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Estudo de Caso - Fraude em Licitações de Obras Públicas: Autora

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- ESTUDO DE CASO -

FRAUDE EM LICITAÇÕES DE
OBRAS PÚBLICAS

Autora:
NEUSA COUTINHO AFFONSO1

Colaboradores
FABIO COUTINHO CLEMENTE 2
JOSÉ REINALDO DA MOTTA 3
LUCIANO EUSTÁQUIO BUENO RINALDI

Supervisão:
Elsio Jeová dos Santos
Secretário de Controle Externo em Minas Gerais

OBJETIVO DO TRABALHO
Colaborar para a eficácia do controle, com a divulgação de um estudo de
caso: fiscalização de obras públicas executadas mediante convênios com a União.

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


SECRETARIA DE CONTROLE EXTERNO NO ESTADO DE MINAS GERAIS

1
Assessora da SECEX-MG, Graduada em Administração de Empresas pela União de Negócios e
Administração- UNA/MG, Pós-Graduação em Controle Externo pela Escola de Contas Prof. Pedro
Aleixo-TCMG.
2
Analista de Controle Externo da SECEX-MG, Graduado em Engenharia Química e Mestrado em
Ciências em Química, ambos pelo Instituto Militar de Engenharia-IME.
3
Diretor da 3ª Diretoria Técnica da SECEX-MG, Graduado em Ciências Sociais e Mestrando em
Administração Pública na Fundação Getúlio Vargas-FGV.
FRAUDE EM LICITAÇÕES DE OBRAS PÚBLICAS
TCU – SECEX-MG
RESUMO
Com o objetivo de prestar uma pequena colaboração para a eficácia do
controle externo, elaborou-se este trabalho, fundamentado na experiência adquirida
nas fiscalizações a cargo da SECEX-MG – Secretaria de Controle Externo do
Tribunal de Contas da União em Minas Gerais.
Estima-se que a disseminação de práticas inovadoras de auditoria possa
contribuir para que as ações dos órgãos de controle resultem na restituição, aos
cofres públicos, dos recursos desviados de obras públicas. Espera-se, também, que
seja restringida a participação de empresas fraudulentas nos processos licitatórios e,
ainda, fortalecido o controle dos órgãos repassadores sobre os recursos
transferidos.
Este trabalho apresenta a experiência adquirida nas fiscalizações realizadas
em 30 municípios mineiros, em decorrência de denúncias na imprensa.
Na oportunidade em questão, foram analisados 121 convênios, envolvendo
um volume de recursos da ordem de 10 milhões de reais. Recursos transferidos,
principalmente, pelos Ministério da Integração Nacional, Ministério da Previdência e
Assistência Social, Ministério da Saúde e Ministério do Esporte, para a construção
de obras de saneamento básico, unidades de saúde, quadras poliesportivas e
outras.
Dos 30 municípios auditados, 23 se encontravam relacionados com
esquemas de fraude em licitações, evidenciada, principalmente, por montagem de
documentos e participação de empresas inexistentes.
Apresentaram-se, também, desvio de recursos federais, verificado na análise
de cheques e notas fiscais emitidas, e conluio entre empresas, prefeitos municipais
e comissões de licitação, no percentual de 55% dos convênios firmados com órgãos
da Administração Federal.
Grande parte das obras contratadas encontrava-se paralisada ou concluída
com alterações nos projetos, não previamente autorizadas pelos órgãos
repassadores. Constataram-se graves vícios construtivos, como utilização de
materiais de baixa qualidade e/ou supressão de etapas da obra, descumprindo o
objeto dos convênios.

1
Dessas obras, cerca de 53% tiveram as respectivas prestações de contas
aprovadas pelos órgãos repassadores, a despeito das irregularidades apresentadas.
Nas obras fiscalizadas pela CEF, verificaram-se formas eficientes de controle,
as quais resultaram em menor incidência de irregularidades.
Destacam-se, nesta apresentação, as técnicas desenvolvidas para a
execução da fiscalização de convênios com repasse de recursos públicos, no
sentido de se detectar e coibir fraudes nas contratações de obras públicas.
Ressaltam-se, também, as boas práticas encontradas, as quais podem
contribuir para ações preventivas de gestão.

