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Processos de Usinagem - Seguranca

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Processos de Usinagem de Precisão – PUP 1

Segurança

Acidente de trabalho

Acidente é um acontecimento imprevisto, casual ou não, ou então um acontecimento


infeliz que resulta em ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína etc.

Nesse sentido, é importante observar que um acidente não é simples obra do acaso e
que pode trazer conseqüências indesejáveis. Em outras palavras: acidentes podem ser
previstos. E, se podem ser previstos, podem ser evitados!

Quem se dedica à prevenção sabe que nada acontece por acaso e que todo acidente
tem uma causa definida, por mais imprevisível que pareça ser.

Os acidentes, em geral, são os resultados de uma combinação de fatores, entre eles,


falhas humanas e falhas materiais.

Vale lembrar que os acidentes não escolhem hora nem lugar. Podem acontecer em
casa, no lazer, no ambiente de trabalho e nas inúmeras locomoções que fazemos de
um lado para o outro, para cumprir nossas obrigações diárias.

Pode-se dizer que grande parte dos acidentes do trabalho ocorre porque os
trabalhadores encontram-se despreparados para enfrentar certos riscos.

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Acidente do trabalho: conceito legal

Numa sociedade democrática, as leis existem para delimitar os direitos e os deveres


dos cidadãos. Qualquer pessoa que sentir que seus direitos foram desrespeitados
pode recorrer à Justiça para tentar obter reparação, por perdas e danos sofridos em
conseqüência de atos ou omissões de terceiros.
As decisões da Justiça são tomadas com base nas leis em vigor. Conhecer as leis a
fundo é tarefa dos advogados. Mas é bom que o cidadão comum, o trabalhador,
também tenha algum conhecimento sobre as leis que foram elaboradas para proteger
seus direitos. Por isso, é importante saber o que a legislação brasileira entende por
acidente do trabalho. Afinal, nunca se sabe o que nos reserva o dia de amanhã.

Na nossa legislação, acidente do trabalho é definido pelo Decreto 611/92 de 21 de


julho de 1992, que diz:
Art. 139 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa, ou ainda, pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da
capacidade para o trabalho, permanente ou temporária.

Trocando em miúdos: qualquer acidente que ocorrer com um trabalhador, estando ele
a serviço de uma empresa, é considerado acidente do trabalho.

Para entender melhor a definição anterior, é necessário saber também que:


• Segurados especiais são trabalhadores rurais, que prestam serviços em
âmbito rural, individualmente ou em regime de economia familiar, mas não têm
vínculo de emprego.
• Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve,
como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro.
• Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou
sentido. Por exemplo, a perda da visão, provocada por uma pancada na
cabeça, caracteriza uma perturbação funcional.

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Doença profissional

De acordo com o mesmo Decreto 611/92, doenças profissionais são aquelas


adquiridas em decorrência do exercício do trabalho em si. Doenças do trabalho são
aquelas decorrentes das condições especiais em que o trabalho é realizado. Ambas
são consideradas como acidentes do trabalho, quando delas decorrer a incapacidade
para o trabalho.

Você já deve ter passado pela experiência de pegar uma forte gripe, de colegas de
trabalho, por contágio. Essa doença, embora possa ter sido adquirida no ambiente de
trabalho, não é considerada doença profissional nem do trabalho, porque não é
ocasionada pelos meios de produção.

Mas, se o trabalhador contrair uma doença por contaminação acidental, no exercício


de sua atividade, temos aí um caso equiparado a um acidente do trabalho. Por
exemplo, se um enfermeiro sofre um corte no braço ao quebrar um frasco contendo
sangue de um paciente aidético e, em conseqüência, é contaminado pelo vírus HIV,
isso é um acidente do trabalho.

Por outro lado, se um trabalhador perder a audição por ficar longo tempo sem proteção
auditiva adequada, submetido ao excesso de ruído, gerado pelo trabalho executado
junto a uma grande prensa, isso caracteriza doença do trabalho.

Ou ainda, se um trabalhador adquire tenossinovite (inflamação dos tendões e das


articulações) por exercer atividades repetitivas, que solicitam sempre o mesmo grupo
de músculos, esse caso é considerado doença profissional.

