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Caderno de Questões - Direito Penal

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Prof.

Arnaldo Quaresma

1) FGV - 2022 - OAB - XXXIV Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q58

Em um mesmo contexto, por meio de uma ação fracionada, Carlos praticou dois crimes autônomos cujas sanções
penais, previstas no Código Penal, são de pena privativa de liberdade e pena de multa cumulativa. No momento de
fixar a multa de cada um dos crimes, reconhecido o concurso formal, o magistrado aplicou a pena máxima de 360
dias para ambas as infrações penais, sendo determinado que o valor do dia-multa seria o máximo de 05 salários-
mínimos, considerando, em ambos os momentos, a gravidade em concreto do delito. A pena privativa de liberdade
aplicada, contudo, por não ultrapassar 04 anos, foi substituída por duas restritivas de direitos. Carlos, intimado da
sentença, procura você, como advogado(a), informando não ter condições de arcar com a multa aplicada, já que
recebe apenas R$2.000,00 (dois mil reais) mensais.

Na ocasião, o(a) advogado(a) de Carlos deverá esclarecer ao seu cliente que

a) poderá ser buscada a redução do valor do dia-multa e da quantidade de dias aplicada, tendo em vista que
em ambos os momentos deverá considerar o magistrado a capacidade econômica financeira do réu e não
a gravidade em concreto do fato, podendo o próprio juiz do conhecimento deixar de aplicar multa com base
na situação de pobreza do acusado.
b) poderá ser buscada a redução do valor do dia-multa, que deverá considerar a capacidade econômica
financeira do agente, ainda que a quantidade de dias-multa possa valorizar a gravidade em concreto do
fato.
c) poderá haver conversão da pena de multa em privativa de liberdade em caso de não pagamento injustificado
da mesma.
d) poderá a pena de multa de um dos delitos ser majorada de 1/6 a 2/3, de acordo com as previsões do Código
Penal, diante do concurso formal de crimes, afastada a soma das penas.

2) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q61

João e Carlos procuram Paulo para que, juntos, pratiquem um crime de roubo de carga. Apesar de se recusar a
acompanhá-los na ação delituosa, Paulo oferece a garagem de sua casa para a guarda da carga roubada, conduta
que seria fundamental na empreitada criminosa, já que João e Carlos não teriam outro local para esconder os bens
subtraídos. Apenas por terem conseguido o acordo com Paulo, João e Carlos operam a subtração. Ao chegarem à
casa de Paulo, este lhes informa que a garagem estava ocupada naquele momento e não poderia mais ser utilizada.
Assim, o trio que dividiria os lucros procura o vizinho Pedro e, após contarem o ocorrido, pedem a garagem
emprestada por um tempo, proposta que é aceita por Pedro. Sendo todos os fatos apurados e recuperada a carga
na garagem de Pedro, as famílias de Paulo e Pedro procuram um(a) advogado(a) para saber acerca da situação
jurídica deles.

Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá esclarecer que

a) ambos poderão ser responsabilizados pelo crime de roubo majorado.


b) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de
receptação.
c) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de
favorecimento real.
d) Pedro e Paulo poderão ser responsabilizados pelo crime de favorecimento real.
3) FGV - 2021 - OAB - XXXII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q58

João, em 17/06/2015, foi condenado pela prática de crime militar próprio. Após cumprir a pena respectiva, João, em
30/02/2018, veio a praticar um crime de roubo com violência real, sendo denunciado pelo órgão ministerial. No curso
da instrução criminal, João reparou o dano causado à vítima, bem como, quando interrogado, admitiu a prática do
delito. No momento da sentença condenatória, o magistrado reconheceu a agravante da reincidência, não
reconhecendo atenuantes da pena e nem causas de aumento e de diminuição da reprimenda penal. Considerando
as informações expostas, em sede de apelação, o advogado de João poderá requerer

a) o reconhecimento da atenuante da confissão e da causa de diminuição de pena do arrependimento


posterior, mas não o afastamento da agravante da reincidência.
b) o reconhecimento das atenuantes da reparação do dano e da confissão, mas não o afastamento da
agravante da reincidência.
c) o reconhecimento das atenuantes da confissão e da reparação do dano e o afastamento da agravante da
reincidência.
d) o reconhecimento da atenuante da confissão e da causa de diminuição de pena do arrependimento
posterior, bem como o afastamento da agravante da reincidência.

