Chum Bad or
Chum Bad or
Chum Bad or
ESCOLA DE ENGENHARIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS
Agosto/2002
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS
Comissão Examinadora:
____________________________________
Prof. Dr. Armando Cesar Campos Lavall
DEES - UFMG - (Orientador)
____________________________________
Prof. Dr. Ricardo Hallal Fakury
DEES - UFMG
____________________________________
Prof. Dr. Julio Fruchtengarten
EPUSP
Ao Prof. Dr. Armando César Campos Lavall, por ter tornado possível realizar
esta jornada; no início, na qualidade de Chefe do Departamento de Engenharia de
Estruturas da EEUFMG; no meio, como Professor e finalmente, como
Orientador, registro a minha imensa gratidão.
LISTA DE TABELAS.......................................................................................i
RESUMO.........................................................................................................vi
ABSTRACT...................................................................................................vii
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................1
1.1 Considerações Iniciais....................................................................1
1.2 Objetivos........................................................................................5
1.3 Organização do Texto ....................................................................6
3. PROCESSOS DE DIMENSIONAMENTO.........................................16
3.1 Introdução ....................................................................................16
3.2 Processo de GREGOR(1973) .......................................................18
3.2.1 Formulário de GREGOR .....................................................18
3.2.2 Momento fletor máximo com h = 0......................................20
3.2.3 Valores numéricos obtidos pelo formulário de
GREGOR (1973) .................................................................21
3.2.4 Tabela de uso freqüente no meio técnico..............................24
3.3 Processo apresentado no 2o vol. do Livro "Construções de
Concreto", de LEONHARDT,F.& MOENNIG,E.
(1979) ..........................................................................................25
4. TENSÕES DE CONTATO ..................................................................30
4.1 Introdução ....................................................................................30
4.2 Algumas Fórmulas das Tensões de Hertz .....................................33
4.3 Valores Numéricos Obtidos pela Fórmula de Hertz ......................35
4.4 Valores Limites para as Tensões de Contato.................................36
4.5 Tensões no Concreto em Áreas Reduzidas ...................................39
8 CONCLUSÕES........................................................................................96
BIBLIOGRAFIA.........................................................................................101
i
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 5.4- Modelo mostrando os três volumes com subdivisões para mapear
a malha.......................................................................................49
Figura 5.5- Modelo com malhas mapeadas entre chumbador, bloco de
concreto e placa de base .............................................................50
RESUMO
ABSTRACT
The main purpose of this paper is to determine the horizontal forces that can be
applied in the particular situation of an isolated bolt and two bolts anchored in a
concrete block. So, the mathematic formulation of beams on infinite elastic
supports is presented, thus simulating the behavior of the anchored bolt. The
formulas for calculating the contact strains between curved bodies are discussed
and presented, as well as the acceptable values and limit compression strains on
the concrete in reduced areas. The Finite Element Method via ANSYS Program
is used for the numeric processing of the models representing both an isolated
anchor bolt and two bolts anchored in a concrete block. With the results reached,
a proposal for a form to obtain the maximum strains in the concrete and in the
steel was elaborated, taking into account the variation of the resistance
characteristic in the spring constant of the elastic medium that surrounds the
anchor bolt. This form also allows the determination of the horizontal force that
can be applied to the anchor bolt, and considers a reduction factor to be used in
the event of two anchor bolts aligned with the applied force.
Key words: cutting effort with anchor bolt, strain in a reduced area, elastic base
beams, concrete plasticizing.
1
1
INTRODUÇÃO
pilar
barra de
placa de base cisalhamento
chumbador
bloco de
concreto
nas bases dos pilares. O esforço cortante existente nas bases dos pilares é
transmitido à fundação por meio das barras de cisalhamento, as quais são
soldadas na face inferior das placas de base, e requerem a confecção de nichos
nos blocos de concreto, visando o adequado funcionamento do sistema de apoio.
