos
fluxos de caixa não convencionais. Entretanto, a TIRM não corrige esse problema das TIRs
múltiplas, nem da inexistência de uma TIR, visto que tanto a TIRM quanto a TIR não fazem
diferença entre os fluxos de investimento e de financiamento. No caso específico dos fluxos não
convencionais, com duas ou mais TIRs, alguns autores dizem que não faz sentido financeiro que a
definição de uma taxa de retorno para o projeto seja modificada ou não.
A questão de essa taxa refletir ou não a rentabilidade do projeto depende do enfoque dado pelo
analista, que pode admitir que o método reproduz as condições reais do mercado, se bem que a
TIRM é mais “precisa e realista” do que a TIR, pelas taxas de desconto utilizadas, como será
mostrado adiante, especialmente nos fluxos convencionais.
Quando determinamos a TIR, estamos pressupondo que os fluxos de caixa positivos e os fluxos
de caixa negativos são reaplicados e descontados, todos, e sempre, à mesma TIR, fato inverídico
no mundo real, como já foi colocado. No caso do VPL, a suposição é que todos os fluxos de caixa
do projeto são reaplicados à TMA, o que também não ocorre na prática, mas é uma situação muito
próxima da realidade do mercado. No mercado financeiro, normalmente, a aplicação de recursos
nos rende taxas de juros menores que as taxas de juros cobradas nos financiamentos, que são mais
caras em função do spread bancário, diferença entre os custos de captação e empréstimo das
instituições financeiras. O método da TIRM incorpora essa característica.
Na prática, a TIRM não é uma modificação propriamente dita da TIR, pois não utiliza nenhum
método iterativo, nem procura raízes de uma equação; apenas utiliza os conceitos de equivalência
entre capitais da matemática financeira, valores presente e futuro. Dessa forma, o cálculo da TIRM
segue o seguinte roteiro: os fluxos dos investimentos são trazidos a valor presente, pela taxa de
mercado para financiamentos (km), ou seja, uma taxa de captação média do mercado; os fluxos
positivos são levados a valor futuro, no último período do fluxo, por uma taxa de juros de
reinvestimento (kr), ou seja, uma taxa de aplicação do mercado, geralmente menor que a TMA;
com os valores concentrados no instante zero e no período final, podemos calcular a taxa de juros
implícita nessa relação entre dois capitais, em função do horizonte de tempo do fluxo de caixa. A
expressão abaixo pode ser utilizada para o cálculo da TIRM:
onde: VFFC+ é o valor futuro dos fluxos de caixa positivos, no último período n, calculado pela taxa
de juros de reinvestimento de mercado (kr); VPINV é o valor presente dos fluxos de investimentos,
no tempo zero, calculado pela taxa de juros de mercado para financiamentos (km); n é o tamanho
do fluxo de caixa do projeto em análise.
Em suma, a TIRM pode ser considerada a melhor forma de expressão da taxa de retorno de
longo prazo de projetos de investimento com fluxos convencionais, pois leva em conta situações
mais realistas do mercado. Em fluxos convencionais, isto é, quando há uma única TIR, a TIRM é a
taxa mais aproximada para refletir o retorno médio do projeto como um todo, no longo prazo. Isso
ocorre em decorrência das diferenças na forma de cálculo e na conformação dos fluxos de caixa
intermediários. A TIR utiliza um processo iterativo e não precisa de taxas de juros de mercado para
ser encontrada, e a TIRM, ao contrário, necessita justamente de taxas de juros de mercado para ser
calculada, por equivalência entre capitais a juros compostos. Da mesma forma que a TIR, a TIRM
não é a taxa de retorno do capital investido no projeto. A seguir, alguns exemplos sobre o cálculo
da TIRM.
Exemplo 29
Determine a TIR e a TIRM do projeto Rio Novo, representado pelo fluxo de caixa abaixo, em milhões de reais,
considerando uma TMA de 15% ao ano e a taxa de reinvestimento de mercado de 10% ao ano. O projeto Rio Novo
é um bom investimento? (data-base: maio 2017).
