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03.0 Bacterios

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Microbiologia Prof. Juarez Assis Soares


MICROSCOPIA E CONFECÇÃO DE ESFREGAÇO
As bactérias podem ser observadas de duas maneiras, com e sem coloração.
Em uma observação sem coloração (a fresco, através de observação de suspensão
bacteriana entre lâmina e lamínula, ou pela gota pendente), os microrganismos são
observados vivos. Geralmente, a observação a fresco é utilizada para visualização
da motilidade e morfologia de bactérias espiraladas (que podem ficar distorcidas se
fixadas), ou mesmo em outras bactérias, para observar alterações na divisão celular
e formação de esporos.
Por outro lado, em uma preparação com a utilização de corantes, os micro-
organismos são corados, após serem mortos pelas interações químicas que muitas
vezes podem ocorrer com auxílio de calor. Assim, quando utilizamos material fixado
e corado, temos várias vantagens, pois além das células ficarem mais visíveis após
a coloração, podem transportar estas lâminas sem risco (pois o material está
fixado), bem como diferenciar células de afinidades distintas aos corantes e de
morfologia variada.
Apesar de quimicamente distintas do meio que as rodeiam, as bactérias são
quase incolores, não apresentando contraste suficiente, o que dificulta sua
visualização. A diferença química entre as bactérias e o meio é que nos permite
distingui-las por técnicas de coloração. Muitas vezes o corante não reage com o
meio externo, tornando-as quando coradas, mais visíveis ao microscópio. Desta
maneira poderemos observar suas formas fundamentais, dimensões e arranjos.
A coloração apresenta ainda outras vantagens, pois com a utilização da
objetiva de imersão na microscopia óptica teremos uma maior amplificação da
imagem, além de nos permitir o estudo de estruturas da célula bacteriana como:
parede celular, endósporos, flagelos e cápsula.
Em geral, as bactérias coram-se com os derivados de anilina (azul de
metileno, fucsina, cristal violeta, etc.) que são corantes básicos (íon colorido =
cátion) e que possuem afinidade pelo citoplasma destas células. Esta afinidade se
deve ao fato do citoplasma bacteriano apresentar carga elétrica negativa, derivada,
principalmente, dos radicais fosfatos dos ácidos nucléicos que aí se encontram.

MICROSCOPIA

Pesquisa a fresco
Material necessário:
Solução fisiológica (solução de NaCl a 0,85%;
Lâmina e lamínula;

A pesquisa a fresco é indicada para observar a morfologia bacteriana e avaliar a


existência de motilidade. Usada, principalmente para pesquisa de Trichomonas, fungos
(leveduriformes ou filamentosos).

Trichomonas Leveduras Filamentos


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A técnica consiste em colocar uma gota de salina na lâmina e nela


homogeneizar uma alçada do material a ser observado. Cobrir com uma lamínula e
examinar ao microscópio, com objetiva de 40X ou 100X (óleo de imersão) - cuidado
para não contaminar o microscópio.

KOH
Material necessário:
Hidróxido de potássio a 10% ou 20%.
Lâmina e lamínula

É utilizado para pesquisa de fungos em material biológico na presença de muco,


restos celulares, pêlos, unhas. Facilita a microscopia por dissolver a queratina e o
muco destacando as estruturas fúngicas, quando presentes.

Para preparar a lâmina, coloque uma pequena amostra do material no centro da


lâmina, pingar uma a duas gotas de KOH e cobrir com lamínula e aguardar alguns
minutos para o clareamento (evite aquecer a lâmina). Examinar com objetiva de 10X ou
40X, fechando o diafragma do microscópio.

Tinta da China
Material necessário
Tinta da china (nanquim).
Lâmina e lamínula.

É usado principalmente para pesquisa de criptococos em liquor ou outros


materiais. A técnica permitindo destacar a cápsula deste fungo contra um fundo negro

Criptococcos neoformans

Suspender o sedimento do liquor ou uma colônia do meio de cultura em uma


gota de tinta da China, fazendo-se um filme bem delgado entre a lâmina e a lamínula.
Observar com objetivas de 10X e 40X, e caso esteja muito espesso adicionar uma
pequena gota de salina esterilizada na suspensão para facilitar a observação. (um erro
comum: confundir linfócitos com criptococos: a diferenciação é o núcleo refringente e
gemulação do fungo.

