Manual - Modelos de Negócio
Manual - Modelos de Negócio
Manual - Modelos de Negócio
Produto 3
Aperfeiçoar a capacidade dos bancos locais e de outras instituições financeiras para
diversificar os serviços financeiros para as MPME, incluindo a disponibilização
de instrumentos financeiros inovadores
Atividade 17
Realização das ações de formação para bancos locais e de outras instituições financeiras
Coordenação (editores)
Luísa Cagica Carvalho e Nuno Teixeira
Autores
RELATÓRIO ELABORADO PELA EQUIPA IPS | IAPMEI
Nota Introdutória 5
1. Da ideia ao Negócio 7
2. Avaliação da Ideia 10
3. Caminho para a Proposta de Valor 13
4. O Modelo de Negócio 17
4.1. Modelo de Negócio Canvas 18
4.2. Preenchimento do Modelo de Negócio Canvas (BMC) 24
5. Caso de Estudo: O Modelo de Negócio da The Coffee Cherry 27
5.1 Introdução do Caso 27
5.2 Modelo de Negócio 28
5.3 Representação no Business Model Canvas 35
6. Exercício Proposto 36
Glossário 37
Referências 37
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NOTA INTRODUTÓRIA
O modelo de negócio pode ser descrito como a lógica usada por uma organi-
zação (com ou sem fins lucrativos) para criar, capturar e entregar valor. Ou seja,
não basta ter uma ideia, importa analisar essa ideia e compreender se esta é
ou não viável e como a poderemos operacionalizar. Para o desenvolvimento do
modelo de negócio podem ser usadas ferramentas, uma das mais conhecidas é
a tela do modelo de negócios – ou Business Model Canvas (BMC), mais conheci-
do por Canvas – desenvolvido por Alex Osterwalder e Ives Pigneur.
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1. DA IDEIA AO NEGÓCIO
Tudo pode começar com uma boa ideia, porém uma boa ideia não é suficien-
te para termos um negócio bem-sucedido. Será fundamental transformar essa
ideia num produto ou serviço minimamente viável. Para esse efeito convém se-
guir uma metodologia que permita testar a ideia de negócio.
• Quais os benefícios que esse produto ou serviço pode trazer aos poten-
ciais clientes?
• Onde será vendido o produto ou serviço (cidade, região, país, continente, ...)?
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3. Definição dos principais concorrentes – depois de definir o produto ou servi-
ço e o mercado, há que identificar os principais concorrentes. Um erro comum é
subestimar os concorrentes, por considerar que o sucesso do negócio depende
apenas de si próprio, pelo que a identificação dos concorrentes nas várias fases
do negócio é um processo essencial. Para esse efeito pode-se levantar um con-
junto de questões:
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A avaliação e preparação da ideia é dinâmica e pode e deve ser realizada ao
longo do tempo, de modo a introduzir os ajustamentos que sejam necessários,
para responder a alterações de mercado, ou mesmo para, por exemplo, tornar
adequado o acesso a recursos, face a impossibilidades de financiamento da
ideia inicial. A figura 1, mostra uma matriz que pode ser usada para a avaliação
das ideias.
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Alguns passos seguintes podem também interessar para construir este cami-
nho, nomeadamente:
• Identificar um problema/oportunidade;
2. AVALIAÇÃO DA IDEIA
As boas ideias de negócio começam com um problema identificado no merca-
do onde este negócio pode providenciar uma solução nova ou mais adequada
face às existentes. E neste âmbito é fundamental atender a um conjunto de
questões:
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Para validar este problema ou oportunidade há que olhar para o segmento de
mercado, e importa aqui ter atenção com alguns procedimentos a seguir, que
poderão ajudar:
• Falem com as pessoas que vocês acham que poderão ser o vosso mercado;
• Percebam o que elas fazem, que problemas têm e quais as suas expec-
tativas;
• Não cometam o erro de pensar que “os nossos clientes são todos aqueles
que gostam de…”. Isto não é uma boa estratégia de segmentação.
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3. Modelo de Delphi:
4. Análise Custo-Benefício:
Esta técnica pode ser utilizada quando por exemplo existem várias ideias, e há
que selecionar uma delas. Esta análise prevê a soma de todos os custos associa-
dos ao lançamento da ideia. Esta técnica pode ajudar a identificar qual a ideia
a colocar primeiro em prática no mercado e foca-se principalmente no peso
financeiro envolvido.
