Apostila Arte Cultura Visua e Educação
Apostila Arte Cultura Visua e Educação
Apostila Arte Cultura Visua e Educação
GUARULHOS - SP
SUMÁRIO
7.4 Expressionismo................................................................................................. 50
8 MODERNISMO ..................................................................................................... 53
8.1 Geração de 1930 .............................................................................................. 54
12 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 71
1 SOCIOLOGIA DA ARTE
A estratificação social;
A estrutura de classe;
As formas de dominação;
A organização política;
Os fenômenos de mudança social e cultura;
A ideologia das classes dominantes e dominadas.
3
mudaram com as transformações da sociedade (da feudal à burguesa, da burguesa à
socialista, ou da rural à industrial, da tradicional à moderna).
Fonte: www.educamundo.com.br
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c) e, sobretudo, uma inesgotável ambiguidade do ponto de vista genético,
semântico e pragmático
5
invariáveis ou coloque entre parênteses, todas as outras – como, de fato, ocorreu na
história da Sociologia da Arte.
Fonte: superprof.com.br
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Se nos referirmos, por outro lado, à produção econômica da obra de arte, a
pesquisa se concentrará nos processos mediante os quais os administradores de
galerias, os editores, os marchand, os críticos, os diretores de museus e
colecionadores – e, só depois, os artistas – “valorizam” propositalmente, com sua
atividade, certos objetos ou textos, independentemente (ou quase) do fato de eles
possuírem ou não qualidades artísticas (o que, nessa perspectiva, se torna
irrelevante), fazendo das obras de arte mercadorias que, através de contínuas adições
de valor, são vendidas, acumuladas, trocadas por outras, tal como qualquer
mercadoria (Poli 1975).
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Segundo a interpretação marxista mais difundida (Lukács), a representação só
será plenamente bem-sucedida se for “realista” (isto é, se captar ao mesmo tempo a
essência e a aparência da vida), mas é com frequência deformada em sentido
naturalista (representação dos aspectos superficiais da vida) ou idealista (busca da
essência abstrata da aparência). Nessa corrente, vista no seu conjunto, o símbolo
apresenta-se bipartido. O que a arte “reflete”, expressa ou conhece (o representado
de que a obra é representação na superfície ou na essência, ou a unidade de essência
e fenômeno, para ficarmos com a interpretação de Lukács) é, para alguns, sobretudo
uma estrutura social (normalmente, uma estrutura de classe ou a posição de uma
classe em ascensão ou em declínio dentro dela), ao passo que, para outros, é,
sobretudo, a cultura de uma sociedade ou de uma parte dela.
A Sociologia da Arte ligada à Teoria Crítica da sociedade, sobretudo na obra
de Adorno, liga a arte moderna e contemporânea não a estruturas objetivamente
descritas da sociedade burguesa, mas à cultura dessa sociedade, distinguindo nela
um epítome pontual e obsequioso desta. Por outro ângulo ideológico, o mesmo pode
dizer-se das muitas sociologias da arte derivadas da “história da cultura”, cujos
ensaios mais conhecidos foram fornecidos pela obra de Alfred Weber, na Europa, e,
nos Estados Unidos, pela obra do sociólogo de origem russa P.A. Sorokin (1937).
Nelas, a arte nada mais é que o fragmento de um fluxo ondulatório, não progressivo,
mas cíclico, que atrai, segundo leis próprias, todos os elementos da cultura de uma
época, imprimindo neles uma marca e um significado unitários – o que permite,
justamente, que se salte de uma simples obra para o “espírito de uma época”.
A acentuação sociológica da dimensão semântica da arte, da correspondência
entre a obra e a sociedade e/ou a cultura, reduz ao mínimo o papel original do artista.
Nas interpretações mais grosseiras, parece que é a “sociedade” ou a “cultura”, não o
artista como indivíduo real, que pinta, escreve, compõe. A objeção a semelhantes
reduções do fenômeno artístico é análoga àquela que é preciso propor contra a
“explicação” psicanalítica da arte: a afirmação da burguesia financeira sob a
Monarquia de julho “explica” tão pouco a Comédie humaine de Balzac quanto a
neurose de Proust explica a Recherche – embora seja certo que nem a Comédie teria
sido escrita daquele modo e naquela época sem o advento da burguesia financeira,
nem a Recherche sem a neurose do autor. Mas o limite maior dessa proposição do
problema de uma Sociologia da Arte, que termina por emergir também em suas
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variantes mais sofisticadas, é a concepção, nela implícita, da obra de arte como
sistema de sinais fechado, seja em relação ao passado, à tradição artística, às
técnicas de concepção e execução, seja em relação àquele que dela desfruta.
