Relatório de Avaliação
Relatório de Avaliação
Relatório de Avaliação
07 de julho de 2020
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA ECONOMIA
Unidade Examinada: Superintendência Regional Instituto Nacional do
Seguro Social - Sudeste II
Município/UF: Belo Horizonte/MG
Ordem de Serviço: 201902464
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
Avaliação de contratações
de serviços terceirizados, QUAIS AS CONCLUSÕES
pela Superintendência
Regional Sudeste II do INSS,
ALCANÇADAS PELA CGU?
englobando os critérios para QUAIS AS RECOMENDAÇÕES
licitação, os parâmetros dos QUE DEVERÃO SER
contratos e das renovações,
além das rotinas de
ADOTADAS?
fiscalização e de No tocante ao resultado da auditoria
pagamentos. sobre a execução dos contratos de
vigilância eletrônica foram evidenciadas
Foram analisados processos irregularidades por parte dos gestores,
de contratação, que ensejaram recomendações de
selecionados a partir de medidas saneadoras a serem cumpridas.
amostragem não As falhas identificadas dizem respeito a:
probabilística, relacionados - Demonstrou-se que as unidades
a: contratantes, pagaram, repetidamente,
- Contrato para serviço de por custos em que a prestadora não
limpeza e conservação; incorreu, caracterizando enriquecimento
- Contratos de vigilância sem causa da contratada e prejuízo ao
convencional; e erário. Recomendou-se, então o
- Contratos de vigilância ressarcimento ao erário e a apuração de
eletrônica. responsabilidades.
- Constatou-se possível fraude e
superfaturamento na contratação de
serviços de manutenção dos
equipamentos de vigilância eletrônica.
Dessa forma, recomendou-se a avaliação,
pelo gestor, sobre a oportunidade e
conveniência da rescisão de todos os
contratos que estão em vigência com a
empresa contratada, além de
ressarcimento ao erário e, também,
apuração da responsabilidade dos agentes
causadores das irregularidades.
RELATÓRIO Nº 201902464
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
RECOMENDAÇÕES 35
CONCLUSÃO 36
ANEXOS 38
Total R$ 28.662.591,08
7
O critério para aferir a adequação de práticas e procedimentos adotados nas
contratações deu-se com base na legislação regente da matéria: Lei nº 8.666/1993 e
Instrução Normativa nº 02/2008, da então Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação do extinto Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MP),
substituída pela IN nº 05/2017, da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão (SEGES/MPDG).
Cumpre enfatizar que o objeto dos contratos derivados desse primeiro certame era
composto da “utilização de vigilantes e equipamentos eletrônicos”, o que não se repetiu
nas contratações posteriores, pois deixaram de ser realizadas em conjunto com a
vigilância ostensiva, ou seja, passaram a ser firmados contratos com o objeto exclusivo
de vigilância eletrônica ou vigilância convencional.
Da mencionada licitação foram derivados quatorze contratos, mediante adesão à ata de
registro de preços decorrente dessa licitação, segundo consulta ao Portal da
Transparência.
Observa-se que, dos quatorze contratos firmados, em metade deles consta como
fornecedor a empresa Nexus Vigilância Eireli, CNPJ 06.911.840/0001-92, fundada sob a
razão social Vigiminas Serviços de Segurança e Vigilância LTDA, totalizando o valor de R$
R$ 47.218.265,52 para a prestação de serviço no âmbito das seguintes Gerências
Executivas:
1
http://www.portaltransparencia.gov.br/
8
Tabela 2 – Contratos firmados por unidades do INSS em Minas Gerais com a empresa
Nexus Vigilância Eireli a partir da Licitação 1/2008.
Gerência
Executiva/MG Valor final do
Número
(unidade gestora contrato (R$)
contratante)
Total 47.218.265,52
A partir de adesões à ata de registro de preços, foram gerados vinte contratos, segundo
consulta ao Portal da Transparência, sendo a empresa Nexus Vigilância Eireli contratada
para todos eles, sendo nove deles firmados por Gerências Executivas localizadas em
Minas Gerais para o serviço de vigilância eletrônica (as demais unidades gestoras
9
contratantes também são do INSS, mas ou o objeto é segurança convencional ou são
unidades gestoras não localizadas em Minas Gerais).
Tabela 3 – Contratos de vigilância eletrônica firmados por unidades do INSS em Minas
Gerais com a empresa Nexus Vigilância Eireli a partir da Licitação 3/2010.
Gerência
Executiva/MG Valor final do
Número
(unidade gestora contrato (R$)
contratante)
Total 31.853.394,38
Tabela 4 – Demais contratos firmados por unidades do INSS com a empresa Nexus
Vigilância Eireli a partir da Licitação 3/2010.
Gerência Executiva
Valor final do
Número (unidade gestora Objeto
contrato (R$)
contratante)
Governador vigilância
19/2010 12.292.392,71
Valadares/MG desarmada
vigilância
50/2011 Poços de Caldas/MG 9.633.974,76
desarmada
vigilância
9/2011 Belo Horizonte/MG 9.968.282,04
desarmada
vigilância
11/2010 Divinópolis/MG 14.555.825,49
desarmada
vigilância
18/2010 Teófilo Otoni/MG 10.153.080,54
desarmada
10
Gerência Executiva
Valor final do
Número (unidade gestora Objeto
contrato (R$)
contratante)
vigilância
6/2011 Uberlândia/MG 9.012.537,00
desarmada
vigilância
12/2011 Contagem/MG 6.416.618,14
desarmada
vigilância
8/2011 Ouro Preto/MG 11.052.607,20
desarmada
vigilância
102/2010 Uberaba/MG 8.634.573,08
desarmada
vigilância
54/2010 Rio de Janeiro-Norte/RJ 2.321.271,36
eletrônica
vigilância valor nulo
686/2010 Vitória/ES
eletrônica (rescindido)
Total 94.041.162,32
11
Novamente, a mesma empresa Nexus Vigilância Eireli venceu a licitação e, dessa vez, já
no instrumento convocatório, houve uma definição mais ampla de abrangência de
Gerências Executivas a serem atendidas com os equipamentos de vigilância eletrônica.
Os equipamentos licitados e as respectivas quantidades para suprir à necessidade das
várias Gerências Executivas foram definidos no edital e seguiram o padrão da licitação
anterior quanto aos tipos de equipamentos e quanto ao modelo contratual.
Foram derivados doze contratos da licitação 02/2014, com vasta abrangência de
gerências executivas em Minas Gerais, estando todos relacionados na tabela em
sequência.
Governador
22/2015 4.384.482,87
Valadares
Barbacena (portais e
19/2015 744.850,20
detector portátil)
Total 64.725.607,96
12
Assim, verificou-se que a empresa de vigilância Nexus Vigilância Eireli vem sendo
contratada no âmbito da Superintendência Sudeste II do INSS desde 2008 para prestar
serviços de vigilância eletrônica, além do serviço de vigilância convencional desarmada.
O objeto dos contratos envolvia o pagamento, pelas gestoras contratantes, de
disponibilização, instalação e manutenção dos equipamentos de vigilância eletrônica e,
desde o primeiro instrumento contratual, houve a previsão de que, extinta a avença, os
equipamentos permaneceriam de propriedade da empresa contratada e os materiais e
serviços de instalação (cabos, etc.) seriam incorporados ao patrimônio do INSS.
Conforme explicitado a seguir, a empresa Nexus Vigilância Eireli foi contratada para
executar o serviço de vigilância eletrônica mediante contratos sucessivos (a partir de
contratos decorrentes da Licitação 01/2008 até contratos advindos da licitação 02/2014)
para as seguintes Gerências Executivas: Uberaba, Ouro Preto, Uberlândia, Poços de
Caldas, Belo Horizonte e Contagem. Além destas gerências, nas licitações 03/2010 e
02/2014 somam-se Divinópolis, Governador Valadares e Teófilo Otoni.
Ressalta-se que as contratações derivadas das licitações 01/2008, 03/2010 e 02/2014
possuíam previsão de pagamento por disponibilização e instalação dos equipamentos.
Nesse sentido, a cada nova licitação, a Superintendência Regional do INSS pagou por
nova disponibilização e instalação de equipamentos, naqueles contratos firmados
sucessivamente com a empresa Nexus Vigilância Eireli. No entanto, não houve
comprovação de que esses equipamentos tenham sido trocados a cada nova licitação, e
uma vez pagos durante a vigência do primeiro contrato, não poderia o gestor público
arcar novamente com tais custos nos contratos subsequentes. Ou seja, tal custo deixou
de existir para a prestadora, já que a contratante havia amortizado a depreciação
anteriormente de forma integral, mas o INSS continuou a restituir este custo à
contratada pelo mesmo antigo equipamento sem constar qualquer questionamento.
Destaque-se que, conforme estabelecido nos contratos, a instalação passou a ser
propriedade do INSS após o seu pagamento no contrato anterior, mas as unidades
contratantes vieram novamente a pagar por esse mesmo custo nos contratos
subsequentes, sem opor nenhuma resistência.
No entanto, descumprindo os princípios constitucionais da economicidade (CF/art. 70),
legalidade, moralidade e eficiência (CF/art. 37), os gestores vinculados à
Superintendência Regional Sudeste II do INSS, estimando-se com base no valor licitado,
teriam realizado pagamento de R$ 7.576.451,28 referentes a custos de disponibilização
e instalação de equipamentos eletrônicos, conforme planilha a seguir, sem evidências
de que a empresa contratada tenha neles incorrido, limitando-se esta avaliação aos
contratos firmados a partir de 2015. Desse valor, deduz-se o custo dos equipamentos
“portal detector de metais” e “detector de metais portátil”, por não terem sido objeto
das licitações 01/2008 e 03/2010, totalizando, portanto, R$ 5.813.849,04 de possível
prejuízo ao erário, conforme demonstrado a seguir. Cabe ressaltar que este cálculo é
baseado no valor da licitação 02/2014, e, após eventual procedimento apuratório do
valor efetivamente pago relativamente à execução de cada contrato, o valor poderá
variar para mais ou para menos, considerando aditamentos de supressão ou acréscimo
de equipamentos e atualização monetária de preços. Ademais, é preciso atentar que a
mesma inconsistência pode vir a ser constatada nos pagamentos referentes aos
contratos derivados da licitação 03/2010, caso o escopo seja ampliado em eventual
13
apuração para abranger a comparação entre os custos amortizados na licitação 03/2010
relativamente à licitação 01/2008.