Como o fluxo do projeto Rio Novo é convencional, haverá uma única TIR.
Pela calculadora financeira: TIR = 23,41% a.a.
Para o cálculo da TIRM, utilizaremos a expressão 12.
Valor presente do investimento: VPINV = R$ 100 milhões
Valor futuro dos fluxos positivos (kr = 10% a.a.): VFFC+ = R$ 226,25 milhões
TIRM = (VFFC+/VPINV)1/n = (226,25 / 100)1/5 – 1 = 0,1774 → TIRM = 17,74% a.a.
Para o cálculo do VPL, para a TMA de 15% a.a., utilizaremos a expressão 8:
VPL = Σ FCt / (1+k)t
VPL = -100 + 30 / (1,15)1 + 30 / (1,15)2 + 40 / (1,15)3 + 40 / (1,15)4 + 50 / (1,15)5
VPL = R$ 22,80 milhões
O projeto Rio Novo pode ser considerado um bom investimento, pois apresenta um VPL positivo e TIR > TIRM >
TMA
Exemplo 30
Determine a TIRM do projeto Netuno, do exemplo 28, considerando a taxa de captação de recursos de terceiros,
por empréstimo ou financiamento, de 12% ao ano e a taxa de reinvestimento de 10% ao ano.
Como o fluxo do projeto Netuno é não convencional, a TIRM pode apresentar a taxa de retorno de longo prazo do
projeto, a partir da expressão 12.
Valor presente do investimento (km = 12% a.a.): VPINV = R$ 92.474
Valor futuro dos fluxos positivos (kr = 10% a.a.): VFFC+ = R$ 153.231
TIRM = (VFFC+ / VPINV)1/n = (153.231 / 92.474)1/5 – 1 = 0,1063 → TIRM = 10,63%
O VPL negativo de R$ 1.448 já tinha indicado a inviabilidade do projeto Netuno e a TIRM apenas comprova essa
indicação, mostrando-se inferior à TMA de 20% ao ano. No gráfico do exemplo 22, a TIRM cai na região de VPL
negativo, mostrando que a taxa de retorno de longo prazo do projeto é inferior à taxa de retorno exigida pelos
investidores.
O payback simples (PBS), ou período de payback, do inglês payback period, é o método mais
simples para auxiliar na análise da viabilidade de um investimento e pode ser definido como o
número de períodos (anos, semestres ou meses) para se recuperar o investimento inicial. Para se
calcular o PBS de um projeto basta somar os valores dos fluxos de caixa auferidos, período a
período, até que essa soma se iguale ao valor do investimento inicial.
O método do PBS serve para medir quanto tempo um projeto demora para pagar aos investidores
o capital investido, podendo ser considerado um indicador de risco. O PBS não considera o valor
do dinheiro no tempo, tornando-se, assim, um indicador sem qualquer significado financeiro e não
recomendado para ajudar na tomada de decisão corporativa. Em outras palavras, o PBS é a soma
algébrica dos valores dos fluxos de caixa do projeto, até que os investimentos sejam anulados
pelos resultados positivos. Em finanças, esse tipo de conta vai de encontro ao princípio básico de
que não se pode somar dinheiro em tempos diferentes. Dessa forma, o PBS não é um método
apropriado e pode levar a decisões equivocadas.
Apesar da deficiência relatada, o PBS é um método muito utilizado por alguns gestores
corporativos, mesmo que equivocadamente, para fornecer rapidamente, sem muitos cálculos, o
tempo estimado para a recuperação do capital investido.
Não existe um tempo ideal para a recuperação do capital investido em um projeto e, por
conseguinte, não há um PBS ótimo, visto que o tempo de recuperação pode variar com as
expectativas dos investidores e acionistas e também com as características de cada projeto. Na
prática, os investidores e acionistas podem definir previamente um prazo máximo para a
recuperação do capital investido num determinado projeto, segundo premissas e critérios
previamente estabelecidos, denominado período de corte (PC), que pode ser confrontado com o
indicador do PBS, para auxiliar na tomada de decisão, desde que, é claro, o VPL tenha indicado
previamente a viabilidade do projeto.
