Principios Da Economia
Principios Da Economia
Principios Da Economia
Economia
Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________________________
N696e
Nogami, Otto
Economia / Otto Nogami. - 1.ed. rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012.
246p. : 24 cm
Inclui bibliograia
ISBN 978-85-387-3040-8
1. Economia. I. Título.
11 | O que a Economia é
12 | A “caixa de desejos”
15 | O consumo
16 | Bens e serviços
17 | Os preços e sua importância na Economia
18 | A estrutura de consumo individual
18 | A renda
19 | Relação entre renda e consumo
20 | Satisfazendo a “caixa de desejos”
20 | O dinheiro e as empresas
27
O luxo circular da atividade econômica
28 | As empresas e os fatores de produção
30 | Geração de renda
32 | Consumo
32 | Produto
33 | Condições de equilíbrio
34 | Fluxo real e monetário
35 | O surgimento da poupança e o desequilíbrio do sistema econômico
37 | O mercado inanceiro e a retomada do equilíbrio
38 | Os investimentos e o seu impacto sobre a economia
39 | O papel econômico do governo
40 | O papel do setor externo
49
mário
Política econômica
50 | Política iscal
53 | Política cambial
54 | Política monetária
57 | Política econômica
65
Questões econômicas fundamentais
65 | Questões econômicas fundamentais
66 | A curva de possibilidades de produção: uma ilustração do problema da escassez e da escolha
74 | Mudanças na curva de possibilidades de produção: o crescimento
81
Organização econômica
82 | Economia de mercado
88 | Economia planiicada centralmente
90 | Economia mista
101
A atividade econômica e o modelo de três setores
101 | Modelo de economia simples
103 | Modelo de economia fechada (com governo e sem setor externo)
105 | Modelo de economia aberta (com governo e com setor externo)
107 | A questão da dependência ao capital estrangeiro
108 | O balanço de pagamentos
110 | Movimentação do capital estrangeiro
119
Contabilidade nacional
119 | O que é a contabilidade nacional?
120 | A importância da contabilidade nacional
125 | Algumas considerações a respeito da elaboração da contabilidade nacional
125 | Produto Nacional Bruto (PNB)
128 | O PNB nominal e o PNB real
130 | PNB per capita
131 | O PNB pela ótica da despesa
sumário
sumário
sumário 133 | Síntese do Produto Nacional
133 | O Produto Nacional Bruto (PNB) e o Produto Nacional Líquido (PNL)
135 | O Produto Interno Bruto
135 | O PNB e o bem-estar nacional
141
O papel e a importância da moeda
141 | A origem e evolução da moeda
148 | As funções da moeda
150 | As características da moeda
152 | Formas de moeda
153 | Quase-moedas
153 | A oferta monetária
154 | Demanda de moeda (versão keynesiana)
156 | O equilíbrio do mercado monetário
156 | Política monetária
9
A essência do problema econômico
Para quem deverão ser produzidos os bens? Isto é, quem irá usufruir e
obter o benefício dos bens e serviços oferecidos? Ou de outra forma,
como será distribuído o total da produção entre os mais diferentes in-
divíduos?
A lei da escassez
O que, como e para quem produzir não seriam problemas se os recur-
sos fossem ilimitados. Se fosse possível produzir quantidades ininitas de
qualquer bem, ou se todas as necessidades humanas pudessem ser plena-
mente satisfeitas, certamente não faria diferença produzir uma quantidade
excessiva de qualquer produto em particular.
Não haveria, então, bens econômicos, isto é, bens que são relativamen-
te escassos, e diicilmente haveria necessidade de estudar-se Economia ou
como “economizar”.
10
A essência do problema econômico
O que a Economia é
Logo no início de um curso introdutório de Economia, os alunos pedem
uma deinição sucinta de Economia, e para isso não faltam descrições. Eis
algumas oferecidas:
11
A essência do problema econômico
A “caixa de desejos”
Uma vez entendidos alguns dos fundamentos básicos que norteiam o
estudo da Economia, vamos fazer uma abordagem diferente para entender
a essência do problema econômico. E para tanto, nada melhor do que fazer
uma simples pergunta: quem é o maior responsável por todos os problemas
que assolam a humanidade?
Mas antes que possamos entender a essência desse problema, vamos dar
uma rápida olhada sobre a sociedade mundial.
Desequilíbrios mundiais
Observando os dados mundiais sobre produção e população, na tabela 1,
veriicamos que apenas sete países, conhecidos como G-7 (Estados Unidos,
Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Canadá e Itália), detêm a maior par-
cela da produção mundial, aproximadamente 61%, enquanto o contingente
populacional desses países representa pouco mais que 11% da população
mundial.
Tabela 1
12
A essência do problema econômico
A lâmpada de Aladim
Com certeza muitos acharão estranho este título em um livro de Econo-
mia. Mas a lâmpada de Aladim é apenas uma analogia para poder explicar o
signiicado da “caixa de desejos”. Muitos dos leitores tiveram o seu primeiro
contato com este personagem, Aladim, nos livros ilustrados de páginas gros-
sas ou ouvindo a sua aventura sendo contada pelos pais, avós, irmãos ou
tios. Tudo dentro de um contexto que chamamos de “o mundo encantado
da criança”.
Dessa forma, podemos dizer que o centro de todo problema que alige a
sociedade mundial está no indivíduo. Por quê? Simplesmente porque cada
um de nós, indistintamente se recém-nascido ou idoso, carrega 24 horas por
dia, 365 dias do ano, uma caixa sobre os ombros, que vamos chamá-la de
“caixa de desejos”. Tudo o que fazemos ao longo da vida visa obter recursos
para simplesmente suprir nossas necessidades e desejos que estão dentro
dessa caixa.
13
A essência do problema econômico
Mais uma vez, do ponto estritamente material, o que nos faria sentir ple-
namente satisfeitos e felizes? Poder satisfazer plenamente a nossa “caixa de
desejos”. Dessa constatação, podemos desenvolver uma expressão matemá-
tica, apresentada abaixo, em que a felicidade é dada pela relação entre con-
sumo e “caixa de desejos”. Se consumo e desejos forem iguais, o quociente
será um, ou seja, estaremos 100% felizes.
Consumo
Felicidade =
“caixa de desejos”
O diagrama
Para ilustrar a lógica do indivíduo consumista, ou do Homo economicus
(homem econômico), temos a igura 1, onde temos o indivíduo como o
centro de todo problema que alige a sociedade mundial, sustentando uma
caixa de desejos. Essa caixa será satisfeita através do consumo de bens e ser-
viços. Mas como os bens e serviços que consumimos são escassos, eles pos-
suem um preço.
14
A essência do problema econômico
Indivíduos Empresas
Bens e serviços
Estrutura de
Renda Preços
consumo
Dessa forma, é em função dos preços dos mais diferentes bens e serviços
que consumimos para satisfazer nossas necessidades e desejos é que cada
um de nós possui uma estrutura de consumo.
Assim ica mais fácil entender toda relação econômica: quanto maior a
renda, maior o consumo e, consequentemente, mais felizes estaremos.
O consumo
Entende-se por consumo a atitude econômica utilizada para atender as
necessidades humanas, ou seja, satisfazer necessidades e desejos. Nós sabe-
mos, por experiência própria, que necessitamos do ar, da água, dos alimen-
tos, de roupas, para que possamos sobreviver. Sabemos, também, que não
há limite à variedade e à quantidade das necessidades humanas.
Entretanto, isso não é tudo. Podemos desejar também outras coisas pes-
soais e imateriais, e que são igualmente importantes em matéria de quali-
dade de vida, como a sabedoria, autoconiança, prestígio, paz, liberdade e
amor.
15
A essência do problema econômico
Bens e serviços
De modo geral, pode-se dizer que bem é tudo aquilo que permite satisfa-
zer uma ou várias necessidades humanas. Por essa razão, um bem é procura-
do porque é útil. Os bens são classiicados em bens livres e bens econômicos,
em função de sua escassez.
16
A essência do problema econômico
Os bens de capital, por sua vez, são aqueles que são utilizados para pro-
duzir outros bens. Como exemplos têm-se as máquinas, computadores,
equipamentos, ediicações etc.
Além dos bens inais existem ainda os bens intermediários, que são aque-
les que ainda precisam ser transformados para atingir sua forma deinitiva.
Como exemplo podemos citar o fertilizante utilizado nas mais diferentes cul-
turas, ou então, o aço, o vidro etc.
17
A essência do problema econômico
Mas em uma situação ou outra, os preços são importantes para que cada
um de nós possa ter a sua estrutura de consumo. E cada um de nós possui
uma estrutura de consumo própria, em função dos hábitos de consumo, re-
lacionados a gostos e preferências, que cada um de nós tem para satisfazer
necessidades e desejos e em função dos preços desses bens.
A renda
Vamos entender por renda a remuneração dos recursos produtivos utili-
zados nos processos de produção de bens e serviços da Economia.
18
A essência do problema econômico
19
A essência do problema econômico
O dinheiro e as empresas
Imagine uma sociedade moderna com um contingente populacional da
ordem de seis bilhões de pessoas, cada uma carregando a sua “caixa de de-
sejos”, e com centenas, milhares de itens de consumo à sua disposição. Se a
prática do escambo ainda imperasse, quantas relações de troca seriam exigi-
das para satisfazer necessidades e desejos de consumo da população? Você
já pensou na quantidade de itens que consome por dia?
temos de abrir mão de outra coisa da qual gostamos. Tomar decisões exige
comparar um objetivo com outro.
Considere uma estudante que deve decidir como alocar seu recurso mais va-
lioso – seu tempo. Pode passar todo o tempo estudando Economia; pode passar
todo o tempo estudando Psicologia; ou pode dividir o tempo entre as duas disci-
plinas. Cada hora que dedica ao estudo de uma disciplina é uma hora em que deixa
de estudar a outra disciplina. E cada hora que dedica ao estudo é uma hora que
deixa de fazer outras coisas como tirar uma soneca, andar de bicicleta, assistir
à televisão ou trabalhar meio expediente para juntar dinheiro para uma des-
pesa extraordinária.
21
A essência do problema econômico
22
A essência do problema econômico
Atividades de aplicação
1. Procure formular uma deinição própria do que você entende por
Ciência Econômica.
Referências
MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia: princípios de micro e macroeco-
nomia. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
23
A essência do problema econômico
Gabarito
1. Ciência econômica é o estudo da alocação dos recursos produtivos
escassos para organizar da melhor maneira as condições de vida em
uma sociedade.
24
O luxo circular
da atividade econômica
Pelo que foi descrito acima, notamos a relação que se pode estabelecer
entre indivíduos e empresas, e o papel que cada um desempenha no con-
texto de uma sociedade. Mas é importante observar que existe uma rela-
ção ainda mais forte entre esses dois agentes econômicos – entenda-se por
agentes econômicos aqueles que contribuem para o funcionamento do sis-
tema econômico, ou seja, os indivíduos, as empresas e os governos. Toda a
economia, no seu fundamento básico, gira em torno deles. Eles representam
a essência da atividade econômica.
27
O luxo circular da atividade econômica
Consumo ($)
Produto
Bens e serviços
Indivíduos Empresas
Fatores de produção
(Capital, mão de obra, terra, cap. empresarial)
Renda ($)
(Juro, salário, aluguel, lucro)
Figura 1 – Fluxo básico da Economia.
Terra
Terra, ou recursos naturais, é o nome dado pelos economistas para de-
signar os recursos naturais existentes, tais como lorestas, recursos minerais,
recursos hídricos etc. Compreende não só o solo utilizado para ins agrícolas,
mas também o solo utilizado na construção de imóveis, estradas etc.
28
O luxo circular da atividade econômica
Trabalho
É o nome dado a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na
produção de bens e serviços. Assim, constitui trabalho no sentido econômico
o serviço prestado por um médico, o trabalho de um operário empregado
na construção civil, a supervisão de um gerente de banco, o trabalho de um
agricultor no campo.