Esse valor baseia-se nas quantidades de equipamentos previstas no edital e nos valores
da proposta vencedora relativamente à licitação 02/2014, ou seja, a mesma lógica pode
ser aplicada nos contratos firmados a partir de 2010, pois a mesma empresa vem sendo
contratada continuamente desde 2008.
custo
individual/parcela
(disponibilização 226,87 226,87 2,6 2,3 0,16 38,08 68,45 109,04
de equipamento)
- complementos
subtotal (parcela
de
266,08 305,29 8,97 18,5 3,41 49,77 81,21 126,78
disponibilização
de equipamento)
parcelas pagas do
custo de
24 24 24 24 24 24 24 24
disponibilização
de equipamento
custo individual
de
6.385,92 7.326,96 215,28 444 81,84 1.194,48 1.949,04 3.042,72
disponibilização
de equipamento
instalação
(material e mão 10,9 10,9 14,89 14,89 12 12,48 12,48 12,48
de obra)
parcelas pagas do
custo de 24 24 24 24 24 24 24 24
instalação
custo individual
261,6 261,6 357,36 357,36 288 299,52 299,52 299,52
de instalação
subtotal
(aquisição p/
6.647,52 7.588,56 572,64 801,36 369,84 1.494,00 2.248,56 3.342,24
disponibilização e
instalação)
14
quantidade
159 66 1984 1.085 667 150 60 12
licitada do item
custo de
aquisição p/
1.056.955,68 500.844,96 1.136.117,76 869.475,60 246.683,28 224.100,00 134.913,60 40.106,88
disponibilização
e instalação
Item 10
Item 9 (Sensor de Item 14
Item 11 Item 13 Item 15
Formação de (Sensor de Presença Item 12 (Portal
(Detector de (Botão de (Detector de
preço presença IVP + (Sirene) detector de
fumaça) pânico) metais portátil)
IVP) micro- metais)
ondas)
custo indiv/parc.
(aquisição p/ 1,88 6,46 6,51 0,59 0,49 350,00 14,00
disponib.)
custo
individual/parcela
(aquisição p/ 0,00 0,00 0,00 0,00 1,39 24,00 0,00
disponibilização) -
complementos
subtotal (parcela
de aquisição p/ 1,88 6,46 6,51 0,59 1,88 374,00 14,00
disponibilização)
parcelas pagas do
custo de
24 24 24 24 24 24 24
aquisição p/
disponibilização
custo individual
de aquisição p/ 45,12 155,04 156,24 14,16 45,12 8.976,00 336,00
disponibilização
instalação 13,88 12,00 12,00 12,00 12,00 11,68 0,00
parcelas pagas do
custo de 24 24 24 24 24 24 24
instalação
custo individual
de instalação
333,12 288,00 288,00 288,00 288,00 280,32 0,00
(material e mão
de obra)
subtotal
(disponibilização 378,24 443,04 444,24 302,16 333,12 9.256,32 336,00
e instalação)
quantidade
1.408 780 942 315 639 182 232
licitada do item
15
disponibilização
532.561,92 345.571,20 418.474,08 95.180,40 212.863,68 1.684.650,24 77.952,00
e instalação
Item 14 -1.684.650,24
Item 15 -77.952,00
2
Conforme a Tabela 6 acima, o valor amortizado pela Administração da disponibilização deste item somou
o valor de (39,21 + 226,87) * 24 meses = R$ 6.385,92.
16
Descrição Quantidade Valor unitário
(R$)
Manutenção preventiva e corretiva 1 450,00
TOTAL 450,00
III – DEMAIS COMPONENTES
Custos Indiretos 15,00% 109,05
Lucro 6,00% 50,16
TOTAL 21,00% 159,21
IV – TRIBUTOS
ISSQN 5,00% 48,51
COFINS 3,00% 29,10
PIS 0,65% 6,31
Valor dos Tributos = R$ 8,65% 83,92
V – VALOR DO ITEM
VALOR UNITÁRIO 970,11
VALOR UNITÁRIO PARA 24 MESES 23.282,64
QUANTIDADE 159
VALOR GLOBAL 3.701.939,76
Fonte: Proposta vencedora (Licitação 2/2014), Proc. 35097.000871/2015-71, fl. 172.
3
Conforme a Tabela 6 acima, o valor amortizado pela Administração da disponibilização deste item somou
o valor de (0,59) * 24 meses = R$ 14,16.
17
Descrição Quantidade Valor unitário
(R$)
TOTAL DA DISPONIBILIZAÇÃO E INSTALAÇÃO 12,59
II – MANUTENÇÃO
Manutenção preventiva e corretiva 1 54,86
TOTAL 54,86
III – DEMAIS COMPONENTES
Custos Indiretos 15,00% 10,12
Lucro 6,00% 4,65
TOTAL 21,00% 14,77
IV – TRIBUTOS
ISSQN 5,00% 4,50
COFINS 3,00% 2,70
PIS 0,65% 0,59
Valor dos Tributos = R$ 8,65% 7,79
V – VALOR DO ITEM
VALOR UNITÁRIO 90,01
VALOR UNITÁRIO PARA 24 MESES 2.160,24
QUANTIDADE 2
VALOR GLOBAL 4.320,48
Fonte: Proposta vencedora (Licitação 2/2014), Proc. 35097.000871/2015-71, fl. 199.
Esta planilha de custos, apresentada na tabela 8, serve para visualizar que onde
aparecem nomes de materiais como cabos e calhas, e onde aparece o nome do
equipamento, trata-se do preço de mercado de aquisição do material de instalação e do
material permanente (sirene). É preciso lembrar que o material permanente (sirene) é
de propriedade da contratada e a remuneração do serviço à contratada está no item
‘lucro’ desta planilha.
Relativamente ao padrão da contratação, observou-se que, para obter o serviço de
vigilância eletrônica, previu-se na planilha de custo e formação de preços retribuir à
contratada os custos relativos a equipamentos disponibilizados, materiais e mão de obra
de instalação, manutenção, custos indiretos, tributos, dentre outros. Tais planilhas estão
estruturadas de forma a refletir os custos em que a empresa incorreria.
À folha 941 do Proc. 35097.000871-2015-71 há pesquisa de preços realizada à época da
adesão ao registro de preços em que consta o preço médio de mercado da sirene no
valor de R$ 17,94 pesquisada em sites como Loja Elétrica e Extra. Nota-se que é próximo
do preço de disponibilização amortizado da sirene na planilha acima (R$ 14,16).
Assim, o que se vê da documentação dos autos é que a contratada repassou o custo de
depreciação do equipamento para o INSS, baseado no preço de mercado de aquisição,
mas não consta nenhum registro de que a Administração tenha exigido da contratada
comprovar que estes custos eram devidos. Por se tratar de uma planilha em que o valor
do lucro já estava especificado, era necessário verificar se os custos eram devidos, ou
18
seja, se o serviço de instalação com uso de mão de obra e materiais foi executado e se
o equipamento havia sido adquirido no início do contrato e não no contrato
antecedente com a mesma prestadora, pois, neste último caso, a Administração já havia
amortizado integralmente a depreciação do bem pelo preço de mercado anteriormente.
Enfatize-se que onde aparecem nomes de materiais de instalação e materiais
permanentes (equipamentos disponibilizados) trata-se de custos que têm um
parâmetro físico/material no mercado, e não devem se distanciar da realidade deste,
enquanto que o item ‘lucro’ é o benefício advindo da atividade empresarial que se
submete a riscos. Assim, a Administração paga por lucro à contratada em razão de o
equipamento estar disponibilizado e instalado, mas não deveria pagar por uma
instalação que não foi realizada neste contrato, e, além disso, tal contratação se referia
a um equipamento que já era propriedade da contratante. Isso vale também em relação
à disponibilização do equipamento, já que este não é um novo equipamento que
substituiu o que a mesma empresa já usava no contrato anterior, ou seja, a gestão
pública, no contrato antecedente com a mesma prestadora, havia amortizado o custo
de depreciação do equipamento integralmente ao preço de aquisição de mercado, logo
deixou de haver custo de depreciação a amortizar para se disponibilizar o bem,
remanescendo apenas os demais custos: lucro, custos indiretos, tributos e outros.
Percebe-se que, nos contratos antecedentes com a mesma prestadora, as unidades
gestoras contratantes amortizaram toda a depreciação de cada equipamento baseados
no preço de mercado do equipamento, logo, enquanto o mesmo equipamento estivesse
sendo usado (no contrato subsequente) deixou de existir causa para se pagar custo de
depreciação para o mesmo bem. Ora, se a Administração pagou anteriormente pela
amortização integral da depreciação do bem, mas o mesmo equipamento continuava
sendo usado, então não caberia mais nenhum pagamento deste custo. A conclusão de
que o mesmo equipamento continuou sendo utilizado durante as sucessivas renovações
contratuais decorre de a mesma prestadora ter sido contratada sequencialmente e pelo
fato de os processos administrativos de adesão ao registro de preços e de pagamentos
evidenciarem a conduta omissiva da Administração, que não se opôs ao pagamento de
custos indevidos.
A amortização já havia acontecido no contrato antecedente com a mesma empresa,
conforme estabelecido no contrato 10/2011:
Cláusula Primeira, Parágrafo Quarto: Os equipamentos disponibilizados para
instalação serão de propriedade da contratada e amortização do seu custo
deverá ocorrer no primeiro ano de vigência do contrato, permanecendo
apenas o custo de manutenção destes, no caso de prorrogação contratual.
Na vigência do contrato 10/2011 o INSS pagou pela instalação, a qual passou a ser sua
propriedade conforme acordado, mas no contrato subsequente, repetiu o pagamento
integral do custo de instalação, sem qualquer questionamento se a contratada teria
aproveitado a instalação que já era de propriedade do INSS.
Contrato 10/2011, Cláusula Décima Primeira: r) Encerrada a vigência do
contrato os equipamentos serão desinstalados e recolhidos pela
CONTRATADA. As instalações (elétrica e lógica) e respectivos pontos serão
incorporados ao imóvel e passarão à propriedade do INSS;
19
disponibilização e instalação deixariam de compor o preço mensal, o que de fato
ocorreu (no contrato 19/2015, a sua vigência foi prorrogada sem os custos de
disponibilização e instalação por mais 31 meses, até o momento). Enfatize-se que,
multiplicando-se o custo mensal de disponibilização previsto na planilha de custo de um
equipamento por 24 meses, chega-se ao preço de mercado desse mesmo equipamento,
conforme pesquisa de preços realizada à época.
Nesse contrato 19/2015 verificou-se que, além da cláusula que estabelece que “1.1.1.