A lista das doenças profissionais e do trabalho é bastante extensa e pode sofrer novas
inclusões ou exclusões, à medida que forem mudando as relações entre o homem e o
trabalho. Para saber mais sobre esse assunto, procure se informar junto ao serviço
especializado em segurança, na sua empresa. Seja curioso, interessado. Não se
acomode.

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Acidente do trabalho X acidente no trabalho

O acidente típico do trabalho ocorre no local e durante o horário de trabalho. É


considerado como um acontecimento súbito, violento e ocasional. Mesmo não sendo a
única causa, provoca, no trabalhador, uma incapacidade para a prestação de serviço e,
em casos extremos, a morte.

Pode ser conseqüência de um ato de agressão, de um ato de imprudência ou


imperícia, de uma ofensa física intencional, ou de causas fortuitas como, por exemplo,
incêndio, desabamento ou inundação.

Mas a legislação também enquadra como acidente do trabalho os que ocorrem nas
situações apresentadas a seguir.

• Acidente de trajeto (ou percurso) - Considera-se acidente de trajeto o que


ocorre no percurso da residência para o trabalho ou do trabalho para a
residência. Nesses casos, o trabalhador está protegido pela legislação que
dispõe sobre acidentes do trabalho. Também é considerada como acidente do
trabalho, qualquer ocorrência que envolva o trabalhador no trajeto para casa,
ou na volta para o trabalho, no horário do almoço.

Entretanto, se por interesse próprio, o trabalhador alterar ou interromper seu percurso


normal, uma ocorrência, nessas condições, deixa de caracterizar-se como acidente do
trabalho. Percurso normal é o caminho habitualmente seguido pelo trabalhador,
locomovendo-se a pé ou usando meio de transporte fornecido pela empresa, condução
própria ou transporte coletivo.

• Acidente fora do local e horário de trabalho – Considera-se, também,


acidente do trabalho, quando o trabalhador sofre algum acidente fora do local e
horário de trabalho, no cumprimento de ordens ou realização de serviço da
empresa.

Se o trabalhador sofrer qualquer acidente, estando em viagem a serviço da empresa,


não importa o meio de condução utilizado, ainda que seja de propriedade particular,
estará amparado pela legislação que trata de acidentes do trabalho.

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Analise a situação a seguir e depois responda às questões apresentadas.

João é técnico em manutenção de equipamentos eletrônicos em uma empresa com


sede em Vila Nova Esperança. O chefe de João passou-lhe uma ordem de serviço de
manutenção, a ser realizado na máquina de um cliente, em outro bairro. Quando João
se encontrava executando o trabalho, a firma foi invadida por um grupo de homens
armados, que anunciaram um assalto. Na confusão que se seguiu, João foi atingido
por uma bala perdida. Levado ao Pronto-socorro foi dispensado após a extração de
uma bala na perna direita, com a recomendação médica de manter-se afastado do
serviço por 15 dias. No seu entender:
• que ocorreu com João encaixa-se na definição legal de acidente do trabalho?
Por quê?
• João sofreu lesão corporal ou perturbação funcional em decorrência do
acidente?
• João se enquadra na categoria de segurado especial?

João está amparado pelo conceito legal de acidente do trabalho, embora o ferimento
não tenha resultado diretamente do exercício de suas atividades profissionais, pois ele
estava a serviço da empresa. Em decorrência do acidente, João sofreu lesão corporal.
Supondo-se que volte a andar normalmente, após a retirada do curativo, não se pode
dizer que tenha havido perturbação funcional. João não se enquadra na categoria de
segurado especial, pois consta que era funcionário contratado da empresa.

Importante
Todo acidente do trabalho, por mais leve que seja, deve ser comunicado à empresa,
que deverá providenciar a CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho), no prazo
máximo de 24 horas. Caso contrário, o trabalhador perderá seus direitos e a empresa
deverá pagar multa.

Caso a empresa não notifique a Previdência Social sobre o acidente do trabalho, o


próprio acidentado, seus dependentes, o médico ou a autoridade que lhe prestou
assistência ou o sindicato da sua categoria podem encaminhar essa comunicação.

