2 - Propaga玢o de Luz
2 - Propaga玢o de Luz
2 - Propaga玢o de Luz
Propagação da Luz
Introdução
O meio físico básico de um sistema de comunicação óptico é a fibra óptica. Como já foi
dito acima, outros meios poderão ser usados, como a atmosfera ou mesmo um líquido. Ele é o
elemento no qual a luz irá propagar transportando o sinal que contém a informação. No caso das
fibras ópticas, a grande vantagem é a sua capacidade de confinar a radiação em uma região do
espaço, impedindo assim que a luz se espalhe pelo espaço afora, desperdiçando energia. Ela é usada
conectando os pontos de partida (transmissor) e chegada (receptor) do sinal durante a transmissão
servindo de elemento de conecção entre eles.
2.1- Onda
Para entendermos a propagação de uma onda precisamos primeiro saber: o que é uma
onda? Uma onda é uma perturbação que propaga em um meio. É como a ola em um campo de
futebol. A princípio estão todos parados. Aí uma linha de pessoas, de alto a baixo na arquibancada,
se levanta de modo que quando se abaixa o pessoal em um dos lados, a princípio sentado, se levanta
também. Repetindo-se este fato, aquela perturbação, pessoas se levantando, avança pela
arquibancada dando a volta por todo o campo. Algo semelhante é uma pedra que cai numa
superfície de um lago que está absolutamente quieta. Ao tocar na água, a pedra provoca um
movimento no líquido, elevando-o e baixando-o, na forma de um círculo que avança pelo lago.
Estes são exemplos de perturbações que podem ser caracterizados como movimentos ondulatórios.
Nos casos apresentados acima temos que as ondas propagam por conta de um meio físico
que sofre perturbação. Entretanto, no caso da luz, as ondas são as ondas eletromagnéticas, as quais
diferem das que acabamos de comentar porque elas não precisam de um meio físico como suporte
para a sua propagação. Isto é assim porque as ondas eletromagnéticas se constituem de um
processo de indução mútua entre os campos elétrico e magnético. Em um dado ponto do espaço, se
o campo elétrico alí presente variar no tempo, ao redor do ponto se cria uma circuitação de campo
magnético (Lei de Ampère-Maxwell). Nos pontos em volta, onde existem campo magnético, como
estes campos são variáveis no tempo, eles induzem uma circuitação de campo elétrico (Lei de
Faraday). Desta forma, a presença de ambos os campos vai se espalhando pelo espaço afora,
fazendo com que haja o processo de propagação.
Tomando o caso de ondas eletromagnético, que é o nosso caso de interesse em óptica,
podemos dizer que os campos que constituem a onda podem ser descritos por expressões como as
que são dadas nas eqs.(2.1-1) e (2.1-2), caso consideremos uma onda plana propagano ao longo da
direção z com velocidade v. Eles são na verdade descritos por uma equação, chamada de equação
de onda, iremos apenas deixar a menção. Como se vê as expressões têm a mesma forma para ambos
os campos.
E=E(z±vt) (2.1-1)
z+vt
B=B(z±vt) (2.1-2)
z-vt
A fig.(2.1-1) mostra um pulso se deslocando nos Fig.(2.1-1) - Propagação de uma perturbação que
dois sentidos do eixo z. Com ela podemos se constitui numa onda.
perceber que o campo numa dada posição z irá
estar presente numa posição (z±vt) depois que se passa um tempo t, no qual ele está viajando com
velocidade v. O sinal (-) refere-se a ondas se propagando no sentido positivo do eixo dos z,
enquanto o sinal (+), à propagação no sentido oposto.
