Artigo 8 Flaviano
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O Voto de Jefté: duas possibilidades para a interpretação cristã. ISSN 2316-1639 (online)
RESUMO
Este artigo apresenta um breve estudo sobre o Voto de Jefté, localizado em Jz
11.29-40. O objetivo é demonstrar duas possibilidades de interpretação para
essa passagem do ponto de vista cristão, além de tentar explicar as ações de
Jefté e o porquê do mesmo estar inserido na galeria dos Heróis da Fé. Baseado
no pensamento de autores como John Walton, Willian S. Lasor e Warren W.
Wiersbe, essa pesquisa chega ao entendimento de que a posição sacrificialista é
a mais assertiva em relação a não-sacrificalista; também se conclui que Jefté,
numa tentativa de barganhar com Deus, deixou-se influenciar pela cultura e
questões pessoais para a realização de um voto insensato, que de maneira
nenhuma foi solicitado ou apreciado por Deus.
ABSTRACT
This article presents a brief study of the Vote of Jephtah, in Judges 11.29-40.
The objective is to demonstrate two interpretation possibilities for this text from
a Christian point of view, in addition to trying to explain the acts of Jephtah
and why he is in the Heroes of Faith gallery. Based on authors like John
Walton, Willian S. Lasor and Warren W. Wiersbe, this research understands
that the sacrificial position is the most assertive in relation to the non-sacrificial;
it was also concluded that Jephtah, in an attempt to bargain with God, let
himself be influenced for culture and personal issues to take an imprudent vote,
which was not asked or appreciated by God.
INTRODUÇÃO
2 No latim Liber Judicum; no grego Kritai (κριταί); e no hebraico shôftîm (GUSSO, 2011, p. 28).
3 Todas as citações bíblicas seguirão a tradução da Almeida Revista e Atualizada – ARA.
4 Algumas teorias sobre autoria de Juízes: 1) primeiramente, a tradição judaica aponta para Samuel
como o autor, mesmo carecendo de evidências (HILL; WALTON, 2007, p. 210); 2) também há a
teoria da Fonte Deuteronomista, na qual os livros de Deuteronômio, Josué, Juízes, Samuel e Reis
seriam obra de um único autor ou compilador durante o período exílico (DILLARD; LONGMAN
III, 2006, p. 116).
5 Não apenas os líderes, mas toda a nação de Israel é representada como profundamente
corrompida (DILLARD; LONGMAN III, 2006, p. 116, 123), prova disso é a expressão “fizeram os
filhos de Israel o que era mau perante o Senhor” (Jz 2.11), que aparece diversas vezes ao longo do
livro: Jz 3.7, 12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1.
6 Os autores John H. Walton, Victor H. Matthews e Mark W. Chavalas explicam que,
geograficamente, Gileade é a “região da Transjordânia delimitada pelo rio Jaboque ao sul [...] e
pelo rio Jarmuque, ao norte”.
7 Tobe, que também é citada em 2Sm 10.6-8 (WEBB, 2009, p. 423), “foi identificada como et-
Tayibeh, na região entre Edrei (Der’a) e Bozra (Busra ash-Sham) no oeste de Gileade” (WALTON;
MATTHEWS; CHAVALAS, 2018, p. 338-339).
8 Os amonitas, que viviam na região do rio Jaboque, já eram conhecidos dos registros assírios,
negociador: 1) negociou com os anciãos de Gileade para ser seu líder em troca de sua presença na
batalha (Jz 11.9); 2) negociou com os reis das proximidades para evitar o confronto (11.12-28); e 3)
como será demonstrado adiante, seu voto foi nada mais que uma tentativa de negociar a vitória
com Deus (11.30-31). Paul Gardner (2005, p. 311) o define como “um líder inteligente e prático”.
2. POSIÇÃO NÃO-SACRIFICIALISTA
10Walton, Matthews e Chavalas (2018, p. 340) citam a narrativa do voto do rei Idomeus, de Creta,
que, após um saque a Troia, é pego por uma tempestade que o obrigou a fazer um voto semelhante
ao de Jefté, o qual resultou na morte de seu próprio filho.
3. POSIÇÃO SACRIFICIALISTA
11 Jônatas de Mattos Leal (2011, p. 65-71) destaca os defensores dessa posição ao longo da história:
1) na Tradição Judaica têm-se o Targum, Pseudo-Filo, Flávio Josefo e os Midrashim; 2) já na
Tradição Cristã encontram-se nomes como Tertuliano (160-230), Orígenes (185-254), Metódio de
Olimpo (?-311), Ambrósio (340-397), João Crisóstomo (354-407) e Agostinho (354-430). O autor
ainda destaca a interpretação do último, que relaciona Jefté e sua filha com Cristo e a Igreja (p. 82).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
12Cundall (1986, p. 142) defende que Jefté esperava que o sacrifício envolvesse um de seus servos.
13O culto ao deus pagão Camos incluía sacrifício de crianças, como demonstrado em 2Rs 3.27
(LASOR; HUBBARD; BUSH, 1999, p. 174-175).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS