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Carolina Dalcomuni - Máfia Vermelha 02 - Dominic

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Yous - JIN

Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Epílogo
Agradecimento
Yous - JIN
“ Todas as noites eu te vejo no meu coração
Toda vez que eu vejo, eu acabo chorando
Quando eu te chamo no escuro”
Sinopse
Férias são sinônimo de relaxamento e descanso, certo? Não quando
se é um Petrov!
Quando Dominic Petrov decidiu tirar férias e aproveitar a vida no Rio
de Janeiro, ele não esperava conhecer uma mulher que fosse balançar o seu
mundo. Sete dias foi o que eles combinaram, sem amarras e sem ligações.
Mas o que o bad boy da família Petrov não esperava era cair de amor por
Duda, menos ainda que ela fosse resistir aos seus encantos e desaparecer sem
dizer adeus.
Eduarda é um oficial do BOPE, que se deixou levar por um estranho
sexy. O combinado foram sete dias, mas as consequências desse tempo juntos
permaneceram, não que ela vá reclamar, sua filha é a melhor coisa que lhe
aconteceu.
O problema de tudo isso é, como manter uma criança segura quando
um traficante perigoso está te perseguindo? A resposta é simples, fuja para
outro país, seja discreta, e acima de tudo, não esbarre sem querer no pai de
sua filha.
Prólogo
Dominic
Passado
***
Rio de Janeiro
Sempre que preciso de um bom tempo venho para o Brasil, esse lugar
é um paraíso na Terra, praias bonitas, mulheres lindas usando pequenos
biquínis. Tudo o que um homem precisa, uma bela praia com belas mulheres
desfilando, claro que as últimas têm toda a minha atenção.
Estou em um quiosque na praia de Copacabana, usando short e sem
camisa, exibindo as minhas tatuagens, enquanto tomo uma água de coco e
reparo na mulher loira com roupas de ginástica que corre em direção ao
quiosque, quando chega, sorri e conversa com o atendente, que
imediatamente entrega-lhe uma água de coco.
— Muito movimento? — Pergunta ela.
— Mais ou menos, as pessoas não costumam começar segunda-feira
correndo. — Responde.
Presto atenção na conversa de ambos, agradecido pela primeira vez,
por meu pai ter obrigado meus irmãos e eu a estudar outras línguas.
— Devem estar com a ressaca do fim de semana. — Bufa.
— Ninguém é tão dedicado como você. — O homem ri.
— Meu trabalho exige, não é fácil uma mulher chegar aonde cheguei.
— Diz. — O BOPE não é um lugar fácil para mulheres.
Não faço ideia do que seja um BOPE, mas sou grato a ele por a
obrigar a se manter em forma, essa mulher é uma deusa.
— Os turistas não estão animados. — Diz, e sei que estão se
referindo a mim.
— Pelo sotaque é russo, acredita que ele pode ser algo? Olhe as
tatuagens e cabelo.
A mulher ri.
— Tatuagens são comuns, não se deve julgar alguém por isso.
— Não tenho culpa se ele manda essa vibração perigosa.
— É um ponto discutível, às vezes só estão tendo um mau dia ou a
frieza é comum em seu país.
Quero rir do jeito dela, o homem está certo, normalmente as pessoas
tendem a sentir quando estão diante de algum perigo, o problema é que
algumas delas preferem mentir para si mesmas e pensar que é loucura,
quando, na verdade, deveriam estar correndo por suas vidas.
— Fiquei sabendo que o traficante fugiu para outra comunidade. —
O homem muda de assunto. — Os moradores em não estão cooperando?
— Não, todos tem medo, não julgo, essa cara parece fumaça.
— Deve tomar cuidado, não vai querer estar em sua mira. — Avisa o
homem, com um aceno de cabeça ela se afasta e senta em uma mesa. Sem
resistir a tentação me levanto e vou até sua mesa.
— Quer companhia? — Pergunto.
Ela ri sem humor.
— Se eu quisesse, teria me sentado com você. — Rebate. — Típico
de vocês, só porque veem uma mulher brasileira logo pensam que somos
fáceis e dormimos com qualquer um. Deixa-me te dizer uma coisa, idiota,
não é assim que as coisas funcionam!
Essa foi a primeira vez que fui descartado, de onde venho, as
mulheres tendem a fazer fila para sair comigo, é o que acontece quando se é
um Petrov, as pessoas rastejam aos seus pés para arrancar que o máximo que
podem, como sanguessugas.
— Eu só queria alguém para me fazer companhia. — Me defendo.
Ela me estuda por um momento.
— Ok, pode se sentar, mas se bancar o engraçadinho e ficar dando
em cima de mim, eu te mato.
— Qual é o problema com as mulheres brasileiras?
— Nosso problema são idiotas que nos olham como se fossemos
objetos. — Diz. — Somos criadas para nos defender, e não esperar o príncipe
encantado para fazer o trabalho.
Sempre que ela abre a boca, me sinto mais atraído por ela.
— Se me permitir, posso mostrar que sou um cavalheiro. — Brinco,
percebendo que ela gosta de um bom jogo.
Sorte dela, eu também gosto.
— Duvido disso, mas estou considerando sua oferta.
— Sendo assim, posso me comportar muito bem. — Flerto.
Ela ri.
— Gosto dos mal comportados.
Seguro meu coração.
— Assim você me confunde.
— Não deve conviver com mulheres. — Rebate. — E não me refiro
as que você come por ai.
— Está enganada, tenho duas irmãs que são um terror, uma delas é
minha gêmea.
— Ela deve ser bonita.
— Sim. — Dou de ombros. — Você tem irmãos?
— Dois mais velhos, um é médico e outro militar.
— E os passos de qual deles você seguiu?
Estou curioso a seu respeito, é a primeira que uma mulher prende
minha atenção como ela está fazendo.
— Os do militar, faço parte do BOPE. — Explica.
— Não faço ideia do que seja.
Seu celular toca.
— Tenho que ir. — Diz, já se levantando.
Seguro seu braço.
— Me passe seu número, vamos nos encontrar hoje.
— Me passe o endereço de onde está hospedado, estarei lá hoje as
20:00. — Sem perder tempo, faço o que ela me pede, passando as
informações do lugar onde estou ficando.
Depois que ela se afasta, fico na praia por mais um tempo. Essa
mulher é um perigo para a sanidade de qualquer homem. Caminho para até o
hotel, quando estou no meu quarto minha irmã me liga.
— Baixinha. — Provoco.
— Quando volta para a cidade?
— Talvez semana que vem.
— Estou pensando em viajar para Nova York, qualquer coisa a gente
se encontra lá.
— Tudo bem.
Não tenho planos para ir para Nova York, não gosto de grandes
multidões e pessoas estressadas com o trabalho, e aquela cidade infernal,
grita estresse. Passo o resto do dia aproveitando as comodidades do hotel, não
quero arriscar sair e perder a loira gata da praia.
Quando a hora finalmente chega, o interfone do meu quarto toca e
eles avisam que tem uma pessoa me esperando. Assim como combinado, a
loira da praia aparece na porta do meu quarto, usando um vestido leve e
vermelho, cabelos soltos, ela está linda.
— Demorou. — Diz, passando por mim.
— Desculpe, peguei no sono e quase não escuto o interfone. —
Admito.
— Sorte sua que não fui embora. — Responde.
Ela espera pacientemente enquanto pego as minhas coisas, então
estende o braço e saímos juntos do quarto.
— Tem algum lugar em mente? Não conheço muito bem a cidade.
— Sei um ou dois lugares que podemos ir, tenho certeza que vai
gostar. — Entramos em um carro na entrada do hotel.
O primeiro lugar que vamos é um restaurante, onde jantamos e
jogamos conversa fora, é divertido, e me pego imaginando um futuro com
ela. Pela primeira vez estou aproveitando o momento, sem transformar tudo
em sexo.
— Está cansado?
— Não. — Aceito o desafio em seus olhos.
Saindo do restaurante entramos no carro e vamos até uma rua vazia,
onde tem uma porta de ferro.
— O que estamos fazendo aqui?
— Você vai ver. — Pisca, entrando pela porta caminhamos por um
corredor apertado, chegando até um salão escuro, com luzes coloridas
agitando em volta, música alta e uma multidão dançando. — Vamos dançar.
— Murmura no meu ouvido.
A deixo me guiar para a pista de dança, gostando de como ela
movimenta seu corpo contra o meu. Não sei o que há com essa mulher, mas
algo nela mexe comigo, e eu desejo que isso seja mais que apenas diversão.
— Só porque estamos dançando assim, não significa que dormirei
com você. — Seguro seu corpo contra o meu, conforme dançamos colados,
tenho certeza que ela sente meu pau duro pressionando minhas calças.
— Não gosto de jogos. — Aviso. — Disse que está de folga essa
semana, passe esse tempo comigo. — Peço, é só uma questão de tempo até
ela ceder.
— E o que eu ganho com isso? — Me puxa para um corredor mais
isolado.
— Minha companhia, e uma semana de sexo. Quando essa semana
terminar, duvido que vá me esquecer.
Sorrindo, se aproxima mais de mim e me beija.
— Espero não me arrepender disso.
Se eu soubesse que essa semana seria tudo o que teríamos, teria
aproveitado muito mais, pois quando nosso tempo acaba, o que me resta é
uma foto no meu celular e a certeza de que ela foi feita para mim.
Capítulo 1
Duda
Desde pequena sempre quis policial, prender bandidos, acabar com o
crime e tornar o mundo um lugar melhor. Mas conforme fui crescendo,
percebi que existe muito mal no mundo, e que mesmo aqueles que deviam
nos proteger, estão dispostos a fechar os olhos com a quantia certa.
Foi esse sentimento que me fez entrar no BOPE, passar por toda a
humilhação e os testes, lutar contra o preconceito e as dificuldades que as
mulheres passam nessa profissão. Sem contar o julgamento e o tom de
deboche com o qual me tratam ao saber meu cargo, desmerecendo meu
trabalho duro e dizendo que estou no meu posto por dormir por aí.
Mas, por mais que eu ame meu trabalho, tive que deixar tudo para
trás. Ao ter algo importante a qual proteger e lutar, nada de mais importa,
você está disposta a tudo.
Minha filha é a melhor coisa que já me aconteceu, e me odeio sempre
que penso que um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro, está atrás de
nós, e disposto a tudo para nos matar. Foi dessa forma que peguei minha
filha, e fugi do país. Estamos na Rússia há três semanas, vivendo
discretamente e tendo um pouco de normalidade, mês sempre alerta.
É difícil não viver com o medo, sempre olhando por cima do ombro,
temendo pela vida da minha filha.
— Quando vou para a escola, mamãe? — Charlie é uma criança
curiosa, inteligente de mais para sua idade.
Estamos no mercado próximo do nosso apartamento.
— Já falamos sobre isso. — Ela sabe que não pode ir para a escola,
pelo menos não até tudo ser resolvido.
— Mas mamãe...
— Sem mais. — Me viro.
Afasto-me para longe do freezer de congelados e vou pegar algumas
bolachas que Charlie adora. Devia saber que minha pequena encrenca não me
seguiria, quando me viro e não a vejo, começo a ficar desesperada.
Por sorte, logo a encontro, ela começa a correr na minha direção
quando um homem, que não consigo ver o rosto aparece em sua frente,
fazendo com que ela caia no chão. O estranho se abaixa e conversa com ela, a
ajudando a levantar. Fico parada onde estou, observando.
Começo a me desesperar, buscando minha arma na parte de trás das
calças, mas imediatamente paro. Quando o homem se vira, tomo um susto,
fico sem acreditar no que estou vendo.
— Eduarda? — Pergunta, surpreso.
— Dominic?
Esse homem mexeu com a minha vida em uma semana, não só como
o melhor amante que já tive, mas o mais atencioso e sarcástico que conheci.
Passamos uma semana juntos, deixei meu lado romântico aflorar, só para ter
meu coração quebrado. Atender seu telefone foi meu pior erro, a mulher do
outro lado da linha foi a garantia que tive de que confiar nos outros é sempre
um problema.
— Quanto tempo. — Forço um sorriso, tentando desviar sua atenção
da nossa filha.
— Muito tempo. — Olha para Charlie. — Está casada?
— Não, sou mãe solteira. — Dou de ombros.
— Meu pai foi uma aventura. — Charlie oferece, sem saber o que
isso realmente significa.
— Você tem muitas aventuras. — Me encara com raiva, então franze
a testa e olha para Charlie, por mais tempo do que deveria. — Ela é...
— Nem pense nisso, ela é minha filha! Você não é nada dela.
Reconheço o medo, ele é sempre um velho amigo, mas dessa vez é
diferente.
— Tudo o que preciso é um exame de DNA. — Continua.
— Não vamos falar sobre isso aqui. — Peço. — Não é o lugar;
Ele concorda.
— Onde podemos conversar?
— No meu apartamento as 20:30. — Pego a mão da Charlie e a levo
comigo para o caixa.
Ela está relutante em ir, e conforme nos afastamos, ela acena para
Dominic. Estou com raiva, ódio do destino por jogar assim com a minha
vida. Não quero me lembrar do nosso tempo junto, muito menos das noites
que chorei tentando esquecê-lo, provando-me que eu era forte e não precisava
me prender a ninguém.
— Aonde pensa que vai? Não me deu seu endereço. — Vem atrás de
mim.
— Me empresta uma caneta? — Pergunto para a jovem do caixa, que
está encarando Dominic.
Anoto meu endereço em um dos folhetos de promoção do mercado e
entrego-lhe.
— Vou te acompanhar, só para ter certeza que não está me
enganando.
— Pensa que sou esse tipo de pessoa?
— Tenho certeza que é.
Não discuto, pego minha filha e começo a caminhar, Dominic carrega
as sacolas. Felizmente, nosso apartamento é perto, quando paramos em frente
ao prédio, Charlie sobe na frente e abre a porta, enquanto fico para lidar com
Dominic.
— Bom que não mentiu. — Sua voz sai ameaçadora. — Vou estar de
volta a noite.
Ele entra em um carro preto, que nos seguiu o caminho todo. Assisto
o carro se afastar e subo rápido para o apartamento, começando a arrumar as
nossas coisas, não podemos mais ficar aqui. Qualquer pessoa que me
reconheça oferece perigo para minha filha. Dominic pode me odiar o quanto
quiser, mas não vou permitir que nada aconteça com ela.
— Aonde vamos, mamãe?
— Passar o fim de semana fora, não queria ir para o povoado? —
Charlie é obcecada com o frio e com pequenos povoados perto da cidade.
— Oba. — Corre animada.
— Recolha suas coisas, rápido. — Peço.
— Aquele homem vai conosco?
Seu olhar curioso não é uma surpresa, Charlie sempre foi curiosa e
agitada, pronta para se aventurar e me causar cabelos brancos.
— Não.
— Gosto dele. — Declara. — Quando vou conhecer meu pai? Ele
tem esses desenhos legais no corpo?
Como mãe solteira tento ser tudo o que posso para ela, mas existem
coisas que não posso prover. Uma delas é a presença de seu pai, a qual no
pouco tempo que passamos com ele, posso dizer com toda certeza que ambos
são parecidos. Charlie é corajosa, mesmo quando se machuca ela não chora,
muito pelo contrário, ela corre animada para contar sobre sua nova aventura.
Imagino que essa alma animada e aventureira seja algo herdado do Dominic,
e é essa mesma característica destemida que me impede de brigar com ela.
Charlie é a melhor parte de mim e dele, e nunca quero que nada a
impeça de conseguir o que quer, jamais vou permitir que alguém mate sua
alma aventureira ou tente controlar seu espirito livre.
— Em breve, anjo. — Essa é minha resposta padrão.
Pego nossas malas e apago as luzes da casa, me lembrando de
desligar o gás no caminho. Desço um lance de escadas até chegar na entrada,
infelizmente, Dominic antecipou meu plano.
— Me baseando em seu antigo comportamento, achei melhor voltar e
esperar aqui. — Diz. — Sabe o que é engraçado? Há um tempo pensei ter te
visto nessa região.
— Eu te disse que ela não é sua filha, não temos porque conversar. —
Percebo que mentir quando se está com raiva é mais fácil.
— Olhe bem nos meus olhos e negue que ela é minha filha. —
Dominic me segura contra a parede. Mesmo que queira negar e desaparecer
com Charlie, não posso fazer isso com a minha filha. — Ela é minha! Agora
preciso saber por que está tentando fugir, agindo como uma criminosa? Sei
que não sou aquele que colocou esse olhar aterrorizado em seu rosto.
— Não posso falar. — Murmuro. — Me deixe ir, quando voltar te
contarei tudo.
— Tudo bem, pode ir. — Me solta e eu me afasto. — Mas eu vou
junto, não pode me impedir de passar um tempo com a minha filha. — Ele
toma a chave do carro da minha mão. — Vamos no meu carro, é mais
confortável. — Pegando as malas, ele abre o porta malas de um carro preto
de luxo.
— Sabemos que isso não vai funcionar. — Digo, assistindo-o abrir a
porta do carro e Charlie entrar animada. — Não sou o tipo de mulher que
pode salvar.
— E quem disse que quero ser seu herói? Quero estar com a minha
filha. — Sua voz é mais baixa.
— Apenas te avisando. — Respondo, dando a volta e entrando no
carro.
Sou grata quando ele entra no carro e dirige em silêncio, passo as
coordenadas da pequena cidade para onde planejamos viajar.
Dominic olha para o banco de trás, onde Charlie está catando
brincando com seu ursinho e olhando pela janela.
— De quem está fugindo?
— Não estou fugindo de ninguém. — Minto.
Se fosse me confessar, pagaria penitencia por mentir até o fim do
século.
— Não sou cego, vi como estava apavorada quando entrou no
mercado.
— Eu não...
Charlie decide intervir, infelizmente contra mim.
— Mamãe está correndo do homem mau, ele quer nos machucar.
— Quem é ele? — Dominic me encara, posso ver sua mandíbula se
contrair de raiva.
— Ninguém da sua conta. — Me viro para a janela.
— Quando alguém quer machucar minha filha e a mãe dela, é da
minha conta. — Sua voz sai alta e irritada.
Aparentemente, ele esqueceu que nossa filha está sentada no banco
de trás.
— Você é meu papai?
Capítulo 2
Dominic
Não sei como responder a essa pergunta.
Quero dizer que sim, mas estou com medo. Medo de ser rejeitado, de
não ser o melhor pai para essa garotinha. Tudo o que tenho para comparar é o
meu pai, e ele nem mesmo foi um bom, meu irmão é o que tenho mais perto
que tenho de uma imagem paterna.
Olho pelo espelho retrovisor, seus grandes olhos azuis me encaram
cheios de esperança.
— Você quer que eu seja seu pai? — Pergunto.
— Sim, você é legal e tem esses desenhos legais nos braços.
Sinto uma pontada no meu peito, não consigo nem mesmo verbalizar
o quanto estou feliz com sua resposta.
— Eu sou seu pai. — Confirmo, tentando conter a emoção na minha
voz.
Ia as levar para fora da cidade, para o vilarejo que Eduarda me
indiciou, mas os melhores ficam em regiões afastadas da cidade.
— O vai fazer nesse lugar? — Pergunto.
— Vi em um documentário que em alguns deles a temperatura é
muito baixa, e fica muito frio. — É fofo como ela gesticula com a mão.
Charlie puxou Duda, seu sorriso é lindo e ela tem covinhas que
aparecem quando ela sorri. Deus, mal descobri que tenho uma filha, e já
preciso me preparar para os garotos, e eles vão aparecer.
— Não é muito nova para assistir a documentários?
Ela ri e nega.
— Eles também têm documentários sobre animais e insetos, as
lacraias me dão medo. — Se encolhe com nojo.
— Por quê?
Encara-me como se eu fosse um maluco por não saber a razão das
lacraias darem medo nela.
— Sabia que ela come insetos maiores que elas e de dentro para fora?
Tudo o que fica é a casca.
Posso ver a razão dela ter medo.
Escuto Charlie falar sobre insetos, é uma sensação estranha descobrir
que se tem uma filha. Minha garota é inteligente, olho para Eduarda e sei
exatamente de quem ela puxou isso, quando percebe que estou encarando, se
vira para mim e sorri.
— Olha mamãe, um castelo. — Charlie grita quando paramos em
frente aos portões da minha casa.
Eduarda que estrava quieta até pouco tempo, parece nervosa, e se
mexe desconfortável no banco ao meu lado.
— O que está fazendo? — Sua voz está tomada pela raiva.
— Não se preocupe, estamos na minha casa e estarão seguras aqui.
— Explico. — Depois vamos viajar.
— Esse não foi nosso acordo. — Rebate. — Não quero estar em uma
casa cheia dos seus familiares, pessoas que não conheço.
Não me irrito com seu comentário, Eduarda está apavorada, e levar
para um lugar desconhecido onde ela não tem controle de nada. No seu lugar
estaria agindo da mesma forma, ela deve saber que não sou o inimigo aqui,
estou ao seu lado e vou proteger ambas.
— Graças a você eu não conheço minha filha. — Paro o carro e
espero que os seguranças abram os portões. — A essa altura da vida, deve
saber que nem sempre temos aquilo que desejamos.
Os seguranças escondem bem sua curiosidade com a mulher e a
criança no meu carro, acredito que nenhum deles está preparado para essa
visão.
— Você é um príncipe? — Charlie sussurra alto, do meu lado do
banco.
Ela é muito fofa.
— Não, mas tenho um amigo chamado Czar que tem um pé na
realeza.
— Czar como Nicolau? — Pergunta, me surpreendendo.
— Sim.
— Pensei que todos foram mortos.
— E foram, pelo menos é o que todos acreditam. — Explico. —
Czar, meu amigo é um parente distante deles.
— Legal. — Charlie murmura.
Pergunto-me porque seu nome é Charlie? Não conheço nenhum
Charlie vindo do Brasil, na verdade, acredito que nem exista esse nome por
lá. Mas sempre posso contar com a Eduarda para por um nome de menino na
minha filha.
— Por que a chamou Charlie?
Ela dá de ombros.
— Vi em uma lista de nomes, achei bonito e coloquei nela. — Me
encara. — Seu nome completo é Charlie Olivia Emerson.
Essa é outra mudança que teremos que fazer, ela é uma Petrov, e
como tal precisa carregar nosso nome.
— Olivia? Não é um nome muito antigo?
— Minha bisavó se chamava Olivia. — Explica. — Não a conheci,
mas minha mãe sempre me contou como ela ótima e um anjo.
Ao contrário de muitas pessoas que passam por esses portões e se
deslumbram com a visão da enorme mansão, que como Charlie mesma disse,
parece um castelo, Eduarda não está impressionada, sendo sincero, ela está
entediada.
— Não gostou? — Pergunto, me sentindo um pouco inseguro.
— Prefiro o vilarejo que prometi a minha filha que a levaria.
Será que tudo entre nós será dessa forma? Sempre brigando e não
conseguindo chegar a um consenso do que fazer ou não.
— Só preciso pegar algumas coisas, e prometo que levarei vocês a
um lugar muito melhor. — Paro com o carro na garagem ao lado de casa, dou
a volta e pego Charlie no banco de trás.
Eduarda me encara irritada.
— Se vai pegar algumas coisas, não há necessidade de nós
descermos.
— Quero que conheça minha família. — Com Charlie no colo, dou a
volta e a arranco de dentro do carro.
— Me solta seu idiota. — Tenta lutar contra o meu parto em seu
braço. — O que te dá o direito de agir assim?
— Você é aquela que agiu como uma vadia e me tirou o direito de
conhecer minha filha, durante anos. — Rosno. — Sou o pai dela, vocês estão
no meu país, se quiser a guarda dela, tudo o que preciso fazer é ligar para o
tribunal. — Movimento a cabeça em direção a casa. — Pensa que isso é tudo
o que tenho? Sou herdeiro de uma das famílias mais importantes do país.
Sei que devo me controlar e não xingar na frente da Charlie, mas ela
está distraída olhando em volta por cima do meu ombro, que nem mesmo
percebe que sua mãe e eu estamos tendo uma discussão. E em minha defesa,
foi Eduarda quem começou essa merda.
— É assim que quer começar as coisas? — Finalmente solto seu
braço, ela aproveita e coloca as mãos no quadril.
— Quem começou isso foi você.
A porta se abre e Dimitri aparece, ele parece irritado com nosso
show.
— O que está acontecendo aqui? — Olha para Duda e Charlie nos
meus braços. — Quem são elas?
Ao som irritado da voz de Dimitri, Allyssa e Zack aparecem ao seu
lado. Vendo que a irritação do meu irmão só vai colocar mais lenha na
fogueira, Ally coloca a mão em seu braço, tentando acalmá-lo.
Eduarda se recompõem, endireita suas costas e vem para o meu lado,
sua mão nas costas da nossa filha, de uma forma protetora. Ambos
permanecemos em silêncio, tentando descobrir uma forma de explicar as
coisas, mas Charlie é aquela que coloca tudo em ordem.
— Ela é meu pai. — Ela luta para se soltar e eu a solto.
— Pai? — Dimitri franze a testa, e me encara em descrença.
— Sim, longa história. — Dou de ombros, optando por não fazer
nenhum alarde. — Vamos viajar.
— Não acredito que tenha sido uma boa ideia vir aqui. — Eduarda
Sussurra.
— Claro que foi! — Ignoro seu nervosismo. — Ela é minha filha,
como disse, longa história, mas não quero dar um show para nossos
empregados. — Aceno na direção do pessoal da jardinagem.
Levo Eduarda e Charlie para dentro de casa, Zack corre para
conversar com sua prima, a convidando para conhecer seu quarto de
brinquedos.
— Eduarda? — Allyssa a chama. — Que tal tomarmos algo?
Antes de aceitar Eduarda me encara, se olhares pudessem matar, eu
estaria morto nesse exato momento. Vai ser divertido tentar domá-la, mostrar
que não sou um monstro e que nossa química do passado ainda está vida.
— Claro.
Dimitri espera ambas se afastarem, então me dá um, tapa na cabeça.
— Meu escritório, agora!
O “escritório” do meu irmão era antigamente o escritório do nosso
pai, e foi o palco de várias discussões acaloradas e palavras ditas com a
intenção de machucar. Desde que éramos crianças, a intenção do nosso pai
era nos prepara para o futuro, a vida na família. Observo meu irmão se sentar
atrás da mesa, da mesma forma que nosso pai fez tantas vezes, mas ao
contrário do velho, meu irmão não é um filho da puta.
— O que foi?
Meu irmão cruza as mãos sob a mesa.
— Essa mulher e essa menina, elas são algum tipo de brincadeira?
Dou risada sem humor.
— Engraçado isso vindo de você, considerando que fiquei na minha e
respeitei sua decisão quando sequestrou Allyssa, e quando me contou ter um
filho. — Lembro.
— Dominic!
Ouço o aviso em seu tom de voz.
Que se foda!
— Eduarda e eu nos conhecemos no Rio de Janeiro, tivemos um
caso. — Dou risada. — Vocês têm algo em comum, os dois gostam de fugir
na manhã seguinte. — Ignoro a careta que ela faz. — Depois disso nunca
mais a vi, até que nos encontramos no mercado.
Dimitri não precisa saber de todos os detalhes sórdidos, não costumo
me meter no seu negócio, a não ser que ele me peça, e espero que ele estenda
a mesma gentileza.
— O que ela está fazendo aqui, na Rússia?
Entendo a curiosidade do meu irmão, as pessoas não sonham em
morar na Rússia, Europa e os Estados Unidos, são as opções mais desejadas.
— Fugindo de alguém.
— Quem ela é para fugir de alguém?
— Policial no Brasil, se meteu aonde não devia.
— E pediu para se esconder aqui?
— Não, ela tentou fugir de mim, também. — Revelo, sem conseguir
segurar o sorriso idiota no meu rosto.
— Quem te garante que essa menina é sua?
A vontade de dar um soco na cara do bastardo do meu irmão é
enorme, mas me controlo. Uma luta com ele não vai me ajudar nessa
situação, ele está sendo racional, mesmo que seja um babaca.
— A mesma pessoa que garantiu que Zack é seu. — Não controlo a
ironia no meu tom de voz.
— Não compare as nossas situações.
— Não? — Arqueio a sobrancelha. — Deixe- me ver se entendi, caso
do passado? Confere. Mulher aparece com filho? Confere outra vez.
Nenhuma das duas queria saber da gente? Opa! Mais um confere.
— Aonde quer chegar com tudo isso?
— Faça com que ela se case comigo. — Peço.
— Não posso fazer isso por você. — Cruza os braços.
— Claro que pode! Você é a porra do Capo. — Lembro.
— Dominic, eu quero mais...
— Por favor. — Não sou o tipo de pessoa que implora, não fui criado
para isso, se quero uma coisa, eu a pego. Mas se para ter minha mulher e filha
na minha vida eu precisar fazer isso, é o que irei fazer!
— Quer conquistar a Eduarda?
— Tudo o quero é ter minha filha por perto sem ficar apavorado com
a possibilidade de elas fugirem. — Não estou pronto para revirar o velho baú
de sentimentos, e felizmente meu irmão percebe isso.
— Tudo bem. — Acena. — Diga-lhe que se não se casarem, ela não
sairá daqui levando a menina.
Com isso dito, ele se levanta e caminha até a porta.
— Algo mais?