O exemplo 31 apresenta o cálculo do PBS. Dessa forma, o método do PBS pode ser utilizado
conforme segue:
Exemplo 31
Calcule o PBS do projeto Laranjeiras, representado pelo fluxo de caixa abaixo, em milhares de reais, base maio de
2017, e um período de corte de três anos, definido pelos investidores do projeto.
Como não existe uma fórmula para o cálculo do PBS, criamos a tabela abaixo. O PBS ocorre no momento que o
investimento inicial é zerado.
1 60.000 -140.000
2 70.000 -70.000
3 80.000 10.000
4 80.000 90.000
5 100.000 190.000
Para obtermos um PBS mais preciso, podemos conseguir a fração do ano para ser somada ao ano 2, por
interpolação linear, dividindo o valor do fluxo de caixa acumulado do ano 2, em módulo, pelo fluxo de caixa original
do ano 3: 70.000 / 80.000 = 0,9. Assim, o PBS ocorre em 2,9 anos, aproximadamente.
PBS = 2,9 anos < período de corte = 3 anos A princípio, sem o cálculo do VPL para a indicação de viabilidade do
projeto, os investidores devem aceitar o projeto Laranjeiras, em virtude do atendimento da estratégia de
recuperação de capital em, no máximo, três anos.
Exemplo 32
Calcule o PBD do projeto Laranjeiras do exemplo 31, considerando o mesmo período de corte de três anos e a
mesma TMA de 10% ao ano.
Assim como ocorre para o PBS, não existe uma fórmula para o cálculo do PBD. Por isso, temos de criar a tabela
abaixo, com uma coluna de valores presentes e outra de valores acumulados, que são os valores parciais do VPL,
a cada ano. O momento do PBD ocorre na inversão de viabilidade, ou seja, no momento previsto para a mudança
do VPL negativo para o VPL positivo. Então, fazemos a interpolação linear desses valores, para conseguirmos o
valor aproximado do PBD.
Para obtermos um PBD mais preciso, podemos conseguir a fração do ano para ser somada ao ano 3, por
interpolação linear, dividindo o valor do VPL do ano 3, em módulo, pelo VP do ano 4: 27.498 / 54.641 = 0,5. Assim,
o PBD ocorre em 3,5 anos, aproximadamente.
PBD = 3,5 anos > período de corte = 3 anos Apesar da viabilidade do projeto Laranjeiras ser indicada pelo VPL,
os investidores devem recusá-lo, em virtude do não atendimento da estratégia de recuperação de capital em, no
máximo, três anos.
O PBD resolve a questão do valor do dinheiro no tempo, pois utiliza uma taxa de desconto em
cada um dos fluxos de caixa futuros; entretanto, suas desvantagens superam suas vantagens. Talvez
a única vantagem do PBD seja sua simplicidade de cálculo e interpretação, visto que o investidor
pode ter a ilusão que receberá o capital investido num determinado tempo. Na prática, o PBD dá
uma ideia de tempo de recuperação do investimento e pode sinalizar o risco do investimento se o
tempo de permanência do capital no projeto for muito longo.
Em resumo, o PBD pode ajudar na tomada de decisão sem ser considerado um indicador de
viabilidade relevante e recomendamos sua utilização apenas em fluxos de caixa convencionais.
onde: VPFC+ é o valor presente dos fluxos de caixa positivos, no tempo zero, calculado pela TMA;
VPINV é o valor presente dos fluxos de investimentos, no tempo zero, calculado pela TMA.
A fórmula indica que o ILL é adimensional, ou seja, não tem unidade, nem tempo; por isso é um
índice e segue as seguintes regras:
Exemplo 33
Calcule o ILL do projeto Laranjeiras, do exemplo 31, para a mesma TMA de 10% ao ano.