29
O luxo circular da atividade econômica
Capacidade empresarial
Alguns economistas, como Passos e Nogami (2005, p. 13), consideram a
capacidade empresarial também como um fator de produção. Isto porque o
empresário exerce funções fundamentais para o processo produtivo.
Geração de renda
Qualquer que seja a empresa, agrícola, industrial ou de serviços, ela ne-
cessita, para operar, de recursos produtivos. Necessita, por exemplo, de um
pedaço de terra; necessita também de bens de capital, que são bens utiliza-
dos para produzir outros bens; além disso, muitas vezes o empresário pode
ter necessidade de dinheiro de terceiros para a compra de máquinas, maté-
rias-primas etc.; necessita, inalmente, de mão de obra ou força de trabalho
para operar os bens de capital de modo a transformar os bens intermediários
em novos produtos.
O preço pago pela utilização dos serviços dos fatores de produção vai se
constituir na renda dos proprietários desses fatores.
Por quê?
30
O luxo circular da atividade econômica
Com relação ao fator de produção terra, ele pode ser negociado de duas
maneiras: o proprietário pode vender o direito de uso durante um mês, um
ano, ou qualquer outro período que se estabeleça; nesse caso, o preço pago
pelo uso temporário da terra é chamado aluguel; ou o proprietário pode
vender a terra de uma vez, o que dá a seu novo dono o direito de usá-la. Aqui
percebe-se que, se vender o uso temporário da terra, a renda do proprietário
é o aluguel da terra.
Existe ainda uma outra maneira pela qual os proprietários de uma irma
podem obter bens de capital sem pagar diretamente por eles. Ao invés de
alugar um bem de capital, uma empresa pode fazer empréstimos e usar o
dinheiro para comprar esse bem.
31
O luxo circular da atividade econômica
Consumo
O consumo representa a demanda total de bens e serviços dos indivíduos
em uma economia, e que dependem da renda disponível desses indivíduos.
As despesas em consumo efetuadas pelas famílias constituem o maior com-
ponente da demanda agregada do país.
Produto
As empresas, utilizando os fatores de produção disponíveis, produzirão
bens e serviços que serão oferecidos aos indivíduos. Denomina-se, portanto,
produto nacional o valor de toda a produção gerada pelas empresas. O luxo
do produto nacional pode ser observado na parte superior da igura 1.
32
O luxo circular da atividade econômica
Condições de equilíbrio
Se somarmos a renda auferida por todas as famílias de uma sociedade,
em um determinado período, obteremos a renda nacional relativa a esse
período.
Se, nessa economia simples, izermos a suposição de que toda a renda das
famílias é destinada ao consumo, esse consumo retratará o total de despesas
efetuadas pelos indivíduos na aquisição de todos os bens e serviços produ-
zidos pelas irmas.
Do que foi apresentado até agora, podemos concluir que o valor do pro-
duto nacional é igual ao valor da despesa nacional, que, por sua vez, é igual à
renda nacional, ou:
PN = DN = RN
33
O luxo circular da atividade econômica
luxo real; e
luxo monetário.
Famílias Empresas
Fluxo real
Por luxo real entende-se o movimento dos recursos produtivos e de bens
e serviços entre os diversos agentes econômicos.
34
O luxo circular da atividade econômica
Fluxo monetário
Como contrapartida monetária dos luxos reais temos os luxos monetá-
rios. Toda vez que um bem ou serviço é transferido de um agente para outro,
são efetuados pagamentos em troca deles. O luxo monetário, consequente-
mente, gira em direção contrária ao luxo real.
O surgimento da poupança e o
desequilíbrio do sistema econômico
Acabamos de ver a relação que se pode estabelecer entre indivíduos e
empresas, e o papel que cada um desempenha no contexto de uma socieda-
de. Lembramos também que esta relação deve estar permanentemente em
equilíbrio. E o que signiica isso?
35
O luxo circular da atividade econômica
36
O luxo circular da atividade econômica
37
O luxo circular da atividade econômica
Consumo ($)
Produto
Bens e serviços
Indivíduos Empresas
Fatores de produção
(Capital, mão de obra, terra, cap. empresarial)
Renda ($)
(Juro, salário, aluguel, lucro)
Os investimentos
e o seu impacto sobre a economia
No item anterior, após a retomada do equilíbrio, veriicamos que de um
lado os indivíduos eram possuidores de recursos excedentes, que a partir
de agora chamaremos de poupança, e de outro as empresas simplesmente
como tomadoras de empréstimos.
38
O luxo circular da atividade econômica
Desse modo podemos concluir que, se a poupança dos indivíduos for uti-
lizada sob a forma de um fator de produção, situação que passaremos a de-
nominar investimento, eles se beneiciarão com o aumento no montante da
renda que será pago, o que implica em mais consumo e, consequentemente,
melhoria no seu nível de satisfação, bem como em um aumento da produ-
ção. Ao contrário do empréstimo que remunera as famílias, mas não propicia
o aumento da capacidade produtiva, o que poderá desequilibrar o modelo
a longo prazo.
39
O luxo circular da atividade econômica
Mas para que o governo possa realizar estes gastos, ele também neces-
sita de recursos inanceiros. E esses recursos virão da tributação imposta
sobre a renda das pessoas, sobre a atividade produtiva e a circulação de
mercadorias.
Indivíduos Empresas
Fatores de produção
(Capital, mão de obra, terra, capacidade empresarial)
Renda ($)
(Juro, salário, aluguel, lucro)
Impostos Impostos
transferências Governo Gastos do governo
40
O luxo circular da atividade econômica
Se assim não fosse, por exemplo, um morador da Ucrânia não poderia comer
um Big Mac, cuja composição e origem dos insumos é ilustrado no quadro 1.
É por estas características que observamos, não só nos dias de hoje, luxos
migratórios, luxos de comércio e luxo de capitais estrangeiros, aportando
nas mais diferentes economias mundo afora. Só que esse comportamento
moderno pode afetar as economias, domesticamente, criando o desequilí-
brio entre as nações.
Teorias e modelos
Como qualquer outra ciência, a Economia preocupa-se com a previsão e a
explicação de fenômenos. Para tanto, utiliza-se de teorias.
41
O luxo circular da atividade econômica
42
O luxo circular da atividade econômica
43
O luxo circular da atividade econômica
Suponha que uma teoria faça a previsão de que se a taxa de juros dimi-
nuir, deverá haver aumento nas despesas de consumo da economia. Se
a taxa de juros diminuir e as despesas de consumo aumentarem, então
as evidências dão sustentação à teoria.
44
O luxo circular da atividade econômica
Atividades de aplicação
1. O que se entende por luxo real?
45
O luxo circular da atividade econômica
Referências
MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia: princípios de micro e macroeco-
nomia. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
Gabarito
1. O luxo real é a constante transferência de recursos produtivos e de
bens e serviços entre os diversos agentes econômicos, como irmas,
famílias e governo.
47
Política econômica
Com base no que foi visto no capítulo anterior, o luxo circular da atividade
econômica apresenta a relação básica de funcionamento de uma economia. E
é com base nele que vamos falar um pouco sobre política econômica.
Antes de mais nada temos que ter a consciência de que o sistema eco-
nômico, por mais simples que seja, não é apenas uma economia de preços,
mas sim uma economia na qual elementos de controle governamental se
misturam aos elementos de mercado na organização da produção e do
consumo.
49
Política econômica
elevação da taxa de juros, que pode ser relexo de uma falta de moeda
em circulação na economia.
Política iscal
O que entendemos por política iscal?
50
Política econômica
estímulo às exportações; e
Esse saldo poderá ser positivo, negativo ou igual a zero. Se for positivo
dizemos que o governo obteve um superávit primário; se for negativo, um
deicit primário; e se for igual a zero, um equilíbrio iscal primário, conforme
51
Política econômica
Arrecadação
( – ) Custeio
( – ) Investimentos públicos
( – ) Transferências
( = ) Resultado primário
( – ) Juros da dívida interna
( = ) Resultado nominal
52
Política econômica
Política cambial
A política cambial também pode ser denominada política externa, pois
relete o que ocorre em uma economia nas suas relações com o resto do
mundo. Aliás, aqui, cabe ressaltar a especiicidade de alguns termos.
53
Política econômica
Política monetária
A política monetária pode ser deinida como o conjunto de medidas ado-
tadas pelo governo com o objetivo de controlar a oferta de moeda e as taxas
de juros, de forma a assegurar a liquidez ideal da economia do país.
54
Política econômica
55
Política econômica
taxa de juros;
riqueza privada.
56
Política econômica
Política econômica
Entende-se por política econômica o conjunto de medidas tomadas pelo
governo de um país, com o objetivo de atuar e inluir sobre os mecanismos
de produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
57
Política econômica
estabilização da economia;
crescimento da economia; e
58
Política econômica
59
Política econômica
60
Política econômica
Atividades de aplicação
1. De que forma as autoridades monetárias podem interferir no nível de
despesas de consumo das famílias?
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
61
Política econômica
Gabarito
1. As autoridades monetárias interferem no nível de despesas de consu-
mo das famílias através de um conjunto de medidas para controlar a
liquidez da economia, por intermédio de mecanismos de controle na
oferta de moeda e taxas de juros.
62
Questões econômicas fundamentais
Paul Samuelson
Como produzir?
A sociedade tem que decidir a maneira pela qual o conjunto de bens
escolhidos será produzido. Normalmente, os bens podem ser obtidos me-
diante diferentes combinações de recursos e técnicas.
65
Questões econômicas fundamentais
Isto é, por quem e com que recursos, e por qual processo tecnológico eles
serão produzidos? Nesse sentido, deve-se optar pela técnica que resulte no
menor custo por unidade de produto a ser obtido.
A lei da escassez
O que produzir, como e para quem não constituiriam problema se os re-
cursos produtivos fossem ilimitados. Se fosse possível, produzir uma quan-
tidade ininita de cada produto, ou se as necessidades humanas estivessem
plenamente satisfeitas, não faria diferença se a sociedade produzisse uma
quantidade excessiva de qualquer produto em particular. Muito menos
haveria importância se o trabalho e as matérias-primas fossem combinados
de maneira não racional.
Desde que todos pudessem ter tudo o que desejassem, não importaria a
maneira pela qual os bens, os serviços e as rendas fossem distribuídas entre
os diferentes indivíduos e famílias. Não haveria, então, bens econômicos, isto
é, bens que são relativamente escassos, e certamente não haveria a necessi-
dade de se economizar.
Se o fazendeiro utilizar toda a terra para cultivar milho, não haverá área
disponível para o plantio de soja. Por outro lado, se ele quiser se dedicar so-
mente à cultura de soja, utilizando-se de toda a sua propriedade para esse
im, não poderá plantar milho. Estamos diante de duas situações extremas.
67
Questões econômicas fundamentais
9000
8000 A
B
7000
C
6000
Milho (Kg)
5000 D
4000
3000 E
2000
1000
0 F
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Soja (Kg)
O ponto A indica uma situação em que toda a terra está sendo utilizada
na produção do milho. Nesse caso, a produção de soja é zero. O ponto F
indica outro extremo, ou seja, quando toda a terra é usada exclusivamente
para plantar soja. Logo, a produção de milho é nula. Desta forma, os pontos
68
Questões econômicas fundamentais
9 000
8 000 A
B
7 000
C H
6 000
Milho (Kg)
5 000 D
4 000
3 000
G E
2 000
1 000
0 F
0 1 000 2 000 3 000 4 000 5 000 6 000
Soja (Kg)
Eiciência Produtiva
No exemplo dado, a fazenda estará funcionando de maneira eiciente
sempre que, ao aumentarmos a produção de um bem, tivermos que reduzir
a produção de outro bem.
69
Questões econômicas fundamentais
Custo de oportunidade
Acabamos de veriicar que, se a fazenda estiver usando eicientemente
seus recursos (o que indica uma situação de pleno emprego), um aumento
na produção de soja somente ocorrerá mediante diminuição na produção
de milho. Assim, o custo de um produto poderá ser expresso em termos da
quantidade sacriicada do outro.
