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Bateria Neuropsicológica Lisboa

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Bateria Neuropsicológica de Lisboa

Nas próximas linhas descrevem-se brevemente os testes e


questionários neuropsicológicos incluídos na bateria aplicada a todos os
participantes após o MIST. Para uma descrição dos testes que foram utilizados
para testar a associação entre o MIST total e medidas de atenção,
funcionamento executivo, memória retrospectiva, estado cognitivo geral,
queixas subjectivas de memória, sintomatologia depressiva e nível de
funcionalidade consultar o corpo do trabalho (capítulo Metodologia; secção
Materiais).
Prova de Memória de Dígitos por ordem direta
O teste de memória de dígitos integra a Escala de Memória de Wechsler
desde a sua origem (Wechsler, 1945) sendo utilizado para medir a atenção
auditiva, o span de memória verbal imediata (Lezak et al, 2004) e a memória a
curto-prazo (Lezak et al, 2004). Este teste está dividido em duas componentes:
memória de dígitos direta e inversa, consistindo numa apresentação oral de
sequências de números por parte do examinador, e uma subsequente
repetição de cada uma das sequências pelo sujeito. Na prova de memória de
dígitos direta, a repetição deve ser feita exatamente pela mesma ordem pela
qual as sequências foram apresentadas. Já na memória de dígitos inversa, o
sujeito deve repetir as sequências pela ordem inversa.
No protocolo da presente investigação, apenas foi integrada a
componente de memória de dígitos por ordem direta. A prova é realizada
intercalando a apresentação oral de cada sequência (pelo examinador) com a
repetição da mesma por parte do sujeito. Para cada série existem duas
sequências com o mesmo número de dígitos. Assim, quando o sujeito falha
uma das sequências, o examinador apresenta a segunda sequência da mesma
série. A prova é interrompida quando o sujeito erra duas sequências da mesma
série ou atinge o span máximo. As sequências numéricas estão organizadas
por ordem crescente, tendo a mais curta 3 dígitos e a mais longa 8 (Wechsler,
2008).
Segundo as regras utilizadas na BLAD (Garcia, 1984), a cotação da
prova memória de dígitos é obtida contabilizando o número total de dígitos da
última sequência que o sujeito repete corretamente.
Memória Visual
A prova de reprodução visual utilizada na BLAD (Garcia, 1984) pertence
à Escala de Wechsler-Original (Wechsler, 1945), sendo constituída por 3
desenhos-estímulo, apresentados por ordem crescente de complexidade e
contemplando apenas a memória visual imediata. O examinador mostra o
estímulo ao participante durante 10 segundos e, depois, pede ao participante
que o desenhe de memória. O procedimento repete-se para os 3 estímulos.
O sistema de cotação utilizado na prova de reprodução visual contempla
uma vertente quantitativa e outra qualitativa, sendo que, para o score de cada
item, contribuem factores relacionados com o número (ex. número de
quadrados correto) e outros com a precisão dos itens reproduzidos (ex.
respeito pelas proporções do desenho).
Com uma pontuação mínima de 0 pontos e máxima de 15, as cotações
de cada item não são iguais, sendo que os desenhos mais complexos
permitem que o sujeito pontue mais do que os mais simples. Assim, a cotação
do desenho A (o mais simples) varia entre zero e três pontos, a do desenho B
entre zero e cinco pontos e a do desenho C entre zero e sete pontos (Garcia,
1984).
Prova de iniciativa grafomotora
A prova de iniciativa grafomotora utilizada na BLAD (Garcia, 1984) e
nesta bateria baseia-se nas duas séries de Lúria, sendo apresentadas duas
sequências de figuras geométricas que o participante deve reproduzir e
continuar a desenhar para além do comprimento dos estímulos apresentados,
respeitando a lógica sequencial dos mesmos (Lezak et al., 2004).
A literatura sustenta que os movimentos sequenciais e a programação
motora dependem essencialmente do lobo frontal (Lepage et al., 1999),
envolvendo o funcionamento executivo (Lezak et al., 2004).
O desempenho do sujeito é cotado em função do número de sequências
corretamente copiadas e prolongadas. Cada sequência certa vale um ponto,
sendo a cotação mínima desta prova zero e a máxima dois. Salienta-se que um
erro numa das sequências implica uma pontuação de zero nessa resposta.