É possível se mostrar que a velocidade de propagação será dada por:
1
v= (2.1-3)
ε oµ o
Em conseqüência, para que E(z±vt) seja solução da equação de ondas, a onda eletromagnética
deverá se propagar com a velocidade dada pela eq.(2.1-24). Este valor será:
4π 1
v=c= = 10 7 • 9 • 10 9 = 3x10 8 m / s (2.1-4)
µ o 4 πε o
onde definimos:
ω = kv (2.2.3)
a - Intensidade - (Eo)
b - Fase - (kz±ωt)
c - Orientação espacial dos campos (polarização)
1
uE = εoE2 (2.4-1)
2
1
uM = B2 (2.4-2)
2µ o
Como E=cB resulta que essas duas densidades são iguais, e a densidade total de energia associada a
uma onda eletromagnética, é:
1 1
u = u E + u M = εo E2 + B2 = ε o E 2 (3-4-3)
2 2µ o
I = ε o cE 2 (2.4-4)
Como E e B são sempre ortogonais entre si, podemos dizer que o vetor ExB tem a direção de
propagação da onda. Sendo ExB=EB=E2/c, o vetor S definido por:
Ele é chamado de vetor de Poynting, que tem como módulo S o valor da intensidade da onda
eletromagnética e a direção e o sentido iguais aos da propagação desta onda.
EXEMPLO (2.4-1) - Calcular o valor médio do vetor de Poynting para o caso de uma onda
harmônica, em um determinado ponto fixo do espaço.
Solução:
S = c 2 ε o E o B o sen 2 ( kz ± ωt ) (2.4-6)
Consideremos um ponto fixo do espaço, que definiremos como z=z0, a equação acima nos dá os
valores instantâneos do vetor de Poynting. Entretanto, na prática, são os valores médios os que têm
interesse. O valor médio 〈S〉 de S será calculando usando-se a definição
1 T
< S >= cε o E o2 ∫
T 0
sen 2 (kz o ± ωt )dt
1 ⎡1 T 1 T ⎤ 1
< S >= cε o E o2 ⎢ + ∫ cos[2( kz o ± ωt )]⎥ = cε o E o2 (2.4-7)
T ⎣⎢ 2 0 2 0 ⎦⎥ 2
Afora energia, podemos mostrar que uma onda transporta momento. A Mecânica
Relativística nos informa que a energia de uma partícula é dada por:
ε = p 2 c 2 + m o2 c 4 (2.4-8)
Associando-se uma onda eletromagnética a uma partícula chamada fóton, cuja massa de repouso
(mo) é nula, o momento associado a ela será:
ε
p= (2.4-9)
c
ε = hν = hω (2.4-10)
p = hk (2.4-11)
A polarização dos campos está vinculada à orientação do campo elétrico (ou magnético) no
espaço. Esta orientação define o que chamamos de polarização de uma onda e afeta muitos
fenômenos como a reflexão e a refração.
2π
ω= = 2πν (2.1-29)
T
Portanto, podemos dizer que o intervalo de tempo T que mantém inalterada uma onda harmônica é
chamado de período da onda. Aqui chamaremos T de período temporal por razões que ficarão
claras adiante. A eq. (2.1-29) define a relação que deve existir entre período, freqüência angular ω e
freqüência ν.
Tomemos agora, a variação de fase igual a 2π como sendo originada na parte espacial da
fase. Desta forma, consideraremos a onda em um dado ponto z e, no mesmo instante, o ponto (z+λ),
tal que este deslocamento espacial gere a variação de fase citada. Daí poderemos escrever:
2π
k= (2.1-30)
λ
Portanto, chegamos ao seguinte fato, existe um período espacial dado pôr λ, à semelhança de um
período temporal já discutido. A eq. (2.1-30) define a relação entre o módulo do vetor de
propagação e este período espacial, normalmente chamado de comprimento de onda.
Isto evidencia que as partes espacial e temporal de uma onda participam em pé de
igualdade, ou seja, tanto é possível haver alteração de uma onda através do passar do tempo quanto
através da mudança de posição no espaço. A mudança de uma onda no tempo é algo muito comum
em eletrônica, pôr exemplo. Já a mudança de fase no espaço é algo próprio da óptica. Assim sendo,
em eletrônica se faz a modulação de sinal no tempo, enquanto em óptica se pode modular não
apenas no tempo, mas no espaço.