INTRODUÇÃO

A dimensão da ocorrência de irregularidades na aplicação dos recursos


públicos em obras, da forma que vem sendo constantemente divulgada na mídia
nacional, sugere a necessidade de acompanhamento sistemático pelos órgãos de
controle. A sofisticação dos métodos utilizados para a prática de atos ilícitos
demanda a atuação de um corpo técnico capacitado e a aplicação de técnicas
inovadoras de fiscalização que conduzam a ações enérgicas e tempestivas.
Antecipando-se aos fatos, o TCU já vinha inserindo, em seus Planos
Estratégicos, medidas para o incremento da capacitação do corpo técnico e
intensificando as fiscalizações das obras públicas.
Ilustrativamente, apresentam-se, aqui, os resultados das fiscalizações
realizadas em 30 municípios do Estado de Minas Gerais, com base na Decisão do
Plenário do TCU (Decisão nº 440/2002), em Representação da SECEX-MG sobre
irregularidades denunciadas na imprensa, nas quais foram apuradas fraudes em
licitações e desvios de recursos federais, em cerca de 80% dos convênios e
contratos de repasse firmados4.
Aplicaram-se a essas fiscalizações procedimentos específicos de verificação,
considerando que os métodos usuais dificilmente propiciam a apuração de fraudes e
formação de esquemas de desvios de recursos.
As irregularidades ali constatadas constituíram infringência aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, estatuídos na
Constituição Federal e na Lei nº 8.666/93.

4
De modo geral, será usado neste trabalho a nomenclatura convênio.

2
Em seguida à demonstração da situação encontrada nas fiscalizações em
apreço, são abordados os resultados alcançados, os fatores positivos do controle e
as ações que podem contribuir para inibir a prática dos atos ilícitos. Por fim,
aspectos relativos às técnicas e ferramentas de trabalho disponíveis no TCU.
O trabalho apresenta a seguinte estrutura:
Parte I – Avaliação da fiscalização realizada pela SECEX-MG em
municípios do Estado de Minas Gerais;
Parte II – Roteiro de Verificações;
Parte III – Considerações finais – o que pode ser feito para melhorar a
aplicação dos recursos públicos;
Apêndice – Instrumentos de Apoio nas Fiscalizações de Obras Públicas.

PARTE I

AVALIAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO REALIZADA PELA SECEX-MG EM MUNICÍPIOS


DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Origem das fiscalizações

O Tribunal de Contas da União, por intermédio da SECEX-MG, realizou, em


2002 e 2003, em duas etapas, inspeções em trinta municípios de Minas Gerais.
Esses trabalhos se desenvolveram em decorrência da Representação formulada
pela SECEX-MG sobre irregularidades denunciadas na imprensa, envolvendo
utilização de recursos federais transferidos a municípios, por meio de convênios e
contratos de repasse.

Os objetivos das inspeções consistiram em apurar denúncias atinentes a:

• conluio entre os licitantes e gestores municipais;

• inexecução total ou parcial de obras;

• superfaturamento e pagamentos indevidos;

• participação de empresas irregulares ou inexistentes nas licitações;

• emissão de notas fiscais inidôneas; e

• desvio de recursos federais.

3
O que foi avaliado

O escopo das fiscalizações efetuadas junto aos municípios foi delineado com
base na materialidade e representatividade dos recursos federais envolvidos,
repassados pela União, mediante convênios e contratos de repasse. Assim, foram
selecionados 121 convênios, com média de 2 a 5 convênios por município.

Por que foi avaliado

As denúncias formuladas na imprensa de Minas Gerais foram acompanhadas


e autuadas como Representação, com base em normativos do TCU, quais sejam,
Resolução nº 77/96 e Portaria nº 68/97, visando à apuração dos fatos irregulares
apontados, envolvendo o repasse de verbas da União a municípios.

O trabalho realizado, a par de apurar a veracidade dos fatos denunciados e


adotar as medidas corretivas necessárias, procurou fazer uma crítica em relação ao
sistema de repasse de recursos da União a outros entes federativos, determinando
as providências necessárias a seu aperfeiçoamento.

Como se desenvolveu o trabalho

Os trabalhos de auditoria foram realizados em 30 municípios por três equipes,


compostas de dois analistas cada, em duas etapas, no ano de 2002, envolvendo 15
municípios por vez.

Além da avaliação usual dos documentos pertinentes a licitações e contratos,


bem como do cumprimento do objeto dos convênios firmados, as fiscalizações
visavam à obtenção de extratos bancários das contas específicas dos convênios;
cópia de cheques emitidos pelas Prefeituras em favor das empresas contratadas,
bem como verificação da situação jurídica, existência física e situação operacional
das empresas participantes da licitação e, ainda, da idoneidade das notas fiscais
emitidas.

