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Módulo 3 Interferência

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MÓDULO 3 – AULA1

INTERFERÊNCIA DE MICRO-ONDAS

OBJETIVOS
Estudar a interferência e determinar o comprimento de onda de micro-ondas.

PARTE TEÓRICA
Ondas eletromagnéticas
A interação eletromagnética pode ser descrita a partir de dois campos vetoriais, o
campo elétrico E e o campo indução magnética B, de modo que uma carga elétrica na
presença destes campos sofre a ação de uma força 𝑭 = 𝑞(𝑬 + 𝒗 x 𝑩) chamada de Força
de Lorentz. As fontes primárias dos campos E e B são as cargas e as correntes elétricas,
respectivamente; conhecendo-se as cargas, suas posições e velocidades, os campos E e
B podem ser determinados. Inversamente, conhecendo-se esses vetores dos campos em
todo o espaço, as fontes e suas localizações podem ser determinadas.
A teoria do eletromagnetismo foi condensada em quatro equações, chamadas de
equações de Maxwell, em homenagem a J. C. Maxwell (1831 - 1879), físico inglês que as
formulou. Essas equações constituem a estrutura básica da teoria das interações
eletromagnéticas. A síntese expressa nas equações de Maxwell é uma das maiores
realizações da Física; uma das consequências dessas equações é a previsão teórica da
existência de ondas eletromagnéticas. Maxwell mostrou, analisando essas equações, que
os campos E e B propagam-se no vácuo, com a velocidade da luz e, baseando-se nesse
fato e nos experimentos que indicavam ser a luz um fenômeno ondulatório, propôs que a
luz era uma onda eletromagnética (Fig. 1).

Figura 1 – Onda eletromagnética


O conceito da luz como fenômeno ondulatório foi proposto, inicialmente, por
C. Huygens (1629 - 1695), físico holandês, em 1678. Huygens foi contemporâneo de
Isaac Newton, defensor do modelo de partículas para a luz; essa controvérsia sobre a
natureza da Luz permaneceu por mais de um século. No início do século XIX , Thomas
Young (1773 - 1829) na Inglaterra e Augustin J. Fresnel (1788 -1827) na França
estabeleceram claramente a teoria ondulatória da luz mostrando que a luz exibe, sob certas
condições, efeitos de interferência e polarização. A interferência é um fenômeno
característico da propagação ondulatória e a polarização é unicamente associada às ondas
transversais, ou seja, ondas para as quais a perturbação é perpendicular à direção de
propagação. A partir dos trabalhos teóricos de Maxwell e das observações experimentais
de Heinrich Hertz (1857 - 1894), o caráter transversal da propagação dos campos elétrico
e indução magnética, e sua velocidade de propagação igual a 𝑐 ≈ 3 x108 𝑚/𝑠, permitiram
reconhecer a luz como uma onda eletromagnética e considerar a ótica como parte do
eletromagnetismo.
Uma das experiências de Hertz, realizada em 1888, é um experimento de
interferência. Ele produziu perturbações elétricas periódicas com um oscilador
eletromagnético (circuito 𝑅𝐿𝐶 forçado), chamado oscilador de Hertz (Fig. 2).e, pela reflexão
do sinal em uma superfície metálica, obteve um padrão de ondas estacionárias.

Figura 2 - Experimento de Hertz

Analisando as posições dos nós e ventres desse padrão estacionário, Hertz pode
determinar o comprimento de onda da perturbação e, como a frequência do oscilador
elétrico era conhecida, pode realizar a primeira determinação experimental da velocidade
de propagação da onda eletromagnética.

Uma pergunta agora pode ser formulada:


Se os campos E e B são tais que satisfazem a uma equação de onda, como são
estes campos? Ou ainda, como podemos determinar os campos que são soluções da
equação de onda?
Sabemos que a equação de onda é satisfeita por funções do tipo 𝑓(𝑥 − 𝑣𝑡), que
representa uma onda caminhando na direção positiva do eixo dos 𝑥 com velocidade
𝑣 (𝑣 > 0), e 𝑓(𝑥 + 𝑣𝑡) que representa uma onda que se propaga na direção negativa do
eixo dos 𝑥 . Uma função desse tipo é, por exemplo, cos[K(x − vt)] onde a constante K é
colocada para tornar o argumento do cosseno adimensional (Fig. 3).