Desemprego
Pode ocorrer, muitas vezes, que a fazenda esteja produzindo abaixo de
suas possibilidades. Isso pode ocorrer porque os recursos produtivos estão
ociosos (terras inativas, trabalhadores desocupados, máquinas paradas).
70
Questões econômicas fundamentais
Potencial de mercado
Em contraposição, pontos situados além da curva, tais como o ponto H,
que podem representar potenciais de mercado, são inatingíveis, uma vez
que envolvem uma combinação de milho e soja que a fazenda, em virtude
dos recursos e tecnologia disponíveis, não pode produzir.
A curva de possibilidade
de produção de uma sociedade
Trabalhamos até agora com um cenário no qual uma fazenda, com certa
dotação fatorial e certo nível tecnológico e que produzisse apenas dois bens,
teria uma determinada curva de possibilidade de produção. Vimos também
as opções de produção existentes à disposição do fazendeiro e várias situa-
ções decorrentes da utilização de seus recursos produtivos. Veremos agora
que o dilema da escolha no âmbito do sistema econômico é, em essência,
semelhante ao do proprietário da fazenda.
71
Questões econômicas fundamentais
72
Questões econômicas fundamentais
600
200 D
100
0 E
0 1 2 3 4 5
Bens de Consumo (milhares t)
A linha que mostra todas as combinações possíveis dos bens que a Eco-
nomia está apta a produzir – a partir de um determinado nível de conheci-
mento tecnológico e pressupondo-se a plena utilização dos limitados recur-
sos produtivos – passa pelos pontos A, B, C, D e E.
O custo de oportunidade
Na situação de pleno emprego, para se produzir mais bens de consumo,
devemos desistir de uma determinada quantidade de bens de capital, a im
de liberar recursos utilizados na produção de bens de capital para a produção
de bens de consumo. O custo de quantidades adicionais de bens de consumo
pode ser expresso em termos de quantidades sacriicadas de bens de capital.
73
Questões econômicas fundamentais
74
Questões econômicas fundamentais
700
Bens de Capital (milhares t)
600
500
400
300
200
100
0 1 2 3 4 5 6
Bens de Consumo (milhares t)
75
Questões econômicas fundamentais
Bens de capital
20x2
20x1
Bens de consumo
76
Questões econômicas fundamentais
Veja bem, Malthus não disse que a população iria crescer àquelas taxas.
Aquilo era apenas uma tendência, se não houvesse um freio. Malthus con-
siderava uma importante parte de sua argumentação mostrar que, em toda
parte, a toda hora, funcionavam freios para evitar o aumento da população.
Em sua primeira edição, ele enfatizou os freios positivos que agem para au-
mentar a taxa de mortalidade: a peste, a fome e a guerra. Mais tarde, recuou
de sua doutrina sombria e acenou com esperança para a raça humana, atra-
vés de freios preventivos que atuavam sobre a taxa de natalidade. Embora o
movimento do controle da natalidade seja chamado de neomalthusianismo,
o “Malthus ministro anglicano” defendia apenas o controle moral, com o pru-
dente adiamento de casamentos de pessoas de pouca idade, até que fosse
possível sustentar uma família. Na realidade, ele pregava que a luta pela exis-
tência era uma ilustração da sabedoria da Natureza, evitando que os pobres
se tornassem fracos e preguiçosos.
77
Questões econômicas fundamentais
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
Gabarito
1. Economia é uma ciência ligada a problemas de escolha porque anali-
sa a ilimitada necessidade humana e a escassez de recursos em uma
economia. A limitação dos fatores de produção torna necessário estu-
dar como fazer a melhor escolha para atender a necessidade humana,
dada a condição presente na tomada de recursos.
4. O bem livre é aquele que a natureza oferece sem que sejam utilizados
recursos para sua obtenção. Então este não apresenta custo de opor-
tunidade, já que para o homem, não será sacriicado nenhum valor
para sua obtenção.
79
Organização econômica
Todo indivíduo pretende aplicar seu capital de modo que o seu produto venha a ser do
maior valor possível. De modo geral, ele não tem intenções de promover o interesse público nem
sabe o quanto o está promovendo. Visa apenas à sua própria segurança, apenas ao seu próprio
lucro, e nisso tem a guiá-lo uma mão invisível, para promover um objetivo que não estava nos
seus planos. Ao procurar seu próprio interesse, ele frequentemente promove o da sociedade, e
isso com eiciência maior do que seria o caso se a intenção de fazê-lo fosse verdadeira.
Adam Smith
Daí entende-se que é a forma como está organizada uma estrutura eco-
nômica de uma sociedade, no que diz respeito ao tipo de propriedade, à
forma de gerir a economia, aos processos de circulação de mercadorias,
ao consumo e aos níveis de desenvolvimento tecnológico e de divisão do
trabalho.
economia mista.
A Organização das Nações Unidas, por sua vez, distingue três tipos de
sistemas, classiicando-os da seguinte maneira:
81
Organização econômica
Economia de mercado
2
Sistema econômico e
social predominante na
O sistema de economia de mercado é típico das economias capitalistas2,
maioria dos países indus-
trializados ou em fase de as quais têm como característica básica a propriedade privada dos meios de
industrialização. Neles, a
economia baseia-se na produção, tais como fábricas e terras, e sua operação, tendo por objetivo a
separação entre traba-
lhadores juridicamente obtenção de lucro, sob condições em que predomine a concorrência.
livres, que dispõe apenas
da força de trabalho e a
vendem em troca de sa- Em uma economia baseada na propriedade privada e na livre-iniciativa,
lário, e capitalistas, que
são os proprietários dos os agentes econômicos, indivíduos e empresas, preocupam-se em resolver
meios de produção e con-
tratam os trabalhadores isoladamente seus próprios problemas, tentando sobreviver na concorrên-
para produzir bens e ser-
viços visando a obtenção
de lucro.
cia imposta pelos mercados.
O sistema de preços
Em uma economia de mercado, a ação conjunta de indivíduos e irmas
permite que milhares de mercadorias sejam produzidas, de maneira espon-
tânea, sem que haja uma coordenação central das atividades econômicas.
Na verdade, existe um mecanismo de preços automático e inconsciente, que
trabalha garantindo o funcionamento do sistema econômico, dando a ele
uma certa ordenação, de maneira tal que tudo é realizado sem coação ou
direção central de qualquer organismo consciente.
84
Organização econômica
85
Organização econômica
das pessoas em realizar seus desejos com dinheiro, mais elevado deverá ser
o preço desse bem.
Como produzir?
O como produzir será determinado pela competição entre os diversos fa-
bricantes. Em função da concorrência de preços, resta ao produtor, na ten-
tativa de maximizar seu lucro, optar pelo método de produção mais barato
quanto possível, o que envolve, naturalmente, considerações a respeito dos
preços dos fatores de produção a serem utilizados.
86
Organização econômica
hora, multiplicado pelo número de horas trabalhadas por mês, como pode-
mos veriicar no quadro 1.
(PASSOS; NOGAMI
2005, p. 62)
Unidade Fator de pro- (Renda mensal)
Preço Quantidade
familiar dução (PxQ)
220 horas/
1 indivíduo Trabalho $ 5,00/hora $1.100,00
mês
Total da renda mensal $1.100,00
Falhas no funcionamento
das economias de mercado
Economia de mercado designa um ambiente em que um grupo de com-
pradores e vendedores estão em contato suicientemente próximo para que
as trocas entre eles afetem as condições de compra e venda dos demais. Um
mercado existe quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens
e serviços estão em contato com vendedores desses mesmos bens e serviços.
87
Organização econômica
Desse modo, o mercado pode ser entendido como o local, teórico ou não,
do encontro regular entre compradores e vendedores de uma determinada
economia. Concretamente, ele é formado pelo conjunto de instituições em
que são realizadas transações comerciais (feiras, lojas, bolsas de valores etc.).
estabilidade de preços.
88
Organização econômica
Assim sendo, os preços são meros recursos contábeis que ajudam a con-
trolar a eiciência com que os produtos são fabricados, tendo como refe-
rência irmas de eiciência “média”. Exempliicando, as irmas têm cotas de
matérias-primas; entretanto, nenhum pagamento é realizado, sendo os valo-
res de aquisição registrados como custos de produção.
89
Organização econômica
Economia mista
Na realidade, as organizações econômicas descritas anteriormente nunca
existiram em sua forma mais pura. O que se observa nos diversos países é uma
mescla desses dois sistemas que ora se aproxima de um tipo de organização,
ora de outro, conforme o grau da participação do Estado na economia.
Nos sistemas de economia mista, uma parte dos meios de produção per-
tence ao Estado (irmas públicas) e a outra parte pertence ao setor privado
(irmas privadas).
90
Organização econômica
Ele pode, por exemplo, através das leis, proibir a produção de drogas. Ao
fazê-lo, está diretamente dizendo o que não deve ser produzido e, indireta-
mente, aquilo que se pode produzir. A tributação também pode ser utilizada
para sinalizar aos produtores aquilo que deve ser produzido. É o caso da redu-
ção (e algumas vezes, isenção) de impostos em alguns setores (indústria auto-
mobilística, por exemplo) e a concessão de incentivos iscais em outros. Outro
instrumento de que dispõe o Estado para operar com a mesma inalidade é o
controle de créditos. Nesse caso, a concessão de crédito subsidiado a deter-
minadas atividades é um indicador de que o Estado deseja estimulá-las.
91
Organização econômica
Como produzir?
A questão de como produzir em um sistema misto é solucionada direta-
mente, conforme se enfoque o setor público ou o setor privado da econo-
mia. No âmbito do setor público, essa questão é resolvida de acordo com o
planejamento governamental, em que o fundamental não é a obtenção dos
lucros, mas o atendimento adequado das necessidades da coletividade.
Além disso, o Estado procura criar mecanismos que garantam às pessoas o re-
cebimento de uma renda que lhes permita satisfazer suas necessidades básicas.
O pai da Economia
(PARKIN, 2003, p. 56-57)
Adam Smith foi um gigante entre os sábios que contribuiu para a ética e a ju-
risprudência tanto quanto para a economia. Nasceu em 1723 em Kirkcaldy, uma
92
Organização econômica
Seu primeiro trabalho acadêmico, aos 28 anos de idade, foi como professor
de Lógica da Universidade de Glasgow. Posteriormente, tornou-se tutor de
um abastado duque escocês, acompanhando-o em uma grande viagem de
dois anos pela Europa, recebendo para isso uma pensão de 300 libras por ano
– correspondente a dez vezes a renda média daquela época.
Com a segurança inanceira de sua pensão, Smith dedicou dez anos para
escrever sua principal obra, A Riqueza das Nações: investigação sobre sua nature-
za suas causas, publicada em 1776. Várias pessoas escreveram, antes de Adam
Smith, sobre importantes tópicos de Economia, mas ele fez da Economia uma
ciência. A exposição das ideias de Smith foi tão completa e reconhecida que,
posteriormente, nenhum teórico da Economia conseguiu avançar em novas
ideias sem estabelecer alguma relação com aquelas apresentadas por ele.
Tópicos fundamentais
Por que algumas nações são ricas enquanto outras são pobres? Essa ques-
tão encontra-se no coração da economia e conduz diretamente a uma segun-
da questão: o que as nações pobres podem fazer para se tornarem ricas?
a divisão do trabalho;
mercados livres.
93
Organização econômica
ainda mais produtiva ao ser aplicada para criar novas tecnologias. Cientistas e
engenheiros, treinados em atividades extremamente restritas, passaram a ser
especialistas em invenções. Seus potenciais direcionados aceleraram o avanço
da tecnologia, de tal modo que, pelos anos de 1820, as máquinas podiam pro-
duzir bens de consumo de maneira mais rápida e acurada do que qualquer ar-
tesão e, por volta de 1850, era possível gerar outras máquinas de uma maneira
que o trabalhador manual, por si só, nunca teria conseguido.
