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Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT

Presidente Prudente

Antonio Nivaldo Hespanhol


Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT
Presidente Prudente

Departamento de Geografia

Antonio Nivaldo Hespanhol

GEOGRAFIA
GEOGRAFIA RURAL
RURAL
POLÍTICAS PÚBLICAS, MODERNIZAÇÃO E
CRISE DA AGRICULTURA BRASILEIRA

In: Faz Ciência, Francisco


Beltrão, 1997.
Estado brasileiro – grande intervenção na
economia e no setor agrícola (Final do Séc. XIX e
início do Séc. XX - estabelecimento de políticas
em favor da cafeicultura).

Crise de 1929 – deslocamento do centro dinâmico


da economia brasileira do setor agrário
exportador para os setores urbano-industriais.
Até a década de 1950 – não havia uma
política agrícola global e sim políticas
específicas vinculadas a alguns
segmentos da agricultura (exportáveis):
- Café (IBC)
- Açúcar e álcool (IAA)
- Cacau (CEPLAC)

Mediação de interesses entre as


oligarquias rurais tradicionais em
relação aos interesses urbano-
industriais.
Pós – II Guerra Mundial – incorporação do
Brasil à fronteira de acumulação do
capital monopolista transnacional.

Década de 1950 (planejamento global) –


Plano de Metas (industrialização pesada).

Importante papel do Estado brasileiro no


investimento em infra-estrutura (energia,
transportes, telecomunicações) e setores
pouco rentáveis ao capital privado.
Ineficiência da agricultura (Caráter
feudal):
- Concentração fundiária;
- Reduzida produção;
- Baixa produtividade;
- Pequena articulação com o mercado.

Final da década de 1950 e início dos anos


1960.
Movimentos em favor da reforma agrária
Complexo latifúndio X minifúndio

“Necessidade da reforma agrária”

Aliança de interesses entre burguesia


urbana-industrial e aristocracia rural –
não realização da reforma agrária.
Golpe Militar - 1964 – Pacto com as classes
dominantes (burguesia e aristocracia rural)

Tripé:
- Capital estatal;

- Grande capital privado nacional;

- Capital estrangeiro (multinacionais)


Golpe Militar - 1964 – Estatuto da Terra

Classificação dos imóveis rurais em 4 categorias:


- Minifúndio (menos de 1 módulo rural);

- Empresa rural (entre 1 e 600 módulos rurais –


adequadamente explorados);

- Latifúndio por exploração (entre 1 e 600 módulos


rurais – inadequadamente explorados);

- Latifúndios por dimensão (mais de 600 módulos


rurais).

Região de Presidente Prudente – 1 módulo = 22 Ha.


Estatuto da terra - 2 possibilidades:

1) Reestruturação fundiária (função social da


propriedade da terra - produzir – reforma
agrária)

2) Modernização da agricultura (converter


latifúndios em empresas rurais –
Crescimento intensivo da produção agrícola
– ampliação da produtividade da terra e do
trabalho – produção por área cultivada e
por pessoas ocupadas, respectivamente)
Opção pela segunda alternativa:

modernização da agricultura - conversão


de latifúndios em modernas empresas
rurais por meio da utilização de recursos
públicos.
1965 – Institucionalização do Sistema
Nacional de Crédito Rural (SNCR) –
principal instrumento de política pública
para a agricultura entre 1965 e 1980.

Juros subsidiados – entre 1970 e 1980 –


juros 15% abaixo da inflação.
Seletividade do crédito rural em termos
de:

- Produtos (exportáveis e matérias-


primas agroindustriais);

- Produtores (médios e grandes) –


pequenos desde que organizados em
cooperativas (repasse);

- Regiões (Centro-Sul).
O Estado brasileiro criou mecanismos
para:

- Ampliar o mercado interno de máquinas


e insumos industrias;

- Ampliar a oferta de produtos


exportáveis.
O Estado brasileiro colocou-se como
“proprietário do capital financeiro que
implementou políticas favoráveis à
mudança da base técnica na
agricultura.” (MÜLLER, 1981, p. 72)
O processo de modernização da
agricultura, apesar de não ter atingido
diretamente todos os produtores,
impactou toda a agricultura brasileira
por meio da constituição de modernos
complexos agroindustriais.
COMPLEXO AGROINDUSTRIAL
CAI
INDÚSTRIA A MONTANTE AGRICULTURA MODERNA INDÚSTRIAS À JUSANTE
(Para a agricultura) (CONSUMIDORA DE MAQ. E INSUMOS - Agroindústrias
Máquinas, Implementos PRODUTORA DE MATÉRIAS-PRIMAS) Cooperativas
Fertilizantes, Defensivos (agrotóxicos)