— Só estou fazendo porque já estive no seu lugar, não quero que
passe por tudo o que passei. — Diz. — Alguns homens vão ficar de olho
nelas, se ela tentar fugir com a menina, irei separá-las. — Abrindo a porta, ele
se vira mais uma vez. — Não fale a respeito disso com Allyssa, ela me mata
se descobrir, ou pior, entra em uma de suas greves malucas.
Não consigo conter o riso. Quem diria que Dimitri Petrov seria
domado por uma mulher?
— Boceta chicoteada. — Finjo um espirro.
— Continue rindo, não se esqueça que a minha mulher dorme na
nossa cama, e o meu filho está correndo por aí. — Sai.
— Jamais vou cometer os mesmos erros que você, mano. — Grito,
me levanto e vou procurar a Eduarda e a Allyssa. — Está na hora de contar
que teremos mais uma senhora Petrov na família.
Na cozinha, Allyssa e Eduarda estão sentadas conversando, ambas se
dando bem.
— Podemos conversar? — Pergunto, ,Allyssa se levanta.
— Vou dar uma olhada nas crianças, e com criança, me refiro ao seu
irmão. — Ri, dando um beijo no meu rosto. — Vá com calma, ela está com
medo.
Quando Allyssa sai, me sento no lugar onde ela estava.
— Gostou da Ally?
— Ela é legal. — Me estuda. — Algo que queira me dizer?
Decido que o bom humor é a saída perfeita.
— Meus parabéns, você vai ser a nova senhora Petrov, vamos nos
casar em dois dias, só então partiremos para o vilarejo.
Capítulo 3
Eduarda
Quero dar um soco na cara do Dominic, quem ele pensa ser para me
ameaçar dessa forma? Como a mulher esperta que sou, decido que o melhor a
fazer é descontar minha raiva em seu saco, é por isso que o chuto com força.
— Sua maluca. — Grita, caindo de joelhos e segurando suas joias de
família.
— Eu sou a maluca? — Pergunto com raiva. — Você é o maluco!
Pensa mesmo que vou me casar com você? Arrogante do jeito que é? Charlie
é minha filha, criei a menina sozinha e nunca precisei de você. — Lembro. —
Se quer ser parte da vida dela, tudo bem, mas é apenas da dela. Do contrário,
iremos embora.
Sua expressão diz tudo. Dominic pensou que eu seria tola e que cairia
em suas ameaças, infelizmente para ele, as mulheres de onde venho, as
mulheres não se curvam a exigências toscas. É bom que ele saiba que quem
está no comando aqui, sou eu!
— Não pode fazer isso. — Bate o pé, como uma criança mimada
contrariada.
Meu irmão mais velho é desse mesmo jeito, arrogante e pensa que vai
conseguir tudo o quer.
— Posso, e quem vai se arrepender é você. — Declaro, satisfeita. —
Se quer alguém que te obedeça, compre um cão.
— Não se atreva!
Passo por ele sorrindo.
— Apenas me observe, vai desejar nunca ter me encontrado.
Allyssa me deu algumas dicas de como lidar com um homem Petrov,
ela me contou como foi sequestrada e arrastada para cá, contra sua vontade.
Ela também me contou que ama seu marido, e que lentamente tudo foi se
encaixando.
A diferença entre nós é que eles se amam, ao contrário de Dominic e
eu.
Encontro com ela na sala de brinquedos.
— Pelo visto a conversa não foi boa. — Diz, assistindo seu filho e
Charlie brincando. — Sua filha se parece muito com Dom, uma mistura de
vocês dois.
— A conversa poderia ser melhor, se o seu cunhado não estivesse
querendo me obrigar a casar com ele. — Conto, observando Charlie e Izack.
É fofo ver os dois brincando, minha filha sentia falta de ter outras
crianças por perto.
— Dimitri tem algo com isso? — Se vira para me encarar. — O que
você disso?
— Respondendo a primeira pergunta, não tenho ideia. — Admito. —
E quanto a minha reação, dei um chute no saco dele. — Allyssa ri. — Ele
ameaçou tirar Charlie de mim.
Ainda estou tentando não me irritar com quão baixo ele foi, ameaçar
tirar minha filha? Foi ridículo.
Allyssa fica séria, por um segundo fico preocupada com a expressão
em seu rosto.
— Aquele safado, filho de uma anta. — Começa a andar em direção
a porta. — Não posso acreditar nisso, como ele pode? Fique tranquila, vou
falar com Dimitri e ver se ele coloca algum juízo na cabeça do Dominic.
Como a mulher sábia que sou, sigo Allyssa, surpresa por ela sair da
casa e caminha na direção de um carro preto, um homem corre para abrir a
porta para ela.
— Dimitri tem uma reunião na empresa. — Diz.
— E minha filha? — Pergunto, não gostando da ideia de deixar
Charlie para trás.
Allyssa revira os olhos e acena para eu entrar no carro logo.
— Estamos indo atrás do meu marido, não para a China. — Declara
impaciente. — Charlie está segura aqui.
Confiando nela, fico mais tranquila, considerando a quantidade de
carros e pessoas em volta, Charlie está segura. Durante o caminho, conto para
ela sobre minha vida no Brasil e como as coisas por lá.
— Você é algum tipo de super mulher? — Fala, sem acreditar que eu
era das operações especiais.
Dou de ombros.
— Me sinto poderosa com uma arma nas mãos. — Admito. —
Embora o trabalho seja estressante.
Não lhe conto a razão que me fez fugir do Brasil e me afastar de
minha família. Quando penso em tudo o que aconteceu, não posso deixar de
me arrepender de ter entrado para a polícia, sonhado com um país mais
seguro. Tem coisas que são impossíveis.
O carro para em frente a um prédio alto e moderno, só pela fachada
percebe-se que os Petrov são uma família muito poderosa. Entrar em uma
briga pela custódia de Charlie contra eles seria uma batalha perdida. Além de
dinheiro e influência, eles podem proteger minha filha, ao contrário de mim,
que a coloquei em risco.
— Não fique nervosa. — Allyssa me tranquiliza. — Falarei com
Dimitri, vou convencê-lo a mudar de ideia.
É difícil a acreditar que um membro da família iria interceder por
mim, minha melhor chance contra eles é fugir e me esconder.
— Espero que sim, do contrário irei matar Dominic. — Respondo
séria, Allyssa ignora meu tom de voz e dá risada.
Já matei antes, não excitaria em fazer isso novamente pela minha
filha.
— Não vamos chegar a esse ponto.
O motorista desce do carro e abre a porta, saímos e caminhamos para
dentro do prédio. Muitas pessoas param para olhar Allyssa, ela é como uma
celebridade por aqui, muitos saem do seu caminho, alguns param para
conversar e puxar saco. O show só termina quando entramos no elevador e
ela insere uma chave que nos leva direto para o último andar.
— Seu marido não vai ficar irritado?
Acenando com a mão, nega.
— Sou uma mulher grávida, ele vive a minha disposição. — Pisca.
Sei ao que se refere, quando estava grávida, uma coisa difícil de lidar
é todo o tesão que vem com a gestação.
— Entendo, mas aqui é o... — Não termino minha frase, as postas se
abrem e um grupo de homens nos encara.
— Senhoras. — Dimitri cumprimenta, disfarçando a surpresa. —
Está tudo bem?
— Tudo certo. — Se vira para os homens. — Se importam de nos dar
licença?
Os homens encaram Dimitri, esperando por sua resposta.
— Ouviram minha mulher, saiam daqui.
Sua ordem coloca os homens praticamente correndo para entrar no
elevador. Depois que todos saem, Allyssa caminha para a sala de Dimitri, eu
a sigo de perto, sem saber o que fazer. Assisto enquanto a mulher dá a volta
na mesa e se senta na cadeira de seu marido.
— O que faz aqui e sem segurança? — Cruza os braços e a encara.
— O motorista está no carro. — Dá de ombros. — Vim para falar
sobre o seu irmão.
— Sei qual é o plano, ele me pediu permissão. — Responde.
— Não posso acreditar que permitiu que ele a ameaçasse usando a
filha. — Ela bate na mesa irritada.
— Dominic quer conhecer a filha, passar um tempo com a menina, ao
contrário da nossa história, foi ela quem fugiu. — Aponta o dedo na minha
direção com desprezo.
— Ela deve ter os seus motivos. — Allyssa me defende. — Não é
nossa história para se meter.
Recuso-me a ficar em silêncio, saindo como a vilã da história quando
o verdadeiro bastardo em tudo isso foi Dominic. Eles pensam o quê? Que nós
fodemos em um dia e na manhã seguinte acordei sabendo estar grávida?
Acreditam que fugi de propósito para esconder a minha filha?
— Dominic estava vendo outra mulher. — Murmuro, ambos me
encaram. — Eu ia dizer estar apaixonada, na manhã seguinte uma mulher
ligou no seu telefone, atendi sem querer pensando ser o meu.
Dimitri me encara m silêncio por um momento.
— Estranho, as únicas mulheres que tem seu número fazem parte da
nossa família. — Explica. — Nossas irmãs, Abby e Willow, e minha esposa
Allyssa.
Nunca senti que cometi um erro, até esse momento. Será que cometi
um erro com Dominic?
— De qualquer forma, isso não importa. — Mesmo que tenha
cometido um erro, não posso mudar o passado.
A porta do escritório se abrindo nos interrompe, assisto Dominic
entrar no escritório com uma raiva mal contida, o pior é que o bastardo tem
um sorriso no rosto.
— Eu sabia que tentaria convencer Allyssa a intervir com Dimitri. —
Diz, agarrando meu braço. — Você é manipuladora.
Ignoro suas acusações, e encaro seu irmão mais velho.
— Não vou me casar com essa anta, nem amarrada. — Estou
determinada. — Mal nos conhecemos.
Dimitri deu a volta na mesa e está sentado com Allyssa em seu colo,
nos encarando e ponderando, divertido com essa situação constrangedora.
— Está fugindo de alguém, certo? — Aceno, confirmando. — Se eu
te disser que podemos te proteger, isso é claro se aceitar ficar na nossa casa e
permitir que meu irmão conheça a filha?
Puxo meu braço, me livrando do aperto do Dominic.
— Isso é maluquice! Não quero nem mesmo estar perto dele, nós mal
nos conhecemos. Sem contar que Charlie quer viajar, não ficar presa na sua
casa.
— Tudo bem, vou pedir para um amigo meu lidar com essa situação.
— Que situação? — Peço, nervosa com o tom de ameaça em sua voz.
— Um advogado, não pode negar os direitos que meu irmão tem. —
Sorri sem humor. — Por mais idiota que ele seja, nada te dá o direito de agir
como bem entender.
— Não estou negando-lhe o direito de conhecer a Charlie, apenas não
vejo razão em nos casarmos. — Explico.
Dimitri Petrov é bom em controlar suas emoções.
— Querem saber? Vocês vão nessa maldita viagem, e não vai para
nenhum lugar perto. — Manda. — Ficarão uma semana lá, e não se
entenderem, ficarão mais tempo, e pelo frio nessa região, sugiro que façam as
pazes de uma vez.
Seu tom de voz não abre espaço para discussão, sei quando preciso
me calar e recuar e esse é um desses momentos. Dominic, que conhece seu
irmão melhor, acorda para a vida e tenta negociar.
— Charlie não vai aguentar tanto frio, ela...
— Cale-se. — Dimitri interrompe o irmão, com gesto de mão. — Sou
o chefe aqui, eu mando e você obedece. Se eu quiser que vá se foder, você
vai e faz.
Em uma mudança de comportamento impressionante, Dominic
aceita.
— Quando?
— Hoje mesmo, vou pedir para alguém deixa-los próximo do lugar.
— Nós dois? — Estou incrédula que esse estranho está tentando
mandar em mim.
— Fique tranquila, irei cuidar da Charlie, ela vai estar segura
conosco. — Me garante.
— Isso é ridículo! Não vou.
— Vão sim. — Pulo no lugar com seu tom de voz. — E só voltarão
quando tiverem se entendido, ou que um esteja no hospital. Agora, saiam da
minha sala.
Dominic segura meu braço e me arrasta para fora da sala, sem parar
até que estamos no elevador, onde me solto e vou para o canto mais distante e
evito olhar em sua direção. Como acabei nessa situação? Essa família só tem
loucos, e de alguma forma acabei em presa em suas loucuras.
Quando paramos na garagem subterrânea finalmente explodo.
— Você é um idiota!
— Você é aquela que nos meteu nessa furada, se tivesse dito sim em
vez de correr para ele, estaríamos em casa planejando um casamento. —
Rebate. — Em vez disso, estamos indo para o fim do mundo em um frio do
caralho.
Ignoro tudo o que ele disse.
— Não. — Aponta para o carro preto com um homem parado ao
lado, a porta dos fundos está aberta. — Tudo já está em ordem.
— Quero me despedir da minha filha.
— Dimitri não é um idiota e nem eu, sabemos o que quer fazer. —
Caminhamos para o carro e entramos. — Vamos pegar essa merda de avião, e
lá você liga para ela.
— Te odeio.
— Não pense que te amo. — Avisa.
Por algum motivo seu comentário mexe comigo, fazendo meu peito
doer. Dominic me odiar é tão ruim? Lutei para acabar com o amor que sentia
por ele, e agora que ele está na minha vida novamente, estou lutando com
tudo o que tenho.
Vamos em silêncio o resto do caminho, quando chegamos na pista
saio do carro e entro no avião. Já estive em alguns aviões antes, mas esse
além de ser enorme é muito luxuoso.
— Caso queira se deitar, tem um quarto nos fundos. — Avisa.
Aceno, e me sento, prendo o sinto e permaneço em silêncio enquanto
levantamos voo. Depois do aviso de que podemos andar pela cabine, solto o
sinto e vou para o quarto, que sem dúvida, é tão luxuoso quanto o resto. Tiro
meus sapatos e me deito, mesmo sem sono, qualquer coisa é melhor que
aturar o olhar irritado de Dominic.
Não fico sozinha por muito tempo, logo a porta se abre e Dominic
entra, tira a roupa e se deita ao meu lado na cama.
— O que diabos está fazendo? — Pergunto.
— Estou cansado. — Responde e se vira.
Bom para ele!
Não consigo relaxar sabendo que ele está nu deitado ao meu lado.
Capítulo 4
Dominic
Eduarda está enganada se pensa que irei facilitar sua vida, é sua culpa
estarmos nesse avião indo para um lugar mais frio ainda. Em baixo das
cobertas, fico em silêncio, sei que ela está acordada, posso sentir sua tensão e
de um jeito maluco, isso me excita.
— Pode ao menos colocar suas roupas?
— Não, estou bem assim.
— Acontece que eu não estou!
Dou risada.
— Isso tudo é medo de não resistir? Fique sabendo que vamos ficar
no mesmo quarto seja lá onde estamos indo, e não vou dormir no chão. —
Aviso.
— Ridículo.
— Gostosa. — Rebato no mesmo tom. — Mas, por mais gostosa que
seja, não vou te tocar a não ser que implore.
Assunto encerrado, cubro minha cabeça e durmo. Quando acordo,
Eduarda está enrolada no meu corpo, tentando se aquecer. Essa cena me faz
imaginar como seria nossa vida juntos se as coisas não tivessem ficado
confusas. Como não posso mudar o passado, vou me empenhar em tornar
nosso futuro junto, uma realidade.
Infelizmente, Eduarda acorda antes que minha imaginação possa
correr solta.
— O que diabos está fazendo? Será que pode não me agarrar
enquanto durmo? — Salta para longe e se levanta.
— Quem tentou me agarrar foi você. — Sorrio satisfeito com seu
rosto corado. — Caso não tenha percebido, nem me movi.
— Mentiroso. — Bate os pés.
— Você tenta me desvirtuar, e coloca a culpa em mim?
— Essa barraca aí, deixa vem claro quem ia desvirtuar quem. —
Entra no banheiro.
Salto da cama e a sigo.
— Isso é divertido.
Se vira para me encarar.
— Será que pode não me seguir?
— Estamos presos em um avião que só tem um banheiro, também
quero me cuidar. — Sinalizo para o meu pau duro.
— Patético.
— E você é um tesão. — Rebato, ligando o chuveiro e entrando na
água ainda fria.
Notando seu interesse mal disfarçado, acaricio meu pau, gemendo
com o pensamento dela de joelhos me chupando.
— Desprezível.
— Está gostando da vista, aposto que sua buceta está molhadinha
pronta para ser fodida.
— Nos seus sonhos.
— Seu que essa boceta gostosa está doida para ter alguma ação. —
Ignoro seu comentário.
Eduarda é como um gato, ela arranha sempre que pode, e não
diferente, eu devia saber que meu comentário desencadearia uma reação.
— Não pense que seu pau pequeno faz algo por mim.
Qualquer homem no meu lugar ficaria irritado e se encolheria diante
de seu comentário, mas a questão é, meus 22 centímetros dão muita
confiança.
— Me lembro de quando estivemos juntos, como quicava no meu pau
e pedia por mais dizendo o quão gostoso era sentir meu pau enorme dentro de
você. — Lembro.
Saindo irritada do banheiro e batendo a porta, termino o meu
negócio, me limpo e saio do banheiro. Quando saio do quarto, me sento ao
seu lado e logo o piloto avisa que estamos prestes a pousar. A viagem foi um
pouco longa, e quando desço do avião, sinto a súbita vontade de matar
Dimitri.
— Seu irmão é um idiota. — Eduarda diz furiosa ao meu lado.
— Sei disso a vida toda, é melhor aceitar de uma vez. — Rebato.
Dimitri sabe melhor do que ninguém que odeio frio, e me mandar
para esse lugar em que a temperatura em um dia normal é cinquenta graus
negativos, é maldade pura. Como ele ousa fazer isso com seu irmão mais
novo?
— Não tenho que aceitar nada! — Cruza os braços. — Não
estaríamos nessa situação se não fosse por sua causa. Então deixa de ser um
idiota, caso contrário vai lamentar com razão.
Eduarda se afasta de mim. Saindo do avião tem um carro nos
esperando, devido ao mau tempo, tivemos que parar em um ponto mais
distante do nosso destino e teremos que dirigir até lá.
— Seu irmão me pediu para avisar que “se você sair da rota
determinada, sua vida vai se tornar um inferno”. — Ele faz as aspas com a
mão.
— Agradeço o empenho em me transmitir o recado. — Digo em um
tom irônico e me afasto.
Eduarda como a teimosa que é, esta tremendo de frio. É claro que a
mulher prefere congelar sua bunda magra, em vez de vestir as roupas que
meu irmão enviou para ela. O que passa em sua cabeça? Ser estupida a ponto
de pensar que vai passar por esse frio com uma blusa fina?
Pego um casaco de pele do banco de trás do carro e entro para ela.
— Aqui.
— Eu... Não... Preciso. — Seus lábios, assim como seu corpo está
tremendo de frio.
— Não seja idiota. — Entrego o casaco. — Vista logo isso ou vai
congelar. — Contra a vontade, ela veste o casaco. — Viu só, não doeu.
Revirando os olhos, coloca o cinto de segurança.
— Estamos muito longe? — Ela faz um biquinho, alongando a
palavra “longe”, o que a deixa com uma expressão fofa. Esse seu jeito me
lembra dos nossos velhos tempos, a saudade é como um soco no estômago.
— Um pouco, passaremos a noite em uma pousada no caminho.
Concorda e olha pela janela.
— Por que tem que ser tão frio?
— Não faço ideia. — Respondo, sem ter certeza se está falando
comigo ou não. — Vindo do Rio de Janeiro, deve estar acostumada ao outro
extremo.
— É como se o inferno tivesse congelado, o outro extremo do lugar.
Concordo.
— Dimitri está determinado em nos ensinar uma lição. — Comento,
decidindo mudando de assunto. — Me fale sobre você.
— Por que quer saber a meu respeito?
A resposta certa seria, porque te acho fascinante, mas em vez disso
digo:
— Meu irmão quer que te conheça, não vamos voltar enquanto não
nos empenharmos nisso.
— Ele é um filho da puta. — Quero rir da quantidade de vezes que
ela já disse isso.
— Já falou isso algumas vezes. — Faço uma curva na estrada.
— A próxima vez que o ver, vou dar um chute nele.
Dou risada.
— Vai comprar uma briga com Allyssa, ela quer mais filhos e precisa
das partes masculinas do meu irmão funcionando.
— Aposto que sim. — Ri. — O que quer saber?
— Namorado?
— Charlie consome muito tempo, ninguém entende o quão
importante ela é e como seu bem-estar vai sempre vir em primeiro lugar. —
Responde. — Fugir também consome parte da minha energia, então sua
resposta é não.
— Estou aqui, pode contar comigo. — Viro e olho para ela, suas
mãos cruzadas em seu colo. — Podemos ser uma família.
Preciso que entenda que posso ser o homem ao seu lado, ser aquele
que vai cuidar dela e varrer todas suas preocupações. Tudo o que preciso é de
uma chance.
— Você não é muito discreto. — Bufa divertida.
— Estou apenas dizendo que nos demos bem no passado, não há
razão para lutar tanto agora.
— Dominic, nós mudamos e somos pessoas diferentes. — Se mexe
nervosa no acento. — Não sou mais aquela mulher que sonhava em
conquistar o mundo, sou uma mãe e meu foco é proteger minha filha.
— Entendo.
Isso vai levar tempo, e não gosto disso.
— Não, não entende. — Rebate. — Você gosta de brincar com as
pessoas. Ser um pai não é como uma aventura de uma semana que pode se
divertir e uma semana depois seguir em frente, como fez comigo.
Não entendo onde ela quer chegar com isso, e fico com raiva.
Eduarda foi aquela que fugiu, nem mesmo se despediu e agora me trata como
um vilão.
— Foi você que fugiu.
Minha resposta a irrita.
— Não acha ridículo jogar a culpa em mim? Pensou o quê? Que seu
próximo caso chegaria e eu estaria implorando para que não me largasse?
Que porra é essa?
— Do que está falando?
— A garota na balada, aquela que deu seu número e combinou de
passar uma semana com ela?
— Eu não... — uma lembrança daquela noite vem a minha cabeça. —
Aquela mulher pediu meu telefone emprestado, não passei meu número, ela
deve ter me enganado e chamado seu próprio número.
— E como explica o negócio de uma semana?
— Nós falamos sobre isso em algum momento e ela escutou. —
Duda me olha horrorizada.
— Além de idiota, fui taxada de puta. — Zomba.
— Claro que...
— Dominic, cale-se. — Me interrompe. — É o melhor que pode
fazer.
Vejo que ela está determinada em me ignorar.
— Me ignorar não vai nos ajudar nessa situação.
— Mas vai impedir que eu te mate.
— Por que tem que ser assim?
— Fui estúpida uma vez ao me apaixonar por alguém que me fez
parecer uma puta.
— Está apaixonada por mim?
— Estava, não vou cometer o mesmo erro. — Dá de ombros. — Por
que parece noite aqui?
— O sol aparece apenas algumas horas nessa região.
— Ótimo, nem sol temos para diminuir esse frio.
— Posso te aquecer.
— Prefiro morrer congelada do que estar perto de você. —
Resmunga.
— Talvez seja uma boa ideia, assim fico com Charlie.
— Se pensa que vou facilitar as coisas está enganado. — Diz
determinada. — Talvez eu te mate, soube que nessa região os corpos são
queimados porque o gelo não deixa que se decomponham.
— É uma boa coisa, você sempre deixa um rastro de morte em seu
caminho.
— Sou uma lutadora. — Dá de ombros.
Decidido a não entrar em mais uma discussão com ela, prefiro ficar
em silêncio e evitar uma provável dor de cabeça no futuro. Nem sempre se
pode ganhar e Duda é pior que uma parede nesses momentos.
— Não dá para discutir com você, sempre com um argumento. —
Finalmente falo.
— Está apenas com raiva por não conseguir me vencer.
— Em breve não precisaremos discutir, daremos outra utilidade para
sua boca. — Pisco a provocando. — De preferência com ela em volta do meu
pau.
— Talvez possa dar uma utilidade para minhas mãos e o arranque
fora. — Olha em volta, não há nenhum lugar por perto. — Aonde vamos
comer? Estou morrendo de fome.
— Tem uma garrafa térmica no banco de trás, nela há um caldo e
temos também salgadinhos. — Aponto para o banco atrás de mim. — Não há
nenhum restaurante por aqui.
— Não?
— Você colocaria um restaurante na beira de uma estrada congelada,
aonde sabe que ninguém passará? — Dou um olhar incrédulo para ela.
— Tem razão. — Ri, percebendo seu erro. Se inclinando ela pega a
garrafa térmica e derrama um pouco do caldo na tampa. — Quer?
— Agora não.
Acena e volta sua atenção para a janela, enquanto toma o caldo
calmamente. Não estou pronto para o silêncio que toma conta do carro, ainda
tenho perguntas não respondidas que em algum momento terão de vir a tona.
— Por que não me confrontou?
— O quê?
— Quando a garota ligou, por que não me perguntou na mesma hora
em vez de fugir?
Eduarda sempre foi tão direta e comunicativa, ela nunca escondeu o
que queria de mim e como queria. Nunca se importou se estava me
agradando ou não, por isso que quando sumiu pensei ter se cansado de mim,
não pensei que fugiu por desconfiar da minha lealdade.
— Eu... Não sei.
— Penso que sei o que aconteceu. — Luto para esconder meu sorriso.
— Sabe? — Me encara confusa, esperando pela resposta.
— Sei, mas não acredito que esteja pronta para saber. — Mantenho
minha atenção na estrada. — Por enquanto, preciso apenas dê uma
oportunidade, quero provar que sou um, cara bom. — Desvio o olhar por um
momento. — Sinto que me deve isso.
— Vou pensar.
Sua resposta me deixa aliviado.
Eduarda pode não saber, mas quando fugiu em vez de me confrontar,
ela não estava irritada, e sim correndo para longe do que sentia por mim. Ela
se apaixonou por mim, e correu com medo.
Capítulo 5
Eduarda
Estar perto do Dominic está mexendo com a minha cabeça, devo
estar louca em ao menos cogitar a possibilidade de dar-lhe outra chance. Sem
contar que ele disse ter entendido a razão da minha fuga, me assusta a
conclusão que possa ter chegado.
Procuro um CD no (porta) luvas e encontro um do The Weekend, um
dos meus músicos favoritos.
— De quem é esse carro? — Pergunto satisfeita com o bom gosto
musical do dono.
— Não sei, é alugado. — Dá de ombros.
— Devia ter um CD aqui?
— Pedi para colocarem, Charlie me deu algumas dicas. — Responde,
me pegando de surpresa.
Quando ele teve tempo para conversar com ela?
— Quando conversaram?
— Assim que me recuperei do chute que me deu, sabia que posso ter
problemas para ter filhos no futuro, graças a seu chute?
— Deixe de ser um idiota.
— Estou falando sério.
Dominic entra com o carro em uma estradinha que leva até uma
casinha de madeira com o aspecto de abandonada.
— Que lugar é esse? — Avaliando o lugar tenho a sensação de que
estamos em um filme de terror. — Se alguém tentar nos matar nesse lugar,
vou sair correndo e te deixar para trás. — Aviso.
Dominic desce do carro e dá a volta até o meu lado, me recuso a sair
daqui. Se algum assassino ou monstro sair desse lugar, estou pronta para
fugir e deixá-lo na mão. Quando ele abre a porta, tento lutar e segurá-la, mas
Dominic é mais forte.
— Eduarda Emerson, com medo de assassinos? — Provoca, me
puxando para fora.
Agarro-me a ele.
— Já assistiu filmes de terror? Sabe a diferença entre o meu país e o
seu? Não temos filmes de terror nacionais bons, nem casos de fantasmas. —
Respondo.
— E quanto aos filmes orientais?
Penso por um momento e dou de ombros.
— São mais nojentos do que assustadores, embora eu tenha chorado
com o final de Trem para Busan. — Penso em outros filmes que amo. —
Sempre me envolvo emocionalmente nos filmes orientais.
— Por quê? — Me olha como se eu fosse maluca.
— Eles são gatos.
Paramos em frente a porta e ele me coloca atrás dele, me dando um
beijo na boca, é tão rápido que não tenho tempo para reagir e protestar.
— Apenas no caso de ter um assassino atrás da porta. — Pisca de um
jeito safado.
— Muito engraçado. — Faço uma careta, quando abre a porta fico
em silêncio.
Ao contrário da atmosfera do lado de fora, dentro, o chalé é lindo,
com móveis em tons amadeirados, uma lareira enorme de pedras que fica ao
lado de uma recepção aconchegante. É o cenário perfeito para um filme de
fantasia, ao contrário do lado de fora.
— Gostou? — Dominic sussurra.
— É lindo.
— Sabia que gostaria daqui.
Aproximamo-nos da recepção, uma senhora idosa que parece a
mamãe Noel com seus cabelos grisalhos, óculos redondos de lente grossa, e
um suéter grosso, está sentada lendo um livro. Provavelmente fingindo que
não nos viu, dando-nos privacidade.
— Olá bem-vindo a pousada Café Cuba, sou Julia e vou atendê-los
no que precisarem. — Diz com a voz baixa.
O nome que dei para ela combina mais com sua imagem do que
“Julia”.
Sorrio-lhe, mas é Dominic quem toma a frente.
— Obrigado, nós queremos um quarto.
Quero protestar, mas considerando a nossa situação e o medo de ter
pega por bandidos ou dos meus perseguidores nos encontrarem aqui, é
melhor estar perto de Dominic. Isso, e também quero saber até que ponto ele
pretende ir.