Figura 3 – Função de Onda

Uma onda que varia como um cosseno ou como um seno é dita harmônica. A
solução pode ser uma função de um dos tipos citados, devendo-se ainda levar em conta
que os campos elétrico e indução magnética são vetores e devem satisfazer as equações
de Maxwell. Para satisfazer esses requisitos, a perturbação deve ser transversal, ou seja,
os campos devem oscilar perpendicularmente à direção de propagação e devem ser
mutuamente perpendiculares, de modo que o produto vetorial E x B indique a direção e o
sentido de propagação. Uma solução possível é
𝑬(𝑥, 𝑡 ) = 𝐸𝑜 cos(𝐾𝑥 − 𝑤𝑡 + 𝜙) 𝒋̂ 1.1
̂
𝑩(𝑥, 𝑡 ) = 𝐵𝑜 cos(𝐾𝑥 − 𝑤𝑡 + 𝜙) 𝒌 1.2
onde 𝐸𝑜 e 𝐵𝑜 = 𝐸𝑜 /𝑐 são as amplitudes dos campos, 𝐾 = 2𝜋/𝜆 (𝜆 é o comprimento de
onda ou período espacial), 𝑤 = 2𝜋/𝑇 (T é o período temporal), 𝜙 é uma constante de fase
̂ são os versores (vetores unitários) nas direções
(também chamada de fase inicial), 𝒋̂ e 𝒌
𝑦 e 𝑧, respectivamente. A constante K é também o módulo do vetor de onda K, um vetor
que indica a direção e sentido de propagação da onda (eixo 𝑥 nesse exemplo) e não deve
̂ . A figura (Fig. 4) mostra a orientação dos três vetores para
ser confundido com o versor 𝒌
esse exemplo.
y

K
x

Figura 4 - Orientação dos vetores 𝐸 e 𝐵 de uma onda eletromagnética em


um ponto do espaço e em um instante de tempo.

A solução proposta representa uma onda plana harmônica (os campos não
dependem de 𝑦 e de 𝑧, ou seja, em todos os pontos de um plano 𝑥 = constante o
argumento da função cosseno é o mesmo) propagando-se na direção positiva do eixo 𝑥
com o campo elétrico oscilando na direção 𝒋̂, e o campo indução magnética oscilando na
̂ . A perturbação é transversal, com os campos oscilando perpendicularmente à
direção 𝒌
direção de propagação i. A direção de oscilação do campo elétrico é chamada direção de
polarização da onda. Nesse caso, diz-se que a onda é linearmente polarizada na direção 𝒋.
Uma onda eletromagnética é, como vimos, a propagação de dois campos vetoriais,
o elétrico e a indução magnética. No que se segue, expressaremos a onda eletromagnética
plana somente pelo seu campo elétrico desde que, sabendo-se este, o campo indução
magnética é também conhecido. A equação (1.2) retrata que o campo indução magnética
da onda é perpendicular ao campo elétrico, oscilando com a mesma frequência e mesma
constante de fase.
De modo geral, uma onda eletromagnética plana e harmônica, que se propaga ao
longo da direção do vetor de onda K, pode ser representada por
𝑬(𝑟, 𝑡 ) = 𝑬𝑜 𝑐𝑜𝑠(𝑲. 𝒓 − 𝑤𝑡 + 𝜙) 1.3
onde 𝒓 é o vetor posição que localiza um ponto do espaço, e 𝑬𝑜 é o vetor amplitude do
campo elétrico.
Uma outra forma possível para a onda eletromagnética é a onda esférica harmônica.
Enquanto na onda plana a amplitude do campo é constante, na onda esférica a amplitude
do campo diminui à medida que a onda se afasta da fonte pontual que a criou. Mais
precisamente, a amplitude da onda diminui com o inverso da distância 𝑟 do ponto à fonte
pontual. Em outras palavras, a amplitude da onda é uma função da posição do ponto onde
medimos o campo elétrico. Para pontos distantes da fonte essa onda é quase uma onda
plana e pode ser representada aproximadamente por:
𝑬(𝒓, 𝑡) = 𝑬𝑜 (𝑟) 𝑐𝑜𝑠(𝑲. 𝒓 − 𝑤𝑡 + 𝜙), 1.4

supondo que a fonte esteja na origem do sistema de referência.