O peso que, na determinação da estrutura sintática da obra, exerce a tradição
do mesmo gênero artístico desenvolvido dentro da mesma sociedade, ou em outras,
ou de outros gêneros, é quase que ignorado, junto com a evolução das técnicas e dos
instrumentos que também permitem, sugerem ou impõem a exploração de novos
espaços plásticos ou psicológicos ou sonoros. Assim a diferença entre a música
contemporânea e aquela anterior a Schoenberg é relacionada somente ao capitalismo
em crise ou à fase extrema do imperialismo, e não também à maneira como a reflexão
sobre a tradição musical e o uso dos meios da eletrônica revelaram novas vias para a
imaginação musical. O sujeito que desfruta da obra de arte é reduzido a uma posição
igualmente heteronômica, posto que ele não tem outra possibilidade senão a de
compreender o “significado real” da obra, aquilo de que ela é representação. A
criatividade do objeto percebido, o fato de que todo apreciador ou geração
socioanagráfica ou cultural reinventa continuamente o significado de cada obra,
pondo-o em relação com outros sistemas contingentes de sinais – com isso
inventando, literalmente, fora de qualquer obra, seu texto irrepetível -, são pontos que
ficam marginalizados.
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(AA.VV. 1973); no teatro-documento de Peter Weiss e de Rolf Hochuthy e, sob certos
aspectos, no de Brecht; na discussão sobre a arte como crítica da sociedade,
exemplificada nos romances de Günter Grass e Heirich Böll.
Uma questão continuamente proposta pela literatura especializada é: por que
deveria ser cultivada a Sociologia da Arte? As respostas diferem, dependendo de se
tomam como referência primária a arte ou a sociedade. No primeiro caso, a Sociologia
da Arte é justificada pela contribuição que pode oferecer à compreensão dos múltiplos
aspectos do fenômeno artístico, à análise da influência da arte sobre vários setores e
componentes da sociedade, à elaboração de uma educação artística eficaz, à política
dos governos em relação à arte.
Fonte: portugues.com.br
No segundo caso, ela é justificada pela contribuição que poderia dar à solução
de problemas especificamente sociológicos, como a compreensão dos processos de
comunicação, da natureza e dos pressupostos da interação social, da formação e
manutenção dos vários tipos de coletividade, dos processos de mudança social
(Barnett 1959). Se se assume que o artista tem a sensibilidade e a capacidade de
expressão especialmente treinadas, o estudo das obras de arte pode oferecer ainda
indicações, com antecipação notável, sobre as direções que uma mudança social virá
a tomar.
Os pontos de maior interesse da relação arte/sociedade são:
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O artista: Entende-se por “artista” não apenas os produtores originais, como o
compositor ou o romancista, mas também os reprodutores, como o maestro, o
pianista, a dançarina etc. O nível e o estilo de vida de grupos ou tipos ou categorias
de artistas, o papel a eles reservado, as associações que formam, sua relação de
dependência-independência em relação aos promotores, aos adquirentes, aos
críticos, ao Estado, a sua subcultura, são aspectos fundamentais para a consideração
sociológica do fenômeno artístico. Eles estão, além disso, estreitamente ligados à
problemática dos intelectuais.
O mercado: Diz-se que Beethoven foi um dos primeiros a exigir um justo preço
para as suas obras, opondo-se à prática universal do mecenato (o artista sendo
mantido pelo príncipe, no melhor dos casos, como maestro de capela ou poeta ou
pintor da corte, em troca do monopólio sobre sua produção). A venda de serviços
artísticos por dinheiro era, no entanto, uma prática corrente desde a Renascença; uma
loja como a de Verrocchio ou de Perugino era uma verdadeira oficina de produção de
“objetos” artísticos, com pessoal especializado em operações diferentes e dezenas de
clientes dispostos a pagar. Todavia, não se pode falar propriamente em mercado de
arte quando a obra é vendida e comprada apenas por um nobre. Só quando começa
a difundir-se o costume de revendê-la, junto com o hábito de produzir obras
independentemente do pedido do promotor ou do consumidor final é que se pode fazê-
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lo. Tal desenvolvimento verificou-se sobretudo a partir da segunda metade do século
XIX, até alcançar em nossos dias, especialmente nas sociedades capitalistas, a forma
de sistema complexo de “produção” e consumo da obra de arte, ativado por centros
institucionais como as galerias, os editores, as revistas, os catálogos, as exposições
etc.
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A escola e a arte: A orientação e a extensão da educação artística nas escolas
médias e superiores, a difusão e as características da educação artística junto às
classes dominantes, médias e subalternas, a organização social das academias de
artes plásticas, dos conservatórios, dos institutos de arte dramática, das escolas de
dança, o ensino da História da Arte nas universidades, estão em relação de
interdependência com as ideologias de governo e de oposição, com a estratégia
política das duas partes, com as respectivas relações de força.
Fonte: empilhandopalavras.blogspot.com
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tempo – sobretudo nos países em que chegou ao poder – para subverte-las a seu
próprio favor, em nome de uma noção própria de uso político da arte.
A arte popular: Ao lado da arte produzida pelas ou para as classes cultas, existe
desde sempre uma arte que circulava, em sua maior parte, no seio das classes
historicamente consideradas não-cultas. Nos materiais artísticos produzidos por essas
classes – os quais, em geral, estão em contato com a arte das elites, influenciam-na
e por elas são recebidos, como no caso da pintura na segunda metade do século XX
– a pesquisa sociológica busca os sinais da sua condição humana, da forma particular
de criatividade que as distingue, os elementos de uma cultura oposta à dominante, ou
dos modos como esta é vivida e remodelada pelas exigências da alteridade
subalterna.
