Neuropsicopedagogia - Módulo 6
Neuropsicopedagogia - Módulo 6
Neuropsicopedagogia - Módulo 6
MATERIAL DIDÁTICO
PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E
DESENVOLVIMENTO
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3
UNIDADE 2 – O DESENVOLVIMENTO HUMANO .................................................... 5
2.1 DEFININDO DESENVOLVIMENTO ............................................................................. 5
2.2 A IMPORTÂNCIA, OS FATORES E OS ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ......... 7
2.3 OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ........................................ 8
2.4 AS MULTIDIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ........................................... 11
UNIDADE 3 – PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM ................................................ 12
3.1 CONCEITOS DE APRENDIZAGEM ........................................................................... 12
3.2 CLASSES DE COMPORTAMENTO E APRENDIZAGEM ................................................. 15
3.3 CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM .................................................................. 20
3.4 OS PRODUTOS DA APRENDIZAGEM ....................................................................... 23
UNIDADE 4 – TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO/APRENDIZAGEM .................. 30
UNIDADE 5 – CONDIÇÕES DE APRENDIZAGEM ................................................. 54
5.1 CONDIÇÕES BIOLÓGICAS ..................................................................................... 54
5.2 CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS ................................................................................. 54
5.3 CONDIÇÕES PEDAGÓGICAS.................................................................................. 56
UNIDADE 6 – INTRODUÇÃO ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA
LEITURA E ESCRITA............................................................................................... 58
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Não vamos radicalizar e dizer que vivemos pior ou melhor de acordo com a
aprendizagem, mas podemos afirmar que vivemos de acordo com o que
aprendemos e esse é nosso ponto de partida para as discussões acerca da
importância e do lugar da aprendizagem em nossas vidas.
ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades e
oportunidades para serem aquilo que desejam ser.
• aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que
envolvem outras pessoas. Ex.: Quando em um grupo há uma criança que
permanece sozinha.
Como diz Medke (2008) não é possível encontrar um exemplo puro, porque
todos esses aspectos relacionam-se permanentemente.
• meia-idade – 40 a 65 anos;
Entrar na puberdade.
Namorar.
Grupo de pares
Desenvolver independência.
Parceiro (a)
Sair de casa.
Adolescência Escolher uma profissão.
Estudar na universidade.
Trabalho
Casar-se.
Família de
procriação
Grupo de pares
Filhos deixam o lar.
Maturidade Filhos se casam.
Cuidar de um progenitor
enfermo.
Torna-se avó ou avô.
Aposentar-se.
Grupo de pares
Lidar com enfermidades.
Família pós-
Cuidar do cônjuge enfermo.
Velhice
Lidar com a morte do
parental
cônjuge.
Lidar com a morte de amigos.
Fonte: Adaptado de Marturano (2008).
Hilgard (1966 apud CAMPOS, 2011) assinala que certos problemas nas
definições podem, geralmente, ser resolvidos recorrendo-se à definição de termos e,
frequentemente, é satisfatório definir a aprendizagem como aquilo que está de
acordo com o significado usual, socialmente aceito e que constitui parte de nossa
herança comum. Quando devem ser feitas distinções, com maior precisão, devem
sê-las através de tipos de inferências cuidadosamente especificadas, extraídas da
experimentação.
Por outro lado, o termo “prática” não significa a exata repetição de uma
reação qualquer, mesmo porque, repetições dessa espécie jamais ocorrem no
transcurso da aprendizagem: prática significa a reiteração dos esforços de quem
aprende, no sentido de progressiva adaptação ou ajustamento a uma nova situação
que se ofereça.
Mais uma vez Campos (2011) se baseia em Hilgard (1966) para apresentar
a definição satisfatória para despertar a atenção sobre os problemas envolvidos em
qualquer definição de aprendizagem:
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Órgão que produz um efeito, geralmente em resposta a um estímulo.