Os equipamentos a serem disponibilizados para a instalação serão de propriedade da
CONTRATADA e a amortização do seu custo deverá ocorrer durante a vigência do
contrato”, foi acrescentada outra cláusula que dispõe que “1.1.2. No caso de rescisão
do contrato antes do término da vigência, por iniciativa da Administração, a
CONTRATADA terá direito à indenização dos equipamentos referente ao período
remanescente, excetuando as situações previstas no art. 79, inciso I a XII e XVII, da Lei
8.666/93”. Ou seja, salvo exceção, se a Administração rescindisse o contrato antes do
término do prazo, ela estaria obrigada a terminar de pagar pela depreciação baseada no
preço de mercado dos equipamentos, já que, se a prestadora não obtivesse de volta o
dispêndio que fez para obter, para si mesma, a propriedade desses bens, seriam
configurados o prejuízo e a consectária indenização prevista contratualmente. Essa
rescisão prematura não ocorreu no caso analisado, e observou-se que houve
pagamentos indevidos, pois a empresa Nexus Vigilância Eireli vinha sendo contratada
sequencialmente e recebendo, sem qualquer crítica das unidades gestoras contratantes,
por custos de materiais e mão de obra de instalação, sendo que a estrutura instalada já
havia se tornado propriedade do INSS em contratos anteriores, além do que a
Administração já havia amortizado integralmente a depreciação dos equipamentos em
contratos anteriores, e por não ter havido solicitação das unidades gestoras
contratantes de comprovação de que os equipamentos tivessem sido renovados e
reinstalados que pudessem, então, justificar o pagamento de custos da empresa.
Ficou evidenciado o superfaturamento decorrente da omissão de medidas de prevenção
ao pagamento de custos sem base fática que propiciaram enriquecimento sem causa da
contratada e, por outro lado, dano ao erário da Administração Pública.
Os valores efetivamente pagos pelas mencionadas unidades gestoras contratantes e
pela Superintendência Regional Sudeste II à empresa Nexus Vigilância Eireli, nos anos de
2015 a 2018, relativos à vigilância eletrônica perfez R$ 53.261.700,91, conforme
consulta ao sistema Tesouro Gerencial. A soma de pagamentos realizados pelo INSS à
contratada pelos serviços de vigilância convencional desarmada e vigilância eletrônica
atingiu a cifra de R$ 361.352.314,36 no período de 07.01.2018 a 01.11.2019, destacando
que se trata de valor efetivamente transferido para a conta bancária da empresa (vide
quadro em anexo com as unidades emitentes de ordens bancárias). É preciso mencionar
que os pagamentos eram inicialmente realizados pelas respectivas Gerências Executivas
(unidades gestoras contratantes), e, a partir de abril de 2016, passaram a ocorrer pela
Superintendência Regional Sudeste II, após avocação dos processos por esta.
Não foram encontradas evidências nos documentos processuais formalizados à época,
e disponibilizados à equipe de auditoria, de que tenha sido realizada renovação
tecnológica de equipamentos, por exemplo, que justificasse os dispêndios realizados
(eventual substituição em razão de defeito já estaria coberta pelo custo de
manutenção).
20
Assim, considerando apenas a Licitação 02/2014, a administração pública beneficiou a
contratada com enriquecimento sem causa, gerando um prejuízo potencial ao erário de
R$ 5.813.849,04. É necessário enfatizar que o mesmo tipo de cálculo pode ser feito
avaliando-se as contratações derivadas da Licitação 03/2010 com as decorrentes da
Licitação 01/2008.
Ressalta-se o Parecer produzido pela Procuradoria Federal da Advocacia-Geral da União
na ocasião da análise jurídica na fase interna da licitação 02/2014 (Parecer
11/2014/SECON/PFE/PSF/JFA/PGF/AGU, Proc. 35131.000564/2014-45, fl. 485, Proc.
35097.000871/2015-71, fl. 596v.):
É de conhecimento geral que os custos do serviço de vigilância eletrônica
estão condicionados, em boa parte, aos custos de instalação dos
equipamentos. Uma vez instalados, os custos de manutenção diminuem,
razão pela qual o setor técnico do INSS deve realizar um estudo técnico, de
modo a contemplar tal amortização no valor a ser pago ao contratado.
Ademais, muitos destes equipamentos já se encontram instalados nos órgãos
participantes e em caso de adjudicação do objeto para a empresa atualmente
responsável por tais serviços, podemos ter uma diminuição nos custos, se não
for exigida nova instalação e novos equipamentos. Toda esta consideração
deve ser objeto de estudo pela área técnica do INSS e contemplada no termo
de referência, sob pena de prejuízo para o INSS.
21
em Belo Horizonte, demonstram alguns dos equipamentos que foram disponibilizados
por meio dos contratos oriundos do Pregão n.º 02/2014:
Registro fotográfico realizado na APS Santa Registro fotográfico realizado na APS Santa
Efigênia no dia 24.09.2019. (Câmera interna) Efigênia no dia 24.09.2019. (Detector de fumaça)
Registro fotográfico realizado na APS Santa Registro fotográfico realizado na APS Santa
Efigênia no dia 24.09.2019. (Monitor do Circuito Efigênia no dia 24.09.2019. (Nobreak do CFTV)
Fechado de Televisão – CFTV)
22
Registro fotográfico realizado na APS Santa Registro fotográfico realizado na APS Santa
Efigênia no dia 24.09.2019. (Par de detector de Efigênia no dia 24.09.2019. (Portal detector de
metais) metais)
Registro fotográfico realizado na APS Santa Registro fotográfico realizado na APS Santa
Efigênia no dia 24.09.2019. (Refletor de Efigênia no dia 24.09.2019. (Sensor de presença)
presença)
Por meio do registro fotográfico acima, verifica-se que se tratam de equipamentos que
demandam uma baixa frequência de manutenção e, quando da sua eventual ocorrência,
os custos não deveriam ser significativos.
Entretanto, conforme verificado nas 15 planilhas de custos e composição de preços dos
respectivos equipamentos que compuseram a proposta de preços da Nexus Vigilância
Eireli, constantes entre as páginas 1.180 a 1.196 do Processo Licitatório n.º
35131.000564/2014-45, os preços que foram cobrados pela manutenção dos
equipamentos revelaram-se extremamente altos ou desproporcionais ao custo.
Em cada uma das 15 planilhas, há o item “II – Manutenção”, onde em seu sub-item
“Manutenção preventiva e corretiva” está especificado o preço para a manutenção do
respectivo equipamento. Há de se ressaltar aqui, o fato de a manutenção já ter sido
23
cobrada. Dessa forma, os serviços de manutenção foram “pré-pagos”, ou seja, a
Superintendência Regional Sudeste II, ao homologar o resultado do Pregão Eletrônico
n.º 02/2014 em favor da empresa Nexus Vigilância Eireli e, consequentemente,
contratar o seus serviços, aceitou pagar, mensalmente, um valor fixo, por serviços de
manutenção em todos os equipamentos que foram disponibilizados,
independentemente da sua ocorrência e/ou necessidade. Agravando a situação, as
planilhas de custos não separaram os custos da manutenção preventiva e da corretiva.
Ou seja, a manutenção corretiva, que só deveria ser paga após a efetiva realização do
serviço, compôs o “pacote” de cobrança por manutenção, como sendo um único tipo:
“manutenção preventiva e corretiva”. Ademais, mesmo para a manutenção preventiva
não foi localizado, nos autos do processo licitatório, qualquer estimativa que
compusesse o preço que seria cobrado, e que demonstrasse a frequência e o tipo de
assistência que eventualmente seria realizada em cada equipamento, de acordo com a
respectiva característica técnica e grau de complexidade.
Com relação ao preço total da manutenção, por equipamento, considerando-se o prazo
de vigência inicial dos contratos, que foi de 24 meses, este foi calculado considerando-
se seu preço unitário mensal, multiplicado por 24, correspondente ao prazo do contrato,
multiplicado, novamente, por sua quantidade total disponibilizada em todas as agências
de Minas Gerais.
A título de exemplo, selecionamos o item– 14 (Portal Detector de Metais) da planilha de
custos e composição de preços (página 1.195 do processo).
Foram contratados 182 portais para atender todas as agências no Estado, sendo o seu
preço unitário composto conforme detalhado por meio da tabela a seguir:
Tabela 9 – Composição do preço do Portal de Detector de Metais.
Item Descrição Valor (R$)
1 Equipamento 374,00
1.1 Instalação do equipamento 11,68
2 Manutenção 1.487,78
3 Custos indiretos (15%) 281,02
4 Lucro (6%) 129,27
5 Tributos 216,25
Valor total 2.500,00
Fonte: Planilha de custo e formação de preços referente ao item – 14
(página 1.195 do processo).
Dessa forma, seu preço final, total, considerando-se os 24 meses e a quantidade de 182
unidades, foi de R$ 10.920.000,00. Considerando-se apenas o preço unitário mensal do
equipamento, retirando-se, portanto, os valores relativos à instalação, manutenção,
tributos, custos indiretos e lucro, esse foi de R$ 374,00, conforme descrito na planilha
composta à página 1.195 do processo.
Já o valor unitário, mensal, da sua manutenção foi R$ 1.487,78. Multiplicado pelo
número de meses até o final do contrato, que foi 24, obteve-se o valor de R$ 35.706,72.
24
Por fim, multiplicando-se esse valor pelo número de portais contratados, que foi 182,
obteve-se o seguinte valor: R$ 6.498.623,04.
Confrontando-se o preço mensal da manutenção do portal, com o seu preço mensal, ou
seja, somente o preço do equipamento, excluindo-se os demais itens, constata-se que
o valor cobrado pela manutenção ficou cerca de 4 vezes mais caro do que o valor do
equipamento.
Há, portanto, uma considerável desproporcionalidade, entre o preço mensal que foi
cobrado pela manutenção do equipamento (R$ 1.487,78) e o preço mensal do próprio
equipamento (R$ 374,00).
Dessa forma, o pagamento pela manutenção dos equipamentos revelou-se
antieconômico para a Administração Pública, representada, no caso, pela
Superintendência Regional Sudeste II.
Comparando-se o preço total cobrado pela manutenção do Portal Detector de Metais,
nos 24 meses de vigência dos contratos (R$ 6.498.623,04) com o cobrado pela sua
disponibilização, ou seja, o preço do equipamento (R$ 1.633.632,00), constatou-se que
o valor cobrado pela manutenção ficou mais caro em R$ 4.864.991,04.
Para fins de aprofundar mais na relação entre preço de manutenção e preço do
equipamento, procedeu-se à comparação do preço de aquisição do equipamento (preço
de mercado), ou seja, o preço do equipamento caso a Superintendência Regional
Sudeste II efetivamente o adquirisse para incorporar ao seu patrimônio e, por outro
lado, o preço que foi cobrado para a sua manutenção, aquele constante da planilha de
custos e composição de preços.
Para realizar este confronto, foram selecionados os itens 14 e 15 da planilha de custos
e formação de preços. Tratam-se, respectivamente, do Portal detector de metais e do
Detector de metais portátil4.
O preço do Portal detector de metais, orçado pela Detectamax, foi R$ 5.600,00 a
unidade, considerando-se, na proposta, um total de 09 unidades, bem abaixo, portanto,
dos 182 que foram contratados. Tal diferença pode ter influenciado no orçamento da
empresa, já que, se tivessem sido cotados os 182 equipamentos, o preço poderia ter
sido menor.
