Resenha DIPr Unid. 2 - Sarah Casado
Resenha DIPr Unid. 2 - Sarah Casado
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Apesar dos refugiados buscarem proteção, nem sempre seus direitos básicos
são garantidos e não ficam livres de problemas ao ir para outro país. Primeiramente,
eles próprios são considerados um problema, por essa visão de que são estranhos e
uma ameaça, e acaba havendo um choque entre as diferenças culturais, étnicas,
religiosas e linguísticas, que é um gancho para adentrar na temática de integração.
A partir do momento em que o indivíduo, que é perseguido no seu Estado,
possui um dos requisitos previstos na Convenção de Genebra de 1951, como
perseguição por raça, religião, nacionalidade, pertencimento a grupo social e opinião
pública, ele é declarado refugiado e é seu direito, naqueles países que
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Disciplina Direito Internacional Privado, professora Tatiana Squeff
internalizaram o tratado. Além desses, a pessoa também é refugiada em casos de
violação de Direitos Humanos, como dito na explicação da autora, porém apenas em
países da OEA, que ratificaram a Declaração de Cartagena, e da OUA, pela
Convenção sobre Refúgio.
Nem sempre os direitos do refugiado são garantidos, como o acesso à
educação, emprego, moradia, entre outros. Ademais, ainda pode sofrer
discriminação e dificuldades para se sentir incluído na comunidade. Já no que tange
os atores envolvidos nesse processo de integração, a autora cita principalmente o
Estado receptor, por meio das políticas governamentais, a ACNUR, e as ONGs.
Na terceira seção do texto, Julia Bertino faz um aprofundamento de como a
temática dos refugiados foi tratada no Brasil ao longo dos anos, sendo que no final
da década de 70 havia parceria entre a ACNUR e instituições como a Cáritas, na
década de 80 surgem mais possibilidades com o processo de redemocratização, e
nos anos 90 tem-se a Lei 9.474/97 com inovações, como a reunião familiar, por
exemplo. Nesta lei, também havia sido adicionada a declaração de um refugiado por
violação dos Direitos Humanos e foi criado o CONARE (Comitê Nacional para os
Refugiados).
Apontando falhas nesta lei brasileira, a autora destaca a integração local
como uma solução durável, porém existem informações apenas de documentação
aparentemente, não dizendo exatamente como o direito à educação, por exemplo,
seria garantido de forma concreta. Por fim, confirma sua tese de que a integração
não é efetiva como se espera, mostrando dados estatísticos que mostram quão
insatisfatórios são os serviços prestados, e não apenas para os refugiados, mas
também para a própria população local, pois existe uma precariedade mais ampla da
estrutura do país.
2. Comentários
Ainda são válidas algumas pontuações considerando que este artigo é de
2014, sendo assim houve algumas mudanças. Primeiramente, a Lei de Migrações
passa a substituir o Estatuto do Estrangeiro em 2017, e não é uma mudança apenas
de nome, pois foram ampliadas as possibilidades dos refugiados, todavia, o termo
“estrangeiro”, até destacado pela autora, possui um sentido ruim para a real
intenção, que seria o acolhimento dessas pessoas de forma receptiva e não como
estranhos que não são bem-vindos.
Segundo, quando o indivíduo é declarado refugiado, outra particularidade
citada pela autora é a sua temporalidade, visto que, assim que cessa o conflito no
país de origem, o Estado acolhedor não tem mais a obrigação e então o indivíduo
voltaria. Juntamente com o fato de o Estado poder usar o acolhimento de refugiados
como forma de deslegitimar o país de origem, pode-se citar o exemplo do presidente
Jair Bolsonaro em relação aos venezuelanos, uma vez que houve uma vinda
massiva, tanto para demonstrar como o país de origem e seu governo é opressor e
violador, porém o Brasil também pode mandá-los de volta quando o conflito houver
terminado. Sendo assim, o processo de integração social, econômico e cultural
acaba se distanciando do ideal de boa relação entre os indivíduos e de garantia dos
direitos dos refugiados, o foco desse texto.
Referências
MOREIRA, Julia Bertino. Refugiados no Brasil: reflexões acerca do processo de
integração local. REMHU - Rev. Interdiscip. Mobil. Hum., Brasília, Ano XXII, n. 43,
p. 85-98, jul./dez. 2014
MENDES, Priscila. R7. ‘Brasil abriga venezuelanos fugindo do socialismo’, diz
Bolsonaro. Disponível em: 'Brasil abriga venezuelanos fugindo do socialismo', diz
Bolsonaro - Notícias - R7 Brasília. Acesso em 02 de junho de 2022.