Para o cálculo do ILL, vamos aproveitar as duas primeiras colunas da tabela do exemplo 31 e criar uma terceira
coluna com os somatórios dos fluxos positivos e dos investimentos, para, então, aplicarmos a expressão 13,
conforme segue:
2 70.000 57.851
3 80.000 60.105 289.235
4 80.000 54.641
5 100.000 62.092
Resumo do capítulo
Este capítulo apresentou os métodos quantitativos mais utilizados nas análises de projetos de
investimento, suas características, formas de cálculo, vantagens e desvantagens, assim como
diversos exemplos elucidativos.
No próximo capítulo, mostraremos como devemos tratar o risco e a incerteza para subsidiar a
tomada de decisão na análise de projetos de investimento.
5
Análise de risco e incerteza
Análise de sensibilidade
Exemplo 34
A Pacífico Industrial pretende construir uma pequena unidade fabril de apoio, com
100% de capital próprio e horizonte de estudo de cinco anos, exclusivamente para a
fabricação do produto Alfa, a partir das seguintes previsões simplificadas, em moeda de
maio de 2017: investimento inicial de R$ 550 mil; quantidade de produção de 10 mil
t/ano, sem crescimento; preço de venda de R$ 110/t; tributos sobre as vendas de 12%;
custos anuais totais de R$ 625 mil, alíquota do IR de 35%; depreciação anual dos ativos
de 20% ao ano; valor residual nulo; e taxa de retorno exigida para o capital próprio de
15% ao ano. Analise a sensibilidade do projeto para o preço de venda, considerando os
seguintes cenários: R$ 90/t, pessimista, e R$ 120/t, otimista.
O primeiro passo é construir o FCLA, com base no quadro 5, a partir dos dados de
entrada previstos, considerados os valores mais prováveis de ocorrer.
Moeda: R$ . 103 (maio 2017)
Quantidade (mil t) 10 10 10 10 10
Preço de venda (R$/t) 110 110 110 110 110
Receitas brutas 1.100 1.100 1.100 1.100 1.100
(-) Tributos -132 -132 -132 -132 -132
(=) Receitas líquidas 968 968 968 968 968
(-) Custos totais -625 -625 -625 -625 -625
(-) Depreciações -110 -110 -110 -110 -110
(=) Lair 233 233 233 233 233
(-/+) IR / CSSL -82 -82 -82 -82 -82
(=) Lucro líquido 151 151 151 151 151
(+) Depreciações 110 110 110 110 110
(-) Investimentos -550
(+) Valor residual 0
(=) FCLA -550 261,45 261,45 261,45 261,45 261,45
O segundo passo é calcular o VPL mais provável do projeto, pela expressão 8, para um
ke = 15% ao ano: VPL = -550 + 261,45/(1,15)1 + 261,45/(1,15)2 + 261,45/(1,15)3 +
261,45/(1,15)4 + 261,45/(1,15)5 = R$ 326,42
O terceiro passo é analisar a sensibilidade do projeto para o dado de entrada do preço
de venda, mantendo-se os demais dados de entrada constantes. Para isso, elaboramos
outro FCLA para um preço de venda menor, por exemplo, o cenário pessimista de R$
90/t, para encontrarmos um novo VPL. Certamente, a redução do preço de venda
produzirá um VPL menor. Devemos observar no novo FCLA que os demais dados de
entrada são os originalmente previstos no enunciado.
Moeda: R$ . 103 (maio 2017)
Discriminação Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Quantidade (mil t) 10 10 10 10 10
Preço de venda (R$/t) 90 90 90 90 90
Receitas brutas 900 900 900 900 900
(-) Tributos -108 -108 -108 -108 -108
(=) Receitas líquidas 792 792 792 792 792
(-) Custos totais -625 -625 -625 -625 -625
(-) Depreciações -110 -110 -110 -110 -110
(=) LAIR 57 57 57 57 57
(-/+) IR / CSSL -20 -20 -20 -20 -20
(=) Lucro líquido 37 37 37 37 37
(+) Depreciações 110 110 110 110 110
(-) Investimentos -550
(+) Valor residual 0
(=) FCLA -550 147,05 147,05 147,05 147,05 147,05
Árvore de decisão
Exemplo 35
R$ -R$
25% 5% -R$ 3.922
260.000 78.444
R$ R$ -R$
20% 50% 10% -R$ 5.453
240.000 290.000 54.528
R$ -R$
25% 5% -R$ 1.132
330.000 22.640
R$ R$
20% 10% R$ 3.093
330.000 30.931
-R$ R$ R$ R$
50% 60% 30% R$ 21.237
500.000 300.000 380.000 70.791
R$ R$
20% 10% R$ 10.268
420.000 102.679
R$ R$
25% 7,5% R$ 10.379
420.000 138.393
R$ R$ R$
30% 50% 15% R$ 26.738
340.000 470.000 178.253
R$ R$
25% 7,5% R$ 15.761
510.000 210.140
O VPL esperado total do projeto, à TMA de 12% ao ano, calculado com base em todos
os cenários estabelecidos e suas respectivas probabilidades, equivale a R$ 76.969,
valor positivo que indica a aceitação do projeto.