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Conceito prevencionista de acidente do trabalho

Acidente do trabalho, numa visão prevencionista, é toda ocorrência não programada,


não desejada, que interrompe o andamento normal do trabalho, podendo resultar em
danos físicos e/ou funcionais, ou a morte do trabalhador e/ou danos materiais e
econômicos a empresa e ao meio ambiente.

Analise o conceito legal de acidente do trabalho, apresentado anteriormente. Compare-


o com o conceito prevencionista, que você acabou de ver. Que diferença você observa
entre eles?

O conceito legal tem uma aplicação mais “corretiva”, voltada basicamente para as
lesões ocorridas no trabalhador, enquanto o conceito prevencionista é mais amplo,
voltado para a “prevenção” e considera outros danos, além dos físicos.

Do ponto de vista prevencionista, quando uma ferramenta cai do alto de um andaime,


por exemplo, esse fato caracteriza um acidente, mesmo que ninguém seja atingido. E
o que é mais importante: na visão prevencionista, fatos como esse devem e podem ser
evitados!

Conseqüências dos acidentes

Muitas vezes, pior que o acidente em si, são as suas conseqüências. Todos sofrem:

• A vítima, que fica incapacitada de forma


total ou parcial, temporária ou
permanente para o trabalho;

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• A família, que tem seu padrão de vida


afetado pela falta dos ganhos normais,
correndo o risco de cair na
marginalidade;

• As empresas, com a perda de mão-de-


obra, de material, de equipamentos,
tempo etc., e, conseqüentemente,
elevação dos custos operacionais;

• A sociedade, com o número crescente de


inválidos e dependentes da Previdência
Social.

Sofre, enfim, o próprio país, com todo o conjunto de efeitos negativos dos acidentes do
trabalho.

Um acidente do trabalho pode levar o trabalhador a se ausentar da empresa apenas


por algumas horas, o que é chamado de acidente sem afastamento. É o que ocorre,
por exemplo, quando o acidente resulta num pequeno corte no dedo, e o trabalhador
retorna ao trabalho em seguida.

Outras vezes, um acidente pode deixar o trabalhador impedido de realizar suas


atividades por dias seguidos, ou meses, ou de forma definitiva. Se o trabalhador
acidentado não retornar ao trabalho imediatamente ou até na jornada seguinte, temos
o chamado acidente com afastamento, que pode resultar na incapacidade temporária,
ou na incapacidade parcial e permanente, ou, ainda, na incapacidade total e
permanente para o trabalho.

A incapacidade temporária é a perda da capacidade para o trabalho por um período


limitado de tempo, após o qual o trabalhador retorna às suas atividades normais.

A incapacidade parcial e permanente é a diminuição, por toda vida, da capacidade


física total para o trabalho. É o que acontece, por exemplo, quando ocorre a perda de
um dedo ou de uma vista.

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A incapacidade total e permanente é a invalidez incurável para o trabalho. Nesse


caso, o trabalhador não tem mais condições para trabalhar. É o que acontece, por
exemplo, se um trabalhador perde as duas vistas em um acidente do trabalho. Nos
casos extremos, o acidente resulta na morte do trabalhador.

Os danos causados pelos acidentes são sempre bem maiores do que se imagina à
primeira vista.

Por exemplo: Um trabalhador desvia sua atenção do trabalho por fração de segundo,
ocasionando um acidente sério. Além do próprio trabalhador são atingidos mais dois
colegas que trabalham ao seu lado. O trabalhador tem de ser removido urgentemente
para o hospital e os dois outros trabalhadores envolvidos são atendidos no ambulatório
da empresa. Um equipamento de fundamental importância é paralisado em
conseqüência de quebra de algumas peças.

Resultados imediatos: três trabalhadores afastados, paralisação temporária das


atividades da seção, equipamento danificado, tensão no ambiente de trabalho. A
análise das conseqüências do acidente poderia parar por aí. Mas, em casos como
esse, é conveniente pensar na potencialidade de danos e riscos que se originaram do
acidente.

O equipamento parado corta a matéria-prima para vários setores de produção. Deve,


portanto, ser reparada com toda urgência possível. Nesse caso, o setor de
manutenção precisa entrar em ação rapidamente e, justamente por isso, apresenta a
tendência de passar por cima de muitos princípios de segurança, devido à pressa em
consertar a máquina.

