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Introdução Ao Estudo de Direito

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 

1. CONCEITO BÁSICO DE DIREITO

    O estudo da História revela que o homem nunca procurou ficar completamente isolado dos
seus semelhantes para viver e sobreviver. Ou seja, o homem nunca adotou a solidão como forma
habitual de vida, demonstrando que a sociabilidade é característica fundamental de nossa
espécie.

      De fato, se não fosse a sociabilidade, gerando a união entre os grupos humanos, talvez nossa
espécie não conseguisse superar os perigos e dificuldades da vida primitiva.

      Por viver em sociedade, a ação de uma pessoa interfere na vida de outras pessoas,
provocando, conseqüentemente, a reação dos seus semelhantes. Para que essa interferência de
condutas tivesse um sentido construtivo, foi necessária a criação de regras capazes de preservar a
paz no convívio social. Assim nasceu o Direito. Nasceu da necessidade de se estabelecer uni
conjunto de regras que dessem uma certa ordem à vida em sociedade, afinal, nenhuma sociedade,
como escreveu o jurista Miguel Reale, subsistiria sem um mínimo de ordem, direção e
solidariedade.

      Portanto, podemos concluir que o convívio em sociedade é essencial ao homem, e que


nenhuma sociedade funcionaria sem a adoção de regras de Direito.

      Por isso, afirmavam os antigos romanos: ubi societas, ibi jus - onde houver sociedade, aí
estará o Direito.

      Assim, de forma simples e concisa, podemos elaborar a seguinte conceituação:

    “Direito é um conjunto de regras obrigatórias que disciplinam o convívio social humano”

    Essas regras obrigatórias serão chamadas de normas jurídicas. A norma jurídica é elemento
fundamental para a constituição e existência do Direito.

2. NORMA JURÍDICA

    Sabemos que só existe Direito onde existe sociedade. Então, temos de admitir que as normas
jurídicas são essencialmente, regras sociais, Isso significa que a função das normas jurídicas é

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disciplinar o comportamento social dos homens. No entanto, dizer apenas isso não e suficiente
para caracterizá-las, porque existem diversas outras normas que também disciplinam a vida
social. Vejamos os exemplos:

• Normas morais - se baseiam na consciência moral das pessoas (conjunto de valores e


princípios sobre o bem e o mal que orientam o comportamento humano).

• Normas religiosas - se baseiam na fé revelada por uma religião.

    Tanto as normas morais como as religiosas se aplicam à vida em sociedade. Então, como
distinguir as normas jurídicas dessas outras normas sociais? A distinção pode ser resumida nas
características que veremos a seguir.

Características da norma jurídica

Entre as principais características da norma jurídica podemos citar:

a) Coercibilidade: é a possibilidade de a conduta transgressora sofrer coerção, isto é, repressão,


uso da força. As normas jurídicas distinguem-se pelo tato de contarem com a força coercitiva do
Estado para impor-se sobre as pessoas. O mesmo já não ocorre com as outras regras
extrajurídicas (que estão fora do mundo jurídico). Assim, se alguém desrespeita uma norma
religiosa (exemplo: o católico que não vai a missa), sua conduta ofende apenas aos ensinamentos
da sua religião. O Estado não reage a esta ofensa, já que, no Brasil vivemos num regime de
liberdade de crença e convicções. A norma religiosa não possui coercibilidade. Entretanto, se uma
pessoa mata alguém, sua conduta fere uma norma prevista no Código Penal e essa conduta
tipificada provocará a reação punitiva do Estado.

Em resumo: resguardando o Direito, existe a coerção (força) potencial do Estado, que se


concretiza cm alguma forma de sanção (punição).  A sanção deve ser aplicada à pessoa ou
instituição que transgrediu a norma jurídica. A coercibilidade da norma existe de modo potencial.
concretizando-se somente em sanções nos casos de desobediência ou transgressão do dever
jurídico.

b) Sistema imperativo e atributivo: em decorrência da coercibilidade, a norma jurídica assume


uma característica imperativa e atributiva. Imperativa, porque tem o poder de imperar, de impor
a uma parte o cumprimento de um dever. Atributiva, porque atribui à outra parte o direito de
exigir o cumprimento do dever imposto pela norma. E por isso que se costuma dizer: “o direito
de um é o dever do outro”.

c) Promoção da justiça: conteúdo da norma jurídica deve ter como finalidade estabelecer justiça
entre os homens.  Justiça é a virtude de dar a cada um o que é seu, solucionando de modo
equilibrado os interesses em conflito. A prática da justiça é alimentada pelos ideais de ordem e
segurança, poder e paz, cooperação e solidariedade.