Desta forma, as ondas harmônicas serão descritas pôr funções do tipo:
( )
E = E o sen k x x + k y y + k z z ± ωt = E o sen (k • r ± ωt ) (2.1-32)
Neste caso, o vetor k= kxi + kyj + kzk, define a direção de propagação e é chamado de vetor de
propagação e o vetor r= xi + yj + z k, é chamado vetor posição. Como se vê acima, no caso de uma
onda eletromagnética propagando no espaço, há três componentes espaciais e uma temporal,
indicando que em óptica se possui quatro canais de modulação em vez de um só, como em
eletrônica. Logo, a onda eletromagnética propagará no meio, com o qual interage, com velocidade:
1
v= (2.6-3)
εµ
c εµ
n= = (2.6-4)
v εoµo
Tomando-se a definição:
ε/εo=εr e µ/µo=µr ,
n = εrµr (2.6-5)
Em geral, para a maioria das substâncias de interesse em óptica, se tem µr~2. Logo:
n ≈ εr (2.6-6)
El=Eocos(kz-ωt)i (2.3-1)
E2=Eocos(kz-ωt+δ)j (2.3-2)
A combinação E = aE 1 + bE 2 , levará a:
E = aE o cos(kz - ωt )i + bE o cos(kz - ωt + δ )j
Desta forma
E = Exi + Ey j (2.3-3)
Ey=bE0cos(kz-ωt+δ)
Ex=aE0cos(kz-ωt)
Ex=aE0cos(ωt) (3-3-4)
Ey=bE0cos(ωt+δ) (2.2-5)
CASO 1 θ
Ey=±bE0cos(ωt)
Fig.(2.3-3) - Polarização linear.
Ex=aE0cos(ωt)
onde temos o sinal (+) para m=0,2,4,... e (-) para m=1,3,5... Desta maneira, a trajetória será dada
pela equação:
b
Ey = ± Ex (2.3-6)
a
Portanto a ponta do vetor campo elétrico oscila ao logo de uma reta, cuja orientação no espaço é
dada pelo ângulo θ que ele forma com o eixo dos x. Como neste caso tgθ= ±b/a que é uma
constante. A reta formará com o eixo dos x (no qual oscila a componente Ex do campo resultante)
um ângulo θ igual a
⎛b⎞
θ = tg −1 ⎜ ⎟ (2.3-7)
⎝a⎠
Quando b=a a reta estará orientada segundo um ângulo de 45o em relação ao eixo dos x, caso
m=0,2,4,...(2n), e 135o caso m=1,3,5,...(2n+1).
CASO 2
E
Para δ=±mπ/2 (m=1,3,5...) a eq.(2.2-5) ficará:
Ey=±bEosen(ωt) (2.3-8) θ
Ex=aEocos(ωt)
Ex2 Ey2
+ =1 (2.3-9)
a 2 E o2 b 2 E o2
Sabendo que tgθ= Ey/Ex = (b/a)tg(ωt). Neste caso, a ponta do vetor descreverá uma elipse e o
campo é dito elipticamente polarizado. A excentricidade e da elipse descrita é calculada com a
expressão:
1/ 2
b2 − a 2
e= (2.3-10)
a
Ex2+Ey2=a2E2 (2.3-11)
Ey=bE0cos(ωt+δ) θ
Ex=aEocos(ωt)
2 2 2
⎛ Ex ⎞ ⎛ ExEy ⎞ ⎛ E ⎞ Fig.(2.3-5) – Polarização elíptica.
⎜ ⎟ − 2⎜ ⎟ cos δ + ⎜ y ⎟ = sen 2 δ
⎜ aE ⎟ ⎜ abE ⎟ ⎜ bE ⎟
⎝ o ⎠ ⎝ o ⎠ ⎝ o ⎠
Este é o caso geral da polarização elíptica (Fig.2.3-3), sabendo-se que o seu eixo maior é o que está
inclinado. A luz emitida por leds e lasers de semicondutor tem uma polarização elíptica.
E=0 E≠0
- - +
+
Fig.(2.2-1) - Ilustração da deformação produzida em uma nuvem eletrônica devido a ação de um campo elétrico externo.