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Vêm sendo realizadas pesquisas com animais, como cães, macacos, etc.,
submetendo-os à privação de uma estimulação normal durante a fase de
desenvolvimento. Esta falta das primeiras experiências próprias da espécie
determinou o aparecimento de animais, apresentando, em comparação com irmãos
da mesma idade, características tais como: pouca inteligência, deficiência na
capacidade de aprender, deficiência na tendência normal a saciar a curiosidade,
alterações na emotividade e prováveis deficiências na capacidade de perceber a
dor.
O indivíduo que aprende pensa sobre o que faz, ao aprender; forma, pelo
menos, uma noção da natureza geral e do significado deste processo: se é
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Uma criança, quando começa a aprender a escrita, todo o seu corpo fica
tenso, seus dedos rígidos, agarrando o lápis com toda força. Com a prática, vai
captando os sinais que possibilitam movimentos flexíveis, até se tornar capaz de
manusear, mesmo uma caneta. Assim, conclui-se que é necessário apresentar ao
aprendiz as dificuldades de forma gradativa, nos exercícios, para que possam ser
percebidos e automatizados por aquele que aprende.
UNIDADE 4 – TEORIAS DO
DESENVOLVIMENTO/APRENDIZAGEM
processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra um novo dado perceptivo,
motor ou conceitual nos esquemas já existentes;
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Derivam do idealismo e Materialismo mecanicista que, por sua vez, foram herdadas do dualismo de
Descartes, o qual propôs a separação entre corpo e alma, isto é, físico e psíquico.
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3º) Equilibração:
barbear-se, no outro dia ao ver a água esquentando diz: “- papai vai se barbear”.
Não consegue estabelecer princípios gerais que a levem às várias aplicações
cotidianas da água quente, como cozinhar, lavar, aquecer, etc. Não há noção de
conservação, mudando-se a aparência do objeto, muda também a quantidade,
volume, massa e o peso desse mesmo objeto. E não há noção de reversibilidade,
pois não entende que é possível retornar ao ponto de partida. Exemplo: se
acrescentar três a mais duas laranjas e depois tirar as três já acrescentadas, a
criança não percebe que voltou à condição anterior, ocorrendo o pensamento como
se fosse uma nova tarefa.
3- Fase Operatório Concreta – vai dos sete aos treze anos. A criança está pronta
para iniciar um processo de aprendizagem sistemática e adquirir uma autonomia
crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores morais.
A grupalização com o sexo oposto diminui. A criança, que no início do período ainda
considerava bastante as opiniões e ideias dos adultos, no final passa a enfrentá-los.
As ações interiorizadas tornam-se cada vez mais reversíveis (móveis e flexíveis),
não confunde mais o real e o fantástico e interage melhor com o mundo ao seu
redor, o pensamento é menos egoísta. Nesta fase a reversibilidade é comprovada,
pois a criança sabe que 2 + 3 = 5 porque 5 - 3 = 2 e que a massa dos objetos não
muda ainda que lhe altere a forma (massinha de modelar), já existindo a noção de
conservação. É chamado de concreto, pois a criança só consegue pensar
logicamente apoiada em exemplos concretos, reais, materiais, não conseguindo
pensar em proposições ou enunciados.
Ele não aceita dissociar no homem, o biológico do social, sendo esta uma
das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento.
• personalismo – ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se
a construção da consciência de si mediante as interações sociais,
reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;
3
A zona de desenvolvimento proximal proposta por Vigotsky é a distância entre o nível real de
desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o
nível de desenvolvimento potencial, determinado mediante a resolução de um problema com a
mediação de um adulto ou de um companheiro mais capaz (MARTURANO, 2008).
Os estágios são:
• a cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas de seu ego,
mas também das exigências do meio em que vive, sendo, portanto essencial
a análise da cultura e da sociedade em que vive o sujeito em questão;
• em cada estágio o ego passa por uma crise (que dá nome ao estágio). Esta
crise pode ter um desfecho positivo (ritualização) ou negativo (ritualismo);
Segundo Krebs (2004), Bronfenbrenner não inclui em sua teoria uma relação
específica das características individuais, como, por exemplo, inteligência, caráter,
etc., que foram amplamente discutidas em outras teorias do desenvolvimento.
