Neuropsicopedagogia - Módulo 7
Neuropsicopedagogia - Módulo 7
Neuropsicopedagogia - Módulo 7
MATERIAL DIDÁTICO
TRANSTORNOS GLOBAIS DO
DESENVOLVIMENTO – TGD
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3
UNIDADE 2 – A CID-10 E O DSM-5 ........................................................................... 6
2.1 DSM-5 – MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICAS DAS PERTURBAÇÕES MENTAIS . 7
2.2 A CID-10 – CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS .................................... 10
UNIDADE 3 – TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO –
CONDUTAS TÍPICAS ............................................................................................... 14
3.1 POSSÍVEIS DETERMINANTES DAS CONDUTAS TÍPICAS ............................................. 17
3.2 AUTISMO ........................................................................................................... 20
3.3 SÍNDROME DE RETT ............................................................................................ 45
3.4 SÍNDROME DE ASPERGER ................................................................................... 51
UNIDADE 4 - A EDUCAÇÃO ESPECIAL E TGD – FOCANDO O AUTISMO.......... 57
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64
BÁSICAS .................................................................................................................. 64
COMPLEMENTARES ............................................................................................... 64
ANEXO 1................................................................................................................... 68
ANEXO 2................................................................................................................... 72
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
1
Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou
similares.
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
5
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos
científicos.
Por fim:
5) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl +
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local.
2
Segundo a CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS, mais conhecida como CID-10,
ainda prevalece a nomenclatura Transtornos Globais do Desenvolvimento – TGD, mas ressalte-se
que está para entrar em vigor uma nova revisão em 2017/18.
No site da Organização Mundial de Saúde (OMS) estão todas as atualizações em língua inglesa
http://www.who.int/classifications/icd/icd10updates/en/
No site: http://apps.who.int/classifications/icd11/browse/l-m/en podemos encontrar (também em
inglês), o andamento da revisão da CID-11 que está sendo preparada para submissão à Assembleia
Mundial de Saúde em 2018.
3
No MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS que tem a pouco
tempo a versão 5, para os TGDs agora existe apenas um diagnóstico chamado de transtornos do
espectro do autismo – TEA, que engloba o que antes eram consideradas quatro doenças diferentes:
autismo, síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância (ou síndrome de Heller) e
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
7
decimais, ou seja, DSM-5.1, DSM-5.2, entre outras, até que seja necessária uma
nova edição.
Frise-se ainda que DSM-5 e a CID devem ser pensados como publicações
de companhia. DSM-5 contém a maioria dos critérios de up-to-date para o
diagnóstico de transtornos mentais e juntamente com extenso texto descritivo,
fornece uma linguagem comum para os médicos para se comunicar com seus
pacientes. A CID contém os números de código utilizados no DSM-5 e toda a
medicina, necessários para o reembolso do seguro e para o monitoramento de
estatísticas de morbidade e mortalidade por agências nacionais e internacionais de
saúde. A APA trabalha em estreita colaboração com o pessoal da OMS, CMS, e
CDC-NCHS para garantir que os dois sistemas são maximamente compatível.
provieram dos Países Membros da OMS e dos Escritórios Regionais da OMS; esses
comentários e sugestões resultaram na circulação, pelos países, dos rascunhos das
propostas da Revisão em 1984 e 1986. Ficou claro, pelos comentários recebidos,
que muitos usuários desejariam que a CID incluísse outros tipos de dados além da
“informação diagnóstica” (no sentido mais amplo do termo) que sempre havia
incluído. Visando atender às necessidades desses usuários, surgiu o conceito de
uma “família” de classificações tendo como núcleo central a tradicional CID com sua
forma e estrutura já conhecidas. A CID, em si mesma, atenderia as necessidades de
informação diagnóstica para finalidades gerais, enquanto várias outras
classificações seriam usadas em conjunto com ela e tratariam quer com diferentes
enfoques a mesma informação ou tratariam de informação diferente (principalmente
procedimentos médicos e cirúrgicos e incapacidades).
Vários modelos alternativos de estrutura foram avaliados seguindo
sugestões apresentadas quando se preparava a Nona Revisão da Classificação,
pois havia sugestões de que uma estrutura básica diferente poderia atender melhor
às necessidades de muitos, assim como os mais variados tipos de usuários. Ficou
claro, porém, que o modelo tradicional de eixo com variável única da classificação,
assim como outros aspectos de sua estrutura que davam ênfase a afecções que
eram frequentes, que representavam altos custos ou, por outro lado, eram de
importância em saúde pública, resistiu ao tempo e que muitos usuários não se
satisfaziam com os modelos apresentados como possíveis substitutos.
Consequentemente, foi mantida a tradicional estrutura da CID, porém um
esquema de código alfanumérico substituiu o anterior que era apenas numérico. Isso
levou a um sistema com maior número de códigos, deixando espaços para que em
futuras revisões não haja rompimento da ordenação, como ocorria nas revisões
anteriores.