COLORAÇÃO DE GRAM
A coloração de Gram é usada para classificar bactérias com base no tamanho,
forma, arranjo celular e reação frente ao método, e é um teste adicional rápido para o
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diagnóstico de agentes infecciosos, sendo também utilizado para avaliar a qualidade da
amostra clínica analisada.
As interpretações dos esfregaços corados pelo Gram envolvem considerações
relacionadas com as características da coloração, tamanho, forma e agrupamento das
células. Estas características podem ser influenciadas por vários fatores, incluindo
idade da cultura, o meio de cultivo utilizado, a atmosfera de incubação e a presença de
substâncias inibidoras.
Características:

a. coloração:

b. tamanho:
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c. forma:

d. agrupamentos:
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As bactérias coram-se Gram-positivas ou Gram-negativas com base nas


diferenças em suas paredes celulares e arquitetura. Espécies Gram-positivas têm uma
parede espessa de peptideoglicano e grandes quantidades de ácidos teicóicos; elas
não são afetadas pela descoloração com álcool e retêm a coloração inicial, aparecendo
violeta escuro se suas paredes celulares não estão danificadas pela idade, antibióticos
ou outros fatores. A parede celular das bactérias Gram-negativas é composta de uma
única camada de peptideoglicano aderida a uma membrana externa formada por uma
dupla camada assimétrica de fosfolipídeo-lipopolissacáride atravessada por proteínas.
A membrana externa é danificada pela descoloração com álcool, deixando o complexo
de iodo-cristal violeta vazar e ser substituído pelo contra-corante.

O GRAM é utilizado para:


bacterioscopia da maioria dos materiais biológicos ou culturas de
microrganismos em meios sólidos ou líquidos;
amostras analisadas de culturas jovens (<< 24h) de meio de cultura sem
inibidores e amostras clínicas recém-coletadas (são as que fornecem melhores
resultados);
verificação da morfologia bacteriana a partir de esfregaços de cultura em caldo.

Material necessário:
lâminas de vidro limpas e desengorduradas;
alça bacteriológica, pipeta e ponteiras estéreis;
cronômetro;
bico de Bunsen;
óleo de imersão;
corante de GRAM.

Esfregaços
Devem ser preparados com espessura densa para facilitar a visualização, mas,
também, bastante esparsa para revelar as características do agrupamento.
Utilizar lâminas limpas e novas. Melhores resultados serão obtidos se as
mesmas permanecerem no álcool até o momento do uso.

Preparo do esfregaço:
Identificar a lâmina de maneira segura;
Pode-se fazer o esfregaço diretamente do material biológico ou da colônia
bacteriana. Um esfregaço consiste numa preparação seca de células microbianas
numa lâmina de vidro. Primeiro é importante que as lâminas estejam limpas. Depois os
micro-organismos devem ser espalhados na lâmina em determinada concentração de
modo que fiquem adequadamente separados uns dos outros. É absolutamente
essencial evitar esfregaços espessos, considera-se um bom esfregaço aquele que,
quando seco, aparece como uma fina camada esbranquiçada, logo, deve ser pouco
espesso e homogêneo. Deve ser feito em área de segurança biológica, a partir de um
caldo preferencialmente, ou do material diluído em salina, espalhado com alça
bacteriológica em lâmina de vidro limpa, desengordurada e seca.
Esfregaços feitos a partir de meios de cultura líquidos ou sólidos implicam
técnicas diferentes:
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a. meios de cultura líquidos: mergulha-se a alça na suspensão microbiana e
coloca-se diretamente no centro da lâmina; depois se espalha, com o mesmo
instrumento, de modo a ocupar uma área de 1cm2.
b. meios de cultura sólidos: coloca-se uma gota de água destilada ou salina
estéril no centro da lâmina; retira-se com a alça uma pequena quantidade do inoculo,
suspendendo-o e homogeneizando-o na gota; depois se espalha a suspensão de uma
forma idêntica à anteriormente descrita.