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Durante a Idade Média, sob o impulso e o controle da Igreja, a arte desenvolveu
principalmente a dupla função justificadora e didascálica: justificava o domínio
temporal e espiritual da religião e ilustrava, para massas em geral analfabetas, os
episódios marcantes de sua história, os dogmas fundamentais, os heróis. Função
análoga será desenvolvida pela arte, não mais a favor da religião, mas da doutrina
política, depois do advento dos regimes socialistas em países com ampla população
rural, como na Rússia e na China. Nas sociedades europeias, como nas orientais, a
aristocracia sempre exigiu da arte a função de legitimação e confirmação da ordem
social existente, bem como a sublimação das hierarquias. A burguesia em ascensão
quis que a arte exprimisse o seu novo status, o poder e a riqueza conquistados com
o desenvolvimento do capitalismo, os quais agora demandavam, em confronto com
as ordens tradicionais, a sanção do próprio prestígio. Em conflito com a burguesia, os
movimentos sociais emergentes das classes operárias e camponesas, e os artistas
que neles se reconhecem, exigiam da arte, ao contrário, uma função crítica de
denúncia e “desmascaramento” dos seus poderes políticos e ideológicos. Também
nesse caso, função semelhante foi exigida da arte pelos primeiros embriões de
oposição intelectual, nas sociedades socialistas, contra a “nova classe” dominante.
Fonte: s.dicio.com.br
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A mais comum das funções latentes imputáveis à arte é a de integração,
através da difusão e do reforço de emoções, crenças, valores afetivos e morais. O
problema é que a integração pode servir não só para reforçar a classe dominante,
mas também para fortalecer as forças de oposição. São, pois, possíveis vários casos:
2 HISTÓRIA DA ARTE
Não se pode afirmar que existe uma única história, seja ela no campo que for,
e é assim com a história da arte. Na presente unidade, serão apresentados alguns
dos principais historiadores das artes, assim como sua origem e alguns pontos
polêmicos. A fonte de consulta foi o “Preâmbulo” de Argan, que faz parte do livro
intitulado Guia de História da Arte e que conta com um “Guia Bibliográfico”, organizado
O autor faz uma distinção entre a história da arte, a crítica de arte e a estética.
Embora as artes plásticas e as artes aplicadas tenham s ido desde as origens uma
forma de expressão, a escrita de sua história é recente. Seus primeiros passos datam
da Idade Moderna. A estética trata das teorias da produção artística. Aristóteles
escreveu sobre estética, a crítica, mais recente, é uma forma de avaliação das artes.
Argan dá uma explicação bastante elucidativa:
O Brasil teve, e ainda tem, excelentes críticos de arte. Mário de Andrade e Mário
Pedrosa ainda são alguns dos mais conceituados e respeitados em todo o século XX.
Monteiro Lobato, além de escritor e pioneiro na indústria editorial no país, também foi
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um crítico respeitado. No presente, Jorge Coli escreve regularmente em jornais de
circulação nacional.
Fonte: 4.bp.blogspot.com
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Quais são, então, as fontes para a escrita da história da arte? Os documentos
e registros são inúmeros. Mas o principal fato documental está nas obras, em si. Por
exemplo, Piranesi não foi um historiador, mas suas gravuras (fig.2) retratam a situação
em que se encontravam as obras romanas em sua época. Mais do que obras de arte,
são por si mesmos documentos de seu olhar sobre a arte de Roma.
Os fatos ou documentos da história das artes estão nas coleções, nos acervos,
nos resultados dos trabalhos dos arqueólogos, antropólogos, etnólogos, críticos de
arte e outros profissionais.
Dentro dessas categorias ou entre elas, existem algumas que formam novos
temas derivados de períodos de tempo e de localização geográfica.
Exemplos:
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No entanto:
• Heinrich Wölfflin, historiador alemão, quebrou esse status com seus escritos
Renascimento e Barroco (1888) e Arte Clássica (1903).
• www.snoopy.com
• www.schulzmuseum.org
• http://mafalda.dreamers.com
• http://www.danielazulay.com.br/daniel/index.htm
21
Fonte: d3swacfcujrr1g.cloudfront.net
(Fig. 1) A criação, Anfiteatro Bolívar, Escola Nacional Preparatória, Cidade do México, México.
Diego RIVERA, 1922-3. (Fonte: ADES, 1989, p. 155, fig. 7.6.)
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3.2 As ilustrações dos livros didáticos oficiais
3 Texto adaptado:https://www2.cead.ufv.br/serieconhecimento/wp-
content/uploads/2015/05/temas-historia-arte.pdf
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4 ARTE É COMUNICAÇÃO
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Desde a Pré-História o homem mostrava sua necessidade de comunicar-se
através de outras linguagens. Antes mesmo de falar ou escrever, ele dançava e
desenhava; por isso, podemos afirmar que a primeira linguagem com a qual o homem
se comunicou foi a Linguagem Artística.
Você já observou, que a todo instante, nossa atenção é atraída por alguma
imagem?
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São as mais modernas e contemporâneas formas artísticas de comunicação
visual. Servimo-nos de vários recursos para passar a nossa mensagem e tudo o que
foi citado faz parte da arte de Comunicação – Expressão.