Além dos casos de bases de pilares, esse problema visando definir melhor o
comportamento dos chumbadores sob esforço cortante começou a aparecer
atualmente em pilares de concreto pré-moldado suportando vigas metálicas, nos
casos onde as vigas de concreto pré-moldado não são exeqüíveis. As barras de
3
1.2 Objetivos
O texto é dividido em oito capítulos, sendo que neste primeiro são feitas as
considerações iniciais envolvendo a motivação e o interesse do estudo, bem
como são estabelecidos os objetivos principais.
2
VIGAS SOBRE APOIOS ELÁSTICOS CONTÍNUOS
2.1 Introdução
y
A
x p(x) r = ky
B
Figura 2.1 – Viga sob carregamento apoiada em base elástica
Sejam as relações diferenciais entre o momento fletor (M), força cortante (V) e a
carga aplicada (p(x)), dadas por:
A equação diferencial da linha elástica para viga sobre infinitos apoios elásticos
pode ser escrita sob a forma:
10
A solução geral da Eq. (2.4), (yg) é constituída pela soma da solução da equação
homogênea (yh) e de uma solução particular (yp).
yg = yh + yp (2.8)
y F
Os termos com e-αx tendem para zero quando x cresce ilimitadamente, ou seja, os
termos com as constantes C e D são nulos nesse ponto. Sendo y (∞) = 0 , decorre
que os termos com A e B também devem ser nulos, mas isto só é possível se A =
B = 0, pois esses termos cresceriam ilimitadamente com eα .
x
M(0) = 0
V(0) = -F
As Eq. (2.5) e (2.6) fornecem o momento fletor e a força cortante numa seção
genérica. Por isso, é necessário calcular as derivadas de 2a e 3a ordem da Eq.
(2.12):
M(x) = -EId2y/dx2 = -EI (-2α2D e-αx cosαx + 2α2C e-αx senαx) (2.16)
M(0) = -EI(-2α2D e-0 cos0 + 2α2C e-0 sen0) = 2EIα2D = 0 , expressão que só é
verdadeira para D = 0, uma vez que 2EIα2 ≠ 0.
C = F/ (2α3EI) (2.19)
1,2
1,0 ymáx
0,8
0,6
flechas
0,4
0,2
0,0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41
-0,2
Profundidade (αx)
1,2
1,0 ϕmáx
rotações 0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2 1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41
Profundidade (αx)
Momentos 0,4
fletores Mmáx
0,3
0,2
0,1
``
0,0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41
-0,1
Profundidade (αx)
1,5
esforços
cortantes
1,0 Vmáx
0,5
0,0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41
-0,5
Profundidade (αx)
Nas Fig. 2.3 a 2.6, os eixos das abscissas correspondem a valores de αx (em
radianos) variando de 0,10 de ponto para ponto. Por exemplo, o ponto 1
corresponde a αx = 0; o ponto 2 a αx = 0,10; o ponto 3 a αx = 0,20 e assim por
diante. O valor αx = 0 corresponde ao topo do bloco de concreto.
16
3
PROCESSOS DE DIMENSIONAMENTO
3.1 Introdução
F
h
~6d
d
sendo:
c = 400 kN/cm3, valor adotado pelo autor e que está associado à constante de
mola representada pelo concreto;
EI = rigidez à flexão do chumbador;
α = [k/(4EI)] 1/4
= [cd/(4EI)] 1/4
= valor proveniente da análise de viga sobre
apoios elásticos contínuos.
σa = M máx /W (3.4)
τ a = 1,33(F/A) (3.5)
Caso 1
O formulário de GREGOR será usado para se obter a força horizontal de cálculo
de um chumbador de diâmetro 25 mm, em aço com tensão de escoamento fy =
210 MPa e resistência característica á compressão do concreto fck = 18 MPa, e
argamassa de enchimento ("grout”) com altura de 50 mm.
Fator de redução = (1- Fd1/Fd3) = 0,907; ou seja, uma redução de 90,7 % (Fd1 ≈ 9,3
%Fd3).
Caso 2
A força horizontal de cálculo (Fd) do chumbador será determinada no caso da
placa de base estar diretamente apoiada no bloco de concreto.
60,7% Fd3).
24
Esta tabela mostra a força cortante de serviço, em kN, que cada chumbador de
diâmetro d, pode resistir em função da altura h da argamassa de enchimento
(“grout”).