Esses códigos são importantes no momento do diagnóstico, servindo como
uma chave para abrir várias portas e sanar dúvidas.
Na CID-10, o capítulo V é dedicado aos transtornos mentais e
comportamentais, com código (F00-F99), incluindo os transtornos do
desenvolvimento psicológico e excluindo sintomas, sinais e outros achados clínicos
e laboratoriais anormais não classificados em outra parte (R00-R99).
4
De acordo com a CID-10.
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
19
3.2 Autismo
Evolução, história e definição
A expressão autismo foi utilizada pela primeira vez por Bleuler, em 1911, para
designar a perda do contato com a realidade, o que acarretava uma grande
dificuldade ou impossibilidade de comunicação (GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004).
Kanner, em 1943, usou a mesma expressão para descrever 11 crianças que
tinham em comum comportamento bastante original. Sugeriu que se tratava de uma
inabilidade inata para estabelecer contato afetivo e interpessoal e que era uma
síndrome bastante rara, mas, provavelmente, mais frequente do que o esperado,
pelo pequeno número de casos diagnosticados.
Nesses 11 primeiros casos, havia uma “incapacidade de se relacionar” de
formas usuais com as pessoas desde o início da vida. Kanner também observou
respostas incomuns ao ambiente, que incluíam maneirismos motores
estereotipados, resistência à mudança ou insistência na monotonia, bem como
aspectos não usuais das habilidades de comunicação da criança, tais como a
inversão dos pronomes e a tendência ao eco na linguagem (ecolalia) (GADIA;
TUCHMAN; ROTTA, 2004).
Kanner foi cuidadoso ao fornecer um contexto de desenvolvimento para suas
observações, enfatizando a predominância dos déficits de relacionamento social,
assim como dos comportamentos incomuns na definição da condição. Durante os
Classificação
Autismo não é uma doença única, mas sim um distúrbio de desenvolvimento
complexo, definido de um ponto de vista comportamental, com etiologias múltiplas e
graus variados de severidade. A apresentação fenotípica do autismo pode ser
influenciada por fatores associados que não necessariamente sejam parte das
Epidemiologia
Segundo Klin (2006), o primeiro estudo epidemiológico sobre o autismo foi
realizado por Victor Lotter, em 1966. Nesse estudo, ele relatou um índice de
prevalência de 4,5 em 10.000 crianças em toda a população de crianças de 8 a 10
anos de Middlesex, um condado ao noroeste de Londres. Desde então, mais de 20
estudos epidemiológicos foram relatados na literatura e milhões de crianças foram
pesquisadas pelo mundo todo. Os índices de prevalência resultantes,
particularmente nos estudos mais recentes, apontam para um índice conservador de
um indivíduo com autismo (prototípico) em cada 1.000 nascimentos; cerca de mais
quatro indivíduos com transtorno do espectro do autismo a cada 1.000 nascimentos;
e índices muito menores para a síndrome de Rett e menores ainda para o transtorno
desintegrativo infantil.
As possíveis razões para o grande aumento na prevalência estimada do
autismo e das condições relacionadas são:
1. A adoção de definições mais amplas de autismo (como resultado do
reconhecimento do autismo como um espectro de condições).
Características
As manifestações comportamentais que definem o autismo incluem déficits
qualitativos na interação social e na comunicação, padrões de comportamento
repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de interesses e atividades. A
grande variabilidade no grau de habilidades sociais e de comunicação e nos padrões
de comportamento que ocorrem em autistas tornou mais apropriado o uso do termo
transtornos invasivos do desenvolvimento (GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004).
A partir da descrição de Kanner, inúmeros aportes quanto à epidemiologia,
classificação e reconhecimento do autismo têm contribuído de forma significativa
para a compreensão dos aspectos biológicos dos TID/TGD.
As dificuldades na interação social em TID/TGD podem manifestar-se como
isolamento ou comportamento social impróprio; pobre contato visual; dificuldade em
participar de atividades em grupo; indiferença afetiva ou demonstrações
inapropriadas de afeto; falta de empatia social ou emocional. À medida que esses
indivíduos entram na idade adulta, há, em geral, uma melhora do isolamento social,
mas a pobre habilidade social e a dificuldade em estabelecer amizades persistem
(GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004).
Adolescentes e adultos com autismo têm interpretações equivocadas a
respeito de como são percebidos por outras pessoas, e o adulto autista, mesmo com
habilidades cognitivas adequadas, tende a isolar-se.