Além disso, a remoção do acidentado para o hospital traz novos riscos. A pressa do
motorista da ambulância, para chegar o mais rápido possível ao hospital, poderá criar
condições desfavoráveis à sua segurança e à dos demais ocupantes do veículo e de
outros veículos na rua.

Um acidente do trabalho tem, muitas vezes, uma força ainda maior do que
simplesmente causar os danos que se observam na ocorrência do acidente em si.

Esse é mais um fator que pesa, favoravelmente, na justificativa de uma atitude


prevencionista! É melhor prevenir o acidente do que enfrentar as conseqüências.

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A prevenção de acidentes é uma atividade perfeitamente ao alcance do homem, visto


que uma das mais evidentes características de superioridade do ser humano sobre os
demais seres vivos é a sua capacidade de raciocínio e a previsão dos fatos e
ocorrências que afetam o seu meio ambiente.

Acidente zero!

Essa é uma meta que deve ser alcançada em toda empresa.


Com a redução dos acidentes poderão ser eliminados problemas que afetam o homem
e a produção. Para que isso aconteça, é necessário que tanto os empresários (que têm
por obrigação fornecer um local de trabalho com boas condições de segurança e
higiene, maquinaria segura e equipamentos adequados) como os trabalhadores (aos
quais cabe a responsabilidade de desempenhar o seu dever com menor perigo
possível para si e para os companheiros) estejam comprometidos com uma
mentalidade preventiva.

Prevenir quer dizer ver antecipadamente; chegar antes do acidente; tomar todas as
providências para que o acidente não tenha possibilidade de ocorrer. Para atingir essa
mentalidade prevencionista é necessário saber ouvir, orientar e ensinar.

Por que prevenir os acidentes? Porque prevenir é mais econômico e sensato que
corrigir.

O efeito dominó e os acidentes de trabalho

Há muito tempo, especialistas vêm se dedicando ao estudo dos acidentes e de suas


causas. Um dos fatos já comprovados é que, quando um acidente acontece, vários
fatores entraram em ação antes.

O que acontece quando enfileiramos pedras de um dominó e depois damos um


empurrãozinho em uma delas? Todas as demais, na seqüência, acabam caindo, até a
derrubada da última pedra. Algo semelhante acontece quando um acidente ocorre.

Baptista (1974), afirma que Heinrich, em seu livro Industrial Accident Prevention
(Prevenção do Acidente Industrial), sugere que a lesão sofrida por um trabalhador, no
exercício de suas atividades profissionais, obedece a uma seqüência de cinco fatores:

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• hereditariedade e ambiente social


• causa pessoal
• causa mecânica
• acidente
• lesão

A hereditariedade refere-se ao conjunto de características genéticas, ou seja,


transmitidas pelos genes, que passam de uma geração para outra. A cor dos olhos ou
o tipo de sangue são exemplos de características físicas herdadas geneticamente. Da
mesma forma, certas características psicológicas também são transmitidas dos pais
para os filhos, influenciando o modo de ser de cada um.

O ambiente social, formado pelos grupos de pessoas com os quais cada um se


relaciona, direta e indiretamente, afeta o comportamento das pessoas.

A causa pessoal está relacionada com a bagagem de conhecimentos e habilidades e


com as condições de momento que cada um está atravessando. A probabilidade de
envolvimento em acidentes aumenta quando estamos tristes ou deprimidos, ou quando
vamos desempenhar uma tarefa para a qual não temos o preparo adequado.

A causa mecânica diz respeito às falhas materiais existentes no ambiente de trabalho.


Quando o equipamento não apresenta proteção para o trabalhador, quando a
iluminação do ambiente de trabalho é deficiente ou quando não há boa manutenção do
maquinário, os riscos de acidente aumentam consideravelmente.
Quando um ou mais dos fatores mencionados anteriormente se manifestam, ocorre o
acidente que pode provocar ou não lesão no trabalhador.

O que podemos fazer para evitar que os acidentes ocorram? Uma maneira é controlar
os fatores que antecedem o acidente.