Serviços de apoio: veterinários, agronômicos, P & D, bancários, marketing,


vendas, transporte, armazenagem, portuários (logística), assistência técnica,
informação de mercado, bolsas, seguros.
COMPLEXO AGROINDUSTRIAL
Sementes
Calcário
Fertilizantes Fornecedores
Fornecedores
Tratores
Colheitadeiras
Rações de
de Insumos
Insumos Implementos
Defensivos ee Bens
Vegetais Bens de
de Equipamentos
Produ ção Máquinas
Produtos Produção
veterinários
Motores Consumidores
Consumidores

Silvicultura
Produção .
Extração vegetal
animal .
Lavouras . Supermercados
Permanentes . Produ ção
Produção Comércio
Restaurantes atacadista
Lavouras .
Agropecu ária
Agropecuária Hotéis
Distribui ção Exportação
Temporárias
Horticultura
.
. Bares, padarias Distribuição
Fast Food, ee Consumo
Consumo
self service

Alimentos Álcool
Téxteis Papel
Vestuários Fumo
**Serviç
Serviços de
Serviços deapoio:
apoio:veteriná
veterin ários, agrônomos,
veterinários, agrônomos,
Madeiras Óleos PP&&D,
D, agentes financeiros,marketing,
agentes financeiros, marketing,
Bebidas
Processamento
Processamento ee vendas,
vendas,transporte,
assistência
transporte,armazenagem,

técnica,
armazenagem,portuá
informaç
informa ç ão de
portuários,
portuários,
mercados,
assistência técnica, informação de mercados,
Transforma ções
Transformações bolsas,
bolsas,seguros,
seguros,outros.
outros.
Fonte: Araú
Ara újo, Ney
Fonte: Araújo, NeyB.,
B.,Wedekin,
Wedekin
Wedekin, , Ivan
Ivan&&
Pinazza,
Pinazza , Luiz Antonio, O agribusiness
Pinazza, Luiz Antonio, O agribusiness
brasileiro.
brasileiro.
- Crescimento intensivo da produção
(ampliação da produção de
produtos para a exportação e/ou
matérias-primas agroindustriais)
PRODUÇÃO AGRÍCOLA DO BRASIL – 1960 e 2005 (Em mil Ton.)
Variação
1960 - 2005
LAVOURAS 1960 2005 %
Soja 205 51.182 24.866
Laranja* 8.360 17.853 113,5
Cana-de-açúcar 56.926 422.956 642,9
Milho 8.671 35.113 304,9
Arroz 4.795 13.192 175,1
Feijão 1.730 3.021 74,6
Trigo 1.312 4.658 255
Mandioca 17.613 25.872 46,9
Algodão 1.609 3.666 127,8
Café 4.169 2.140
* Em mil frutos POPULAÇÃO TOTAL DO BRASIL – 1960 e 2005 (Em milhões)

%
POPULAÇÃO 70.191 184.000 162,14
MUDANÇAS NA PAISAGEM RURAL E
NO PADRÃO TECNOLÓGICO DA
AGRICULTURA BRASILEIRA:
COLHEITA DE SOJA EM SORRISO -MT
SOJA SOJA

PLATAFORMA - MILHO
MILHO

TRIGO
CAFÉ
ALGODÃO

ALGODÃO

EUCALIPTO
PLANTIO DIRETO
PLANTIO DIRETO

-Redução da Erosão: 90%

-Maior infiltração de água – redução do escoamento


superficial em 70%

-Ampliação dos teores de matéria orgânica

-Custo de produção – entre 6 e 14% mais baixo (petróleo)


PLANTIO DIRETO
PLANTIO DIRETO – ATINGE MAIS DE 1/3 DA ÁREA DE CULTIVO DE GRÃOS DO PAÍS
Década de 1980 – Crise fiscal do Estado
Brasileiro – dívida + inflação = descontrole –
perda do poder de intervenção – gerência da
crise.
Crise do modelo de modernização balizado no
crédito.

Fonte dos recursos destinados ao crédito rural:


- Principal - Exigibilidade sobre os depósitos à
vista

- Complemento - tesouro.

