Critica Das Artes Visuais Moderna E Contemporanea: Arte Moderna E Contemporânea: Obra de Arte
Critica Das Artes Visuais Moderna E Contemporanea: Arte Moderna E Contemporânea: Obra de Arte
Critica Das Artes Visuais Moderna E Contemporanea: Arte Moderna E Contemporânea: Obra de Arte
E CONTEMPORANEA
Enquanto o historiador da arte procura evitar os julgamentos de valor sobre uma obra,
o crítico analisa as obras e sua função é eminentemente seletiva . A crítica classifica
numa ordem de excelência, segundo critérios próprios, os objetos artísticos.
2 [ RECURSOSARTÍSTICOSTRADICIONAIS:
a) Naturalismo
b) Idealismo
e) Expressionismo
Nesse item pretende-se abordar o estilo nas artes plásticas a partir da análise das
correntes estilísticas básicas: naturalismo, idealismo e expressionismo. Essas três
correntes caracterizam essencialmente os diversos estilos históricos assim como
os estilos individuais dos artistas, sendo que elas não se excluem mutuamente.
3 AS RAÍZES DO MODERNISMO:
O SÉCULO XIX (COURBET, DAUMIER,
MANET, DEGAS, IMPRESSIONISTAS, VAN
GOGH, SEURAT, GAUGUIN E CÉZANNE)
O século XIX presenciou profundas transformações tanto sóciopolíticas quanto
artísticas. Na arte, as mudanças ocorridas a partir do século XIX apontam para
a passagem do espaço renascentista, que havia perdurado por cinco séculos
(desde o século XV até o século XIX), para o espaço moderno. No Renascimento
surge uma nova concepção espacial baseada nas leis da perspectiva linear. Nesse
período, o homem passa a crer na existência de um mundo com leis próprias e
acaba por acreditar na sua capacidade de representar este mundo baseando-se
em alguns princípios racionais e em certas descobertas capazes de dar ao espaço
a ilusão de profundidade .
Essa nova interpretação do espaço pode ser assim resumida : considerava-se que o
novo espaço tinha a forma de um cubo, que todas as linhas de fuga se reuniam em
um ponto único situado no interior do quadro, correspondente a um ponto de vista
único do olho humano. Acreditava-se que a representação dos objetos por valores
coloridos devia coincidir com a representação da linha. A transformação por que
passou a arte e levou ao surgimento da Arte Moderna teve início com a quebra da
temática clássica realizada pelo Romantismo e, principalmente, pelo Realismo,
que introduzem o cotidiano na pintura, antes povoada pela mitologia grega. Uma
profunda mudança na concepção espacial herdada do Renascimento, sintonizada
com as transformações que estavam ocorrendo no século XIX, levou ao surgimento
de uma nova concepção espacial.
Essas mudanças introduzidas pelo Realismo ainda vão encontrar resistência e até
mesmo perseguições, como foi o caso de Courbet. Apesar de terem sido consi-
Com Paul Cézanne, o processo, que vinha durante todo o século XIX na Europa apre-
sentando modificações constantes, vai atingir o seu momento decisivo. Para esse
artista a arte deixa de ter qualquer compromisso com a representação, passando
a temática a ser um mero pretexto. O tema pode ser um conjunto de maçãs (Fig.
11), um retrato ou uma montanha (Fig .12). pois o importante é o ato de pintar, a
materialidade da tela organizada por cores e formas. Há uma explosão definitiva com
o cubo renascentista. pois Cézanne começa a abandonar as regras da perspectiva.
usando a distorção em função da estrutura e da expressão da obra.
Este impulso decisivo dado por Cézanne iria ser complementado por Vincent Van
Gogh (Figs.13 e 14) e Paul Gauguin (Fig.15). Com esses três artistas o espaço renas-
centista encontra seu término e, em seu lugar, cria-se uma nova imagem, um outro
olhar. Seus trabalhos têm em comum a negação da representação. Em Van Gogh e
Gauguin novos elementos fazem sua aparição na pintura, e o tratamento que eles
dão à cor talvez seja o ponto mais significativo. Ambos liberam a cor de qualquer
compromisso com a representação sendo que ela ganha autonomia e passa a ser
tratada pelas suas qualidades visuais. Van Gogh trabalha as cores pelas suas qualida-
des emocionais. Utiliza violentos contrastes e realça a importância do gesto. Gauguin
rompe com a cor "culta" em proveito da cor "exótica·; ou seja, aquela ignorada pela
cultura ocidental. Nesta relação com a arte primitiva Gauguin antecipa um dos cami-
nhos posteriormente adotados na investigação estética por artistas modernistas.