L Linha de Ruptura
d
d
Caso 1
Barra cilíndrica ligada por meio de solda a uma placa de aço que dificulta a
ruptura do concreto.
solda
F
h
a compressão dificulta a ruptura do concreto
A força limite última (Fu) é dada pela fórmula empírica (3.7) usando-se unidades
coerentes:
Fu = 0,833d2(fcpfy)1/2 (3.7)
onde:
d = diâmetro do chumbador;
fcp = resistência caraterística prismática à compressão do concreto; (fck ≈ 0,8fcp ,
ou seja , fcp ≈ 1,25fck);
fy = tensão de escoamento do aço.
Caso 2
Barra cilíndrica simples. Nesta situação, a ruptura do concreto está livre para
ocorrer, e o estado de tensões de compressão entre a barra cilíndrica de aço e o
furo de concreto ocasionará uma linha de ruptura tal como indicado
anteriormente na Fig. 3.2.
A força limite última (Fu) é dada pela fórmula empírica (3.8) usando-se unidades
coerentes:
Fu = 0,433[(1-1,69 ε2 )0,5 - 1,3ε]d2(fcpfy)1/2 (3.8)
onde :
ε = 3(h/d)(fcp/fy) (3.9)
sendo h = distância da força F à face do concreto.
27
Fu = 0,433d2(fcpfy)1/2 (3.10)
d = 2,5 cm
fck = 18 MPa = 1,8 kN/cm2
fcp = 1,25x1,8 = 2,25 kN/cm2
fy = 210 MPa = 21,0 tkNcm2
ε = 3(5,0/2,50)(2,25/21,0) = 0,643
Fu = 0,433[(1-1,69x0,6432 )0,5 - 1,3x0,643]2,52(2,25x21,0)0,5 = -5,34 kN <0
Na realidade, a Eq. (3.8) não pode ser usada na situação em questão, pois,
trata-se de uma fórmula empírica e, portanto, seu uso está restrito às
condições em que os ensaios foram realizados. Conforme destacado
anteriormente, ela foi obtida com distâncias h compreendidas entre 0 e 13
mm. Infelizmente, esta situação (limitação do processo) não poderá ser
comparada com os valores obtidos pelo formulário de GREGOR (1973).
A força horizontal de cálculo por este último processo (13,95 kN) é bem superior
ao valor (3,88 kN) obtido pelo formulário de GREGOR (1973).
Tabela 3.2 – Força horizontal última em kN para chumbadores com fy = 210 MPa
e fck = 13,5 MPa.
h Força horizontal última (kN)
(mm) d =16 mm d =25,4mm d =31,5 mm
4
TENSÕES DE CONTATO
4.1 Introdução
Eixo Normal
R E1 ,ν1
1
máx. Plano Tangente
x
2a
R
2
E2 , ν2
Onde:
R1 e R2 são os raios dos corpos esféricos 1 e 2, em contato, respectivamente;
E 1 e E2 são os módulos de elasticidade longitudinais dos corpos em contato;
ν1 e ν2 são os coeficientes de Poisson dos corpos 1 e ¹, respectivamente;
a é o raio do círculo de contato;
P é a força de compressão entre os corpos;
σmáx é a tensão máxima de contato que ocorre no centro da área de contato.
Por isso, as tensões limites para as tensões de contato são estabelecidas pelos
diversos regulamentos, especificações de dimensionamento, nacionais e
internacionais, em valores muito maiores do que a tensão de escoamento ou
mesmo da resistência última à compressão dos materiais envolvidos.
PISARENKO (1979) e REHER (2002) indicam tensões limites de contato com
valores da ordem de até 14 vezes a tensão de escoamento para corpos de aço,
dependendo do tipo de contato.
Eixo Normal
R E
2 1
R
1
máx. Plano tangente
x
2a
E
2
Este caso é similar ao objeto deste trabalho: chumbador de aço = corpo 1 e bloco
de concreto = corpo 2.
35
Para este caso, não é fornecido formulário para cálculo de σmáx, tração e τ máx.
