Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Cópia de O Mito Do Dom

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 15

MITO DO DOM

Vamos lá, continuando a falar de mitos. Os 4 mitos que você tem que
esquecer urgentemente. Aqui estão os 4: Mito do Artista; Mito do Dom; Mito da
Criação e Mito do Acaso. Vamos agora aprofundar aqui: mito do dom.

Beleza Murilo, tá bom, eu acho que eu preciso ser mais ser criativo, porque
seria bacana, seria importante pra eu dar soluções mais criativas pros problemas
da minha vida e tal, mas será que eu consigo ser mais criativo? Será que eu tenho
este dom?

Quem disse que criatividade é um dom? Você leu isso em que paper
científico? Me diz! Ou você só ouviu dizer por aí e acha que é isso aí e nunca
parou para averiguar, então “é isso aí mesmo”.

Cara, ​criatividade não é um dom de algumas pessoas especiais​. Sabe


o que é criatividade? ​Criatividade é a aplicação prática de uma habilidade que
é inata da espécie humana​. Sabe qual é a habilidade? Imaginação.

O que diferencia a gente dos outros bichos, é a capacidade de imaginar.


Imaginar coisas, imaginar objetos, imaginar situações, imaginar cenários que não
existem, mas que você está imaginando essas coisas. Todo ser humano
consegue imaginar, concorda? Pode ser pobre, pode ser rico, pode ser extremo
analfabeto pode ser um mega intelectual: todo mundo consegue imaginar. ​E
criatividade é a imaginação aplicada para resolver problemas. Quem é capaz
de imaginar, é capaz de ser criativo. Todo mundo é capaz de imaginar, logo, todo
mundo é capaz de ser criativo. Lógica aristotélica básica.

O mito 2 é esse! Esse papo de que é o dom de pessoas especiais...


Portanto, o fato é que é uma “capacidade inata da nossa espécie” que tem que ser
desenvolvida e trabalhada.
Eu comecei com a definição de criatividade na aula anterior como
ferramenta pra solução de problemas. Vamos agora ampliar um pouco:
criatividade é a imaginação aplicada como ferramenta pra solução de problemas.
Por falar em imaginação aplicada, a bíblia da criatividade chama-se IMAGINAÇÃO
APLICADA 1953, Alex F.Osborn. No ano seguinte, ele criou o CPSI, aquele
evento sobre criatividade: princípios e procedimentos de Creativity Problem
Solving” (criatividade para solução de problemas). Eu gosto dessa definição
“applied imagination”, porque ela reforça isso aqui: ​o “imagination”​, que é a
variável que diferencia os homens dos animais.

Cara, você já parou pra pensar que a gente morava nuns lugares cheios de
bichos que eram maior que a gente, mais rápidos, mais ferozes, mais loucos e a
gente: menor, mais lento, mais trouxa... e a gente conseguiu dominar tudo! Por
que? Porque a gente tem essa habilidade, de imaginar situações, cenários que
não existem, e com isso a gente aplicou essa imaginação para resolver nossos
problemas. Qual é o nosso problema? Como é que caça um animal mais rápido do
que eu? Isso é um problema.

Com a imaginação, eu apliquei e dei uma solução criativa. E criei


armadilhas, criei ferramentas e o homem dominou, todos os animais: os maiores e
os menores do que ele. “Dominou” entre aspas né?

Tem um filme da Dreamworks, que não ficou muito muito famoso, de


animação, chamado The Croods, que é como se fosse a primeira família moderna.
É interessante ver no filme essa visão do ser humano resolvendo os problemas
que eram super complexos com essa capacidade da imaginação.

Filme

"O novo é sempre ruim, nunca perca o medo" – frase do filme.

Eu acho que aquele moleque lá, o boyzinho (personagem do filme), ele foi o
primeiro Creative Problem Solver. Porque ele que criou o sapato, ele deu a
solução pro problema: por necessidade, ele resolveu manipular o fogo, usou o
fogo pra resolver problemas, de forma criativa pra ele né?