A fase das fiscalizações, atinente à análise da situação física e jurídica das


empresas, ao rastreamento dos pagamentos efetuados e à verificação da

4
idoneidade das notas fiscais emitidas, constituiu o elemento principal para a
detecção das irregularidades. É fato que uma vez constatada a inexistência da
empresa, vencedora ou participante do certame licitatório, todo o processo se torna
comprometido.

Entretanto, a análise isolada desses fatos dificilmente leva à conclusão de


prática de fraude. Assim, somente o levantamento sistemático dos dados dos
municípios envolvidos e o cruzamento dessas informações, em um único processo,
permitiu a conclusão de que houve manipulação das licitações e formação de
esquema de fraude.

O que o TCU encontrou

As inspeções realizadas pela SECEX/MG permitiram constatar a existência


de irregularidades graves envolvendo a execução dos objetos dos convênios e
contratos de repasse, dentre os quais destacamos:

• esquema de fraudes para desviar recursos públicos, envolvendo empresas,


prefeitos municipais e comissões de licitação, ante à inexistência física ou à
ausência de estrutura administrativa e/ou operacional de empresas
participantes de licitações;

• liderança no esquema de fraudes;


• desvio de recursos, evidenciado pela transferência de numerários para
entidades distintas das empresas contratadas para a execução dos serviços,
configurado na emissão de cheques ao próprio município emitente ou à
pessoa física do Prefeito e endossos apostos no verso dos cheques pelas
empresas contratadas, em favor de empresas relacionadas com o esquema
de fraude;

• conluio entre prefeitos, empresas e comissões de licitação, caracterizado pela


montagem de processos licitatórios e pela similitude de modelos gráficos e
estilos de preenchimento na quase totalidade das Notas de Empenho e
Ordens de Serviço emitidas, inclusive, por prefeituras distintas;

• emissão de Notas Fiscais inidôneas ou irregulares;

5
• constituição forjada de empresas, ante a ausência de registro das empresas
na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais e montagem dos contratos de
constituição de empresas e das propostas apresentadas por elas, em
licitações;

• abandono de grande parte das obras, algumas sendo reiniciadas com pessoal
contratado pelos municípios, sem qualquer vinculação com a empresa
inicialmente contratada;
• realização de obras com materiais inferiores, tanto em qualidade quanto em
quantidade, divergindo dos planos de trabalho e planilhas aprovados pelos
órgãos repassadores;

• insuficiência no detalhamento do objeto por ocasião da aprovação de plano


de trabalho e do projeto básico;

• contratos sem Anotação de Responsabilidade Técnica no CREA5;


• aprovação pelos órgãos repassadores de prestações de contas relativas à
execução de convênios que apresentaram irregularidades graves.

Concomitantemente com os trabalhos de inspeção nos municípios, a Decisão


440/2002-TCU-Plenário determinou que fossem realizadas auditorias nos órgãos
repassadores, de modo a verificar eventuais irregularidades na liberação dos
recursos conveniados e na aprovação das prestações de contas.

Foram verificadas, entre outras, a ocorrência das seguintes impropriedades /


irregularidades6:

• celebração de convênios com planos de trabalho incompletos, especialmente


quanto à justificativa, especificação técnica, metas e etapas;

• ausência de análise dos custos e da viabilidade da execução do objeto do


convênio;

• liberação de recursos para municípios que deixaram de cumprir exigências da


Lei de Responsabilidade Fiscal;

• liberação de recursos para convênios com vigência expirada;


• liberação de recursos para municípios inadimplentes;

5
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
6
Acórdãos Plenários 892, 1240, 1550 e 1745, todos de 2003.

6
• percentual elevado de convênios atrasados e paralisados;
• prorrogação, sem motivação, da vigência dos convênios;
• falta de acompanhamento da execução do objeto dos convênios;

• omissão e atraso na apresentação da prestação de contas, sem o


correspondente registro de inadimplência no SIAFI;

• preenchimento incompleto de documentos essenciais da prestação de contas;


• análise intempestiva das prestações de contas;
• não adoção de medidas tempestivas para instauração de tomada de contas
especial.

Volume de Recursos Fiscalizados

O volume de recursos envolvidos na amostra auditada somou,


aproximadamente, 10 milhões de reais, repassados, em 121 convênios e contratos
de repasse, principalmente pelos seguintes órgãos: Ministério da Integração
Nacional, Ministério da Previdência e Assistência Social, Ministério da Saúde e
Ministério do Esporte.