Autismo infantil
O autismo infantil é um transtorno global do desenvolvimento caracterizado
por:
a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três
anos;
Autismo atípico
O autismo atípico é um transtorno global do desenvolvimento, ocorrendo
após a idade de três anos ou que não responde a todos os três grupos de critérios
diagnósticos do autismo infantil. Esta categoria deve ser utilizada para classificar um
desenvolvimento anormal ou alterado, aparecendo após a idade de três anos, e não
apresentando manifestações patológicas suficientes em um ou dois dos três
domínios psicopatológicos (interações sociais recíprocas, comunicação,
comportamentos limitados, estereotipados ou repetitivos) implicados no autismo
infantil; existem sempre anomalias características em um ou em vários destes
domínios. O autismo atípico ocorre habitualmente em crianças que apresentam um
retardo mental profundo ou um transtorno específico grave do desenvolvimento de
linguagem do tipo receptivo (TAFURI, 2006).
Tipo patológico
O autismo patológico surge na medida em que passa o tempo e vão se
desenvolvendo a capacidade de filtrar as experiências de que a mãe (o não-eu) é
algo fora dele. Quando ela não supera as cargas emocionais, quando não toma
consciência das mudanças, acaba sendo um evento catastrófico e a criança reage
desenvolvendo o autismo patológico, ou seja, exclui-se da realidade ou a confunde.
Stein (1967) e Fourdham (1976) sugeriram que o autismo patológico é
similar a reações imunológicas por parte do corpo ao rejeitar ou aniquilar tecidos
estranhos, sendo naqueles como uma reação autoimune para rejeitar ou aniquilar
experiências que nascem de fora do eu (TAFURI, 2006).
Tipo encapsulamento
A aparência externa destes autistas não difere das crianças normais. Corpo
bem formado, rostos agradáveis e bonitos, pele translúcida, corpo com movimentos
rápidos e cheios de harmonia. Fascinadas por mecanismos que não se atrevem a
tocar, preferem brinquedos compactos, duros, rejeitam objetos macios, caprichosos
com a comida, mudas ou silenciosas. Observadas pedagogicamente são pessoas
que não têm interesse em contatos com o mundo exterior (TAFURI, 2006).
Tipo confusional
Define as crianças psicóticas muito próximas dos aspectos da esquizofrenia
dos adultos.
São desajeitadas e sem coordenação, parecem desnorteadas e confusas.
Não olham diretamente para as pessoas, mas não têm a timidez excessiva e o
retraimento das encapsuladas (TAFURI, 2006).
Diagnóstico
Segundo Bordin (2006), não são todos os pais que percebem tão cedo que
seus filhos se apresentam com autismo, muitos não se dão conta disso. Alguns se
relacionam com os filhos de uma maneira diferente, outros não têm vivência com
criança pequena e julgam esses comportamentos como naturais. Então, a mãe (e/ou
o pai) que vai até o médico tão precocemente se coloca diante desses fatos de uma
forma diferente. Muitas dessas mães sabem alguma coisa sobre autismo ou sobre
surdez infantil e por isso temem algo mais grave. Não raramente, são os próprios
pais que levantam a hipótese de autismo.
Estudos como o de Geissmann e Geissmann (1993), citados por Paravadini
(2002), preocupam-se em conhecer algumas das condutas dos profissionais da
Medicina relacionadas ao diagnóstico do autismo. São elas: tendência a minimizar
os sintomas, dando segurança aos pais e aconselhando-os a esperar; solicitação,
cada vez mais, de realização de exames mais completos e, por fim, suposição, feita
aos pais, de que a criança apresenta deficiência mental e que permanecerá para
sempre assim, sem esperanças de melhoras.
Há, também, um receio de se fazer um diagnóstico que posteriormente não
se confirme, criando uma situação absolutamente desfavorável tanto para a criança
como para a família. Esse risco pode existir quando ocorre uma supervalorização
dos indicadores da patologia, somado à desvalorização do contexto familiar
(BORDIN, 2006).
O Instituto de Salud Carlos III, da Espanha (2004), demonstrando essa
preocupação, juntamente com entidades que cuidam de autistas, faz uma
investigação epidemiológica do autismo, tentando alcançar uma visão integradora na
realização do diagnóstico, para reduzir os falsos positivos e aumentar os verdadeiros
(BORDIN, 2006).
Alguns trabalhos estão sendo realizados com os médicos da primeira
infância (pediatra, neurologista infantil, entre outros), objetivando aproximar e
familiarizar mais o olhar médico dos sinais precoces e indicadores de autismo
infantil. Um exemplo desse tipo de investigação é o da psicanalista Marie Christine
Laznik, na França (BORDIN, 2006).
Seguindo na mesma direção, o psicanalista brasileiro Paravidini (2002)
realizou, na região de Uberlândia (MG), a viabilização de dispositivos técnicos que
possibilitassem o diagnóstico precoce de sinais de risco de autismo infantil em
crianças com menos de três anos de idade conjugado com o serviço de puericultura.
Outras classificações também ampliam essa investigação clínica como, por
exemplo, o CHAT (Checklist de autismo com uma escala investigativa em bebês a
A. Pelo menos seis dos 12 critérios abaixo, sendo dois de (1) e pelo menos um
de (2) e (3).