Buscando mostrar o que via, pensava, sentia, conhecia e imaginava o artista,
desde a Antiguidade, comunicava-se através das suas obras, das mais variadas
formas. E nos vários momentos históricos e nos fatos importantes ocorridos no mundo,
o artista inovava a comunicação visual, dando-lhe características, tendências e corpo
de obra de arte.
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29
Mas o importante é que você perceba que cada artista, na sua época e da sua
maneira, criou imagens cheias de significado e simbolismo. Como diz Ernest Fischer:
“O homem é por princípio um mágico, e como mágico transforma o mundo”.
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Usando a madeira, o osso, o barro, a pedra ou o metal, o homem faz estátuas
e esculturas, modela formas, cria imagens, como num passe de mágica. Com o lápis
e pincel, ele desenha e pinta imagens que sua mente criativa elabora e sua pessoa
vive. Ele transforma em obras a comunicação do seu pensamento elaborado e
reproduzido, não somente pela palavra ou pela escrita, mas pela forma com a qual ele
melhor se identifica e o torna feliz, que é a obra de arte, ou seja, a sua Composição
Visual4.
Fonte: comunidadeculturaearte.com
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Tudo isso é comunicação. Um valiosíssimo meio de comunicação. Tudo isso é
uma forma mais ou menos discreta de fazer passar a mensagem que o criador
pretende. Também este é um orador, embora recorrendo ao símbolo da imagem na
arte da sua retorica. A visão é despertada, assim como uma vontade visceral de dar
uso ao tato. Embora nem sempre seja possível este toque, a emoção promovida por
ambas as partes da criação artística engole por completo a vontade de sentir com a
ponta dos dedos e a palma das mãos. O coração sente-se realizado. Quando isto
acontece, pouco mais pode ser exigido. É desfrutar de uma mensagem que é enviada
num certo dia e que chega sem destino, muitas vezes de surpresa. Uma comunicação
que fica e que ruma ao conforto do eterno5.
Esse projeto filosófico de uma educação estética carrega pelo menos duas
contradições: primeiramente, as condições objetivas, desde o século XVIII e até hoje,
simplesmente escarnecem de qualquer tentativa de uma educação dos sentidos e da
razão que permitam independência e liberdade e, além disso, a própria razão,
contraditoriamente, perverteu-se em ratio, em uma razão técnica pretensamente
objetiva, e envolve toda a sociedade em um esquema totalitário que educa a
sensibilidade numa espécie de anti-educação dos sentidos, isto é, uma educação que
prepara os homens para a heteronomia e para a subserviência na mesma medida em
que reforça a ideia de uma interioridade monadológica e de uma ação individual dos
sujeitos. Por outro lado, não é possível pressupor uma unidade harmônica entre os
interesses dos indivíduos e as realizações da sociedade por meio da educação
estética, tendo em vista a realidade material desenvolvida no mundo burguês. Não é
possível harmonizar nas ideias o que está cindido objetivamente. Mas talvez fosse
possível à arte contrapor-se ao mundo e gerar uma contradição, pelo menos no campo
das ‘ideias’, e relembrar uma felicidade que desconhecemos.
Entretanto, em nosso século, assistimos à perda da possibilidade da
sensibilidade estética se contrapor ao estado político e econômico existente. Este,
obra humana, histórica, ganha autonomia em relação aos homens, tornados objetos
da maquinaria que eles mesmos criaram e que sustentam a duras penas. A ciência, a
arte e a técnica participam desse processo histórico como motores da ‘dialética do
esclarecimento’, do processo de progressiva dominação da natureza e dos homens
que, em nossa época de formidável desenvolvimento tecnológico, praticamente
excluiu tudo o que não se encaixa na engrenagem, ao mesmo tempo em que se
multiplicam as possibilidades de algo melhor. A arte enquanto duplicação do existente
apontando algo melhor deixou de existir no âmbito da indústria cultural.
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A contribuição da esfera da ‘cultura’ (Kultur) para esse ‘desenvolvimento’ não é
desprezível. Marcuse (1997), referindo-se a um momento histórico específico,
descreve o processo denominando essa forma ideal de ‘cultura afirmativa’.
Primeiramente, por meio dela distingue-se o mundo do espírito (Geist) do mundo da
sensibilidade e da necessidade, sendo o primeiro uma esfera autônoma de valores,
universais e acessíveis a qualquer indivíduo a partir de sua interioridade. A realização
da cultura é a realização da personalidade e nesta tarefa encontra-se a felicidade
possível.
Mas o conteúdo de felicidade prometido é descolado da realidade material, é
uma felicidade ‘interior’, da ‘alma’ e, dessa forma, de fato, não somente a felicidade é
negada - pois as condições materiais para que ela se realize não estão presentes -
mas, além disso, justifica-se uma realidade de alienação e dominação. A cultura
afirmativa é ideologia, no sentido descrito por Adorno e Horkheimer (1978): “a
ideologia é justificação” (p.185). Como tal, tem também seu conteúdo de verdade.