Mas, disse Smith, os frutos da divisão do trabalho são limitados pela extensão
do mercado. Para tornar o mercado o mais amplo possível, não podem haver im-
pedimentos ao livre-comércio, tanto internamente como entre os países con-
siderados. Smith argumentou que, quando cada indivíduo realiza sua melhor
escolha econômica entre as que são possíveis, tais escolhas conduzem, “como
uma mão invisível”, à melhor situação para a sociedade. O açougueiro e o pa-
deiro possuem seus próprios interesses individuais mas, ao buscar satisfazer
tais interesses, acabam servindo ao interesse de todos.
Na época
Adam Smith estimou que uma única pessoa, trabalhando arduamente,
utilizando os instrumentos manuais disponíveis em 1770, provavelmente
conseguisse produzir 20 alinetes por dia. Além disso, observou, utilizando os
mesmos instrumentos manuais, porém dividindo o processo em um pequeno
número de operações individuais às quais as pessoas se especializam – por
meio da divisão do trabalho –, que dez pessoas poderiam surpreendentemen-
te fazer 48 mil alinetes por dia. O primeiro estica o arame, outro o alisa, um
terceiro corta, o quarto faz a ponta e um quinto aia. Três especialistas fazem a
cabeça do alinete e um quarto a ixa ao metal. Finalmente, o alinete é polido
e empacotado. Mas é necessário um grande mercado para suportar a divisão
do trabalho: uma fábrica que empregasse dez trabalhadores precisaria vender
mais de 15 milhões de alinetes por ano para permanecer no negócio.
Atualmente
Se Adam Smith estivesse vivo, o chip de computador o fascinaria. Ele o veria
como um extraordinário exemplo da produtividade resultante da divisão do
trabalho e do uso de máquinas que fazem máquinas. De fato, do design de
um intrincado circuito de chip, câmeras transferem uma imagem para lâminas
de vidro que trabalham como estênceis. Trabalhadores preparam placas de
94
Organização econômica
silício nas quais os circuitos serão impressos. Alguns deles cortam as placas,
outros fazem o polimento, outros as secam e, por último, há os empregados
que as revestem com uma leve substância química. Máquinas transferem
uma cópia do circuito para a placa. Então, substâncias químicas cauterizam o
design sobre essa mesma placa. Processos posteriores colocam transistores de
tamanho atomizado e conectores de alumínio. Finalmente, um laser separa as
centenas de chips contidos na placa. Todos os estágios no processo de criação
de um chip de computador se utilizam de outros chips de computador e, assim
como no exemplo dos alinetes de 1770, o chip de computador da década de
1990 se beneicia de um amplo mercado – um mercado global – para comprar
chips em quantidade substantivas e eicientemente produzidos.
O sistema de preços
(STIGLITZ; WALSH, 2003, p. 47-48)
[...] Entender as causas das variações nos preços e ser capaz de prever sua
ocorrência não é apenas uma questão de interesse acadêmico. Um dos fatos
que precipitou a Revolução Francesa foi o aumento do preço do pão, que as
pessoas atribuíram ao governo. Grandes variações de preços também deram
origem, em tempos recentes, a desordens políticas em vários países como
Marrocos, República Dominicana, Rússia e Indonésia.
95
Organização econômica
Os leigos veem nos preços muito mais coisas do que as forças impessoais
da oferta e da demanda. Foi o proprietário que aumentou o preço do aluguel
do apartamento; foi a empresa petrolífera ou o dono do posto que aumen-
tou o preço da gasolina. Essas pessoas e empresas decidiram aumentar seus
preços, dizem os leigos, com indignação moral. Verdade, responde o econo-
mista, mas deve ter havido algum fator que levou essas pessoas e empresas a
acreditar que um preço mais alto não era uma boa ideia ontem mas o é hoje. E
os economistas mostram que, num momento diferente, essas mesmas forças
impessoais podem obrigar o mesmo proprietário de imóveis ou as empre-
sas petrolíferas a reduzir seus preços. Os economistas veem, então, os preços
como sintomas de causas subjacentes e focalizam as forças da demanda e da
oferta que estão por trás das mudanças de preços.
Atividades de aplicação
1. O que vem a ser o sistema de preços? Como funciona?
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
96
Organização econômica
Gabarito
1. O sistema de preços é um mecanismo automático da economia de
mercado o qual garante o seu funcionamento. É uma espécie de co-
municação indireta entre os consumidores e produtores. O funciona-
mento desse sistema relete o equilíbrio entre as quantidades oferta-
das e demandadas de mercadorias, bens e serviços. Quando a oferta
é maior que a demanda o preço diminui, por outro lado, quando a
demanda é maior que a oferta o preço aumenta. O equilíbrio entre
oferta e demanda é alcançado pela lutuação do preço.
97
Organização econômica
98
A atividade econômica
e o modelo de três setores
À medida que crescemos, nos ensinam sobre as virtudes da frugalidade. Aqueles que
gastam tudo o que ganham estão condenados a morrer na pobreza. Para aqueles que
poupam há a promessa de uma vida feliz.
Olivier Blanchard
Renda = C + S (1)
Por outro lado, tudo aquilo que é produzido pelas empresas, que deno-
101
A atividade econômica e o modelo de três setores
Produto = C + I (2)
Renda = Produto
então,
C+S=C+I
logo,
S=I
Isso vem a conirmar que, para que uma economia possa realizar inves-
timentos, há a necessidade de que essa economia tenha poupança para su-
portar este tipo de dispêndio.
102
A atividade econômica e o modelo de três setores
103
A atividade econômica e o modelo de três setores
Renda = C + S + T (3)
Produto = C + I + G (4)
Renda = Produto
ou seja
C+S+T=C+I+G
S+T =I+G
(S–I)=(G–T) (5)
104
A atividade econômica e o modelo de três setores
Dessa forma, à medida que o governo gasta mais do que arrecada, reduz-
-se a capacidade da economia realizar investimentos, ou seja, pode impedir
o crescimento da economia.
Produto = C + I + G + X (6)
Por outro lado, sabemos que nenhum país é autossuiciente em produtos e re-
cursos naturais. Para poder atender à demanda interna, ou seja, às necessidades
do consumidor, alguns produtos são importados (M), como é o caso do trigo.
105
A atividade econômica e o modelo de três setores
Renda = C + S + T + M (7)
Renda = Produto
ou
C+S+T+M=C+I+G+X
ou então,
S+T+M=I+G+X
A leitura dessa nova identidade pode ser feita da seguinte maneira. A re-
lação (S – I) signiica que o montante poupado pela economia é superior
ao montante investido. Em tese, para que uma economia esteja em equilí-
brio, todo recurso poupado deve ser utilizado em investimentos. Neste caso,
temos um excedente de poupança ou uma poupança líquida interna.
Por im, a expressão (G – T) nos mostra que o país está realizando dispên-
dios acima do que a sua arrecadação permite, ou seja, está apresentando um
deicit nas contas do governo.
106
A atividade econômica e o modelo de três setores
Por outro lado, se essa mesma economia possuir um governo que não
adota uma política iscal consistente, que a leve a apresentar deicits contínuos,
a necessidade de se inanciar esse excedente de dispêndios leva esse mesmo
governo a lançar mão dos recursos disponíveis junto à sua sociedade.
107
A atividade econômica e o modelo de três setores
O balanço de pagamentos
Tradicionalmente, o balanço de pagamentos de um país é deinido como
o registro sistemático das transações econômicas, ocorridas em um deter-
minado período, entre um país e o resto do mundo. Mais especiicamente,
o balanço de pagamentos é a escrituração dos luxos monetários referen-
tes ao movimento de mercadorias e serviços (transações internacionais de
bens e serviços), à variação de ativos e passivos com o exterior (empréstimos,
inanciamentos, investimentos e outros capitais enviados ou recebidos do
exterior) e a transferências unilaterais (remessas simples de dinheiro, sem
contrapartida econômica, que é o caso das doações, manutenção de es-
tudantes no exterior, pagamento e recebimento de aposentadorias, entre
outros).
108
A atividade econômica e o modelo de três setores
subsídios às exportações;
109
A atividade econômica e o modelo de três setores
Carneiro (1961, p. 89) faz uma análise interessante sobre esses aspectos.
Segundo o autor, essa movimentação de capitais delineia os estágios de
desenvolvimento do mercado interno de um país e os vários aspectos que
pode assumir seu balanço de pagamentos:
110
A atividade econômica e o modelo de três setores
Ainda de acordo com Carneiro (1961, p. 90), tendo esgotado seu capital, o
país morre economicamente ou reinicia novo ciclo como país emergente.
Mas o que realmente nos preocupa nesse tipo de análise é que, no perío-
do após a Segunda Guerra Mundial, consolidou-se um novo tipo de depen-
dência das economias mundiais, baseada nas empresas multinacionais, que
passaram a investir pesadamente nos países em desenvolvimento, o que
acabou criando uma espécie de dependência industrial-tecnológica. E essa
dependência acabou provocando desequilíbrios nas balanças comerciais
dos países emergentes.
111
A atividade econômica e o modelo de três setores
112
A atividade econômica e o modelo de três setores
Complementariedade versus
competitividade nas relações do Brasil
com o mundo industrializado
Werner Baer
Quando se relete sobre os fatos, embora essa fosse uma consequência ine-
vitável, considerando-se a falta de várias matérias-primas básicas, poder-se-ia
airmar que a estratégia ISI que dava ênfase à indústria automobilística como
um dos principais elementos de crescimento industrial e como elemento-cha-
ve no desenvolvimento do sistema de transportes do país (negligenciando
as ferrovias), tornou-se desnecessariamente vulnerável e dependente na era
pós-1973. A dependência em relação ao capital estrangeiro e às multinacio-
nais também aumentou e o poder de negociação dessas empresas cresceu à
medida que elas se tornaram essenciais ao contínuo e intenso crescimento
econômico do país1. 1
O Brasil não é tão impor-
tante para as multinacio-
nais quanto elas são para
A dependência também foi intensiicada pelas indústrias em desenvol- o Brasil. Para informações
adicionais sobre essa ques-
vimento, verticalmente integradas ao sistema industrial mundial e pelas ex- tão, veja: DOELLINGER,
Carlos von; CAVALCANTI,
portações em desenvolvimento (como minério de ferro) que estão sujeitas Leonardo. Empresas Mul-
tinacionais na Indústria
ao desempenho dos países industrializados – talvez “interdependência” seja Brasileira. Coleção Relató-
rios de Pesquisa, n. 29, Rio
um termo mais realista; a maioria das economias mais importantes do mundo de Janeiro, IPEA, 1975.
113
A atividade econômica e o modelo de três setores
Atividades de aplicação
1. “Poupança e investimento sempre são iguais. Entretanto, podem ser
diferentes”. Justiique se você concorda ou não com esta frase.
( S – I ) + ( M – X ) = ( G – T )?
3. Suponha uma economia simples, em que não haja governo e nem re-
lações com o setor externo. Nesse tipo de Economia, qual a relação
que se pode estabelecer entre investimento e poupança?
114
A atividade econômica e o modelo de três setores
Referências
BAER, Werner. A Economia Brasileira. São Paulo: Nobel, 1996.
Gabarito
1. Poupança e investimento são iguais em termos contábeis, pois toda
poupança é canalizada para investimento. A deinição dos dois termos
é a mesma: parte da produção não consumida utilizada para a produ-
ção de outros bens no futuro, ou parcela da produção não consumida
e estocada.
115
A atividade econômica e o modelo de três setores
116
Contabilidade nacional
Esse registro contábil é feito pelo método das partidas dobradas, de tal
maneira que os agregados são apresentados duas vezes: a débito de uma
conta e a crédito de outra. Ao débito corresponde uma despesa ou um pa-
gamento; ao crédito, um fundo originário da produção interna do país ou
procedente do estrangeiro.
conta do governo;
119
Contabilidade nacional
A contabilidade nacional deve ser entendida como um sistema contábil que permite
a avaliação da atividade econômica em um determinado período, em seus múltiplos
aspectos. O método de avaliação consiste em hierarquizar fatos econômicos, classiicar
transações relevantes e agrupá-las para serem quantiicadas e acompanhadas de forma
sistemática e coerente. (FEIJÓ et al., 2003, p. 5)
A contabilidade nacional consiste, em síntese, na elaboração de cinco grandes contas,
obedecendo à praxe contábil das partidas dobradas, algo assim como considerar o país
como uma grande empresa e elaborar a sua contabilidade. (SOUZA, 1984, p. 18).