6. Árvore de decisão:
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3. CAMINHO PARA A PROPOSTA DE VALOR
Depois de avaliadas e recombinadas as ideias, chegamos então ao protótipo (ver
metodologia Design Thinking - curso 2). Este protótipo deverá ser concebido de
modo a ser uma boa proposta de criação de valor, para esse efeito, sugerem-se
os seguintes conselhos práticos:
• Expliquem de forma simples e direta como vão criar VALOR com a vossa
proposta;
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2. Ajuste Produto-Mercado (Product Market Fit): após a proposta de valor ter
sido ajustada como solução para um ou vários problemas do perfil de clientes
identificado, a fase seguinte deverá ocorrer quando existir a evidência de que
os produtos e/ou serviços estão realmente a criar valor para o cliente e a obter
adesão no mercado. Isto acontece quando a proposta de valor que foi desenha-
da é entendida pelo perfil de clientes como um ganho. Resumindo, é a forma
de estar num bom mercado com um produto capaz de satisfazer esse mesmo
mercado;
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Figura 2. A tela da proposta de valor
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O Produto Minimamente Viável (ou MVP) deve corresponder a:
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4. O MODELO DE NEGÓCIO
Finalmente, após percorrido o caminho de gerar e avaliar as ideias e com o nos-
so protótipo, podemos olhar para o modelo de negócio. A validação ou teste
(conforme terminologia usada no curso 2) permite uma aprendizagem contínua
baseada na recolha de evidências sobre ideias de negócios através de experi-
mentação e testes, a fim de tornar as decisões mais rápidas, informadas e me-
nos arriscadas, indo ao encontro da metodologia conhecida por Lean Startup.
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4.1. Modelo de Negócio Canvas
Desta forma, o Business Model Canvas é uma ferramenta muito intuitiva, des-
crevendo em nove blocos as principais áreas da atividade de uma organização,
o que facilita o seu preenchimento. Vejam-se os seus elementos na Tabela 1.
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Figura 4. Modelo de Negócio Canvas
1. Segmento de clientes
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PROJETO ENVOLVER
2. Proposta de Valor
3. Canais
Depois de saber quem é o seu cliente e qual valor que está a entregar-lhe, agora
precisa saber como fazê-lo. Os canais dizem respeito aos pontos de contacto da
sua organização com os seus clientes e são compostos basicamente por canais
de comunicação, distribuição e venda. Os canais têm grande importância na
experiência geral do cliente, pois servem para ampliar o conhecimento deles
sobre a empresa, para permitir que adquiram os seus produtos ou serviços e
até mesmo para fornecer suporte pós-venda. Para que entenda melhor, exem-
plos de canais são: redes sociais (comunicação); correios (distribuição); telefone
(pós-venda). As questões a responder são:
O relacionamento com clientes descreve o tipo de relação que a empresa vai es-
tabelecer com cada segmento de cliente. Estas podem ser pessoais (baseada na
interação humana), self-service (a empresa fornece todos os meios necessários
para que o cliente consiga se auxiliar por conta própria) ou automatizadas (um
tipo de self-service com serviços automatizados) etc. É importante escolher o
tipo de relacionamento adequado para o seu cliente e seu modelo de negócios,
pois ele vai influenciar profundamente a experiência geral de cada cliente. As
questões a responder são:
5. Fontes de Receita
A fonte de receita representa o dinheiro que sua empresa gera a partir de cada
segmento de cliente. Dependendo do seu modelo de negócios, ele pode ter
uma ou mais fontes de receita. Há várias maneiras de se gerar fontes de receita,
alguns exemplos são: venda de produtos ou serviços, taxa de assinatura, alu-
guer, corretagem e venda de anúncios. Muitas empresas estão a inovar nos seus
mercados por adoptar um tipo diferente de fonte de receita face ao habitual. As
questões a responder são:
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• Quanto é que os seus clientes estão realmente dispostos a pagar?
6. Recursos
Este bloco descreve os recursos mais importantes para fazer seu modelo de ne-
gócio funcionar. Eles podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos. As
questões a responder são:
7. Actividades-Chave
As actividades-chave são as ações mais importantes que você deve realizar para
fazer seu modelo de negócios funcionar. Podem fazer parte de suas atividades-
-chave: desenvolvimento de software; marketing; produção; etc. As questões a
responder são:
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8. Parcerias
9. Estrutura de Custos
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4.2. PREENCHIMENTO DO MODELO DE NEGÓCIO
CANVAS (BMC)
Para preencher o Business Model Canvas e “desenhar” o modelo de negócio,
existem algumas regras que são importantes seguir:
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Figura 5. Modelo de Negócio Canvas e Envolvência Contextual
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Figura 6. Como preencher o BMC?
Atividades Relaciona-
Chave mento
Parcerias com clientes Segmentos
Proposição
Chave
de valor
E M?
de clientes
M
?
ORecursos Ê ? RA QU
CO Chave Q U PA
O Canais
TO ?
Estrutura de Custos
UA N Fontes de Receitas
Q
Fonte: Paiva e Carvalho (2021)
Uma nota final importante: a aplicação destes métodos para ajustar a oferta de
valor ao mercado requer que qualquer empresa – ou grupo de empreendedo-
res – estejam preparados para avançar, recuar, alterar, modificar e melhorar as
suas ideias base.