1) Déficits qualitativos na interação social, manifestados por:
a. dificuldades marcadas no uso de comunicação não verbal;
b. falhas do desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas no nível
de desenvolvimento;
c. falha em procurar, espontaneamente, compartir interesses ou atividades
prazerosas com outros;
d. falta de reciprocidade social ou emocional.
B. Atrasos ou função anormal em pelo menos uma das áreas acima presente
antes dos 3 anos de idade.
C. Esse distúrbio não pode ser melhor explicado por um diagnóstico de
síndrome de Rett ou transtorno desintegrativo da infância.
Fonte: GADIA, TUCHMAN e RUTTA (2004).
Esses critérios têm evoluído com o passar dos anos, até 1980, autismo não
era considerado como uma entidade separada da esquizofrenia. Em 1987, o DSM-
III-R instituiu critérios diagnósticos com uma perspectiva de desenvolvimento, e
foram estabelecidos dois diagnósticos, encampados sob o termo transtorno invasivo
(ou global) do desenvolvimento: (1) autismo; e (2) transtorno invasivo (ou global) do
desenvolvimento não especificado (TID-NE). Na prática, os TID ou transtornos do
espectro autista (TEA) têm sido usados como categorias diagnósticas em indivíduos
com déficits na interação social, déficits em linguagem/comunicação e padrões
repetitivos do comportamento. Os critérios do DSM-IV para autismo têm um grau
elevado de especificidade e sensibilidade em grupos de diversas faixas etárias e
entre indivíduos com habilidades cognitivas e de linguagem distintas.
Não obstante, há uma necessidade de identificação de subgrupos
homogêneos de indivíduos autistas tanto para finalidades práticas quanto de
pesquisa. As subdivisões estabelecidas pelo DSM-IV, encampadas sob o termo
mais geral (TID), são uma tentativa de atender a necessidades científicas de
pesquisa, bem como permitir o desenvolvimento de serviços que supram as
necessidades de indivíduos com autismo e distúrbios relacionados (Tabelas 2 e 3).
Tabela 2 - Subgrupos do DSM-IV para transtornos invasivos de Desenvolvimento
Autismo.
Síndrome de Rett.
Transtorno desintegrativo da infância.
Transtorno invasivo de desenvolvimento não específico.
Síndrome de Asperger.
A. Déficits qualitativos na interação social, manifestados por, pelo menos, dois dos
seguintes:
1) Déficit marcado no uso de comportamentos não verbais, tais como contato visual,
expressão facial, postura corporal e gestos para regular a interação social.
2) Incapacidade de estabelecer relações com seus pares de acordo com o seu nível
de desenvolvimento.
3) Falta de um desejo espontâneo de compartilhar situações agradáveis ou
interesses (como, por exemplo, mostrando ou apontando para objetos de interesse).
4) Falta de reciprocidade emocional ou social.
O corpo caloso, por sua vez, tem a função de unir os dois hemisférios
cerebrais (direito e esquerdo) e, quando algo acontece nessa região, os hemisférios
passam a funcionar isoladamente, tornando-se desconexos. A assimetria funcional
dos hemisférios cerebrais reporta para os indivíduos destros uma especialização do
hemisfério esquerdo para as funções sequencial-lógicas, linguísticas, entre outras; e
a do hemisfério direito para o processamento holístico das informações necessárias
para identificação, por exemplo, das faces, das vozes, das imagens visuais, da
musicalidade (LURIA, 1983).
Muitas vezes, o autismo é confundido com outras síndromes ou com outros
transtornos globais do desenvolvimento, pelo fato de não ser diagnosticado através
de exames laboratoriais ou de imagem, por não haver marcador biológico que o
caracterize, nem necessariamente aspectos sindrômicos morfológicos específicos;
seu processo de reconhecimento é dificultado, o que posterga a sua identificação.
Segundo Gauderer (1997), um diagnóstico preciso deve ser realizado, por
um profissional qualificado, baseado no comportamento, anamnese e observação
clínica do indivíduo.
O autismo pode ocorrer isoladamente, ser secundário ou apresentar
condições associadas, razão pela qual é extremamente importante a identificação de
co-morbidades bioquímicas, genéticas, neurológicas, psiquiátricas, entre outras.