E tem um livro que eu recomendo muito: Sapiens, livro incrível! “Uma breve
história da humanidade” e a teoria base deste livro é “o que diferenciou a gente de
outros animais foi a imaginação”. Por que? Porque os animais, eles só
conseguiam se reunir em bandos, em comunidades, muito pequenas, porque, pro
leão poder comandar outros da espécie, esses outros tinham que tá por aqui na
redondeza, na área. Não dá pra ter um leão a 10 mil Km e ele tá conectado a mim,
liderado por mim.

O homem, com a sua imaginação, criou, imaginou lendas, crenças, pátrias,


religiões, doutrinas. Doutrina: reinados, conceitos abstratos, imaginados, que
muitas pessoas passaram a imaginar juntas. E isso manteve esse povo coeso,
criou comunidade, criou colaboração e surgiu a civilização. Muito louco né?

Um trechinho:

"Toda cooperação humana - seja um Estado moderno, uma Igreja medieval


(...) - se baseia em mitos partilhados que só existem na imaginação coletiva."

Conceito de patriotismo né? Então, a imaginação, velho, ela vem com a


gente, vem com tudo, é padrão da espécie humana.

O Abraham Maslow da pirâmide, ele dizia que o "homem criativo não é um


homem comum, ao qual se acrescentou algo. O homem criativo é o homem
comum do qual nada se tirou".

Nós nascemos criativos e nós desaprendemos a ser criativos.

O padrão é ser criativo, porque nós nascemos com a imaginação e


nascemos com problemas, mas a gente desaprende ao longo da vida a ser
criativo.
Infelizmente, a gente ao longo da vida, é convidado a pensar dentro do
padrão, a imaginar menos e se contentar com as soluções já previstas que estão
no banco de dados. Esse negócio de que “ah temos que pensar fora da caixa”...
mas a gente ​nasceu fora da caixa​. Depois é que a gente foi botado na caixa, e
agora tem de sair da caixa!

Eu gosto de fazer uma analogia com a Pietá, de Michelangelo. Porque


Michelangelo falava que, quando ele recebia o bloco de mármore para esculpir,
ele dizia o seguinte, praticamente: que a obra prima já estava ali dentro, naquele
bloco de mármore. Ele apenas iria tirar o excesso para que ela surgisse. Muito
lindo isso aí né?

Eu acho que nós somos uma Pietá ao contrário. Nós nascemos Pietá, nós
nascemos obras primas da imaginação, da criatividade e ao longo da vida vão se
colocando coisas e a gente vai voltando a ser o bloco de mármore, voltando a
pensar quadrado.

“Ah Murilo, mas tem pessoas que nasceram mais criativas. ”

Como é que você sabe disso? Como é que dá para medir que a pessoa
nasceu criativa? Assim que ela nasceu, ela já deu a solução criativa para cortar o
cordão umbilical. Não teve isso, entendeu?

“Ah Murilo, mas tem as pessoas que têm o hemisfério direito mais forte. ”

Ó, tem dois tipos de pessoas. A maioria gosta de dividir as coisas em dois tipos e
então, criaram esses dois tipos de pessoas com esse conceito (esse rótulo né?!):
ele é mais hemisfério esquerdo, ele é mais hemisfério direito.

E tem os testes, né?! O povo adora testes. Testes da revista Claudia: “ah eu sou
criativo, eu sou do hemisfério esquerdo”. “Qual o lado mais dominante?” Aí bomba
no teste não sei o que...

Mas cara vários livros já mostram que isso é um mito. Não um mito que
cada hemisfério tem funções diferentes - isso de fato é - mas é um mito desse jeito
de dizer que você é ​left brained,​ de rotular você como um lado ou outro. Todos
nós somos todos os lados. Eles se misturam toda hora e se conectam e nenhum
faz nada 100% sozinho.