Também Georges Seurat (Fig.16) contribui para a instauração da arte moderna, ao
elaborar e experimentar uma teoria própria da pintura, baseada na ótica das cores,
à qual corresponde uma técnica cientificamente rigorosa - o Pontilhismo.
As bases lançadas por Cézanne, Van Gogh e Gauguin iriam repercutir de diversas
maneiras nos primeiros anos do século XX. O trabalho desses artistas tinha em
comum a negação da representação na arte, e cada uma das correntes surgidas em
seguida iria desenvolver aspectos diferentes dessa questão.
O espaço trabalhado pelos cubistas não é o espaço "real'; pois o que está em
questão é o próprio espaço da tela. O Cubismo incorporou, pela primeira vez na
arte ocidental, o princípio de que uma obra de arte, na concepção assim como na
aparência, na essência e na substância, não precisa se restringir à aparência do
objeto ao qual ela se refere. Esse movimento pode ser estudado através do trata-
mento que ele dá a um dos problemas contínuos da arte desde o Renascimento:
a relação do objeto com o espaço no qual ele é visto, e a representação desta
relação dimensional em uma superfície plana.
Enquanto o Cubismo explora o uso de eixos horizontais e verticais nas suas com-
posições, dando ênfase à construção estática, no Futurismo há uma tendência
ao dinamismo e à idolatria da civilização industrial e da máquina. A civilização
industrial é o elemento principal de sua investigação, e o ponto central da estética
futurista é a procura de uma expressão pictórica do dinamismo, além do repúdio
a toda a tradição. Um exemplo da ênfase dada pelos futuristas à representação
do movimento é a pintura de Giacomo Baila, "Dinamismo de um cão em uma
coleira·; de 1912 (Fig.19).
Entre 1913 e 1924 surgem três movimentos que darão prosseguimento à forma-
ção de um novo espaço e que serão determinantes na elaboração das principais
concepções da arte contemporânea. São eles: o Construtivismo, o Dadaísmo e
o Surrealismo.
Ao mesmo tempo, no final da segunda década do século XX, tinham formação con-
temporânea, paralelamente, John Graz, Antonio Gomide, Regina Gomide, Oswaldo
Goeldi (Fig. 32), todos procedentes da Suíça. Seria desses artistas, além de Vítor
Brecheret, aqui chegado após a guerra, de formação italiana, e Emiliano Di Caval-
canti (Fig. 33), que surgiria o núcleo que se desenvolveria em torno de Anita Malfatti
em dezembro de 1917. ao qual se juntaram também Oswald de Andrade, Mário de
Andrade e mais tarde Menotti dei Picchia. Lado a lado com o movimento artístico,
tem lugar também um movimento literário, que sem ser propriamente novo, tem
traços modernistas. Foi nesse ambiente fértil, de contato entre artistas plásticos,
escritores e músicos, que surge a Semana de Arte Moderna, realizada entre 11 e
18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, com exposições de artes
plásticas, concertos, recitais poéticos e conferências.
Pelo que foi mostrado, percebe-se que como pontua Carlos Zílio:
5 IARTE CONTEMPORÂNEA
Desde o Dadaísmo, a arte tem oscilado entre dois pólos: um deles valoriza a
arte racional, formalista, hermética enquanto o outro faz uma exploração da
emoção, traduzida em formas e cores espontêneas, sendo que as duas corren-
tes em alguns momentos se unem. A primeira metade dos anos 1960 assistiu
ao surgimento de movimentos como a Pop Art, a Pós-Abstração, a Op-Art e a
Arte Mínima, que tinham em comum uma fria sensibilidade racional oposta ao
emocionalismo da Action-painting.
O artista pop não re-cria, ele escolhe imagens que já foram processadas, como foto-
grafias impressas, como é o caso de AndyWarhol (Fig. 46) que explora imagens reci-
cladas, retiradas do mundo da cultura de massa e da propaganda. Assim, ele prefere
utilizar não um modelo vivo, mas a fotografia de uma pin-uptirada de uma revista, não
uma embalagem real, mas aquela vista em uma propaganda colorida. Esses artistas
se apropriam da cultura em substituição à natureza em seus trabalhos.
Já o Novo Realismo floresceu na Europa nos anos 1960, mesmo período em que
a Pop Art se desenvolvia nos EUA. Enquanto naquele país a Pop Art desenvolveu
uma atitude crítica contra a sociedade de consumo e tudo o que ela envolve, na
Europa, os artistas do Novo Realismo enfatizaram aspectos filosóficos, visando
despertar a sensibilidade do espectador para aspectos como espaço, tempo e
material, como o artista Yves Klein (Fig. 47).