4) FGV - 2022 - OAB - XXXIV Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q62

Durante uma festa de confraternização entre amigos da faculdade, em 1º de junho de 2020, começou uma discussão
entre Plinio e Carlos, tendo a mãe de Plínio procurado intervir para colocar fim à briga. Nesse momento, Carlos
passou a ofender a mãe de Plinio, chamando-a de “macumbeira”, que “deveria estar em um terreiro”. Revoltadas,
pessoas que presenciaram o ocorrido compareceram ao Ministério Público e narraram os fatos. A mãe de Plinio
disse, em sua residência, que não pretendia manter discórdia com colegas do filho, não tendo comparecido à
Delegacia e nem ao órgão ministerial para tratar do evento. O Ministério Público, em 2 de dezembro de 2020,
denunciou Carlos pelo crime de racismo, trazido pela Lei nº 7.716/89.

Você, como advogado(a) de Carlos, deverá alegar, em sua defesa, que deverá

a) ocorrer extinção da punibilidade, pois não houve a indispensável representação da vítima, apesar de,
efetivamente, o crime praticado ter sido de racismo.
b) haver desclassificação para o crime de injúria simples, que é de ação penal privada, não tendo o Ministério
Público legitimidade para oferecimento da denúncia.
c) haver desclassificação para o crime de injúria qualificada pela utilização de elementos referentes à religião,
que é de ação penal privada, não tendo o Ministério Público legitimidade para oferecimento de denúncia.
d) haver desclassificação para o crime de injúria qualificada pela utilização de elementos referentes à religião,
que é de ação penal pública condicionada, justificando extinção da punibilidade por não ter havido
representação por parte da vítima.

5) FGV - 2022 - OAB - XXXIV Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q63

Joana, sob influência do estado puerperal, levanta da cama do quarto do hospital, onde estava internada após o
parto, com o propósito de matar seu filho recém-nascido, que se encontrava no berçário. Aproveitando-se da
distração do segurança que, ao sair para ir ao banheiro, deixara sua arma sobre a mesa no corredor, Joana pega a
arma e se dirige até o vidro do berçário. Lá chegando, identifica o berço de seu filho, aponta a arma e efetua o
disparo. Ocorre que, devido ao tranco da arma, Joana erra o disparo e atinge o berço onde estava o filho de Maria.
Acerca do caso, é correto afirmar que Joana responderá pelo crime de

a) homicídio, uma vez que acertou o filho de Maria e não o seu próprio filho.
b) infanticídio, em razão da incidência do erro sobre a pessoa.
c) infanticídio, em razão da incidência do erro na execução.
d) infanticídio, em razão da incidência do resultado diverso do pretendido.

Prof. Nidal Ahmad

6) FGV - 2022 - OAB - XXXIV Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q60

Gabriel, funcionário há 20 (vinte) dias de uma loja de eletrodomésticos, soube, por terceira pessoa, que Ricardo,
seu amigo de longa data, pretendia furtar o estabelecimento em que trabalhava, após o encerramento do expediente
daquele dia, apenas não decidindo o autor do fato como faria para ingressar no local sem acionar o alarme. Ciente
do plano de Ricardo, Gabriel, pretendendo facilitar o ato de seu amigo, sem que aquele soubesse, ao sair do trabalho
naquele dia, deixou propositalmente aberto o portão de acesso à loja, desligando os alarmes. Ricardo, ao chegar
ao local, percebeu o portão de acesso aberto, entrou no estabelecimento e furtou diversos bens de seu interior.
Após investigação, todos os fatos são descobertos. Os proprietários do estabelecimento lesado, então, procuram a
assistência de um advogado, esclarecendo que tomaram conhecimento de que Ricardo, após o crime, falecera em
razão de doença pré-existente.

Considerando apenas as informações expostas, o advogado deverá esclarecer aos lesados que Gabriel poderá ser
responsabilizado pelo crime de

a) furto qualificado pelo concurso de pessoas.


b) furto simples, sem a qualificadora do concurso de pessoas em razão da ausência do elemento subjetivo.
c) furto simples, sem a qualificadora do concurso de pessoas em razão da contribuição ter sido inócua para a
consumação delitiva.
d) favorecimento real, mas não poderá ser imputado o crime de furto, simples ou qualificado.