Segundo Marcuse (1997), a cultura afirmativa: “Não contém só a legitimação da forma
vigente da existência, mas também a dor causada por seu estado; não só a
tranquilidade em face do que existe, mas também a recordação daquilo que poderia
existir” (p.99). O caráter contraditório da cultura e da técnica - que caminharam juntas
na evolução da sociedade - está ainda presente em nossa época, em que o caráter
afirmativo da cultura foi superado em favor de um modo de relação dos indivíduos
com os dados ‘culturais’ ainda mais perverso. Mas esse caráter contraditório encontra-
se suprimido face à utilização de ambos como instrumentos de dominação.
Fonte: uniriotec.br
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A crítica da cultura tem de ir além dela, e de fato alcança seu objeto observando
suas determinações na realidade material. Para essa tarefa, toma-se como base a
filosofia dialética, principalmente em sua vertente materialista – a teoria crítica da
sociedade. Mas, seria errôneo imaginar que, já no século XVIII, não houvesse quem
vislumbrasse os indícios dessa situação. Rousseau (1997) já apontava com precisão
um ponto fundamental:
O filósofo genebrino não para aí e, ao que parece, a leitura que faz de sua
época é aguda o suficiente para atingir a nossa: “Atualmente, quando buscas mais
sutis e um gosto mais fino reduziram a princípios a arte de agradar, reina entre nossos
costumes uma uniformidade desprezível e enganosa, e parece que todos os espíritos
se fundiram num mesmo molde” (p.192). A individualidade, entendida como
autonomia intelectual, flexibilidade, uso crítico da razão historicamente constituída,
desemboca na ‘pseudo-individualidade’, na máscara da individualidade pelo consumo
de mercadorias.
O adestramento dos sentidos para a incorporação dos indivíduos à maquinaria
do sistema faz uso da técnica e da ‘cultura’ para criar uma situação em que os
indivíduos se sentem felizes sem de fato sê-lo. Mas para aprofundar essa questão é
preciso uma pequena digressão.
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e traços de personalidade que lhe são adequados. Poder-se-ia falar, em um certo
sentido, que os indivíduos aderem às ideologias que emanam do modo de produção
capitalista em função justamente daqueles hábitos e capacidades que desenvolvem
em sua educação nessa sociedade e que correspondem às ideologias. Mas é preciso
analisar essa questão com mais detença para não dar azo a dúvidas.
Quando Marx e Engels (1989) tomam como objeto a ideologia, começam por
afirmar que os homens produzem sua existência coletivamente - um modo de vida -
ao produzirem os meios que permitem a existência da sociedade, isto é, “o que os
indivíduos são depende (...) das condições materiais de produção” (p.13). Inclusive o
campo das ideias pode ser incluído como uma produção das relações materiais entre
os homens: “A produção das ideias, das representações e da consciência está, a
princípio, direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos
homens” (p.20). A ideologia seria uma inversão dessa verdade fundamental: “... em
toda ideologia, os homens e suas relações nos aparecem de cabeça para baixo (...),
esse fenômeno decorre de seu processo de vida histórico” (p.21). Essas ideias,
portanto, em alguma medida dizem respeito à realidade material sem que, no entanto,
a realidade material se revele diretamente por meio delas.
Mas, como os homens poderiam produzir ideias que tivessem como origem sua
realidade material e que, ao mesmo tempo, refletissem essa realidade apenas
parcialmente? A resposta de Marx e Engels é que, a partir do momento em que,
historicamente, surge a divisão de trabalho como forma social dominante: “a
consciência está em condições de se emancipar do mundo e de passar à formação
da teoria ‘pura’, teologia, filosofia, moral etc” (p.27).
A outra consequência dessa divisão do trabalho é que o próprio processo de
trabalho ocorre como uma força objetiva contra a qual o sujeito nada pode. Ocorre
uma “... consolidação do nosso próprio produto pessoal em uma força objetiva que
nos domina, escapando ao nosso controle, contrariando nossas expectativas,
reduzindo a nada nossos cálculos” (p.29). O trabalho alienado, origem das
fantasmagorias que impedem a liberdade dos indivíduos, desdobra-se ainda no
‘fetichismo da mercadoria’. Segundo Marx (1988):
Fonte: s.dicio.com.br
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A formação cultural dos indivíduos é apresentada como um ideal a ser
alcançado: o de um estado interior de beleza, bondade e liberdade. Estas seriam
qualidades da alma, independentes da realidade material. Mas, segundo Marcuse
(1997): “A liberdade da alma foi utilizada para desculpar miséria, martírio e servidão.
Ela serviu para submeter ideologicamente a existência à economia do capitalismo”
(p.108). Além disso, embora fosse a alma irredutível, precisaria, no entanto, ser
educada, implicando uma tarefa educacional, formativa: o domínio dos sentidos e a
interiorização da fruição.
A consequência dessa interiorização e dessa ‘educação’ é que a promessa de
felicidade contida na obra de arte é sempre experimentada de modo fragmentado e
episódico, em meio à infelicidade objetiva, o que contamina o momento mesmo da
fruição. Mesmo que os indivíduos fossem capazes de usufruir a beleza da arte como
um elemento de felicidade, seu papel no mundo das mercadorias já destitui os
possíveis efeitos libertadores que pudesse ter e a felicidade usufruída em meio à
desgraça objetiva é engodo, ideologia. Em meio à infelicidade geral os lampejos de
felicidade proporcionados pela fruição artística estão confinados a meros instantes
que já contêm em si mesmos o amargor de sua efemeridade.