Interferência de ondas eletromagnéticas

Um fenômeno característico dos processos ondulatórios é a interferência ou


superposição, sendo observada para qualquer tipo de onda. Por outro lado, tratando-se da
propagação de partículas clássicas (por exemplo, bolas de tênis) ela não ocorre. A
interferência caracteriza uma onda; sua presença é considerada uma prova conclusiva da
propagação ondulatória.

A superposição de duas ondas é uma onda. Vejamos o que ocorre quando duas
ondas de mesma frequência (e comprimento de onda) são superpostas (Fig. 5)

Figura 5 – Interferência de duas ondas na superfície de uma lâmina de água

Vamos considerar ondas harmônicas esféricas que partiram de pontos distintos,


para as quais os campos elétricos são dados por:
𝑬1 (𝒓, 𝑡 ) = 𝑬10 (𝐫) cos(𝑲1 . 𝒓 − 𝑤𝑡 + 𝜙1 ) 1.5
e
𝑬2 (𝑟, 𝑡 ) = 𝑬20 (𝐫) cos(𝑲2 . 𝑟 − 𝑤𝑡 + 𝜙2 ), 1.6
2𝜋
com os módulos dos vetores de onda 𝐾1 = 𝐾2 = 𝐾 = , e 𝑤 = 𝐾𝑐.
𝜆

O campo resultante é a soma dos dois campos


E(r, t) = E1(r, t) + E2(r, t). 1.7
Contudo, normalmente não detectamos (ou enxergamos, no caso da luz) ou não
temos interesse em detectar o campo elétrico; o que medimos é a intensidade da onda
(potência média que atravessa uma unidade de área). Por exemplo, os efeitos de
aquecimento ou de sensação luminosa são proporcionais à intensidade da onda e não ao
valor instantâneo do campo. A intensidade da onda é proporcional à média do quadrado do
campo da onda. Sendo 𝐶 uma constante apropriada e < ... > indicando a média em um
período temporal da oscilação, temos:
I(r) = C < E2(r, t) >= C < E(r, t) . E(r, t) >
I(r) = C < [E1(r, t) + E2(r, t)] . [E1(r, t) + E2(r, t)] >
I(r) = C < E12(r, t) + E22(r, t) + 2E1(r, t) . E2(r, t) >
Como a média da soma é igual à soma das médias, fica:
I(r) = C < E12(r, t) > +C < E22(r, t) > +C2 < E1(r, t) . E2(r, t) >
ou
I(r) = I1(r) + I2(r) + I12(r). 1.8

O termo I12(r) é chamado de termo de interferência. Façamos seu desenvolvimento:

I12(r) = C2E10(r).E20(r) < cos(K1.r − wt + 𝜙1).cos(K2.r − wt + 𝜙2) >.

Utilizando a identidade
cos(a + b) + cos(a − b) = 2 cos(a) cos(b),
fazendo a = K1.r − wt + 𝜙1 e b = K2.r − wt + 𝜙2, tem-se:

a + b = K1.r + K2.r – 2wt + 𝜙1 + 𝜙2 = (K1 + K2).r – 2wt + 𝜙1 + 𝜙2


e
a − b = K1.r − K2.r + 𝜙1 − 𝜙2 = (K1 − K2).r + 𝜙1 − 𝜙2.
Assim,
I12(r) = CE10(r).E20(r) < cos((K1 + K2).r – 2wt + 𝜙1 + 𝜙2) + cos((K1 − K2).r + 𝜙1 − 𝜙2) >

I12(r) = CE10(r).E20(r)[< cos((K1 + K2).r – 2wt + 𝜙1 + 𝜙2) > + < cos((K1 − K2).r + 𝜙1 − 𝜙2) >].

A primeira média é nula se a soma 𝜙1 + 𝜙2 não variar no tempo. Portanto, para que
o termo de interferência seja diferente de zero é necessário que as seguintes condições
sejam satisfeitas:
• Os campos E10(r) e E20(r) não podem ser perpendiculares entre si;
• A segunda média temporal deve ser diferente de zero. Isso significa que as
constantes de fase 𝜙1 e 𝜙2 devem guardar entre si certa regularidade. A condição
mais simples é aquela para qual a diferença 𝜙1 − 𝜙2 não depende do tempo. Nesse
caso, a média temporal não depende do tempo e as duas ondas são ditas coerentes.
A situação inversa é considerar que as duas constantes de fase não guardam
qualquer regularidade entre si e as duas ondas são ditas completamente
incoerentes, e assim o termo de interferência varia aleatoriamente no tempo.