Resultados da Ação do Controle Externo


Da ação do TCU resultaram7: conversão dos processos de fiscalização em
Tomada de Contas Especial, com vista ao ressarcimento aos cofres públicos de
cerca de 8 milhões de reais e aplicação de multas aos administradores públicos
envolvidos nas irregularidades; declaração de inidoneidade das empresas
envolvidas nas fraudes; determinação de providências saneadoras a diversas
entidades.

7
Ver Acórdão nº 1936/2003-TCU-Plenário.

7
Fig. 1 – Situação dos Municípios Fiscalizados.

Irregularidades
Esquema de formais - 1,5%
fraude - 83,0%

Outras
irregularidades
graves - 15,5%

Fig. 2 – Situação das obras.

Concluídas 34%

Alteradas 41%

Inacabadas 25%

Fig. 3 – Situação da execução dos convênios examinados.


100
90 80
80
70 66
60 53 51 50 50
50
40
30
20
10 2,5
0
Irregularidades Obras Aprovação de Constituição Esquema de Conluio NF inidóneas
Graves inacabadas ou prestação de irregular de fraudes
irregulares contas de obras empresas
irregulares licitantes

8
Boas práticas

Na execução dos trabalhos, alguns pontos positivos foram notados, com


destaque para os seguintes:

• implementação da metodologia adotada por orientação do Ministro-Relator,


possibilitou o sucesso global do trabalho, com a constatação de esquema de
fraude, pois, além da fiscalização in loco das obras e da documentação dos
convênios, ele determinou o exame da situação jurídica, existência física e
operacional das empresas que participaram das licitações e dos contratos, e,
também, o confronto dos achados de auditoria levantados em cada
processo8.

• consolidação de todas as ocorrências constantes dos processos de


fiscalização, procedimento que possibilitou a conexão entre os fatos e a
constatação de formação de esquema de fraude;

• naquelas transferências de recursos da União, com a interveniência da Caixa


Econômica Federal, a qual teve a incumbência de efetuar os pagamentos e
de fiscalizar a execução das obras, verificou-se incidência significativamente
menor de irregularidades, uma vez que a liberação das parcelas é vinculada à
execução e fiscalização dos serviços, em consonância com o plano de
trabalho.

8
Inicialmente, foi formalizado um processo para cada um dos 30 municípios auditados.

9
PARTE II

ROTEIRO DE VERIFICAÇÕES

Fig.4 – Entidades envolvidas (stakeholders):

ÓRGÃO REPASSADOR SIAFI/SIAPE

ENTIDADE INTERVENIENTE

ÓRGÃO EXECUTOR

DOMICÍLIO DAS
JUCEMG
EMPRESAS

RECEITAS FEDERAL,
LOCAL DAS OBRAS ESTADUAL OU MUNICIPAIS

BENEFICIÁRIOS DAS ESTABELECIMENTOS


OBRAS BANCÁRIOS

Elementos essenciais na detecção de fraude

Constituem elementos essenciais na detecção de fraude, devendo constar da


Matriz de Planejamento, as questões de auditoria relativas a:
• a regularidade formal e real dos procedimentos licitatórios;
• a situação física e jurídica dos licitantes;
• os termos e valores firmados;
• a situação das obras; e
• a identificação dos responsáveis envolvidos.
Para tanto, é imprescindível a elaboração de um roteiro de verificações,
abrangendo as entidades envolvidas, como se apresenta a seguir:

1- NO ÓRGÃO REPASSADOR: identificar os convênios, objeto da


análise, e levantar os valores repassados, as datas dos repasses, verificando a
situação da prestação de contas.