Com relação ao Detector portátil de metais, o orçamento apresentado foi de R$ 310,00
a unidade, considerando-se, na proposta, um total de 10 unidades. A exemplo da
cotação do Portal, o quantitativo foi menor, tendo em vista a contratação efetiva de 232
unidades.
Por meio da tabela a seguir, realizou-se o confronto entre o valor de mercado dos dois
equipamentos e o preço que foi contratado por sua manutenção. Posteriormente, na
4
A amostra baseou-se na materialidade, uma vez que o Portal é o item de maior custo e, entre as páginas
949 e 952 do processo licitatório, encontram-se os preços de mercado destes equipamentos, que à época,
em 18.06.2015, foram cotados junto à empresa Detectamax Indústria e Comércio de Equipamentos Ltda
EPP (www.detectamax.com.br), conforme demonstrado a seguir. Com relação ao restante dos
equipamentos (itens 01 a 13 da planilha de custos e composição de preços) optou-se por não os utilizar
para este confronto, uma vez que para tais equipamentos, no processo, apenas foram encontrados preços
relativos aos serviços de vigilância, ou seja, incluindo, além do preço do equipamento, a instalação e a
manutenção
25
última coluna da direita, calculou-se o percentual representativo do valor da
manutenção do respectivo item sobre o seu valor de mercado.
Pela análise da tabela acima, constata-se, com relação ao item – 14 que, em 4 meses,
ou seja, multiplicando-se o valor mensal da manutenção que tem sido paga pelo INSS,
por 4 (R$ 1.487,78 x 4 = R$ 5.951,12), obtém-se um valor um pouco acima do de
mercado deste item. Dessa forma, até o fim da vigência inicial do contrato (24 meses),
poderiam ter sido obtidos 6 novos portais detectores de metais apenas com o valor que
foi contratado para a sua manutenção e ainda sobrariam R$ 2.106,72.
Com relação ao item – 15, em pouco mais de 2 meses de manutenção já se pagaria por
um novo detector de metais portátil e, até o fim da vigência inicial do contrato poderiam
ter sido obtidos, somente com o valor que foi contratado para a sua manutenção, 10
novos equipamentos. Ainda assim, sobrariam R$ 188,00.
A tabela a seguir consolida as informações contidas entre as páginas 1.180 e 1.196 do
processo e retrata o valor total que foi cobrado somente com a manutenção dos 15
equipamentos que foram licitados, incluindo tanto a manutenção preventiva quanto a
corretiva (Item - II da planilha de custos e formação de preços) durante a vigência inicial
do contrato (24 meses), para todas as Gerências Executivas do INSS em Minas Gerais.
Tabela 11 - Valor contratado para o item manutenção durante a vigência inicial do
contrato.
Item Descrição Qtde Pr.Un.mensal (R$) Pr. Total Pr. Total (24
mensal (R$) meses) (R$)
1 CFTV com placa de
captura para até 16 canais
159 450,00 71.550,00 1.717.200,00
2 CFTV com placa de 66 450,00 29.700,00 712.800,00
captura p/ 17 a 32 canais
3 CFTV interna 1.984 86,00 170.624,00 4.094.976,00
4 CFTV externa 1.085 86,00 93.310,00 2.239.440,00
5 Refletor com sensor de 667 65,72 43.835,24 1.052.045,76
presença
6 Central de gerenciamento
local - alarme painel até
150 147,34 22.101,00 530.424,00
24 zonas
26
7 Central de gerenciamento
local - alarme painel até
60 147,34 8.840,40 212.169,60
48 zonas
8 Central de gerenciamento
local - alarme painel até
12 147,34 1.768,08 42.433,92
96 zonas
9 Sensor de presença IVP 1.408 65,00 91.520,00 2.196.480,00
10 Sensor de presença IVP + 780 65,00 50.700,00 1.216.800,00
microondas
11 Detector de fumaça 942 65,00 61.230,00 1.469.520,00
12 Sirene 315 54,86 17.280,90 414.741,60
13 Botão de pânico 639 59,21 37.835,19 908.044,56
14 Portal detector de metais 182 1.487,78 270.775,96 6.498.623,04
15 Detector de metais 232 137,00 31.784,00 762.816,00
portátil
TOTAL 24.068.514,48
Fonte: Planilhas de custos e formação de preços – (Anexo II – Planilha), a partir da página 1.182 do
Processo Licitatório n.º 35131.000564/2014-45.
27
Nesse sentido, há a previsão, nos contratos que foram celebrados em função do Pregão
n.º 02/2014, pelas gerências executivas em Minas Gerais, das seguintes obrigações, que
constam da Cláusula que tratou sobre “As obrigações da Contratada” e que deveriam
ter sido, por esta, cumpridas:
- Apresentar relatório mensal da manutenção preventiva realizada nos
equipamentos, bem como das manutenções corretivas por ventura ocorridas;
- Elaborar e entregar ao contratante, após a execução de cada manutenção
corretiva, um relatório do serviço prestado, devidamente preenchido e
assinado.
Por meio da análise que foi realizada aos autos do processo, foram localizados “check
lists”, por meio dos quais teriam sido realizadas visitas de vistoria aos equipamentos das
respectivas agências, sendo que no final de cada check list existem dois campos, um
intitulado “Descrição” e o outro “Procedimento”. Estes dois campos foram destinados
para que o vistoriador pudesse descrever qual o tipo de manutenção foi realizada na
agência e qual o procedimento adotado. Os check lists que constam nos autos são
provenientes das seguintes gerências executivas: Belo Horizonte, Contagem,
Divinópolis, Governador Valadares, Juiz de Fora, Ouro Preto, Teófilo Otoni e Uberlândia.
Não foram localizados, portanto, check lists relacionados às gerências de Uberaba,
Poços de Caldas e Barbacena. Cada check list continha, no intuito de validar a visita de
vistoria, a assinatura do funcionário da empresa contratada, responsável pela vistoria e,
também, a assinatura do servidor responsável pela respectiva Agência de Previdência
Social.
Os check lists, geralmente, eram datados mensalmente com relação a cada gerência.
Considerando-se o período de 2015 a 2018, selecionou-se uma amostra aleatória,
abrangendo aproximadamente 70% do total desses documentos. Por meio da análise da
amostra dos check lists, verificou-se que as visitas de manutenção sempre resultavam
no parecer de que tudo estava funcionando corretamente e “sem alterações”.
O campo “Descrição”, por exemplo, era comumente preenchido em uma das seguintes
formas: “Teste de rotina feito nos equipamentos”; “Manutenção Preventiva”; “Feito
testes no sistema. Tudo OK.”
Já o campo “Procedimento”, quando não estava em branco, possuía descrições do tipo:
“Sem alteração”; “Feita visita de supervisão e tudo está OK.”; “Teste em todos os
equipamentos de segurança eletrônica. Tudo está OK.”
As fotos a seguir, apresentam check lists constantes dos autos do processo.
28
Registro fotográfico dos autos do Processo n.º 35131.000564/2014-45 no dia 19.11.2019. Folha n.º
1.401, relativa ao Posto do INSS no bairro Floresta, em Belo Horizonte/MG.
29
Registro fotográfico dos autos do Processo n.º 35131.000564/2014-45, realizado no dia 19.11.2019.
Folha n.º 3.407, relativa à APS de São João Nepomuceno, integrante da Gerência Executiva de Juiz de
Fora/MG.
30
Os resultados dos documentos relacionados às visitas de vistoria, gerando os respectivos
pareceres positivos, apenas indicando que “tudo está ok” confirmam o que tem sido
registrado neste relatório: os equipamentos que foram contratados por meio do Pregão
n.º 02/2014 tratam-se de itens básicos, que uma vez instalados e ligados, cumprem sua
função, não exigindo uma assistência complexa, mas apenas eventuais visitas de rotina.
Já no caso de uma eventual manutenção corretiva um pouco mais complexa, acarretaria
em custos que, além de serem condizentes com o preço de mercado dos equipamentos,
deveriam estar de acordo com o que foi exigido pela cláusula “Das obrigações da
Contratada”, devendo a empresa contratada entregar ao contratante um relatório
detalhado do serviço realizado.
A Superintendência do INSS, mesmo após solicitação da equipe da auditoria, não
apresentou relatórios relativos à manutenção corretiva (apresentou somente os check
lists), onde a empresa contratada tivesse especificado todo o serviço que tenha sido
eventualmente realizado, decorrente de demanda pontual.
Dessa forma, não houve comprovação, por parte da Superintendência Regional Sudeste
II, sediada em Belo Horizonte/MG, de que os serviços de manutenção cobrados,
ocorridos no período de 2015 a 2018, foram realmente realizados, a fim de justificar o
valor contratado de R$ R$ 48.137.028,96.
Nesse sentido, conclui-se pela existência de duas principais falhas relativas aos contratos
em questão: o custo desproporcional e antieconômico previsto para a manutenção dos
equipamentos instalados; e o pagamento pela manutenção de tais equipamentos
mesmo que, de fato, tal manutenção não tenha ocorrido.
A primeira falha origina-se da homologação, por parte dos gestores do INSS, de custos
contratuais antieconômicos, cujos efeitos repercutem ao longo das sucessivas
prorrogações contratuais. A segunda falha advém dos procedimentos adotados pela
Superintendência do INSS, inclusive constantes do contrato, para aferir a execução
contratual, em que é possível o pagamento pela “manutenção” dos equipamentos
mediante a simples verificação de seu funcionamento, não sendo necessária a realização
de qualquer serviço pela empresa contratada.
Resumindo, o serviço foi contratado e integrou o preço dos contratos, porém, não foi
comprovada sua execução ou, quando parcial, não condisse com o valor pelo qual foi
contratado.
Dessa forma, conforme previsto no art. 8º da Lei nº 8.443/92, a homologação dos custos
do item “II - Manutenção”, por parte do gestor público, consistiu em prática de ato
antieconômico que resultou em dano ao erário.
Além disso, conforme previsto no artigo 96, incisos I e V, da Lei 8.666/93, bem como no
artigo 5.º, inciso IV (d, f e g) da Lei 12.846/13, constatou-se possível fraude na execução
do contrato com relação ao item “II – Manutenção” e respectivo subitem “Manutenção
preventiva e corretiva” que compuseram as planilhas de custos e formação de preços,
integrantes do Pregão n.º 02/2014, relativas aos 15 equipamentos de vigilância
eletrônica que foram contratados para atender a todas as Gerências Executivas do INSS
no Estado de Minas Gerais. Isso porque não há comprovação de que, na prática, os
serviços de manutenção dos equipamentos tenham sido realizados, embora sua
execução tenha sido atestada e paga por parte dos gestores dos contratos.