Condições que podem estar associadas ao autismo: acessos de raiva;
agitação; agressividade; autoagressão; autolesão (bater a cabeça, morder os dedos,
as mãos ou os pulsos); ausência de medo em resposta a perigos reais; catatonia;
complicações pré, peri e pós-natais; comportamentos autodestrutivos; déficits de
atenção; déficits auditivos; déficits na percepção e controle motor; déficits visuais;
epilepsia (Síndrome de West); esquizofrenia; hidrocefalia hiperatividade;
impulsividade; irritabilidade; macrocefalia; microcefalia; mutismo seletivo; paralisia
cerebral; respostas alteradas a estímulos sensoriais (alto limiar doloroso,
hipersensibilidade aos sons ou ao toque, reações exageradas à luz ou a odores,
fascinação com certos estímulos); retardo mental; temor excessivo em resposta a
objetos inofensivos; transtornos de alimentação (limitação a comer poucos
alimentos); transtornos de ansiedade; transtornos de linguagem; transtorno de
movimento estereotipado; transtornos de tique; transtornos do humor/afetivos
Exame
Os principais exames solicitados para o diagnóstico são:
1. Sorologias.
2. ECG – eletrocardiograma.
3. Avaliação oftalmológica.
4. Neuropsicológico.
5. Pesquisa do X-frágil/ Cariótipo.
6. RNM.
Tratamento
O autismo é um comprometimento permanente e a maioria dos indivíduos
afetados por esta condição permanece incapaz de viver de forma independente, e
requer o apoio familiar ou da comunidade ou a institucionalização. No entanto, a
maioria das crianças com autismo apresenta melhora nos relacionamentos sociais,
na comunicação e nas habilidades de autocuidado quando crescem. Pensa-se em
vários fatores como preditores do curso e do desfecho de longo prazo,
particularmente a presença de alguma linguagem de comunicação ao redor dos
cinco ou seis anos, nível intelectual não verbal, gravidade da condição e a resposta
à intervenção educacional (KLIN, 2006).
Crianças mais jovens mais frequentemente apresentam uma falta “global” de
relacionamentos interpessoais, que costumava ser incluída em sistemas
diagnósticos mais antigos.
Ainda que algumas evidências de responsividade diferenciada aos pais
possa ser observada quando a criança ingressa na escola primária, os padrões de
interação social permanecem bastante desviados da normalidade. Apesar disso, os
ganhos em obediência e comunicação são conseguidos geralmente durante os anos
em que ela cursa a escola primária, especialmente se são feitas intervenções
estruturadas, individualizadas e intensivas. Durante a adolescência, algumas
Intervenções terapêuticas
Estudos de Bosa (2006) inferem que o planejamento do tratamento deve ser
estruturado de acordo com as etapas de vida do paciente. Portanto, com crianças
pequenas, a prioridade deveria ser terapia da fala, da interação social/linguagem,
educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, os alvos seriam os
grupos de habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade. Com adultos,
questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser focadas. Infelizmente,
há poucas opções de moradia em nosso país – uma área que tem sido grandemente
negligenciada, causando preocupações para os pais.
Bosa (2006) também chama a atenção para a variedade de serviços
disponíveis, desde aqueles com abordagens individuais realizadas por profissionais
intensamente treinados em uma área específica, até aqueles compostos por clínicas
multidisciplinares. Ela enfatiza que a eficácia do tratamento depende da experiência
e do conhecimento dos profissionais sobre o autismo e, principalmente, de sua
habilidade de trabalhar em equipe e com a família. Uma das situações mais
estressantes para os pais, ao lidarem com os profissionais, é a controvérsia que
envolve o processo diagnóstico. Há autores como Lord; Rutter (2002, apud BOSA,
2006) que chamam a atenção para as contradições dentro da equipe, tanto em
Parece haver uma relação direta entre o tempo gasto em uma sala de aula
trabalhando em uma matéria escolar específica e a melhora naquela matéria. Essa
melhora é significativamente associada à inteligência verbal, ainda que o
desempenho esteja abaixo da idade cronológica da criança (BOSA, 2006).
Uma pergunta comum tem sido se uma criança autista deve frequentar uma
escola especial para crianças com autismo, que aborda dificuldades amplas de
aprendizado, ou ser integrada na escola tradicional. Até agora, não há uma resposta
final a esta pergunta, já que não há estudos comparativos metodologicamente bem
controlados em relação aos níveis de integração nesses sistemas. Parece que cada
caso deve ser tratado individualmente, focando nas necessidades e potencialidades
da criança.
É importante ter em mente as vantagens de se expor a criança com autismo
à convivência com aquelas sem comprometimento e de aprender com elas por meio
da imitação, mas também não esquecer o risco de que ela seja vítima da gozação
dos colegas. De toda forma, alguns estudos sugerem que, com educação
apropriada, mais crianças autistas são capazes de utilizar as habilidades intelectuais
que possuem para avançar em níveis acadêmicos.
A condição descrita por Rett somente passou a ser melhor conhecida após a
publicação do trabalho de Hagberg et al. (1983 apud SCHWARTZMAN, 2003) no
qual foram descritas 35 meninas, e a partir do qual foi sugerido o epônimo5 de
síndrome de Rett (SR). A presença da hiperamonemia não foi confirmada como um
sinal habitual da síndrome. Admite-se, na atualidade, uma prevalência da doença
estimada entre 1:10.000 e 1:15.000 meninas, sendo uma das causas mais
frequentes de deficiência mental severa que afeta o sexo feminino (HAGBERG et al.