— Lugar estranho para um casal passa a lua de mel. — Comenta a
senhora.
— Nossa filha insistiu devermos conhecer esse lugar. — Diz ele, e a
mulher procura em volta por uma criança. — Infelizmente ela não pode vir.
— Crianças. — Forço um sorriso.
Dominic está tramando algo, pelo jeito que está sorrindo, mas não
vou fazer nenhum comentário, como disse, estou interessada em saber aonde
ele quer chegar com toda essa palhaçada. Como dizem no Brasil, “dar corda
para se enforcar”, e quando ele estiver pronto, chutarei o banco e assistirei à
cena dando uma risada maligna.
— Aposto que estão com fome e frio. — Dá a volta no balcão. —
Vou trazer para vocês um Russki Chai. — Não leva muito tempo e ela volta
com dois copos, viro o copo de uma vez, precisando me aquecer, meu nariz
está congelado.
— Vai com calma, isso é Vodka. — Dominic me encara, depois que
já bebi tudo.
— Pensei que fosse chá, ela disse ser. — Me defendo.
— É assim que chamamos a vodka aqui, sorte sua que temos as
melhores. — Se gaba, estufando o peito orgulhoso.
— Ótimo, ignoro. — Nem um pouco feliz
— Deve ensinar a sua esposa mais sobre nosso país. — A senhora o
repreende.
— Pode deixar. — Pisca, fazendo a velha corar!
Que tipo de idiota faz uma senhora doce corar?
Velha safada!
— Aqui está a chave do quarto, a lareira já está acesa. — Avisa. —
Albert meu filho, irá levar algo para comer.
Sigo Dominic para o quarto que fica no andar de cima. O filho da
puta está rindo do nome do garoto, e não tenho certeza do motivo. Quando
entramos no quarto, fico mais tranquila e meu corpo imediatamente relaxa.
Todo o lugar parece ser digno de um filme de conto de fadas.
— É lindo.
— Sim, mas não se anime, amanhã iremos prosseguir com nossa
viagem.
— Aonde vamos?
— Uma vila chamada Oymya Kon.
Os russos adoram dar significado para as coisas.
— Significa o quê? — Pergunto, entrando no banheiro pequeno e
charmoso.
— “Água que não congela”.
Dou risada.
— Que tipo de água não congela nesse lugar?
Dominic ri da minha resposta.
— Eles têm esse nome devido às fontes de água quente subterrâneas,
isso impede o congelamento do rio da região. — Explica.
— Deve ser lindo.
— Deite-se. — Manda, mexendo no fogo da lareira.
— O quê? — Me assusto com sua ordem.
— Não vou te foder, nem se me pedir. — Responde. — Você precisa
se aquecer, seus sapatos não são feitos para esse frio e suas roupas são finas.
Vou pegar roupas adequadas na mala.
Fico surpresa com seu cuidado. Nunca vi esse lado do Dominic,
mesmo no nosso tempo junto as coisas foram intensas, divertidas, e ele me
respeitava, mas demonstrações de cuidado como essa não fizeram parte do
acordo.
— Obrigado.
Quando ele sai do quarto, tiro a roupa e tomo um banho. O frio me
deu preguiça, mas detesto a ideia de me deitar e dormir suja. Entro em baixo
da água e molho minha cabeça, lavo meu corpo devagar, de costas para a
porta.
— Colocou silicone na bunda? Ela está maior, mais gostosa. — A
pergunta dirigida a mim me dá um susto e me faz pular. Pego a toalha e me
enrolo.
— Não sabe bater?
— A porta estava aberta, pensei ser seu jeito sutil de me convidar
para tomar banho. — Seu sorriso safado só serve para me irritar.
Tento passar por ele indo para o quarto, mas Dominic se aproveita e
arranca a toalha do meu corpo, me deixando nua e colada a ele.
— A gravidez te fez bem. — Olha para baixo entre nós, seus olhos
demorando em meus seios.
Empurro ele com força.
— Pode parar de ser um idiota e me devolver a toalha?
Sorri de um jeito safado.
— Não, gosto de te ver nua. — Pisca e se joga na cama. — Na
verdade, vou aproveitar o show. — Coloca os braços atrás da cabeça e me
observa.
Uma batida na porta do quarto me faz saltar, sou a pessoa mais
próxima da porta e vejo isso como uma oportunidade de provocar Dominic.
Ele percebe o que estou pensando e me encara com medo que eu atenda a
porta.
Se esse filho da puta quer jogar, vamos fazer isso.
Ando até a porta e abro, me deparando com um jovem de uns 19 anos
com um corpo atlético que me encara de bora aberta. Mal tenho tempo para
dizer oi, Dominic pula na minha frente e me empurra fora de vista.
— O que você quer?
— A... minha... mãe... — Balança a cabeça tentando organizar seus
pensamentos, só então continua. — Ela mandou comida.
— Obrigado. — Dominic pega a bandeja e bate a porta na cara do
garoto.
Pensei que levaria minha atitude na brincadeira, mas sua expressão
de raiva diz outra coisa.
— Que porra você tem na cabeça? — Coloca a bandeja na cômoda e
me encara, com a mão no quadril.
Dou uma risada zombeteira.
— A próxima vez que roubar minha toalha, sairei pelada por aí. —
Aviso.
— Não faria isso.
— Quer apostar?
— Sei que não vai fazer.
— Como pode ter tanta certeza?
— É difícil sair por aí se estiver presa na cama. — Dominic me pega
de surpresa, ele me joga na cama e sobe em cima de mim, prendendo meus
braços.
— De onde tirou uma algema? — Pergunto, tentando me libertar.
— Quando soube que viajaria com você. — Ri me observando. —
Essa foi uma das poucas coisas que não tentamos no nosso tempo junto.
— Eu te odeio.
— Vamos ver quanto tempo esse ódio vai durar. — Dominic se
afasta e para em pé em frente a cama. — Você é uma coisinha tentadora.
— E você é ridículo, estou com fome, precisa me soltar. — Luto com
mais força.
— Eu vou te alimentar. — Pegando a bandeja, sobe na cama e coloca
do meu lado.
— Acredito que vou matá-lo até o fim dessa viagem.
— Amor, não prometa coisas que não pode cumprir. — Me provoca.
— A não ser é claro, que sejam promessas safadas. — Derramando algo em
cima de uma fruta, fazendo com que uma gota caia entre os meus seios.
Não posso controlar o arrepio que percorre meu corpo, quando
Dominic se inclina e limpa com a língua.
— Ahh. — Gemo, sem querer.
— Tudo o que precisa fazer é pedir.
— Nem morta.
Dominic se diverte me torturando, sempre que vai me alimentar com
algo ele “acidentalmente” derruba algo em cima de mim e limpa com sua
boca. Em uma das vezes, sugou meu mamilo entre os dentes. Estive prestes a
jogar tudo para o alto e ceder, mas isso facilitaria as coisas, e se Dominic
quer algo comigo, vai ter que correr atrás.
Depois que termina com seu show, Dominic me cobre e vai tomar
banho, voltando pouco tempo depois nu e se deita ao meu lado. Enquanto
andava, percebi duas coisas nele que não notei antes.
— Apreciando a vista?
— Quando furou seus mamilos e seu pau? — Pergunto.
— Pouco tempo depois que me deixou, você disse gostar de caras
que tinham piercing no pau. — Dá de ombros. — Pensei que seria uma forma
de me lembrar de você.
— Ao menos alguém ficou com uma lembrança boa. — Lembro da
raiva que senti com a ligação da puta.
Capítulo 6
Dominic
Não vou correr o risco estando ao lado da Eduarda, que tipo de
mulher maluca atente a porta nua? Ainda mais com seu homem há poucos
metros dela, tendo que aturar um adolescente de merda admirando o que é
dele.
Não tenho vergonha de admitir que a intenção ao torturá-la era fazer
com que implorasse para me ter dentro dela, mas no fim das contas, o único
que se torturou fui eu. Depois de uma breve conversa, ela se arrumou na
cama e dormiu, virada para o outro lado. Espero alguns minutos e a puxo
para os meus braços.
— Dominic? — Acordo com Eduarda chamando meu nome. —
Acorda.
— O que foi? — Pergunto sonolento.
— Tem alguém aqui, eu ouvi tiros. — Vejo que está desesperada.
— Vou ver. — Digo já me levantando.
— Me solte. — Pede.
— Só vou ali...
— Não me deixe vulnerável.
Observando o medo em seus olhos, pego a chave da algema e a solto.
Nós nos vestimos rapidamente. Abro minha mala e pego uma arma, Eduarda
vem ao meu lado e estende a mão esperando que entregue uma para ela.
— Não vou atirar em você, minha filha está com seu irmão e não sei
voltar para Moscou.
De um jeito engraçado, sua resposta me faz entregar a arma em sua
mão. Saímos do quarto e posso notar uma movimentação estranha, tem
alguns homens conversando no andar de baixo, e todos falam russo, em
algum momento escuto meu nome.
— Quem são esses homens? — Eduarda sussurra atrás de mim,
apontando a arma para a escada.
— Não sei, mas estão atrás de mim.
— Por quê?
— Poder. — Resumo.
— Temos que sair daqui.
Por mais tentador que seja, não posso sair daqui desse jeito, antes
preciso descobrir quem está por trás disso e ensinar uma lição.
— Não vou deixar que desça e morra, somos uma maldita equipe. —
Diz irritada. — Saímos daqui juntos, ou morremos e deixamos nossa filha
sozinha.
A conheço bem, e sei que não está de brincadeira.
— Tudo bem, vamos embora.
Escuto passos se aproximando da escada, Eduarda e eu ficamos
tensos.
— Temos que ir agora.
Enquanto nos preparamos para sair, escuto a voz da velha senhora,
ela está dando instruções para eles, a velha está do lado deles.
— Eles estão no segundo quarto, o chefe quer ambos vivos. — Diz.
— Se ele resistir, mate a mulher, mas não toque no Petrov.
— Filha da puta. — Duda Sussurra.
— Vamos. — Pego seu braço e a puxo.
Abro a porta de um quarto qualquer, caminho até a janela e abro,
posso ver nosso carro daqui.
— O que está fazendo?
— Vamos sair por aqui. — Aponto o óbvio.
— Nós iremos nos machucar. — Responde.
— Se cair vai ser em um monte de neve, é melhor que tomar um tiro.
— Tem razão. — Escutamos passos perto da porta, Eduarda se
apressa e passa pela janela, fico surpreso quando aterrissa em pé. — Vamos
de uma vez. — Sussurra fazendo sinal com as mãos.
Sigo seu exemplo e pulo, no chão corremos para o carro estacionado
nos fundos da casa. O frio nos castiga, sinto minha pele pinicar e Eduarda
está tremendo sua pele está pálida e seu nariz tem um tom avermelhado. Para
nossa sorte, os idiotas não pensaram em foder com o carro para impedir algo
assim.
Dirijo com os faróis desligados para não atrair sua atenção.
— Da próxima vez que seu irmão tiver uma ideia idiota como essa,
ele deve ao menos garantir que ninguém está tentando sequestrar alguém de
sua família. — Eduarda nem mesmo toma uma respiração enquanto reclama.
— Aquela mulher falou em um chefe, tem alguma ideia de quem te
quer vivo?
Me sinto ofendido com como sua pergunta soa.
— Para começar, meu pai, irmão, irmãs... — Eduarda me dá um, tapa
no braço.
— Estou querendo dizer o que querem com você?
— Pensa que eu queria ficar lá porquê? — A encaro.
— Se tivesse ficado teriam te torturado.
Pensando no histórico da minha família e em como lidamos com as
pessoas, Eduarda está certa. Meu destino teria sido um pouco pior do que a
morte, isso é claro, se essas pessoas têm alguma experiência como nós.
Tenho muitas coisas para explicar para Eduarda, principalmente no
que se refere a minha família e os nossos negócios. Mas os faróis atrás de
nós, chamam minha atenção esse carro estava na garagem perto do nosso.
— Mantenha a velocidade.
— O que acha que vou fazer? — Encaro a mulher teimosa ao meu
lado. — Espera que eu pare o carro e diga “Ei! Pessoal, querem uma carona
ou talvez matar minha namorada e eu?
— Não sou sua namorada. — Responde, abrindo o vidro do carro.
— O que está fazendo? Feche a janela. — Mando.
— Confie em mim.
— Vai acabar levando um tiro.
— Se esqueceu com o que eu trabalhava? Sei lidar com pessoas
tentando me matar. — Eduarda se pendura pela janela.
— Eu te proíbo. — Digo, irritado por estar preso dirigindo.
— Sorte a minha que meu pai está no Brasil.
A próxima coisa que sei é que vários tiros são disparados, observo
pelo retrovisor que há um homem pendurado na janela, imitando a postura da
dela, o mesmo tem uma arma apontada na nossa direção.
— Péssimo dia para me irritar. — Eduarda diz, puxando o gatilho.
O homem fica pendurado, ela atira mais uma vez fazendo o motorista
perder o controle e bater o carro em um barranco. Eduarda entra e se senta,
com um sorriso satisfeito no rosto.
— Irresponsável.
— Mal-agradecido! Acabei de salvar nossa pele, nunca me senti tão
bem. — A satisfação e alegria vinda dela aplaca minha fúria.
— Não fala mais isso. — Peço.
— Disse que somos uma equipe, se eu estivesse dirigindo teria feito a
mesma coisa. — Diz. — Seus problemas são meus problemas.
Quero rir de sua resposta. Recentemente estava tentando me matar e
quase me deixou impotente, e agora diz que somos uma equipe.
As mulheres são doidas!
— Durma um pouco, daqui a um tempo vou programar o GPS e
deixar que dirija.
— Vamos parar?
— Não, tenho que voltar para a cidade e resolver essa merda com
Dimitri.
— Ok, me chame quando estiver cansado.
Dirijo bastante tempo, até uma pequena cidade próxima de onde
desembarcamos. Sei que a pessoa que está atrás de mim, irá nos seguir e a
primeira coisa que preciso me livrar é do carro.
Quando estamos em um lugar seguro, acordo Eduarda.
— Por que paramos?
— Precisamos abandonar o carro.
— Não me sinto muito animada em andar nesse frio e no meio da
noite.
— Estamos em uma cidade, vamos conseguir outro carro e um lugar
para dormir.
— Não sei se podemos confiar em alguém.
Claro que não vamos dormir em qualquer lugar, não posso arriscar
que alguém tente machucá-la.
— Vamos dormir na casa de um conhecido. — Explico.
Recolho nossas malas e fecho o carro, começo a caminhar, sabendo
que Eduarda vai me seguir.
— Ele mora perto?
— Do outro lado da cidade.
Ela geme.
— Me diga que vamos pegar um táxi.
— Se encontrar um, a essa hora, sim.
— Que tenha um táxi. — Murmura, tropeçando pela milésima vez na
neve.
Para nossa sorte, dez quadras depois um táxi para e passo o endereço
do meu amigo. O taxista parece conhecê-lo.
— Amigos do João?
— Sim. — Confirmo. — Viemos de carona para a cidade e vamos
fazer uma surpresa.
O assunto morre na medida que o homem percebe que estamos
cansados, não muito tempo depois estamos parando em frente a uma mansão
luxuosa. Pago o motorista e ignoro as perguntas da Eduarda, aperto a
campainha e um homem negro e baixinho atende a porta.
— Dominic, há quanto tempo. — Me cumprimenta, parando quando
percebe Eduarda ao meu lado. — Quem é essa Deusa?
— Minha noiva, Eduarda.
— Se deu bem. — Pisca para mim. — Entrem, está um frio
desgraçado.
— Essa é sua melhor opção? Um anão obeso? — Duda murmura no
meu ouvido.
Dou de ombros.
O que posso fazer?
— É o que temos para hoje.
Ela não tem ideia de que João é, na verdade um assassino de aluguel,
um dos melhores e mais caros que já conheci.
Quem suspeitaria de um anão?
Capítulo 7
Eduarda
Ainda não consigo acreditar que esse anão é a única pessoa que
Dominic conseguiu pensar para nos ajudar nesse momento. Quando ele me
disse ter um amigo, pensei em um cara enorme e mal-encarado que assustaria
as pessoas e serviria de escudo humano, um tipo de Hulk.
— O que estão fazendo na cidade? — Pergunta, entregando uma
xícara para cada um de nós.
— Tem algo alcoólico? — Aponto para a xícara em minhas mãos.
O homem ri.
— Fique tranquila, também sou brasileiro, é apenas café. — Me
assegura.
Tudo bem, eu fui uma babaca com esse cara que parece ser gentil.
Isso me incomoda mais, se alguém vir atrás de nós aqui, ele vai se machucar
por culpa do Dominic.
— Sabe de alguém que quer minha cabeça ou provocar meu irmão?
— Não faço ideia, todos que conheço temem sua família. — Se senta
na nossa frente. — Embora, sei que os japoneses estão expandindo o negócio
e sua família pode atrapalhar.
— O que a Yakuza está planejando?
— Eles lidam com prostitutas, drogas e tráfico de mulheres, alguns
desses negócios são da sua família. — Responde. — Dimitri precisa estar
alerta.
— Falarei com ele.
— Enquanto conversa com ele, quero falar com minha filha.
— Nossa. — Dominic me corrige.
— Que seja!
Olho para o relógio, Charlie deve estar dormindo uma hora dessa, e
eu estou exausta de fugir esta noite.
— Pode usar meu escritório para falar com seu irmão.
Ambos se levantam, Dominic segue João pelo corredor, fazendo um
sinal para eu levantar e segui-lo, mas Dom nega.
— Melhor mantê-la fora disso.
João ri e bate no ombro dele.
— Ela vai querer saber no que está pisando.
Dominic bufa irritado.
— Vocês só me trazem problemas.
No escritório, Dominic liga para o irmão, mas não conseguem se
falar. E conforme o tempo passa e ele insiste na ligação, João aproveita o
momento para nos contar sobre sua relação com a Yakuza.
— Devem falar com Kazuo Taoka, o homem não é conhecido como
um Urso assassino, sem um bom motivo. — Continua. — Ele é mortal!
Tomou um tiro no pescoço uma vez, e saiu vivo. Não posso dizer o mesmo
de quem atirou nele.
Encolho-me com o pensamento.
Quanto mais tempo passo com Dominic, mais claro nossa situação
fica e a quão complicada e perigosa é sua vida.
— A Yakuza não é uma máfia “boa”? Vi nos filmes e...
Dominic ri e João bufa.
— Hollywood tem esse hábito de romantizar algumas coisas.
João, ao contrário de Dom, decide ser mais explicativo.
— A máfia japonesa é uma das mais perigosas e rígidas do mundo.
— Diz. — Junte a inteligência e independência, e coloque isso em pessoas
leais e violentas. Como isso te parece?
— Péssimo.
— Eficiente, na verdade. — Continua. — Antes da Segunda Guerra
Mundial eles já empregavam cerca de cem mil homens, depois disso o
número cresceu e acabou se tornando equivalente à metade da força policial
do país. Pelo que sei, hoje em dia são quase trezentos mil.
Admito ser um número assustador vindo do mundo criminoso.
— Achei que fosse apenas histórias...
— Trezentos mil homens são uma pequena cidade. — João me
interrompe.
— Lealdade e divisão de poder, os Kobun são leais. — Acrescenta
Dominic.
— E se não forem leais? — Peço.
— São punidos, pode ser uma surra, perda de um membro ou até
mesmo a morte. — Dominic enumera nas mãos.
Dominic é muito familiarizado com tudo isso, levando as minhas
suspeitas a outro nível.
— Seu irmão faz isso? — O encaro, esperando resposta.
— Manter o controle da família exige algumas medidas de segurança,
se alguém sair da linha, sim, Dimitri o pune.
— E quais são os negócios de sua família?
— Temos uma parte legal das coisas, e a ilegal. — Dá de ombros. —
Na parte ilícita, drogas, armas, e alguns crimes comuns como extorsão.
— Acha isso simples?
João ri.
— Ele cresceu na segunda família mais poderosa do mundo,
perdendo apenas para os japoneses. — Explica. — É a vida dele. Tão comum
quanto ir a praia deve ser para você.
— Se é assim, porque os japoneses não tentam tomar o poder de
vocês?
— Cada um, lida com um tipo de negócio, eles estão na pornografia.
— Dominic responde. — Isso inclui a infantil, e mais o contrabando de
armas, extorsão, chantagem. Os Sakaiya cuidam disso.
Se um traficante qualquer foi capaz de me fazer correr do meu país, o
que a Máfia japonesa pode fazer? Sai da frigideira direto para o fogo, e ainda
trouxe minha filha para essa bagunça.
Me levando e ando pelo escritório, preciso colocar minha cabeça em
ordem, bolar um plano antes de pensar em me livrar do Dominic.
— Disse que estão em todos os lugares.
— Sim, de forma específica no Havaí, Nova Yorl, Nevada e
Califórnia.
— Mais alguma outra máfia japonesa que deva saber?
— Existia, mas Yoshio Kodama uniu e se tornou Oyabun maior.
— A polícia japonesa não está atrás deles? — Tento não me sentir
uma idiota maior lançando todas essas perguntas.
— Não sei, mas o povo os considera como Robin Hood locais. —
Dominic não parece irritado por responder minhas perguntas. — Em 2011
após o tsunami que devastou o Japão a Máfia ajudou os desabrigados, enviou
mantimentos para a população.
— Se eles se ajudam tanto, por que estariam atrás de você? Qual a
necessidade de correr o risco em uma guerra se podem apenas conversar?
Você nem é lá grande coisa.
João ri do meu comentário.
— Gosto dela. — Aponta na minha direção. — Seu namorado é um
tipo de príncipe no nosso mundo.
Simplesmente perfeito!
Tanto homem para abrir as pernas, e eu faço isso justamente com um
mafioso. Que, assim como eu, está com assassinos o perseguindo. Essa
situação toda fica cada vez pior, Charlie deve ter algum Karma com os pais
que tem.
Estou gritando comigo mesma por ser tão estúpida.
— Chega da aula educativa, está na hora das crianças irem para
cama. — João interrompe minha discussão mental. — Descansem, vou falar
com alguns contatos e ver se descubro algo útil.
O seguimos para o segundo andar da casa, e por um momento me
distraio com a elegância de tudo aqui. O quarto que vamos ficar tem portas
duplas madeira, e quando abrimos, nos deparamos com uma cama enorme de
frente para uma lareira acesa.
— Uma das empregadas cuidou de tudo enquanto nós conversávamos
no escritório. — Explica.
— Tem mais alguém na casa? — Meu nível de desconfiança anda tão
alto que a ideia de não ter percebido ninguém me deixa mais alerta.
— Sim, minha esposa e meu filho, eles estão dormindo. — Sorri me
tranquilizando. — Fique calma, não sou um traidor. Dominic sabe em quem
pode confiar.
— Obrigado. — Agradeço, não apenas por nos acolher.
— Disponha. — Fechando a porta atrás de si, me deixa sozinha com
Dom, que a tranca.
Admito que estou irritada, por isso evito conversar com Dominic.
Depois tudo o que aconteceu conosco, não posso acreditar que escondeu
coisas tão importantes de mim, coisas que afetam a vida e segurança da nossa
filha.
— Por favor, não me olha assim. — Pede. — Não comece uma briga.
Bufo indignada.
— Não comece? — Repito a última parte. — Você é um idiota! Está
em uma situação pior que a minha, e ainda tem a coragem de ameaçar tirar
minha filha?
Tudo o que ele fez nos últimos dias foi me ameaçar, tentar roubar
minha filha e manipular as situações a seu favor. Quando, na verdade, foi ele
quem nos colocou em uma enrascada.
— Fique tranquila, vou resolver isso. — Responde.
— Em que sua situação difere da minha? Nossa filha corre mais
perigo com você do que...
Sua risada me interrompe.
— Mais perigo comigo? — Zomba. — Minha casa é mais segura que
o cofre de um banco, andamos em carros blindados, e o simples nome da
minha família conseguiria impedir qualquer um, ao contrário de você.
Esqueceu de estar morando em um apartamento pequeno e apavorada?
Nossas situações não são parecidas. — Se acalma. — Já disse que irei
resolver tudo.
— Não consigo ficar calma, toda essa situação é de mais. — Ofego,
lutando para respirar. — Estamos lidando com prostituição, se esses caras
colocam as mãos na nossa filha... ela é apenas uma criança.
Minhas emoções estão por todos os lugares, estou tendo um ataque de
pânico. Por mais que tente me acalmar, não consigo. A dor no meu peito me
impede de respirar, minhas mãos estão tremendo descontroladamente. Sento-
me na cama, lutando para conseguir respirar e me acalmar.
Dominic se ajoelha na minha frente, segurando a minha mão. Se eu
não estivesse tão focada em não morrer, teria achado fofa como sua voz fica
mais suave, como se estivesse conversando com uma criança.
— Tem ataques de pânico com frequência?
Nego com a cabeça.
— Desde quando?
Sei que preciso ser honesta com ele, mas não gosto de me lembrar
dos piores momentos da minha vida. O dia que fui sequestrada e levada ao
inferno, o nojo que sinto com as lembranças.
— Fui... — Fecho os olhos, tomando uma respiração profunda. —
Eu fui sequestrada na saída do mercado.
Acena e se levanta, sentando ao meu lado na cama e me abraçando
com força. Estar em seus braços me ajuda a recuperar o controle, me perco
aos poucos na sensação de seu corpo junto ao meu, seu cheiro.
— Melhor? — Pede, quando me afasto.
— Como conseguiu me acalmar tão rápido?
— Sabe quando os bois vão para o abate? O caminho até o caminhão
é apertado, isso o ajuda a se acalmar. — Explica olhando para as mãos. — A
compressão ajuda a diminuir o ritmo cardíaco, assim ele relaxa.
— Usou uma técnica aplicada em vacas em mim? — Seguro o riso.
— Sim? — Sua resposta é insegura.
Dou risada e isso alivia a tensão no quarto.
— Vai me contar o que houve durante seu sequestro?
— Um dia, talvez.
Preciso de tempo para colocar minha cabeça em ordem. Alguns
traumas são como fantasmas, por mais que nos aceite que estarão sempre lá e
aprenda a conviver, as vezes a realidade se torna difícil, é difícil estar
confortável para assumir sua existência para outras pessoas. Quem vê de fora
pode pensar ser fácil.
— Tudo bem, estou aqui para você sempre que precisar. — Diz se
levantando. — Já que não quer se divertir comigo, vou tomar banho.
Capítulo 8
Dominic
Confesso que não tranquei a porta do banheiro na esperança de que
ela me seguiria, mas minhas expectativas estavam baixas. Eduarda estava
irritada, ela jamais retrocederia numa decisão depois da nossa pequena briga.
A porta do banheiro se abre, e em seguida ela entra no chuveiro
comigo. Como o típico emocionado, meu pau ficou duro com a visão de seu
corpo, e minha cabeça estava girando animada.
— Isso é uma surpresa. — Finalmente consigo dizer.
— Cheguei a conclusão de que vou me divertir enquanto fujo da
morte com você. — Sorri. — Mas se não quer...
— Não saia! — Protesto, quando começa a abrir a porta do boxe.
Ela está se divertindo com minha reação.
— Está desesperado?
— Não me teste. — Puxo-a contra mim.
— Eu quero você. — Passa a mão no meu pescoço, e chupa a ponta
da minha orelha. — Mais especificamente dentro de mim.
— Sabe que não tem volta, sem me afastar depois. — Aviso.
Eduarda ignora meu aviso.
— A única coisa que sei é que quero que me foda. — Passa as pernas
em volta do meu quadril, seguro sua bunda e a firmo. — Com força.
A solto e me afasto, em seguida a prendo contra a parede fria, ela
arqueia as costas e me beija. Outra vez me afasto, seguro seus braços e a viro
de frente para a parede fria, suas mãos presas no topo de sua cabeça.
— Por que está fazendo isso? — Murmura ofegante.
Eduarda está gostando disso, apenas não está pronta para admitir.
— Apenas tornando as coisas mais interessantes. — Dou um, tapa em
sua bunda, o som ecoa no banheiro.
— Aí, Dom. — Protesta.
— Não reclame ou vai ganhar mais alguns. — Dou outro, tapa como
um aviso. — Sei que gosta disso, era quando gozava com mais força. Se
esqueceu? — Passo a língua em seu pescoço.
— Sabe o que eu gosto mais? — Luta para se soltar e se virar de
frente, segurando meu pau e acariciando.
— O quê? — Seguro meus gemidos, quando ela acaricia a ponta.
— Dele dentro de mim me fazendo gozar.
— Gosto de sua boca suja. — Dou um beijo nela, mordendo seu
lábio.
— Já eu prefiro a sua fechada.
Dou risada e desligo o chuveiro, não há motivo para se limpar agora,
quando vamos ficar mais sujos. Não vou foder Eduarda após tanto tempo, em
um banheiro, vamos foder em uma cama, do jeito apropriado.
Ela ri quando a pego em meus braços e levo para o quarto,
colocando-a deitada no meio da cama. Seus olhos correm meu corpo, da
mesma maneira que faço com o dela, apreciando cada centímetro de suas
curvas.
— Vai me olhar por muito tempo? — Morde o canto do lábio
inferior.
Sempre que está excitada ela o morde e dá um sorriso de canto, em
seguida passa a língua pelos lábios, como se não pudesse esperar para o que
está por vir. Foi uma das coisas que amei sempre nela, Eduarda não esconde
seus desejos, ela sempre deixa claro o que quer.