31
Por fim, há de se destacar que o presente achado de auditoria focou na contratação,
possivelmente fraudulenta, de serviços de manutenção dos equipamentos de vigilância
eletrônica durante o período de 2015 a 2018, que abrangeu a vigência inicial do Pregão
Eletrônico n.º 02/2014, de 24 meses e posterior prorrogação de 24 meses. Entretanto,
ressalta-se que os contratos foram novamente prorrogados (7.º Termo Aditivo, de
15.07.2019), desta vez por 12 meses e continuam em vigência até 18.07.2020. Além
disso, conforme relatado por meio do achado de auditoria n.º 1, a empresa de vigilância
Nexus vem sendo contratada no âmbito da Superintendência Sudeste II do INSS desde
2008 para prestar serviços de vigilância eletrônica.
Por meio das ordens bancárias não há como se identificar o valor pago especificamente
para o serviço de manutenção, uma vez que elas se referem aos pagamentos do serviço
como um todo.
32
Nesse sentido, torna-se útil a tabela constante à página n.º 1.180 do processo, transcrita
a seguir, referente à proposta de preços (vencedora) da Nexus Vigilância Eireli, à época
ainda com o nome de fundação Vigiminas Serviços de Vigilância e Segurança Ltda. Nesta
tabela estão representados os valores de cada equipamento, valor unitário mensal total,
incluindo equipamento; instalação; custos indiretos; lucro e tributos. Esse valor foi
multiplicado pela quantidade de equipamentos que foi contratada (coluna 4),
resultando no preço total mensal do equipamento (coluna 5). Na última linha da tabela
está o preço global da proposta, que é o resultado do preço mensal total dos 15 itens
multiplicado pelo prazo de vigência inicial dos contratos que foi de 24 meses.
Nas páginas subsequentes do processo, de 1.182 até 1.196, estão as planilhas de custo
e formação de preços de cada item, ou seja, para cada item há uma planilha que
subdivide seu preço. Os preços, nas planilhas, estão subdivididos da seguinte forma:
- I – Equipamento (incluindo a instalação);
- II – Manutenção;
33
- III – Demais componentes (Custos indiretos e lucro);
- IV – Tributos.
Somando-se os quatro itens, tem-se o valor mensal que foi cobrado, pela empresa
contratada, por uma unidade do respectivo equipamento.
Para a apuração do que foi pago, com relação, especificamente, aos serviços de
manutenção, o foco será nos valores relativos ao item – II das planilhas de custo e
formação de preços.
Na tabela n.º 11 (achado n.º 2), a terceira coluna retrata o valor unitário, mensal, que
foi cobrado especificamente com relação ao item II – “Manutenção”, para cada um dos
15 equipamentos. Em seguida, na quarta coluna, tem-se o valor anterior multiplicado
pela quantidade de equipamentos contratados para todas as gerências executivas do
Estado, relativa ao respectivo item. Já a quinta coluna representa o valor da coluna
anterior, multiplicado por 24 meses.
Chegou-se, neste ponto, ao preço que foi cobrado, pela empresa contratada, pelos
serviços de manutenção do respectivo item, em todas gerências executivas, pelo prazo
de 24 meses. O valor total, considerando-se todos os itens está representado em negrito
na última linha da última coluna.
O valor total contratado, representado pela tabela 13 foi de R$ 42.142.850,40.
Conforme tabela 11, o gasto com manutenção foi de R$ 24.068.514,48, representando
57,11%.
Calculando-se esse percentual sobre o valor total que foi efetivamente pago pela
Superintendência Regional Sudeste II do INSS em Minas Gerais à Nexus Vigilância Eireli,
na vigência inicial dos contratos (soma dos valores contidos nas duas primeiras linhas da
tabela – 12) obtém-se o seguinte valor: R$ 14.453.485,24 (R$ 25.308.151,36 x 57,11%).
Portanto, R$ 14.453.485,24 representaria o valor relacionado aos serviços de
manutenção referente aos 24 meses iniciais de vigência dos contratos.
Conforme constatado no achado de auditoria n.º 2 deste relatório, não houve
comprovação da realização efetiva de serviços de manutenção corretiva, uma vez que
não foram localizados nos autos do processo os relatórios que especificassem tais
serviços. Com relação à manutenção preventiva, essa, caso tenha realmente ocorrido, a
manutenção em si não teve custo (a não ser custos relacionados ao pessoal que realizou
as vistorias), pois, conforme descrito nos check lists dos vistoriadores, os equipamentos
sempre estavam em perfeito funcionamento.
Foi constatado, portanto, um superfaturamento potencial, estimado no valor de R$
14.453.485,24 referente à vigência inicial dos contratos, compreendendo os exercícios
de 2015 e 2016. Uma vez que ele foi prorrogado por mais 24 meses, a esta estimativa
soma-se o resultado do percentual de 57,11% sobre os pagamentos de 2017 e 2018
(terceira e quarta linhas da tabela - 12) passando ao valor de R$ 30.417.757,39 de
superfaturamento no período de 2015 a 2018.
Ressalta-se que o escopo deste trabalho envolveu o período de 2015 a 2018. No
entanto, o INSS firmou contratos sucessivos com a empresa Nexus Vigilância Eireli,
desde 2008, possuindo contratos vigentes, que foram prorrogados por meio do Termo
Aditivo n.º 7, de 15.07.2019 até 18.07.2020.
34
RECOMENDAÇÕES
1 – Avaliar a oportunidade e conveniência de se rescindir os contratos de vigilância
eletrônica que estão vigentes, celebrados com a Nexus Vigilância Eireli, com base nos
artigos 77 e 80 da Lei 8.666/93, previstos no Parágrafo Único, da Cláusula Décima Oitava
– Da Rescisão, notificando-a com antecedência mínima de 30 dias e encaminhar para a
CGU, no prazo de 30 dias, os resultados da referida avaliação.
2 - Avaliar a suspensão imediata do pagamento dos custos contratuais relativos à
manutenção dos equipamentos quando não existir documentos que comprovem e
detalhem de forma inequívoca a realização desse serviço, mediante o ateste do agente
público responsável pela fiscalização da execução contratual, em cada agência, e a
identificação do técnico responsável pela manutenção.
3 – Apurar o eventual prejuízo em virtude da contratação, com a empresa Nexus
Vigilância Eireli, de serviços de vigilância eletrônica, desde o ano de 2008 até o contrato
atual, com base no art. 8º da Lei nº 8.443/92, visando o ressarcimento de danos ao
erário.
4 – Apurar, com base no art. 143 da Lei 8.112/90, a ocorrência de eventuais
irregularidades praticadas por agentes públicos na contratação dos serviços de vigilância
eletrônica e manutenção dos equipamentos de vigilância, e quanto ao
superfaturamento nas referidas contratações.
5 – Apurar, com base no art. 5º da Lei nº 12.846/2013, a eventual ocorrência de ato
lesivo à Administração Pública quanto à obtenção, por parte da empresa Nexus
Vigilância Eireli, de vantagem ou benefício indevido nas prorrogações de contratos
celebrados com a Superintendência Regional Sudeste - II do INSS, e os eventuais fatos
conexos.
Achados n° 1, 2 e 3
35
CONCLUSÃO
Os trabalhos de auditoria versaram sobre os atos relacionados às contratações de
serviço de limpeza e conservação, vigilância eletrônica e vigilância convencional
praticados no âmbito das unidades em Minas Gerais de circunscrição da
Superintendência Regional Sudeste II do INSS; esses trabalhos foram realizados no
período de 23.07.2019 a 11.03.2020. No tocante à auditoria que foi realizada tendo por
foco as contratações de serviços de limpeza e conservação, não foram identificadas
falhas. Ressalta-se que, com relação a essa auditoria, foram analisadas documentação
pertinente à folha analítica de pagamento dos empregados; folhas de ponto dos
mesmos; planilhas de faturamento e notas fiscais emitidas por fornecedores de material
de limpeza, além dos comprovantes de depósito bancário referentes aos valores das
remunerações dos empregados. Relativamente ao contrato de vigilância convencional
analisado, não foram constatadas não conformidades tendo por base o escopo previsto
no planejamento da auditoria. Com relação a auditoria sobre os serviços de vigilância
eletrônica, seu resultado gerou as constatações citadas neste relatório e permitiram
responder às questões de auditoria da forma como segue:
Questão 1 - O Planejamento das contratações observou os requisitos para garantia da
melhor contratação?
Não. Os três achados de auditoria deste relatório revelaram que as contratações não
foram benéficas para a Administração Pública, ao contrário, possivelmente causaram
prejuízo aos cofres públicos.
Questão 2 - Os processos de pagamento estão adequadamente formalizados?
Não. Os processos não apresentaram comprovação documental que embasasse o
volume de pagamentos.
Questão 3 - Os contratos de serviços terceirizados são acompanhados e fiscalizados
adequadamente?
Não. As possíveis fraudes e os potenciais prejuízos causados ao erário, revelados pelos
três achados de auditoria deste relatório, indicam que os contratos não foram
devidamente acompanhados e fiscalizados.
Questão 4 - Os contratos mostram-se vantajosos para a Administração?
Não. A contratação do serviço de vigilância eletrônica não respeitou, dentre outros, o
princípio da economicidade.
Considerando que os preços pagos pela Administração nas contratações derivadas do
Pregão 02/2014 referentes à disponibilização e instalação dos equipamentos incluíram
custos de materiais e mão de obra de instalação e depreciação de equipamentos em
que a contratada não havia incorrido, pois a estrutura de instalação já era de
propriedade do INSS desde, pelo menos, as contratações derivadas do Pregão 03/2010,
36
e a depreciação do mesmo equipamento já havia sido amortizada nas contratações
anteriores, e ainda levando em conta que a contratada era remunerada pelo lucro e
obtinha o ressarcimento dos demais custos relativos a custos indiretos, tributos e
manutenção, ficaram caracterizados o enriquecimento sem causa da contratada e o
prejuízo ao erário.
Verifica-se, assim, que não foram observados os princípios constitucionais da eficiência,
economicidade, moralidade, já que foi demonstrado que a empresa terceirizada não
incorreu em determinados custos, mas a gestão pública, mesmo em face do elevado
risco decorrente da continuidade da mesma prestadora em sucessivos contratos,
autorizou pagamentos sem verificar e sem questionar a existência de justo motivo para
os dispêndios de recursos públicos.
Somam-se a isso, as possíveis fraudes na contratação dos serviços de manutenção dos
equipamentos de vigilância eletrônica, ocasionando no respectivo superfaturamento
dos contratos.
Os fatos relatados refletem que não foram observados os princípios da Administração
Pública. A contratação da respectiva empresa deveria visar, unicamente, o interesse
público, por meio da prestação de seus serviços da forma mais eficiente e com a
racionalização dos gastos, entretanto, a execução dos contratos revelou-se não ser
vantajosa para Administração Pública.
37
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA
EQUIPE DE AUDITORIA
Achado n.º 1. Contratação de empresa terceirizada, no âmbito da Superintendência
Regional Sudeste II do INSS, para prestação de serviço de vigilância eletrônica, gera
prejuízo potencial ao erário de R$ 5.813.849,04.