1983 apud SCHWARTZMAN, 2003b).
A Síndrome de Rett é uma doença de ordem neurológica e de caráter
progressivo, que acomete em maior proporção em crianças do sexo feminino, sendo
hoje comprovada também em crianças do sexo masculino (MELLOMONTEIRO et al.
2001).
Por volta dos 6-18 meses de idade, os primeiros sinais clínicos aparecem,
estando associados à perda de aquisições motoras e aquisições cognitivas, ou seja,
perda das capacidades anteriormente adquiridas, iniciando-se, portanto, o curso da
doença (SAWICKI et al. 1994).
Os critérios de diagnóstico da Síndrome de Rett clássica foram definidos na
II Conferência Internacional sobre Síndrome de Rett em Viena (1984), após o
trabalho de Hagberg et al., publicado em 1985, que se resume em:
1. Sexo Feminino.
2. Período pré e perinatal normais; desenvolvimento normal nos primeiros
meses de vida.
3. Perímetro craniano normal ao nascimento com desaceleração do crescimento
da cabeça entre 6 meses e 4 anos de vida.
4. Regressão precoce das atividades comportamental, social e psicomotora
(perda das habilidades previamente adquiridas).
5. Desenvolvimento de disfunção da comunicação e de sinais de “demência”.
6. Perda do uso funcional e/ou intencional das mãos entre 1 a 4 anos.
7. Tentativas diagnósticas inconsistentes até 3 anos de idade
(SCHWARTZMAN, 2003b).
5
De origem grega, a palavra epônimo significa “dar ou emprestar seu nome próprio a uma coisa,
pessoa, regime, corrente, invento, etc.”
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
47
Quadro clínico
A doença evolui de forma previsível, em estágios, que foram nomeados por
Hagberg e Witt-Engerström (1986 apud SCHWARTZMAN, 2003b) da seguinte
forma: o primeiro deles, denominado estagnação precoce, inicia-se entre seis e 18
meses e caracteriza-se por uma parada no desenvolvimento, desaceleração do
crescimento do perímetro craniano, diminuição da interação social com consequente
isolamento. Esse estágio tem a duração de alguns meses.
6
Significa a perda de coordenação dos movimentos musculares voluntários.
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
49
Genética
A grande maioria dos casos de SR é composta de casos isolados dentro de
uma família, exceção feita à ocorrência em irmãs gêmeas; porém, casos familiares
têm sido observados. Costumava-se considerar a SR como uma desordem
dominante ligada ao cromossomo X, em que cada caso representaria uma mutação
fresca, com letalidade no sexo masculino. Foram observados casos nos quais
meninos, irmãos de meninas com a SR, nasciam com uma doença encefalopática
com óbito precoce.
Nessa perspectiva, alguns poucos casos foram descritos, nos quais um
fenótipo similar ao da SR foi observado em meninos. Em geral, constituíam apenas
um sugestivo do diagnóstico, com sinais e sintomas presentes de forma bastante
atípica e parcial (SCHWARTZMAN, 2003b).
Em 1998, foi descrito um caso de um menino que, na ocasião, tinha dois
anos e nove meses de idade, apresentando fenótipo integral da SR na sua forma
clássica. Esse menino apresenta cariótipo XXY, caracterizando, portanto, uma
associação das síndromes de Klinefelter com a SR, ocorrência com uma
probabilidade da ordem de uma para dez a 15 milhões de nascimentos.
Vale lembrar:
• Transtorno descrito até o momento unicamente em meninas.
• Caracterizado por um desenvolvimento inicial aparentemente normal, seguido
de uma perda parcial ou completa de linguagem, da marcha e do uso das
mãos.
• Associado a um retardo do desenvolvimento craniano e ocorrendo
habitualmente entre 7 e 24 meses.
• A perda dos movimentos propositais das mãos, a torção estereotipada das
mãos e a hiperventilação são características deste transtorno.
• O desenvolvimento social e o desenvolvimento lúdico estão detidos enquanto
o interesse social continua em geral conservado.
• A partir da idade de quatro anos manifesta-se uma ataxia do tronco e uma
apraxia, seguidas frequentemente por movimentos coreoatetósicos.
• O transtorno leva quase sempre a um retardo mental grave.
7
É a parte da medicina ou o ramo da patologia que trata das enfermidades em geral e as classifica
do ponto de vista explicativo.
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
52
Epidemiologia
Os melhores estudos que têm sido conduzidos até agora sugerem que SA é
consideravelmente mais comum que o Autismo clássico. Enquanto que o Autismo
tem tradicionalmente sido encontrado à taxa de 4 a cada 10.000 crianças, estima-se
que a Síndrome de Asperger esteja na faixa de 20 a 25 por 10.000. Isto significa que
para cada caso de Autismo, as escolas devem esperar encontrar diversas crianças
com o quadro SA (BAUER, 1995 apud TEIXEIRA, 2005).