Para se ilustrar o uso das fórmulas de Hertz, será determinada a tensão de contato
entre um chumbador de aço com diâmetro de 16 mm, mergulhado em um bloco
de concreto com resistência característica à compressão, fck = 13,5 MPa e
submetido a uma força P = 12 kN.
Com a notação da Fig. 4.2 e com o auxílio das Eq. (4.8), (4.9) e (4.11), calcula-se
a tensão de contato entre os dois corpos. Será considerado que a força aplicada P
seja distribuída uniformemente em um comprimento igual a um diâmetro do
chumbador.
KD = 2x0,80x0,825/(0,825-0,800) = 52,80 cm
σmáx=0,798[12/(1,60x52,80x5,93x10-4)]0,5 = 12,35 kN/cm2
No Capítulo 6, será mostrado que esses valores numéricos obtidos são coerentes
com os resultados dos modelos analisados via ANSYS.
Felizmente, pelo fato do estado de tensões ser do tipo hidrostático nos pontos da
área central de contato, quando as três tensões de compressão são praticamente
iguais, o material nestes pontos pode resistir, sem o aparecimento de
deformações permanentes, à pressões elevadas, que podem ser avaliadas segundo
PISARENKO (1979) e REHER (2002) em aproximadamente 14fy.
Figura 4.3 – Contato entre corpos, um com superfície curva e o outro com
superfície plana
Na Fig. 4.3 é apresentado o caso de um cilindro com uma placa, o contato antes
da deformação é uma geratriz. Tensão limite de contato = 3,5fy.
Por exemplo, um corpo com superfície esférica em contato com um corpo com
superfície cilíndrica.
R1
Superfície
Cilíndrica
R2
Esfera
Figura 4.4 – Contato entre corpos com superfícies curvas, sendo uma pontual
Rolamento
Figura 4.5 – Contato entre corpos com superfícies curvas através de um mesmo
ponto
39
AREMA (2000) estabelece uma tensão limite da ordem de 3,33fy , para o contato
entre corpos cilíndricos com superfícies planas, para o caso específico de roletes
com diâmetros menores do que 600 mm.
O AISC (2000) estabelece, para o caso similar, uma tensão limite de contato da
ordem de 3fu que, em termos de tensão de escoamento, equivale a
aproximadamente 4,0fy para aços de média resistência.
onde:
A1 = área total da seção de concreto
A2 = área da seção carregada
40
5
IMPLEMENTAÇÃO NUMÉRICA VIA ANSYS
5.1 Introdução
5.2.1 SOLID45
O elemento SOLID45 é um elemento tridimensional (bloco), conforme mostrado
na Fig. 5.1.
P 4
O
5
M
6 N
2 L 3
K
Z
1
I
J
Y
X
O elemento é definido por oito nós, e cada nó possui três graus de liberdade:
translações nodais nas direções x, y e z.
As cargas nos elementos podem ser nodais e de superfícies. As cargas nodais são
definidas para os nós e não estão diretamente relacionadas com os elementos. As
cargas nodais são associadas aos graus de liberdade dos nós e são normalmente
forças e deslocamentos impostos. Cargas nos elementos são pressões que podem
ser aplicadas nas faces do elemento. Pressões positivas são as que atuam para o
interior do elemento.
o o (5.1)
Onde:
As superfícies de contato que modelam o contato entre corpos sempre atuam aos
pares, isto é, cada superfície “alvo” somente pode ser associada a uma superfície
de contato, e vice versa. Para os modelos numéricos, foram escolhidos os
elementos superfície alvo (TARGE170) e a superfície que entra em contato
(CONTA174).
A superfície “alvo” pode ser rígida ou flexível. Para modelar contatos semi-
rígidos, a superfície “alvo” deve ser rígida. Para contatos flexíveis, uma das
superfícies deformáveis deve estar revestida por uma superfície “alvo”.
L K
O
N
P
I M J
A superfície de contato é definida por oito nós, tal como indicado na Fig. 5.3.