Contabilidade nacional é a contabilização das atividades econômicas internas e externas
de um país, em um determinado período de tempo, normalmente um ano. Trata-se de
uma técnica que se preocupa com a deinição e quantiicação dos principais agregados
econômicos. (PASSOS; NOGAMI, 2005, p. 639).
120
Contabilidade nacional
121
Contabilidade nacional
Na verdade, cada equipamento tem a sua vida útil e sua taxa de depre-
ciação. Um trator, por exemplo, que tenha uma vida útil de dez anos,
tem uma taxa de depreciação de 10% ao ano.
122
Contabilidade nacional
No caso dos tributos indiretos, parte das receitas das empresas é que se
destina ao governo. Com esses recursos o governo basicamente com-
pra bens e serviços (consumo do governo) e os fornece gratuitamente,
ou quase, à população, além das transferências. O valor dessa compra
de bens e serviços é medido pelos salários pagos aos funcionários pú-
blicos mais as compras, ou outras despesas, realizadas pelo governo.
123
Contabilidade nacional
produção;
geração de renda;
consumo;
inanciamento;
acumulação; e
124
Contabilidade nacional
125
Contabilidade nacional
Unidade de
Bem Quantidade Preço Valor
medida
A litros 200 $40,00 $8.000,00
B unidade 20 $15,00 $300,00
C galões 70 $25,00 $1.750,00
D quilos 600 $0,50 $300,00
E metros 180 $6,00 $1.080,00
Produto Nacional Bruto (PNB) $11.430,00
O cálculo do PNB feito para essa economia simples pode ser utiliza-
do em uma economia mais complexa, incluindo bens, como livros e ca-
misas, e serviços, como transportes ou uma consulta médica, desde que
tenham preços e, portanto, possam ser somados, como foi apresentado
anteriormente.
126
Contabilidade nacional
Por esses dados podemos dizer que o fazendeiro vende a sua produção
de grãos de trigo a um moinho por $800. O dono do moinho, por sua vez,
processa o trigo transformando-o em farinha de trigo, vendendo-a poste-
127
Contabilidade nacional
riormente a uma padaria por $1.100. O padeiro, por sua vez, utiliza-se da
farinha para fabricar o pão, vendendo-o aos consumidores por $1.500. Vemos
então que o valor adicionado na produção de trigo é de $800; na produção
de farinha adicionam-se $300 (receita de vendas de $1.100 menos compras
de outras empresas de $800); na produção de pão, inalmente, adicionam-
se $400 (receita de vendas da padaria de $1.500 menos compras de outras
empresas de $1.100).
128
Contabilidade nacional
Como, então, fazemos para resolver esse problema? O caminho que se-
guimos para contornar esse tipo de problema consiste em tomar os preços
de determinado ano (que chamamos de ano-base) e usá-los através das
séries de medições do PNB em diferentes anos. Em nosso exemplo, podería-
mos utilizar os preços de 20X1 para calcular o PNB de 20X2. Assim proceden-
do, estaríamos eliminando a variação de preços ocorrida de um ano para o
outro. Vejamos, então, como ica o nosso exemplo:
129
Contabilidade nacional
O cálculo do PNB per capita nos dá uma ideia da renda média da popula-
ção, mas, em países como o Brasil, em que a renda é muito desigualmente
distribuída, essa média está longe de representar um padrão de vida típico.
Isso signiica dizer que países com rendas per capita piores do que o Brasil
podem oferecer um padrão de vida melhor para a sua população se sua dis-
tribuição de renda for menos desigual (FEIJÓ, 2003).
130
Contabilidade nacional
PNB
PNB per capita =
População
Consumo ( C )
As despesas em consumo efetuadas pelas famílias constituem o maior
componente da demanda agregada. Os gastos em consumo dividem-se em
três itens básicos: bens duráveis, bens não duráveis e serviços.
Investimento ( I )
O investimento é a despesa em bens que aumenta a capacidade produti-
va da economia e, portanto, a oferta de produtos no período seguinte. Ele é
um luxo de capital novo na economia que é acrescentado ao estoque de ca-
pital, que é a quantidade de capital produtivo existente. É também chamado
“taxa de acumulação de capital” e “formação bruta de capital”.
131
Contabilidade nacional
Il = Ib – Depreciação
Exportações líquidas (X – M)
Podemos, inalmente, introduzir os chamados componentes externos: as
exportações ( X ) e as importações ( M ).
Produto Nacional
(=)
(+)
(+)
(+)
(–)
133
Contabilidade nacional
(=)
C + Ib + G + X – M
(=)
(=)
C + Il + G + X – M
(=)
Assim, o PNL é o agregado econômico que deine o valor dos bens e ser-
viços inais realmente acrescentados à riqueza nacional.
134
Contabilidade nacional
135
Contabilidade nacional
Se pelos números anteriores era preciso atingir uma FBCF de 25% do PIB
para sustentar um crescimento econômico anual de 5%, os novos dados indi-
cam que para atingir o mesmo nível de crescimento, um investimento próxi-
mo de 22% será suiciente. Isso não muda o desaio de ampliar os investimen-
tos em 4 a 5 pontos percentuais do PIB, o que requer considerável esforço.
Após a divulgação do novo PIB também houve quem concluísse que ica-
ria mais difícil cumprir a meta de superávit primário (4,25% do PIB). Trata-se,
evidentemente, de uma leitura equivocada. O superávit exigido para evitar a
expansão da relação divida – PIB continua de R$95,9 bilhões (3,83% do novo
PIB). Assim, a Economia exigida continua a mesma em números absolutos,
embora relativamente represente menos. O mesmo ocorre com a relação
dívida pública líquida/PIB, que era de 50% e caiu para 46% , e a carga tributá-
ria/PIB, que reduziu de 38% para 34%.
136
Contabilidade nacional
Portanto, uma análise mais realista deve considerar, por exemplo, a relação
entre importações e a produção da indústria de transformação, que, segundo
dados do BNDES, subiu de 16,9% em 2002, para 19% em 2006. Ou seja, por esse
critério, a economia está mais aberta, especialmente nos setores intensivos em
trabalho, como têxtil, vestuário, calçados e móveis, por exemplo, setores prejudi-
cados pela valorização do Real e a crescente concorrência (desleal) dos chineses.
137
Contabilidade nacional
Atividades de aplicação
1. Por que apenas os bens e serviços inais são considerados no cômputo
do PNB?
3. Explique a razão pela qual as variações no PNB real reletem mais pre-
cisamente as variações realmente ocorridas na produção do que as
variações no PNB nominal?
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
Gabarito
1. São considerados apenas os bens e serviços inais porque são excluí-
dos do cálculo os bens intermediários, os quais já são inclusos no valor
do produto inal. Caso inclua os bens intermediários está incorrendo
no erro da dupla contagem.
138
Contabilidade nacional
139
O papel e a importância da moeda
A moeda é luida, funcionando como o sangue do sistema. Não só a moeda escorre pelas
entranhas da sociedade, sem controle, como os próprios atos e decisões dos chamados
atores sociais não são determinados racionalmente, como quer parecer essa área do
conhecimento humano.
Paul Samuelson
Não existe nada mais difícil do que tentar deinir algo que todos nós sabemos
do que se trata, mas sobre cujo real signiicado nunca paramos para pensar.
A apresentação que aqui faremos sobre a moeda não pretende ser exaus-
tiva. Procuraremos apenas dar um panorama geral sobre o assunto, de forma
que se possa entender o papel desempenhado pela moeda na economia.
141
O papel e a importância da moeda
142
O papel e a importância da moeda
n(n – 1)
RT =
2
143
O papel e a importância da moeda
De modo geral, para que uma mercadoria pudesse ser utilizada como
moeda, ela deveria ter várias qualidades, dentre as quais podemos destacar:
144
O papel e a importância da moeda
Por essas razões é que os metais chamados “não nobres” foram pouco
a pouco substituídos pelos metais nobres, como o ouro e a prata. Esses dois
metais são deinidos como metais monetários por excelência, uma vez que
suas características se ajustam adequadamente àquelas que a moeda deve ter.
145
O papel e a importância da moeda
Era da moeda-papel
A moeda representativa ou moeda-papel veio eliminar, portanto, as
diiculdades que os comerciantes enfrentavam em seus deslocamentos pelas
regiões europeias, facilitando a efetivação de suas operações comerciais e
de crédito, especialmente entre cidades italianas e a região de Flandres. A
sua origem está na solução encontrada para que os comerciantes pudessem
realizar os seus empreendimentos comerciais.
Estava assim criada a nova moeda, 100% lastreada e com a garantia de plena
conversibilidade, a qualquer momento, pelo seu detentor, e que se tornou, ao
longo do tempo, o meio preferencial de troca e de reserva de valor.
146
O papel e a importância da moeda
inconversibilidade absoluta; e
147
O papel e a importância da moeda
aluguel ou suas contas do dentista são pagos por meio de cheques; a gaso-
lina e as contas do hotel, e muitas das suas compras, por meio de um cartão
de crédito. À exceção de pequenas quantias para o pagamento de coisas de
pequeno valor, ele pouco precisa de dinheiro em espécie.
As funções da moeda
O conceito de moeda pode ser entendido a partir das funções que ela
desempenha. Portanto, a moeda exerce simultaneamente as funções de:
medida de valor;
reserva de valor;
148
O papel e a importância da moeda
Nos dias de hoje, por exemplo, ao trabalhar para uma empresa, estamos
trocando nossa mão de obra por moeda, para podermos trocá-la por bens e
serviços de nossa livre escolha, sem termos que nos preocupar com o aspecto
de desejos e disponibilidades duplamente coincidentes.
149
O papel e a importância da moeda
Esse cenário fez com que, em função do processo inlacionário que atingia
elevadas taxas diárias, muitos bens e serviços passassem a ser cotados em outra
moeda, como o dólar norte-americano, a exemplo do que ocorria com nossas dí-
vidas pessoais que, muitas vezes, estavam indexadas por essa moeda. A moeda
brasileira, como reserva de valor, se tornava um problema, pois ela se depreciava
ao longo do tempo, perdendo continuamente o seu poder de compra.
As características da moeda
Para que a moeda possa desempenhar suas funções básicas, ela deve
possuir um conjunto de características que são:
indestrutibilidade e inalterabilidade;
homogeneidade;
150
O papel e a importância da moeda
divisibilidade;
transferibilidade;
Indestrutibilidade
A moeda deve resistir às inúmeras relações de troca a que estiver sujei-
ta, exigindo-se, portanto, que ela seja impressa com material de excelente
qualidade, para que não perca suas características nem se possa alterá-las.
Se o papel utilizado para sua impressão não for de celulose pura, certamente
após algumas centenas de operações a cédula estará deteriorada. As técni-
cas modernas de impressão do papel-moeda, além de darem maior resistên-
cia às cédulas, visam protegê-las contra falsiicações.
Homogeneidade
Diferentes unidades monetárias, mas que possuam o mesmo valor de
compra, devem ser rigorosamente iguais.
Divisibilidade
A moeda-padrão ou moeda principal de uma economia deve possuir
múltiplos e submúltiplos, chamados moedas subsidiárias, para permitir a
realização de todos os tipos de transações comerciais.
Transferibilidade
A moeda deve circular na economia sem nenhuma diiculdade, facilitando
o processo de troca. A razão principal para essa característica é o curso legal
imposto pelo Estado, que permite e garante o papel-moeda em circulação.
151
O papel e a importância da moeda
Formas de moeda
Deine-se por sistema monetário o conjunto de moedas utilizadas em um
país, por imposição de curso legal, e que compreende, nos dias de hoje, três
formas de moeda:
moeda metálica;
papel-moeda; e
moeda escritural.
Moeda metálica
Emitidas pelo Banco Central, visam facilitar as operações de pequeno
valor; servem também como unidade monetária fracionada, facilitando o
troco. Constituem pequena parcela da oferta monetária.
Papel-moeda
São cédulas emitidas pelo Banco Central e representam parcela signiica-
tiva da quantidade de dinheiro em poder do público. Também circulam por
força de dispositivo legal, que lhes dá curso forçado no país.
Moeda-escritural
Existe, também, uma terceira categoria daquilo que podemos denominar
moeda. São os depósitos bancários que podem ser levantados através da
emissão de cheques.
Quase-moedas
As quase-moedas compreendem o conjunto de ativos do sistema fi-
nanceiro não monetário. Esses ativos são constituídos por compromissos
assumidos pelas instituições financeiras e pelo governo e se caracterizam
pela sua extrema liquidez, além de possuírem muitas propriedades da
moeda.
A oferta monetária
Um dos mais importantes papéis que o Banco Central exerce é o de con-
trolar a quantidade de moeda disponível na economia, chamada oferta de
moeda. As decisões dos formuladores de políticas quanto à oferta de moeda
constituem a política monetária.
153
O papel e a importância da moeda
Meios de pagamentos
Entende-se por meios de pagamento o total de haveres de perfeita
liquidez em poder do setor não bancário e que podem ser imediatamente
usados para realizar transações.
154
O papel e a importância da moeda
155
O papel e a importância da moeda
Política monetária
A política monetária pode ser deinida como o conjunto de medidas ado-
tadas pelo governo com o objetivo de controlar a oferta de moeda e as taxas
de juros, de forma a assegurar a liquidez ideal da economia do país.
156
O papel e a importância da moeda
157
O papel e a importância da moeda
taxa de juros;
riqueza privada.
158
O papel e a importância da moeda
Mercadoria-moeda no Brasil
Charles-Marie de la Condamine
“O comércio direto do Pará com Lisboa, donde vem todos anos uma frota
mercante, facilita à gente abastada toda a sorte de conforto. Recebe mercado-
rias da Europa em troca de produtos do país, que são, além de um pouco de
ouro trazido do interior das terras do Brasil, os mais variados artigos de utilida-
de, tanto provenientes dos rios que vêm confundir-se no Amazonas, quanto
das margens deste; tais são a casca do cravo, a salsaparrilha, a baunilha, o
açúcar, o café, e, sobretudo, o cacau, que representa o papel-moeda corrente
no país e faz a riqueza de seus habitantes.”
Atividades de aplicação
1. De que forma a moeda facilita as trocas?
159
O papel e a importância da moeda
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
LOPES, João do Carmo; ROSSETTI, José Pascoal. Economia Monetária. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 1992.
Gabarito
1. A moeda facilita as trocas por ser um único intermediário de troca,
evita as trocas diretas e a necessidade de coincidência de desejos. Ela
também é utilizada como unidade de valor para as coisas, dispensa a
valoração de cada bem em relação a cada um dos demais. Nas nego-
ciações a moeda constitui uma reserva ou crédito, é considerada uma
forma de riqueza.
160
O papel e a importância da moeda
161
Sistemas monetários e inanceiros:
a intermediação inanceira
Sistema monetário
O sistema monetário abrange o numerário da nação, isto é, todas as moedas
metálicas, os papéis-moeda que nele tenham curso legal e a moeda escritural.
Sistema inanceiro
O sistema inanceiro é composto por um conjunto de instituições inancei-
ras que, com a utilização dos instrumentos inanceiros, operacionaliza as ativi-
dades do sistema, transferindo recursos dos aplicadores (ou poupadores) para
aqueles que necessitam de recursos por uma razão qualquer (inclusive investi-
dores). As instituições inanceiras são responsáveis, ainda, por criar condições
para que os mais diferentes títulos inanceiros tenham liquidez no mercado.
164
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Instituições inanceiras
As instituições inanceiras que operam no sistema inanceiro são classii-
cadas em dois grupos distintos:
165
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Instrumentos inanceiros
Os instrumentos inanceiros são classiicados em:
166
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
mercado de crédito;
mercado de capitais;
mercado monetário;
mercado cambial.
Características
Segmentos Intermediação
Prazos Fim
Mercado de Curto, médio e alea- Financiamento do consumo e ca- Bancária e não
crédito tório pital de giro das empresas bancária
Mercado de ca- Médio, longo e inde- Financiamento de capital de giro, Não bancária
pitais terminado capital ixo e habitação
Mercado mone- Curto e curtíssimo Controle da liquidez monetária Bancária e não
tário da economia e suprimentos mo- bancária
mentâneos de caixa
Mercado cambial Curto e à vista Transformação de valores em Bancária e auxi-
moeda estrangeira em nacional e liares (sociedades
vice-versa corretoras)
Mercado de crédito
Classiicamos nesse mercado todas as operações de inanciamento e em-
préstimo de curto e médio prazos, para a aquisição de bens de consumo
corrente e de bens-duráveis, bem como para o capital de giro das empresas.
As instituições inanceiras que atuam nesse segmento são os bancos comer-
ciais, os bancos de investimentos e as inanceiras, que são instituições espe-
cializadas no fornecimento de crédito ao consumidor e no inanciamento de
bens-duráveis.
Mercado de capitais
É onde está concentrada toda a rede de bolsa de valores e instituições i-
nanceiras que operam com a compra e venda de ações e títulos de dívida em
geral, sempre a longo prazo. Esse mercado atua no inanciamento do capital
de giro e do capital ixo das sociedades anônimas de capital aberto.
167
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Mercado monetário
É nesse mercado que são realizadas as operações inanceiras de curto e
curtíssimo prazo. Dele fazem parte órgãos inanceiros que negociam títulos
e valores, concedendo empréstimos a irmas ou particulares a curto e curtís-
simo prazo, contra o pagamento de juros. Nele são inanciados, também, os
desencaixes momentâneos de caixa dos bancos comerciais e do Tesouro Na-
cional. É nesse mercado que são realizadas as operações de mercado aberto,
inclusive as operações de um dia, conhecidas como operações de overnight.
Mercado cambial
Nesse mercado realizam-se as operações de compra e venda de moedas
estrangeiras cujas transações determinam as cotações diárias dessas moedas.
As operações normalmente são de curto prazo e as instituições que nele
atuam são os bancos comerciais e as irmas em geral, com a intermediação
das corretoras de câmbio ou de bancos múltiplos com esse tipo de carteira.
168
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Grandes reformas ocorreram nos anos de 1964 e 1965, que acabaram de-
inindo a estrutura atual do sistema inanceiro, e criaram as chamadas Au-
toridades Monetárias, o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do
Brasil, e regulamentaram as diversas instituições de intermediação.
A composição atual
Nos dias de hoje, o Sistema Financeiro Nacional pode ser dividido em três
grupos, conforme podemos ver no quadro 3:
órgãos normativos;
entidades supervisoras; e
operadores.
169
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Órgãos Entidades
Operadores
normativos supervisoras
Conselho Mone- Banco Central do Brasil – I ns tituiçõ es Demais insti- Outros inter-
tário Nacional – Bacen f i n a n c e i r a s tuições inan- mediários i-
CMN c a p t a d o r a s ceiras nanceiros e ad-
de depósitos ministradorres
à vista de recursos de
terceiros
Comissão de Valores Mo- Bolsa de mer- Bolsas de va- Comissão de
biliários – CVM cadorias e fu- lores valores Mobili-
turos ários – CVM
Conselho Nacio- Superintendência de Se- S o c i e d a d e s Sociedades de Entidades aber-
nal de Seguros guros Privados – Susep seguradoras capitalização tas de previ-
Privados – CNSP dência comple-
IRB Brasil Resseguros
mentar
Conselho de Ges- Secretaria de Previdência Entidades fechadas de previdência complemen-
tão da Previdência Complementar – SPC tar (fundos de pensão)
Complementar –
CGPC
Órgãos normativos
170
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
171
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Entidades supervisoras
172
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
173
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados su-
pervisionados;
IRB-Brasil Resseguros
O IRB é uma sociedade de economia mista com controle acionário da
União, jurisdicionada ao Ministério da Fazenda, com o objetivo de regular o
cosseguro, o resseguro e a retrocessão, além de promover o desenvolvimento
das operações de seguros no país.
175
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Operadores
Instituições inanceiras captadoras de depósitos à vista
Bancos múltiplos
Bancos comerciais
Cooperativas de crédito
Bancos de desenvolvimento
Bancos de investimento
Companhias hipotecárias
178
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
179
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
180
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Sociedades seguradoras
As sociedades seguradoras são entidades constituídas sob a forma de
sociedades anônimas, especializadas em pactuar contrato, por meio do
qual assumem a obrigação de pagar ao contratante (segurado), ou a quem
este designar, uma indenização, no caso em que advenha o risco indicado e
temido, recebendo, para isso, o prêmio estabelecido.
Sociedades de capitalização
As sociedades de capitalização são entidades, constituídas sob a forma
de sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos de capitalização)
que têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo
contratante, o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito
de resgatar parte dos valores depositados corrigidos por uma taxa de juros
estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o direito
de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.
181
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
A criação da moeda
Depois de termos examinado as deinições de moeda, vamos agora anali-
sar os aspectos relativos à sua criação.
182
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Agora, vamos ver como os bancos comerciais conseguem criar moeda. Su-
ponhamos que o Banco Central decida expandir a quantidade de dinheiro em
circulação na economia, ou seja, a oferta de moeda. Assim, o Banco Central
compra no mercado títulos do Tesouro o montante de $1.000.000. O vende-
dor dos títulos recebe o dinheiro ou o cheque dessa transação e o deposita
em sua conta em um banco A. Suponhamos que os depósitos compulsórios
dos bancos e os encaixes sejam de 40% dos depósitos. Assim, o banco A pode
emprestar $600.00 e reter $400.000 como reserva. Quem recebe os $600.000
como empréstimo vai depositá-lo no banco B que, por sua vez, terá condi-
ções de emprestar $360.000, que o tomador vai depositar em outro banco
e assim sucessivamente. Nesse processo, o total de moeda criado pode ser
obtido por:
Pelo que vimos até agora, podemos então deinir a variação na oferta de
moeda como:
1
M= x R
Z
onde ∆R representa o aumento inicial das reservas, ou seja, o primeiro depó-
sito à vista, e Z a fração dos depósitos à vista que é destinada aos depósitos
compulsórios e aos encaixes bancários. Costuma-se chamar 1/Z de multiplica-
dor de depósitos bancários.
Empréstimos Encaixe
Expansão dos
Etapas concedidos pelo mantidos pelos
depósitos à vista
sistema bancário bancos
Compra de título pelo - -
1.000.000
Bacen (1.ª etapa)
2.ª etapa 1.000.000 600.000 400.000
3.ª etapa 600.000 360.000 240.000
183
Sistemas monetários e inanceiros: a intermediação inanceira
Empréstimos Encaixe
Expansão dos
Etapas concedidos pelo mantidos pelos
depósitos à vista
sistema bancário bancos
4.ª etapa 360.000 216.000 144.000
5.ª etapa 216.000 129.600 86.400
. . . .
. . . .
. . . .
. . . .
n.o etapa Próximo a zero Próximo a zero Próximo a zero
Final do Processo 2.500.000 1.500.000 1.000.000
Atividades de aplicação
1. O que se entende por sistema monetário?
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
LOPES, João do Carmo e ROSSETTI, José Pascoal. Economia Monetária. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 1992.
Gabarito
1. Sistema monetário é todo tipo de moeda, com por exemplo a metá-
lica, papel-moeda, moeda escritural, que possua curso legal utilizado
no numerário de uma nação.
185
Relações econômicas
internacionais
Autossuiciência e especialização
Imagine, por alguns momentos, ser totalmente autossuiciente. Assim,
você teria de fazer suas próprias roupas, produzir seus próprios alimentos,
construir sua própria casa, enim, teria de ter condições, sozinho, de satisfa-
zer a todas as suas necessidades e desejos.