38
[...]
22. Assim, cada Gerência Executiva preparou e formalizou sua contratação, mediante
adesão à Ata de Registro de Preços, sendo de responsabilidade de cada uma das GEX
adotar os procedimentos e as formalidades legais necessárias a formalização da
contratação, gestão e fiscalização da execução contratual, e, tendo como responsáveis
seus respectivos Ordenadores de Despesa (Gerentes Executivos), Chefes de
Serviço/Seções de Logística, Licitação e Contratos e respectivos gestores e fiscais
contratuais designados formalmente através de portaria.
[...]
26. Feitas estas considerações iniciais, também se faz necessário informar que no ano
de 2015 a Superintendência Regional Sudeste II implantou um Centro de Serviços
Compartilhados, tendo em vista a escassez de mão de obra nas Seções de Logística,
Licitações e Contratos das Gerências Executivas e ao elevado número de unidades que
enfrentavam graves problemas na execução de tais atividades, como pagamentos em
atraso gerando a ocorrência de juros e multas, contratações sem cobertura contratual
pagas por reconhecimento de dívidas, unidades sem contratos essenciais ao seu
funcionamento, etc. [...]
pág. 7:
4. Também é necessário esclarecer que as Gerências Executivas detinham competência
regimental para realizar suas licitações e contratações, ficando a cargo da
Superintendência Regional o papel de supervisão e orientação, e que a decisão de todos
os gestores tanto no âmbito das Gerências Executivas quanto no âmbito da
Superintendência Regional, são sempre respaldadas com base na análise e na
manifestação dos setores técnicos competentes.
pág. 22:
10.2. Nesse contexto, a GEX Juiz de Fora concordou em gerenciar as licitações para
contratação dos serviços de vigilância convencional e eletrônica para as Gerências
Executivas do Estado de Minas Gerais, assim como ficou a cargo de outras gerências
gerenciarem as licitações para contratação de outros serviços, como material de
consumo, material permanente (mobiliário padrão para o CEDOCPREV) serviços de
estiva, gerenciamento de frota, manutenção de frota, vigilância convencional e
eletrônica para os Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, e etc., ficando a cargo da
SR-II através de sua DIVOFL, coordenar todo esse trâmite entre as Gerências e subsidiar
no apoio técnico quando necessário.
Achado 1
31. Antes de iniciarmos nossa análise quanto ao Resultado de Exame nº 1 do Relatório
Preliminar de Auditoria nº 201902464, informamos que a Superintendência Regional
Sudeste II passou a avocar tais contratos a partir de abril de 2016, quando passou a ser
responsável pela gestão dos mesmos, o que ocorreu quase 1 (um) ano após o início da
execução dos mesmos, de modo que a responsabilidade pelo recebimento dos serviços
era das Gerências Executivas contratantes.
32. Ressaltamos que os contratos foram firmados e administrados pelas Gerências
jurisdicionantes das Agências da Previdência Social, durante toda sua vigência. Nessa
39
contratação, atuaram o Gerente Executivo, como ordenador de despesas, os chefes das
Seções de Logísticas, como responsáveis pelo setor de contratações, os chefes das
Seções de OFC como pagadores e os Gerentes de APS como fiscais locais da execução
dos serviços. Todos os atos foram praticados pelas Gerências Executivas, que possuíam
por elas designados os gestores e fiscais dos contratos.
[...] 36. E ainda, na oportunidade comunicamos que visando padronizar as contratações
no âmbito do INSS está em fase de finalização o Projeto de Otimização das Principais
Contratações de Bens e Serviços, onde serão definidos os modelos de contratações dos
serviços de Vigilância, Limpeza e Conservação, Transportes, Material de Consumo e
Permanente. [...] 38. Da análise do Resultado de Exame nº 1 do Relatório Preliminar de
Auditoria nº 201902464, verificamos, conforme mencionado do mesmo, que a equipe
de auditoria chegou à conclusão de que o mesmo equipamento continuou sendo
utilizado durante as sucessivas renovações contratuais decorre de a mesma prestadora
ter sido contratada sequencialmente e de não ter encontrado a comprovação nos autos
processuais do contrato auditado de que os equipamentos tenham sido trocados,
concluindo a partir daí que os pagamentos referentes aos custos de instalação e de
disponibilização dos equipamentos foram efetuados de forma indevida, estendendo tal
conclusão a todos os demais contratos oriundos da Ata de Registro de Preços do Pregão
Eletrônico nº 2/2014 da GEX Juiz de Fora e também aos contratos oriundos da Ata de
Registro de Preços do Pregão Eletrônico nº 3/2010 da GEX Divinópolis.
39. Da análise do Edital do Pregão Eletrônico nº 2/2014 e seus anexos, verificamos,
conforme disposições contidas nos mesmos, que a responsabilidade total pela
instalação seria da futura contratada, podendo ainda ser responsabilizada na ocorrência
do desaparecimento de bens do INSS e que encerrada a vigência do contrato os
equipamentos seriam desinstalados e recolhidos pela CONTRATADA e que as instalações
(elétrica e lógica) e respectivos pontos seriam incorporados ao imóvel, e passariam à
propriedade do INSS. Verificamos também que a licitação foi efetuada no Regime de
Empreitada por Preço Global.
40. Desta análise, também foi possível extrair algumas conclusões: a) A primeira, é que
apesar dos contratos anteriores trazerem disposições no sentido de que as instalações
(elétrica e lógica) seriam incorporadas ao imóvel, o edital e seus anexos não trouxeram
a obrigação de que a futura contratada, qualquer que seja ela (prestadora dos serviços
do contrato anterior ou nova contratada) utilizasse as instalações de elétrica e lógica
que haviam sido incorporadas anteriormente aos imóveis, o que é bem razoável, haja
vistas que quaisquer bens, sejam eles duráveis ou não, tem seu prazo de validade onde
há a garantia de um perfeito funcionamento. E com instalações elétricas e lógicas não é
diferente, pois são constituídas de componentes que desgastam ao longo da sua
utilização e chegam ao final de sua vida útil, devendo então ser realizada a sua
substituição. Ou seja, seria plenamente plausível que o licitante vencedor do certame
optasse por não utilizar as instalações existentes devido ao seu desgaste e condições e
optasse por realizar novas instalações de elétrica e lógica. b) A segunda, é que por se
tratar de licitação no regime de empreitada por preço global os licitantes poderiam ter
avaliado as instalações de elétrica e lógica existentes e contabilizado em seus custos
apenas os valores necessários para refazer, adaptar complementar as instalações
existentes de forma parcial ou apenas contemplando os valores necessários para
realizar as instalações nas novas unidades PEX que ainda seriam inauguradas.
40
41. Justamente por esse motivo, de modo a permitir o dimensionamento adequado dos
custos, relativamente aos quantitativos e especificações detalhadas dos materiais que
efetivamente seriam necessários para a instalação de todos os equipamentos e circuitos
é que se foi exigida a vistoria das unidades, nos termos do item 6.4, 6.4.1 e 6.4.2 do
Anexo I – Termo de Referência do Edital.
42. Já em relação aos equipamentos, entende-se que os equipamentos deveriam ser
novos, pelos mesmos motivos registrados na alínea “a” do item 40, uma vez que os
mesmos também possuem um prazo de validade onde há garantia do seu perfeito
funcionamento, sua fiação tem vida útil estimada em manobras, ou seja, quantas as
vezes se aciona ou desaciona, se insere ou se retira um componente, tendo sua vida útil
reduzida com o passar do tempo e o ressecamento das peças, e é obrigação da
contratada manter os equipamentos em plena condição de operação, em quantidade e
qualidade para manter a continuidade da prestação dos serviços. (grifo nosso)
43. Nesse sentido, nos permitimos discordar do posicionamento da equipe de auditoria
ao indagar o apontamento contido no Parecer 11 /2014 /SECON /PFE /PSF /JFA /PGF
/AGU, Proc. 35131.000564/2014-45, fl. 485, Proc.35097.000871/2015- 71, fl. 596v,
primeiro, porque conforme também foi constatado no Resultado de Exame nº 2 do
Relatório Preliminar de Auditoria nº 201902464, os custos de manutenção são
superiores aos de instalação dos equipamentos, e uma vez os equipamentos instalados,
os custos de manutenção não diminuem, em segundo, porque haveria uma violação a
um dos princípios basilares da licitação, o da isonomia, prestar tratamento diferenciado
entre o atual prestador de serviços e os demais licitantes no termo de referência,
terceiro, porque não se poderia atestar e garantir as condições das instalações e
equipamentos do contrato anterior para prever que não se iria exigir nova instalação e
novos equipamentos caso o atual prestador de serviços se sagrasse vencedor do
certame, e em quarto e último, os gestores do INSS não deram prosseguimento à
licitação e realizaram contratações e pagamentos que configuraram eventual prejuízo
ao erário à revelia do Parecer elaborado pela Procuradoria Federal, uma vez que verifica-
se que quanto a este item foi informado no item 21 do documento abaixo, elaborado
pela Seção de Logística, Licitações e Contratos, que seriam exigidos equipamentos
novos, nos seguintes termos “21. Quanto aos itens 95 e 96 – informamos que no tocante
aos custos de instalações dos equipamentos, a empresa que se sagre vencedora do
certame deverá providenciar a instalação dos novos equipamentos no prazo de 30
(trinta) dias, os equipamentos que atualmente encontram-se instalados nos órgãos não
pertencem ao INSS e deverão ser retirados pela empresa proprietária dos mesmos.
Quanto ao prazo de 24 meses, optou-se pela utilização do referido prazo de modo que
os custos de instalação e disponibilização dos equipamentos fossem amortizados em 24
meses e não em 12 meses, ou seja, a administração terá que efetuar o pagamento de
tais custos pela divisão de 24 parcelas e não 12, sendo portanto, mais vantajoso.” [...]