E aí tem vários ​papers​ científicos interessantes fazendo essa hipótese: será que a
pessoa é mais isso ou não? Neste ​paper ele fala sobre a hipótese de que, tanto as
tarefas de criatividade visual como as outras tarefas, todas elas ativaram uma
variedade de áreas bilateralmente. Ou seja, não dá mais pra rotular essas coisas.

“Ah, Murilo, mas tem pessoas que são naturalmente mais criativas.”

Beleza! Eu concordo que sim, que as pessoas nascem com os genes


diferentes, o DNA diferente e tal.

Agora vamos analisar friamente essa criatividade natural que algumas


pessoas nascem com “muito mais que as outras”. Então vamos supor: tem uma
pessoa aqui: esse cabra nasceu com a criatividade natural, num nível X. A
segunda pessoa nasceu menor, a terceira menor ainda, a quarta menor ainda.
Primeira questão: você tem controle sobre isso? Tipo você consegue no
momento atual, influenciar de alguma forma, alterar ou diminuir o nível de
criatividade natural ao nascer? Não.

Cara, se não dá pra influenciar, então FODA-SE (então foda-se no sentido


de não ficar falando sobre isso ... porque já foi!).

Agora, beleza, estão aqui essas 4 pessoas com suas criatividades naturais.
Agora, ao longo da vida essas pessoas vão sofrendo bloqueios e aí está a base
deste curso, vocês vão ver.

Esse módulo de mitos é um módulo de introdução. A base do curso são os


bloqueios (e também as técnicas, né?).

Então eu adicionei os bloqueios a esse gráfico. Eu adicionei os bloqueios


em escalas diferentes porque não é porque você nasceu mais criativo que
necessariamente você vai ser mais ou menos bloqueado. Não. Depende da sua
condição de vida, família, pai, sociedade, ano, país que você nasceu, as variáveis
bloqueiam mais ou menos. Então, eu coloquei aqui uns níveis de bloqueios
aleatórios.
O 1 foi mais bloqueado, o 3 e o 4 menos e o 2 um pouco mais. Que
aconteceu?

Depois dos bloqueios mudou a ordem: o mais criativo agora é o 3, depois o


1, e o 2 e o 4 empataram.

Aí vem a pergunta: você tem controle sobre isso? Você consegue, agora,
influenciar no passado o quanto você foi bloqueado ou não?

Não tem controle sobre isso = então foda-se!

Você pode influenciar o quanto você vai ser bloqueado a partir de agora, e
o quanto você vai bloquear os seus filhos. Inclusive a gente vai ter aqui o módulo
“CriCriCri” (criando crianças criativas), que é como evitar esses bloqueios, mas
não dá pra voltar atrás e mudar o quanto você já foi bloqueado.

Então, vimos a criatividade natural mais os bloqueios. Agora e se nessa


situação eu adicionar hardwork?

Hardwork: estudo, treino, intensidade, aprofundamento, prática,


desconforto. Se eu adiciono tudo (que é o que você está fazendo agora, né? Você
está nesse curso aqui, você pagou o valor significativo para o curso on-line de
criatividade, você está a fim de colocar intensidade e hardwork pra desenvolver
essa habilidade).

Se você adiciona hardwork nesse gráfico, e aí eu adicionei em níveis


também aleatórios. Então o que aconteceu, novamente mudou o ranking.

Agora, o cara que estava em quarto ficou primeiro, o segundo voltou para
segundo, o terceiro ficou último. Agora, mudou tudo. Aí vem a pergunta chave:
Você tem controle sobre isso?

Sim, você tem controle sobre isso! Então MOVA-SE.

Aí que entra o hard work, cara! Eu acho lindo a gente saber que a
habilidade mais importante, uma das mais importantes pro futuro da humanidade,
depende da gente.