Com a aceleração do processo inflacionário, os


recursos provenientes dos depósitos à vista se
tornaram escassos, obrigando o tesouro a
alocar mais recursos para a agricultura.
PGPM – 1981 – indexação dos preços de
garantia (correção automática pelas
taxas de inflação) – AGFs e EGFs

Falta de informação dos pequenos


produtores e dificuldade de acesso ao
sistema financeiro – intermediários
(cerealistas – capital mercantil)

1988 – estabelecimento dos preços de


intervenção
Década de 1990 – segmentos agrícolas mais
modernizados e com maior nível de informação e
integração ao mercado têm conseguido maior
acesso a:

Financiamento externo:
- Pré-pagamentos;
- Notas de exportação;
- Adiantamento de contrato de crédito.

Financiamento interno:
- Equivalência produto;
- Mercados futuros (bolsa de valores).
“A tendência à generalização do modo moderno de
produzir, no contexto seletivo e concentrado de
acesso a crédito e às inovações, acentuou a
pobreza e a miséria herdadas de fases
anteriores, alterando-lhe o seu caráter: não se
trata mais desta miséria e desta pobreza, pois
elas são, agora, fruto da modernização geral do
país, no meio rural e no meio urbano –
modernização tecno-econômica e social.”
MÜLLER, 1993, p. 23).
Exclusão de grande parcela de
produtores rurais:

- ampliação do nível de concentração


fundiária;

- intensificação do êxodo rural


BRASIL - POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURAL - 1940 - 2000

180.000.000

160.000.000
TOTAL
140.000.000 URBANA 81,2%
RURAL
Habitantes

120.000.000 75,5%

100.000.000
67,7%
80.000.000

60.000.000
56,0%
54,9% 32,3% 24,5% 18,8%
40.000.000 63,8%
44,0%
20.000.000
45,1%
36,2%
0
1950 1960 1970 1980 1991 2000
Fonte: IBGE Anos

Questionamento dos critérios para a definição da população rural – Cidades


imaginárias – José Ely da Veiga - os espaços rurais e urbanos são definido por lei
municipal - Perímetro urbano (Legislativo municipal) - o Brasil é menos urbano do
que parece.
Mecanização agrícola + concentração
fundiária = trabalhadores assalariados
temporários (bóias-frias)

Não absorção pelo mercado de trabalho


urbano – exclusão social - organização de
movimentos sociais como o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST
– criado em 1984 em Cascavel no Paraná),
que reivindicam a realização da reforma
agrária.
Modernização da agricultura - além das
implicações sociais negativas, provocou o
agravamento de problemas ambientais,
tais como:
- compactação dos solos (tráfego de
máquinas pesadas em solos tropicais);
- utilização indiscriminada de agrotóxicos;
- contaminação de trabalhadores rurais,
recursos hídricos, solos e cadeias
alimentares, incluindo os animais, os
alimentos e o próprio homem.
Anos 1980:
- esgotamento do padrão de desenvolvimento da
agricultura brasileira (modernização da
agricultura - revolução verde) - crise fiscal do
Estado brasileiro - fim dos subsídios ao crédito
rural

- Critica dos movimentos ambientalistas à


agricultura moderna - demonstração da
nocividade das técnicas da revolução verde ao
solo, a água, a atmosfera etc.

- Adoção de manejo sustentável – Programas de


Microbacias Hidrográficas – PR, SC, RS e SP.
Década de 1990:

- Expansão de formas alternativas de produção, as


quais empregam menos insumos químicos e, em
conseqüência, agridem menos o meio ambiente
(plantio direto).

- Maior valorização dos produtos orgânicos pelos


consumidores de média e alta renda –
surgimento de novos nichos de mercado.
- turismo rural e ecológico;
- pesques-pagues;
- hotéis fazendas etc,

Atividades ainda muito restritas - requerem


investimentos, grau de informação e inserção
aos mercados que a grande maioria dos
pequenos produtores rurais não dispõe.
PERMANÊNCIA DA PRODUÇÃO EM LARGA
ESCALA E COM INTENSO USO DE MÁQUINAS,
IMPLEMENTOS E INSUMOS QUÍMICOS
(BIOTECNOLOGIA, TRANSGÊNICOS):

- soja;
- cana-de-açúcar;
- Laranja;
- Milho;
- Algodão (mecanizado).
MUITO OBRIGADO

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