44. No tocante a reutilização dos equipamentos analisando os autos dos processos
oriundos da Ata de Registro de Preços do Pregão Eletrônico nº 2/2014 da GEX Juiz de
Fora, verificamos que foram apresentados croquis e memoriais descritivos dos
equipamentos que seriam instalados e que os mesmos foram analisados pela área
técnica do INS, conforme destacamos a seguir:
41
42
43
44
45. Já nos autos do processo de contratação de vigilância eletrônica da Gerência
Executiva de Belo Horizonte, que foi objeto da presente auditoria, não localizamos
documentação que comprovasse que os novos equipamentos foram instalados,
entretanto, ao compulsar os autos dos processos dos demais contratos oriundos da Ata
de Registro de Preços do Pregão Eletrônico nº 2/2014 da GEX Juiz de Fora, identificamos
os documentos, conforme segue abaixo:
45
46
47
48
46. Nesse sentido, verificamos que em outros processos oriundos da Ata de Registro de
Preços do Pregão Eletrônico nº 2/2014 da GEX Juiz de Fora, foi possível encontrar a
comprovação de que novos equipamentos foram instalados, e desta forma, nos parece
que a conclusão do Resultado de Exame nº 1 do Relatório Preliminar de Auditoria nº
201902464, de que os pagamentos referentes aos custos de instalação e de
disponibilização dos equipamentos foram efetuados de forma indevida, em razão dos
49
os mesmos equipamentos terem sido utilizados, face a mesma prestadora ter sido
contratada sequencialmente, e de não terem encontrado a comprovação nos autos
processuais do contrato auditado, entendemos que com os relatórios localizados não
seria possível afirmar que tal fato ocorreu na sua totalidade, portanto, será
providenciada a apuração em todos os contratos firmados nas licitações apontadas
neste relatório e se identificada alguma disfunção serão adotadas a providências
cabíveis. (grifo nosso)
47. Devido à escassez de mão de obra e treinamentos adequados, muitas Gerências
Executivas cometiam falhas no tocante à instrução processual, arquivando documentos
fora da ordem ou deixando de arquivar documentos relevantes, e é possível que isto
tenha ocorrido no presente caso. Entretanto, não é possível efetuar tal afirmativa com
base apenas em uma suposição, motivo pelo qual será necessário instaurar
procedimento de apuração para buscar a verdade real dos fatos, ampliando inclusive
o escopo de apuração também aos Gerentes de APS, uma vez que os mesmos atuavam
como Co-Gestores / Fiscais Locais, dos referidos contratos, e conforme verificado nos
documentos acima, o recebimento dos equipamentos era efetuado pelos responsáveis
de cada unidade. (grifo nosso)
50
A partir da página nº 147 da sua manifestação, o gestor passa a tratar especificamente
sobre o atual relatório e na página 195 começa a analisar o achado nº 1, e os de nº 2 e
nº 3 são comentados a partir da página nº 426.
Conforme narrado no presente relatório, os pagamentos pelo serviço de vigilância
eletrônica foram efetivados no valor integral dos custos de disponibilização e instalação
previstos contratualmente, sem que tenham sido encontrados nos autos indícios da
renovação dos equipamentos ou até mesmo algum questionamento por parte das
unidades gestoras contratantes. Pôde-se prever que isso foi um padrão de
comportamento das contratantes, pois, nos autos dos processos analisados, não foram
encontradas orientações em sentido contrário emitidas pela SR-II dirigidas às unidades,
e as ordens bancárias e notas de empenho consultadas das várias unidades não
mencionavam qualquer desconto por falta de renovação de equipamentos ou de
estrutura de instalações, além de os valores serem no montante integral previsto
contratualmente.
Ocorre que, na circunstância do caso, em que a mesma empresa vinha sendo contratada
sequencialmente desde o ano de 2008 até os dias atuais, a probabilidade de se
materializar o risco de a contratada deixar de renovar os equipamentos e instalações
era alto. Esse risco deveria ter sido considerado desde a primeira contratação sequencial
da empresa Nexus Vigilância Eireli. De todo modo, o potencial prejuízo havia sido
explicitado pela Procuradoria Federal ainda na fase interna da licitação 02/2014. No
entanto, não foram emitidas orientações e tampouco melhorados os controles
existentes.
Em sua manifestação ao relatório preliminar, a SR-II buscou trazer elementos de
convicção no sentido de que “em razão dos os mesmos equipamentos terem sido
utilizados, face a mesma prestadora ter sido contratada sequencialmente, e de não
terem encontrado a comprovação nos autos processuais do contrato auditado,
entendemos que com os relatórios localizados não seria possível afirmar que tal fato
ocorreu na sua totalidade” (item 46). O gestor apoiou suas alegações em “croquis e
memoriais descritivos dos equipamentos que seriam instalados e que os mesmos foram
analisados pela área técnica do INSS” (item 44) e em termos de entrega assinados pela
contratante e pela contratada (item 45). Ou seja, o gestor apresenta tais documentos
no intuito de elidir parte da não conformidade apontada.
Observa-se que os croquis e memoriais descritivos dos equipamentos e as análises
realizadas, à época, pela área técnica do INSS referem-se à adequação dos croquis, que
são projetos simplificados, em face do previsto nos memoriais descritivos e termo de
referência. Assim, tais documentos abordavam o que deveria ser implementado a
seguir, de modo que não serve para evidenciar a execução em si do que estava
projetado.
Nas palavras da própria auditada, “nos autos do processo de contratação de vigilância
eletrônica da Gerência Executiva de Belo Horizonte, que foi objeto da presente
auditoria, não localizamos documentação que comprovasse que os novos equipamentos
foram instalados” (item 45). Assim, teria faltado comprovação na contratação que era
objeto inicial desta auditoria, e o gestor, então, apresenta termos de entrega de outras
gerências executivas alegando que tais documentos cumpririam a função de comprovar
51
que a contratada havia renovado parte dos equipamentos, mas nota-se que tais
instrumentos referem-se a outra finalidade.
Os termos de entrega trazidos à esta apreciação aparentemente detalham o acréscimo
ou supressão de uma pequena parte dos equipamentos, provavelmente pelo fato de o
contrato subsequente haver alterado a quantidade já instalada no contrato anterior.
Todavia, o potencial prejuízo descrito neste relatório é referente à falta de troca dos
equipamentos anteriormente instalados que justificassem os custos pagos. É possível
observar que os termos de entrega listam os equipamentos e, em seguida, enumeram a
quantidade de cada um que estava ativa no contrato anterior e, ao lado, enumeram a
quantidade suprimida ou acrescentada em decorrência do contrato subsequente e, por
fim, soma-se a quantidade final de cada item. Desse modo, os termos de entrega
apresentados são úteis para confirmar o achado de auditoria, em vez de desconstituí-
lo, pois evidenciam exatamente a ausência de entrega de equipamentos em substituição
àqueles que já estavam ativos no contrato anterior.
No que respeita ao pagamento de custos de instalação em que a contratada não
incorreu, argumenta o gestor que “seria plenamente plausível que o licitante vencedor
do certame optasse por não utilizar as instalações existentes devido ao seu desgaste e
condições e optasse por realizar novas instalações de elétrica e lógica” e que “que por
se tratar de licitação no regime de empreitada por preço global os licitantes poderiam
ter avaliado as instalações de elétrica e lógica existentes e contabilizado em seus custos
apenas os valores necessários para refazer, adaptar complementar as instalações
existentes de forma parcial”.
Um raciocínio mais ampliado permite ver a dissonância dessas ideias com a estrutura da
planilha de custos e formação de preços da proposta vencedora. O preço da instalação
é especificado para cada equipamento a ser fornecido de forma a viabilizar a fiscalização
da sua execução e precaver-se o pagamento de serviço de instalação porventura não
realizado. Assim, no que toca à estrutura de instalação, que anteriormente já era de
propriedade do INSS, tem-se que, devido ao risco inaceitável envolvido e à alta
probabilidade de não refazimento desse serviço, deveria ter havido, à época, orientação
às unidades contratantes para que se assegurassem do real adimplemento dessa
obrigação, mas isso não foi encontrado nos autos e, tampouco, mínima comprovação
de refazimento de instalações. Por outro prisma, é preciso dizer que, se não houve
substituição do equipamento já instalado na contratação precedente, não cabe,
também, a retribuição do respectivo custo de instalação, previsto especificamente para
cada item de equipamento. Desse modo, ao não haver substituição de um equipamento,
que já estava instalado, seria incongruente pagar por serviço de instalação nessa
situação.
Por fim, a unidade auditada concorda que deve haver procedimento de
responsabilização: “será providenciada a apuração em todos os contratos firmados nas
licitações apontadas neste relatório e se identificada alguma disfunção serão adotadas
a providências cabíveis” (item 46) e “será necessário instaurar procedimento de
apuração para buscar a verdade real dos fatos, ampliando inclusive o escopo de
apuração também aos Gerentes de APS” (item 47). Recomenda-se que escopo de
apuração venha a abranger as licitações anteriores.
52
Ressalte-se que, para preservar a imparcialidade da convicção dos apuradores, os
servidores designados precisam estar livres de interesse no resultado do procedimento
e não subordinados a alguém que possa vir a ser alvo de investigação. É útil consignar
que documentos produzidos pela contratada ou pelos investigados precisam ser
confrontados por outras evidências, por exemplo, registros fiscais de entrada de
produtos na empresa terceirizada emitidos por Secretaria Estadual da Fazenda, sempre
atentando-se que, além da conduta funcional, as apurações visam à responsabilização
de empresas e à obtenção de ressarcimentos. Cabe enfatizar que é imperioso perscrutar
a autenticidade e a veracidade de alegadas comprovações que venham a surgir em sede
investigativa, resgatando-se outros elementos probatórios.
53
eram datados mensalmente e que na descrição da amostra colhida em 70% do total dos
documentos analisados resultavam no parecer de que tudo estava funcionando
corretamente; que a Superintendência do INSS não apresentou os relatórios relativos a
manutenção corretiva, com a especificação de todo o serviço eventualmente realizado;
que não houve a comprovação de que os serviços de manutenção cobrados foram
realizados; que as duas principais falhas relativas aos contratos são o custo
desproporcional e antieconômico previsto para a manutenção dos equipamentos
instalados e o pagamento pela manutenção de tais equipamentos mesmo que, de fato,
tal manutenção não tenha ocorrido; que não há comprovação de que, na prática, que
os serviços de manutenção dos equipamentos tenham sido realizados; que com relação
à manutenção preventiva, essa, caso tenha realmente ocorrido, a manutenção em si não
teve custo (a não ser custos relacionados ao pessoal que realizou as vistorias) .
55. Inicialmente verifica-se que diversos pontos do relatório, a Superintendência
Regional Sudeste II é tratada como responsável pela homologação do Pregão Eletrônico
nº 2/2014 e pelas contratações dele decorrentes, o que não procede, uma vez que a
entidade promotora do referido certame foi a Gerência Executiva de Juiz de Fora,
responsável pela condução e homologação do referido pregão e que as contratações
foram firmadas individualmente por cada uma das Gerências Executivas participantes
do referido certame, conforme já demonstrado nos autos.