Depende da gente porque a gente nasce naturalmente. A gente foi


bloqueado, ok, mas a gente pode botar intensidade e desbloquear. Tem uma frase
que acho incrível do Tim Dolkt, um técnico de basquetebol americano: "HardWork
beats talent when talent doesn`t work hard" (o trabalho duro ganha do talento
quando o talento não trabalha duro). É aquele lance “criatividade natural x
hardwork”.
Eu adorei o poster do Cary Later, ele botou “não existe substituto para o
hard work”.

Eu acho muito legal ver histórias e biografias de atletas, vale a pena


sempre ler biografias de atletas e de alta performance porque, velho, não existe
um atleta de sucesso na história desse planeta que não tenha uma história de
hardwork que você fique assim: chocado.

Inclusive eu vi uma entrevista do Hernandes, jogador de futebol, que


inclusive é meu conterrâneo, que ele fala um negócio muito legal ​[Filme]​:

"Noriogun chandjerê ninganda" papai, (" Se você não nasceu sendo,


trabalhando muito você pode se tornar").

Eu achei incrível essa frase. Inclusive olhando essa tradução existe uma
possibilidade desse “gun” significar hardwork em sul coreano ;p

Já que existem dois tipos de pessoas (e que eu sou o tipo que gosta de
dividir em dois grupos)... eu gostei muito desse livro aqui da Carol Dweck,
MINDSET, livro que eu recomendo também, tá aqui na minha lista ​Mindset da
Carol Dweck. É um livro em que ela basicamente divide as pessoas em dois
tipos. Ela fala: as pessoas que tem o mindset fixo e o mindset de crescimento.

Essa palavra mindset pode ser que você nunca ouviu falar, então vou te
explicar: mind = mente , set = configuração. “Configuração mental”. É só
mentalidade.

Conta como é configurado seu sistema de crenças e como você vê o


mundo. Quem tiver já de saco cheio, “ah, só se fala de mindset hoje em dia”,
cuidado pra não tá sendo preconceituoso e deixando de se expor a um conceito
super poderoso.

Então a Carol fala que tem o mindset fixo e o mindset de crescimento.


As pessoas com mentalidade fixa são aquelas que evitam desafios,
desistem fácil, pessoas que veem o esforço hardwork como “não vale a pena”. Já
as pessoas com mentalidade de crescimento, são as pessoas que sabem que as
inteligências podem ser desenvolvidas e não são algo estático que a gente nasceu
com essa inteligência x, de tal jeito e acabou. Então as pessoas com mentalidades
de crescimento vão atrás de desafios. Elas persistem mais e elas veem o esforço
como um caminho da maestria. Adoro a palavra maestria:’ o esforço é o caminho
da maestria”.

É interessante falar uma coisa: quando fala hardwork muitas pessoas falam
“quer dizer então que é pra ser loucão, ficar trabalhando a vida toda, morrer
trabalhando”. O hardwork tem essa tradução literal, mas o hardwork que eu falo, e
eu comecei a falar hardwork junto com uma gíria de recife, “papai”, eu criei um
novo conceito que é o “hardwork papai”. É um hardwork diferentemente do
trabalho duro tradicional, é o ​smart hard work​. “Hardwork papai” é um hardwork
com intensidade do hardwork na direção certa. Tem que ter uma direção.
Intensidade com direção, com foco com estratégia, não é toda hora, são
momentos de intensidade, porque esse é o caminho pra maestria.

[Filme]

Quem acha que consegue fazer metade dessas coisas mediante estudo e
treino?

Eu digo metade porque realmente tem algumas coisas que requer um tipo
específico, uma idade específica e tal. Mas eu acredito que eu consigo fazer mais
da metade daquelas coisas todas, mediante estudo e treino. Mediante hardwork.

“Hardwork papai” porque é direcionado claro. Eu vou direcionar minha


energia com intensidade pra atividade que eu quiser masterizar, virar mestre. É o
caminho da maestria.

E eu digo isso porque sempre falo sobre criatividade e já perguntei várias


vezes na internet: “Você acha que a criatividade é um dom ou é algo que se
aprende?”