Nessas condições, o seu padrão de vida por certo cairia muito, uma vez
que faltariam os recursos materiais, habilidade e tempo para você fazer
muitas dessas coisas. Nos dias de hoje, um fato é certo: não participamos
diretamente da produção de tudo aquilo que consumimos.
188
Relações econômicas internacionais
País Produto
Arábia Saudita Petróleo
Burundi Café
Sri Lanka Chá
México Petróleo
Jamaica Alumínio
Serra Leoa Diamantes
Gâmbia Amendoim
Islândia Pescado
Chile Cobre
Bolívia Estanho
Honduras Banana
189
Relações econômicas internacionais
Vamos ver, então, de forma resumida, a visão geral a respeito das princi-
pais teorias que procuram explicar a existência do comércio internacional.
Fator de Produtos
Países
produção Milho Tecido
Estados Unidos 1/trabalhador/ano 1 200kg ou 400m
Brasil 1/trabalhador/ano 600kg ou 800m
190
Relações econômicas internacionais
600 quilos, ao passo que um trabalhador no Brasil produz mais tecido (800
metros) do que o trabalhador nos Estados Unidos (400 metros).
Países
Produção
Produção Estados
Brasil total
Unidos
Produção anual de milho (kg) 300 600 900
Produção anual de tecido (m) 400 200 600
191
Relações econômicas internacionais
Países
Produção Ganho
Produção Estados
Brasil total líquido
Unidos
Produção anual de milho (kg) 0 1200 1200 300
Produção anual de tecido (m) 800 0 800 200
192
Relações econômicas internacionais
Produtos
Países Fator de produção
Milho Tecido
Estados Unidos 1/trabalhador/ano 1 200Kg ou 600m
Brasil 1/trabalhador/ano 400kg ou 400m
193
Relações econômicas internacionais
É nesse estágio que voltamos ao ponto a que nos referíamos como políti-
ca comercial internacional, uma vez que os governos, mediante a política al-
fandegária, poderão distorcer os princípios do chamado livre-comércio (em
que a teoria das vantagens ou custos comparativos explica a existência dos
luxos comerciais), interferindo no comércio internacional.
Intervenção governamental
no comércio internacional
O porquê de medidas protecionistas
Mesmo com as vantagens existentes advindas do livre-comércio, em
certos casos se aconselha a intervenção do Estado com a inalidade de res-
tringir a entrada de determinados produtos no país. São as chamadas medi-
das protecionistas, cujas justiicativas são dadas a seguir:
194
Relações econômicas internacionais
Restrições ao livre-comércio
O governo pode criar restrições ao comércio internacional, entre as quais
destacamos:
Barreira tarifária
Incentivos
O incentivo à ampliação do comércio internacional é a forma adotada pelo
governo para fazer com que, artiicialmente, o preço do produto nacional, no
exterior, se torne mais barato do que o preço do produto equivalente.
Para tanto ele se utiliza dos incentivos iscais às exportações ou, ainda, de
incentivos creditícios, ou seja, o produtor nacional consegue inanciamentos
a juros subsidiados. Utiliza-se, também, de incentivos burocráticos, com a eli-
195
Relações econômicas internacionais
Balanço de pagamentos
O campo das relações econômicas internacionais não se restringe apenas
ao luxo de comércio, serviços e rendas, mas sim a uma série de outras tran-
sações econômicas, tais como empréstimos, inanciamentos, investimentos,
donativos etc. E todos esses aspectos estão retratados no balanço de paga-
mentos de um país.
Transações correntes
Exportações, importações e saldo da balança comercial.
196
Relações econômicas internacionais
Conta de capital
Saldo da conta capital, que inclui transferências de patrimônio e com-
pra e venda de ativos não produzidos ou não inanceiros.
Conta inanceira
Total da conta inanceira que engloba a receita, a despesa e o saldo
dos investimentos diretos.
Plano de contas
O plano de contas do balanço de pagamentos poderá ser tão analítico quanto
as autoridades monetárias do país desejarem. Mas se o país for membro do
FMI, deverá incorporar, pelo menos, as contas deinidas por aquele órgão. O
quadro 6 nos mostra a estrutura geral desse demonstrativo.
197
Relações econômicas internacionais
Discriminação
1. Balança comercial (FOB)
Exportações
Importações
2. Serviços
Transportes
Viagens internacionais
Seguros
Financeiros
Computação e informações
Royalties e licenças
Aluguel e equipamentos
Serviços governamentais
Outros serviços
3. Rendas
Remuneração do trabalho assalariado
Rendas de investimentos
Rendas de outros investimentos
4. Transferências correntes
5. Saldo de transações correntes (1+ 2 + 3 + 4)
6. Conta capital
Transferências de capital relacionados com patrimônio de migrantes
Aquisição/alienação de bens não inanceiros ou não produtivos
7. Conta inanceira
Investimento direto
Investimento em carteira
Derivativos
Outros investimentos
(créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos)
8. Erros e omissões
9. Resultado do balanço de pagamentos (5 + 6 + 7 + 8)
Balança comercial
Inclui todos os bens que o Brasil exporta ou importa: produtos agríco-
las, maquinários, automóveis, eletroeletrônicos, têxteis e assim por diante. O
198
Relações econômicas internacionais
Serviços
As exportações e importações de serviços incluem uma variedade de itens.
Quando navios brasileiros transportam produtos estrangeiros ou turistas es-
trangeiros gastam dinheiro em restaurantes e hotéis no país ou, ainda, quando
serviços em geral são oferecidos por residentes no Brasil, precisam ser remune-
rados. Tais serviços, considerados exportações, são registrados como créditos na
conta de bens e serviços. Inversamente, quando navios estrangeiros transpor-
tam produtos do Brasil ou turistas brasileiros gastam dinheiro em hotéis e res-
taurantes no exterior, os residentes estrangeiros é que estão prestando serviços
que também exigem remuneração. Pelo fato de brasileiros estarem importan-
do efetivamente esses serviços, estes são registrados como débitos. Os serviços
bancários e os seguros podem ser explicados da mesma maneira.
Rendas
Outro item importante e que diz respeito aos recebimentos e paga-
mentos de rendimentos. Esse item consiste nos rendimentos líquidos (di-
videndos e juros) dos investimentos brasileiros feitos no exterior, isto é,
rendimentos dos investimentos brasileiros menos pagamentos referen-
199
Relações econômicas internacionais
Transferências correntes
Também conhecidas como transferências unilaterais, incluem transferên-
cias de bens e serviços (doações em espécie) ou ativos inanceiros (doações
em dinheiro) entre o Brasil e o resto do mundo. As transferências privadas se
referem a doações feitas por indivíduos e instituições não governamentais a
estrangeiros. Podem incluir uma remessa de um imigrante que vive no Brasil
para os parentes no país de origem, um presente de aniversário enviado a
um amigo no exterior ou uma contribuição a um fundo de ajuda para outros
países. As transferências governamentais se referem a doações feitas por um
governo a residentes estrangeiros ou a governos estrangeiros.
Transações correntes
É o resultado do somatório dos saldos da balança comercial, de serviços,
de rendas e de transferências correntes. O saldo em transações correntes
indica se houve poupança externa negativa ou positiva.
Conta capital
Essa conta registra as transferências de capital relacionadas com o patri-
mônio dos imigrantes e a aquisição/alienação de bens não inanceiros ou
não produzidos, tais como cessão de patentes e marcas.
Conta inanceira
Os quatro itens dessa conta são desdobrados em ativos e passivos, ou
seja, há um item destinado a registrar luxos envolvendo ativos externos de-
tidos por residentes no Brasil e outro para registrar a emissão de passivos por
200
Relações econômicas internacionais
residentes cujo credor é não residente. Essas contas de ativos e passivos são,
em seguida, novamente desdobradas para evidenciar detalhes especíicos
de cada conta.
Erros e omissões
Os lançamentos realizados a débito e a crédito efetuados no balanço de pa-
gamentos provêm de diferentes fontes de informações, gerando, na prática, um
líquido total diferente de zero, apesar de esse luxo ser contabilizado pelo
método das partidas dobradas. A principal razão está nas discrepâncias tem-
porais das diversas origens dos dados utilizados. Com isso, torna-se necessá-
rio o lançamento de partida que permita o balanceamento das contas. Essa
rubrica serve, portanto, para compensar toda superestimação ou subestima-
ção dos componentes registrados.
Variáveis determinantes
das importações e exportações
Os elementos que mais inluenciam as importações e as exportações
estão apresentadas a seguir:
Taxa de câmbio
Preços externos
202
Relações econômicas internacionais
Taxa de câmbio
Preços externos
Uma elevação nos preços externos dos produtos por nós exportados
deverá elevar as exportações. Nesse caso, existe uma relação direta en-
tre os preços externos dos produtos produzidos nacionalmente e as
exportações.
203
Relações econômicas internacionais
Preços internos
Incentivos às exportações
Taxas de câmbio
A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda
estrangeira. Em outras palavras, a taxa de câmbio é o preço de uma moeda em
termos de outra. Obviamente há pelo menos tantas taxas de câmbio quanto
moedas estrangeiras. Contudo, a expressão taxa de câmbio geralmente
indica o preço de uma moeda internacional de referência que, no caso brasi-
leiro, é o dólar norte-americano.
US$1,00 = R$2,00
204
Relações econômicas internacionais
205
Relações econômicas internacionais
Mas não foi isso que o relatório inal dizia quando publicado. O rascunho
inicial vazou para a imprensa e gerou uma tempestade de protestos dos go-
vernos do Mercosul, em particular do Brasil. Sob pressão, o Banco Mundial
primeiro adiou a publicação e, no im, acabou lançando uma versão recheada
de advertências. Ainda assim, mesmo na versão que veio a lume, o relatório
airma, com certa veemência, que o Mercosul, se não é completamente con-
traproducente, pelo menos tem produzido uma quantidade considerável de
desvio de comércio.
Atividades de aplicação
1. Quais as razões que justiicam a existência do comércio internacio-
nal?
206
Relações econômicas internacionais
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
Gabarito
1. As razões que justiicam o comércio internacional são a desigualdade
predominante entre as nações no tocante aos vários fatores de produ-
ção, como reservas de recursos naturais, fatores climáticos, natureza e
distribuição de solos, disponibilidades estruturais de capital e traba-
lho, e diferenças nos estágios de desenvolvimento tecnológico.
207
Relações econômicas internacionais
208
Inlação e desemprego
Neste capítulo vamos falar sobre a inlação, seus efeitos sobre a economia
e os tipos de inlação existentes. Apresentaremos, também, o conceito de
desemprego e as relações existentes entre os fenômenos da inlação e do
desemprego.
211
Inlação e desemprego
Por outro lado, a teoria da inlação mais recente costuma ligar o estudo da
inlação ao mercado de trabalho. Em épocas de prosperidade, quando o pro-
duto efetivo é elevado, o nível de emprego costuma aumentar, e, portanto,
o desemprego costuma ser baixo, enquanto que, em épocas de desaqueci-
mento econômico, com a queda nas vendas, as empresas costumam demitir
seus empregados, o que leva a taxa de desemprego a crescer.
Conceito de inlação
O fenômeno macroeconômico denominado inlação pode ser deinido
como um processo persistente de aumento no nível geral de preços, o que
resulta em perda do poder aquisitivo da moeda.
Efeitos da inlação
Como dissemos acima, esse aumento generalizado nos preços causa
pesadas disfunções sobre a atividade econômica. A inlação tende a favore-
212
Inlação e desemprego
213
Inlação e desemprego
Tipos de inlação
A inlação, normalmente, pode resultar de fatores estruturais (inlação
de custos), monetários (inlação de demanda) ou de uma combinação de
fatores.
Inlação de demanda
A inlação de demanda diz respeito ao excesso de demanda agregada
em relação à produção disponível de bens e serviços (oferta agregada).
Ela pode ser entendida como “dinheiro demais à procura de poucos bens
disponíveis”.
214
Inlação e desemprego
controle de crédito;
arrocho salarial.