Superfície alvo
Elemento contato
L K
O
N
P
M Superfície no sólido
I J
a) Normal
É o caso normal de contato unilateral. Se a pressão é positiva, o contato é
estabelecido; caso a pressão seja nula, ocorre a separação das superfícies;
b) Sem deslizamento
Corresponde a superfícies que não deslizam e teriam um coeficiente de atrito
infinito;
46
c) Sem separação
Com deslizamento. Esta opção permite o deslizamento, mas uma vez
estabelecido o contato deve permanecer junto a superfícies alvos e de contato
durante o processo de análise;
d) Sem separação
Esta opção não permite a separação da superfície de contato, mas uma vez
estabelecido o contato deve permanecer sempre junto à superfície alvo ao
longo da direção da normal às superfícies;
e) Vinculadas
Nesta opção de contato, uma vez estabelecido, o mesmo deve permanecer
sempre junto à superfície alvo ao longo das direções da normal e da tangente
às superfícies.
Aço
!#"%$'&)(+*,(+$.-%/0$1%$324"5(76869":- ; <>=%?A@%=CB
Módulo de elasticidade longitudinal do aço E = 205 000 MPa;
Concreto
Módulo de elasticidade longitudinal do concreto: Ec = 5600(fck)1/2
fck = 13,5 MPa Ec = 20.576 MPa ≈ 2.057,6 kN/cm2
fck = 18,0 MPa Ec = 23.759 MPa ≈ 2.375,9 kN/cm2
fck = 25,0 MPa Ec = 28.000 MPa ≈ 2.800 kN/cm2
47
D#E%F'G)H+I,H+F.J%K0FL%F3M4E5H7N8N9E:JPO QSR%TVUWRCX
Cada modelo é constituído por três corpos e por três pares de superfícies de
contato:
Figura 5.4 – Modelo mostrando os três volumes com subdivisões para mapear a
malha
O bloco de concreto foi apoiado na face anterior e na face inferior, nesta última
em conjunto com o chumbador. A face anterior da placa de base está livre, sem
nenhuma restrição. Toda a face direita do chumbador, bloco de concreto e placa
de base está com restrições compatíveis com a continuidade dos sólidos.
Figura 5.5 – Modelo com malhas mapeadas entre chumbador, bloco de concreto
e placa de base
Figura 5.15 – Superfície de contato do topo do concreto com fundo placa de base
57
Os modelos usados na análise via Método dos Elementos Finitos com recursos
do ANSYS, partiram da premissa básica de se obterem modelos onde houvesse
sempre o perfeito controle de todos os parâmetros físicos envolvidos no
problema.
Por isso, optou-se pela adoção de um modelo simples na escolha dos parâmetros
físicos de caracterização do concreto, pois, para o aço, os valores desses
parâmetros estão perfeitamente definidos. O monitoramento do processo de
plastificação do concreto (o aço sempre está com um nível de tensão inferior à
tensão de escoamento) limitou-se à região em torno do apoio do chumbador com
a parede do furo de concreto, considerando tensões compatíveis com as tensões
do concreto em áreas reduzidas, flim. = 2,1fck. Assim, tanto o aço como o concreto
58
1a etapa
Modelagem em 3D do conjunto: chumbador, bloco de concreto, placa de base e
as três superfícies de contato entre chumbador e parede do furo do bloco de
concreto, chumbador e placa de base, e face inferior da placa de base e parte
superior do bloco de concreto. O chumbador e a placa de base são definidos com
as características do material M1 (aço), e o bloco com as do material M2
(concreto).
2a etapa
Escolha da força inicial (F1) a ser aplicada ao modelo. A força inicial foi
escolhida no meio do intervalo compreendido entre a força obtida pelo
formulário de GREGOR (1973) e a resistência máxima ao cisalhamento do
chumbador na condição de apoio metálico.
3a etapa
Estabelecimento dos limites a serem observados durante o processo de análise de
cada modelo: tensão limite à compressão no concreto, flim = 2,10fck, na região de
60
4a etapa
Processamento do modelo via ANSYS. O programa informa que está diante de
um problema de comportamento não linear.
5a etapa
Análise dos resultados do processamento da etapa anterior, onde se constata que:
6a etapa
Inicia-se o monitoramento do processo de plastificação do concreto, pois os
valores dessas tensões estão sempre bem maiores do que o limite estabelecido na
3a etapa (flim = 2,10fck).