Consideremos o átomo como sendo uma nuvem eletrônica esférica envolvendo o seu
núcleo. Sob a ação de um campo elétrico externo, ocorre um deslocamento tanto da nuvem
eletrônica quanto do núcleo, separando os centros de cargas positivas e negativas. Assim sendo,
surge um pequeno dipolo elétrico p e uma força restauradora. Esta última, oriunda da atração entre
as cargas, tende a trazer o sistema ao seu estado inicial. Assumiremos que essa força seja do tipo F
= -Kx, como foi visto no ex.(2.1-2), sendo x a distância dos centros de carga positiva (núcleo) e
negativa (elétron).
Se o campo fosse constante, a condição de equilíbrio das forças envolvidas seria:
e
− eE − Kx = 0 ∴ x = − E (2.2-1)
K
e2
p = −ex = E (2.2-2)
K
e2
p= E = αeεoE (2.2-3)
mω o2
onde
e2
αe =
mε o ω o2
é a polarizabilidade eletrônica.
________________________________________________________________________________
Solução
Para resolvermos o problema proposto, vamos considerar o seguinte modelo para o átomo
de hidrogênio. Assumiremos que o
elétron seja representado por uma E=0 E≠0
nuvem de carga, distribuída
uniformemente numa esfera de raio
R, centrada no núcleo em x=0. A
força de atração entre o núcleo e a R x
distribuição eletrônica, mantém a
nuvem eletrônica em sua forma
estável. Com a ação do campo
externo, a nuvem se afastará da
posição de equilíbrio e surgirá uma
força que tenderá a trazê-la à posição Fig.(2.2-2) - Distribuição esquemática das cargas em um átomo
estável anterior. de hidrogênio sem e com a aplicação de campo elétrico externo.
Seja x a distância dos centros de cargas (positiva e negativa), na nova situação de equilíbrio.
Nesta situação, a força do campo será igual à força Coulombiana que tende a trazer as cargas às
suas posições sem a presença do campo elétrico. No nosso modelo, a força de restauração,
conforme a lei de Gauss, será exercida pela fração de carga δq que não envolve o próton, sendo
aquela localizada na esfera de raio x, indicada na Fig.(2.2-2). A fração de carga, fora deste volume,
não produz força sobre o próton porque o campo elétrico, gerado por ela sobre a carga, é nulo.
Então :
⎛4 ⎞
δq = ρ⎜ πx 3 ⎟ (2.2-4)
⎝ 3 ⎠
−e
Como ρ = , vem
4
πR 3
3
⎛ x3 ⎞
δq = −e⎜ ⎟ (2.2-5)
⎜ R3 ⎟
⎝ ⎠
A força Coulombiana Fc, entre a fração de carga negativa e o próton será pois :
− e2 x3 1 ⎡ e2 ⎤
Fc = = −⎢ ⎥x (2.2-6)
4πε o R 3 x 2 ⎢⎣ 4πε o R 3 ⎥⎦
Como se vê, a força tem um sinal negativo por ser de atração, e varia linearmente com a distância
entre os centros de cargas. Logo, ela é do tipo F=-Kx, onde :
e2
K= (2.2-7)
4πε o R 3
K=
(1,60 ⋅10 −19 )2 ⋅ (9 ⋅109 ) = 1,84 ⋅103 (N / m)
(0,5 ⋅10 −10 )3
Como a força de restauração é do tipo oscilador harmônico (F = -Kx), podemos pensar que
o átomo de hidrogênio é tal que sua nuvem eletrônica poderá oscilar como uma mola. Neste caso, o
átomo terá uma freqüência natural de oscilação dada por ωo = (K/m)1/2. Para os valores de K e da
massa do elétron, vem :
1/ 2
⎡K⎤
ωo = ⎢ ⎥ = 4,49 ⋅ 1016 rad / s
⎣m⎦
Valores experimentais indicam um valor de ωo igual a 2,2.1016 rad/s, mostrando que,
embora nosso modelo seja bastante simples, ele reproduz, razoavelmente bem, o valor experimental
acima mencionado. No espectro óptico, o ωo calculado corresponde a uma freqüência de 7,15.1015
Hz, a qual se situa no intervalo de luz ultravioleta.