— Temos a noite toda. — Respondo, sabendo que falta pouco tempo
para amanhecer.
— Vai me torturar?
Ergo sua perna, massageando seus pés, dando beijo e sugando a pele
em cima, trilhando o caminho entre suas pernas. Eduarda as abre, me dando a
visão de sua buceta encharcada.
— Talvez.
Chegando em sua buceta, passo a língua de baixo para cima, fazendo
com que gema e suas mãos agarrem o lençol.
— Preciso de você.
— Se lembra de como era me ter chupando sua boceta?
— Não. — Sua resposta é rápida, sei que está mentindo.
— Mentirosa. Aposto que se masturbou pensando em mim. —
Acaricio seu clitóris.
Às vezes é necessário saber quando ir com força e rápido e quando
tocar de forma delicada, nesse momento, a delicadeza e suavidade são mais
torturantes.
— E você? Se masturbou pensando em mim e em todas às vezes que
gritei seu nome? — Eduarda está jogando comigo.
— Não sabe o quanto sonhei em gozar nessa sua boquinha safada,
ainda me lembro de como engolia cada gota e ainda pedia por mais.
Eduarda não responde, então decido que ela precisa de mais um
pouco de tortura. Inclino-me e passo a língua em sua buceta, sugo seu
clitóris. Sei que ama isso, ela sempre me pedia mais e gozava mais forte.
— Isso... Deus, isso é tão bom. — Geme, segurando o lençol com
mais força. — Desse jeito vou gozar.
Afasto-me, não é o momento para gozar ainda. Quanto mais a
provoco, mais intenso seu orgasmo será.
— Por que parou?
— Ainda temos muito para conversar. — Sorrio para ela. — Sente-se
na cama e abra a boca.
Ela se anima com a ideia.
— Gostei da ideia.
No momento a ficar em pé, Eduarda toma meu pau em sua boca. A
ideia do piercing a deixou ainda mais animada em me foder. Sua língua
brinca com o piercing na ponta, me fazendo gemer e segurar seu cabelo.
— Esse piercing é um tesão. — Diz, enquanto me masturba.
— Se não tivesse fugido naquele dia...
— Vamos nos concentrar no momento. — Me interrompe, em
seguida volta a chupar meu pau.
Por um momento penso que vou perder a cabeça, esqueço tudo o que
estava prestes a dizer. Quando sinto que estou prestes a gozar, me afasto, não
quero desperdiçar na sua boca, quero gozar em sua boceta. Rápido, na cama e
entro nela, sua perna apoiada nos meus ombros.
— Tinha me esquecido de como você é grande. — Geme.
— Gatinha, você sabe o que dizer para agradar um homem. —
Provoco, soltando sua perna e me movendo para tomar seu seio na minha
boca.
Segurando seus seios juntos, passo a língua em seus mamilos.
Nossa ligação é grande, a ponto de a foder diversas vezes e em
posições diferentes, ainda assim, após ter gozado mais vezes do que pensei
ser possível, meu pau insiste em permanecer duro.
— Mais rápido, Dom. — Pede, prestes a ter outro orgasmo.
— Sua boceta é tão gostosa.
— Preciso gozar.
— Goza. — Mando. — Goza em volta do meu pau.
Eduarda goza, e após meter mais algumas vezes, gozo. Caio em cima
dela, exausto e ofegante. Se eu tiver que morrer nesse momento, morrerei
feliz.
— Por que fez aquilo comigo? — Interrompe o silêncio.
— O quê?
— Me senti como se fosse uma prostituta quando falou com aquela
mulher.
— Não lembro o que aconteceu naquela noite, lembro que nós dois
bebemos. — Penso naquela noite. — Mas de uma coisa tenho certeza, jamais
faria isso com você.
— Tudo bem, só não leve isso a sério. — Acena entre nós. — Preciso
de um tempo para entender essa coisa entre nós.
Quero rir e socar algo, ao mesmo tempo.
— Acabamos de foder, estou sujo, suado e com muito frio. —
Aponto entre nós. — E ainda assim estou aqui, discutindo sobre nossa vida.
Não consigo ser indeciso e nem sei lidar com isso. Sabe o quê? Se decida de
uma vez, não brinque comigo dessa forma. — Me afasto, saindo da cama. —
Até se decidir, não vamos foder.
Bato a porta atrás de mim.
Estou cansado disso!
Eduarda nunca me deu o benefício da dúvida, ela sempre me julgou e
condenou sem nem mesmo falar comigo. Na sua visão, sou o vilão, o cara
mal. Preciso me lembrar do que aconteceu na noite que ela tanto fala.
Olho meu reflexo no espelho, eu pareço uma merda. Estou suado e
cansado, mesmo assim entro no chuveiro e tomo meu banho tranquilo,
demorando um tempo.
Minha cabeça ficada no passado, até que em um dado momento, tudo
faz um clique e as lembras voltam com tudo. A vadia em questão não estava
sozinha, ela estava acompanhada de um homem, ele disse trabalhar com
Eduarda.
É isso!
Desligo o chuveiro e vou para o quarto, Eduarda está enrolada na
cama, o mais longe possível do meu lado.
— Quer saber o que aconteceu naquela noite? — Pergunto a
assustando. — Isso te deixará feliz?
— Não disse que não lembrava? — Desdenha.
— O nome Caio é familiar?
— Conheço muitos. — Diz tensa.
— Ele trabalhou com você. — Eduarda fica pálida. — O que foi?
— Caio nunca trabalhou comigo, ele é um ex, que estava trabalhando
com o traficante que quer me matar.
Isso explica as coisas.
— Ele estava com a mulher, não falei que você era uma prostituta. —
Me sento nos pés da cama. — Disse ter te conhecido e estava apaixonado por
você e que te pediria em casamento.
Existem coisas que nunca lhe contei e nem a ninguém, como o nível
que me apaixonei por Eduarda e o quanto estava com medo de perdê-la.
— Foi por isso que bebeu demais?
— Bebi apenas um refrigerante. — Explico. — Devem ter me
dopado.
Posso ver a confusão estampada em seu rosto, e tenho as minhas
próprias dúvidas quando aos acontecimentos e as razões.

José me sequestrou. — Eduarda interrompe o silêncio. — Ele fez


coisas comigo.
— Que coisas? — Peço, sentindo algo ruim rastejar dentro de mim.
Ela se mantém em silêncio. — Eduarda, que coisas ele fez com você?
Capítulo 9
Eduarda
Luto contra a repulsa e a vergonha que sinto. Dominic disse que me
daria um tempo para me abrir com ele, mas depois das últimas revelações,
esse tempo se foi, e só me resta dizer a verdade.
— Vai me contar o que aconteceu?
— Estou com medo, não é fácil me abrir.
— Estou aqui, não precisa ter medo. — Segura minha mão e se senta
ao meu lado. — Está com medo do que vou pensar a seu respeito? — Aceno.
— Nunca vou mudar como te vejo ou como me sinto a seu respeito, ainda
mais por algo que aconteceu sem o seu controle.
Dominic nunca fala ou faz o que não quer, e acredito cegamente em
tudo o que diz. Não há razão para jogos. A verdade é que reviver as
lembranças me levam para um lugar onde nunca quero voltar.
— O que fizeram com você? — Segura minha mão mais forte.
— Fiquei uma semana na mão de José e seus amigos. — Começo.
— Por que ele faria algo assim?
— Fomos namorados antes de eu te conhecer, ele era ciumento e
obcecado, então terminei. — Luto para controlar os tremores que percorrem
meu corpo. — José passou a me ameaçar, sempre aparecia nos lugares em
que estava, mandava fotos minhas em diferentes lugares, sem contar as
ligações com ameaças.
É difícil evitar o sentimento de que tudo o que aconteceu foi por
culpa minha, sempre considero as variáveis, os pontos onde poderia ter feito
tudo diferente e as coisas não teriam acontecido daquela forma.
— Ele não parou. — Dominic acrescenta.
— Um dia me abordou, colocou uma arma na minha cabeça e me
colocou em um carro, fomos para um barracão. — Fico em silêncio, tentando
me distanciar das imagens. Meu silêncio deixa Dominic ansioso.
— O que aconteceu? — Ele me segura com força.
— Fui torturada de diversas formas, nunca pensei que ele fosse capaz
daquelas coisas, mesmo depois de toda a perseguição. — Dominic passa os
braços em volta de mim. — Pensei que deixaria minha filha sozinha no
mundo.
— Calma, está tudo bem. — Me tranquiliza. — Estou aqui com você,
nunca permitirei que algo aconteça com vocês duas.
Acredito em suas palavras.
— Ele me estuprou.
Admitir isso para ele tem um peso maior do que para qualquer outra
pessoa. Dominic congela ao meu lado, seu corpo tenso.
— O quê? — Murmura, não tenho certeza se está falando comigo ou
não.
— Ele e seus amigos me estupraram, colocaram objetos dentro de
mim.
Dominic ruge, raiva pulsando de seu corpo.
— Vou matar esses filhos da puta. — Declara.
— Não. — Meu tom de voz é mais duro que o seu. Ele não vai roubar
de mim as chances de me vingar, de acabar com todos. — Eu sou aquela
sendo sequestrada e abusada, essa vingança é minha, e ninguém irá me
impedir.
Dominic se levanta, andando de um lado para o outro no quarto.
— Essa vingança não irá te fazer bem. — Diz. — Cresci nessa vida,
matar alguém não é um passeio no parque.
— É aí que se engana, sei viver com o peso de matar alguém. —
Digo. — Já fiz isso antes, e não me importo em fazer novamente.
Encara-me, surpreso com minha reação.
Enquanto estava presa naquele armazém, abusada e torturada, tive
tempo para planejar como mataria cada um deles. É minha forma de
recuperar cada parte que me roubaram, o medo que senti nos meses
seguintes, como minha filha me olhava. Por um tempo, me tornei uma
estranha para todos, e Charlie foi minha âncora nesse mundo.
— Se é isso o que quer, vou garantir que aconteça.
— Obrigado. — O fato de ele entender o quanto isso é importante
para mim, significa muito. — Agora que resolvemos isso, pode ligar para o
seu irmão e pedir para nos tirar daqui?
— Sabe que ele só nos vai permitir isso se aceitar se casar comigo.
Por mais tempo que precise para me adaptar a ele, quero estar perto
da minha filha. Estar com Dominic não vai ser uma experiência ruim, e com
sua ajuda, posso chegar mais rápido ao José. Se para proteger minha filha
preciso me casar com esse homem, é exatamente isso o que farei.
— Diga que faremos isso. — Me deito na cama. — Devo te avisar
para não esperar muita coisa, precisamos nos conhecer melhor.
Concordando, Dominic pega o telefone.
— Estaremos em Moscou logo. — Promete.
— Devemos ter tempo para um cochilo. — Digo, já me arrumando na
cama.
Dominic se deita ao meu lado e me puxa para seus braços. O medo
que senti de sua reação é passado. Mesmo depois das minhas revelações,
Dominic não mudou como vê ou como me trata, e sou grata por isso. Muitas
pessoas tratam a vítima de um trauma assim como se fossemos quebrar a
qualquer toque, e isso dói.
Tenho certeza de que não der certo como um casal, seremos bons
amigos.
Me sentindo segura, durmo em seus braços.
Acordo sozinha, com o sol batendo no meu rosto. Sento-me e olho
em volta, encontrando uma muda de roupas nos pés da cama, são roupas
grossas e perfeitas para o frio que nos espera lá fora. Troco-me e encontro um
bilhete do Dom, ele disse que precisou sair para resolver algumas coisas.
Penso em esperá-lo no quarto, no entanto, meu estômago ronca e
saio, em busca da cozinha. Não é um trabalho difícil, o cheiro de comida me
guia, aonde encontro uma mulher loira e alta que se parece uma modelo,
sentada comendo com duas crianças.
— Você deve ser Eduarda. — Diz, alimentando uma das crianças. —
Meu marido e seu namorado saíram para cuidar de algumas coisas, espero
que não se importe em nos fazer companhia.
Ela é gentil, seus olhos têm um brilho amigável que me deixa
confortável.
— É a esposa do João?
— Sim. — Ri, e eu coro envergonhada. — Algumas pessoas não
acreditam que ele seja meu marido.
— Desculpe, eu não quis soar...
— Surpresa? — Oferece, me interrompendo.
— Sim.
— Não se desculpe, seu espanto não foi maior que o de nossas
famílias. — Acena, me indicando para me sentar.
— Sua família foi difícil?
— Digamos que não falo com eles há anos, preconceito idiota. —
Murmura baixinho. — Imagina a cena, a filha mais velha e modelo, que
estava namorando o filho do governador, termina tudo para se casar com uma
pessoa com nanismo, negra e de outro país?
— Posso imaginar o choque.
Ela sorri com a lembrança do marido.
— João é um homem bom, não consegui impedir de me apaixonar.
— Seguir o coração é sempre a melhor resposta. — Concordo.
— E você? Sua família está feliz com seu relacionamento? Dominic
com todas suas tatuagens são meio...
Dou risada, sei que ela está falando.
Dominic parece membro de uma gangue ou um playboy que vai
foder sua filha e mandá-la para a prisão. Meu pai militar, teria algo a dizer a
respeito do meu relacionamento, assim como os meus irmãos.
— Eles não sabem, a única pessoa que importa é a nossa filha, essa
sim, está feliz.
— A tendência é sempre essa, crianças merecem ter seus pais ao seu
lado.
— Desculpe, estamos conversando e não perguntei seu nome. — Me
sinto envergonhada pela minha falta de educação.
— Sou Loren, prazer. — Loren coloca diferentes tipos de comida na
minha frente.
— O que é isso? — Pergunto, apontando para algo que nunca vi
antes.
— Sopa de rena, ajuda no frio. — Explica. — Prove, é ótima.
Encorajada por ela, tomo um pouco da sopa e acabo gostando,
comendo tudo o que me serve.
— Boa mesmo. — Admito. — Sabe aonde eles foram?
— João o levou para falar com algumas pessoas. — Diz. — Eles
devem saber quem tentou sequestrá-lo.
João parece conhecer muita coisa.
— No que seu marido trabalha?
— Meu marido é o que as pessoas chamam assassino de aluguel.
Congelo com sua resposta.
O perfil dele é o último que consigo imaginar como sendo o de um
assassino. Ele é uma boa pessoa, não vi maldade em seus atos, sempre gentil
nos poucos momentos em que estivemos próximos.
— É algum tipo de brincadeira? — Pisco para ela. — Seu marido é
uma pessoa legal.
— Seu tamanho faz que as pessoas não percebam o que ele faz. —
Explica. — Acreditaria em alguém que dissesse que o assassino é uma pessoa
baixinha e gordinha? Todos pensariam ser brincadeira.
Loren ri da minha cara, e sim, sua explicação deixa as coisas mais
fáceis de ser entendidas.
— Tem razão, é difícil acreditar.
Conversamos mais um tempo, até que Dominic e João cheguem
rindo. Assim que eles entram, João vai direto para a esposa, que se inclina e
beija com carinho, as próximas a ganhar sua atenção são suas filhas, que riem
quando o mesmo faz cócegas nelas.
— Oi. — Dominic me cumprimenta, parando ao meu lado.
— Oi. — Espero que se abaixe e me beije, mas ele não o faz. —
Conseguiu falar com Dimitri?
O medo de que ele esteja me tratando diferente depois das minhas
revelações volta. Pensei que tivesse superado tudo o que disse, nesse
momento estou me questionando se cometi um grande erro.
— Sim, vamos voltar hoje. — Responde. — Teremos uma reunião
com o capo japonês.
Estou um pouco impaciente com o que enfrentaremos, não saber com
quem estamos lidando e o que querem vai me deixar louca. Como posso me
prepara para algo que não sei o que é?
— Conseguiu descobrir algo?
— Não são os japoneses, alguém quer começar uma guerra entre
nossas famílias. — Explica baixinho.
— Quem faria uma coisa dessas? — Pergunto.
— Essa é a grande questão. — Ele está tenso. — Temos uma trégua
com os italianos, os únicos que não conversamos ainda são os mexicanos.
Essa é uma surpresa?
— Existe máfia mexicana?
— Sim, eles cuidam de contrabando, trabalho escravo e tráfico de
pessoas. — Antecipa minha próxima pergunta.
— Se for coisa deles...
Dom dá de ombros, como se fosse uma alternativa melhor do que as
outras.
— Melhor que sejam eles do que os japoneses, daremos um jeito. —
Garante. — Temos que ir.
Pegamos o resto das nossas coisas e nos despedimos de João e sua
família. Um carro estava nos esperando para nos levar até a pista, onde um
jatinho diferente do primeiro, nos aguardava.
— É da sua família?
— Não, de um amigo. — Responde me ajudando a subir as escadas.
— Logo o conhecerá.
Parece que Dominic e todos que o conhecem estão nadando em
dinheiro.
Quero gritar com Dom, a forma como está me tratando.
— Por que não me falou que João era um assassino? — Esperei o
avião decolar para perguntar.
— Faria diferença saber disso?
— Claro que sim.
— O que te pegou de surpresa foi o seu preconceito. — Me ofende.
— Foda-se! Não vou discutir com você, não enquanto estiver agindo
como um idiota mal-humorado. — Me levanto e vou para o quarto no fundo
da aeronave.
Qual o problema dos ricos com aviões que tem quartos?
Bato a porta atrás de mim irritada com Dominic e sua dupla
personalidade. Quem ele pensa que é para me chamar de preconceituosa?
Tudo o que fiz foi ser legal com todos que conheci, adorei a família do João,
e as perguntas que fiz foram as que qualquer pessoa faria.
A porta se abre e em seguida fecha com força. Dominic me joga na
cama e logo sobe em mim, me prendendo.
— Desculpe, fiquei cego de raiva por tudo o que me contou. — Diz,
me beijando com força.
Quando nos afastamos, vejo a insegurança brilhar em seus olhos.
— Não gosto quando me tratam dessa forma, não sou uma fã de
jogos. — Aviso.
Dom não responde, mas noto que está inseguro.
— Eu te amo. — Sua declaração me deixa sem palavras.
Capítulo 10
Dominic
Fiquei tão culpado e perdido na minha raiva, que demorei para
perceber estar descontando minha raiva na Eduarda. A verdade é que, se eu
tivesse ficado e tentado encontrá-la, poderia ter evitado o que aconteceu.
— Eu te amo. — Olho em seus olhos quando digo isso.
Espero que sinta o mesmo.
— Dominic eu...
— Sei que isso é muito rápido e é uma novidade...
— Dominic? — Me interrompe. — Quero dizer que te amo, mas sei
que ainda não estou pronta para admitir os meus sentimentos.
Posso lidar com isso.
— Tudo bem. — Aceno, entendendo o que quer dizer.
— Só quero te pedir uma coisa, não me trate da forma que fez
quando tiver um problema.
Sinto-me um idiota sabendo que a magoei.
— Desculpe. Não foi minha intenção. — Dou um beijo em sua testa e
fecho os olhos. — A verdade é que me senti culpado.
— Odeio isso.
— O quê? — Estou confuso com sua resposta.
— Não me trate diferente, muito menos se sinta culpado.
— Vou te ajudar com sua vingança. — Prometo.
Não posso imaginar como ela teve que ser forte ao passar por tudo
isso. Deitado com ela em meus braços, faço uma promessa para mim mesmo
de que pegarei esse filho da puta, nem que seja a última coisa que faço.
— Obrigado.
Dando outro beijo em sua testa, saio de cima dela e me deito ao seu
lado.
A primeira pessoa que vejo quando chegamos é meu irmão e sua
esposa Allyssa, os dois de mãos dadas esperando enquanto descemos do
avião. Eduarda segura minha mão com força, uma grande evolução para
quem há pouco não conseguia ficar no mesmo lugar que eu sem me espancar.
— Lamento pelos problemas da viagem. — Dimitri se desculpa.
— Colocou nossas vidas em risco, idiota. — Eduarda diz, apontando
o dedo para Dimitri.
Ela tem sorte por ser nova em tudo, e por estar ao meu lado. Se fosse
qualquer outra pessoa levaria uma surra, ou um tiro. Por sorte, Dimitri parece
estar se divertindo e feliz por mim, o suficiente para ignorar seu
comportamento.
— Peço desculpas, mais uma vez. — Diz, em seu tom sem
demonstrar nenhuma emoção.
Allyssa solta a respiração aliviada.
— Quero minha filha. — Eduarda ignora o pedido de desculpas, e dá
uma ordem.
— Charlie está te esperando com Zack, os dois estão se divertindo.
— Allyssa assume a liderança e arrasta Eduarda para o carro.
Quando ambas entram, finalmente posso conversar com Dimitri.
— Tem certeza que não é coisa dos japoneses?
— Se fosse eles você não estaria aqui. — Lembra. — Tudo indica
serem os mexicanos.
— O que eles ganham começando uma guerra entre nossas famílias?
Dimitri me olha como se eu fosse um idiota, coisa que momento
depois, começo a acreditar que realmente sou.
— Se estivermos ocupados de mais nos destruindo, eles expandem
seus negócios, ganham poder e território. — Explica.
— Isso significa que vamos nos unir aos japoneses?
— Sim, todos queremos acabar com o mal antes que cresça.
Conheço Dimitri e sua vontade de ferro. Se ele decidiu, significa que
já está em ação enquanto conversamos. E não importa o que aconteça, estarei
ao seu lado nessa luta.
***
Eduarda
Allyssa entra no carro e começa a me contar as coisas que nossos
filhos fizeram enquanto estive ausente. Fico feliz por Charlie finalmente ter
alguém de sua idade para brincar.
— Charlie é uma menina esperta. — Diz.
— Conheço minha filha, sei como gosta de usar sua inteligência para
manipular as pessoas. — Dou risada. — Espero que não tenha dado trabalho.
Allyssa alisa a barrica.
— Ela não precisou. — Sorri. — Estou esperando uma menina, então
aproveitei para praticar. Fizemos muitas coisas juntas. Espero que não se
importe por tê-la levado para fazer as unhas e comprar bonecas.
— Charlie não foi criada tendo tudo o que quer, espero que não tenha
abusado de sua generosidade.
Allyssa acena e dá risada.
— Precisa se acostumar em ter sua filha sendo mimada. — Avisa. —
Sendo parte desta família, todos querem mimar e ser presentes na vida das
crianças. Foi a mesma coisa com Zack.
Agora e lembro de onde ela e seu filho me são familiares. Li a
história em um jornal há um tempo, sobre como seu avô mentiu e sequestrou
seu filho, não posso imaginar como se sentiu sofrendo a perda do filho e
depois descobrindo que a criança estava viva esse tempo todo.
— Me sinto dividida com tudo isso. — Admito. — Por um lado,
estou feliz que ela tenha todos vocês, se algo me acontecer sei que ela estará
segura. Por outro...
— Tem medo de como tudo vai ser daqui para frente? — Termina. —
Sei como se sente, mas posso garantir que as coisas só melhoram, basta se
abrir e deixar que todos entrem.
— Vou tentar.
Allyssa parece um pouco receosa com algo.
— Seu comportamento desafiador com Dimitri...
— Sei que é seu marido, mas ele passou dos limites comigo e com
Dominic. — Interrompo. — Ele não pode nos obrigar a nada.
— Não siga por essa linha, Dimitri fez tudo com boa intenção.
— E qual seria? — Dou uma risada sarcástica.
— Unir vocês dois, e pelo que posso ver, funcionou. — Ignora meu
tom. — E por mais que odeie isso, existem regras nesse mundo, e não
importa o que aconteceu, se desafiar Dimitri ou qualquer um deles na frente
de outras pessoas, ele irá te punir. Deu sorte hoje.
Seu aviso me deixa com medo.
— Ele não faria isso.
— Você não conhece meu marido, nem sabe nada sobre nosso
mundo. — Corta qualquer coisa que esteja prestes a dizer. — Leve isso como
um conselho.
— Só por que é submissa ao...
— Não sou submissa a ninguém, mas não quero que as pessoas que
devem obediência e respeito ao meu marido, pensem que ele não tem pulso
firme para liderar uma família. Por que é isso o que irão pensar. Se discordo
de algo, faço isso em casa, apenas nós dois, não na frente de estranhos. —
Sinto que estou levando uma lição que devo guardar para o resto dos meus
dias. — A mulher na família tem que mostrar poder e controle, estar ao lado
do marido. — Me estuda. — Não que vá participar de muitas reuniões.
— Não sinto que estou pronta para essa lição ainda.
— Você não é mais uma criança Eduarda, aprenda sua função e
desempenhe-a perfeitamente. — Rebate. — Se causar problemas para o meu
marido ou se minha família correr risco devido ao seu comportamento, nós
teremos um problema. Pense em sua filha, e na segurança que precisam.
Quero discutir com ela, mas com que moral? Allyssa é exatamente
como Dimitri, e é claro que ambos estão fazendo o que precisam para
proteger quem amam. Vendo seu posicionamento, sei que, preciso escutar o
que disse e me controlar.
— Vou tentar.
— Não tente, faça! Isso tudo é um jogo de poder, aprenda as regras e
vença-o. — Pisca de um jeito amigável, e fica em silêncio quando as portas
se abrem e ambos entram.
— Prontas? — Dimitri abraça Allyssa de um jeito carinhoso.
— Claro. — Ela responde, enquanto apenas aceno.
Não pensei que seria Ally, aquela que me daria conselhos diretos e
uma ameaça clara, pelo meu comportamento. Dominic percebe meu silêncio
nervoso e segura minha mão, entrelaçando nossos dedos, me olha curioso.
— Tudo bem? — Sussurra.
— Sim.
Durante o trajeto, observo como Dimitri trata sua esposa, amor e
carinho evidentes em cada gesto. Ambos são carinhosos, totalmente o
contrário do que ela e Dominic me fizeram pensar a seu respeito, um homem
frio e cruel.
Em casa não vejo sinal de Charlie e fico um pouco decepcionada por
não a encontrar.
— Onde está Charlie?
— Na piscina com Zack e Abby. — Allyssa responde, passando por
mim.
— Com esse frio? — Estou prestes a correr pegar minha filha.
— É uma piscina interna e aquecida. — Dom explica.
Respiro aliviada e graças a deus, depois do frio que passei nesses dias
longe dela estou traumatizada.
Estou me sentindo mais confiante do que estava há alguns minutos.
Decidida a me tornar a esposa que todos esperam que seja. Dom segura
minha mão e subimos para seu quarto, um lugar enorme.
Olho para sua cama e me pergunto quantas mulheres já passaram por
aqui.
— Você é a única mulher, além das minhas irmãs, que entrou no meu
quarto. — Lê meus pensamentos. — Está muito cansada?
Sem entender o motivo da pergunta, nego com a cabeça.
— Allyssa está saindo com a minha irmã para fazer compras e você
vai junto. — Me entrega um cartão.
— Tenho minhas próprias roupas.
— Não importa, elas não adequadas para o frio, muito menos para o
jantar desta noite.
— Jantar?
— Kazuo está vindo, vamos dar uma recepção aqui. — Diz e muda
de assunto. — Espero que as compras envolvam roupas íntimas sexys.
Não estava preparada para o seu pedido, muito menos para o beijo
delicado capaz de me deixar com as pernas bambas. Sempre pensei que amor
e sexo precisavam de intensidade, mas com Dominic, ele os torna polos
opostos, e me sinto bem com todas as suas versões.
Confusa com os meus sentimentos, lutando para entrar em um acordo
com a parte de mim com medo de se entregar, e parte que deseja
perdidamente dar tudo de si, saio do quarto e encontro Ally, ao lado de outra
mulher.
— Pronta? — Pergunta.
— Sim.
Ambas estudam como estou vestida.
— Vamos.
No carro ambas começam a conversar comigo. Logo descubro ser
impossível ficar chateada com Allyssa, a mulher é gentil e determinada em
amar e proteger todos.
— Por que me ajudou, explicando tudo sobre a Máfia? — Pergunto
sem me controlar.
— Em primeiro lugar, nós chamamos “família”. — Corrige. — Em
segundo lugar, fui jogada nesse mundo sem saber de nada, tudo o que aprendi
foi graças a Abby e Willow.
— As coisas não precisam ser complicadas. — Abby acrescenta. —
Vá com calma.
Aceno e mudo de assunto.
— Aonde vamos?
— Em primeiro lugar, escolher um vestido para esta noite. — Ally
começa. — Tem que ser bonito e se encaixar para a noite, não queremos
atrair atenção indesejada de nenhum membro da Yakuza.
— Preciso saber as regras para o jantar. — Admito.
— Fique tranquila, tudo vai dar certo.
Na loja de vestidos, escolho um que me encantou, mas quando olho o
preço me assusto e começo a procurar algo mais barato. Allyssa e Abby
percebem o que estou fazendo e logo começam a recolher diversos modelos
diferentes e entregar para a gerente, que está animada em ter três clientes
VIP.
Acredito que nunca vi uma loja ser fechada para atender alguém,
muito menos ser servida com champanhe caro, alguns petiscos que nem o
nome sei pronunciar.
— Tudo aqui é muito caro. — Murmuro, enquanto andamos.
— Está entrando para uma família com muito dinheiro e pouco apego
material. — Abby ri. — Se acostume.
É evidente que ambas foram criadas com muito dinheiro e estão
acostumadas a gastar muito, ao contrário de mim.
— Finalmente chagamos na melhor parte. — Dizem, me arrastando
para um salão de beleza.