7) FGV - 2021 - OAB - XXXIII Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q58

Félix, com dolo de matar seus vizinhos Lucas e Mário, detona uma granada na varanda da casa desses, que ali
conversavam tranquilamente, obtendo o resultado desejado. Os fatos são descobertos pelo Ministério Público, que
denuncia Félix por dois crimes autônomos de homicídio, em concurso material. Após regular procedimento, o
Tribunal do Júri condenou o réu pelos dois crimes imputados e o magistrado, ao aplicar a pena, reconheceu o
concurso material. Diante da sentença publicada, Félix indaga, reservadamente, se sua conduta efetivamente
configuraria concurso material de dois crimes de homicídio dolosos. Na ocasião, o(a) advogado(a) do réu, sob o
ponto de vista técnico, deverá esclarecer ao seu cliente que sua conduta configura dois crimes autônomos de
homicídio,

a) em concurso material, sendo necessária a soma das penas aplicadas para cada um dos delitos.

b) devendo ser reconhecida a forma continuada e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação de


uma das penas e não do cúmulo material.

c) devendo ser reconhecido o concurso formal próprio e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação
de uma das penas e não do cúmulo material.

d) devendo ser reconhecido o concurso formal impróprio, o que também imporia a regra da soma das penas
aplicadas.
8) FGV - 2020 - OAB - XXXI Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q63

André, nascido em 21/11/2001, adquiriu de Francisco, em 18/11/2019, grande quantidade de droga, com o fim de
vendê-la aos convidados de seu aniversário, que seria celebrado em 24/11/2019. Imediatamente após a compra,
guardou a droga no armário de seu quarto.

Em 23/11/2019, a partir de uma denúncia anônima e munidos do respectivo mandado de busca e apreensão deferido
judicialmente, policiais compareceram à residência de André, onde encontraram e apreenderam a droga que era
por ele armazenada. De imediato, a mãe de André entrou em contato com o advogado da família. Considerando
apenas as informações expostas, na Delegacia, o advogado de André deverá esclarecer à família que André,
penalmente, será considerado

a) inimputável, devendo responder apenas por ato infracional análogo ao delito de tráfico, em razão de sua
menoridade quando da aquisição da droga, com base na Teoria da Atividade adotada pelo Código Penal
para definir o momento do crime.
b) inimputável, devendo responder apenas por ato infracional análogo ao delito de tráfico, tendo em vista que
o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir o momento do crime.
c) imputável, podendo responder pelo delito de tráfico de drogas, mesmo adotando o Código Penal a Teoria
da Atividade para definir o momento do crime.
d) imputável, podendo responder pelo delito de associação para o tráfico, que tem natureza permanente, tendo
em vista que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir o momento do crime.

9) FGV - 2019 - OAB - XXX Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q60

Mário trabalhava como jardineiro na casa de uma família rica, sendo tratado por todos como um funcionário
exemplar, com livre acesso a toda a residência, em razão da confiança estabelecida. Certo dia, enfrentando
dificuldades financeiras, Mário resolveu utilizar o cartão bancário de seu patrão, Joaquim, e, tendo conhecimento da
respectiva senha, promoveu o saque da quantia de R$ 1.000,00 (mil reais).

Joaquim, ao ser comunicado pelo sistema eletrônico do banco sobre o saque feito em sua conta, efetuou o bloqueio
do cartão e encerrou sua conta. Sem saber que o cartão se encontrava bloqueado e a conta encerrada, Mário tentou
novo saque no dia seguinte, não obtendo êxito. De posse das filmagens das câmeras de segurança do banco, Mário
foi identificado como o autor dos fatos, tendo admitido a prática delitiva.

Preocupado com as consequências jurídicas de seus atos, Mário procurou você, como advogado(a), para
esclarecimentos em relação à tipificação de sua conduta. Considerando as informações expostas, sob o ponto de
vista técnico, você, como advogado(a) de Mário, deverá esclarecer que sua conduta configura

a) os crimes de furto simples consumado e de furto simples tentado, na forma continuada.


b) os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de
confiança tentado, na forma continuada.
c) um crime de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado, apenas.
d) os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de
confiança tentado, em concurso material.
10) FGV - 2019 - OAB - XXX Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase – Q61

Regina dá à luz seu primeiro filho, Davi. Logo após realizado o parto, ela, sob influência do estado puerperal,
comparece ao berçário da maternidade, no intuito de matar Davi. No entanto, pensando tratar-se de seu filho, ela,
com uma corda, asfixia Bruno, filho recém-nascido do casal Marta e Rogério, causando-lhe a morte. Descobertos
os fatos, Regina é denunciada pelo crime de homicídio qualificado pela asfixia com causa de aumento de pena pela
idade da vítima.

Diante dos fatos acima narrados, o(a) advogado(a) de Regina, em alegações finais da primeira fase do procedimento
do Tribunal do Júri, deverá requerer

a) o afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa de
aumento, diante do erro de tipo.
b) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser reconhecida
a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente.
c) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo ser
reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de
quem se pretendia atingir.
d) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida a
agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se
pretendia atingir.

Gabarito 1-B 2-C 3-C 4-D 5-C 6-A 7-D


8-C 9-C 10 - B

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