56. Verificamos ainda que o referido relatório ao pressupor que os equipamentos por
terem um baixo custo também demandariam baixo custo de manutenção e que os
preços que foram cobrados pela manutenção são desproporcionais ao custo, não levou
em consideração as diversas obrigações contratuais e variáveis relacionadas aos serviços
de manutenção como:
a) a obrigatoriedade de fornecimento de mídias para gravação de imagens;
b) a obrigatoriedade de registro de ART de instalação e manutenção dos equipamentos
no CREA;
c) a obrigatoriedade de executar os serviços em novos endereços na ocorrência de
mudança de endereço das unidades, sem ônus adicional ao INSS;
d) a obrigatoriedade de efetuar a manutenção corretiva em caso de pane em até 48
horas ou disponibilizar backup adicional sem ônus ao contratante;
e) a obrigatoriedade de prestar serviços eventuais compreendendo a desinstalação e
reinstalação de equipamentos no mesmo local decorrente de alterações internas de
layout;
f) a obrigatoriedade de armazenamento de imagens pelo período de 6 meses;
g) que a manutenção preventiva compreende a substituição ou reparo de pequenos
componentes que comprometam o bom funcionamento, as modificações necessárias
com objetivo de atualização dos aparelhos, a limpeza, regulagem, inspeção, calibração
e simulação de testes mecânicos e eletroeletrônicos em todo sistema interno e externo,
entre outras ações que garantam que o conjunto dos equipamentos esteja em
permanente condição de operação;
h) que a manutenção técnica corretiva contempla os serviços de reparos com a
finalidade de eliminar todos os defeitos existentes nos equipamentos identificados por
54
meio de diagnóstico, bem como da correção de anormalidades, incluindo as provocadas
por atos de vandalismo e/ou fenômenos naturais, da realização de testes e regulagens
que sejam necessárias para garantir o retorno do equipamento às condições normais de
funcionamento, e também na substituição do equipamento sem que haja prejuízo ao
funcionamento do sistema;
57. Em relação ao pagamento de valor fixo para a manutenção verifica-se que a Lei
8.666/93, conforme já demonstrado acima permite a adoção de empreitada por preço
global e que a adoção de empreitada por preço unitário não parece viável face a
impossibilidade de se estimar o quantitativo de manutenções que seriam necessárias,
aliado ao fato de que a própria contratada geraria ordens de serviço para execução de
manutenção corretiva em seus equipamentos, o que s.m.j é vedado pelo TCU por violar
o princípio da segregação de funções.
58. Em relação a manutenção preventiva consta da alínea “pp” do item 13 do Anexo I –
Termo de Referência que a contratada teria a obrigação de apresentar relatório mensal
da manutenção preventiva realizada nos equipamentos, portanto, sua frequência
mínima seria de 1 vez por mês.
59. Da análise das disposições do edital e seus anexos, verificamos que os custos de
manutenção são superiores aos custos dos equipamentos em decorrência de
envolverem todos os custos relativos à prestação dos serviços, como mão de obra,
deslocamentos, substituição de equipamentos, seja por defeito, vandalismo, furto ou
fenômenos naturais, fornecimento de mídias para gravação de imagens,
armazenamento de imagens por 6 meses, novas instalações decorrentes de mudança
de endereço ou alteração de layout interno das unidades.
60. Ainda em relação aos preços dos serviços de manutenção efetuamos pesquisa dos
preços praticados por outras empresas adjudicatárias do Pregão Eletrônico nº 1/2008
referente a este item onde pode-se constatar que os custos de manutenção são
superiores aos custos de instalação e disponibilização, conforme demonstrado a seguir:
Unidade: Aimores - MG
Endereço:
Horário de Cobertura: 12 horas noturnas de segunda a domingo
ITEM INSUMOS QUANTIDADE VALOR VALOR VALOR MÊS
UNITÁRIO TOTAL
01 Equipamentos
55
Sirene Tati Morey 5 R$ 5 ,10 R$ 5 ,10
1,02
Sensores de 3 R$ 25 ,56 R$ 25 ,56
Fumaça 8,52
Sensor Infra 2 R$ 6 ,40 R$ 6 ,40
Vermelho 476 Pro 3,20
Plus
Sensor Infra 2 R$ 8 ,52 R$ 8 ,52
Vermelho 476 Pro 4,26
Pet
Botão de Pânico 2 R$ 4 ,20 R$ 4 ,20
2,10
TOTAL R$ 116,56 R$ 116,56
02 Acessórios
Manutenção 1 R$ R$ R$ 615,00
615,00 615,00
Monitoramento 1 R$ R$ R$ 575,00
575,00 575,00
TOTAL R$ R$ 1.190,00
1.190,00
R$ 1.371,77
56
I - DISPONIBILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS R$ 116,56 II -
DISPONIBILIZAÇÃO DE ACESSÓRIOS R$ 6,23 III - CUSTO COM
MATERIAIS PARA INSTALAÇÃO R$ 8,98
IV - CUSTO COM INSTALAÇÃO R$ 50 ,00
V - CUSTO COM MANUTENÇÃO/MONITORAMENTO R$ 1.190,00
VI DEMAIS COMPONENTES
(...)
61. A seguir seguem alguns dos relatórios de manutenção preventiva que constavam
dos autos dos processos e que contêm informações acerca da realização de manutenção
corretivas:
57
(...)
58
63. Percebe-se que na primeira linha constam os sistemas de vigilância eletrônica,
descritos como CFTV, Rede, Câmeras, Linhas Tel, Refletor, No Break, Módulo Bateria,
Painel Alarme, Sensores/Sirenes, Portal, Detector Manual e Pânico e no campo Tipo de
Atividade constam os itens relativos a Manutenção Preventiva (Verificação de Ac/Dc,
Regulagem, Revisão, Ajustes, Testes Monitoramento, Teste eletro eletrônicos, Limpeza,
Bacu Up, Lubrificação) e os itens relativos a Manutenção Corretiva (Reinstalação de
cabos, Reparo de equipamentos, Troca de equipamentos, Troca de conectores), e que
quando da realização da respectiva manutenção era marcado com o preenchimento de
um quadro correspondente ao tipo da manutenção e o tipo de equipamento em que ela
ocorreu.
65. A contratada ao ser indagada o motivo pelo qual o Relatório de Inspeção Técnica
não continha o detalhamento das manutenções corretivas efetuadas, nos informou que
com o intuito de otimizar o tempo dos técnicos tais relatórios eram preenchidos de
forma padronizada e que o detalhamento das manutenções corretivas efetuadas era
preenchido através de um relatório gerado por sistema interno, entretanto, o referido
relatório não era encaminhado mensalmente com o Relatório de Inspeção Técnica.
66. Nesse sentido, efetuamos solicitação para que a contratada entregasse tais
relatórios, o que atendido. Devido ao grande volume de documentos anexamos a seguir
parte dos relatórios recebidos de manutenção corretiva dos contratos oriundos da Ata
de Registro de Preços do Pregão Eletrônico nº 2/2014 da Gerência Executiva do INSS em
Juiz de Fora:
59
(...)
67. Face ao exposto, nos parece que a conclusão dos Resultados de Exame nº 1 e nº 2
do Relatório Preliminar de Auditoria nº 201902464, de que os preços dos serviços de
manutenção estavam exorbitantes e que os referidos serviços não foram prestados, nos
parece equivocada uma vez que a equipe de auditoria ao realizar tal indagação não levou
em consideração todo o ônus e obrigações contratuais envolvidas na execução dos
referidos serviços de manutenção e conforme demonstrado acima foram anexados os
relatórios que comprovam a efetiva realização dos serviços de manutenção, tanto
preventiva quanto corretiva.
68. Há ainda que se ressaltar que o INSS em outro momento chegou a fazer a aquisição
de itens de segurança, o que se mostrou totalmente ineficiente, visto que os
equipamentos ficavam parados devido à falta de manutenção, prejudicando o
atendimento das unidades e não atingido seu objetivo e tal possibilidade passou a ser
60
descartada pela Administração Central, sendo admitido apenas a contratação de tais
itens como serviço.
69. Nesse sentido, o que parece ter havido foram falhas procedimentais ao não se exigir
anteriormente o envio de tais relatórios e também falhas na execução contratual por
parte da contratada ao não enviá-los de forma tempestiva, o que deverá ser apurado,
corrigido e consequentemente aplicadas as sanções contratuais correspondentes.
CONCLUSÃO
70. Face todo exposto, para apuração de algum possível prejuízo desde as contratações
com a empresa Nexus Vigilância Eireli e demais empresas adjudicatárias do Pregão
Eletrônico nº 1/2008, que prestaram serviços de vigilância eletrônica no âmbito das
Gerências Executivas vinculadas a Superintendência Regional Sudeste II no Estado de
Minas Gerais, desde o ano de 2008, até os contratos atuais, serão necessárias ações
junto às Gerências Executivas e Agências da Previdência Social, no intuito de se buscar
informações e esclarecimentos com os responsáveis pelas contratações e fiscalização
dos serviços à época, ou seja, Superintendentes, Gerentes Executivos, Chefes de
Logística, Gestores de Contrato, Fiscais de Contrato, Gerentes de APS, contabilizando
aproximadamente 200 servidores, sem contabilizar as mudanças ocorridas ao longo dos
anos.
71. Por oportuno também informamos que foi aberto novo procedimento licitatório
para a contratação dos referidos serviços no âmbito desta Superintendência Regional
Sudeste II em 2019, entretanto, aguarda-se autorização para prosseguimento, tendo em
vista que a Administração Central do INSS está desenvolvendo projeto para padronizar
tais contratações em âmbito nacional.
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MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA:
67. Face ao exposto, nos parece que a conclusão dos Resultados de Exame nº 1 e nº 2
do Relatório Preliminar de Auditoria nº 201902464, de que os preços dos serviços de
manutenção estavam exorbitantes e que os referidos serviços não foram prestados, nos
parece equivocada uma vez que a equipe de auditoria ao realizar tal indagação não levou
em consideração todo o ônus e obrigações contratuais envolvidas na execução dos
referidos serviços de manutenção e conforme demonstrado acima foram anexados os
relatórios que comprovam a efetiva realização dos serviços de manutenção, tanto
preventiva quanto corretiva. “
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II – QUADRO COM LISTA DE UNIDADES GESTORAS DO INSS
Quadro 1 – Lista das unidades gestoras, da gestão INSS, emitentes de ordens bancárias
em favor da Nexus Vigilância Eireli
Emitente -
UG Emitente – UG
511845 GERENCIA EXECUTIVA CONTAGEM
511770 GERENCIA EXECUTIVA BELO HORIZONTE
511851 GERENCIA EXECUTIVA OURO PRETO
511853 GERENCIA EXECUTIVA POCOS DE CALDAS
511843 GERENCIA EXECUTIVA MONTES CLAROS
511852 GERENCIA EXECUTIVA VARGINHA
511828 GERENCIA EXECUTIVA UBERABA
511840 GERENCIA EXECUTIVA UBERLANDIA
511827 GERENCIA EXECUTIVA JUIZ DE FORA
511829 GERENCIA EXECUTIVA BARBACENA
511857 GERENCIA EXECUTIVA TEOFILO OTONI
511832 GERENCIA EXECUTIVA DIVINOPOLIS
511842 GERENCIA EXECUTIVA GOVERNADOR VALADARES
512074 GERENCIA EXECUTIVA RIO DE JANEIRO-NORTE
510350 GERENCIA EXECUTIVA VITORIA
510180 SUPERINTENDENCIA REGIONAL SUDESTE II
Fonte: Sistema Tesouro Gerencial.
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