Capítulo 11
Dominic
Estou irritado com Dimitri, ele convidou os japoneses para nossa
casa, colocando nossas mulheres e filhos em risco. Não estou feliz tê-los
sentados na mesma mesa que essas pessoas.
— Por que marcou aqui em casa? — Vou direto ao assunto,
enchendo um copo de uísque e bebendo de uma única vez.
Como sempre, ele me ignora, olhando para seu telefone. Vendo que
ele não vai me responder, vou até ele e arranco o aparelho de sua mão.
— Qual é a porra do problema? — Me encara irritado.
— Não sei o que tem na cabeça para trazer a Yakuza para nossa casa.
— Rosno irritado.
— Não me desafie, sabe que as coisas não são do jeito que quer. —
Avisa. — Me devolva meu celular.
— O que tem nesse celular que está tendo toda sua atenção?
— Nada da sua conta.
Sem me incomodar em irritar ele ainda mais, abro suas mensagens e
vejo que está conversando com um artista, encomendando um painel enorme.
— Uma arte com a foto de sua esposa e filho?
— Sim, quero colocar no estúdio da Allyssa e das crianças. — Pega o
celular da minha mão. — Vai ser uma sala de família, com música e jogos.
— Já temos uma assim. — Lembro, ele me olha culpado. — Vai sair
de casa?
— Não, é para uma casa fora do país. — Admite. — Queremos
visitar Low e a prima da Allyssa sempre, vai ser bom para as crianças. Sem
contar que estamos construindo uma sede da empresa lá.
— E quem vai cuidar dela?
— Willow, ela sempre quis trabalhar na empresa.
Minha irmã mais velha é irritante. Ela e Dimitri são a coisa mais
próxima que temos de figuras paternas, e saber o quanto ela se sacrificou
pelos interesses de nossa família, ela quase se casou com um desconhecido
para nos proteger.
— Ela sempre quis trabalhar na empresa, apenas não tinha coragem
de admitir. — Lembro dela cuidando de documentos, lendo relatórios.
— Devo ser o único que não sabia. — Não consegue esconder sua
frustração com nossa irmã.
— Ela não contou antes devido ao pai, não é culpa sua.
— Não entendo como Willow pode esconder tantas coisas, ela não
queria ser médica e ainda assim se formou como a melhor da turma, não
queria se casar e ainda assim ficou noiva.
— Nossa irmã sempre foi boa em se doar a tudo o que faz, se coloca
uma coisa na cabeça faz dar certo. — Isso não é mentira.
O som do carro se aproximando da entrada é seguido pelo brilho de
faróis invadindo o escritório. As mulheres já deveriam ter chegado há
algumas horas, fiquei um pouco preocupado, mas em vez de surtar, decidi
levar isso como algo bom, um sinal de que elas estão se dando bem.
— Eduarda deve ter lutado com as meninas na hora de gastar. —
Comento.
— Abby e Allyssa me disseram em quais lojas iriam, mandei fechar
todas para poderem aproveitar. — Diz, como se fosse uma resposta ao meu
comentário. — Elas devem ter feito sua mulher gastar.
— Espero que sim, Eduarda precisa de roupas de frio.
Caminhamos até a porta e ficamos paralisados quando vemos nossas
mulheres entrando em casa.
— Fechem a boca, idiotas. — Abby xinga passando por nós.
Luto para me recuperar. Eduarda está linda, seu cabelo cortado deixa
em evidência seu rosto angelical, e o vestido na cor vinho que está usando,
realça as curvas do seu corpo, me dando vontade de arrastá-la para nosso
quarto e impedir que saia.
— Está linda. — Elogio.
— Obrigado, sua irmã e Allyssa me obrigaram a cortar o cabelo, por
sorte, gostei do resultado.
— Somos dois.
Seu novo corte é um pouco abaixo dos ombros, as pontas repicadas, e
o penteado, combina com sua maquiagem.
— Fico feliz que tenha gostado. — Diz.
Nunca pensei que ela diria algo assim, no tempo em que nos
conhecemos, essa mulher nunca buscou minha aprovação em nada.
— As crianças?
Lembro que até o momento, ela e Charlie ainda não se encontraram.
— Com a empregada. — Respondo. — Preciso que eles fiquem
longe de vista durante o jantar.
— Isso não me tranquiliza.
— Basta sorrir e ficar perto da Allyssa e da Abby.
Não sei o que as garotas disseram, mas vejo um brilho desafiador em
seus olhos. Concordando com a cabeça, passa por mim e entra na sala
principal.
— O que disseram para Eduarda? — Pergunto.
— Apenas explicamos como seria esse jantar. — Abby revira os
olhos. — Aproposito, tenho um lugar para ir, nem fodendo vou ficar aqui e
acabar noiva de algum idiota.
Dimitri sorri diante de suas palavras. Ele não vai obrigá-la a ficar
aqui, ama a irmã mais nova demais para arriscar que alguém se interesse por
ela e a arraste para longe de nossa família.
— Se cuide. — Responde.
— Sempre. — Pisca, saindo de casa.
Não estou animado com a ideia de assistir meu irmão se agarrar com
sua esposa, entro na sala atrás da Eduarda. A encontro encostada em uma das
janelas, olhando para o jardim iluminado.
— Foi tudo bem? — Paro ao seu lado.
Ela se vira, me encara por um tempo e então sorri.
— Não tenho que te contar tudo. — Se aproxima de mim e
sussurrando no meu ouvido. — Você tem seus segredos e obrigações e eu as
minhas. — Fala, me dando um beijo suave nos lábios.
— Não gosto de todo esse mistério. — Passo meus braços em torno
dela. — Mas não temos muito tempo para conversar.
Dimitri e Allyssa entram e se sentam no sofá no centro da sala, levo
Eduarda até lá e nos juntamos a eles.
— Espero que tenha apreciado o passeio. — Dimitri volta sua
atenção para Duda.
É a primeira vez que o vejo sendo gentil com alguém de fora da
família. Quando meu pai nos treinou, disse que meu irmão só deveria
demonstrar respeito por quem é superior a ele e tirando nossa família, ele não
considerava ninguém digno disso.
— Foi um ótimo, infelizmente não tivemos tempo para andar mais
pela cidade. — Diz Eduarda.
— Nós vamos ter outras oportunidades. — Allyssa tranquiliza. —
Agora me contem como se conheceram?
Duda me encara, esperando que ofereça uma saída para a pergunta.
Infelizmente, Ally é esperta e persistente, e nenhuma mentira vai deixa-la
satisfeita, na verdade, vai apenas fazer com que meu irmão tenha que contar a
verdade.
— Em uma viagem para o Rio de Janeiro. — Conto apenas o que ela
perguntou, limitando a minha resposta.
— O Brasil é um país muito bonito, me apaixonei pelo Maranhão
quando fomos há alguns meses.
— O Nordeste do Brasil é lindo, mas para quem gosta de frio a região
sul é ideal. — Eduarda diz.
— Já sei para onde vamos nas nossas próximas férias. — Ally cutuca
meu irmão.
— Tudo o que quiser. — Ele responde.
Meu irmão é a prova viva de como o amor pode vencer a distância e
o tempo. Confesso que não entendia como poderia acontecer com meu irmão,
sempre frio e fechado, mas agora consigo entender.
— Dominic me contou que você era policial. — Dimitri a encara.
— Na verdade, estava no comando de operações especiais. —
Responde, me sinto orgulhoso dela.
— O que te fez escolher essa carreira?
Eduarda ri em tom de brincadeira.
— Estou sendo entrevistada?
— Desculpe, não queria que isso soasse...
— Estou apenas brincando. — Duda interrompe. — Queria lutar por
um mundo melhor, mas as coisas não saíram como pensei.
Dimitri está prestando atenção em tudo o que ela fala.
— Sabe atirar bem? — Meu irmão me surpreende com sua pergunta.
— Sim, não deixaria uma arma perto de mim quando estou irritada.
— Bom, vou precisar de sua ajuda.
— No quê? — Eduarda é direta em sua pergunta.
— Quero que ensine Allyssa a atirar, não gosto da ideia da minha
mulher usando uma arma, mas é necessário.
— Dimitri. — Allyssa segura sua mão.
— Posso fazer isso, preciso que me dê algumas armas. — Eduarda
interrompe.
Allyssa se empolga.
— Podemos começar amanhã, Dimitri tem um stand de tiros. —
Conta.
Duda fica assustada por um momento, mas logo relaxa e aperta
minha mão. Nossa conversa é interrompida quando a campainha toca, nos
levantamos e vamos para a porta principal.
— Fique ao meu lado. — Ordeno para Eduarda, passando meus
braços a sua volta.
Um dos empregados abre a porta, e Dimitri é o primeiro a estender
sua mão e cumprimentar o pai da Yakuza.
— Dimitri, fico feliz que queira conversar.
Capítulo 12
Dimitri
Como se não bastasse lidar com os problemas de relacionamento de
Dominic, ainda tenho a porcaria da Máfia japonesa na minha casa. No
momento que o homem entra, percebo seus olhos em minha esposa, o
desgraçado nem mesmo disfarça.
— Vamos conversar. — Diz, finalmente me encarando.
— No meu escritório. — Faço sinal para me seguir.
Ele dá uns passos, espero que se afaste o suficiente para puxar
Allyssa em meus braços e beijá-la. Só então vou para o escritório e me sento
atrás da mesa, me encosto na cadeira em uma postura relaxada.
— Sua mulher é interessante. — Sei ser uma tentativa de me irritar.
Sorrio.
— Mantenha seus olhos no que pode ter. — Aviso. — Vamos direto
assunto.
Prolongar essa reunião só vai aumentar a tensão na sala, e dificultar
nosso relacionamento. Se eliminar esse assunto agora, podemos aproveitar o
jantar e agir amigavelmente.
— Gosto do quão objetivo vocês são.
— Quero saber se tem algo para me dizer? Como meu irmão quase
sendo sequestrado?
Ele sorri, espelhando minha postura.
— Não foi coisa minha, me ofende pensar que passaria por cima do
nosso acordo.
— Acordos já foram quebrados antes.
— Nós dois seguimos o princípio da lealdade.
O poder de sua família já foi um dos maiores, hoje em dia, meus
homens o superam em mais de duzentos mil, e isso é apenas o começo. Esse
jantar é apenas uma cortesia, para testar as águas e ver onde nos encontramos.
— Pelo que me lembro, você é um homem de oportunidades, o que
me garante que não se uniu a Yardie ou aos mexicanos?
— Me unir a vermes não faz parte dos planos, estamos bem desse
jeito. — Responde. — Se me uno a eles, tenho duas máfias para carregar,
enquanto a nossa aliança é mais lucrativa, podemos eliminar as outras duas
famílias.
— Não gosto de me meter em confrontos. — Lembro.
— Sei disso, estava esperando sua ligação há. — Se inclina na mesa.
— Demorou tempo suficiente para eu investigar nossos inimigos.
Desliza um envelope em cima da mesa, quando abro fotos caem de
dentro dele. Os mexicanos estiveram ocupados, se reunindo em diversos
lugares do mundo, em outras aparecem seguindo meu irmão e sua noiva.
— O que eles querem?
— Querem nossos negócios, e para isso precisam de passo livre em
nossos territórios.
Por isso querem uma guerra entre a gente, se estamos nos matando,
abre espaço para invadirem o território e infiltrem sua merda aqui.
— Estão aqui em Moscou?
— Sim, em um hotel na entrada da cidade.
— Ótimo.
Aperto o botão na minha mesa, chamando um dos meus seguranças,
que bate na porta alguns minutos depois. Ele para perto da minha mesa,
esperando pelas minhas ordens.
— Senhor?
— Leve alguns homens e fique de olho nesse hotel. — Entrego o
papel com o endereço. — Se alguém sair de lá, os, prenda e traga para mim.
— Sim, senhor. — Ele começa a sair quando o chamo novamente.
— Quero todos vivos.
Kazuo me encara, esse homem é uma incógnita para mim, mas não
posso negar que seja leal a sua palavra. Até essa semana, não tive motivos
para duvidar dos nossos acordos. Alianças no nosso mundo são raras e
volúveis, ainda mais quando o acordo não é feito por casamento.
— Homens obedientes.
— Devem ser. — Me levanto. — Agora que nos entendemos, vamos
jantar.
Abro a porta e espero que Kazuo saia primeiro, é um costume
permitir que o Oyabun de outra família passe na frente. Nunca deixe um
desconhecido fora de sua vista, eles tendem a te atacar pelas costas.
No caminho até a sala de jantar, ele admira as obras de arte e vasos
que decoram o caminho até o salão. Chegando na sala, Dominic me encara,
meu irmão está curioso e odeia ter que esperar esse circo todo acabar para
saber o que aconteceu.
Ando até Ally e a puxo para o meu lado, nesse momento, um dos
empregados vem e nos avisa que o jantar está pronto e já podemos nos sentar.
Allyssa é aquela que cuidou do cardápio desta noite, e me surpreendo ao
fazer um jantar típico russo.
Encaro-a curioso com sua escolha, mas ela me lança um olhar de
“depois eu te explico”.
— Pensei que seria mais divertido provar as iguarias da cidade. —
Diz, segurando minha mão.
— Obrigado, sei que mulheres grávidas não podem inferir frutos-do-
mar. — Responde, me pegando de surpresa.
Allyssa sorri e concorda com a cabeça. Esse é o terceiro jantar que
temos nesse estilo, e em todos, ela age como uma dama, sem demonstrar
nenhum sinal de medo e desconforto, e olha que alguns homens que se
sentaram conosco era assustador.
Kazuo está com a testa franzida enquanto observa a escolha de pratos
de Allyssa. Seguro o riso quando vejo o novo prato favorito de minha esposa
ser servido.
Solyanka é uma sopa cremosa de cogumelos e outros ingredientes,
sendo extremamente saborosa.
— Algum problema? — Dominic pergunta.
— Pensei que me serviriam algo como Borscht.
— É uma sopa famosa, mas prefiro Solyanka. — Explico. — Borscht
é uma comida Ucraniana, não Russa, embora seja conhecido aqui.
Kazuo prova a sopa, como segura a colher é elegante.
— Ótimo. — Admite.
Como previsto, o que tinha tudo para ser um jantar de negócios chato
e entediante, se torna uma reunião de amigos aonde todos conversam
animadamente sobre diferentes culturas.
— Já foi ao Japão? — Sua pergunta é dirigida a Eduarda.
— Ainda não tive a oportunidade, espero mudar isso em breve. —
Sua voz é tímida e um pouco nervosa.
— Vocês podem ficar em uma das minhas propriedades. — Oferece.
— Caso ele não te leve, me ligue e providenciarei tudo.
Dominic fecha a cara, e passa mão pela de Eduarda.
— Fique tranquilo, qualquer coisa que ele precisar eu farei. — O tom
amigável do meu irmão não disfarça seu ciúme.
O prato principal finalmente chega, interrompendo o momento tenso.
— Como está a situação com os chineses? — Pergunto, mudando o
rumo da conversa.
— Eles não são uma ameaça, eliminamos alguns dos galpões de
armazenamento deles, isso os colocou na linha. — Me encara e sorri. —
Devo acrescentar que nossas bombas não são tão eficientes como as de vocês.
Bombas e armas são um dos principais negócios da família, é uma
obrigação que sejam de qualidade e agradem nossos compradores espalhados
ao redor do mundo. Isso torna nosso produto mais caro.
— Qualidade acrescenta valor ao produto, embora também de mais
trabalho. — Digo. — É bom ser temido, mas fazer alianças é melhor.
A máfia é a união dos membros, nosso foco é lucrar com crime
organizado. É isso o que diferencia dos criminosos comuns pegos com
facilidade pela polícia. Esse tipo de negócio lida com muito dinheiro.
— Eles tinham planos, apenas enviei um aviso. — Dá de ombros. —
Poder é algo que não abro mão.
Caímos em silêncio amigável enquanto jantamos.
Estava preocupado com Eduarda e como agiria durante o jantar, seu
comportamento poderia se tornar um problema, vejo que está tudo bem e
superamos essa fase. Não me importo com como minha família age quando
estamos apenas nós, mas isso facilmente se tornaria um desafio diante de
outras pessoas.
— Depois de uma refeição tão saborosa, me vejo na obrigação de
admitir que sou um fã das comidas típicas de seu país. — Kazuo diz,
limpando a boca.
— Espere para provar a sobremesa, me tornei viciada nela.
— Estou ansioso por ela.
Allyssa sorri, esse é o seu personagem para jantares e eventos onde
estamos com desconhecidos. É engraçado ver como a mulher temperamental
que minha esposa é, se torna outra pessoa nessas situações, com sorrisos
fáceis, sempre ao meu lado de forma elegante e imponente como se espera de
alguém em sua posição.
Quando a sobremesa chega, Ally passa a ignorar a todos, focando
apenas em seu prato. Leite de pássaro, é seu novo vício, ela até mesmo me
fez sair de madrugada em busca do doce deleite.
— Essa sobremesa se chama leite de pássaro. — Ally explica.
Kazuo sorri-lhe, me fazendo ranger os dentes e lutar com meu
temperamento.
— Deve ser deliciosa.
— Penso que apreciará mais a sobremesa se parar de dar em cima da
minha esposa. — Aviso. — Vai ser difícil comer sem os dentes.
Kazuo fica sem jeito, e eu nunca o vi dessa forma.
— Dimitri eu não...
— Nós dois sabemos que sim, e espero que demonstre mais respeito,
esta é a minha mulher e a minha casa. — Lembro.
— Peço desculpas se mui mal interpretado, estava apenas brincando.
— Fica o aviso.
Terminamos a sobremesa, e o pessoal começa a retirar os pratos,
enquanto permanecemos conversando. Tudo estava indo muito bem, até que
sinto uma faca sendo pressionada na minha barriga por um dos garçons.
— Parece que esse jantar ainda não acabou. — Digo, sem me
importar.
— Pode apostar que não. — Afirma.
Capítulo 13
Dominic
Nosso jantar vai por água a baixo no momento em que um dos
empregados coloca uma faca na cintura do meu irmão, imediatamente outros
funcionários do bufê aparecem e usando as facas da mesa, pressionam contra
nossos pescoços.
Recuso-me a acreditar que esses idiotas passaram por nossa
segurança desarmados, e estão usando as facas encontradas em nossa cozinha
para ameaçar nossa segurança. Tenho que admitir que eles são ousados, e não
medo das consequências de seus atos.
— Muito bem! Agora quem dita as regras aqui, sou eu. — O homem
atrás do meu irmão diz.
Encaro Dimitri, ele está tentando controlar seu humor, Kazuo do
outro lado da mesa está fazendo o mesmo. É uma questão de tempo até que a
merda bata no ventilador, e um de nós perca o controle e mate um deles.
— Essas cadelas são gostosas, vamos nos divertir com elas depois. —
Um deles ri, cheirando o pescoço da Eduarda. — Essa loirinha deve pegar
fogo.
Meu sangue ferve com suas palavras.
Se não bastasse essa situação ridícula, onde temos que ir com calma
devido às mulheres, ainda temos que ouvir esses idiotas falando merda. A
única satisfação que tenho, é saber que em algum momento vamos matá-los.
Vai ser divertido aprender algumas técnicas com Kazuo.
— Toque nela e vou arrancar sua pele e te alimentar com ela. —
Aviso, sorrindo com a ideia do que planejei para o filho da puta.
— Como vai fazer isso estando morto? — Provoca.
Dou um sorriso para o babaca.
É irritante como esses idiotas pensam que podem entrar em nossa
casa, tocar em nossas mulheres, e sair impunes. Nós somos Petrov, a simples
menção do nosso nome deve fazer nossos inimigos tremer.
Somos amarrados no meio da sala, fico aliviado quando colocam
Eduarda ao meu lado, assim posso ficar de olho nela. Após verificar nossas
cordas, eles apertam mais o nó em minha mão e se afastam, um dos homens
tira o telefone do bolso e atira para o outro.
— Chame o chefe e diga que conseguimos, estamos no controle.
Quero revirar os olhos e dar risada de sua burrice, mesmo falando em
espanhol, conseguimos entender tudo o que estão dizendo.
Fico atento a sua conversa.
— Sim, chefe. Foi muito fácil. — Se gaba.
Dimitri dá risada, atraindo atenção de um deles.
— No seu lugar não diria isso. — Dimitri fala em espanhol.
— Fique quieto. — Manda.
— Não pensa que vai sair impune após colocar minha família em
risco.
A aviso no tom de Dimitri é claro, ao invadir nossa casa para tocar
esse show de merda, eles assinaram sua sentença de morte.
Irritado com a ameaça, o homem caminha até meu irmão e dá um
soco em sua cara.
— Parece que estou saindo impune disso. — Zomba. — Fique de
olho nesses filhos da puta.
O homem que fica de olho se volta na nossa direção.
— Porque as portas do andar de cima estão trancadas?
— Surpresa. — Dou de ombros.
— Vai ficar surpreso quando eu foder essa vagabunda. — Aponta na
direção da Eduarda.
— Vou adorar te matar. — Rebato, ignorando sua ameaça.
Ficando em silêncio, percebo que Dimitri e Kazuo estão conversando
em francês.
— Tinha razão, deveria ter confiado em você. — Dimitri diz, em um
francês perfeito.
— Tentei te dizer antes.
— Estou ansioso para pôr minhas mãos neles.
— Somos dois.
Allyssa que estavam em silêncio, surpreende a todos entrando na
conversa.
— Façam eles sofrerem. — Diz, percebendo que estamos olhando
estranho. — O que foi? Também sei falar francês.
Eduarda está em silêncio esse tempo todo, fico preocupado que esteja
tendo um ataque de pânico, sabendo seu passado, uma situação como essa e o
assédio por parte dos idiotas, podem deixá-la no limite.
— Você está bem? — Pergunto.
— Sim, não sei falar francês, então aproveitei para me soltar. —
Levanta as mãos como se fosse normal escapar de armadilhas como essas.
— Como fez isso? — Olho em volta, com medo que o babaca
sentado perceba e tente machucá-la.
Ela dá de ombros.
— Usei o isqueiro. — Ergue o objeto que nunca vi com ela.
— Onde conseguiu isso?
— No bolso do idiota que me apalpou.
Ela se inclina e coloca o objeto na minha mão, mantendo a posição,
fingindo que ainda está amarrada.
— O que vocês estão conversando? — O cara pergunta.
— Se fosse para você saber, teríamos te convidado para a conversa.
— Eduarda provoca. — Mas já que insiste, sobre o nível de idiotice de todos
vocês.
Allyssa decide contribuir com seus insultos infantis.
— Um bando de babacas de pau pequeno.
Quer insultar um homem? Fale do tamanho de seu pau.
Rindo o homem para em frente a Ally, acariciando seu rosto e
olhando descaradamente seu decote.
— Você não aguentaria dentro de você. — Seu rosto está a
centímetros do dela.
Claro que ele escolheu a pessoa errada, uma vez irritada, Allyssa dá
uma cabeçada com força em seu rosto, o idiota cai no chão segurando o nariz.
Isso dá a oportunidade para que ela se levante e o chute no saco.
Com todos soltos, corremos para a porta lateral, que dá em uma
passagem secreta para o subsolo.
— Nunca mais faça algo assim. — Dimitri briga com Allyssa no
momento que chegamos na sala de segurança.
— Sabe que vou continuar fazendo. — Acena com a mão, enquanto
caminha para o sofá. — Preciso me sentar ou meus pés irão explodir.
Os mexicanos escolheram o momento errado para nos provocar, eles
optaram pela conveniência ao invadir um jantar com os líderes das maiores e
mais poderosas famílias do mundo, o único problema no plano deles, é que
escolheram a casa errada para começar o show.
— Gosto da sua mulher, ela é forte e se encaixa no nosso mundo. —
Kazuo elogia Allyssa.
Dimitri sorri, assistindo Ally tirar a sandália e colocar os pés para
cima, se sentando no sofá no canto.
— Sim, ela é.
Eduarda está observando as câmeras, e chama nossa atenção.
— Temos um problema, eles estão tentando explodir as portas que
dão para o segundo andar, exatamente aonde nossos filhos estão. — Alerta.
As portas são feitas de um material muito resistentes, nós sabemos
disso porque testamos todas antes de aprovar a instalação.
— Isso não é problema, essas portas são blindadas com um duplo
revestimento que não vai permitir que o som da explosão ultrapasse e acorde
nossos filhos. — Tranquilizo-a.
Eles podem não saber, mas temos o controle de toda a situação. O
único problema é que preciso que Dimitri se recomponha, controle suas
emoções e decida atacar, felizmente isso não demora.
Dimitri está no modo capo no momento, pega seu telefone e liga para
os homens do lado de fora do hotel, de olho nos retardatários.
— Chefe?
— Podem entrar no hotel e matar todos, exceto o líder deles. —
Manda, depois de mais algumas trocas de palavras, meu irmão finaliza a
ligação. — Vocês têm dez minutos.
Desligando o telefone, sua atenção se volta para os monitores, com
um sorriso satisfeito, meu irmão aperta um botão, acionando bombas de
fumaça pela casa, elas guiam nossos convidados pela casa até uma sala
isolada.
— O que é isso? — Kazuo está curioso.
— Mesa de jogos, e a melhor parte? Nossos jogadores são reais. —
Respondo, divertido.
— Por que os levou para essa sala?
— Mais fácil para colocá-los para dormir. — Dimitri explica. — Vai
ser uma soneca rápida, vamos nos divertir no porão.
Kazuo sorri, satisfeito.
O telefone do Dimitri toca, é um aviso de que o ataque foi concluído.
Um dos nossos homens se feriu, mas foi algo superficial, nada que ele não
resolva por conta própria, nesse momento nossa prioridade é outra.
Allyssa e Eduarda que estavam conversando, se levantam e se
despedem de nós, em seguida acenam para Kazuo dizendo que foi um prazer
conhecê-lo. Ela caminha para o elevador.
— Sei que esse elevador dá no quarto das crianças. — Diz Allyssa.
— Faça eles sofrerem. — Eduarda murmura, me dando um beijo, em
seguida se afastando. — Se cuide.
— Me espere acordada. — Murmuro cheio de malícia.
Depois que às duas mulheres se vão, voltamos para a sala onde os
mexicanos estão trancados, é uma questão de tempo até que nossos caras
tragam seu chefe aqui, até lá os deixaremos prontos para o grande show.
— Levem eles até o porão e os prendam lá. — Mando para nossos
seguranças.
— E quanto aqueles homens ali? Vão apenas olhar? — Kazuo aponta
na direção dos três que estão segurando armas na porta da sala.
— Enquanto não ser uma ordem direta, sim. — Responde Dimitri. —
Quando eu terminar essa merda, quero saber quem deixou esses filhos da
puta entrar.
Um dos homens segurando a arma engole em seco.
— Chefe? — Chama.
— Sim? — Dimitri se volta em sua direção.
— Eles chegaram.
Sorrio em antecipação, está na hora de ensinar uma lição para alguns
filhos da puta.
Capítulo 14
Dominic
— Espero que tenha se divertido invadido minha casa. — Dimitri
observa o homem.
Ao contrário do que qualquer pessoa com bom senso, o líder deles da
risada.
— Se eu fosse você ficaria de olhos abertos, temos pessoas do nosso
lado em todos os lugares.
Em outras palavras, ele está insinuando que temos um traidor na
família.
— Vamos ver quanto tempo ele vive já que você está prestes a
morrer.
Dimitri corta o pescoço do homem, sangue jorra do corte, quando sua
cabeça pende para frente já sem vida, um balde é colocado perto para que o
sangue caia dentro. Terminando com ele, meu irmão pega a serra elétrica, ele
corta a cabeça do homem, bem a tempo de um dos capangas acordar e assistir
à cena.
Quando percebe o que está acontecendo, o homem grita e se mija nas
calças.
— Vocês são doentes. — Grita.
Segurando a cabeça, Dimitri a coloca próximo ao rosto do homem.
— Doente? Não. — Ri.
Admito que deve ser um pouco macabro ter uma cabeça decapitada,
ainda sangrando, com os olhos abertos, próxima do seu rosto.
— Tire essa merda do meu rosto. — Grita desesperado.
— Pensei que fossem próximos, pela forma como se falaram. — Se
abaixando, sussurra. — Vou fazer da sua vida um inferno.
— Me deixa ir embora. — Pede.
— Já? Achei quererem participar do jantar, e jogar um pouco. —
Lembra.
— Por favor...
— Quem permitiu sua entrada na minha casa?
Kazuo observa a interação do meu irmão com o homem, vejo
surpresa e até mesmo um pouco de medo em seus olhos. Dimitri está
demonstrando sua força, não apenas para os homens presos, mas um aviso
para que nossos aliados não pensem que podem nos trair e se safar.
— Por favor.
— Responda. — Manda.
Dimitri está nesse estado de espírito que nosso pai nos ensinou a
entrar diversas vezes. Desde jovens somos ensinados de que tudo está na
mente, e nós a controlamos, nos distanciamos das emoções de sentimentos.
— O homem no portão, pagamos para nos deixar passar sem olhar
nossas coisas.
Um estalo de dedos para chamar a atenção tem um dos seguranças
correndo para nosso lado.
— Traga-o até mim. — Manda.
Quando o empregado sai, Dimitri puxa a cadeira para o centro da
sala, deixando-o perto da mesa com as ferramentas.