Inlação de custos
A inlação de custos, que tem como causa os fatores não monetários,
comparativamente à inlação de demanda, é bem mais simples de ser en-
tendida. Ela surge por decisão e ação dos agentes autônomos da economia,
sem intervenção do mecanismo de mercado, como ocorre na inlação com
características monetárias. Ela pode ser associada a uma inlação tipicamen-
te de oferta. O nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de
certos fatores de produção importantes aumentam.
215
Inlação e desemprego
dução das empresas. A exemplo do caso anterior, essa atitude criará uma
pressão altista de preços, fomentando a inlação.
Inlação inercial
Se, em uma economia, em um dado momento, os agentes econômicos
adaptam as suas expectativas a determinada taxa de inlação, a taxa espera-
da passa a ser denominada “taxa de inlação pela inércia”.
216
Inlação e desemprego
A visão monetarista
Os monetaristas explicam a causa da inlação pelo desequilíbrio da po-
lítica do governo de inanciar seus deicits no orçamento pela emissão de
papel-moeda.
217
Inlação e desemprego
218
Inlação e desemprego
Além disso, o Banco Central do Brasil deve, até o último dia de cada trimes-
tre civil, enviar Relatório de Inlação abordando o desempenho do regime
de “metas para a inlação”, os resultados das decisões passadas de política
monetária e a avaliação prospectiva da inlação.
219
Inlação e desemprego
de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza,
Salvador, Curitiba, Distrito Federal e Goiânia. O período de coleta dos preços
vai do primeiro ao último dia do mês de referência, e a divulgação ocorre
próxima ao dia 15 do mês posterior.
220
Inlação e desemprego
A questão do desemprego
Imagine que, após longos anos de árduos estudos, você inalmente consi-
ga se formar na faculdade. Agora, sim, você está pronto para dar início a uma
brilhante carreira. Mas será que existirão vagas na área em que você deseja
trabalhar? Será que pagarão bem pelos serviços de um recém-formado? Ou
será que a economia passa por uma fase recessiva, com desemprego acentu-
ado, e você será obrigado a aceitar um trabalho que, além de não lhe pagar
a remuneração dos seus sonhos, também não vai aproveitar seu preparo,
adquirido em incontáveis horas de aula e de estudo ao longo de anos?
221
Inlação e desemprego
O conceito de desemprego
Para se entender a questão do desemprego, é preciso, antes de mais
nada, conceituar o que se entende por mercado de trabalho e por força de
trabalho.
222
Inlação e desemprego
Taxa de desemprego
É o percentual de pessoas desocupadas (desempregadas) na semana de
referência da pesquisa, com procura de trabalho no período de referência de
30 dias, em relação à população economicamente ativa. A taxa de desem-
prego mostra a falta de capacidade da economia em fornecer emprego para
todas as pessoas que desejam trabalhar.
População Desocupada
Td = x 100
PEA (Força de Trabalho)
ou
População Desocupada
Td = x 100
População Ocupada + População Desocupada
223
Inlação e desemprego
Tipos de desemprego
O desemprego é classiicado em várias categorias conforme suas causas.
Desemprego estrutural
Também conhecido como desemprego tecnológico, o desemprego es-
trutural decorre de mudanças estruturais na economia, tais como mudanças
na tecnologia de produção (aumento da mecanização e automação) ou nos
padrões de demanda dos consumidores (tornando obsoletas certas indús-
trias e proissões e fazendo surgir outras novas).
Desemprego sazonal
O desemprego sazonal ocorre em função da sazonalidade de determina-
dos tipos de atividade econômica, tais como a agricultura e o turismo, e que
224
Inlação e desemprego
Desemprego cíclico
O desemprego cíclico é assim denominado porque ocorre na fase de re-
cessão do ciclo econômico. Ele é causado por uma deiciência nos gastos
totais da economia (consumo, investimento e gastos governamentais). A de-
manda por bens e serviços diminui, reduzindo a produção e aumentando o
desemprego. É também denominado desemprego involuntário.
225
Inlação e desemprego
Não se sabe com clareza quais teriam sido as motivações de Ford. Ele pró-
prio apresentou razões demais para que saibamos com exatidão em quais ele
de fato acreditava. A razão não foi a de que a empresa tivesse diiculdade para
encontrar operários pelo salário anterior. Mas a Ford tinha realmente diicul-
dade para reter seus empregados. Havia uma alta taxa de rotatividade, bem
como grande insatisfação entre os trabalhadores.
226
Inlação e desemprego
Atividades de aplicação
1. Explique que efeito a inlação acarreta sobre pessoas que tenham ren-
da ixa.
227
Inlação e desemprego
Referências
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
Gabarito
1. Para as pessoas que possuem renda ixa a inlação provoca redução do
poder aquisitivo, o poder de compra é corroído pelo aumento de pre-
ços, pois a renda permanece constante e o preço dos bens e serviços
aumenta, com isso compra-se menos do que no período inicial.
228
Inlação e desemprego
229
Crescimento e desenvolvimento
econômico
Crescimento econômico
É certo que o crescimento econômico não se processa simplesmente pelo
aumento do PNB. Muitas vezes, todo um conjunto de fatores é fundamental
para que uma economia obtenha resultados positivos. Essas mudanças de
cunho quantitativo, nos níveis do produto, podem estar associadas ao esto-
que de capital, à força de trabalho e ao próprio período de tempo.
Entretanto, nos dias de hoje, sabemos que não bastam apenas essas va-
riáveis para explicar o fenômeno do crescimento. A elas pode-se associar a
questão da melhoria na qualidade de mão de obra (obtida pela melhoria
nos níveis educacionais, de treinamento e de especialização), na melhoria
tecnológica (por meio do aumento da eiciência na utilização do estoque de
capital) e na eiciência organizacional (maximização na utilização dos recur-
sos disponíveis).
231
Crescimento e desenvolvimento econômico
Crescimento populacional
Quando abordamos a questão do crescimento populacional, não estamos
apenas nos referindo a uma medida meramente quantitativa, pois a ela está
associada a inluência da estrutura social dessa economia. Se nos concen-
trarmos apenas no conceito estrito de crescimento populacional, estamos
falando em um dos mais importantes, se não o mais importante, fator de
produção disponível dentro de uma economia. Assim, um eventual aumento
no contingente populacional implica no deslocamento positivo da curva de
possibilidades de produção da sociedade.
Acumulação de capital
Outro elemento importante para que uma economia possa crescer é a
existência de outros fatores de produção, além do fator mão de obra. Há a
necessidade de que existam máquinas, equipamentos, instrumentos, edii-
cações, que no seu agregado são classiicados como estoques de capitais.
232
Crescimento e desenvolvimento econômico
Progresso tecnológico
Ao conceito tradicional de fatores de produção podemos incorporar um
novo elemento denominado conhecimento, ou tecnologia. A tecnologia,
incorporada aos fatores de produção, é que permitiu a transformação dos
processos e técnicas de produção tradicionais.
Desenvolvimento econômico
O desenvolvimento econômico implica, além do aumento na quantidade
de bens e serviços produzidos por uma economia, em determinado período
de tempo e em termos per capita, em mudanças de caráter qualitativo. Por
essa razão, o desenvolvimento econômico não deve ser analisado tomando-
-se por base indicadores como o crescimento do produto global, o cresci-
mento do produto per capita, e sim outros indicadores que relitam mudan-
ças na qualidade de vida da população de uma economia.
233
Crescimento e desenvolvimento econômico
234
Crescimento e desenvolvimento econômico
distribuição da renda;
condições sanitárias;
235
Crescimento e desenvolvimento econômico
Esse capital estrangeiro pode ser classiicado como direto – quando é uti-
lizado para a criação de novas empresas ou para a participação societária em
outras empresas já existentes – e indireto – quando se dirige a um país sob a
forma de empréstimos e inanciamentos de longo prazo.
236
Crescimento e desenvolvimento econômico
Indicadores tradicionais
O grau de desenvolvimento de uma nação é percebido pela análise de
certos indicadores que se relacionam em termos de estrutura da socieda-
de. Esses indicadores, segundo Nogami (2000), compreendem três gran-
des grupos cujos conceitos seguem as deinições estabelecidas pelo Banco
Mundial:
vitais;
econômicos;
sociais.
Indicadores vitais
Esperança de vida ao nascer – indica o número de anos que um recém-
-nascido viveria, considerando-se os padrões de mortalidade vigentes
à época do seu nascimento.
Indicadores econômicos
Estruturais – ou de infraestrutura, relacionam-se ao conjunto de ele-
mentos que formam a base econômica da sociedade. Entre eles po-
demos citar: força de trabalho, recursos naturais, capital, estrutura de
produção, estrutura de distribuição da renda.
237
Crescimento e desenvolvimento econômico
Indicadores sociais
Estrutura social – interação entre indivíduos, grupos e classes sociais,
e o conjunto de normas, valores e padrões de comportamento que
regem estas relações.
Novos indicadores
A preocupação crescente com a defesa dos direitos humanos e a cons-
cientização cada vez maior da importância do homem dentro do contexto
econômico tornaram possível o surgimento de formas mais elaboradas para
se medir o grau de desenvolvimento.
238
Crescimento e desenvolvimento econômico
239
Crescimento e desenvolvimento econômico
Joseph Schumpeter
(PARKIN, 2003, p. 248-249)
Tópicos fundamentais
Mudança tecnológica, acumulação de capital e crescimento de população:
tudo isso interage para produzir crescimento econômico. Mas o que é causa e
o que é efeito? Podemos esperar que a produtividade e a renda pessoal con-
tinuem crescendo?
240
Crescimento e desenvolvimento econômico
Na época
Em 1830, um lavrador forte e experiente era capaz de colher três acres de
trigo por dia. O único capital empregado era uma foice para cortar o trigo – e
um cesto no qual os talos eram postos (inventado por fazendeiros lamengos
no século XV). Com a invenção de arados e rastelos puxados por cavalo, os fa-
zendeiros passaram a plantar mais trigo do que podiam colher. Mas, apesar dos
grandes esforços, ninguém ainda tinha conseguido fazer uma máquina capaz
de produzir o balanço de uma foice. Então, em 1831, Cyrus McCormick, um
241
Crescimento e desenvolvimento econômico
rapaz de 22 anos, construiu uma máquina que deu certo: dispensava o traba-
lho do cavalo e, em questão de horas, fazia o mesmo que três homens durante
todo um dia. A mudança tecnológica aumentou a produtividade em fazendas e
trouxe crescimento econômico. Tal crescimento de produtividade mostrou que
os economistas clássicos – que acreditavam que os rendimentos decrescentes
reconduziam sempre as pessoas a um nível de subsistência – estavam errados?
Atualmente
As tecnologias atuais estão ampliando nossos horizontes além dos con-
ins de nosso planeta e abrindo nossa mente; satélites de geossincronismo
trazem imagem global, voz e comunicação de dados e previsões meteorológi-
cas mais precisas, o que, incidentemente, aumenta a produtividade agrícola.
Num futuro previsível, poderemos ter supercondutores que revolucionem o
uso da energia elétrica, parques temáticos e instalações de treinamento de
realidade virtual, carros movidos a hidrogênio – totalmente não poluentes –,
relógio de pulso com telefone e computadores ópticos com os quais podere-
mos falar. Equipados com essas novas tecnologias, nossas habilidades para
criar outras tecnologias aumentam. A mudança tecnológica gera mudança
tecnológica em um (aparente) processo interminável e sempre implica mais
produtividade e rendas mais altas.
Atividades de aplicação
1. O que se entende por crescimento econômico?
242
Crescimento e desenvolvimento econômico
Referências
NOGAMI, Otto. O Crescimento Econômico do Brasil (1808-1945): a contribui-
ção do capital estrangeiro. Dissertação de Mestrado – Universidade Presbiteriana
Mackenzie. São Paulo, 2000.
Gabarito
1. É o processo de crescimento do PNB per capita, em função da melhoria
no padrão de vida da sociedade e pelas alterações essenciais que pos-
sam ocorrer na estrutura da atividade econômica.
243
Crescimento e desenvolvimento econômico
244
Anotações
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