Uma grandeza importante que pode ser estimada é a distância entre os centros de carga
quando o átomo está a ação de um campo elétrico. Tomando a condição de equilíbrio do sistema de
cargas do átomo imerso em um campo elétrico E, temos:
− e2
x = −e.E
4πε o R 3
Logo :
⎛ 4πε o R 3 ⎞
x =⎜ ⎟E (2.2-8)
⎜ e ⎟
⎝ ⎠
onde usamos a eq.(l.l-19). O resultado mostra que o deslocamento é proporcional ao campo elétrico
aplicado.
Se a intensidade do campo for igual a 106 V/m, um valor significativamente alto, teremos:
Tal deslocamento é 1,72x106 vezes menor do que o raio do átomo de hidrogênio. Portanto, mesmo
campos intensos como o que consideramos, ainda alteram muito pouco a estrutura atômica.
________________________________________________________________________________
P = np
ne 2
P= E = χeεoE (2.2-9)
mω o2
χe =
ne 2
mωo2 ε o
(
= 3,19 ⋅ 10 3 ) ωn2 (2.2-10)
o
D = εoE + P (2.2-11)
e do vetor polarização elétrica
P = χeεoE (2.2-12)
D=εE (2.2-13)
onde ε é chamada de constante dielétrica, ou permissividade elétrica. Esta grandeza será dada por:
ε = ε o (1 + χ e ) (2.2-13)
⎛ n ⎞
D = ⎜⎜1 + 319
, ⋅103 2 ⎟⎟ ε o E (2.2-14)
⎝ ωo ⎠
⎛ n ⎞
ε = ⎜⎜1 + 319
, ⋅103 2 ⎟⎟ ε o (2.2-14)
⎝ ωo ⎠
ma = FR + FE (2.2-15)
d2x
m = − Kx − eE o cos ωt (2.2-16)
dt 2
Mais uma vez vamos definir K = mω o2 , sendo ωo a freqüência natural do sistema. Logo, a eq.(2.2-
16) será re-escrita na forma:
d2x eE o
+ ω o2 x = − cos ωt (2.2-17)
2 m
dt
A solução desta equação diferencial é
x = A cos ωt (2.2-18)
e
x=−
(
m ωo2 − ω2 ) E o cos ωt (2.2-19)
Logo, o movimento da nuvem eletrônica será harmônico e com a mesma freqüência do campo
externo. Com tal movimento, o dipolo elétrico induzido será:
e2 e2
p = −ex =
(
m ω o2 − ω 2 ) E o cos ωt =
( )
m ω o2 − ω 2 ε o
E = αeεoE (2.2-19)
e2
onde: α e = α e (ϖ ) =
( )
m ω o2 − ω 2 ε o
ne 2
χe =
( )
m ω o2 − ω 2 ε o
(2.2-20)
⎡ ne 2 ⎤ ⎡ 3,19 ⋅ 10 3 n ⎤
ε = ⎢1 +
2
( 2
⎣⎢ m ωo − ω ε o ⎦⎥ )
⎥ ε o = ⎢1 +
⎢⎣
⎥ε o
ωo2 − ω 2 ⎦⎥ ( ) (2.2-21)
d2x dx
m = − Kx − γ − eE o e iϖt (2.2-22)
2 dt
dt
d2x γ dx eE
+ + ω o2 x = − o e iωt (2.2-23)
2 m dt m
dt
⎛e⎞
−⎜ ⎟
x ( t ) = x o e iω t = ⎝m⎠ E o e iωt (2.2-24)
( ) ⎛ γω ⎞
ω o2 − ω 2 + i⎜ ⎟
⎝m⎠
⎛e⎞
−⎜ ⎟
x (t ) =
⎝m⎠ ⎡ 2
⎢ ( )
⎛ γω ⎞⎤
ω o − ω 2 − i ⎜ ⎟ ⎥ E o e i ω t = x o e i ωt e i φ (2.2-25)
( ) ⎝ m ⎠⎦
2
2 ⎛ γω ⎞ ⎣
ω o2 − ω 2 + ⎜ ⎟
⎝m⎠
onde:
⎛ x' ' ⎞
φ = tg −1 ⎜⎜ o ⎟⎟ (2-2-26)
⎝ x'o ⎠
Assim sendo, a nuvem eletrônica se move com a mesma freqüência do campo externo, mas, agora o
seu movimento apresenta uma diferença de fase φ em relação ao campo externo aplicado.