— Penso que tenha se divertido tocando na minha esposa grávida. —
Mexe nas ferramentas. — Gostou do que viu? — Esperto, o idiota não
responde. — O que foi? Por que está em silêncio? Ainda há pouco estava se
gabando sobre o tamanho do seu pau. — Sem resposta, Dimitri se abaixa e
olhando em seus olhos. — É difícil ser um machão sem segurar uma arma. —
Ri. — Homens como você me dão nojo. — Meu irmão dá um soco em sua
cara. — Vou ser rápido com você, não tenho motivos para te manter aqui se
já consegui o que queria. — Pegando um machado, acerta sua mão.
Os gritos do homem preenchem a sala, enquanto Dimitri insiste na
ferramenta, que aparentemente não está afiada. Por sorte, essa sala, assim
como muitos cômodos da casa tem isolamento acústico.
O outro homem decide acordar nesse momento, murmurando
algumas coisas sem sentido.
— Logo vamos cuidar de você. — Sorrio.
— Por mais divertido que seja, tenho outras mãos para arrancar. —
Dimitri diz, em seguida me encara. — Dom, você gostaria de conversar um
pouco com nosso amigo?
Arrasto o homem para o outro lado, não queremos nossos
brinquedinhos entretendo-se com o castigo do outro.
— Com dor? — Pergunto.
— O... o que acha? — Respira com dificuldade devido à dor.
— Acho que está na hora de arrancar sua pele por tocar na minha
mulher. — Digo. — Mas não apenas por isso, também por invadir minha
casa e colocar a vida da minha família em risco.
— Vai me torturar por horas? — Sua voz tem um tom irônico.
Para alguém que acabou de perder sua mão, esse filho da puta pensa
que pode me irritar e me fazer perder o controle.
— Farei isso rápido, embora, quanto mais rápido, mais dor.
Com um bisturi faço um corte profundo na linha entre sua testa e o
couro cabeludo, sues gritos de dor são música para os meus ouvidos.
— É isso que chama de tirar a pele? — Ri. — Passei por coisas
piores na prisão. — Debocha.
Seu sorriso morre quando com uma luva jurídica, agarro ambos os
lados de sua cabeça e puxo a pele para baixo em direção ao rosto. É nojento
observar os nervos e a carne viva por baixo de sua pele.
Kazuo está apenas observando, decidindo que estou bem, se afasta e
vai para o lado do Dimitri.
— Não adianta ficar gritando, te avisei que quanto mais rápido, mais
doloroso. — Me afasto, querendo que ele tenha a sensação de antecipação.
Estou considerando minhas opções, talvez seja divertido jogar água e
sal em seu rosto.
Dimitri já terminou com o outro homem, Kazuo continua apenas
observando.
— O que vai fazer com o traidor? — Pergunta para o meu irmão.
— Ele sabe que não existe demissão da máfia, ainda não decidi como
o punirei. — Dá de ombros. — Quanto aos outros, vou deixar nas mãos dos
empregados.
— O chefe deles pode ter mais informações.
— Aquele homem não era o chefe, o cara sem pele é o verdadeiro. —
Dimitri explica. — Os mexicanos têm algo em comum comigo, o chefe está
em campo.
Observando a situação, o chefe japonês percebe que deixou algo
passar.
As tatuagens mexicanas, assim como em outras famílias, indicam a
posição dos homens na máfia. Existe uma diferença entre a desses homens,
enquanto uns têm tatuagens de soldados, o homem sem pele tem a de um
chefe.
Cada movimento é pensado dentro do nosso mundo, muitas vezes até
mesmo ensaiado, caso as coisas não saiam como planejado, é uma boa
tentativa de se livrar de longas horas de tortura.
— Não esperava por sua traição. — Dimitri volta sua atenção para
um dos nossos. — Faz parte da família há muito tempo, sabe que não
traímos.
— Eu...
Dimitri interrompe sua explicação.
— Não quero saber, você nos traiu e colocou a vida dos seus irmãos e
do seu líder em risco. — Diz. — Isso não tem perdão.
— Vai me matar? — Ri sem humor.
— Seria muito fácil. — Diz. — Não confio em você.
Olhando em volta faz uma careta.
— Vai me deformar?
Dimitri pega uma faca e se aproxima de seu rosto, desliza a faca,
fazendo um corte que começa na testa e termina na lateral esquerda do rosto,
perto da bochecha.
— Seu castigo é se olhar no espelho e ver a marca de sua traição,
todos que olharem para você saberão que é um traidor.
— Vai me permitir viver?
Seu tom é de surpresa.
— Pensa que sou idiota? — Dimitri ri sem humor. — Sei que quer
morrer! Foi um dos meus melhores homens, o mais confiável e então sua
esposa morre e decide me trair.
Quero dar risada do quão idiota foi sua tentativa de nos manipular,
ele deveria saber melhor do que fazer isso.
Sua esposa morreu em um acidente de carro, ela perdeu o controle
em uma pisca congelada, devido à causa aparente ter sido o gelo, a polícia
local não queria realizar uma perícia, mas Dimitri insistiu. Os relatórios
chegaram há alguns dias, e meu irmão não teve tempo de conversar com ele.
— Existem formas mais fáceis de morrer. — Lembro.
— A morte da sua esposa não foi um acidente, os freios foram
cortados. — Dimitri diz, sem se importar com o momento.
— O quê? — Por um segundo penso que suas pernas vão falhar e ele
vai cair de joelhos, mas logo se recompõem.
— Confundiram o carro dela e cortaram os freios do veículo errado.
— Explica. — Não vou te matar porque sei que está de luto, e me serviu bem
durante todos esses anos.
— Se queria algo pelo qual viver, viva por sua vingança. — Digo.
— A garota a qual estavam atrás, vou te mandar atrás dela. — Meu
irmão continua. — Ela é a única que pode te ajudar com isso.
— Obrigado.
Dimitri acena.
— Confiança é algo que jamais deve ser quebrada, visto que isso
acontece, é impossível reconstruí-la.
Com a ordem de levá-lo para fora da nossa propriedade, ficamos
sozinhos com Kazuo e o resto dos encrenqueiros.
— O homem te trai e o deixa vivo? — Rosna com raiva.
Desafiado, Dimitri agarra no pescoço de Kazuo, o prendendo contra a
parede.
— Essa é a minha família, quem manda aqui sou eu. — Avisa. —
Nesse lugar tudo o que digo é lei, portanto cuide dos seus negócios e não se
meta nos meus. — Dimitri caminha para a porta, mas antes de sair se vira na
minha direção. — Mande terminarem com essa merda e limpar tudo, os
corpos vão para o forno.
— Devo chamar um médico? — Aponto para o cara na cadeira, o que
eu estava me divertindo antes.
— Termine com essa merda agora. — Manda.
Sorrindo satisfeito com sua resposta, volto para perto do meu
brinquedinho e atiro em sua cabeça.
Saindo da sala, me viro para o soldado parado ao lado da porta.
— Limpem essa bagunça.
Kazuo me segue.
— E quanto a mim? — Ele tem uma masca vermelha onde Dimitri
segurou sua garganta.
— Vá embora! Se tiver alguma novidade nos avise, faremos o mesmo
com você;
Capítulo 15
Eduarda
Acontece que fazer parte de uma família mafiosa tem seus altos e
baixos, quem diria que um jantar poderia ir por água a baixo tão rápido?
Dominic entra no quarto, no que parecem ser horas depois.
Não é uma novidade que Dominic e Dimitri tenham resolvido a
situação tão rápido, até onde vi, essa casa poderia ser uma fortaleza.
— O que aconteceu com aqueles homens? — Sigo Dominic no
banheiro.
— Eles não serão mais um problema. — Responde de forma vaga,
enquanto liga o chuveiro e tira a roupa.
— Vai se fechar outra vez e me manter de fora? — Cruzo os braços e
espero.
— Não estou me fechando, apenas não quero que as coisas que faço
te afetem.
Tiro minha roupa e entro no chuveiro atrás dele, o abraço por trás e
encosto minha cabeça em suas costas.
— Não tenha medo de ser quem você é, jamais te julgarei pelas
coisas que tem que fazer. — Digo, deslizando minha mão por sua barriga. —
Nossas realidades não são tão diferentes.
— Já torturou alguém? — Sua voz é cheia de ironia.
— Não, o que estou tentando dizer é que estamos juntos em todos os
momentos, sejam os felizes ou os tristes, e compartilhamos todos os
momentos.
Dominic segura minhas mãos, afastando do seu corpo, ele se vira de
frente para mim e me beija. Não um beijo intenso como sempre faz, e sim um
beijo de quem busca carinho e conforto. É nítido que, está com medo e por
mais desesperada para correr que esteja, meu coração insiste que devo
permanecer aqui.
— Estou aqui, não vou a lugar algum. — Prometo.
— Isso é uma promessa? — Seu tom é desconfiado.
— Sim.
— Graças a Deus!
Sua boca cai sob a minha, sem folego, não consigo reagir, logo me
vejo presa contra a parede, as minhas pernas em volta de seu quadril, minhas
mãos em seu pescoço enquanto as suas apertam minha bunda com força.
— Eu quero você aqui, agora.
— Eu sou sua. — Ofego, quando ele me penetra.
— Diga isso de novo.
— Sou sua, toda sua e eu te amo.
Ele está impulsionando contra mim, nosso ritmo me deixa na borda
rapidamente, estou prestes a gozar.
— Porra mulher, continue com essa sua fala mansa e logo vou gozar.
— Já estou quase lá. — Admito.
— Eu sei, posso sentir você apertando essa sua bocetinha gostosa
envolta do meu pau. — Dou risada. — Não deveria estar rindo.
— Você me deixa muito excitada. — Mudo de assunto.
— Seja o que for, estou prestes a gozar também. — Ele mete com
mais força em mim e nós dois gozamos juntos.
Graças a deus ele não me coloca no chão imediatamente, não
conseguiria ficar em pé. Ficamos abraçados em baixo dos jatos de água, um
dos melhores momentos da minha vida. Não faço ideia de quanto tempo
ficamos assim. Quando terminamos nosso banho, nós nos secamos e
deitamos nus em baixo das cobertas, conversamos sobre tudo o que fizemos
nesse tempo afastado, e sobre a nossa filha.
— Ela adora desenhos e tatuagens, sempre que alguém com tatuagem
para perto dela, ela fica encarando. — Admito e ele sorri.
— Ela vai querer fazer algumas quando mais velha. — Diz.
Fico assustada com essa possibilidade, não quero minha filha toda
tatuada andando por aí, como uma cópia de seu pai.
— Nem pensar. — Digo imediatamente.
— Não posso proibir minha filha de algo que fiz, meu pai sempre
disse isso.
— Seu pai o ensinou errado.
— Ele nos fez as pessoas que somos hoje, a liberdade que nos deu
para quebrar a cara e cometer erros, ajuda a construir caráter.
— Minha filha não tem idade para quebrar a cara, e no que puder a
proteger de cometer os mesmos erros que eu, farei.
— Por mais medo que tenha de um dia você me deixar, preciso te
avisar. — Seu tom de vós e o silêncio que se estende antes de suas próximas
palavras, me deixam nervosa. — Nossa filha vai crescer na máfia, e tanto
quanto você quer la protege, é mais importante que ela conheça muito bem o
mundo que vai viver.
— Dom...
— Nosso mundo não é fácil, mas conheceu minhas irmãs, elas são
mulheres incríveis, e nossa filha vai ser igual.
A família do Dominic é grande, barulhenta e um pouco confusa, mas
eles se apoiam e estão sempre prontos para se apoiar mutualmente.
— Sabe de como Dimitri arruinou tudo com Allyssa.
— Isso foi há um tempo.
— Sim, e tem Willow e Erick, os dois foram uma bagunça completa,
mas estão bem.
— De certa forma sim, mas ela quase teve que se casar com alguém
que não conhecia a pedido do nosso pai.
— Isso é...
— Normal em muitas famílias, não na nossa. — Explica. — Dimitri
preferia o Antônio ao Erick.
— O que ele fez para que seu irmão o odiasse tanto?
— Nossa irmã sofrer.
Dou de ombros, dando razão para Dimitri não gostar do cara.
— Nesse caso estou do lado do Dimitri.
Erick ri, quão absurda é a ideia de eu apoiar seu irmão.
— Erick mudou, Willow é muito feliz com ele.
— Tenho certeza que sim, do contrário estaria morto. — Dou risada.
Conversamos por mais um tempo até cair no sono.
Na manhã seguinte, acordo sozinha na cama, me visto e vou até o
quarto da Charlie, encontro Dominic brincando com ela, os dois estão
conversando. É uma cena linda, e me sinto mal por tirar momentos como esse
de ambos.
— Eduarda? — Allyssa me assusta, colocando a mão no meu ombro.
— Desculpe, não queria te assustar.
— Tudo bem. — Me afasto da porta. — Algum problema?
— Pode me ensinar a atirar depois do café da manhã?
Olho para sua barriga de grávida e me pergunto se é uma boa ideia.
— Não vai ser um problema. — Responde minha pergunta não
formulada, acariciando sua barriga.
Seu gesto carinhoso me dá vontade de ter outro bebê, mas no
momento que lembro dos acontecimentos de ontem, mudo de ideia.
— Claro, se quiser podemos ir agora.
— Não está com fome?
— Não.
Dando de ombros ela concorda e eu a sigo.
Nos fundos da propriedade, há um stand com armas de todos os
calibres, um verdadeiro arsenal de armas.
— Esse lugar é enorme.
— Os Petrov não fazem nada pequeno.
Estudo as armas disponíveis e pego uma pequena, sei que vai ser
mais fácil para Allyssa atirar com ela no começo, e é prática para se carregar
na bolsa.
— Vamos começar com essa, é boa para começar e também prática
de levar por ai. — Explico.
— Tudo bem. — Concorda fazendo beicinho.
— Nós não somos homens que medem o tamanho de seus paus com
armas, somos inteligentes. Todas elas têm o mesmo objetivo, matar. A
diferença é que essa é discreta e ninguém vai esperar pelo ataque.
A ensino a prepara a arma, o próximo passo é ensiná-la a mirar.
Depois que Ally coloca o equipamento, assisto enquanto ela mira e acerta o
alvo, várias vezes seguidas, com tiros precisos.
— Isso foi surpreendente. — Elogio.
— Dimitri me ajudou, ele quis me dar uma aula ontem. — Como ela
cora me diz que ele ensinou muito mais do que apenas atirar.
— Estavam de sacanagem. — Dou risada.
— Eduarda. — Arregala os olhos e fica vermelha. — Não aja como
se não tivesse feito a mesma coisa.
— Disse-lhe que o amo. — Admito.
— E ele?
— Já tinha me dito há alguns dias, mas eu estava com medo... Ainda
estou. — Confesso. — Prometi-lhe que não vão mais correr.
— Seu medo é devido à Charlie.
Concordo.
— Tenho medo que minha filha se machuque.
Allyssa sorri, de um jeito reconfortante.
— É normal ter medo, mas essa família é tão unida a ponto de morrer
um pelo outro. Todos são fiéis e protetores, Charlie não poderia ter uma
família melhor. — Diz. — E você faz parte dela.
De alguma forma essa mulher consegue me acalmar e não tenho
certeza se isso é uma coisa boa, pois às vezes preciso surtar um pouco.
— Obrigado.
— Não me agradeça, só me encha de detalhes suculentos sobre como
é o sexo. — Pede. — Você mancou depois da primeira noite de vocês? —
Pergunta.
— Você mancou? — Estou surpresa.
— Sim, Dimitri é GG. — Comenta.
— GG?
— Grande e grosso.
Dou risada, essa mulher é sem filtro.
— Sim, mas ele tem o pau perfurado. — Comento.
— Que Dimitri não me escute dizer isso, mas uma vez sai com um
cara perfurado. — Admite.
— E foi bom?
— Médio, prefiro o que tenho aqui. Até porque sei que Dimitri não
perfuraria o dele.
— Pode ter certeza que não. — Uma voz grossa vem atrás de nós e
fico quieta, observado os dois.
Capítulo 16
Dominic
Charlie e eu procuramos por Duda, buscamos na casa toda, estou
começando a ficar nervoso, quando me lembro que Ally, estava ansiosa para
ter aulas de tiro, é quando me acalmo e sigo até o stand.
Estamos chegando na porta quando a encontro escapando em silêncio
da sala.
— Algum problema?
— Dimitri e Allyssa estão conversando. — Se mexe de forma
desconfortável.
— Sobre que estão discutindo?
— Piercing. — Ela encara Charlie enquanto diz isso.
— O que é isso? — Nossa filha pergunta, curiosa.
— É um tipo de brinco que se coloca em diferentes partes do corpo.
— Explico.
— Isso deve dor. — Faz uma careta igual a sua mãe.
— Um pouco. — Concordo.
— Meu brinco é um piercing? — Seus olhos brilham com a
possibilidade de ter um.
— Sim. — Concordo.
— Incrível. — Animada, sai correndo na nossa frente.
Eduarda me encara, um aviso de que é melhor eu calar minha boca e
parar de introduzir Charlie no mundo dos piercings e tatuagens, antes que
nossa filha acabe se tornando uma gótica cheia de tatuagens e alargadores.
Não que eu tenha moral para proibir algo.
— O que foi? — Me finjo de inocente.
— Você é impossível. — Revira os olhos e sai andando atrás de
Charlie.
Gostando de como as coisas estão indo bem, a sigo, com uma cara de
idiota. Charlie e Eduarda vão para os fundos da casa, onde há um jardim
coberto. É uma obra da minha mãe, a pessoa cujo nome é como uma peste em
nossa casa.
— Esse lugar é lindo, quem fez? — Charlie pergunta, enquanto se
abaixa para ver uma lagarta perto das flores.
— Minha mãe, ela fez antes de...
Como posso explicar a ausência de alguém que nem mesmo sei se
está morta ou não?
— Ela virou uma estrelinha? — Eduarda oferece e eu aceno.
— Sim, quando eu era pequeno.
— Lamento. — Diz, abraçando minhas pernas.
Eduarda observa toda a cena de longe, ela parece satisfeita com o
quão rápido Charlie e eu nos aproximamos.
— Preciso comer algo. — Eduarda fala.
— Tive uma ideia.
— Qual? — Minha princesa pergunta, curiosa.
— Que tal se a gente sair hoje e eu levar vocês para comer e conhecer
toda a cidade?
— Eba! — Charlie pula animada.
— Não sei... — Eduarda parece receosa.
— Por favor, mamãe. — Charlie junta as mãos e implora fazendo
beicinho.
Essa garota é muito adorável e esperta, e isso chega a ser assustador,
deve ter puxado isso da mãe ou até mesmo de mim.
— Onde você quer nos levar?
— Isso é surpresa, mas prometo que vai ter comida.
Voltamos para casa e elas vão se trocar, enquanto isso, vou até o
escritório e procuro em uma caixa guardada no armário, lá encontro o anel da
minha mãe. Dimitri nem mesmo considerou a possibilidade de dá-lo para
Allyssa, é um anel bonito, com uma grande pedra de diamante, ele é de um
tom de azul bem claro.
Quando pego e volto para a sala, às duas descem as escadas.
— Estamos prontas. — Anunciam.
Pego a mão de Eduarda e do outro lado a de Charlie e os, guio até o
carro.
Nosso motorista está nos esperando com as portas abertas. No
caminho, Eduarda e eu ficamos em silêncio, enquanto Charlie se diverte
tagarelando sobre como ela está gostando de morar aqui, e como ter tios e um
primo é legal.
Eduarda criou uma menina sensacional, nossa filha é inteligente,
educada e carinhosa. Mesmo enfrentando tantos problemas para manter
ambas seguras, Duda não permitiu que nada disso interferisse na vida da
nossa menina.
— Toda mãe que de fato se importa com ser mãe faz o impossível em
situações extremas. — Eduarda responde. — Na verdade, homens são ótimos
em fugir de suas responsabilidades e deixar tudo nas costas da mãe.
— Pensei em voz alta. — Admito.
Eduarda ri da minha resposta e muda de assunto.
— O que planejou?
— Segredo. — Provoco.
Ela imita Charlie, cruzando os braços e fazendo beicinho.
— Não me importo mesmo.
Charlie dá risada.
— Mamãe...
Às duas começam a brincar e implicar uma com a outra.
É diferente tê-las em minha vida, recentemente não fazia ideia de que
poderia ter isso. Encontrar Charlie e Eduarda no mercado, foi o melhor
momento da minha vida, mesmo com raiva tentando entender como a mulher
que amei pode manter minha filha escondida de mim, fiquei preocupado em
descobrir como mantê-las ao meu lado.
Chegando no nosso destino, a Praça Vermelha. Sei que ambas já
conhecem parte da cidade, principalmente o maior ponto turístico do país,
mas não custa nada mostrar os meus lugares favoritos.
— Grande surpresa. — Duda diz, sendo sarcástica.
Charlie brinca, correndo atrás de pombos.
— Você nem sabe o que faremos. — Repreendo. — Vocês precisam
de roupas de gala.
— Por quê?
— Não vou te dar dicas, ainda mais depois desse seu comentário. —
Sei que ela vai ficar mais irritada do que antes. — Vamos comer e então
continuamos com o que planejei.
— Estou com fome, mas é de outra coisa. — Eduarda aperta minha
bunda, sua provocação me deixando excitado.
Os levo para o parque Gorki, lá tem um ótimo restaurante chamado
Bulka. Minha mulher queria tomar café da manhã, mas já estamos na hora do
almoço. O lugar que escolhi tem um clima agradável, com uma ótima vista,
no verão podemos sentar do lado de fora, mas como estamos no inverno,
ficamos no clima aconchegante do interior.
A atendente me vê e imediatamente nos leva para uma mesa
reservada, um dos benefícios de se fazer parte de uma família conhecida.
— Esse lugar é bonito. — Comenta, enquanto nos sentamos.
— Eles servem a melhor comida.
Todos pedimos massa, e Eduarda rouba algumas garfadas da minha
comida, enquanto Charlie tagarela tentando adivinhar qual é a surpresa.
Ambas estão curiosas e temo que acabe atrapalhando os meus planos.
Sinto uma mão deslizando em cima do meu pau, por baixo da mesa,
Eduarda me provoca, acariciando-me por cima da calça. Mexo-me na cadeira,
tentando ficar em uma posição confortável.
O que ela tem na cabeça para me torturar dessa forma?
— Preciso ir ao toalete. — Me levanto e praticamente corro em
direção ao banheiro.
Nunca pensei que bateria uma, no banheiro de um restaurante, ainda
mais sendo um “passeio em família”.
Não demoro muito para gozar, a imagem de Eduarda ajoelhada na
minha frente com a boca envolta do meu pau, é o estímulo que preciso para
resolver meu problema e me limpar rapidamente.
Na volta para a mesa, noto uma mulher conversando com Eduarda e
Charlie, penso que pode ser alguém encantada com ambas, mas no momento
que chego na mesa, estou além de puto.
Debora é um caso passageiro que tive, as coisas não foram muito
bem. Sua insistência em tentar me conquistar, e as mentiras que espalhava
pela cidade, dizendo mais do que realmente era, foi um problema.
— Não me importo com quem você é, só quero saber o que está
fazendo com o meu homem. — Sua voz esganiçada ainda me dá dor de
cabeça.
Agarro seu braço e a puxo para longe de Eduarda.
— Nunca mais se aproxime da minha mulher e filha. — Aviso, nem
mesmo tentando disfarçar minha irritação.
Debora fica pálida.
— Filha?
— Você é surda, porra?
— Não, mais...
Abaixo o tom da minha voz para que ela perceba a ameaça.
— Suma da minha frente ou não vai gostar das consequências.
— Quem pensa que é para falar desta forma comigo? — Coloca a
mão no quadril e estufa o peito.
— Quer mesmo saber?
Meu tom não a agrada, é suas próximas palavras assinam sua
sentença.
— Idiota, fique aí com sua puta e a bastardinha. — Ela ri analisando
suas unhas pontudas tingidas de vermelho. — Duvido que ela seja sua.
Estou farto desse show de merda.
Quem essa cadela pensa que é para armar todo esse circo de merda
em um local público?
Pelo canto do olho, noto que Duda está nos observando, parecendo
desconfortável com a cena se desdobrando perto dela. Quando ela se levanta,
penso que estou na merda, mas me surpreende ao agarrar o braço de Debora e
dar um soco em sua cara.
— Fui educada com você até agora, mas a próxima vez que se referir
a minha filha desta forma, seu nariz não vai ser a única coisa que vou
quebrar. — Avisa. — Charlie.
Conhecendo o tom de voz de sua mãe, Charlie que estava quieta
agindo como se nada estivesse acontecendo, se levanta e segurando a mão de
sua mãe caminha até a porta de saída. Elas me deixam para trás, como o
idiota que sou.
— Viu o que aquela puta fez? — Chama atenção novamente.
Essa filha da puta não cansa nunca?
— De graças a Deus por ela ter lidado com você, se cruzar nosso
caminho outra vez, estouro seus miolos.
Saio do restaurante a procura das minhas garotas, não levo muito
tempo, ambas estão paradas em frente a vitrine de um petshop que tem
filhotes de cachorro.
— Por que me deixou sozinho? — Pergunto.
— Você mereceu, e eu não estava a fim de passar vergonha. —
Murmura Eduarda.
— Ele é tão bonitinho, mamãe. — Charlie pula observando o
cachorro, é muito fofo como fala. — Não acha, Dominic?
— Claro. — Concordo.
Charlie ainda não se sente confortável em me chamar de, pai, sempre
que ela usa meu nome, sinto vontade de colocar Eduarda sob minha perna e
bater em seu traseiro teimoso. Não deveria ser assim entre minha filha e eu,
mas aceito minha cota de culpa e espero ansioso pelo momento que o faça.
— Quer um? — Ofereço.
— Obaaa! — Grita e salta animada.
Eduarda faz uma careta.
— Duvido que seu irmão aprove.
— Aquela casa também é minha, não preciso de permissão. —
Lembro. — Zack tem um cão, acho justo que nossa filha também tenha.
— Tudo bem. — Desiste da luta.
— Vá escolher seu cãozinho. — Digo, e observo minha garotinha
correndo animada para dentro da loja.
No fim das contas, Charlie fica triste ao ter que escolher apenas um
cãozinho e deixar seus irmãos para trás. Todos os filhotes estão para adoção,
com dó de deixá-los nessa loja fria sem seu irmão, dou o que minha filha
quer e adotamos todos.
— Seus irmãos vão te matar. — Eduarda ri quando um dos filhotes
lambe seu rosto.
— As crianças vão ficar felizes e ao menos Ally ficará do meu lado.
— Eles são um casal estranho. — Comenta, enquanto observamos
nossa filha alimentar um dos cães.
— Eles se amam.
— Qual vai ser o próximo passo?
Sorrio sabendo que ela ainda está ansiosa para o resto da surpresa.
— Vamos deixar Charlie e os filhotes em casa, enquanto a ajudo com
eles, você se troca.
Não vou permitir que Eduarda saia de perto de mim, não depois do
show que participamos no restaurante.
— Tudo bem. — Revira os olhos.
Entramos no carro, me sinto aliviado por ter ambas em um ambiente
a qual posso controlar. Quando chegamos a casa, um dos filhotes salta e corre
explorar o ambiente, enquanto Charlie, como a dona exemplar de vários
filhotes, sai correndo atrás dele.
— O que é isso? — Uma das empregadas pergunta.
— Cachorros.
— Sei que é, mas...
— Apenas faça o seu trabalho, que não inclui cuidar da minha vida,
não esqueça quem manda aqui. — Aviso.
Eduarda segura minha mão, enquanto entramos na casa e seguimos
para nosso quarto.
— Isso foi grosseiro.
— Ela passou dos limites ao me questionar. — Digo, não querendo
entrar em uma discussão a respeito das regras da casa. — Vá e se troque.
— Pensei que faríamos outra coisa. — Morde o lábio.
— E vamos, apenas não agora.
Seu sorriso morre.
— O que fez com o velho Dominic?
— Se eu fosse o velho eu, seria mais fácil para você me abandonar.
— Lembro. — As coisas mudaram e não vou permitir que isso aconteça.
Seu sorriso desaparece, ela se levanta e vai para o banheiro, batendo a
porta na minha cara.
— Não foi isso que...
— Me espera lá em baixo. — Grita do outro lado da porta.
— Se é isso o que quer.
Posso ouvi-la chorando e me sinto um bastardo, é um novo dom que
descobri. Sempre que estamos bem e finalmente seguindo no nosso
relacionamento, abro minha boca e falo merda.
Saio do quarto e vou para o escritório, Dimitri está lá, lidando com
uma pilha de papéis.
— Problemas? — Pergunta ao me ver.
— Sou um idiota.
— Isso não é novidade. — Larga os papéis e me encara.
— Toda vez que penso que Eduarda e eu estamos seguindo, um de
nós estraga tudo.
Deixo de lado que normalmente sou eu.
— Relacionamentos são assim.
— Você e Allyssa não agem dessa forma.
— Isso porque não viu como ficou quando a sequestrei. — Ri. —
Relacionamentos exigem mais, principalmente casamento, mas no fim, valem
muito a pena.
— Estou tentando dar o meu melhor.
— E o que vai fazer?
— Planejei algo especial para nós dois. — Conto meu plano para a
noite, Dimitri escuta atentamente.
— Quando voltar, terei a casa de hóspedes pronta. — Diz.
— Não seria...
— Vamos tornar uma tradição.
— Obrigado.