A Arte Mínima (1965) surge como uma reação ao impasse a que tinha chegado a
pintura. Nela há uma exploração de aspectos esculturais e uma busca pela terceira
dimensão. Ao trabalhar com o espaço "real" os artistas minimalistas eliminam o
problema do ilusionismo. A Arte Mínima busca a qualidade do objeto de arte do
século XX com um conteúdo mínimo de arte. Suas características são: total abstra-
ção, ordem, simplicidade, clareza, fabricação industrial, alto grau de acabamento,
anti-ilusionismo. Há principalmente um retorno da forma à sua estrutura primária,
uma tendência redutiva tanto na escultura quanto na pintura, e procura-se chegar às
qualidades puras da cor, da forma, do espaço e dos materiais (Fig. 50). As origens
desse movimento remetem a Cézanne, ao Cubismo e ao Construtivismo.
Na Body Art, artistas voltam-se para seu próprio corpo como assunto e meio de
expressão, como Yoko Ono na obra Cut Piece (Fig.54). Suas ações são inevitavelmente
transitórias, sendo documentadas em forma de fotografias e vídeos.
Há na arte atual uma grande exploração da vídeo art, na qual os artistas valendo-se
do aparato tecnológico do vídeo produzem obras que combinam essa mídia com
instalações envolvendo objetos ou até mesmo performances (Fig.56).
Sem dúvida, o campo da arte foi ampliado e há uma maior liberdade por parte do
artista para escolher como se expressar. Com a desmaterialização da arte, ocorrida
Nada mais é estanque e a interação entre as expressões artísticas está cada vez
se tornando mais complexa. A partir dos ready-mades de Duchamp, que rompem
com a concepção da arte direcionada para a valorização do produto artesanal e
decorativo, o que passa a ser discutido nas obras são questões relativas à natureza
e à função da arte no seu contexto. A questão da integração entre as diferentes
linguagens artísticas já podia ser vislumbrada nos happenings futuristas, dadaístas
e surrealistas, também numa tentativa de fundir arte e vida, além de estimular o
envolvimento do público.
Ao mesmo tempo, outra característica da arte atual é não impor tendências, o artista
tem também a opção de escolher um único meio e nele permanecer e se aprofundar.
O surgimento de novas tecnologias é outro fator que tem levado a uma dissolução de
limites rígidos entre as linguagens tradicionais e a uma maior aproximação entre arte
e vida. A arte tecnológica, assumindo uma relação mais direta com a vida através da
interatividade possibilitada pelo espaço nômade das redes, faz com que o espectador
possa participar virtualmente da obra de arte, até mesmo modificando-a. Tudo isso
provoca também uma alteração no conceito de "obra': Com a arte tecnológica inte-
rativa, a participação do espectador leva ao fim as verdades acabadas, o imutável, o
linear. Na "cultura das redes·; as tecnologias a serviço da arte possibilitam a interação
dinâmica da experiência artística, com a proposta do diálogo, da colaboração entre
parceiros, e com o fim do autor único de uma obra.
Percebe-se atualmente uma retomada das idéias das vanguardas dos anos 1960,
acrescidas de todas as conquistas na arte das últimas décadas. Os fortes traços
conceituais nas obras de arte contemporanea, paralelamente ao uso cada vez maior
das novas tecnologias na arte (Fig.68), também são evidentes. E, ao mesmo tempo
em que há artistas fiéis às linguagens tradicionais como a pintura e a gravura, há Fig.89
muitos outros que têm trabalhado dentro de um campo ampliado da arte, onde as Rosangela renn6
linguagens não são mais estanques e dialogam umas com as outras (Fig.69). num
movimento que aponta cada vez mais para a expansão dos limites da arte.
4. Gustave Courbet. Bom dia Senhor Courbet, 1854. Óleos/ tela, 129 x 149 cm.
Musée Fabre, Montpellier. www.latribunedelart.com
5. Honoré Daumier. Tiens, peuple, tiens, bom peuple, en veux tu, en voilà, sem
data . Litografia . Brandais University Library. www.areditions.com
6. Édouard Manet. O piquenique na grama, 1863. Óleos/ tela, 208 x 264 cm. Musée
d'Orsay, Paris.www.esec-josefa-obidos.rcts.pt
7. José Ferraz de Almeida Júnior. O violeiro, 1899. Óleos/ tela - 141 x 172 cm.
Pinacoteca do Estado de São Paulo. www.overmundo.com.br
8. Edgar Degas. Ballet (LÉtoile), 1871. Pastel s/ papel, 58 x 42 cm. Musée d'Orsay,
Paris. www.pbs.org
9. Claude Monet. Ninfeas, sem data. Óleos/ tela, 79 x 168 pai. National Gallery,
Londres. www.cs .nthu.edu .tw/~sheu/Monet.htm
10. Eliseu Visconti. Gioventu, 1898. Óleos/ tela , 65 x 49 cm. M .N.B.A, Rio de
Janeiro.