Entretanto, essa sua omissão não deve ser tomada como uma negligência, pois ele
próprio admite concordar com outros autores que tratam desses temas. No entanto,
Bronfenbrenner alerta que todas as características individuais não podem ser
interpretadas sem uma perspectiva ecológica, ou seja, sem estabelecer-se a relação
entre as características do ser humano ativo em desenvolvimento com seus
respectivos contextos, entendidos como ambientes dinâmicos em constantes
transformações.
A rede sistêmica que é formada pelos microssistemas que uma pessoa vivencia é
chamada de mesossistema. Os contextos em que a pessoa em desenvolvimento
não participa ativamente, mas aos quais esteja indiretamente relacionada são
chamados de exossistema.
Os processos proximais
Para ser efetiva, a interação deve ocorrer sobre uma base bastante regular
ao longo de períodos extensos de tempo. Essas formas duradouras de interação nos
ambientes imediatos são identificadas como processos proximais. Exemplos de
padrões duradouros de processos proximais são encontrados em atividades
conjuntas mãe-criança, pai-criança ou criança-criança, brincadeira solitária ou em
grupo, leitura, aprendizagem de novas habilidades, estudo, atividades esportivas.
Grande parte das dificuldades da escola tem sua origem nos problemas da
motivação, ou seja, na tarefa de diagnosticar os interesses e necessidades dos
alunos; na consideração das diferenças individuais, nesse aspecto; na organização
das atividades extracurriculares; no atendimento dos casos de desajustados, pela
descoberta dos motivos determinantes, e, afinal, nos problemas de aprendizagem
propriamente ditos.
Sabendo-se que para aprender é necessário agir e, por outro lado, que a
atividade se inicia graças à atuação de um ou vários motivos, conclui-se que a
educação não pode prescindir da motivação.
Vale ressaltar que quanto mais significativo for o material a ser aprendido,
tanto mais rápida será a aprendizagem e melhor a retenção, portanto, material bem
organizado e com padrões nítidos é muito mais facilmente aprendido e lembrado
que uma matéria não organizada ou não estruturada.
repeti-la e assim, sucessivamente, até que cada parte das divisões esteja
dominada), até a superaprendizagem e técnicas de estudo dirigido, os resultados
experimentais apontam que todos têm sua parcela contributiva para a
aprendizagem.
Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma
equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições de um
acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico, direcionando-o
às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais concretos.
Além desses distúrbios, há outros que também têm sintomas parecidos com
os da dislexia e isso acaba confundindo pais, professores e até profissionais mal
informados. É preciso tomar muito cuidado antes de diagnosticar uma dislexia, que é
bem mais complexa do que a maioria dos distúrbios relatados.
O que acontece com o disléxico é que, na maioria dos casos, ele não
identifica sinais gráficos, letra ou qualquer código que caracterize um texto. Portanto,
ele não troca letras, porque seu cérebro sequer identifica o que seja uma letra.
Ainda sobre essa visão, deve-se lembrar que a equipe de G. Reid Lyon, do
Instituto Nacional de Saúde Infantil Desenvolvimento Humano dos Estados Unidos,
em Bethesda (Maryland), avaliou exames de imagens do cérebro em funcionamento
de 144 pessoas, sendo 70 disléxicas e 74 não disléxicas, todas com idade entre sete
a 18 anos. Enquanto realizavam várias tarefas de leitura e de compreensão de sons,
eles foram submetidos a um exame cerebral chamado ressonância magnética
funcional. Foi observado que as pessoas com leitura normal, ou seja, sem dislexia,
ativaram a parte posterior do cérebro, enquanto as disléxicas ativaram as regiões
frontal e lateral, tendo a parte posterior inibida.