Todos os estudos concordam que a Síndrome de Asperger é muito mais
comum em rapazes que em moças. A razão para isso é desconhecida. SA é muito
comumente associada com outros tipos de diagnóstico, novamente por razões
desconhecidas, incluindo: “tics” como a desordem de Tourette, problemas de
atenção e de humor como a depressão e ansiedade. Em alguns casos há um claro
componente genético, onde um dos pais (normalmente o pai) mostra o quadro SA
completo ou pelo menos alguns traços associados ao SA; fatores genéticos parecem
ser mais comuns em SA do que no Autismo clássico.
Algumas das características peculiares mais frequentemente apresentadas
pelos portadores da Síndrome de Asperger são:
1. Atraso na fala, mas com desenvolvimento fluente da linguagem verbal antes
dos 5 anos e geralmente com:
- dificuldades na linguagem;
- linguagem pedante e rebuscada;
- ecolalia ou repetição de palavras ou frases ouvidas de outros;
- voz pouco emotiva e sem entonação.
2. Interesses restritos: escolhem um assunto de interesse, que pode ser seu
único interesse por muito tempo. Costumam apegar-se mais às questões
factuais do que ao significado. Casos comuns possuem interesses
exacerbados por coleções (dinossauros, carros, entre outros) e cálculos. A
atenção ao assunto escolhido existe em detrimento a assuntos sociais ou
cotidianos.
3. Presença de habilidades incomuns como cálculos de calendário,
memorização de grandes sequências como mapas de cidades, cálculos
matemáticos complexos, ouvido musical apurado, entre outros.
4. Interpretação literal, incapacidade para interpretar mentiras, metáforas,
ironias, frases com duplo sentido, entre outros.
5. Dificuldades no uso do olhar, expressões faciais, gestos e movimentos
corporais como comunicação não verbal.
6. Pensamento concreto.
7. Dificuldade para entender e expressar emoções.
8. Falta de autocensura: costumam falar tudo o que pensam.
9. Apego a rotinas e rituais, dificuldade de adaptação a mudanças e fixação em
assuntos específicos.
10. Atraso no desenvolvimento motor e frequentes dificuldades na coordenação
motora tanto grossa como fina, inclusive na escrita.
11. Hipersensibilidade sensorial: sensibilidade exacerbada a determinados
ruídos, fascinação por objetos luminosos e com música, atração por
determinadas texturas, entre outros.
12. Comportamentos estranhos de autoestimulação.
13. Dificuldades em generalizar o aprendizado.
14. Dificuldades na organização e planejamento da execução de tarefas (AMA,
2005).
Algumas coisas são aprendidas na idade “própria”, outras cedo demais,
enquanto outras, só serão entendidas muito mais tarde ou somente quando
ensinadas.
Alguns pesquisadores acreditam que a Síndrome de Asperger seja a mesma
coisa que autismo de alto funcionamento, isto é, com inteligência preservada. Outros
acreditam que no autismo de alto funcionamento há atraso na aquisição da fala, e na
Síndrome de Asperger, não (AMA, 2005).
Tratamento
Devido ao fato de a Síndrome de Asperger ser relativamente recente no
desenvolvimento da Psicologia e Psiquiatria, muitas das abordagens ainda estão em
fase inicial e muito trabalho ainda necessita de ser feito nesta área.
É óbvio para todos, que quanto mais cedo o tratamento começar, melhor
será a sua recuperação. Isto implica tratamento a nível psicoterapêutico, a nível
educacional e social.
O Treino de Competências Sociais é um dos mais importantes componentes
do programa de tratamento. Crianças com esta síndrome podem ser ajudadas na
aprendizagem social através de psicólogos preparados. A linguagem corporal e a
comunicação não verbal podem ser ensinadas da mesma maneira que se ensina
uma língua estrangeira (TEIXEIRA, 2005).
As crianças conseguem aprender a como interpretar expressões não
verbais, emoções e interações sociais. Este procedimento assiste-as nas interações
sociais e aproximações com as pessoas, prevenindo assim o isolamento e
depressão que geralmente ocorre assim que entram na adolescência. Os
adolescentes podem, algumas vezes, receber benefícios através do grupo
terapêutico e podem ser ensinados a usar a mesma linguagem que as pessoas da
sua idade.
As crianças com SA podem-se diferenciar em termos de Q.I. e níveis de
habilidades, portanto, as escolas deveriam ter programas individualizados para
essas crianças. Os professores devem estar atentos às necessidades especiais que
estas crianças precisam, o que geralmente não acontece, pois elas precisam de
maior apoio que as demais crianças.
Existem alguns princípios que devem ser seguidos para crianças com este
tipo de desordem, tais como:
as rotinas de classe devem ser mantidas tão consistentes, estruturadas e
previsíveis quanto possível. Crianças com SA não gostam de surpresas.