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5. CASO DE ESTUDO:
O MODELO DE NEGÓCIO DA THE COFFEE CHERRY
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Pegando neste exemplo e tendo em conta a informação disponível na internet
sobre esta empresa, de seguida é explicado o modelo de negócio da The Coffee
Cherry, usando o método do Business Model Canvas. Para isso vamos analisar
os nove blocos do BMC, tendo por base o produto principal desta empresa: a
farinha de café.
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Bloco 2 - Proposta de Valor
Podemos identificar dois tipos de proposta de valor: uma mais comercial e ou-
tra ligada à sustentabilidade.
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Bloco 3 - Canais
Os seus canais, que são basicamente os pontos de contacto com os seus clientes
e com os seus mercados, são, essencialmente, as lojas online e as lojas físicas,
que comercializam os seus produtos e derivados. E, no que respeita ao mercado
grossista, os seus canais são, basicamente, feitos através de uma rede global de
distribuidores que importam e distribuem os seus produtos, tanto embalados
como a granel.
A forma de relacionamento com os seus clientes é, talvez, uma das principais ar-
mas da empresa The Coffee Cherry. Se, por um lado, para o seu canal de retalho
(lojas online e lojas físicas) o relacionamento é direto, por outro lado, a mensa-
gem de sustentabilidade para o ambiente e para a economia, bem presente na
sua proposta de valor e na sua missão (Bloco Nº 2), valoriza muito a relação com
os seus consumidores finais e, inclusive, com os seus parceiros (que iremos ver
mais à frente, no Bloco Nº 8 deste caso de estudo).
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Figura 11: Bloco Relacionamento com os Clientes
1. Farinha de café vendida nas lojas online e físicas, como produto de marca
própria ou associado a outra marca;
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Bloco 6 - Recursos-chave
Tendo em conta que neste bloco do Canvas devemos descrever os recursos mais
importantes para fazer o modelo de negócio funcionar, no caso da empresa em
análise, verificamos que ela depende, largamente, da rede de pequenos pro-
dutores, da matéria prima (casca de cereja de café) e dos recursos de produção
para transformar essa mesma matéria prima em produto final que é a farinha
de café (incluindo as patentes das técnicas de transformação).
Bloco 7 - Actividades-chave
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Figura 14: Bloco Actividades-chave
Bloco 8 - Parcerias
Sabemos que todo o negócio de sucesso deve ter uma rede de parceiros que o
ajude a funcionar de forma correta e lucrativa. No caso da The Coffee Cherry, a
rede de parceiros divide-se em três níveis principais parceiros:
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Figura 15: Bloco Parcerias
Nesta fase do Canvas, são descritos os custos principais que envolvem a aplica-
ção do modelo de negócio. No caso da empresa em estudo (The Coffee Cherry),
podemos deduzir, sendo uma empresa detentora de patentes relativas ao pro-
cesso de fabrico e tendo ela produção própria, que os principais custos deste
negócio estão associados à investigação e desenvolvimento (I&D), à recolha da
matéria prima (casca de café) e à transformação dessa matéria-prima no produ-
to final que é a farinha de café.
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5.3 REPRESENTAÇÃO NO BUSINESS MODEL CANVAS
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6. EXERCÍCIO PROPOSTO
1ª TAREFA
2ª TAREFA
Com base nas técnicas referidas neste manual para avaliar a ideia ou a oportuni-
dade, para a ideia de negócio escolhida na 1ª Tarefa aplique o teste de conscen-
cialização, disponibilidade e repetição, de modo a averiguar o potencial da ideia
antes de passarmos à fase do modelo de negócio. Desta forma, com base na
oportunidade detectada na 1ª Tarefa, responda às seguintes questões do teste:
3ª TAREFA
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GLOSSÁRIO
Benchmarking: é um processo de gestão estratégica de uma empresa que tem
como objetivo principal identificar as boas bráticas em diversos níveis da ges-
tão, através da comparação sistemática dos recursos e capacidades de empre-
sas nacionais ou internacionais e adaptá-las à realidade e ao contexto da própria
empresa.
REFERÊNCIAS
Alves, R. (2019), Desenvolvimento de um modelo de negócio para uma empresa
do setor de comércio a retalho de produtos farmacêuticos. Trabalho para obten-
ção do título de Especialista em Gestão e Administração, ao abrigo do Decreto-
-Lei Nº 206/2009 e da alteração ao Regulamento de Atribuição do título de Espe-
cialista, emitida no Despacho Nº 5852/2013 do Instituto Politécnico de Setúbal.
Osterwalder, A. & Pigneur, Y. (2010). Business Model Generation. John Wiley &
Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. ISBN: 9780470876411.
Osterwalder, A., Pigneur, Y., Smith, A., Bernarda, G. & Papadakos, P. (2014).
Value Proposition Design. John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. ISBN
9781118968055.
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