Prova de cálculo
A prova de cálculo da BLAD (Garcia, 1984) utilizada nesta bateria é
composta por nove operações (somar, subtrair e multiplicar). São apresentadas
quatro operações de somar, duas de subtrair e três de multiplicar, organizadas
espacialmente por grau de dificuldade dentro de cada tipo de operação
(Garcia, 1984) e é pedido ao participante que resolva os cálculos no papel.
Sendo que as operações na prova de cálculo diferem no grau de
dificuldade, as pontuações variam entre um (para as operações mais simples)
e três (para as operações mais complexas) (Garcia, 1984). A pontuação
mínima da prova é de zero pontos e a máxima de catorze (Garcia,1984).
Teste do Relógio
O teste do relógio é uma prova de desenho espontâneo e tem sido
utilizada desde há décadas como teste de screening cognitivo (Pinto & Peters,
2009). Esta prova parece avaliar diferentes capacidades cognitivas,
nomeadamente as competências visuo-construtivas, a atenção, o raciocínio
abstracto e o planeamento (Lezak et al., 2004; Pinto & Peters, 2009). Para que
a prova seja realizada corretamente, são ainda recrutadas funções de
compreensão verbal e memória (Agrell & Dehun, 1998). Na BLAD (Garcia,
1984), a prova do relógio utilizada é a versão desenvolvida por Strub e Black
(Strub & Black, 1977) que consiste em pedir ao sujeito que desenhe um relógio
com mostrador redondo, com os respectivos números e ponteiros. Assim, com
este teste são avaliadas principalmente as capacidades visuo-construtivas e de
planeamento (Lezak et al., 2004).
A cotação desta prova varia entre 0 a 3 pontos, sendo um ponto
atribuído pelo desenho correto do mostrador, outro pela colocação dos
números corretos e mais um pela simetria dos mesmos (Garcia, 1984).
Prova do cubo
O teste do cubo insere-se na categoria das provas de capacidades
construtivas (Garcia, 1984), consistindo num exercício de cópia. Neste teste, o
examinador solicita ao examinando que copie o desenho de um cubo
representado em perspectiva.

A cotação da prova é dada com base em parâmetros qualitativos (ex.


desenho com ou sem perspectiva) e tem uma pontuação mínima de 0 pontos e
máxima de 4.
Prova de Nomeação
Na prova de nomeação que consta da BLAD e utilizada nesta bateria é
pedido ao examinando que nomeie por apresentação visual cinco objetos e
duas partes do corpo do examinador (Garcia, 1984).
A cada item correto é atribuído um ponto, sendo a pontuação mínima da
prova 0 e a máxima 7.
Token Test - versão reduzida
O Token Test (De Renzi & Vignolo, 1962) é um teste de linguagem,
particularmente orientado para a avaliação da compreensão auditiva e da
memória auditiva imediata (Lezak et al., 2004). Sendo o material da prova
constituído por círculos e quadrados (de dois tamanhos) coloridos, no Token
Test é pedido ao examinando que cumpra determinadas ordens verbalizadas
pelo examinador (ordens simples e complexas) respeitantes às figuras
geométricas. Por exemplo, é pedido ao participante que toque num quadrado
azul e num círculo branco.
A prova do Token Test utilizada na BLAD consiste numa versão
reduzida do mesmo, contemplando seis ordens de complexidade crescente
(Garcia, 1984). Estando organizadas por nível de complexidade, as tarefas (i.e.
as ordens a cumprir) não têm todas a mesma pontuação, sendo que a cotação
mínima é de 1 ponto por resposta e a máxima (para a ordem mais complexa)
de 6 pontos. A cotação máxima desta prova é de 17 pontos (Garcia, 1984).
Matrizes Progressivas de Raven
A prova de Matrizes Progressivas de Raven (MPR) (Raven, 1938) é um
teste de raciocínio abstracto, publicado pela primeira vez por John Raven em
1938 (Symen et al., 2009). Segundo Lezak, este teste exige conceptualização
de relações espaciais, figurais (design) e numéricas, sendo a prova
frequentemente utilizada como uma medida da cognição pré-mórbida (Lezak et
al., 2004). Uma versão alternativa às Matrizes Progressivas de Raven é a
prova Matrizes Progressivas de Raven coloridas (MPRc). As MPRc são
constituídas por três grupos: A, Ab e B. Na BLAD (Garcia, 1984) é apenas
aplicado o conjunto Ab das MPRc (Garcia, 1984), sendo a sub-prova composta
por 11 itens (Garcia, 1984).
Cada item da prova é constituído por dois grupos de estímulos: o
primeiro, situado na zona superior das páginas, consiste numa matriz de dois
por dois, em que todos os espaços, à exceção do canto inferior direito, estão
preenchidos com padrões visuais abstractos; na parte inferior das páginas, o
segundo grupo de estímulos é constituído por seis estímulos visuais
abstractos, sendo que apenas um destes complementa, com base num
raciocínio lógico, o grupo de estímulos representados na matriz apresentada
acima (preenchendo o espaço do canto inferior direito) (Symen et al., 2009).
A cada resposta correcta corresponde um ponto e a cada resposta
errada zero pontos. Assim, a pontuação mínima é de zero pontos e a máxima
de onze (Garcia, 1984).

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