Posteriormente, a lâmina deverá ser seca ao ar. A secagem é executada


deixando a lâmina ao ar ou colocando-a na estufa. Pode colocar-se a lâmina sobre dois
dedos da nossa mão que é mantida acima da chama do bico de Bunsen à distância
que conseguirmos suportar a intensidade do calor. A secagem deve ser feita com calor
moderado (37º C) para que a água seja evaporada lentamente e deste modo não
ocorra destruição ou distorção morfológica das células microbianas da preparação. É
importante uma boa secagem antes de se proceder à fixação.
Na secagem de um esfregaço, não devemos assoprar sobre o esfregaço ou
balançar a lâmina ao ar, pois outros micro-organismos podem contaminar sua amostra
a ser avaliada.
Após a secagem, a lâmina deverá ser fixada, antes de iniciarmos o processo de
coloração.
A fixação evita que as células dos microrganismos sejam lavadas e perdidas
durante o processo de coloração. Além disto, a fixação permite a aderência das células
à lâmina, matando os micro-organismos através da coagulação de seus protoplasmas,
preservando suas estruturas na forma e posição originais. O calor é o método de
fixação frequentemente utilizado.
Para fixarmos, passamos a lâmina com o esfregaço voltado para cima, por três
vezes através da chama. Evitar o superaquecimento testando a cada passada na
chama a temperatura da lâmina no dorso da mão.
Esta etapa é essencial, pois se o esfregaço não está fixado ao vidro da lâmina
ele vai ser removido durante a fase de coloração. A fixação pelo calor permite
preservar a forma do microrganismo, mas alguns componentes celulares podem ser
danificados. Na fixação química (ex. metanol, etanol, formaldeído, glutaraldeído, etc.),
geralmente, não há destruição da estrutura das células que ficam fixadas à lâmina.
Durante o processo de fixação pelo calor (este deve ser mais forte do que na
secagem) são inativadas as enzimas que podiam alterar a morfologia celular,
endurecidas as estruturas celulares para que não se alterem durante a coloração e
observação, dado que as proteínas microbianas coagulam e fixam-se à superfície da
lâmina.
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Para que as células fiquem aderentes ao vidro segura-se a lâmina de um lado e
fazem-se 2 a 3 passagens pela chama do bico de Bunsen. Agora o esfregaço está
pronto para sofrer o processo de coloração.

É importante lembrar que o esfregaço deve estar concentrado na porção central


da célula, pois caso contrário não será possível visualizá-lo no microscópio.
Caso o material biológico venha coletado em swab a confecção do esfregaço
deve ser feita de forma diferente. O swab deve ser rolado para frente e para trás na
lâmina e não esfregado sobre a lâmina de forma a evitar a destruição das estruturas e
formar uma fina camada do material sobre a lâmina.
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Material clínico

Swab
Rodar o swab suavemente pela lâmina limpa, evitando a destruição das células
e dos grupamentos. Quando o material for escasso e somente um swab for coletado,
colocá-lo em um tubo estéril contendo uma pequena quantidade de salina estéril e
agitar. Comprimir o swab contra as paredes do tubo e utilizá-lo para fazer o esfregaço,
o restante do material pode ser inoculado nos meios de cultura.

Aspirados e Exsudatos
Materiais recebidos em seringas, se necessário, transferir para um tubo estéril,
selecionar a porção mais purulenta com pipeta Pasteur ou alça bacteriológica. Se a
amostra for muito espessa ou purulentas diluir com uma gota de salina.

Escarro
Com uma alça ou palito pegar uma porção purulenta do escarro, rolar contra a
parede do frasco para separar da salivar e colocar o material na lâmina e preparar um
esfregaço delgado.

LCR – Líquor ou outros líquidos orgânicos.


Amostras límpidas devem ser previamente centrifugadas a 2.000-5.000 rpm /15
minutos. Após a centrifugação, remover o sobrenadante com uma pipeta estéril,
deixando, aproximadamente, 0,5 ml de sedimento. Colocar uma gota do sedimento
numa lâmina, sem espalhar e deixar secar. Se necessário aumentar a concentração do
fluido a ser examinado, adicionar uma segunda gota na mesma área da lâmina,
anteriormente utilizada.

Biópsias ou fragmentos de tecidos.


Colocar o material em uma placa de Petri estéril, triturar com auxílio de um
bisturi e preparar os esfregaços fazendo vários “imprints” numa lâmina.

Cultura em meio líquido.


Colocar duas gotas para uma lâmina limpa utilizando alça bacteriológica ou
pipeta, espalhar suavemente o material a fim de obter um esfregaço delgado.

Cultura em meio sólido


Se necessário, use uma gota de salina estéril em uma lâmina limpa e transferira
uma pequena porção da colônia com alça bacteriológica. Misturar suavemente para
obter um esfregaço levemente turvo e homogêneo.
Obs.: nunca misture o material vigorosamente, ocorre à formação aerossóis.