Posso ouvir Eduarda andando no corredor, me levanto e corro em
busca dela, perdendo o folego por um instante quando a vejo. Ela está linda, o
suficiente para me deixar com uma cara de idiota e uma ereção.
Eu pareço um adolescente quando estou perto dela.
— Vamos. — Estendo meu braço e ela o pega.
— Ainda está mantendo segredo sobre esta noite?
— Sim, mas prometo que você vai gostar.
Capítulo 17
Eduarda
Detesto surpresas, nada contra quem gosta, mas odeio me sentir
ansiosa e com medo do que está prestes a acontecer, nem sempre são coisas
boas. Com um passado como o meu, estar no controle é importante.
— Já disse que odeio surpresa?
Estamos a caminho do lugar que Dominic insiste em me levar. Suas
mãos na minha perna, sua postura relaxada, ao contrário da minha, estou
ansiosa, estalando os dedos e contando os segundos para chegarmos.
— Sim, mas foi há um tempo. — Mente, sua mão pressionando
minha coxa.
— Só esse tempo foi há poucos minutos. — Zombo.
— Não me lembro de ter ouvido hoje.
— Chega de palhaçada! Fala-me onde estamos indo. — Tiro a venda
dos meus olhos e o encaro.
— Você é uma estraga prazer enorme. — Reclama.
— Fale de uma vez.
Dominic faz beicinho, sabendo que preciso tornar as coisas mais
interessantes para ele, me sento em seu colo. Não me importo em amassar o
vestido ou se vou parecer bonita ou não, quero estar perto dele, mesmo que
isso signifique sair deste carro com a roupa toda amarrotada.
Chupo seu pescoço.
— Você sabe exatamente como fazer um homem falar. — Passa a
mão pelas minhas costas, parando na minha bunda.
— Não, apenas sei o que precisa para te fazer falar. — Mordisco sua
orelha, ouvindo sua ingestão de ar.
Ele geme um pouco, mas logo desiste do segredo, na medida que
começo a me esfregar contra sua ereção, as palavras vêm com mais
facilidade.
— Eu estou te levando até o Bolshoi e você vai ver um dos maiores
tesouros do meu país.
— Já vi a estrutura depois que reformaram. — Falo como se não
fosse nada de mais.
Não entendo o motivo para Dom ficar quieto, até que o carro para em
frente ao teatro.
O lugar é lindo a luz do dia, mas a visão dele todo iluminado é lindo.
O que antes era uma enorme estrutura arquitetônica e de certa forma
chamativa, agora está toda iluminada, inclusive a fonte, tornando tudo
mágico.
— Quer saber um pouco da história, ou já sabe isso também? — Seu
tom é zombeteiro.
— Mesmo se eu soubesse, você está prestes a ter um ataque para me
contar. — Reviro os olhos e faço um gesto com a mão. — Me diga o que
sabe.
— Vamos. — Segurando minha mão, nos leva para dentro.
Enquanto caminhamos, fico de boca aberta com a beleza do lugar, e
também com o meu "guia" particular, que conta cada detalhe do que sabe.
— Como já sabe o teatro passou seis anos fechado para reforma e
custou certa de 628 milhões de dólares. — Conta. — Equivalente a 28
bilhões na nossa moeda. Essa reforma foi feita para reparar tudo o que foi
comprometido durante o período soviético.
— Sabe tudo sobre a sua cidade? — Pergunto.
— Posso falar sobre todos os lugares turísticos e cada pequena pedra
dessa cidade. — Responde de forma presunçosa. — A Praça Vermelha,
conhecida por seus desfiles militares durante a união soviética, também posso
falar sobre a fortaleza de Kremlin, Catedral de São Brasílio e ir para os
lugares mais badalados da cidade.
— Convencido.
— Que culpa tenho se você roubou o coração do melhor partido da
cidade?
Reviro os olhos.
— Como eu disse convencido.
Na nossa cabine, esperamos o espetáculo começar.
Nunca me imaginei como o tipo de pessoa que se emociona em
shows e qualquer coisa do gênero, mas no momento que o espetáculo começa
e a voz estrondosa e bela da mulher ecoa pelo lugar, é como se tivesse sido
transportada para um outro mundo. Os pelos do meu braço se arrepiam e
mergulho na história contada.
— Essa ópera se chama Jiznh Za Tsaria, na sua língua Viver pelo
Czar. Ela é muito bonita. — Dom me abraça. — É a primeira ópera russa
nacional clássica. Não se preocupe com as emoções, pois ela foi descrita pelo
próprio Piort Tchaikovsky como "a primeira e a melhor ópera russa."
Por mais que ame Dominic, quero dar um soco em seu rosto para
fazê-lo ficar quieto.
— Dom, você sabe que eu te amo, mas preciso que se cale e pare de
bancar o guia.
— Pensei que achasse fofo. — Pelo tom de sua voz, posso imaginá-lo
fazendo beicinho.
— E achava, até querer me concentrar e você não calar a boca.
— Tudo bem.
Não sei quanto tempo ficamos lá parados, mas me pego querendo que
não acabe nunca.
— Gostou?
— Amei, embora não tenha entendido muito. — Admito e ele sorri.
— É baseada nos primórdios do século XVII, e relacionada as
expedições polonesas contra Moscou. — Explica. — O personagem principal
é Ivan Sussanin, um camponês que guia o exército inimigo para uma floresta
cerrada no inverno frio, assim condenando não apenas os inimigos mais a si
mesmo a morte.
Mais uma vez eu choro, pela morte de um simples camponês que deu
sua vida para livrar sua cidade do exército inimigo. Um sacrifício lindo,
sendo muito bem retratado nessa ópera.
— Você conseguiu, me surpreendeu e me encantou. — Resumo meus
sentimentos.
— Fico feliz em saber disso. — Me puxa para seus braços e me beija,
quando nos afastamos noto uma mulher nos observando. — Vamos, estamos
atraindo muita atenção.
— Aposto que ela estava querendo saber como você fez para pegar
um partidão como eu.
— Duvido, ela era mais velha e alguém que poderia ser sua mãe, mas
muito bonita para ser uma mãe. — Explico.
— Vamos lá, estou morrendo de fome e mal posso esperar pela
sobremesa.
— O que teremos para sobremesa? — Pergunto de forma inocente.
— A sua boceta.
Deveria me sentir excitada assim?
Com certeza!
O motorista está a nossa espera em frente ao carro, antes de entrar
sinto que estamos sendo observados e olho em volta, mais uma vez encontro
a mesma mulher nos olhando de longe. Curiosa pego meu celular e tiro uma
foto dela, sem que a mesma perceba é claro.
Aconchego-me nos braços de Dom.
Voltamos para casa, e começo a pensar que jantaremos no quarto,
quando o carro passa pela casa principal e para em frente a outra mansão,
mas diferente da outra, está menor.
— Jantaremos aqui?
— Sim, ideia do Dimitri. — Admite. — Ele prometeu me ajudar a
preparar algo especial, uma nova tradição de família.
— E que tradição seria essa?
Dominic fica de joelhos na minha frente e tira uma caixa do bolso.
— Passei a noite toda falando como um maldito rádio porque estava
nervoso sobre o que estou prestes a te pedir. — Enquanto fala, meu coração
acelera. — Sei que não importa aonde eu o faça se aqui fora ou lá dentro com
o cenário perfeito. — Sorri. — Não importa o lugar e nem a hora. Eu te amo
e isso não vai mudar! Eduarda, por favor, seja minha esposa. Esteja ao meu
lado e me ajude a me tornar um homem melhor. Você aceita se casar
comigo?
Como pode um homem todo tatuado e encrenqueiro ser tão doce e
determinado como Dominic é? Nunca em um milhão de anos eu sonharia em
estar aqui com ele, muito menos com esse momento.
— É claro que aceito me casar com você. — Quando ele coloca o
anel no meu dedo e se levanta, me jogo em seus braços e o beijo.
Dominic me pega no colo e me leva para dentro da casa.
Assim como prometido, o cenário é lindo e romântico, mas não
prestamos muito atenção. Dom me leva para o andar de cima, onde tem uma
mesa no canto, ao seu lado tem uma mesa de sobremesa com chocolate,
morango e chantily.
— Não é que Dimitri sabe planejar as coisas. — Diz, soando
surpreso.
— Seu irmão foi ótimo. — Quando ele me coloca no chão aproveito
e esfrego a minha bunda nele. — Aposto que essa cama está ótima também.
— Me jogo.
— Não me provoque, vamos comer primeiro.
Ajoelho-me no meio da cama e abro o zíper do vestido, ficando só de
calcinha.
— Quer mesmo me provocar assim? — Posso ver a luta em seus
olhos.
Abaixo a calcinha e me deito na cama, começo a brincar com o meu
clitóris e enfiar meus dedos dentro da minha buceta.
— Vai perder toda a festa. — Falo e levo meus dedos até a boca. —
Hummm. — Gemo ao provar meu próprio gosto. — Vai mesmo perder...
Não termino o que estou dizendo, a boca gulosa de Dominic cai sobre
a minha boceta e começa a sugar meu clitóris.
— Isso é tão bom. — Passo as mãos em seus cabelos.
Dominic é o tipo de homem que conseguiria levar uma mulher a lua,
mas é muito bastardo e arrogante para eu admitir isso. E sinceramente duvido
que precise, pois, os dois orgasmos que acaba de me dar são a prova de sua
capacidade.
Mexo-me rápido na cama de forma que ele não tem como fazer outra
coisa senão olhar nos meus olhos.
— Tire a calça. — Mando. — Quero você na minha boca.
Ele nega.
— Hoje à noite é para fazer amor e depois foder.
— Isso é injusto. — Faço beicinho.
— Não é injusto se eu prometer que deixo depois você chupar meu
pau. — Dá de ombros sorrindo. — Agora eu só quero estar dentro de você.
Dominic me deita na cama e paira em cima de mim.
— Porque quer tanto "fazer amor"?
— Já fodi muitas mulheres por aí, mas fazer amor eu só fiz com você
e não há nada mais justo do que fazer isso hoje com a minha noiva.
Sua explicação me deixa irritada e, ao mesmo tempo mais
apaixonada por ele.
— Dom? — Chamo fazendo com que a intensidade do seu olhar
aumente. — Eu te amo.
— Eu também te amo Eduarda.
Capítulo 18
Dominic
É difícil acreditar que Eduarda finalmente aceitou casar comigo, mais
difícil ainda é acreditar que não precisei obrigá-la a isso. E tenho que
parabenizar Dominic por seu trabalho na casa.
Infelizmente quando estamos prontos para comer, a comida já está
fria. Eduarda se senta no meu colo e me alimenta, faço o mesmo por ela, me
sentindo o homem mais feliz do mundo.
— Você não achou estranha como aquela mulher ficou nos
encarando? — Pergunta.
Ela está realmente intrigada com essa tal mulher.
— Não a vi, e seja quem for devia estar apenas curiosa.
— Aqui, segure isso. — Me entrega o pão que estava segurando e se
levanta.
Aproveito para admirar seu corpo, como seu quadril se movimenta e
sua bunda cheia. Prendo a respiração quando se inclina para pegar o celular, e
após mexer nele, ela volta e me entrega.
— Aqui, essa é a mulher. — Se senta no meu colo.
Tem muitas pessoas na imagem, e devo acrescentar que muitas
estavam nos olhando, começo a dizer ser apenas sua imaginação quando ela
aponta para a mulher no canto da foto.
— Isso é impossível. — Aumento a foto, ficando ainda mais
chocado. — Não pode ser
— O que foi Dom? Quem é essa mulher?
— Dimitri deve saber disso. — É tudo o que consigo dizer no
momento.
— Dominic, me diz o que está acontecendo, quem é essa mulher?
— É a minha mãe Eduarda. — Passo a mão pelos cabelos.
— Ela foi embora é por isso que está surpreso? — Diz confusa.
— Ela deveria estar morta! — Grito.
— Você precisa falar com seu irmão. — Murmura, então olha para a
hora. — Ele deve estar dormindo a essa hora.
— Não me importo. — Tiro Eduarda com cuidado do meu colo e me
levanto, pegos minhas roupas e começo a ir para a porta, é quando me dou
conta de que estou arruinando nossa noite.
Que merda eu estou fazendo? Deveria ser uma noite feliz, mas está
sendo destruída por uma pessoa que deveria estar morta.
Desisto do que estou fazendo, voltando para Eduarda e a abraçando-
a.
— Me desculpe, fiquei nervoso com isso. — Admito.
— Entendo isso, mas não acredito que seja uma boa ideia confrontá-
lo estando com raiva.
— Você está certa. — Concordo. — Vamos deitar e quem sabe fazer
um novo bebê, amanhã lido com isso.
Noto que ela fica tensa e me afasto para tentar entender.
— O que foi?
— Dominic, não quero engravidar agora e arriscar ser morta por
quem está me perseguindo. Por enquanto eu só quero você. — Me magoa ela
pensar que vou deixar que algo aconteça a ela.
— Eduarda, não vou deixar que nada machuque você ou nossa filha.
— Falo. — E tomar essa decisão agora é um pouco tarde para isso também,
considerando a quantidade de vezes que te fodi sem camisinha.
— Oh meu deus, Dominic. — Grita, se dando conta do que fizemos.
— O quê? Até onde me lembro não fui eu quem subiu na cama e
ficou provocando o colega aqui com essa sua boceta molhada e gostosa. —
Lembro.
— Tudo bem, vamos ver o que acontece, mas até lá você vai encapar
seu pau.
— Não tenho camisinha aqui.
— Nesse caso vamos nos vestir e dormir, teremos um dia cheio
amanhã.
— Deveria saber que eu não estava usando camisinha antes e não
cortar meu barato agora. — Estou irritado.
— Se você soubesse o estrago que sua boca faz na parte coerente do
meu cérebro, saberia que eu não teria notado nem se passasse com um carro
em cima de mim. — Diz e me faz rir.
— Se é assim nossa noite não está perdida. — Falo indo até ela mais
uma vez.
— Está sim, no momento estou assusta com a ideia de ter outro bebê
e isso está me mantendo bem longe do seu pau. — Foge para o outro lado da
cama.
— Eu poderia tomar você.
— Mas não vai, acho até que vai ficar sem sexo até o casamento. —
Suas últimas palavra me deixam de boca aberta.
— Não faria isso. — Desafio.
— Chegue perto de mim sem usar camisinha e nunca mais faremos
sexo.
— Isso é tão maldoso da sua parte. — A infeliz ri.
— Que dó do meu bebê. — Debocha. — Se vista e suba na cama.
— Mesmo nessa greve eu poderia te dar prazer com a boca e com os
dedos. — Lembro.
— Sim, então não seria um castigo tão grande. — Dá de ombros. —
Se você não se cuidar, não vai nem tocar.
Eduarda é tão safada que após me provocar dessa forma se deita na
cama e puxa a coberta sobre ela, pouco tempo depois está dormindo. Fico
parado na frente da cama perplexo e esperando ela rir da minha cara e dizer
"É brincadeira seu bobo, venha me foder.", mas isso não acontece, e me deito
ao seu lado, olhando para a imagem da minha mãe em seu celular.
Observo cada detalhe da imagem e outra coisa chama minha
atenção. Dimitri vai gostar de saber desse problema em específico.
Em algum momento pego no sono, acordando sozinho na cama.
— Eu estou aqui, vestida e só esperando você se levantar para falar
com seu irmão. — Diz e me joga minhas roupas.
— Supus que ficaria mais carinhosa comigo após se tornar minha
noiva. — Me levanto e ando para o banheiro.
— Na verdade, ser sua noiva me tornou mais exigente. — Dá um,
tapa na minha bunda.
— Pare de me provocar.
Seus olhos caem na minha ereção.
— Vou cuidar disso. — Pisca se ajoelhando na minha frente.
Eduarda me acaricia e em seguida me toma em sua boca, fundo em
sua garganta.
— Oh foda... — Gemo e coloco minhas mãos nos cabelos dela a
mantendo no lugar.
Movimento meu quadril, como se estivesse fodendo sua boca e gozo.
Ela chupa meu pau e engole até a última gota de porra.
— Isso foi vergonhoso.
— Vir na boca da sua noiva é vergonhoso? — Pergunta com um
sorriso.
— Não, durar pouco tempo na boca da sua noiva, porque ela tem o
melhor boquete do mundo, isso sim, é vergonhoso. — Admito.
— Seria vergonhoso se não fosse rápido, eu ficaria com dor no
maxilar e seria cansativo. — Explica. — Não estou brincando, é igual segurar
sorriso, no começo é lindo muito tempo segurando, ele fica uma merda.
— Isso é muito explicativo, agora eu estou em dúvida sobre todo o
tempo que levei com uma mulher me chupando. — Só me dou conta do que
disse depois que saiu, para minha sorte, Eduarda não é nem um pouco
comum e cai na gargalhada.
— Não tem que se preocupar com as outras. Agora se vista e vamos
de uma vez. — Me deixa sozinho no banheiro.
Cuido dos meus negócios, e logo estamos a caminho da casa
principal. Está muito frio e quando entramos todas as lareiras estão acesas
acessas, Eduarda vai comigo até o escritório de Dimitri.
— Seria bom bater quando entra no escritório. — Cumprimenta.
— Seria bom se você tivesse me dito que nossa mãe estava viva. —
Rebato. — Não temos tudo o que queremos.
— Que história é essa? — Pergunta confuso.
— Vai dizer que não sabe que a nossa mãe está viva e na cidade? Eu
quero saber a verdade, a cadela abandonou a gente não foi?
— Dominic ela foi embora com outro homem, nosso pai a encontrou
e a matou. — Explica. — É por isso que falamos que aconteceu outra coisa
para você.
— Não sou cego e posso garantir que o pai não a matou.
— Veja isso.
Seguro o celular e mostro a foto para ele.
Posso ver quando ele reconhece nossa mãe e aperta o celular com
força.
— Isso não é tudo, olhe quem está ao lado dela. — Mostro.
— Aquele filho da puta desgraçado. — Diz. — Vou tirar isso tudo a
limpo, outra hora. Por enquanto vamos atrás do nosso pai.
Ver a reação do meu irmão foi de certa forma um alívio, ele não
escondeu nada de mim.
— Vai conosco? — Pergunto para Eduarda que está ao meu lado na
porta do escritório.
— Não, vou procurar minha filha e tomar café da manhã. — Me dá
um beijo e se afasta.
— Foi ela quem viu e tirou a foto? — Pergunta Dimitri.
— Sim, ela tentou me mostrar, mas eu acabei não vendo. — Explico.
— Foi por isso que você não deu para Ally o anel dela?
— Foi, não sabia que você ia usar esse anel se não teria impedido.
— Vou corrigir isso, não se preocupe. Temos que falar com nosso
pai.
Vamos até o quarto do nosso pai, ele tem passado mais tempo por
perto, pelo Zack, ele é tão diferente com o neto.
Batemos na porta e quem abre é Zack ao lado de Charlie.
— O que está fazendo aqui? — Dimitri pergunta para o filho.
— Vovô queria conhecer Charlie. — Explica. — Ele a acha legal.
— E você não acha? — Pergunto.
— Ela é legal, mas é uma menina. — Revira os olhos como se fosse
óbvio.
— Meninas são legais, se esqueceu que você vai ter uma irmã?
Gostaria de alguém falando que ela não é legal só por ser uma garota? —
Dimitri fala sério para Zack.
— Desculpe papai, nunca vou deixar ninguém falar assim das minhas
irmãs e nem de Charlie. — Acrescenta a última parte me olhando.
— Ótimo, pegue sua prima e vão brincar lá em baixo. — Manda e
meu sobrinho pega Charlie e sai correndo escada a baixo.
Tomando isso como um indicativo entramos no quarto para ver meu
pai parado em frente à janela.
— O que posso fazer pelos meus filhos? — Ele nem mesmo se vira.
— Pode dizer a verdade sobre a morte da nossa mãe, e quando falo a
verdade eu quero saber o motivo para ela estar viva e andando por aí. —
Dimitri é direto.
— Sua mãe está na cidade?
Jogo o celular para ele.
— Olhe a imagem e me diga se não reconhece ao menos duas
pessoas nela.
— Isso não pode estar acontecendo. — Diz irritado. — Quero que
você encontre o hotel que está, vou falar com ela pessoalmente e então vou...
— Vai o quê? — Pergunta uma voz feminina vindo da porta. — Que
surpresa encontrar meu querido marido e meus dois filhos conspirando sobre
a minha morte, infelizmente meus queridos isso não vão acontecer
Capítulo 19
Dominic
É estranho ver a mulher que colocou neste mundo parada na minha
frente e não sentir nada por ela, é uma sensação de vazio e, ao mesmo tempo,
de medo. Não por mim, mas pelo que sua presença pode significar na vida
das pessoas a nossa volta.
— O que você está fazendo na minha casa? — Pergunto.
— Quem diria que meu bebezinho se tornaria um homem como você.
— Sorri para mim. — A última vez que te vi você não sabia nem andar
— Saia da minha casa. — Manda meu pai.
— Sua casa? — Ri debochando. — Até aonde saiba, as notícias são
de que as coisas estão sob o comando de Dimitri, meu filho mais velho.
Como ela chama meu irmão me faz ter vontade de vomitar. Agora
entendo os motivos para meu pai esconder de todos que ela estava viva.
— Mesmo que a casa esteja sob meu comando, não quero você aqui.
— Dominic usa sua voz de capo.
— Mais meu filho...
— Chega! — Comanda e vejo ela se encolher de medo. — Eu não
quero você aqui perto da minha mulher, do meu filho e principalmente dos
meus irmãos.
Dalilah sorri, ela sabe que vir aqui é dar um tiro no pé por isso está
jogando.
— É divertido como todos estão agindo. — Anda em direção ao meu
pai. — O meu preço subiu.
— Não vou te dar dinheiro, a última vez, permiti que saísse por aí
tranquila, mas não vou ser piedoso como antes. — Meu pai ameaça.
Essa mulher não quer ameaças e sim dinheiro, ela pode estar à beira
da morte e ainda assim não vai desistir enquanto não conseguir o que quer.
— Querido, não quer que seus segredos podres apareçam.
— Eles não vão vir à tona, afinal uma morta não pode falar. — Falo.
— Quem diria que o garoto que coloquei nesse mundo estaria falando
sobre a minha morte. — Finge surpresa, e então ri. — Vejo que ensinou bem
aos nossos meninos, Miguel.
Sem conseguir aguentar toda essa coisa ridícula que está
acontecendo, pego minha arma e aponto para sua cabeça.
— Me dê um bom motivo para não te matar agora mesmo.
Não me importo com como meu pai e irmão irão reagir a minha
declaração, estou sem paciência para tudo isso.
— Você criou bem nossos meninos. — Repete, ignorando minha
declaração.
— Meus filhos! Não venha querer ganhar o crédito pela educação
deles. — Meu pai fala.
Dalilah se aproxima do meu pai, sem ligar para a arma apontada para
sua cabeça, e coloca a mão no peito dele, um gesto que deveria ser charmoso,
mas que não surte nenhum efeito.
— Sabe Dalilah, quando te conheci pensei que poderia ser uma coisa
boa me casar com você. — Meu pai diz. — Mas percebi que a puta nojenta
que você era e parti para a outra.
— Você me traiu seu desgraçado e como se não bastasse toda essa
merda, ainda teve dois bastardos fora do casamento. — Grita perdendo o
controle e pela primeira vez mostrando quem realmente é.
— Eu me apaixonei. — Meu pai diz. — E infelizmente as coisas não
deram certo, a teia de mentiras que criei acabou comigo.
Puta merda meu pai amou a mulher com quem ele teve dois filhos,
isso é uma novidade para mim e pelo visto para o meu irmão também.
— Se essa mulher e esses meninos eram tão importantes para você,
porque não os assumiu e os trouxe para cá? — Meu irmão pergunta.
Quando essa pergunta sai da boca do meu irmão, Dalilah abre um
sorriso triunfante e se afasta do meu pai.
— Seu pai é um homem esperto, enquanto eu era a esposa do mafioso
que trazia ao mundo os herdeiros dele, os homens que assumiriam a família.
— Dalilah explica. — A outra era a mulher amada e protegida, com os
bastardos dele. — Então ri. — Pena que era tudo mentira e ela odeia suas
entranhas.
— O quê? — Pergunto atordoado.
— Isso mesmo, seu pai não os trouxe para essa vida porque amava
eles demais para correr o risco de os perder. Já vocês... — Ela não termina e
começa a rir. — São os filhos que poderiam ser descartados, os que correm
risco constante e no final acabam mortos em alguma briga estúpida.
— Isso não...
— É verdade? — Dalilah termina pelo meu pai. — Nós dois sabemos
que é, mas meus filhos são feitos de idiotas, pena que o tiro saiu pela culatra
e a outra envenenou seus bastardos a ponto de todos os odiarem.
Dimitri cerra os punhos ao lado do corpo e tenta conter a raiva, posso
ver outra emoção passando pelo rosto dele, mas as esconde rapidamente.
— Quero vocês dois fora daqui. — Meu irmão diz. — E você, não se
preocupe nada do que ela fale vai piorar o que todos nós pensamos de você.
Meu pai não demonstra nada e ainda assim vejo que se sente culpado.
— Não quero me afastar dos meus netos. — É tudo o que diz.
— Você não tem escolha, tem seu cartão e dinheiro. Não precisa de
mais nada nosso. — Falo, vendo que meu irmão não vai dizer mais nada
enquanto não estiver no controle das próprias emoções.
— Quem você pensa que é para...
— Eu sou o pai de uma das crianças e não quero você perto da minha
filha. — Aviso. — Você é um homem que estraga todas as coisas boas que
chega perto e não vai mais fazer isso.
Dalilah parece feliz, ela conseguiu mostrar o que meu pai realmente
é. Depois de hoje tenho certeza que meus irmãos e eu somos apenas um jogo
na mão dos dois.
— No seu lugar eu não ficaria feliz. — Meu irmão interrompe. —
Quero saber o motivo de você saber tudo isso e ainda assim estar ao lado do
Ahmar? — Dimitri tocou no assunto que eu estava esperando.
Um dos filhos fora do casamento do meu pai estava com Dalilah
ontem na festa e pela forma que o cara tentou usá-la para atingir nossa
família.
— O garoto quer vingança contra vocês, e o mais importante, deixei
vocês na mão dele por medo. — Aponta para o meu pai. — Mas não vou
permitir que um dos bastardos dele venha e prejudique meus filhos.
— Agora eles são seus filhos? — Pergunta Miguel.
— Eles sempre foram meus filhos. — Diz. — E se para provar que
os, amo, tenho que me aproximar de um dos seus bastardos e descobrir o que
ele pretende, é exatamente isso o que farei.
Dalilah não fica por muito tempo parada com uma pose de durona,
ela se aproxima do meu pai e dá de dedo em seu peito.
— Vou falar com ele e evitar que o garoto faça besteira. — Miguel
diz.
— Não pode, ele odeia você tanto quanto odeia Dimitri e todos os
outros. — Explica.
— Então você não quer dinheiro? — Pergunto.
— Posso ter vindo e começado está conversa de forma errada devido
ao idiota que você chama de pai. — Ela fala. — Agora estou explicando o
motivo pelo qual estou aqui. Sem falar que sou esperta e investi o dinheiro
que você me deu, digamos que meus filhos vão ter muito mais o que herdar.
— Debocha do meu pai.
— Então agora é coisa é o quanto você tem mais dinheiro? —
Pergunta meu pai. — Passamos anos sem nos ver e quando isso acontece
você vem com essa coisa idiota?
Vendo esses dois juntos agradeço a Deus por ter o separado, por mais
difícil que tenha sido crescer sem mãe é muito melhor do que crescer com
essas duas aberrações da natureza na mesma casa.
— Querido o que está em discussão aqui é o quanto sou mais esperta
que você e como vou ajudar os meus filhos. — Responde. — Você eu quero
que vá a merda e sem passagem de volta.
Dito isso ela se vira e dá um beijo na bochecha do Dimitri e outro na
minha e sai. Ambos estamos sem reação e ficamos parados.
— Antes que me esqueça, os meus netos são lindos. — Comenta
antes de sair.
Meu pai está com a maior cara de idiota e eu não dou a mínima para
ele, cansei de ouvir o que diz só para então acabar me decepcionando mais.
— Vamos encontrar Ahmar e acabar com essa merda. — Dominic dá
a ordem.
— Deixe que eu lido com Ahmar. — Fala Miguel.
As palavras dele fazem meu irmão o encarar com mais raiva ainda.
— Suas merdas com esse garoto estão colocando a minha família em
risco. Estou cagando e andando para suas formas de resolver problemas. —
Dimitri diz. — Você tem 24 horas para resolver do seu jeito, depois disso,
cuidarei pessoalmente.
— Vai ter coragem de matar seu irmão? — Meu pai pergunta. — Não
sabia ter se tornado esse tipo de homem.
Dimitri ri.
— Matarei qualquer pessoa que coloque meus irmãos, nossas
mulheres e filhos em perigo. — Meu irmão diz sem se abalar. — Nem que
para isso tenha que matar alguém do meu próprio sangue. — Ele se vira e
anda até a porta, parando antes de sair. — Quanto ao que me tornei, espero
que esteja orgulhoso, foi você que me criou para ser assim.
Dimitri sai do quarto e como não faço questão de ficar olhando para
o meu pai, ando atrás dele. Não podemos confiar na nossa mãe, por mais que
sua conversa tenha sido mais direta do que qualquer coisa que Miguel Petrov
tenha dito ao longo de anos.