11. Paul Cézanne . Fruteira e maçãs, 1879-82. Óleos/ tela, 21.45 x 28.9 pol. www.
primeirodrt.blogspot.com
14. Vincent Van Gogh . A noite estrelada, 1889. Óleos/ tela, 29 x 36 pol. MOMA,
Nova York. www.arttoheartweb.com
15. Paul Gauguin . Arearea, 1892. Óleos/ tela, 75 x 94 cm. Musée d'Orsay, Paris.
www.ibiblio.org
16. Georges Seurat. Um domingo à tarde na ilha de La Grande Jatte, 1884-86. Óleo
s/ tela, 205 x 305 cm. Art lnstitute of Chicago. www.ibiblio.org
19. Giacomo Balia. Dinamismo de um cão em uma coleira, 1912. Óleos/ tela, 35 x
43 pol. Albright-Knox Gallery, Buffalo. www.mat.ucsb.edu
21. Ernst Ludwig Kirchner. Cinco mulheres na rua, c. 1914. Óleo s/ tela. www.casoual.
worpress.com
22 . Wassily Kandinsky. Esboço para a Composição VII, 1913. Óleos/ tela, 78 x 100 cm . Cal.
Felix Klee, Berna. www.es.easyart.com
23. Marcel Duchamp. Roda de bicicleta, 1913. Ready-made. Madeira e metal, 126 cm de
altura. www.docentes.uacj.mx
24. Marcel Duchamp. L.H.0.0.Q. (Mona Lisa de bigode), 1919. Ready-made. Lápis sobre
reprodução da Mona Lisa de Leonardo da Vinci, 20 x 13 cm . Cal. particular, Paris. www.
docentes.uacj.mx
26. Joan Mirá. Cifras e constelações amorosas de uma mulher, 1941. Óleos/ tela. Cgfa.
sunsite .dk
27. René Magritte. Valores pessoais, 1952. Óleos/ tela. 80 x 100 cm. www.casoual.com
28. Jackson Pollock. Lavender mist n.1, 1950. Óleo, esmalte, tinta aluminizada s/ tela, 86.5
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36. Cícero Dias. Sonho de prostituta. 1930. Aquarela, 55 x 50 cm, cal. Gilberto Chateuabriand,
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www.mac.usp.br
44. Tomie Ohtake. Vermelha. 1985. Acrílica e óleos/ tela, 170 x 170 cm. www.
macvirtual.usp .br
46. Andy Warhol. 200 latas de sopa Campbe/1, 1962. Óleo s/ tela, 72 x 100 pai. Cal.
Particular, www.albrightknox.org
47. Yves Klein. Anthropométrie sans titre (ANT 148), 1960. 104 x 68 cm. www.blog.
couleurs-eternite.com
50. Carl André. Equivalente Ili, 1978. Técnica mista, 5 x 27 x 90 pai. Tate Gallery,
Londres. www.tate.org .uk
56. Bill Viola. Vista da instalação Las Horas lnvisibles. Museu de Belas Artes de
Granada, 2000-2005. www.expressarte.weblog.com.pt
63. Hélio Oiticica. Nilo da Mangueira com Parango/é. 1964. Capa de tecidos diversos.
www.arede.inf.br
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68. Ana Tavares. Meddelburg Airport lounge com Parede Niemeyer. 2001. Aço inox,
vidro, couro, Madeira, animação 3D para DVD, fone de ouvido e áudio, 432 m2.
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69. Rosângela Renó. Sem título (Little Balls), da Série Vermelha (Militares). 1996/2000.
Fotografia digital (processo lightjet.) em papel Fujy Crystal Archive, laminada, 180
x 100 cm. www.comartevirtual.com .br
1 REFERÊNCIAS
ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins
Fontes, 2001 (Coleção a).
RIBEIRO, Marília Andrés. Neovanguardas: Belo Horizonte, anos 60. BH: Editora
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ZANINI, Walter (org.) . História Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther
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