Para que possamos entender a aplicação da expressão 14 no exemplo 35,
precisamos definir cada cenário como o caminho dos valores previstos para
cada ano, com suas respectivas probabilidades. O produto das
probabilidades dos períodos anuais corresponde à probabilidade conjunta do
cenário. Por exemplo, o VPL esperado do cenário 1 é o resultado do VPL
desse cenário 1 multiplicado pela probabilidade conjunta dos períodos
considerados, conforme representado pela expressão 14.
O quadro 13 mostra os nove cenários possíveis da árvore de decisão do
exemplo 35, conforme as probabilidades estabelecidas. Como mencionamos
no citado exemplo, para obtenção do E(VPL), com a aplicação da expressão
14, devemos calcular os VPLs de cada um dos nove cenários e multiplicá-
los por suas respectivas probabilidades conjuntas. O somatório desses nove
produtos é o E(VPL) do projeto em estudo, correspondente a R$ 76.969,
segundo a técnica da árvore de decisão.
Quadro 13
Cenários da árvore de decisão do exemplo 35
Moeda: R$ (maio 2017)
Prob.
Ano 0 Ano 1 Ano 2
conjunta VPLi
Cenário
Prob. Prob. (12%
i
FC0 FC1 FC1 FC2 FC2 pi = p1 × p2 a.a.)
p1 p2
R$ R$ R$ -R$
1 20% 25% 5%
500.000 240.000 260.000 78.444
R$ R$ R$ -R$
2 20% 50% 10%
500.000 240.000 290.000 54.528
R$ R$ R$ -R$
3 20% 25% 5%
500.000 240.000 330.000 22.640
R$ R$ R$ R$
4 50% 20% 10%
500.000 300.000 330.000 30.931
R$ R$ R$ R$
5 50% 60% 30%
500.000 300.000 380.000 70.791
6 R$ 50% R$ 20% R$ 10% R$
500.000 300.000 420.000 102.679
R$ R$ R$ R$
7 30% 25% 7,5%
500.000 340.000 420.000 138.393
R$ R$ R$ R$
8 30% 50% 15%
500.000 340.000 470.000 178.253
R$ R$ R$ R$
9 30% 25% 7,5%
500.000 340.000 510.000 210.140
σ (VPL) R$ 82.911
0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09
0.0 0.0000 0.0040 0.0080 0.0120 0.0160 0.0199 0.0239 0.0279 0.0319 0.0359
0.1 0.0398 0.0438 0.0478 0.0517 0.0557 0.0596 0.0636 0.0675 0.0714 0.0753
0.2 0.0793 0.0832 0.0871 0.0910 0.0948 0.0987 0.1026 0.1064 0.1103 0.1141
0.3 0.1179 0.1217 0.1255 0.1293 0.1331 0.1368 0.1406 0.1443 0.1480 0.1517
0.4 0.1554 0.1591 0.1628 0.1664 0.1700 0.1736 0.1772 0.1808 0.1844 0.1879
0.5 0.1915 0.1950 0.1985 0.2019 0.2054 0.2088 0.2123 0.2157 0.2190 0.2224
0.6 0.2257 0.2291 0.2324 0.2357 0.2309 0.2422 0.2454 0.2486 0.2517 0.2549
0.7 0.2580 0.2611 0.2642 0.2673 0.2704 0.2734 0.2764 0.2794 0.2823 0.2852