• o indivíduo não possui dificuldades visuais nem motoras, mas não consegue
transmitir as informações visuais ao sistema motor. Deficiência de
“transmissão”;
• fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras, números
e palavras;
• pode soletrar oralmente, mas não consegue expressar ideias, por meio de
símbolos visuais, pois não consegue escrever.
o indivíduo foi ou está sendo educado e alfabetizado. Em uma casa onde todos
pronunciam e escrevem incorretamente as palavras, é muito difícil a criança
aprender de forma correta, na escola.
A dislalia, troca de fonemas (sons das letras), pode afetar também a escrita.
A discalculia é mais um dos distúrbios que podem ser causados por anoxia
perinatal ou por outros acidentes, que acabam afetando o funcionamento normal do
cérebro. Alguns profissionais desinformados negam-se a aceitar que a discalculia
atinja crianças em idade escolar, alegam que só é possível “adquirir” por meio de um
Acidente Vascular Cerebral (popular derrame) ou traumatismo crânio-encefálico.
As causas psicológicas são muitas e por demais complexas, por isso não
cabe numerá-las aqui. As dificuldades causadas pela deficiência do ensino também
são muitas e sua solução depende de uma nova visão da matemática.
Essa mesma criança pode perder-se totalmente nas contas e nas equações
propostas em sala de aula. A explicação é muito simples: ao acompanhar o pai,
vendendo pastéis, a criança “vê” o pastel, o dinheiro do freguês, o troco, tudo é real.
Na lousa, os números são apenas sinais que a criança vê, mas não distingue.
fundo, ela não entende o porquê desta conta, não entende “o que” é 4 ou 3 ou 7,
não sabe quantas unidades estão “dentro” dos números 4,3,7... , Uma forma de
fazer a criança assimilar as operações é tornar tudo o mais real possível.
São muitas as técnicas que podem ser usadas para solucionar as falhas no
ensino da matemática “abstrata” das escolas. Com um pouco de criatividade, o
professor encontrará inúmeras formas de ensinar e despertar na criança o interesse
pelos números, facilitando assim o aprendizado da matemática.
não consegue dizer com exatidão quantos anos tem, nem mesmo mostrando
nos dedos;
Tudo isso tem sentido e deve, obviamente, ser aceito, mas o que não se
pode fazer é generalizar e deixar de lado outras características tão importantes
quanto estas e que também sinalizam a hiperlexia. São elas:
Assim como a dislexia, que ainda hoje é vista de forma generalizada pela
maioria dos profissionais, gerando inúmeros mal-entendidos e até erros de
diagnósticos, a hiperlexia também caminha assim. Por isso, os profissionais das
áreas que atendem a este distúrbio devem estar atentos aos sintomas e às
características principais.
5 - Uso de muitas gírias ou jargões, não por vício de linguagem, mas por não
conseguir construir frases perfeitas ou até mesmo para substituir um discurso.
ATENÇÃO: este número (dez) é uma base para detectar-se esse distúrbio,
pode haver um hiperléxico com sete ou oito desses sintomas ou com cinco destes, e
outros cinco sintomas não relatados aqui. Atente-se para o fato de que cada
paciente pode ter características próprias e deve ser analisado exaustivamente até
que se confirme um diagnóstico.
Se o hiperléxico, desde cedo, lê tudo o que vê, mas não assimila e escreve
apenas como cópia, não tendo consciência do que escreve, então deve ser
encaminhado a um psicopedagogo que, sem dúvida, é, ou ao menos deveria ser, o
profissional mais indicado e melhor preparado para tratar este caso específico de
hiperlexia.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BÁSICAS
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
SILVA, Ana Lúcia Toledo Fischer da; SZYMANSKI, Maria Lídia S. Dificuldades de
aprendizado na leitura e na escrita: repensando sobre o aluno que aprende
diferente, suas habilidades e desafio, 2008.Mimeo.
VALLE, Tânia Gracy Martins do; MAIA, Ana Cláudia Bortolozzi (orgs.). Psicologia do
desenvolvimento humano e aprendizagem. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011.
Disponível em:
http://www.culturaacademica.com.br/_img/arquivos/Psicologia_do_desenvolvimento_
humano_e_aprendizagem.pdf