Fixação do esfregaço.

Pelo calor – antes de corar o esfregaço deverá estar seco (exposto ao ar) ou
fixado com calor brando (50ºC). A fixação excessiva e o superaquecimento irão criar
“artefatos de técnica”, isto é, distorcer a morfologia celular e a fixação insuficiente
permitirá a saída do material durante o processo de coloração. Deixar a lâmina esfriar
antes de iniciar a coloração.
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Por agente químico - metanol ou etanol: previne a lise das hemácias, evita que
os esfregaços, principalmente os de urina, desprendam-se no momento da coloração.
Deixar o esfregaço secar numa superfície plana; após, colocar uma a duas gotas de
álcool (1min), drenando o excesso, sem lavar. Não aquecer a lâmina antes da
coloração.

Reagente para coloração de Gram, seg. Hucker.


Cristal violeta – solução estoque:
Solução A – cristal-violeta 40 g
alcool etílico a 95% 400 ml
Solução B – oxalato de amônio 16 g
água destilada 1600 ml
Validade das soluções A e B: 1 ano em temperatura ambiente.

Cristal violeta – solução de uso:


Solução A - 40 ml
Solução B - 160 ml
Misturar as duas soluções, deixar em repouso e filtrar após 24 horas.

Lugol – mordente:
Iodo metálico 1 g
Iodeto de potássio 2 g
Água destilada 300 ml
Validade: 1 ano em temperatura ambiente.
Misturar o iodo e o iodeto de potássio em um graal, até que esteja bem
homogeneizados, acrescentar água lentamente para dissolução completa. Guardar em
frasco de âmbar.
Biossegurança: a solução de iodo/iodeto de potássio é corrosiva. Evitar inalação,
ingestão ou contato com a pele.
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Descolorantes.
Alcool etílico a 95% – agente descolorante lento ou
Álcool etílico a 95% e acetona (v/v) – agente descolorante intermediário.
Cuidado para não ocorrer hiperdescoloração.
Validade: um ano armazenado em frasco de âmbar a temperatura ambiente.
Biossegurança: etanol e acetona são inflamáveis.

Contra corante ou corante de fundo.


Solução reserva - safranina 5 g.
álcool etílico a 95% 500 ml

Solução trabalho - solução de reserva 10 ml


água reagente 90 ml.
Validade: um ano em temperatura ambiente
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ou

Fucsina básica a 0,1% ou 0,2%


Água reagente, qsp.
Misturar suavemente até a dissolução, validade um ano em frasco âmbar a
temperatura ambiente.

Coloração
Cobrir o esfregaço com a solução de cristal-violeta por cerca de um minuto.
Decantar o cristal-violeta e lavar suavemente água da torneira.
Cobrir a área do esfregaço com a solução de iodo durante cerca de um minuto.
Lavar com água corrente delicadamente.
Descorar a lâmina com a mistura álcool-acetona.
Cobrir o esfregaço com a solução de safranina ou Fucsina básica por 1 minuto.
Lavar com água corrente e deixar secar ao ar.
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Interpretação
As bactérias Gram-positivas retêm o cristal-violeta e se apresentam com
coloração violeta enquanto as Gram-negativas são descoradas pelo álcool-acetona,
sendo, portanto, coradas com o corante de fundo e se apresentam róseas.
Utilizando a objetiva de menor aumento (10X), fazer uma análise do esfregaço
como um todo, avaliando a qualidade da coloração, a espessura do esfregaço se o
material clínico coletado é apropriado para cultura, observando a quantidade relativa de
leucócitos, hemácias, células epiteliais, a presença de bactérias pertencentes à
microbiota normal, indicando uma coleta inadequada da amostra clínica, localização e
agrupamento bacteriano, filamentos, pseudo-hifas e leveduras.
Com a objetiva de imersão (100X) e examinar várias áreas para melhor
avaliação da coloração e dos diferentes tipos de microrganismos presentes,
principalmente perto de células inflamatórias.

Semi quantificação
Registrar as quantidades relativas das células (PMN) e microorganismos
encontrados em objetiva de imersão:
Menos que 1 por campo: Raros
1 a 10 por campo: Registrar o número observado;
Mais que 10 por campo: Muitos.