10
2- NO SIAFI E SIAPE9: verificar a situação dos convênios e levantar o rol
dos gestores responsáveis (nome, CPF, endereço e período de gestão),
certificando o registro da situação dos convênios e identificando os
responsáveis e respectivos períodos de gestão.
3- NA ENTIDADE INTERVENIENTE (Caixa Econômica Federal ou outro):
solicitar contratos de repasse, cópia dos processos e relatórios de acompanhamento
das obras, certificando o registro da situação dos convênios e identificando os
responsáveis e respectivos períodos de gestão.
4- NO ÓRGÃO EXECUTOR: a) analisar formalmente os procedimentos
licitatórios, bem como a compatibilidade entre as datas e o local do recebimento dos
convites, o domicílio das empresas convidadas, as datas do início da execução da
obra e/ou data dos pagamentos, analisando a compatibilidade cronológica dos
fatos; b) verificar os contratos firmados, listando os dados da empresa executante,
bem como de seus sócios proprietários e representantes (realizar os mesmos
procedimentos no caso de sub-rogação de contratos), confirmando o real executor
da obra; c) listar, em planilha, os dados dos participantes das licitações, relativos a:
nome das empresas participantes; endereço e área de atuação; composição
acionária; data da constituição e do registro na Junta Comercial; identificação
completa dos sócios proprietários e dos representantes legais (nome, CPF e
endereço), apurando a existência de pessoas coincidentes nas sociedades; d)
levantar a identificação completa dos membros da Comissão de Licitação e do
responsável pelo Termo de Aceitação da Obra (nome, CPF, endereço), avaliando a
sua participação em eventuais irregularidades apuradas; e) comparar os
contratos com os projetos básicos e executivos e a situação física da obra, bem
como os pagamentos efetuados, verificando a compatibilidade dos itens
contratados com os executados e os preços de mercado destes à época da
execução; f) listar os pagamentos efetuados e os beneficiários dos pagamentos,
bem como os números dos cheques emitidos, agência bancária e conta-corrente,
por beneficiário, e comparar com os extratos bancários, apurando se a
movimentação financeira corresponde aos pagamentos efetuados.
5- NOS ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS: solicitar cópias, de frente e
verso, dos cheques relacionados, analisando a pertinência dos beneficiários e,
ainda, possíveis endossos para outras empresas ou pessoas físicas.
9
Sistema Integrado de Administração Financeira e Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos.

11
6- NA JUNTA COMERCIAL DO ESTADO: solicitar o extrato da situação
jurídica das empresas listadas, com as alterações de sócios, de endereço e de área
de atuação, verificando a regularidade de sua constituição e do funcionamento
à época das licitações e execução das obras.
7- NO DOMICÍLIO DAS EMPRESAS: visitar os endereços das empresas,
indicados nos documentos apresentados nas licitações e na Junta Comercial
(atentando para a possibilidade de mudança de endereços), e, em caso de
inexistência física no local indicado, solicitar informações de moradores e fotografar
os locais indicados como endereços, documentando a inexistência física ou
incapacidade operacional das empresas.
8- NAS RECEITAS FEDERAL, ESTADUAL OU MUNICIPAL: solicitar a
data da inscrição das empresas nos respectivos cadastros e a situação de
funcionamento, no período analisado, verificando a idoneidade das Notas Fiscais.
9- NO LOCAL DAS OBRAS: identificar os reais executores das obras, o
estágio de construção, o material empregado e a compatibilidade da execução com
os projetos aprovados, apurando se a apresentação física corresponde aos
pagamentos efetuados, aos termos contratuais e às cláusulas dos convênios.
10- JUNTO AOS BENEFICIÁRIOS: fazer entrevistas sobre a utilização das
obras, avaliando o cumprimento do objeto dos convênios.

PARTE III – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O QUE PODE SER FEITO PARA MELHORAR A APLICAÇÃO DOS


RECURSOS PÚBLICOS

A análise dos fatos levantados nas fiscalizações a cargo da SECEX-MG


aponta para a necessidade de adoção de um série de medidas.

NO ÂMBITO DOS ÓRGÃOS REPASSADORES:

• estabelecer, com clareza, os termos dos convênios a serem celebrados,


os quais deverão ser meticulosamente analisados pelas partes, com vista ao fiel
cumprimento deles;

• liberar os recursos somente após a avaliação criteriosa dos projetos;

12
• acompanhar e fiscalizar rigorosamente a execução dos objetos dos
repasses efetuados;

• examinar cuidadosamente as prestações de contas, adotando as medidas


pertinentes tão logo observadas quaisquer inconsistências entre elas e a realidade
dos fatos;

• condicionar a aprovação da prestação de contas à apresentação da


Anotação de Responsabilidade Técnica do contrato.

NO ÂMBITO DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE EXTERNO E INTERNO:

• fortalecer a eficácia da ação do controle, promovendo o acompanhamento


sistemático da aplicação dos recursos públicos e da implementação de suas
determinações, inclusive, certificando-se de que os problemas levantados pelas
fiscalizações sejam efetivamente sanados.

NA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL:

• incluir dispositivo na IN/STN nº 01/97, determinando expressamente a


obrigatoriedade de: a) manutenção dos recursos da contrapartida em conta bancária
específica, sujeição dos mesmos às exigências de movimentação financeira
estipuladas para os recursos federais liberados (art. 7º, inciso XIX, e art. 20) e de
apresentação dos documentos comprobatórios da despesa (art. 30); b)
comprovação de Anotação de Responsabilidade Técnica do contrato (ART – Matriz),
bem como de seu registro e baixa no CREA; c) apresentação dos comprovantes de
retenção e recolhimento da contribuição destinada à Seguridade Social, relativa às
respectivas notas fiscais de prestação dos serviços contratados para execução do
objeto conveniado.