Resta discutir como produzir, em situações práticas, ondas coerentes de modo que
a interferência entre elas possa ser observada. Discutiremos adiante algumas situações.
A dupla fenda de Young

Um diagrama do dispositivo de dupla fenda é mostrado na figura (Fig. 6).


K1 l1
l2 Ponto central
d
K1  do anteparo

D
Anteparo distante

Figura 6: Dispositivo de dupla fenda de Young.

Uma onda plana incide perpendicularmente ao plano de fendas finas. Cada fenda,
considerando o princípio de Huygens, atua como fonte emissora de ondas secundárias. Em
um ponto 𝑃 de um anteparo, distante e paralelo ao plano das fendas, queremos determinar
como é a superposição das ondas emitidas por essas duas fendas. Sendo a distância do
anteparo às fendas muito maior do que a separação entre as fendas, 𝐷 >> 𝑑, as trajetórias
percorridas pelas ondas, das fendas ao ponto P, são essencialmente paralelas, porém, com
comprimentos ligeiramente diferentes. Estritamente falando, as trajetórias só seriam
paralelas se o anteparo se localizasse no infinito; contudo, a condição D >> d é equivalente
a fazer o ângulo 𝛼 ≈ 0.

As duas ondas que escrevemos inicialmente, equações (1.5) e (1.6), podem ser
consideradas provenientes das duas fendas e escritas como:

E1(r, t) = E0(r) cos(K1.r − wt)


e
E2(r, t) = E0(r) cos(K2.r − wt)
onde fizemos as amplitudes iguais a E0(r) e tomamos as fases iniciais nulas, 𝜙1 = 𝜙2 = 0.
Os produtos escalares nas duas equações são proporcionais às distâncias das fendas ao
ponto P (caminhos óticos 𝑙1 e 𝑙2 ), e podem ser escritos como

2𝜋
𝐾1 . 𝑟 = 𝐾𝑙1 e 𝐾2 . 𝑟 = 𝐾𝑙2 , com 𝐾 = .
𝜆

Na condição em que as duas trajetórias são paralelas, a diferença entre os caminhos


óticos 𝑙2 − 𝑙1 pode ser calculada com facilidade; veja a figura (Fig. 7).
d

l2-l 1=d.sen 

Figura 7: Diferença entre os caminhos óticos´ no dispositivo de dupla fenda de Young.

A condição para ocorrer interferência construtiva (máximo de intensidade luminosa) é:


𝑙2 − 𝑙1 = 𝑑 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = 𝑛𝜆 , 𝑛 = 0, ±1, ±2... 1.9

E, para ocorrer interferência destrutiva (mínimo de intensidade luminosa), é:

𝜆
𝑙2 − 𝑙1 = 𝑑 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = (2𝑛 + 1) 2 , 𝑛 = 0, ±1, ±2.. 1.10

Ondas estacionárias
Uma outra situação, na qual há interferência de duas ondas, ocorre quando uma
onda (por exemplo, a onda dada pela equação (1.1)) atinge perpendicularmente um
anteparo e é refletida. Na região compreendida entre a fonte e o refletor haverá duas ondas,
uma caminhando da fonte para o refletor e outra movendo-se do refletor para a fonte. A
superposição das duas ondas produzirá uma onda estacionária que é caracterizada por ter
nós e ventres localizados em pontos fixos do espaço (Fig. 8). O campo elétrico de uma
onda estacionária pode ser escrito como
𝑬 = 2𝑬𝟎 𝑠𝑒𝑛 (𝐾𝑥)𝑠𝑒𝑛 (𝑤𝑡). 1.11