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As malhas do todo são atadas cada vez mais conforme o modelo do ato de
troca. Este permite à consciência individual cada vez menos espaço de
manobra, passa a formá-la de antemão, de um modo cada vez mais radical,
cortando-lhe a priori a possibilidade da diferença, que se degrada em mera
nuance no interior da homogeneidade da oferta. Simultaneamente, a
aparência de liberdade torna a reflexão sobre a própria não-liberdade
incomparavelmente mais difícil do que antes, quando esta estava em
contradição com uma não-liberdade manifesta, o que acaba reforçando a
dependência (p.9-10).
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cultura, por seu próprio conceito, está mergulhada na ‘civilização’, e não se pode
compreendê-la como tendo um sentido em si; em nossa época isso significa que
aquilo que é cultura é também administração técnica, parte do aparato produtivo
industrial, voltada para o controle dos indivíduos. Se na sociedade não é possível
objetivamente a liberdade, a beleza e a felicidade, a cultura afirmativa, enquanto
promessa de liberdade, beleza e felicidade, inevitavelmente estava em contradição
com relação a seu conceito; mas hoje é difícil falar em um conceito de cultura sem a
intervenção da crítica à sociedade. Ao contrário do que parece, o amplo acesso à
‘cultura’ funciona como ante esclarecimento; os não esclarecidos acreditam estar
amplamente esclarecidos, e além disso, identificam sua ‘personalidade’ à escolha das
mercadorias oferecidas e, nesta mesma medida, sucumbem à ideologia.
Fonte: amar.art.br
41
antecipar a imitação dela mesma pelo expectador e de fazer aparecer como
já subsistente o assentimento que ela pretende suscitar (p.176).
Divertir-se significa estar de acordo (...) divertir significa sempre não ter que
pensar nisso, esquecer o sofrimento até mesmo onde ele é mostrado (...) A
liberação prometida pela diversão é a liberação do pensamento como
negação (p.135).
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Mas, novamente, temos um tema que precisa ser pensado mais
cuidadosamente, pelo menos por dois motivos: primeiramente, o conceito de indústria
cultural tem sido comumente utilizado de modo impróprio, seja porque é tomado
separadamente do contexto em que foi inicialmente pensado - o contexto da ‘dialética
do esclarecimento’ - seja porque se tiram conclusões apressadas e impróprias. No
primeiro caso, toma-se a cultura como algo ‘em si’, descolada das bases materiais
que são a fonte da produção cultural; no segundo, paralisa-se a criticidade do conceito
imaginando que, uma vez fechadas as saídas para algo melhor que o existente, não
há mais possibilidade de algo melhor. Em segundo lugar, o conceito precisa ser
relacionado a outro elemento da produção filosófica de Adorno: sua Teoria Estética,
articulando arte e técnica no desenvolvimento da cultura e desvelando as
possibilidades estéticas de crítica à sociedade6.
Fonte: static.todamateria.com.br
45
Fonte: static.todamateria.com.br
7.1 Fauvismo
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Participaram do movimento fauvista os pintores: Henri Matisse, Maurice de
Vlaminck, André Derain e Othon Friesz; principais responsáveis pelo gosto do uso de
cores puras, presentes no cotidiano atual, em objetos e peças de vestuário.
O principal representante do movimento Fauvista foi Henri Matisse, que tinha
por característica a despreocupação com o realismo, onde as coisas representadas
eram menos importantes do que a forma de as representar. Por exemplo, “Natureza
morta com peixes vermelhos”, pintado em 1911, quando se observa que o importante
são as cores puras e estendidas em grandes campos, essenciais para a organização
da composição.
7.2 Cubismo
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Na literatura: No que se refere ao campo das artes literárias, instaura-se uma
fragmentação da realidade por meio da linguagem, retratada pelo uso de palavras
onde as mesmas são dispostas de maneira simultânea no intento de formar uma
imagem. Entre os principais escritores figuram-se Apollinaire e Cendras.
7.3 Futurismo
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Apresentava um novo tipo de beleza, baseado na velocidade e na elevação da
violência.
O slogan do primeiro manifesto futurista de 1909 era “Liberdade para as
palavras”, e considerava o design tipográfico da época, especialmente em jornais e
propaganda. A diferença entre arte e design passa a ser abandonada e a propaganda
é escolhida como forma de comunicação.
O novo é uma característica tão forte do movimento, que este chegou a
defender a destruição de museus e de cidades antigas. Considerava a guerra como
forma de higienizar o mundo.
O futurismo desenvolveu-se em todas as artes, influenciando vários artistas que
posteriormente instituíram outros movimentos modernistas. Repercutiu principalmente
na França e na Itália, onde vários artistas, entre eles Marinetti, se identificaram com o
fascismo.
O futurismo enfraqueceu após a Primeira Guerra Mundial, mas seu espírito
rumoroso e inquieto refletiu no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna e no
design gráfico pós-moderno.