Por outro lado, a amplitude do movimento xo é calculada através da expressão:
onde
⎛e⎞
−⎜ ⎟
x ′o = ⎝m⎠ (ωo2 − ω2 )E o (2.2-28)
( )
2
2 2 ⎛ γω ⎞
ω o2 −ω +⎜ ⎟
⎝m⎠
⎛ e ⎞
⎜ ⎟
⎝m⎠ ⎛ γω ⎞
x ′o′ = ⎜ ⎟E o (2.2-29)
( )
2 2 ⎛ γω ⎞ ⎝
m ⎠ 2
2
ωo − ω +⎜ ⎟
⎝ m ⎠
⎛ ⎛ γω ⎞ ⎞
⎜ −⎜ ⎟ ⎟
⎝m⎠
φ = tg −1 ⎜⎜ ⎟
⎟ (2-2-30)
2 2
⎜⎜ ω o − ω ⎟⎟
⎝ ⎠
Já dissemos que o movimento da nuvem eletrônica ocorre com uma defasagem φ em relação à
vibração do campo externo e é interessante se observar que γ = 0 leva a φ = 0. Isto indica que o
movimento da nuvem só ocorre em fase com o campo caso não haja o efeito de emissão, que atua
como um freio eletromagnético.
Seguindo os mesmos procedimentos adotados na eq.(2.2-2), podemos calcular a polarização
do meio. O dipolo induzido será dado pôr:
p = −e x
⎛ e2 ⎞ ⎛ e2 ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ ⎜⎜ ⎟⎟
p= ⎝m⎠ E o e iω t = ⎝m⎠ E (2-2-31)
⎛ γω ⎞ ⎛ γω ⎞
(ω 2
o −ω 2
) + i⎜ ⎟ (ω 2
o −ω 2
) + i⎜ ⎟
⎝m⎠ ⎝m⎠
Nesta situação o momento de dipolo elétrico é uma grandeza complexa. Em termos práticos
o valor mensurável do momento de dipolo elétrico será dado pela parte real da eq.(2.2-31).
Tomando a densidade volumétrica de momentos de dipolos elétricos como sendo n, obtemos para a
polarização do meio:
⎛ ne 2 ⎞
⎜ ⎟
⎜ m ⎟
⎝ ⎠
P= E o e iωt = Po e iωt e iφ (2.2-32)
(ω o2 −ω 2
) ⎛ γω ⎞
+ i⎜ ⎟
⎝m⎠
onde:
⎛ ne 2 ⎞
⎜⎜ ⎟
m ⎟⎠
P'o = ⎝ ωo2 − ω2 E o ( ) (2.2-33)
⎛ γω ⎞
2
( 2
ωo2 − ω2 + ⎜ ⎟ )
⎝m⎠
⎛ ne 2 ⎞
− ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ m ⎠ ⎛ γω ⎞
P' ' o = ⎜ ⎟E o (2.2-34)
⎛ γω ⎞ ⎝ m ⎠
2
(ω 2
o −ω 2 2
) +⎜ ⎟
⎝m⎠
e φ já é conhecido. O valor mensurável da polarização do meio será dado pela sua parte real dada
pela eq.(2.2-33).