Refletor metálico

Figura 8: Ondas estacionárias

A distância entre nós (ou ventres) consecutivos é dada pela distância entre os zeros
(ou máximos) da função sen(Kx) e vale meio comprimento de onda. Esses nós podem ser
detectados movimentando-se um detector ao longo da linha que une a fonte ao anteparo
refletor fixo. Por outro lado, movimentando-se o anteparo ao longo da mesma linha, um
ciclo é completado a cada meio comprimento de onda percorrido pelo anteparo.
Interferência por filmes finos
Em muitas situações do dia a dia pode-se verificar a interferência por filmes finos. As
cores na bolha de sabão e nas películas de óleo sobre a água são causadas por
interferência da luz refletida nas interfaces do filme ou película. A onda incidente na película
semitransparente, veja a figura (Fig. 9) é refletida nas duas interfaces e duas ondas
retornarão. A diferença de caminhos óticos percorridos e as características das reflexões
nas duas interfaces modificarão a fase relativa entre as duas ondas. Por exemplo, se uma
onda percorre um trajeto de exatamente um comprimento de onda dentro do filme, sua fase
é modificada de 2𝜋 radianos. Novamente ocorrerão casos de interferência construtiva e
destrutiva conforme seja a espessura da película. A situação é periódica de modo que, para
cada comprimento de onda percorrido dentro do material, uma mesma situação se repete
(por exemplo, os máximos se repetem a cada 2𝜋 radianos).

Observador

Figura 9: Ondas refletidas nas duas interfaces de um filme fino.

Considerando incidência normal e um filme com espessura e, uma determinada


condição de interferência (máximos ou mínimos) ocorre quando a espessura do filme varia
de meio comprimento de onda 𝜆𝑓 dentro do filme. Em outras palavras, quando a espessura
do filme for um múltiplo de meio comprimento de onda dentro do filme, a condição de
interferência se repete. Se você estiver observando um máximo de interferência, o próximo
máximo ocorrerá quando a espessura do filme variar de meio comprimento de onda dentro
do filme.

Interferômetro de Michelson-Morley

O experimento de Michelson-Morley ficou famoso como uma tentativa para


determinar a velocidade da Terra com relação ao éter. O equipamento utilizado, chamado
de interferômetro de Michelson-Morley, está descrito na figura (Fig. 10).
Uma onda plana incide em um espelho semi-refletor de modo que uma parte da onda
é refletida e outra é transmitida. Cada uma dessas ondas caminha até um dos espelhos
onde é refletida voltando ao espelho semi-refletor onde novamente uma parte é refletida e
outra é transmitida; como resultado, duas ondas dirigem-se ao detector e irão interagir, ou
seja, interferir entre si. A diferença de caminhos percorridos pelas duas ondas poderá fazer
com que a interferência seja construtiva ou destrutiva. Se a diferença for um número inteiro
de comprimentos de onda, as duas ondas chegarão ao detector em fase e a interferência
será construtiva. Por outro lado, se a diferença de caminhos for um número semi-inteiro
(1/2, 3/2, 5/2, etc.) do comprimento de onda, as duas ondas chegarão ao detector
defasadas de 𝜋 radianos e a interferência será destrutiva. Situações intermediárias também
são possíveis, mas não são interessantes. Movendo-se um dos espelhos, afastando-o ou
aproximando-o do espelho semi-refletor, a fase relativa entre as duas ondas é modificada
e a condição de interferência construtiva (ou destrutiva) ocorrerá quando o espelho é
deslocado a cada meio comprimento de onda.

Espelho

Espelho
semirefletor

Detetor

Onda
plana

Fonte

Figura 10: Diagrama do interferômetro de Michelson - Morley.

Vídeo de Interferômetro de Michelson-Morley:


https://www.youtube.com/watch?v=6aHF0etDT18

O espelho de Lloyd

Considere o dispositivo representado na figura (Fig. 11). Uma onda esférica (por
exemplo, a onda representada pela equação (1.4)) incide obliquamente sobre o espelho
horizontal e frontalmente a um anteparo perpendicular ao espelho.
Anteparo
Fonte

Espelho metálico

Figura 11: Diagrama do Espelho de Lloyd.

A onda refletida pelo espelho horizontal também alcança o anteparo interferindo com
a onda direta. A onda refletida percorre um caminho maior que a onda direta chegando ao
anteparo defasada (atrasada) com relação àquela. A diferença de caminhos óticos, e a
inversão de fase que ocorre na reflexão, levarão à variação na fase relativa entre as duas
ondas e, novamente, poderão ocasionar uma condição de interferência construtiva ou
destrutiva. A condição de interferência destrutiva ocorrerá quando a diferença de caminhos
for igual a um número inteiro de comprimentos de onda.