NO CREA:

• informá-lo sobre os contratos que não apresentam a elaboração e registro


de ART, para as providências administrativas de sua alçada.

NO ÂMBITO DA SOCIEDADE:

• divulgar os investimentos públicos e promover ações de incentivo ao


controle social, por meio do aprimoramento da consciência cidadã, para a co-
responsabilidade no acompanhamento do desempenho da máquina operacional e
administrativa do Estado.

13
APÊNDICE
INSTRUMENTOS DE APOIO NAS FISCALIZAÇÕES
O sucesso no resultado das fiscalizações depende da cuidadosa preparação
dos papéis de trabalho, que auxiliam no planejamento e execução das auditorias,
orientado, ainda, para o adequado encaminhamento das propostas.
As fiscalizações do TCU são apoiadas por instrumentos10 criados pela
Secretaria de Fiscalização, com a participação das unidades técnicas e aprovadas
pela Presidência, por intermédio da Secretaria-Geral de Controle Externo. Alguns
desses papéis de trabalho são as Matrizes de Auditoria, nas quais se procuram
contemplar todos os itens necessários a cada fase da fiscalização, realizando-se,
ainda, uma verificação das questões analisadas e da qualidade da auditoria.
Matrizes de Auditoria
a) Matriz de Planejamento – Documento que relaciona, a partir do enunciado do
objetivo da auditoria, as diversas questões de auditoria e, para responder a cada
uma, quais as informações requeridas, as fontes de informações, as técnicas de
auditoria, as limitações e o que se espera que a análise permita dizer ao final dos
trabalhos. A Matriz de Planejamento não é inflexível, visto ser um instrumento para
que o objetivo da auditoria seja atingido e portanto passível de mudanças durante
a realização dos trabalhos, caso ocorram situações inesperadas.
b) Matriz de Procedimentos – Documento que contém, para cada questão de
auditoria, os itens de verificação a serem aplicados durante a execução da
auditoria, além da indicação do membro da equipe responsável pela verificação, do
período em que os procedimentos deverão ser aplicados e da estimativa de custo
da auditoria. A Matriz de Procedimento é elaborada em consonância com a matriz
de planejamento.
c) Matriz de Achados – Documento que estrutura o desenvolvimento dos achados,
explicitando, para cada um, a situação encontrada, o critério adotado, as causas,
os efeitos, as evidências e as propostas de encaminhamento.
d) Matriz de Responsabilização – Documento que permite a verificação da
responsabilidade pelo achado. Apresenta, para cada achado, o nome e a função do
responsável, a conduta por ele praticada, o nexo de causalidade entre a conduta e o
achado, e,por fim, a correspondente análise.

10
Roteiro de Auditoria de Conformidade – TCU, mar/2003.

14
ÍNDICE

Resumo..................................................................................................................... 1
Introdução ................................................................................................................ 2
Parte I – Avaliação da Fiscalização Realizada Pela SECEX-MG em Municípios
de Minas Gerais.................................................................................................. . 3
Parte II – Roteiro de Verificações........................................................ ...................... 10
Parte III – Considerações Finais – o que pode ser feito para melhorar a aplicação
dos recursos públicos ............................................................................................. 12
Apêndice – Instrumentos de Apoio às Fiscalizações ............................................. 14

——————————————————————————

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de
outubro de 1988; atualizada até a emenda constitucional nº 20, de 15-12-1998,
acompanhada de novas notas remissivas e dos textos, integrais, das emendas
constitucionais e das emendas constitucionais de revisão. 21. ed. atual. e ampl. São
Paulo: Saraiva, 1999. (Coleção Saraiva de Legislação).

O Tribunal de Contas da União na constituição da república federativa do Brasil: lei


orgânica; regimento interno. 9.ed. Brasília: TCU, 2003.

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Roteiro de Auditoria de Conformidade:


aprovado pela Portaria do TCU nº 90, de 6 de março de 2003. Boletim Interno do
Tribunal de Contas União. Brasília, 2003. n. 8, mar., ano XXXVI. Número Especial.

Convênios e outros Repasses/Tribunal de Contas da União – Brasília: TCU,


Gabinete da Presidência, 2003.

15

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