A susceptibilidade χ e poderá ser facilmente obtida a partir da substituição da eq.(2.2-34) na
eq. (2.2-13). Ela será dada pela função:
⎞ ⎛ ne 2⎛ ne 2 ⎞
⎟ ⎜ ⎜ ⎟
⎟ ⎜ mε o⎜ mε o ⎟
χe = ⎠ ⎝
= ⎝ ⎠ (
⎡ 2 2
) ⎛ γω ⎞⎤
⎢ ω o − ω − i⎜ m ⎟ ⎥ (2.2-35)
( γω
⎛ ⎞
)
ωo2 − ω 2 + i⎜ ⎟ ω 2 − ω 2 2 + ⎛⎜ γω ⎞⎟
⎝m⎠ o
2
( ) ⎣ ⎝ ⎠⎦
⎝m⎠
Como já fizemos anteriormente, podemos aqui definir a constante dielétrica complexa na forma:
ε = ε'+iε' '
⎡ ⎛ ne 2 ⎞ ⎤ ⎛ ne 2 ⎞
⎢ ⎜ ⎟ ⎥ ⎜ ⎟
⎜ mε o ⎟ ⎜ mε o ⎟
⎢
ε = ⎢1 + ⎝ ⎠ ωo2 − ω 2 ( )
⎥
⎥ε o − i
⎝ ⎠ ⎛ γω ⎞
⎜ ⎟ (2.2-36)
( ) ( )
2 2 ⎝ m⎠
⎢ 2 ⎛ γω ⎞ ⎥ 2 2 ⎛ γω ⎞
⎢ ωo2 − ω 2 + ⎜ ⎟ ⎥
2
ωo − ω +⎜ ⎟
⎣ ⎝m⎠ ⎦ ⎝m⎠
Como se observa nas expressões obtidas para a constante dielétrica não existe mais aquela
descontinuidade para ω=ωo, verificada no caso sem a irradiação de energia pela nuvem. Facilmente
vemos que o termo de amortecimento é o responsável pôr isto. A razão física para este resultado,
pode ser entendida da seguinte forma: quanto maior for a amplitude das oscilações x(t), em face de
ω → ω o , maiores serão a energia e a aceleração a serem alcançadas pela carga. No caso, é a perda
de energia que a nuvem sofre, em face da irradiação de ondas eletromagnéticas (classicamente), que
impede que o movimento tenha uma amplitude que tenda para infinito quandoω=ωo. A fig.(2.2-4)
ilustra o comportamento das partes real e imaginária da constante dielétrica conforme calculamos
na eq.(2.2-36).
ε,
ε,(0) ε,,
ωο ω
Fig.(2.2-4) - Gráfico das partes real e imaginária da constante dielétrica em unidades arbitrárias.
⎛ ξ + η⎞ ⎛ ξ − η⎞
Usando-se a relação trigonométrica: sen ξ + sen η = 2 sen ⎜ ⎟ cos⎜ ⎟ , temos:
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
Usando as condições ∆k«k e ∆ω«ω, bem como considerando o meio sem singularidades quanto à
dispersão, podemos escrever: k+k'≅2k e ω+ω'≅2ω. A equação (2.3-1) ficará:
⎡ ⎛ ∆kz − ∆ωt ⎞⎤
E = ⎢2E o cos⎜ ⎟⎥ sen (kz − ωt )
⎣ ⎝ 2 ⎠⎦ vg
∆ω
vg = (2.3-2)
∆k
Como vemos na fig.(2.3-1), a onda é constituída de uma seqüência de grupos formados pela
modulação da amplitude. Cada grupo desse se desloca com a velocidade dada pela eq.(2.3-2), sendo
por isto chamada de velocidade de grupo (do pacote).
Se considerarmos uma mistura de ondas com diferenças infinitesimais em k e ω:
dω
vg = (2.3-3)
dk
dv dω
v+k = = vg
dk dk
e
⎛ dv ⎞ ⎛ dv ⎞⎛ dω ⎞ dv
v g = v + k⎜ ⎟ = v + k⎜ ⎟⎜ ⎟= v+k vg
⎝ ⎠
dk ⎝ dω ⎠⎝ dk ⎠ dω
v v
vg = = (2.3-4)
dv ω dv
1− k 1−
dω v dω
dv c dn v dn
=− =−
dω n 2 dω n dω
v
vg = (2.3-5)
ω dn
1+
n dω
c c
vg = = (2.3-6)
⎛ ω dn ⎞ N(ω)
n ⎜1 + ⎟
⎝ n dω ⎠
onde:
⎛ ω dn ⎞
N(ω) = n⎜1 + ⎟ (2.3-7)
⎝ n dω ⎠
dn
Desta forma a velocidade de 〈0
dω
grupo é calculada de forma
semelhante à de fase, diferenciando-
se por se usar um índice de refração
efetivo N(ω), é chamado de índice de dn
〉0
grupo, ao invés do índice do dω
material n(ω). O índice de refração
efetivo incorpora o índice do meio e
um termo no qual está contida a sua
dn
dependência com a freqüência 〉0
dω
(ω/n)(dn/dω). Ou, em outras
palavras, ele contém a dispersão do
meio. Fig.(2.3-2) – Curva de dispersão
Da eq.(2.3-6) salientamos duas situações. A primeira, quando (dn/dω)>0; a velocidade de grupo é
menor que a de fase e a dispersão do meio é dita NORMAL. A segunda, quando (dn/dω)<0; a
velocidade de grupo é maior que a de fase e a dispersão do meio é ANÔMALA. Neste caso,
dependendo do valor da derivada (dn/dω), vg pode até ser maior que a da luz no meio. Nos casos de
dispersão anômala nos quais vg>c, mesmo a velocidade de grupo perde o sentido físico.