Emissão e recepção de micro-ondas


Vídeo de micro-ondas: https://www.youtube.com/watch?v=4ikLo5uR49A

No laboratório, como não precisamos de muita potência, usaremos um mecanismo


de produção de ondas eletromagnéticas muito mais simples que é o dipolo elétrico
oscilante: duas cargas elétricas, uma positiva e outra negativa, vibrando ao longo de uma
linha reta, criando campos elétrico 𝐸(𝑟, 𝑡) e indução magnética 𝐵 (𝑟, 𝑡 ), que se propagam
no espaço. Além de ser o processo de mais fácil visualização, a radiação de dipolo elétrico
oscilante é o mais importante mecanismo de produção de luz e radiação ultravioleta,
através das transições dipolares dos elétrons de valência em átomos e moléculas. A
radiação de dipolo é também importante na produção de ondas de rádio e de micro-ondas.
O equipamento utilizado no laboratório, para a emissão e recepção de micro-ondas,
consiste em duas cornetas, uma emissora e uma receptora. A corneta emissora contém um
diodo que emite uma única frequência na faixa de micro-ondas. A onda emitida é
linearmente polarizada. Em uma posição que chamaremos normal, veja a figura (Fig. 12),
o campo elétrico da onda oscila na direção vertical. Para mudar a direção de polarização
basta girar a corneta em torno do seu eixo.
Antena

Vista lateral Vista frontal


Figura 12: Descrição das cornetas emissora e receptora.

A corneta receptora contém uma antena (um fio condutor metálico de comprimento
igual à metade do comprimento de onda da micro-onda) na qual o campo elétrico da onda
gera uma corrente senoidal que é retificada e medida por um micro amperímetro de escala
apropriada. A densidade de corrente no fio da antena é proporcional ao campo elétrico da
onda, 𝐽 = 𝜎𝐸. A corrente é proporcional à densidade de corrente 𝐽 na direção da antena,
ou seja, à componente do campo elétrico da onda nessa direção. Assim, ao medirmos a
corrente estamos também medindo a componente do campo elétrico da onda na direção
da antena.

PARTE EXPERIMENTAL

Cuidados com os equipamentos

A ponta de prova receptora não deve, em hipótese alguma, ser ligada a uma fonte
de tensão - só deverá ser ligada a um micro amperímetro; deve-se ter cuidado para que o
valor medido não exceda a escala desse medidor. Se necessário, deve-se trocar o resistor
de proteção por outro de maior valor; ao modificar a posição relativa entre a corneta
receptora e a corneta emissora deve-se ficar atento à indicação do medidor na corneta
receptora. Não deixar o ponteiro ultrapassar o fundo de escala; reduzir a sensibilidade ou
ganho nos dois botões de controle sobre a corneta receptora.

I - Ondas estacionárias

Coloca-se a corneta emissora e o anteparo metálico frente a frente com uma


distância entre eles de aproximadamente 65 cm, medidos a partir da boca da corneta como
mostra a figura (Fig. 13).

Refletor
E 65 cm metálico

Ponta de prova
Vista lateral
Figura 13: Arranjo para a medida da onda estacionaria.
A corneta emissora deve estar ligada na fonte de tensão. Liga-se a ponta de prova
ao micro amperímetro, observando a polaridade, e a coloca entre o anteparo e a corneta
emissora (aproximadamente à meia distância entre eles), de modo que o elemento receptor
esteja próximo ao eixo da corneta. Usa-se a régua como guia e desliza-se lentamente a
ponta de prova ao longo da régua; o ponteiro do medidor deve oscilar entre um valor
máximo e um valor mínimo. Toma-se uma referência qualquer na base da ponta de prova
e mede-se as posições referentes aos mínimos de corrente no micro amperímetro. Deve-
se fazer, pelo menos, 10 medidas, tomando o cuidado para não deslocar a régua durante
o movimento e não deixar a mão fazer sombra e influenciar a medida.

Deve-se estimar uma margem de erro para a medida que não precisa ser
necessariamente a menor divisão da régua, mas levar em conta a dificuldade para a
localização do ponto de mínimo.

II - Espelho de Lloyd para micro-ondas


Arma-se o dispositivo descrito na figura (Fig. 14).

Refletor
metálico

E R
65 cm

Figura 14: Espelho de Lloyd para micro-ondas.

O refletor metálico deve ser posicionado a aproximadamente 7,5 cm do eixo das


cornetas, e a sensibilidade do medidor ajustada para obter a indicação de corrente máxima.
Movimenta-se lentamente o refletor afastando-o do eixo das cornetas, assegurando-se que
o mesmo permaneça paralelo ao eixo. Mede-se então as distâncias 𝑑 para as quais a
corrente indicada no micro amperímetro é um mínimo. Deve-se realizar pelo menos quatro
medidas e estimar uma margem de erro que não precisa ser necessariamente a menor
divisão da régua, mas levar em conta a dificuldade para a localização do ponto de mínimo.
III - Interferência de filme fino
Monta-se os equipamentos conforme a figura (Fig. 15).