Fontes de erro.
Precipitação do corante pode simular cocos Gram-positivos;
Uso de lâminas que não tenham sido pré-limpas ou desengorduradas;
Espessura do esfregaço pode corar irregularmente;
Superaquecimento na fixação pelo calor provoca destruição da morfologia.
A descoloração insuficiente com álcool-acetona permite a retenção do cristal
-violeta, o que dificulta a observação de bactérias Gram-negativas.
Esfregaços obtidos de culturas velhas ou contendo numerosas bactérias mortas
ou expostas à ação de antibióticos apresentam irregularidades na coloração.
As bactérias Gram-positivas perdem a capacidade de reter o cristal-violeta,
apresentando-se Gram-negativas; as Gram-negativas podem corar-se mais fracamente
pela safranina, podendo simular a ocorrência de infecções mistas
(Gram-positivas/Gram-negativas).
A discordância de resultado entre o esfregaço corado pelo Gram e a cultura
pode estar relacionada com a coleta ou meios de transportes e conservantes
inadequados.
Um resultado positivo de Gram com cultura negativa pode sugerir contaminação
do corante, presença de agentes antimicrobianos na amostra do paciente ou falha no
crescimento de microrganismos devido às condições utilizadas (atmosfera, ação
seletiva dos meios de cultura)

Controle de Qualidade.
Verificar diariamente a aparência dos reagentes. Se a solução de cristal-violeta
precipitar, refiltre antes de usar. A evaporação pode afetar a eficácia dos reagentes.
Esfregaços de Escherichia coli (ATCC 25922) e Staphylococcus epidermidis
(ATCC 12228) ou Staphylococcus aureus (ATCC 25922).
Fazer manutenção preventiva e limpeza dos microscópios.
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COLORAÇÂO DE ALBERT LAYBORN (CORINEBACTÉRIAS)

Solução A azul-de-toluidina 0,15g


verde-malaquita 0,20g
ácido acético glacial 1ml
álcool 95 2ml
água destilada 100ml.
Solução B iodo 2g
Iodeto de potássio 3g
água destilada 300ml.

Técnica:
corar três minutos com solução A, escorrer e, lavar com água corrente;
corar dois minutos com solução B, lavar com água corrente rapidamente;
enxugar com papel de filtro e secar sem passar na chama.
Observar o corpo bacteriano corado em verde e os grânulos metacromáticos
(castanho- escuro).

COLORAÇÃO DE FLAGELOS, seg. Rhodes.


Mordente ácido tânico, solução aquosa a 10% 10ml;
alúmen de potássio (solução aquosa saturada) 5ml;
óleo de anilina, solução saturada 1ml.
Dissolver, por agitação, o precipitado que se forma, completar com cloreto
férrico, solução a 5%, 1ml.
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Nitrato de prata amoniacal 5g em 10ml de água destilada.
Separar 5ml e, ao restante, acrescentar, gota a gota, solução concentrada de
amônio, agitando sempre até formar-se um precipitado castanho que volta a se
dissolver.
Juntar gota a gota a solução inicial de nitrato de prata que se havia separado,
até surgir leve turvação que persiste com a agitação.

Técnica
filtrar o mordente sobre o esfregaço e deixar três a cinco minutos;
lavar abundantemente com água;
cobrir com o nitrato de prata amoniacal e aquecer suavemente até a emissão de
vapores, por três a cinco minutos.
Observar células em castanho-escuro e os flagelos mais claros em fundo
ligeiramente granuloso.

COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN
Solução de fucsina fenicada
Fucsina básica 0,3 g
Álcool etílico a 95% 10 ml
Cristais de fenol derretidos 5 ml
Água destilada 95 ml
Dissolver a fucsina básica no álcool e o fenol na água. Misturar as duas
soluções, deixar repousar por vários dias antes de usar.

Ácido-álcool
Álcool etílico 97 ml + ácido clorídrico concentrado 3 ml.