      No plano teórico, costuma-se reconhecer que as normas jurídicas tendem a realizar os
ideais de justiça. Ou seja, a justiça seria o objetivo que dá sentido à existência da norma jurídica.
Do contrário, ela não seria uma norma legítima, e sim arbitrária.

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    Em termos práticos, entretanto, sabemos que a norma jurídica e o processo judicial que visa
a sua aplicação ainda estão distantes de realizar, a contento, os ideais de justiça. Infelizmente,
permanece viva a contundente advertência do jurista Rui Barbosa (1849-1923):

Definição de norma jurídica:

    Com base nas características examinadas, podemos formular a seguinte definição:

    “Norma jurídica é a regra social garantida pelo poder de coerção do Estado, tendo como
objetivo teórico à promoção da justiça.”

      3- FONTES DO DIREITO

      A palavra fonte tem o significado comum de lugar de onde a água surge, nasce ou jorra. É
nesse sentido que se diz: a praça desta cidade tem uma bela fonte.

      Mas podemos usar essa palavra num sentido amplo quando falamos, por exemplo, em fontes
do Direito ou fontes da norma jurídica. Nesse caso, queremos saber qual é a origem do Direito,
de onde provêm às normas.

      São quatro as fontes formais clássicas do Direito:

a) a lei

b) o costume jurídico;

c) a jurisprudência;

d) a doutrina jurídica.

LEI

    A Lei é a mais importante fonte formal do Direito. Entende-se por lei a norma jurídica escrita
emanada de poder competente. A lei está presente na Legislação, que é o conjunto das leis
vigentes em um país.

    A apresentação escrita da lei está relacionada à própria origem etimológica desta palavra, pois
lei vem do latim légere, que significa ler.  Portanto, lei é texto escrito, feito para ser lido.

    Em sentido técnico estrito, a lei é a norma jurídica ordinária elaborada pelo Poder Legislativo.
Distingue-se, por exemplo, dos decretos, dos regulamentos e das portarias expedidos pela
Administração Pública (Poder Executivo).

COSTUME JURÍDICO

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    O Costume é a norma jurídica que não faz parte da Legislação. É criado espontaneamente pela
sociedade, sendo produzido por uma prática geral, constante e prolongada.

    Nas comunidades primitivas o costume era a principal fonte do Direito.   Não existiam leis
escritas.  As normas se fixavam pelo uso repetido de uma regra que se transmitia oralmente de
geração a geração.

    Nos dias atuais, o costume deixou de ser a principal fonte do Direito.  Entretanto, ainda
mantém seu valor como fonte alternativa ou suplementar, nos casos em que lei for omissa, isto
é, na falta da lei.

    O costume também é utilizado quando a própria lei expressamente o autoriza.

    Devemos salientar que o costume não poderá ser aplicado se for contrario a uma
determinação expressa em lei. Do ponto de vista legal, somente uma nova lei pode revogar a lei
antiga, mas, na prática, sabemos que há casos de leis que não são efetivamente aplicadas, por
serem contraria aos hábitos tradicionais da comunidade.

    A aplicação do costume varia conforme o ramo do Direito. Em Direito Comercial o costume
tem considerável importância. Já no Direito Penal, o costume, com força de lei, é radicalmente
proibido.

    Segundo o Código Penal, não há crime sem lei anterior que o defina. Dessa maneira,
ninguém pode ser criminalmente condenado por ter desrespeitado apenas um costume.