Com recursos do ANSYS, separou-se todos os elementos que estão com tensões
de compressão acima do limite 2,10fck. Estes elementos com características de
material M2, não podem resistir a tensões maiores do que o referido limite. Por
isso, são definidos como sendo de um novo material M3, com rigidez menor que
61
7a etapa
Processamento do novo modelo com três materiais. Ocorre uma redistribuição
das tensões onde o chumbador de material M1 passa a ser mais solicitado. Após
essa primeira iteração do processo de plastificação, verifica-se que aparecem
novos elementos de concreto de material M2 com tensões superiores ao limite
2,10fck. Alguns elementos da região de material M3 ainda estão com tensões
superiores ao referido limite.
É feita nova pesquisa dos elementos de material M2 que estão com tensões de
compressão acima do limite, e estes elementos são incorporados à região de
plastificação de material M3. A análise das tensões dos elementos de material
M3 pode levar a modificação do valor do módulo de elasticidade que foi
atribuído na 6a etapa.
Após toda a descrição do processo conclui-se que a análise não linear física é
realizada em regime elástico com módulos de elasticidade diferentes para as
várias regiões.
63
. número médio de forças ensaiadas para se obter a força limite que pode atuar
em cada chumbador = 4.
64
6
ANÁLISE DE MODELOS E RESULTADOS
6.1 Introdução
A Tab. 6.1 fornece os valores usados nas dimensões dos modelos deste trabalho,
conforme notação usada na Fig. 6.1, para o caso de um chumbador.
c
b
a
Figura 6.1 – Dimensões para modelo com um chumbador e bloco de base
quadrada
Para a espessura da placa, foram usados valores consistentes com aqueles usados
nas aplicações práticas.
67
Conforme pode ser observado nas Tab. 6.5 a 6.7 os deslocamentos máximos no
aço, na direção do eixo y, e no concreto na direção do eixo z, nos diversos
modelos, são de intensidade muito pequena e não se vislumbra nenhum efeito
nocivo sobre os mesmos.
A Fig 6.6 ilustra a variação das tensões normais nos chumbadores, segundo o
eixo y, observando-se que não existe entre eles uma distribuição por igual da
força horizontal aplicada ao modelo.
77
Para a determinação da força horizontal limite que pode ser aplicada a cada
modelo, com a presença de dois chumbadores, foram considerados três tipos de
espaçamentos entre eles: 3d, 4d e 5d.
7
PROPOSTA DE DIMENSIONAMENTO
7.1 Introdução
Com base nos resultados via Método dos Elementos Finitos, com recursos do
ANSYS, obtidos no Capítulo 6, resumidos nas Tab.6.2, 6.3 e 6.4, e em confronto
com os valores da Tab.3.1 obtidos pelo formulário de GREGOR (1973), será
apresentada a proposta de dimensionamento, tendo em vista que a fórmula para a
determinação do momento fletor no chumbador é consistente com os valores
obtidos pela formulação matemática de vigas sobre infinitos apoios elásticos,
exposta no Capítulo 2, item 3.2.2. Obviamente, as constantes envolvidas no
problema devem ser calibradas à luz dos resultados obtidos no Capítulo 6.
A análise das referidas Tab. 6.2, 6.3 e 6.4 mostra que a força horizontal limite foi
obtida sempre pela limitação das tensões de compressão no concreto, e
especificamente pela limitação imposta de que a área plastificada não tivesse
uma profundidade maior do que um diâmetro do chumbador. Dessa maneira essa
área ficará sempre localizada dentro dos limites da argamassa de enchimento
(“grout”), onde o referido material possui características mecânicas bem
superiores às do concreto normalmente usado nas estruturas de fundação, e nessa
situação, admite-se está numa posição bastante segura quanto à aplicação dos
81
a) h = 0.
Com relação à Fig. 3.1, a dimensão h é a distância entre o ponto de aplicação
da força horizontal no chumbador até a face superior do bloco de concreto,
que aparece no formulário de GREGOR (1973), parâmetro que é usado na
formulação matemática de vigas sobre base elástica. Nesse caso, o chumbador
já entra na face do bloco do concreto com um momento fletor inicial M = Fhh,
sendo Fh a força horizontal aplicada ao chumbador.