Refletor metálico

E
40 cm

d
R

Placa semirefletora
Figura 15: Interferência por filme fino.

Coloca-se a placa metálica refletora atrás da placa semi-refletora (preta),


inicialmente a uma distância de 5 cm da mesma. Afastando a placa metálica (mantendo-a
perpendicular ao feixe incidente) deve-se anotar as posições para as quais verifica-se um
mínimo de intensidade de corrente no micro amperímetro. Fazer pelo menos cinco medidas,
estimando o erro.

IV - Interferômetro de Michelson-Morley
Monta-se os equipamentos conforme o diagrama da figura (Fig. 16).

Refletores metálicos

30 cm

R
20 cm 30 cm

Placa
semirefletor 20 cm

Figura 16: Interferômetro de Michelson-Morley.


Verifica-se o alinhamento dos elementos, com pequenos movimentos de giro na
placa semi-refletora e nas cornetas, de modo obter o máximo de corrente no micro
amperímetro. Ajusta-se a sensibilidade do receptor, se necessário. Movimenta-se um dos
refletores afastando-o da placa semirefletora (mantendo o seu perpendicularismo em
relação ao eixo da corneta) procurando as posições para as quais a intensidade captada
pelo receptor é máxima. Deve-se fazer pelo menos cinco medidas de posição e estimar o
erro das medidas.

V - A dupla fenda de Young

Utiliza-se três placas metálicas de mesma altura (duas com largura de 14cm e uma
com largura de 4cm) para montar o dispositivo de dupla fenda como mostra a figura (Fig.
17); a placa mais estreita deve ser colocada em cima do centro do medidor de ângulos
(transferidor). A corneta receptora deve ser conectada ao centro do medidor de ângulos,
utilizando a haste metálica, de modo que a essa corneta possa realizar um arco de círculo;
a haste manterá o raio constante e servirá também como uma referência para a leitura dos
ângulos. Ajusta-se a largura das fendas em aproximadamente 2,0 cm para que se possa
detectar um sinal de intensidade razoável quando as cornetas estiverem alinhadas.

Gira-se lentamente a corneta receptora assegurando-se que a mesma estará


sempre voltada para o meio da placa metálica menor e anota-se os ângulos para os quais
a corrente indicada no microamperímetro é um máximo. Deve-se estimar o erro para a
medida dos ângulos.

Placas
metálicas

30 cm
E

Haste

Figura 17: Dispositivo de fenda dupla de Young.


Relatório

1.a) Determine, a partir das medidas dos itens I a IV tabelados abaixo, o comprimento de
onda médio da micro-onda para cada método de medida observando que, no espelho de
Lloyd, os centros eficazes de transmissão e recepção da micro-onda se encontram
deslocados de 5 cm no interior da corneta, medidos a partir da boca, ou seja, a distância
de centro a centro vale 75 cm.

1.b) Calcule o desvio absoluto dos comprimentos de onda para cada método de medida (I
a IV) e expresse o comprimento de onda e seu desvio corretamente (apenas um algarismo
significativo no desvio). Para todas as medidas foi usada uma régua milimetrada.

2) Utilizando o comprimento de onda mais preciso, dentre os obtidos no item (1.b),


determine a separação entre as duas fendas, no experimento da dupla fenda de Young
(item V). Calcule o desvio e expresse a separação corretamente.

I - Ondas Estacionárias
Pts Minimo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
X(cm) 2,4 4,2 5,6 7,0 8,5 10,1 12,6 13,4 14,9 16,8

II - Espelho de Lloyd
Pts Minimo 1 2 3 4
X(cm) 12,3 16,4 19,5 22,1

III - Filme Fino


Pts Minimo 1 2 3 4 5
X(cm) 8,4 10,0 11,7 13,2 14,8

IV - Interferômetro de Michelson
Pts Minimo 1 2 3 4 5
X(cm) 11,5 13,2 14,8 16,3 18,0

IV - A dupla fenda de Young


Pts Máximos 1 2
Ângulo (graus) 19,5 38,8

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