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Não é possível interferir nas características genéticas de uma pessoa, mas é possível
influenciar sua conduta proporcionando um ambiente social rico em exemplos
positivos. A educação e o treinamento do trabalhador para o exercício de suas funções
são recursos importantes para reduzir o risco de acidentes.

Um trabalhador que conhece bem o seu trabalho e o desempenha com seriedade,


atento às normas de segurança, está muito menos sujeito a um acidente do que um
trabalhador desleixado, que não mostra preocupação com a qualidade de seu trabalho.
As causas pessoais também podem ser neutralizadas, observando-se a adaptação do
trabalhador ao seu trabalho, e proporcionando-lhe cuidados médicos e assistenciais
adequados.

Mas o fator central, mais próximo do acidente, é a causa mecânica! A remoção da


causa mecânica é o fator que mais reduz a probabilidade de um acidente ocorrer.

A prevenção começa, portanto, pela eliminação ou neutralização das causas dos


acidentes.

Atividades prevencionistas na empresa

Em se tratando de responsabilidade pela segurança na empresa, quem deveria


assumi-la? Será que um setor daria conta de tudo que acontece numa empresa? Não.
A prevenção de acidentes precisa da colaboração de todos.

É por isso que toda empresa deve ter uma CIPA - Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes.

O objetivo fundamental da CIPA é a prevenção de acidentes. Sua composição e


atuação estão definidas por legislação específica - a Norma Regulamentadora NR-5,
da Portaria nº 33 (27/10/83) do Ministério do Trabalho.

A CIPA tem papel importantíssimo porque possibilita a união de empresários e


empregados para estudar problemas sérios da empresa e descobrir meios e processos
capazes de cercar o local de trabalho da maior segurança possível.

A CIPA pode contribuir para a solução de problemas, com campanhas e observações


cuidadosas do ambiente de trabalho, ou seja, as inspeções de segurança. As

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campanhas da CIPA têm por objetivo desenvolver uma mentalidade prevencionista


entre os trabalhadores.

Inspeções de segurança

Quando falamos das atividades prevencionistas, não podemos deixar de destacar as


inspeções de segurança.

Os cipeiros (membros da CIPA) fazem levantamento dos perigos existentes para


impedi-los de virem a se tornar causas de acidentes.

Toda inspeção segue um ciclo de procedimentos básicos que contribui para a


elaboração do mapeamento de riscos, ou seja, uma metodologia de inspeção dos
locais de trabalho tornada obrigatória a partir da publicação da Norma
Regulamentadora do Ministério do Trabalho NR-9, de 17/8/92.

Os acidentes são evitados com a aplicação de medidas específicas de segurança,


selecionadas de forma a estabelecer maior eficácia na prática. As prioridades são:

• Eliminação do risco – significa torná-lo definitivamente inexistente. Exemplo:


uma escada com piso escorregadio apresenta um sério risco de acidente. Esse
risco poderá ser eliminado com a troca do material do piso por outro,
emborrachado e antiderrapante.

• Neutralização do risco – o risco existe, mas está controlado. Essa alternativa


é utilizada na impossibilidade temporária ou definitiva da eliminação de um
risco. Exemplo: as partes móveis de uma máquina – polias, engrenagens,
correias etc. - devem ser neutralizadas com anteparos protetores, uma vez que
essas partes das máquinas não podem ser simplesmente eliminadas.

• Sinalização do risco – é a medida que deve ser tomada quando não for
possível eliminar ou isolar o risco. Por exemplo: máquinas em manutenção
devem ser sinalizadas com placas de advertência; locais onde é proibido fumar
devem ser devidamente sinalizados.

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Proteção coletiva X proteção individual

As medidas de proteção coletiva, isto é, que beneficiam a todos os trabalhadores,


indistintamente, devem ter prioridade, conforme determina a legislação que dispõe
sobre Segurança e Medicina do Trabalho.

Os equipamentos de proteção coletiva são conhecidos pela sigla EPC.

Os EPC devem ser mantidos nas condições que os especialistas em segurança


estabelecerem, devendo ser reparados sempre que apresentarem qualquer deficiência.