A pintura futurista recebeu influência do cubismo e do abstracionismo, mas
utilizava-se de cores vivas e contrastes e a sobreposição das imagens com a
pretensão de dar a ideia de dinamismo.
Na literatura: As principais manifestações ocorreram na poesia italiana, que se
dedicava às causas políticas. A linguagem é espontânea e as frases são
fragmentadas para exprimir a ideia de velocidade.
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7.4 Expressionismo
7.5 Dadaísmo
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conhecido em toda a Europa, obtendo a adesão de artistas como Marcel Duchamp,
ou Francis Picabia.
51
7.6 Surrealismo
52
Em algumas obras surrealistas pode-se ver influências do dadaísmo, do
cubismo, do abstracionismo e do expressionismo, que eram movimentos artísticos
contemporâneos. A diferença básica em relação a esses movimentos está nas figuras
representadas. O surrealismo prefere imagens de um universo onírico, isto é, o mundo
dos sonhos e à imaginação7.
8 MODERNISMO
54
Desse período, destacam-se:
56
foram em sua defesa, já que esta recebeu duras críticas da imprensa do país que se
mostrou chocada com a nova estética que se apresentava.
A reunião destes jovens intelectuais ganharia ainda mais força, quando a este
grupo uniram-se o pintor Emiliano Di Cavalcanti e o escultor Victor Brecheret. Estes
três artistas Anita, Victor e Di podem ser considerados a trinca estimuladora de
renovação das artes1 no Brasil, aqueles que alavancariam o movimento modernista.
A arte feita no Brasil até então, era apenas uma repetição vazia e copiada do
modelo europeucolonizador, e já não satisfazia os jovens artistas que estavam
surgindo. Estes, mesmo que em sua maioria voltando do velho continente atônitos e
inspirados pelo novo discurso estético por lá criado, sentiam-se incomodados com a
artificialidade da arte nacional.
E se faltava brasilidade na arte brasileira, este foi o impulso inicial para os
modernistas lançarem à terra suas sementes cujos frutos colhemos até os dias de
hoje. Começaram, pois, uma série de questionamentos: como construir uma
identidade nacional para o país através da arte? Como identificá-la com o povo que
vive aqui?
Todo o processo de busca, desenvolvimento e consolidação estética destas
respostas acabou culminando no evento mais célebre deste movimento artístico que
se iniciava no Brasil.
57
9.1 A estética na Semana
58
chocar a partir da quebra de princípios e técnicas acadêmicas, e passou a levar o
povo brasileiro para dentro das telas.
Nesse momento, talvez o mais rico e mais representativo do modernismo
brasileiro, que já se apresenta em sua segunda fase, o Brasil começou a ser retratado
com uma intensidade que não se havia visto antes. As cenas parnasianas e europeias,
o classicismo de outrora, deu lugar a cenários e figuras genuinamente brasileiros:
negros, mulatos, pescadores, carnavais passaram a ser temas das pinturas de Di,
Anita, Tarsila e muitos outros.
Se antes os contrastes de cor nas telas modernistas eram chocantes, mas
ainda um pouco velados, Tarsila quebra essa característica quando volta para o Brasil,
e descobre em Minas Gerais as cores que sempre quis usar em seus quadros, foi
então que as cores vibrantes começaram a se tornar marca registrada da artista e do
Brasil. O azul puríssimo, a rosa violácea, o amarelo vivo e o verde cantante, todos
juntos na mesma tela, mostrando o que havia de mais brasileiro no Brasil: seus
cenários e sua gente.
59
A segunda fase do modernismo no Brasil foi sem dúvidas a mais rica no sentido
de criar e questionar a brasilidade. Nesse momento o modernismo passou a
influenciar não só a estética do país, alcançando outros setores.
Entre os anos de 1924 e 1945, o pensamento modernista se entranhou na
sociedade começando a influenciar até mesmo a política. Assim como na Europa, o
modernismo no Brasil não era um movimento unificado. Se o objetivo era o mesmo,
os caminhos que levavam a ele eram diferentes.
Foi assim que surgiram duas “escolas de pensamento” dentro do modernismo:
o Movimento do Verde-Amarelo (posteriormente Grupo da Anta) e o Movimento Pau-
Brasil (posteriormente, Movimento Antropofágico).
O primeiro foi uma resposta ao Movimento Pau-Brasil e surgiu em 1926,
formado por Plínio Salgado, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia e Cassiano
Ricardo. Sua proposta era a criação de um nacionalismo ufanista e primitivista. Eles
acreditavam que os únicos mais próximos da brasilidade eram os índios, já que estes
eram os únicos que já viviam aqui antes do país ser descoberto. Dentro do campo
político fundaram em 1932 o integralismo, movimento de extrema direita com afeições
ao movimento fascista.
O segundo, mais importante para esta pesquisa, surgiu com o manifesto
homônimo escrito por Oswald de Andrade em 1924, e propunha uma literatura
vinculada à realidade brasileira, deixando de lado a erudição e todos os arcaísmos
comuns à época, passando a uma escrita mais próxima do “português falado”:
60
legitimamente brasileira. Em oposição aos ideais, inclusive políticos, de Plínio e
companhia, tinham afinidades com comunismo9.