0.8 0.2881 0.2910 0.2939 0.2967 0.2995 0.3023 0.3051 0.3078 0.3106 0.3133
0.9 0.3159 0.3186 0.3212 0.3238 0.3264 0.3289 0.3315 0.3340 0.3365 0.3389
1.0 0.3413 0.3438 0.3461 0.3485 0.3508 0.3531 0.3554 0.3577 0.3599 0.3621
1.1 0.3643 0.3665 0.3686 0.3708 0.3729 0.3749 0.3770 0.3790 0.3810 0.3830
1.2 0.3849 0.3669 0.3888 0.3907 0.3925 0.3944 0.3962 0.3980 0.3997 0.4015
1.3 0.4032 0.4049 0.4066 0.4082 0.4099 0.4115 0.4131 0.4147 0.4162 0.4177
1.4 0.4192 0.4207 0.4222 0.4236 0.4251 0.4265 0.4279 0.4292 0.4306 0.4319
1.5 0.4332 0.4345 0.4357 0.4370 0.4382 0.4394 0.4406 0.4418 0.4429 0.4441
1.6 0.4452 0.4463 0.4474 0.4484 0.4495 0.4505 0.4515 0.4525 0.4535 0.4545
1.7 0.4554 0.4564 0.4573 0.4582 0.4591 0.4599 0.4608 0.4616 0.4625 0.4633
1.8 0.4641 0.4649 0.4656 0.4664 0.4671 0.4678 0.4686 0.4693 0.4699 0.4706
1.9 0.4713 0.4719 0.4726 0.4732 0.4738 0.4744 0.4750 0.4756 0.4761 0.4767
2.0 0.4772 0.4778 0.4783 0.4788 0.4793 0.4798 0.4803 0.4808 0.4812 0.4817
2.1 0.4821 0.4826 0.4830 0.4834 0.4838 0.4842 0.4846 0.4850 0.4854 0.4857
2.2 0.4861 0.4864 0.4868 0.4871 0.4875 0.4878 0.4881 0.4884 0.4887 0.4890
2.3 0.4893 0.4896 0.4898 0.4901 0.4904 0.4906 0.4909 0.4911 0.4913 0.4916
2.4 0.4918 0.4920 0.4922 0.4925 0.4927 0.4929 0.4931 0.4932 0.4934 0.4936
2.5 0.4938 0.4940 0.4941 0.4943 0.4945 0.4946 0.4948 0.4949 0.4951 0.4952
2.6 0.4953 0.4955 0.4956 0.4957 0.4959 0.4960 0.4961 0.4962 0.4963 0.4964
2.7 0.4965 0.4966 0.4967 0.4968 0.4969 0.4970 0.4971 0.4972 0.4973 0.4974
2.8 0.4974 0.4975 0.4976 0.4977 0.4977 0.4978 0.4979 0.4979 0.4980 0.4981
2.9 0.4981 0.4982 0.4982 0.4983 0.4984 0.4984 0.4985 0.4985 0.4986 0.4986
3.0 0.4987 0.4987 0.4987 0.4988 0.4988 0.4989 0.4989 0.4989 0.4990 0.4990
Quantidade (mil t) 11 11 11 11 11
Preço de venda (R$/t) 110 110 110 110 110
Receitas brutas 1.210 1.210 1.210 1.210 1.210
(-) Tributos -145 -145 -145 -145 -145
(=) Receitas líquidas 1.065 1.065 1.065 1.065 1.065
(-) Custos totais -625 -625 -625 -625 -625
(-) Depreciação -110 -110 -110 -110 -110
(=) Lair 330 330 330 330 330
(-/+) IRPJ / CSSL -115 -115 -115 -115 -115
(=) Lucro líquido 214 214 214 214 214
(+) Depreciação 110 110 110 110 110
(-) Investimentos -550
(+) Valor residual 0
Resumo do capítulo
Landmarks
1. Start
2. Cover
3. Table of Contents