L LN
τ= = (2.4-1)
vg c
nL ⎛ ω dn ⎞ nL ⎛ λ dn ⎞
τ= ⎜1 + ⎟= ⎜1 − ⎟ (2.4-2)
c ⎝ n dω ⎠ c ⎝ n dλ ⎠
n ⎛ λ dn ⎞
T= ⎜1 − ⎟ (2.4-3)
c ⎝ n dλ ⎠
Desta forma, caso se esteja usando um pulso de luz para a transmissão de informação em um meio
material qualquer, este pulso sofrerá um alargamento no tempo (ou no espaço), advindo da
dependência de τ, ouT, com o comprimento de onda. Por ser limitado em tempo, o pulso de
luz possui intrínsicamente uma faixa de L
t=0 t=
freqüências, ou comprimentos de onda, na vg
sua composição espectral. Desta maneira,
conquanto as diversas freqüências que
compõem o pulso sejam emitidas de um
ponto ao mesmo tempo, à medida que o
pulso propaga as diferentes freqüências ∆t L
irão se separando no espaço, por conta da
dependência da velocidade de grupo de
cada freqüência com a sua freqüência. Esta
dependência, neste caso, ocorre por
intermédio da dependência índice de
refração (ou do índice de grupo) com a
freqüência (ou comprimento de onda). Este Fig. (2.4-1) – Ilustração da propagação de um pulso óptico onde se vê
efeito de atraso se rotula como sendo a sua distribuição espectral. Fica claro o alargamento do pulso e a
dispersão cromática, já que depende do consequente redução de intensidade porque a área do pulso,
comprimento de onda, ou de uma certa representando a energia do pulso permanece constante.
forma da cor da luz. A fig.(2.4-1) ilustra a propagação de um pulso óptico, estando indicada a
distribuição espectral e o alargamento do pulso devido aos retardos que cada freqüência sofre
devido ao efeito da variação do índice de refração com o comprimento de onda (dispersão
cromática).
Sendo um pulso suave, podemos estimar o alargamento do pulso pela separação entre os
pulsos com comprimento de onda central λ e λ +∆λ. Usando-se a eq.(2.4-1) teremos:
∂ ⎛⎜ L ⎞
⎟∆λ = L ∂ ⎛⎜ N ⎞⎟∆λ = ⎛⎜ 1 ∂N ⎞⎟L∆λ
∆τ = (2.4-4)
∂λ ⎜⎝ v g ⎟
⎠ ∂λ ⎝ c ⎠ ⎝ c ∂λ ⎠
∆τ = D λ L∆λ (2.4-5)
onde
1 ∂N
Dλ = (2.4-6)
c ∂λ
1 ∂ ⎡ ⎛ λ dn ⎞⎤
Dλ = ⎢ n ⎜1 − ⎟
n dλ ⎠⎥⎦
(2.4-7)
c ∂λ ⎣ ⎝
ou
1 ⎡⎛ ∂n ⎞⎛ λ dn ⎞ ∂ 2n ⎤
Dλ = ⎢⎜ ⎟⎜ 1 − ⎟ − λ ⎥ (2.4-8)
c ⎢⎣⎝ ∂λ ⎠⎝ n dλ ⎠ dλ2 ⎥⎦