62
ampliação de seus limites. Os objetos assumem a dimensão social e política e podem
tornar-se um instrumento eficaz para a transformação social. O autor afirma que a
partir do momento em que é produzida para a massa, a arte deixa de fundar-se no
ritual e passa a fundar-se na política (p.171-172).
Segundo Benjamin, o filme é uma criação da coletividade. O cinema já é
concebido e pensado para a massa e não pode ser consumido por apenas um
indivíduo. É preciso compensar o investimento da sua produção que envolve uma
série de profissionais, materiais e equipamentos bastante sofisticados e de alto custo.
Faz-se necessário centenas de pessoas assistirem-no. O mesmo processo acontece
com a educação a distância, que é pensada para ser acessível a todos e consumida
pela massa. Esse formato de ensino conta com a participação do aluno para a
construção coletiva do conhecimento.
A relação de massa aproxima o leitor e o escritor. Segundo o autor, o leitor está
pronto a converter-se num escritor (p.184), porém no cinema, o intérprete não pode
reivindicar o direito de perceber o contexto total no qual se insere sua ação. Diferente
do que acontece na educação a distância, onde o aluno tem esse direito, o direito de
manifestar suas opiniões sobre o contexto no qual ele está inserido.
O cinema é uma arte que gera no homem novas percepções e reações por
meio das máquinas, que segundo Benjamin, são capazes de captar e de refletir o real,
que aparece como realidade pura. Assim como a educação também desperta no
homem novas percepções e reações em relação ao seu universo.
O filme é considerado uma obra de arte montável que sofre influência da
opinião pública ao ser construído e irá atingir a população de diferentes formas, “o
mesmo público, que tem uma reação progressista diante de um filme burlesco, tem
uma reação retrógrada diante de um filme surrealista” (p.188).
Ao mesmo tempo, a realização de um filme oferece uma exposição de
diferentes pontos de observação, assim como a internet, ele permite o acesso ao
aluno a diferentes pontos de vista sobre um determinado tema estudado.
Uma das funções sociais mais importantes do cinema é que ele permite a
representação do mundo pelo homem através da câmera. Assim como na educação
a distância, onde há possibilidade de manifestação da visão do mundo através das
ferramentas disponíveis.
63
10.2 As Transformações na Educação e as Transformações na Arte
64
Fonte: mundodapsi.com
66
possibilidades das novas tecnologias da informação fazem acreditar que elas poderão
levar por si só a uma rápida democratização do acesso à educação e à formação.
Porém, as necessidades de formação são diferentes em cada país e, do ponto da
vista de países menos desenvolvidos como o Brasil, salvo se houver uma política de
desenvolvimento do setor, corre-se o risco de importação e/ou adaptação de
tecnologias caras e pouco apropriadas às necessidades e demandas, que acabam
obsoletas por falta de formação para seu uso. Além disso, a aprendizagem por NTICs
requer dos indivíduos comportamentos e habilidades pouco desenvolvidas na
população em geral, seja em razão dos baixos níveis de escolaridade, seja pela falta
de qualidade do ensino.
Assim como um filme, a educação a distância possui altos custos de produção
e para ser rentável precisa atingir um alto número de pessoas. Da mesma forma, a
questão das fronteiras linguísticas também existe e é um fator limitador, por mais que
todos tenham acesso às redes de internet, se houver a barreira da língua, o acesso
será mais restrito da mesma forma que ocorreu no início do cinema falado, conforme
apontado Benjamin (p. 172).
Além dos aspectos apontados, para Belloni (2003, p.9-22), a nova lógica do
capitalismo evidencia-se no campo da educação no aumento da oferta de educação
e nas estratégias implementadas desde a concepção. À luz de Peters (1983), a autora
afirma que a EAD possui características do modelo industrial fordista, dentre elas a
produção de massa, e que é uma forma industrial de educação que permite o acesso
aos estudos universitários a um grande número de estudantes independentemente do
local de residência ou ocupação. Ou seja, é uma produção concebida para o consumo
de massa, assim como Benjamin caracteriza a reprodutibilidade técnica das obras de
arte10.
10 Texto adaptado:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2010/Arte/artigos/reprodutib
.pdf
67
Fonte: portalaraxa.com.br
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intimamente relacionado com o surgimento desse novo momento do
capitalismo tardio de consumo ou capitalismo multinacional (JAMESON,
2006, p. 42-43)
Quando o shopping ocupa um espaço marcado pela história [...] usa-o como
decoração, não como arquitetura. Quase sempre, inclusive no caso de
shoppings “preservacionistas” de arquitetura antiga, o shopping se incrusta
num vazio de memória urbana, porque representa os novos costumes e não
precisa pagar tributos tradicionais [...] O shopping é todo futuro: constrói
novos hábitos, vira ponto de referência, faz a cidade acomodar-se a sua
presença, ensina as pessoas a agirem em seu interior (SARLO, 2004, p.17).
STANGOS, Nikos. Conceitos da arte moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
2000. ZOLBERG, Vera L. Para uma sociologia das artes. São Paulo: SENAC-SP,
2006
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