Note-se que uma das reservas para cobrir eventuais desvios com relação aos
valores obtidos na análise numérica, decorrentes do comportamento usado
para o concreto, reside justamente em confinar a região plastificada aos limites
da camada do grauteamento.
b) Confirmada uma das expectativas deste trabalho, de que se está lidando com
tensões de contato e não com um estado de compressão simples no concreto,
ou na pior das hipóteses com tensões no concreto em áreas reduzidas,
conforme aparecem em todas as figuras do Capítulo 6, a proposta é utilizar
como tensão limite à compressão no concreto, o valor de 2,1fck conforme item
4.4, já levando-se em consideração as correções usuais da construção mista
aço e concreto.
Observe-se que a tensão limite proposta (0,70x3,0 fck = 2,10 fck) é menor do
que aquela que seria obtida utilizando-se a recomendação do EUROCODE
(1992), onde a tensão limite no concreto em área reduzida é de 3,3 fck. Isto
daria uma reserva adicional de segurança de 10 %.
cc=πEd7σc4/(256F4) (7.1)
D cc (kN/cm3)
(cm) fck = fck = Fck = Média
1,35(kN/cm2) 1,80(kN/cm2) 2,50(kN/cm2) (kN/cm2)
1,6 26,4 30,9 50,5 35,9
2,5 20,9 24,3 32,3 25,8
3,15 12,7 17,6 24,5 18,3
d Ca (kN/cm3)
(cm) fck = fck = Fck = Média(kN/cm2)
1,35(kN/cm2) 1,80(kN/cm2) 2,50(kN/cm2)
1,6 3025,0 3009 3159,4 3064,5
2,5 1842,6 1916,5 2036,5 1931,9
60
40
Cc 13,5 MPa
20 18,0MPa
0 25,0 MPa
1 2 3
Figura 7.1 – Variação dos coeficientes cc para cálculo das tensões máximas no
concreto
4000
3000 13,5 MPa
Ca 2000 18,0 MPa
1000 25,0 MPa
0
1 2 3
diâmetros (1=16; 2=25 e 3=31,5 mm
Figura 7.2 – Variação dos coeficientes ca para cálculo das tensões máximas no
chumbador
86
Nota-se, na Fig. 7.1 , que o valor de cc varia aproximadamente segundo uma lei
linear, em função do tipo de resistência característica do concreto.
O fator de correção para cálculo das tensões máximas no chumbador de aço será
dado pela expressão:
fo=(162dfck–142,3fck–1376,2d+5068,9)/(32fck–6,9dfck+0,48d-2,65) (7.5)
Com base nos itens anteriores deste Capítulo, a proposta de formulário para o
cálculo das tensões limites no concreto e no aço consiste na determinação dos
seguintes parâmetros:
fck Fh σa σa % σc σc %
2 2 2 2 2
(kN/cm ) (kN) (kN/cm ) (kN/cm ) (kN/cm ) (kN/cm )
(Eq. 7.8) (Tab.6.2) (Eq.7.6) (Tab.6.2)
1,35 12 14,7 14,7 0 -3,0 -3,0 0
1,80 15 18,3 18,4 -0,5 -4,0 -3,9 2,6
2,50 17 20,6 20,6 0 -5,0 -5,0 0
Como pode-se observar, os valores encontrados via formulário do item 7.4 estão
bem próximos dos obtidos via ANSYS, sendo que para o aço esta variação é
desprezível, e para o concreto a variação ocorre para maior e está abaixo de 10
%.
fck Fh σa σa % σc σc %
2
(kN/cm ) (kN) (kN/cm2) (kN/cm2) (kN/cm2) (kN/cm2)
(Eq. 7.8) (Tab.6.3) (Eq.7.6) (Tab.6.3)
1,35 25 12,5 12,7 -1,6 -2,6 -2,8 -7,1
1,80 33 16,2 16,6 -2,4 -3,7 -3,7 0
2,50 44 21,2 21,8 -2,8 -5,4 -5,3 1,9
89
Como pode ser observado, os valores encontrados via formulário do item 7.4
estão próximos dos obtidos via ANSYS, sendo que para o aço a variação é menor
que 5%, e para o concreto menor que 10%.