Solução de azul de metileno;


Azul de metileno 0,3 ml + água destilada 100 ml
Técnica.
Cobrir a superfície da lâmina com a solução de fucsina fenicada.
Aquecer a lâmina coberta com o corante, lentamente, até a emissão de vapores,
tomando o cuidado para não deixar ferver.
Deixar a lâmina esfriar.
Lavar a lâmina com água corrente.
Cobrir a lâmina com solução de alcool - ácido a 3% e descorar o esfregaço até
que o corante não drene mais da lâmina e lavar a lâmina com água corrente.
Cobrir a lâmina com o corante de fundo (azul de metileno), por 30 segundos.
Lavar a lâmina com água corrente e deixar secar naturalmente sem forçar com
papel de filtro.
Examinar o esfregaço com objetiva de imersão no aumento de 100x.
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BIOSSEGURANÇA
Para fins pedagógicos, os riscos microbiológicos no laboratório são divididos em
três categorias:
a) procedimentos que expõem o profissional de laboratório ao risco de adquirir
hepatites viróticas (especificamente B e C) e AIDS. Estes riscos são ubíquos em todos
os setores do laboratório clínico.
b) procedimentos que são mais comumente pesquisados no laboratório de
microbiologia. Estes riscos incluem bactérias, micobactérias e fungos.
c) procedimentos envolvendo agentes altamente virulentos como os vírus da febre
hemorrágica e rickettsias.
Uma vez que a história e o exame clínico não podem identificar todos os
pacientes infectados com patógenos, “precauções universais” devem ser tomadas nos
contatos com os pacientes e no manuseio dos fluidos corporais de qualquer origem.
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Vias de Infecção.
Aéreas - aerossóis de soluções infecciosas podem se formar durante a remoção
de tampas de tubos de amostra, ao despejar soluções em superfícies rígidas, pela
centrifugação de tubos destampados e pelo aquecimento muito rápido de líquidos
(como as alças microbiológicas).

Ingestão - a infecção pode se seguir a uma pipetagem com a boca ou pode ser
indireta. Contaminação da mão para a boca pode resultar ao não se lavar corretamente
as mãos antes de comer, beber ou fumar.

Inoculação direta – uma fonte óbvia são os acidentes com agulhas, vidros
quebrados ou mordidas de animais também são vias de inoculação. Pequenas feridas
nos dedos e cutículas podem facilmente se contaminar com espécimes clínicos.

Contato com mucosas - alguns organismos, incluindo os vírus da hepatite, podem


entrar diretamente através das mucosas (conjuntiva ocular). As mãos devem ser
lavadas antes de esfregar os olhos, manipular lentes de contato ou aplicar cosméticos.

Vetores artrópodes - mosquitos, carrapatos, pulgas e outros ectoparasitas podem


ser fontes potenciais de infecção, especialmente em prédios com biotérios.

Avaliação de riscos infecciosos no laboratório de microbiologia.


Cada procedimento para o isolamento e a identificação de microorganismos tem
seus próprios riscos. Todas as medidas gerais pertinentes ao controle de riscos
infecciosos de fonte no sangue se aplicam ao laboratório de microbiologia.

Espécimes.
Os espécimes devem ser adequadamente acondicionados para protegê-los
durante o transporte bem como para proteger o pessoal que o manuseará. Nunca envie
espécimes em placas de Petri. Nunca acondicione gelo seco em recipientes
herméticos.
Acondicione o espécime em garrafas ou tubos de 2 ml ou maiores feitos de vidro
grosso ou plástico selado com tampa e envolta com fita adesiva. Coloque o tubo em
material absorvente e em outro recipiente à prova d’água. Circunde os materiais com
acolchoados para prevenir sua quebra. Acondicione os papéis separadamente.
Sinalize o pacote apropriadamente: “Perecível”, “Embalado em gelo seco”,
“Material biológico refrigerado”, “Frágil” ou como for apropriado.

Descarte de Material.
Os materiais contaminados com organismos extremamente virulentos como
Pasteurella tularensis ou Coccidioides imitis devem ser autoclavados antes do
descarte. Isto inclui os materiais e instrumentos empregados no isolamento.
Placas e tubos de culturas positivas para micobactérias, fungos ou patógenos
entéricos devem ser descartadas após autoclavação em lixo hospitalar.
Espécimes gerais e meios usados devem ser autoclavados e descartados em
plástico branco no lixo hospitalar.
Em caso de dúvida consultar a Vigilância Sanitária do local.
Materiais reutilizáveis e instrumentos contaminados devem ser colocados em
solução de hipoclorito de sódio até que a limpeza e esterilização sejam feitas.
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Cabinas de segurança biológicas
A cabina de segurança biológica é um dos melhores sistemas de controlar o bio-
risco no laboratório de microbiologia. Ela atua como uma barreira para conter e dispor
dos agentes perigosos de uma maneira segura. Diferentes cabinas estão disponíveis e
o laboratório deve selecionar as mais adequadas para o risco. Deve haver um
programa de manutenção preventiva para assegurar o fluxo adequado dentro da
cabina e as trocas de filtro adequadas. Desinfecção de rotina e métodos para conter
derramamentos devem estar disponíveis. É essencial colocar as capelas longe de
áreas de correntes de ar.

Observação.
Use luvas durante o processamento de espécimes e culturas. Lave as mãos
após o mesmo.
Centrífugas para a micobacteriologia devem ter capas protetoras das caçambas,
os tubos devem ser tampados também.
Espécimes para cultura de fungos devem ser manipulados nas capelas de
segurança biológica. Todos os espécimes e culturas para micobactérias devem ser
tratados da mesma forma.
Alças e agulhas devem ser esterilizadas de forma a evitar o espalhamento de
material com o aquecimento (flambagem). A ponta deve estar fria o suficiente para não
marcar a superfície do meio.
Bancadas devem ser desinfetadas pela manhã, ao se iniciar o trabalho, e após o
trabalho ser completado.
Sangue e fluidos corporais de todos os pacientes devem ser considerados
infecciosos.

Acidentes
Imediato: limpe a área logo, desconecte os sistemas de ventilação, se houver e
chame o supervisor.
desinfete as bancadas ou a área afetada com hipoclorito, álcool ou fenol e
comunique à prevenção de acidentes.
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Laboratório Microbiologia
Curso de Farmácia Ficha de emergência - Hipoclorito de Sódio
Microbiologia Clínica

Ficha de emergência
Fornecedor
Nome:
Telefone:
Nº DA ONU
Hipoclorito de sódio
(Água de lavadeira concentrada a 12%)
1791
ASPECTO: Líquido amarelo, com odor caracteristicamente irritante .
RISCOS
FOGO: Não inflamável.
SAÚDE: Olhos - Podem sofrer queimaduras graves e possível perda da visão.
Pele - Pode sofrer queimaduras graves
Vias respiratórias - Pode sofrer irritação pela decomposição.
MEIO AMBIENTE: Polui os rios, a flora, o solo e o ar. Prejudica a fauna.

EM CASO DE ACIDENTE
SE ISTO FAÇA ISTO
OCORRER
 Avise imediatamente a defesa civil, o corpo de Bombeiros ou a Polícia Rodoviária. Use o
equipamento de proteção individual; luvas, botas e avental de borracha ou PVC, óculos de
proteção tipo ampla visão, máscara panorâmica com filtro químico para gases ácidos e
capacete de segurança.
 Procure eliminar o vazamento contendo-o com terra ou areia. Evite que os resíduos penetrem
em bueiros, esgotos ou cursos d’água.
Não utilizar ácido algum para neutralizar o hipoclorito, pois haverá desprendimento de
cloro. ISOLE A ÁREA
VAZAMENTO
 Não é inflamável. Pode-se usar água na forma de neblina para resfriar o recipiente.

FOGO
 Na área – toxicidade moderada.
 No ar – toxicidade violenta se houver reações com ácido.

POLUIÇÃO
 Remova a vítima para local com ar fresco. Deite-a de tronco erguido; mantenha-a aquecida.
Se respiração for difícil, ministrar oxigênio ou ar respirável a baixa pressão, sob orientação
médica. Em caso de contato com o produto, lavar imediatamente a pele ou os olhos com água
ENVOLVIMENTO corrente durante pelo menos 15 minutos. Remover e isolar imediatamente roupas e sapatos
DE PESSOAS contaminados.
CHAME SEMPRE UM MÉDICO.
INFORMAÇÕES  Indicar o estado da vítima e o grau de exposição ao produto.
AO MÉDICO
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Microbiologia Prof. Juarez Assis Soares

1. ISEMBERG, H. D. Clinical Microbiology Procedures Handbook. American


Society for Microbiology, 1992

2. BRASIL/Ministério da Saúde/FNS/CENEPI/CNPS/Centro de Referência Prof.


Hélio Fraga. Manual de Bacteriologia da Tuberculose. Rio de Janeiro., 2ª ed.
1994.
3. BRASIL/Ministério da Saúde/SNAS. Manual de procedimentos básicos em
microbiologia clínica para o controle da infecção hospitalar. Brasília, 1991.

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