Normalmente as respostas são dom, dom, dom, dom, dom, dom, com
certeza dom, sem dúvida dom. E se eu ver no dicionário a palavra ‘dom’, é uma
dadiva, é um presente dado por alguém, é um bem ou graça recebido por
divindade, é uma aptidão inata pra fazer algo.

Esse assunto de dom é interessante. Eu, quando fazia muito show de


comédia, quando acabava o show, muitas vezes, as pessoas falavam para mim:
“Velho, muito legal o show, velho!. Você tem o dom da comédia e tal”. E eu sei
que era um elogio, eu entendo que era boa intenção mas me causava um mínimo
incômodo: “puxa, a palavra ‘dom’ não é bem encaixada nesse contexto”.

Porque, veja só, eu contei minha história do segredo do fracasso. Eu era


empresário de tecnologia já há mais de uma década e por causa da colação de
grau resolvi fazer humor. E quando eu comecei com o humor, cara, eu era
loucura. Eu ligava para os bares pra explicar o que era Stand Up, pra pedir pra
fazer show de graça, pegando carro a noite pra ir pra João Pessoa, pra Caruaru,
chegava no bar fazia show pra plateia que estava comendo batata e que nem
sabia o que estava ou o que ia acontecer no bar. O cara comendo batata frita e eu
contando uma piada e muitas vezes passando vergonha, experimentando piadas
novas, desbravando os mercados. Eu gravava o áudio dos meus shows no celular
pra abrir o áudio do show no computador porque o gráfico do áudio do show era o
gráfico do show: mostrava os picos de risadas, de aplausos e tal. Eu conseguia ter
um gráfico da densidade de risadas por minuto pra identificar os pontos de baixa e
masterizar aquilo ali pra novamente retroalimentar, ir pro campo de batalha,
desbravar mais e me expor mais... aí o cara fala que é dom! ​É Hardwork, papai!

É hardwork! Não tem dom em lugar nenhum. Você pode ter aptidões em
algumas coisas, mas é muita intensidade colocada na direção certa!
Oscar Schmidt dá muitas palestras. Ele fala que ele é conhecido como mão
santa. Só que ele fala: “Pô... acaba o treino, acabava o coletivo. Acabou o coletivo,
todo mundo ia embora cansado”. Ele ficava e fazia centenas de arremessos de
três, ele crivava: “só saio daqui quando fizer tantos seguidos”. Ficava lá uma
loucura, todo fim de treino, todo mundo foi embora e o cara ficava lá fazendo isso,
durante 10, 15 anos. Aí você diz que a mão dele é santa? A mão dele é treinada
papai! A mão dele é treinada, é calejada, é hardwork, é intensidade numa direção.
Então, é assim: é até um desmerecimento você falar que a mão dele é santa, e
falar que é um dom, né?!

Eu gosto muito do Thomas Edson: "Talento é 1% inspiração e 99%


transpiração". Pra mim, criatividade é isso. Criatividade é 99% transpiração. 99%
hardwork, 1 % inspiração.

Picasso falava que a inspiração existe, mas ela tem que te encontrar
trabalhando, tem que te encontrar no hard work na intensidade. Na minha visão,
pra ser criativo não precisa ter uma pré-disposição, uma coisa natural, muito
incrível... Basta não ter uma pré-indisposição, algo que realmente te impossibilite,
de você transpirar e de adicionar intensidade.

Eu gosto de ver esses atletas. Por exemplo o Usain Bolt: alguém tem
dúvida que ele colocou muita intensidade? Ele teve o talento natural, mas ele
colocou muita intensidade nisso aí. E é engraçado que esse brasileiro aqui o Alan,
ele nasceu sem perna, tem como você nascer com uma pré-indisposição maior
pra ser um corredor do que nascer sem pernas?