fck Fh σa σa % σc σc %
2 2 2 2 2
(kN/cm ) (kN) (kN/cm ) (kN/cm ) (kN/cm ) (kN/cm )
(Eq. 7.8) (Tab.6.4) (Eq.7.6) (Tab.6.4)
1,35 44 14,7 14,7 0 -2,8 -2,8 0
1,80 55 17,8 17,9 -0,6 -3,8 -3,8 0
2,50 68 21,1 21,1 0 -5,1 -5,1 0
Como pode-se observar, os valores encontrados via formulário do item 7.4 estão
próximos dos obtidos via ANSYS, sendo que neste caso os valores são
praticamente coincidentes.
7.6 Proposta para Obtenção das Forças Horizontais Limites que Podem Ser
Aplicadas em Chumbadores, em Função das Tensões Limites do Concreto e
do Aço
A força horizontal limite será dada pelo menor valor dos obtidos por meio das
Eq. (7.9) e (7.10).
Fhc,lim=(2α3EIσc,lim)/cc (7.9)
Fha,lim=3,10fo1/4αWaσa,lim (7.10)
As Tab. 7.6 a 7.9 foram elaboradas a partir das Eq. (7.9) e (7.10), com σc,lim =
2,10f ck e σa,lim = fy = 21,00 kN/cm2. Conforme pode constatar-se nas referidas
tabelas, as forças horizontais limites correspondem à limitação imposta pelo
concreto para resistências características de até aproximadamente 24,0 MPa e
acima deste valor; as forças horizontais limites são impostas pela resistência do
aço.
Força horizontal limite encontrada, com espaçamento de três diâmetros (3d) entre
eles = 54,00 kN Y Fator de redução = fR = 54,00/66,00 = 0,818.
Na Fig. 7.3 (página 94) os pontos do eixo das abscissas correspondem à cada
uma das linhas da Tab. 7.10.
Na Tab. 7.10 são dados os valores numéricos dos fatores de redução obtidos via
ANSYS, parábola de interpolação e valores propostos em função da relação e/d,
já usando-se um coeficiente de segurança de 0,90, sobre os valores resultantes da
referida interpolação.
94
Nota-se que a curva de interpolação indica que não há redução nas forças
horizontais, para uma relação e/d = 5,51 e para os fatores de redução propostos a
partir de e/d = 6,1.
1,2
1
0,8 ANSYS
0,6
0,4 interpolação
parabólica
0,2
0
1 3 5 7 9 11 13 15
e/d (1=3d, 6=4d e 11=5d)
Figura 7.3 – Variação dos fatores de redução em função da relação e/d, para as
forças horizontais limites que podem ser aplicados em dois ou mais
chumbadores
95
Tabela 7.10 – Valores dos fatores de redução em função da relação e/d, para as
forças horizontais limites ou admissíveis que podem ser aplicadas
em dois ou mais chumbadores.
8
CONCLUSÕES
Apesar de não ser objeto deste estudo analisar o efeito combinado de tração e
cisalhamento no chumbador, o formulário proposto permite determinar as
tensões normais ocasionadas pelo momento fletor devido a uma determinada
força horizontal aplicada no chumbador. Caso a capacidade total às tensões
normais não seja esgotada, então a diferença entre a tensão limite e a tensão
atuante pode ser utilizada para resistir às forças de tração no chumbador.
Não são admitidos espaçamentos entre chumbadores menores do que 3d, porque
certamente conduziriam a uma situação mais desfavorável, não só porque este
limite inferior foi usado nos modelos deste trabalho, como também porque ele
corresponde ao limite inferior normalmente usado entre corpos de aço.
BIBLIOGRAFIA
ROARK, R. J. & YOUNG W. C. (1975) - Formulas for Stress and Strain, Fifth
edition, International Student Edition, Tokyo, Japan.