Alguns exemplos de aplicação de EPC:


• sistema de exaustão que elimina gases, vapores ou poeiras do local de
trabalho;
• enclausuramento, isto é, fechamento de máquina barulhenta para livrar o
ambiente do ruído excessivo;
• comando bimanual, que mantém as mãos ocupadas, fora da zona de perigo,
durante o ciclo de uma máquina;
• cabo de segurança para conter equipamentos suspensos sujeitos a esforços,
caso venham a se desprender.

Quando não for possível adotar medidas de segurança de ordem geral, para garantir a
proteção contra os riscos de acidentes e doenças profissionais, deve-se utilizar os
equipamentos de proteção individual, conhecidos pela sigla EPI.

São considerados equipamentos de proteção individual todos os dispositivos de uso


pessoal destinados a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador.

Os EPI não evitam os acidentes, como acontece de forma eficaz com a proteção
coletiva. Apenas diminuem ou evitam lesões que podem decorrer de acidentes.

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Existem EPI para proteção de praticamente todas as partes do corpo. Veja alguns
exemplos:

• Cabeça e crânio: capacete de segurança contra


impactos, perfurações, ação dos agentes
meteorológicos etc.
• Olhos: óculos contra impactos, que evita a
cegueira total ou parcial e a conjuntivite. É utilizado
em trabalhos onde existe o risco de impacto de
estilhaços e cavacos.

• Vias respiratórias: protetor respiratório, que


previne problemas pulmonares e das vias
respiratórias, e deve ser utilizado em ambientes
com poeiras, gases, vapores ou fumos nocivos.

• Face: máscara de solda, que protege contra


impactos de partículas, respingos de produtos
químicos, radiação (infravermelha e ultravioleta) e
ofuscamento. Deve ser utilizada nas operações de
solda.

• Ouvidos: concha, que previne contra a surdez, o


cansaço, a irritação e outros problemas
psicológicos. Deve ser usada sempre que o
ambiente apresentar níveis de ruído superiores
aos aceitáveis, de acordo com a norma
regulamentadora.

• Mãos e braços: luvas, que evitam problemas de


pele, choque elétrico, queimaduras, cortes e
raspões e devem ser usadas em trabalhos com
solda elétrica, produtos químicos, materiais
cortantes, ásperos, pesados e quentes.

• Pernas e pés: botas de borracha, que


proporcionam isolamento contra eletricidade e
umidade. Devem ser utilizadas em ambientes

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úmidos e em trabalhos que exigem contato com


produtos químicos.

• Tronco: aventais de couro, que protegem de


impactos, respingos de produtos químicos, choque
elétrico, queimaduras e cortes. Devem ser usados
em trabalhos de soldagem elétrica, oxiacetilênica,
corte a quente etc.

Observação
Não é qualquer EPI que atende a legislação e protege o trabalhador. Apenas aqueles
que têm o número do CA e a marca do fabricante gravada no produto é que oferecem
proteção efetiva. Cabe ao trabalhador zelar pela própria segurança, recusando os EPIs
que não tenham o CA e a identificação do fabricante.
A lei determina que os EPI sejam aprovados pelo Ministério do Trabalho, mediante
certificados de aprovação (CA). As empresas devem fornecer os EPI gratuitamente aos
trabalhadores que deles necessitarem. A lei estabelece também que é obrigação dos
empregados usar os equipamentos de proteção individual onde houver risco, assim
como os demais meios destinados a sua segurança.

É tarefa do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho (SESMT) e da CIPA ou, na falta desses, do empregador, determinar o tipo
adequado de EPI em face do risco que irá neutralizar e quais as pessoas na empresa
que deverão utilizá-los.

O treinamento é uma fase importante no processo de utilização dos EPI. Quando o


trabalhador recebe instruções sobre a maneira correta de usar o EPI, aceita-o melhor.
Sendo assim, quando tiver dúvidas sobre a utilização de um EPI, peça esclarecimentos
ao setor de segurança de sua empresa.

Controle e conservação dos equipamentos de proteção

Cabe ao setor de segurança da empresa, juntamente com outros setores competentes,


estabelecer o sistema de controle adequado.

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A conservação dos equipamentos é outro fator que contribui para a segurança do


trabalhador. Portanto, cada profissional deve ter os seus próprios equipamentos e deve
ser responsável pela sua conservação.

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