É uma grande pré-indisposição. Mas aí: hardwork papai! Ele colocou


intensidade. Provavelmente esse cara teve que ralar mais que o Usain Bolt,
porque ele já nasceu com um negativo, tendo que recuperar. O Usain Bolt já
nasceu com as pernas e com o biotipo perfeito num país que tem tudo a ver
(muitas condições, é claro), tudo combinava nessa parada. Provavelmente o Alan
tinha um amigo sul coreano que falou "Noriogun Chandjerê Ninganda” pra ele.

Você se considera que está numa boa forma física? Você se considera
extremamente satisfeito com a sua forma física?

Bem eu não estou 100% satisfeito com minha forma física, a maioria das
pessoas hoje em dia no mundo não está, mas aí vem a segunda pergunta.

Você acha que consegue ficar em uma boa forma física mediante estudo e
treino? Eu acho que todo mundo concorda que sim. Eu acho que sim.

Mediante estudo de treino eu acho que sim. Tô falando isso porque


(sempre uso 2 tipos de pessoas, então) tem 2 tipos de pessoas: as pessoas que
acreditam que conseguem ficar em boa forma mediante treino e decidem
transpirar; e tem as pessoas que também acreditam que conseguem ficar em boa
forma mediante treino, mas não decidem. Então, para mim, forma física é uma
decisão, que você toma grande parte das vezes. Decide se vai ou não vai, porque
se você quiser vai.

Trazendo pra criatividade: quando eu pergunto se é o dom algo que se


aprende, tem gente que fala: “Pra mim é um dom. Não adianta uma pessoa tentar,
se não leva jeito.” Vê o tamanho da gravidade disso? Comparando com forma
física: forma física o povo pelo menos acredita que pode mediante hardwork;
criatividade tem gente que acha que nem mediante hardwork dá. O problema é
maior ainda. Então vamos agora pro momento autoajuda.

Você precisa acreditar que é criativo. Acredite!

Tô tirando onda mas realmente o primeiro passo é acreditar. O cabra que


nem sequer acredita, ele nem entra no jogo, ele nem bota o pé em campo.
Acreditar é botar o pé em campo. OK, botei: beleza, acredito!

O primeiro passo, velho, parece besteira, mas o primeiro passo é realmente


achar que sim. Tem gente, eu sei, que entra no curso de criatividade, ainda
desconfiando que não.

Tem dois livros que falam sobre isso “Confiança Criativa” de Tom e David
Kelley e “Você é criativo sim senhor” do Henrique Szklo. Dois livros que eu
recomendo muito sobre criatividade A minha visão em relação a essa coisa de
acreditar é a seguinte:

"Não basta acreditar que é criativo para ser criativo, mas basta não
acreditar que é criativo pra não ser criativo"

Entendeu?

Tem que acreditar para ser, mas se você não acreditar então você nem
começa a brincadeira, você não desce para o play. Em outras palavras, acreditar
que é criativo é o pré-requisito para ser criativo, é o pré-requisito acreditar. Mas
não é uma garantia. Pré-requisito difere de garantia. Em contrapartida, não
acreditar que é criativo é uma garantia que você não vai ser.

Então, pra finalizar: esse papo de dom você deve esquecer completamente.
Criatividade vem da capacidade inata de imaginar que a gente tem, que também
tem que ser desenvolvida. Nós nascemos criativos, desaprendemos a ser
criativos. Nós nascemos obra prima da criatividade e ao longo do tempo vamos
colocando bloqueios, mas mediante hardwork, ou melhor “hardwork, papai” a
gente pode superar esses bloqueios porque “Noriogun Chanfjerê Ninganda”. Se
você parar pra pensar, velho, se o ‘gun’ pode vir a ser hardwork, pode ser que o
‘norio’ seja papai ​😉
Vamos lá: finalizamos mito do Dom e vamos passar agora para o mito da
criação. Até então o importante é:

● Ok criatividade é para mim.

● Ok eu acredito na bagaça.
Agora a pergunta é esta, como é que eu faço? É meio complicado, né não?
Como é que é? Até o próximo mito.

Você também pode gostar