JURISPRUDÊNCIA

       Jurisprudência é o conjunto de decisões judiciais reiteradas (repetidas) sobre determinadas


questões.  A jurisprudência é dinâmica: vai-se formando a partir das soluções adotadas pelos
órgãos judiciais ao julgar casos jurídicos semelhantes. Ao longo do tempo, o sentido dos julgados
varia, adequando o Direito às mudanças histórico-sociais. Além disso, conforme a situação, não
há um consenso dos julgados, mas apenas uma tendência que vai formando uma jurisprudência
dominante.

DOUTRINA JURÍDICA

      A doutrina jurídica é o conjunto sistemático de teorias sobre o Direito elaborado pelos
juristas. A doutrina é produto da reflexão e do estudo que os grandes juristas desenvolvem sobre
o Direito.

    O parecer em comum sobre determinados assuntos, de diversos especialistas de notório saber
jurídico, constitui verdadeiras normas que orientam Legisladores, juízes e advogados.

    Assim como ocorre com a jurisprudência, a doutrina é dinâmica e em muitas situações, permite
enfoque plural.

    4. PRINCIPAIS RAMOS DO DIREITO

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      O Direito pode ser dividido em dois ramos básicos: Direito Público e Direito Privado. Essa
famosa classificação do Direito já era, de certa forma, conhecida na antiga Roma. Podemos
conceituar esses dois ramos do Direito, basicamente, do seguinte modo:

• Direito Público — regula os interesses predominantes da sociedade, considerada como um


todo. Nas relações de Direito Público, o Estado participa como sujeito ativo (titular do poder
jurídico) ou como sujeito passivo (destinatário do dever jurídico), mas sempre como órgão da
sociedade e, portanto, sem perder a posição de supremacia ou poder de império. Exemplo:
cobrança de impostos, ação criminal, matéria constitucional etc.

• Direito Privado — regula as relações entre particulares. Nas relações jurídicas de Direito
Privado, o Estado pode participar como sujeito ativo ou passivo, em regime de coordenação com
os particulares, isto é, dispensando sua supremacia ou poder de império. Exemplo: locação de
bens, cobrança de dívidas, casamento etc.

      Na verdade, não existe uma diferença tão rígida entre Direito Público e Privado. Entre os
juristas que se dedicam ao tema há muita controvérsia sobre os critérios satisfatórios para se
delimitar, com exatidão as fronteiras entre esses dois ramos.

    De modo geral, podemos agrupar os principais ramos do Direito da seguinte maneira, com
base na distinção entre Direito Público e Privado:

Noção geral dos ramos do Direito

Direito Público

      Direito Constitucional - regula a estrutura básica do Estado fixada na Constituição, que é a


Lei Suprema da Nação.

   Direito Administrativo - regula a organização e funcionamento da Administração Pública e


dos órgãos que executam serviços públicos.

   Direito Penal - regula os crimes e contravenções, determinando as penas e medidas de


segurança.

   Direito Tributário - é o setor do Direito Financeiro que se ocupa dos tributos, como, por
exemplo, os impostos e as taxas.

Direito Processual - regula as atividades do Poder Judiciário e das partes em conflito no decorrer
do processo judicial.

Direito Internacional Público - regula as relações entre Estados, por meio de normas aceitas
como obrigatórias pela comunidade internacional.

Direito Privado

   Direito Civil - regula, de um modo geral, o Estado e a capacidade das pessoas e suas relações
no que se refere à família, às coisas (bens), às obrigações e à sucessão patrimonial.

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   Direito Comercial - regula a prática de atos mercantis pelo comerciante e pelas sociedades
comerciais.

   Direito do Trabalho - regula as relações de trabalho entre empregado e empregador,


preocupando-se, ainda, com a condição social dos trabalhadores.

   Direito do Consumidor - regula as relações jurídicas de consumo entre fornecedor e


consumidor.

   Direito Internacional Privado - regula os problemas particulares ocasionados pelo conflito de


leis de diferentes países.

BIBLIOGRAFIA:

COTRIM, Gilberto Vieira. Direito e Legislação – Introdução ao Direito. 21ª ed. Saraiva, São
Paulo, 2000.

CABRAL, Plínio. Direito Autoral – Dúvidas e Controvérsias. 2ª ed. Harbra, São Paulo, 2000.

Legislação Complementar:

Código Civil

Código Penal

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