Devem ser preparadas previamente para mudanças e transições, inclusive as
relacionadas a paragens de agenda, dias de férias, entre outras;
as regras devem ser aplicadas cuidadosamente. Muitas dessas crianças
podem ser nitidamente rígidas quanto a seguir regras quase que literalmente.
É útil expressar as regras e linhas mestre claramente, de preferência por
escrito, embora devam ser aplicadas com alguma flexibilidade;
a criança aprenderá melhor quando a área de alto interesse pessoal estiver
na agenda. Os professores podem conectar criativamente as áreas de
interesse como recompensa para a criança por completar com sucesso outras
tarefas em aderência a regras e comportamentos esperados;
muitas crianças respondem bem a estímulos visuais – esquemas, mapas,
listas, figuras, entre outros. Sob esse aspecto são muito parecidas com
crianças com autismo;
Mendes (1995) e Jannuzzi (1992) são alguns dos vários pesquisadores que
estudaram a educação especial em diferentes países, inclusive no Brasil, e
assinalaram períodos mais ou menos distintos uns dos outros que demarcam
mudanças na concepção de deficiência.
Na Antiguidade, os deficientes eram abandonados, perseguidos e eliminados
devido às suas condições atípicas. Na Idade Média, o tratamento variava segundo
as concepções de caridade ou castigo predominantes na comunidade em que o
deficiente estava inserido, o que era uma forma de exclusão (MIRANDA, 2008).
A Idade Moderna, associada ao surgimento do capitalismo, presencia o início
do interesse da ciência, especificamente da medicina, no que diz respeito à pessoa
com deficiência. Apesar da manutenção da institucionalização, passa a existir uma
preocupação com a socialização e a educação. No entanto, persistia uma visão
patológica do indivíduo que apresentava deficiência, o que trazia como
consequência o menosprezo da sociedade.
No final do século XIX e meados do século XX, surge o desenvolvimento de
escolas e/ou classes especiais em escolas públicas, visando oferecer à pessoa
deficiente uma educação à parte. Por volta da década de 1970, observa-se um
movimento de integração social dos indivíduos que apresentavam deficiência, cujo
objetivo era integrá-los em ambientes escolares, o mais próximo possível daqueles
oferecidos à pessoa normal (MAZZOTTA, 1996; MIRANDA, 2008).
O período atual é marcado pelo movimento da inclusão que ocorre em âmbito
mundial e refere-se a uma nova maneira de ver a criança, de excludente da
diferença para a de contemplar a diversidade. Pode-se constatar que as diversas
formas de lidar com as pessoas que apresentavam deficiência refletem a estrutura
econômica, social e política do momento.
Voltando nossos olhares para a história da Educação Especial no Brasil,
verificamos que a evolução do atendimento educacional especial ocorre com
características diferentes daquelas observadas nos países europeus e norte-
americanos.
REFERÊNCIAS
BÁSICAS
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNO. DSM-5 / American
Psychiatric Association. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento et al. Revisão
técnica: Aristides Volpato Cordioli et al. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, OMS. CID 10 – Classificação De
Transtornos Mentais e de Comportamento: Descrições Clínicas e Diretrizes
Diagnósticas. Porto Alegre: Artmed, 1993.
COMPLEMENTARES
AMA. Associação de Amigos de Autista. Síndrome de Asperger. Disponível em:
http://www.ama.org.br/html/info_sind.php
BORDIN, Sonia Maria Sellin. Fale com ele: um estudo neurolinguístico do autismo.
Campinas: Unicamp, 2006 (Dissertação de Mestrado).
COSTA, Maria Ione Ferreira da; NUNESMAIA, Henrique Gil da Silva. Diagnóstico
genético e clínico do autismo infantil. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 1998, vol.56, n.1,
pp. 24-31. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anp/v56n1/1860.pdf>
DI NUBILA, H.B.V & BUCHALLA, C.M. O papel das Classificações da OMS - CID e
CIF nas definições de deficiência e incapacidade. Rev Bras Epidemiol 2008; 11(2):
324-35. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rbepid/v11n2/14.pdf
DSM-IV. Pervasive Developmental Disorders. In: Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders. 4 ed. Washington, DC: American Psychiatric Association; 1994.
FAVERO, Maria Ângela Bravo; SANTOS, Manoel Antônio dos. Autismo infantil e
estresse familiar: uma revisão sistemática da literatura. Psicol. Reflex. Crit. [online].
2005, vol.18, n.3, pp. 358-369.
GUSDORF, G.: Professores para quê? Para uma pedagogia da pedagogia. 3 ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2003.
KLIN, Ami. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Rev. Bras. Psiquiatr.
[online]. 2006, vol.28, suppl.1, pp. s3-s11. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28s1/a02v28s1.pdf>
SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. Tradução: Laura
Teixeira Motta. São Paulo, Companhia das letras, 1998.
ANEXO 1
Exclui:
Psicopatia autista (F84.5).
Exclui:
Síndrome de Rett (F84.2).
ANEXO 2