— Vai dar-lhe essas 24 horas? — Pergunto quando encontro meu
irmão no corredor.
— Uma das coisas que eu aprendi com nosso pai é que a palavra não
vale nada, sempre que fechar um acordo, leve a porra de um papel. — Fala e
então se afasta. — Pegue sua arma e alguns dos nossos homens, hoje vamos
ter uma conversa com nosso querido irmão Ahmar.
Capítulo 20
Dominic
Não é uma novidade que nosso pai é um pé no saco no período
integral, mas proteger um “irmão” que quer no matar, é demais até mesmo
para ele. Cadê toda a porcaria de lealdade que tanto pregou ao longo dos
anos?
— Por que nos prejudicar em vez de se aproximar como um ser
humano normalmente faria?
— Não faço ideia.
Vejo que meu irmão não tem ideia de como prosseguir com essa
situação.
— Daremos um jeito. — Prometo.
Saber que meu irmão provavelmente terá uma decisão difícil em suas
mãos, é minha obrigação estar ao seu lado e garantir que ele faça o que é
melhor para todos.
— Eu sei.
Chegamos no hotel e passamos direto pela recepção, não precisamos
perguntar qual é o quarto de Ahmar, nosso pessoal já fez todo o serviço. É
claro que um Petrov não ficaria em um quarto comum, mesmo que seja um
vira-lata.
— Porque o sorriso? — Dimitri pergunta.
— Independente se é um vira-lata ou não, uma gota do sangue Petrov
e só exigimos o melhor.
Revirando os olhos para o meu comentário, paramos em frente a
porta da suíte, que se abre antes que eu bata.
— Que surpresa. — Ahmar cumprimenta em tom de zombaria. —
Não achei que viriam me ver.
Tenho que admitir, Ahmar é muito parecido com Dimitri.
— Não evito confrontos, muito menos ajo pelas costas.
Ahmar ri em tom de zombaria.
— Não estou interessado em confrontos.
Passamos por ele, e entramos no quarto. Ahmar nos segue, é estranho
ficar parado olhando para alguém que é nosso irmão e se parece tanto com
Dimitri, e sentir que estamos diante de um inimigo.
— Devo esperar que seus homens entrem aqui e me matem? — Sorri.
— Não preciso de ninguém para fazer o serviço sujo por mim. —
Dimitri responde no mesmo tom.
Contra minha vontade, preciso admitir que eles são parecidos na
personalidade difícil também. Se não interferir, vamos passar os próximos
cinco anos nesse show de quem é o pior e o mais foda.
— Vamos ser diretos, o que você quer? — Pergunto. — Está aqui
atrás de uma vingança ridícula por ser abandonado pelo pai? — Dou risada
em tom de zombaria. — Gostaria de ter participado de todos os treinamentos
e da dor? Ou quer um pedido de desculpas por ter uma vida normal e segura?
— Essa é a verdade? Quem te contou? — Vem para cima de mim,
tentando me dar um soco.
Reviro os olhos, desvio do soco e prendo seu braço atrás de suas
costas, então chuto sua perna por trás e ele cai de joelhos.
— Para alguém com tanta raiva acumulada, você é fácil de derrubar.
— Dimitri ri.
— A raiva te deixa cego, aprenda isso pequeno gafanhoto.
— Não estou com raiva. — Mente.
— Nesse caso é muito estúpido. — Falo.
Dimitri se abaixa perto dele.
— Pensou que por ser nosso “meio-irmão” te pouparíamos? —
Pergunta em uma voz baixa e mortal. — Por mais que ame meus irmãos e
sangue, não permitirei que machuque as pessoas que amo.
— Foda-se! Não me importo com você.
— Não dou a mínima para o que te importa. — Digo. — Quer correr
atrás de um homem como nosso pai? Ele é lixo! — O solto e estendo a mão
para ajudá-lo a se levantar. — No entanto, a escolha é sua, desde que não se
meta conosco.
— Quero que se fodam!
— Pena, Willow estava ansiosa para te conhecer, até mesmo já tinha
as passagens.
— Ela que vá a merda.
Dimitri soca a cara de Ahmar, a próxima coisa que sei é que ele está
chutando nosso irmão no estômago. Ahmar geme de dor, e nem mesmo me
importo em me meter. Essa raiva que ele sente precisa ser direcionada, ou irá
fazer algo que vai se arrepender.
E cedo ou tarde, a raiva nos cega a ponto de fazer merda.
— Não seja estúpido e culpe pessoas inocentes pelas merdas do
nosso pai. — Diz.
— Acredite em mim, não vale a pena morrer por um homem como
Miguel.
Saímos de seu quarto, encontrando Dalilah no elevador.
— Parece ser uma reunião de família. — Sorri.
— Não nos chame assim. — Reclama Dimitri.
— Conheço os garotos que coloquei nesse mundo, sei que vieram
aqui para conversar com Ahmar. — Diz. — Querem dar uma chance para ele,
por que não estender isso a sua mãe?
Estou no meu limite com essa situação toda.
Quem essa mulher pensa que é para dizer que nos conhece? Ou usar a
palavra mãe, quando se foi há tanto tempo, que nem mesmo me lembro dela.
— Vamos conversar. — Digo.
— Ótimo, mas antes quero ver meus netos.
Dimitri se vira, o dedo levantado na altura de seu rosto, a pele
vermelha.
— Nem pense nisso!
— Já conheci sua mulher, não venha bancar o machão para cima de
mim.
Tento esconder meu sorriso, meu irmão é um pau-mandado, fazer o
quê?
— Nem mesmo espere que eu estenda algum tipo de cortesia a você.
— Fala. — Um passo em falso, e eu me livro de você.
— Tudo bem.
Desafiando a morte, Dalilah dá um, tapinha amigável em seu rosto
irritado.
Dalilah anda como se fosse a dona do lugar, todos ao redor param
para observá-la. Sempre pensei que essa autoconfiança era algo que
herdamos do nosso pai, mas ver essa mulher e o poder que sua presença tem,
é claro que herdamos dela.
Observando-a, noto que Abby e Willow são muito parecidas com ela.
— Não vi Willow e Abby, como elas estão?
— Willow mora nos Estados Unidos, e Abby está em casa.
— Como não a vi?
— Não faço ideia. — Zomba.
— Desfaça essa carranca, não vai querer ser abandonado por parecer
uma uva-passa enrugada.
A careta de Dimitri é impagável, acabo de descobrir de onde minhas
irmãs herdaram o dom de irritá-lo.
Em casa, Charlie é a primeira a aparecer.
— Quem é você? — Pergunta curiosa, correndo para o meu lado.
— Sua avó.
— Não parece uma vó. — Charlie murmura.
— Maravilha! Embora, eu ainda seja sua avó. — Dalilah bate palmas
animada com sua aparência.
Charlie decidindo que ser tímida não era com ela, se afasta e estende
a mão para Dalilah, as duas caminham para longe. Enquanto observamos,
Allyssa aparece.
— Supus que não queriam vê-la. — Comenta, indo até Dimitri.
— Não tive escolha, ela é como todas as mulheres em minha vida. —
Reclama.
— Se ela conseguiu te persuadir a deixá-la conhecer seus filhos, sinto
que devo conhecê-la.
— Não estou animado com isso. — Diz, ganhando um beijo dela.
Caminhamos em busca dos outros.
— Pelo menos a minha mulher não está... — As palavras morrem na
minha boca, ao ver Eduarda e Dalilah conversando.
— O que você ia dizer mesmo, mano?
Vendo Eduarda, lembro-me que preciso ir a um lugar.
— Cuide delas, preciso sair.
— Não, nem pense em me deixar sozinho no meio de todas essas
mulheres. — Dimitri praticamente chora.
— Mantenha a Duda distraída, preciso resolver um problema.
— Me deve uma.
— Avise quando precisar.
O problema de ter uma família maluca como a minha é sempre ter
um milhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo, isso significa que
esquecem às vezes de alguns compromissos.
— Dominic. — A secretária do meu advogado me cumprimenta. —
Ele está te esperando em sua sala.
Entro no escritório sem esperar ser anunciado.
— O que é tão importante que precisa da minha presença?
— Charlie e Eduarda.
Capítulo 21
Eduarda
O aparecimento de Dalilah me pegou de surpresa, que só não foi
maior que a mulher entrando na mansão acompanhada de Dimitri. A
confusão que se desenrolou com as crianças, me fez demorar a perceber que
Dominic desapareceu.
Toda essa situação me deixa com um mau pressentimento.
— Está tudo bem? — Allyssa me cutuca.
— Sim. — Minto. — Apenas preciso tomar um ar.
Despeço-me de Dalilah e vou caminhar no jardim, admirando a
beleza do lugar. No Brasil, pessoas vivendo em lugares parecidos com este
não são muito legais de se lidar e isso me fez ter medo, será que me
encaixaria nesse lugar?
Sorrio.
Os Petrov não são o tipo que se importam com status e dinheiro, tudo
o que eles veem é a família e lealdade.
— Sabia que te acharia aqui. — Dalilah me surpreende parando ao
meu lado, achei que tivesse me despedido.
— Aconteceu algo?
— Não, apenas queria te conhecer melhor, a mulher que roubou o
coração do meu bebê. — Ri.
Estreito meus olhos nela, essa mulher não parece com uma mãe
muito menos com uma avó.
— Justo, embora tenha a sensação de que conheço Dom melhor do
que você.
Ela parada ao meu lado.
— Olhando para você, vi a mim mesma.
— Acho meio difícil.
— Sei ser policial e comprava brigas de outras pessoas, tentando
mudar algo que não te cabia.
— Tornar o mundo um lugar melhor cabe a todos nós.
— Eu sei. — Ri. — Me refiro a essa vida, meus filhos representam
tudo contra o que lutou sua vida toda.
— Tem medo que eu vá magoar o seu filho se decidir que esta vida
não para mim? — Dou risada. — Eu amo Dom, e não vou perdê-lo por estar
do “lado errado” da lei, deixei de me importar com isso há muito tempo. —
Encaro a mulher ao meu lado, pouco me importando o que ela é para os
Petrov. — No entanto, fico curiosa com sua atitude e perguntas, ainda mais
vindo de alguém que abandonou os filhos e desapareceu no mundo.
Dalilah acena e dá um sorriso frustrado.
— Como mãe deve saber que fazemos sempre o que é melhor para os
nossos filhos, e o tipo de amor necessário para deixá-los.
É aí que está, não entendo esse "tipo" de amor, porque mesmo
fugindo como uma maluca por aí, sabia que ninguém no mundo cuidaria
melhor da minha do que eu.
— Não penso que eu seja tão forte. — Admito.
A mulher dá um, tapa amigável no meu ombro.
— Cada um sabe de suas lutas. — Diz depois de um momento em
silêncio, vejo que ela limpa uma lágrima. — Vi que Allyssa é uma mulher
decidida e faria de tudo por Dimitri, mas não senti a mesma força em você.
— Não sou boa em demonstrar o que sinto para estranhos.
— Você estava me avaliando, e eu não percebi.
— Sou boa em avaliar as pessoas, e não me importo em te machucar
se isso for o melhor para todos.
— Gosto de você.
— Não me importo com isso, não preciso provar nada a ninguém.
— Quero que saiba que não falei por mal ou por não te achar
merecedora. — Explica. — Apenas porque quero ter a certeza que não irá se
ferir quando as coisas ficarem difíceis, e acredite em mim, as coisas ficam.
Meu telefone toca e atendo sem olhar o identificador de chamadas.
— Olá! Eduarda. — Estreito meu aparto no telefone. — Devo dizer
ser um prazer finalmente te encontrar, quem diria que estaria ao lado de um
mauricinho.
— Me deixe em paz, não vou fazer nada contra você. — Minto.
A voz do outro lado ri, percebendo a mentira.
— Nós dois sabemos que seu lado vadia não vai descansar enquanto
eu não tiver preso. Quantas vezes te propus um acordo?
— Eu não podia comprometer a minha carreira naquela época.
— E agora pode?
— Tenho outras prioridades.
Jamais permitira que esse filho da puta saísse impune, sei que não
teria paz com ele a solto recrutando crianças para o crime.
— Digamos que acredito em você, o que ganho perdoado seus atos?
— Simples, você não vai preso.
— Por um minuto realmente acreditei em você, mas aí percebi a
quão mentirosa você é. — Fala. — Vou te matar sua piranha, porém, antes
disso vou te foder mais um pouco.
Se sua intenção é me assustar errou o alvo, não vou fugir como fiz da
outra vez.
— Vai divertido te matar.
— A tigresa mostrou as garras. — Diz, parecendo animado com a
minha reação.
— Não mostrei as garras, mas pode vir. — Falo. — Vou te esperar e
quando estiver cara a cara com você, vou te fazer implorar pela sua vida
enquanto arranco o seu pau e enfio na sua bunda.
Eu não espero uma resposta irônica, simplesmente desligo o
telefone e encaro a minha sogra, que me olha de boca aberta.
— Desculpe por isso, preciso de um tempo.
— Não se preocupe, sei que está com problemas.
— Obrigado.
Somos interrompidas pela chegada da Allyssa, que me olha
preocupada e vem em nossa direção.
— Aconteceu alguma coisa? — Pergunta.
— Sim, meu passado.
Allyssa se aproxima de mim e percebo o que fez Dimitri se apaixonar
por ela. Não foi a doçura ou o corpo, foi a determinação.
— Vamos dar um jeito nisso. — Diz. — Você não está mais sozinha,
por isso não precisa guardar tudo para si.
— Obrigado.
— Está na hora de aprender que não precisa agradecer a família
quando eles te apoiam e te protegem. — Revira os olhos.
— Para você é fácil dizer isso.
— Não é não, vim de uma família desunida e que só se importa
consigo mesma. Tenho um primo que vive em um apartamento na cidade e
um avô morto. — Dá de ombros. Diz. — Avô esse que eu mesma matei.
Ouvi-la dizer isso é como descobrir que a fada dos dentes arranca
dentes a força.
— Não me olhe assim, meu avô era uma pessoa muito ruim e me
acreditar que meu filho estava morto.
— Isso é terrível. — Dalilah comenta chocada.
— Foi terrível descobrir que sofri pensando que meu filho estava
morto, para descobrir que ele estava vivo e em um internato.
— Meu Deus! Que monstro! — Dalilah ainda está chocada com as
revelações.
— Lamento.
— Não lamente, no meio disso tudo descobri que tenho um irmão.
— O conheço? — Peço.
— Não, ele está viajando pelo mundo com a esposa.
— Espero poder conhecê-lo. — Falo, sendo sincera.
— Apolo chegará em casa para a festa de aniversário de Zack.
— Estou ansiosa para isso.
— Conhecer quem? — Dominic me segura.
— Apolo. — Ally responde.
— Quando ele chega? — Pergunta Dom.
— Em uma semana.
— Ótimo, quero falar com ele sobre algo.
— Se estiver relacionado com procurar o cara que ameaça a Eduarda,
não se preocupe o cara ligou recentemente.
Não entendo o que esse irmão dela poderia fazer para encontrar José,
o homem tem o que super poderes?
— O que ele disse? — Pergunta.
— Que sabe onde estou e que virá atrás de mim. — Conto. —
Também me ameaçou de outras formas.
— Que tipo de ameaças?
— Disse que iria me estuprar novamente. — Falo.
Dominic me aperta contra ele. A sensação de enfrentar meu passado
com Dominic e sua família ao meu lado, me deixa mais segura de tudo o que
preciso fazer e por tudo o que passarei quando a hora chegar.
— Vou matá-lo. — Promete Dom.
— Eu vou garantir que ele não faça isso com mais ninguém. —
Prometo.
Dalilah e Allyssa voltam para a casa principal, enquanto Dominic me
leva para a casa de hóspedes.
— O que estamos fazendo aqui?
— Preciso falar com você e não quero que ninguém nos interrompa.
Dominic não é o tipo de homem que fica nervoso, por isso estranho
seu jeito e fico apreensiva, apertando as mãos juntas.
— O que aconteceu?
Eu fui ver meu advogado hoje, ele virá esta noite trazer alguns
papéis.
— Que papéis?
— Os de alteração de registro, está na hora de ser oficialmente pai da
Charlie.
Dominic estava esperando que eu reagisse de uma forma irritada, e
ele não poderia estar mais enganado.
— Ok, está na hora. — Concordo.
— E quero que aproveite o hoje.
— Por quê?
— Nos casaremos amanhã.
Capítulo 22
Dominic
— Não podemos nos casar amanhã! — Protesta. — Não teremos
tempo para organizar o casamento.
É fácil esquecer que Eduarda não vem do dinheiro e não tem ideia do
quão fácil ele torna sua vida.
— Nosso casamento vai ser do jeito que você sonhou, o dinheiro faz
essas coisas.
Ela parece relaxar um pouco.
— Tudo bem, vou falar com Allyssa.
Eduarda me dá um beijo, e por um momento considero jogá-la contra
a parede e fodê-la, mas antes que reaja, ela se afasta, rindo.
— Provocadora.
— Se tivesse me dado mais tempo, talvez eu teria ficado e terminado
o que comecei. — Responde antes de sair e me deixar sozinho.
O dia vai ser longo. Como não tenho nada para fazer, vou atrás da
minha filha e do meu sobrinho. Se eu conseguir sobreviver aos dois
terroristas mirins, vou lavá-los para tomar sorvete.
— Então monstros, querem brincar um pouco? — Pergunto entrando
na sala de brinquedo.
— Hoje não.
— Por quê? — Pergunto, sem acreditar que estou sendo esnobado por
todos nessa casa.
— A mamãe disse que você é um bastardo sem coração. — Fala
Zack.
— Porquê? — Parece ser tudo o que consigo falar nesse momento.
— Ela disse que você é um idiota que pensa que tudo pode se
resolver do dia para noite, e que não deveria te ajudar em outra coisa a não
ser tirar sua cabeça da sua bunda. — Charlie completa.
O que diabos Allyssa tem na cabeça para falar esse tipo de coisa na
frente das crianças? Ela deve ter perdido sua mente!
— Tio, como você consegue colocar a cabeça na bunda? Isso é
nojento.
Não faço ideia de como responder e começo a desejar que um raio
caia na minha cabeça. Tudo isso graças as mulheres da minha família, que
tem prazer em nos torturar.
— Não sei. Mas eu vou perguntar para alguém que saiba.
— Ok. — Os dois falam e me ignoram.
Saio a procura do meu irmão, o filho da puta deve ter visto Allyssa
falar.
— Sabe onde Dimitri está?
— O senhor está no escritório com o Aleksey. — Um dos
empregados responde.
Aleksey é um dos nossos chefes de segurança, ou como nós
chamamos um dos capitães. O homem tem uma história fodida e depois de
várias sessões de abusos físicos, saiu de casa e morou nas ruas por um tempo.
Logo entrou em lutas e foi lá que meu irmão o encontrou. Hoje em dia ele é
um dos homens com cargos altos e extremamente confiáveis na família.
Aleksey está em pé no escritório conversando com meu irmão.
— Aí está o idiota do meu irmão. — Dimitri me olha com raiva.
— Qual é o problema com todo mundo nessa casa? Primeiro sua
mulher, agora você e até mesmo as crianças, estão todos contra mim.
— Por que todo mundo está tendo que se desdobrar devido ao seu
plano idiota de se casar amanhã.
— Como todo mundo está sabendo? Acabei de falar com a Eduarda.
— Eduarda falou com Allyssa, que estava do meu lado na sala com
os nossos filhos. — Explica. — Às duas saíram para resolver suas porcarias e
então vim resolver a outra parte também.
— Não há razão para tanto estresse, é apenas uma festa.
Dimitri ri e Aleksey bufa.
— Caso não lembre, a nossa família inclui pessoas de fora, e uma
“simples” festa, envolve serviço de comida, decoração e tudo mais. — Ele
me encara, como se esperasse que eu dissesse algo mais, com o meu silêncio
continua. — Sabe quão grande vai ser o fluxo de pessoas entrando e saindo?
Enorme! Precisamos preparar a segurança o melhor possível.
Porra, essa parte não passou pela minha cabeça.
Eduarda tem um alvo em suas costas, o filho da puta que está atrás
dela pode aproveitar a festa e tentar algo.
— Merda. — Me sento no sofá e fecho os olhos.
— Exatamente, seu idiota. — Dimitri bufa irritado. — Como vamos
deixar essa festa segura sem receber uma lista de empregados?
— A organizadora vai dar o seu melhor e me enviar uma prévia, eu
avisei que quem não estiver na lista vai ficar de fora. — Aleksey começa a
explicar o que será feito. — Vamos manter o andar de cima isolado, e meus
homens vão manter o perímetro sendo vigiado pelas câmeras.
— Quero segurança com a Eduarda. — Aviso.
— Fique tranquilo. — Vou cuidar dessa parte.
— Às duas já saíram? — Pergunto.
— A última vez que as vi, ambas estavam com as crianças na sala de
brinquedos.
— Não estão mais lá, será que deixaram a casa sem segurança?
Dimitri se levanta e sai do escritório indo procurar elas, enquanto
converso com Aleksey.
— Pensa que tem como manter o serviço do meu irmão?
— Impossível, eles foram o mesmo serviço usado no jantar e você
viu como as coisas saíram. — Lembra. — Não quero outro imprevisto como
aquele.
— Preciso que tudo saia bem, por isso confio em você. — Dimitri
entra no escritório.
— Elas saíram e estavam sem segurança. — Diz.
Começo a me desesperar. Mesmo sabendo que Eduarda é treinada e
sabe lidar com situações difíceis, não a quero andando sem proteção.
— Vou atrás delas.
— Vou com você. — Anuncia Dimitri e Aleksey nos segue.
Aleksey é quem dirige.
— O telefone de Ally tem rastreador. — Meu irmão diz.
— Vocês tentaram ligar para elas? — Aleksey é mais claro.
Olho para ele como se fosse um idiota.
— O telefone da Eduarda está fora de área.
— O de Allyssa também.
O telefone de Aleksey apita com uma mensagem, aproveitando que
estamos parados em um sinal vermelho ele olha.
— O rastreador do carro diz que elas estão em uma loja de vestidos
de noiva. — Diz. — Elas não devem querer ser incomodadas.
— Allyssa não ignora o telefone. — Dimitri diz com convicção.
— Duda também não faria isso.
Dando de ombros Aleksey para o carro.
— Se vocês estão dizendo.
Desço do carro sem esperar por Dimitri, alguns carros buzinam
quando atravesso a rua, mas não me incomodo. Entramos na loja, e uma
mulher vem na nossa direção com um sorriso falso.
— No que posso ajudá-los?
— Estou atrás da minha esposa. — Dimitri diz.
— E sua esposa é...? — Encara, esperando a resposta.
— Allyssa Petrov, ela e minha cunhada estão comprando vestidos de
noiva. — Mesmo com toda a explicação, a mulher continua sem entender.
Pego o celular e mostro uma foto das duas.
— Oh sim! Elas escolheram um vestido e já deixei embalado. —
Responde, se afastando e voltando pouco tempo depois. — O segurança que
estava as acompanhando as levou recentemente.
Essa mulher não percebeu ambas as mulheres foram sequestradas?
O barulho da porta da loja se abrindo chama a atenção, Aleksey entra
calmamente.
— Sabe para qual direção eles foram?
— Lamento, apenas disseram que buscariam o vestido mais tarde.
— E sabe qual era o nome do segurança que estava as
acompanhando?
Sinto-me melhor sabendo que Aleksey está no controle da situação.
— Não, mas tenho certeza que uma das mulheres o conhecia.
Quero socar alguma coisa, tenho certeza que era o filho da puta do
José. O bastardo já avisou saber onde ela estava, faz sentido que tenha se
aproveitado de um momento de descuido e tenha a levado.
— Obrigado.
Espero até estar no carro para começar a me desesperar, não tenho
ideia de para onde foram levadas, e nem como podemos encontrá-las.
— A pandora está funcionando? — Dimitri pergunta.
Aleksey acena.
— Pensei que não ia mais usá-la. — Comento.
— Vou abrir uma exceção.
Chegamos a casa desesperados, mas somos interrompidos no nosso
caminho, pelo som de risos femininos.
Que merda está acontecendo?
Corro em direção as risadas, e nos deparamos com Allyssa, Eduarda,
Irina e Alice, sentadas na sala junto com Apollo e Czar.
Um desses filhos da puta pegou nossas mulheres e as trouxe de volta
para casa, e não teve o minimo de decência em nos avisar o que estava
fazendo. O que me leva a próxima parte da minha irritação, como ambas
esqueceram que estavam de carro e o deixaram lá?
— Aposto que o filho da puta do Apollo foi quem as buscou.
— Não precisa ser um gênio para isso. — Reviro os olhos.
— Onde vocês estavam? — Allyssa pergunta.
— Fomos atrás de vocês, quando chegamos notamos o carro e
pensamos que foram sequestradas. — Explico.
— Nós ligamos. — Dimitri completa.
— Meu telefone estava sem bateria. — Continua. — E o telefone da
Duda está com problemas.
— Problemas? — Encaro minha esposa.
— Ele caiu uma poça d’água. — Eduarda levanta o telefone com a
tela quebrada e molhado.
— Nunca mais façam isso. — Dimitri respira aliviado ao meu lado.
— Fiquei preocupado. — Beijo a cabeça da minha mulher.
— Bom, ao menos sentiu um pouco do desespero que senti com a
bomba do casamento.
Parece que todos estão irritados comigo, e o meu dia foi por água a
baixo. Me levanto e começo a me afastar de todos.
— Onde você vai? — Eduarda grita atrás de mim.
— Deitar, e rezar para que essa merda tenha acabado quando eu
acordar.
Todos dão risada.
— Me avisem quando Alberto chegar.
Capítulo 23
Eduarda
Dominic irritado parece uma criança mimada, rindo, me levanto para
segui-lo.
— Aonde pensa que está indo? — Ally me chama.
— Ver como ele está.
— Não, temos um monte de coisas para fazer. — Lembra. — Se
esqueceu que o seu casamento é amanhã? Até o momento só temos o vestido
e o lugar, e isso por o lugar ser na nossa casa.
Allyssa é fofa quando está prestes a surtar.
Sinto que deveria estar sendo mais séria a respeito dos preparativos
do casamento, eu sou a noiva e a pessoa que deveria estar surtando, não
Allyssa que já está casada e poderia tomar uma boa dose de vodca.
— Ok, tem razão. — Volto para perto dela.
— Sempre tenho. — Sorri, acariciando a barriga.
Seu gesto de carinho me faz desejar ter outro bebê, isso é claro, até
lembrar de todo o choro, noites em claro, mamadeiras no meio da noite, a dor
nos meus seios e me sentir como um maldito zumbi, aí não preciso dizer que
a vontade passa.
— Você olha como se meu bebê fosse sair e te devorar. — Comenta.
— Fui mãe solteira, não tive ninguém com quem dividir as
responsabilidades. — Explico.
— Eu também fui, e ainda pensei que meu menino morreu. —
Lembra. — E tenho certeza que Dom vai gostar de dividir essa
responsabilidade.
— Sei que vai, só não sei eu serei uma boa mãe.
Allyssa revira os olhos, como se eu fosse um idiota que não ideia do
que está falando ou uma idiota que demorou tempo de mais para perceber o
que está sentindo, e é quando realmente percebo o que está acontecendo.
— Puta merda, eu quero um bebê! — Anuncio.
— Tudo bem, vamos com calma. — Ela bate palmas. — Primeiro seu
casamento.
Ally me arrasta para os fundos da loja.
— Aonde estamos indo?
— Casei em uma capela, mas não parece ser seu estilo.
— Não faz. — Concordo.
— Decidi explorar o jardim da casa e encontrei um lugar
simplesmente mágico. Acho que você vai gostar de lá.
Pensei que já tinha visto a maior parte do jardim e que não me
surpreenderia com mais nada.
— Nem pense em se casar aqui fora. — Alerta. — Faz muito frio e
sua bunda vai ficar congelada no vestido que escolheu.
— Eu gosto de jardins. — Dou de ombros.
— Quem diria, garota de Ipanema. — Allyssa falando Ipanema é
uma coisa muito engraçada e, ao mesmo tempo, soa sexy.
— Não me olhe como se quisesse me foder, gosto de você, mas meu
lance é pau.
— O meu também e prefiro os grandes.
— Eu também.
Andamos mais um pouco, até que chegamos a uma estufa de vidro,
quando entramos me sinto em um filme de contos de fadas.
— Sabia que gostaria.
— Eu amei, mas será que vamos conseguir organizar tudo há tempo?
— Dom disse que seria amanhã, mas não falou a hora. — Sorri de
forma presunçosa.
— Gosto de como pensa.
— Ótimo, eu tenho algumas amostras de bolo. — Me mostra uma
mesa com várias fatias de bolo e um álbum com modelos.
— Vamos provar.
Allyssa se senta ao meu lado e pega um tablet, e conforme vamos
provando ela começa a fazer algumas anotações, logo em seguida uma
mulher aparece carregando uma pequena mala.
— Olá, senhoras.
— Marina, por favor, não me chame de senhora. — Ally reclama. —
Ainda mais depois do Miguel...
Marina faz um som e a interrompe, se mexendo de forma
desconfortável na cadeira, de uma forma que me apresso em mudar de
assunto.
— Prazer em conhecê-la. — Estendo a mão.
— O prazer é meu.
— Esse bolo é delicioso.
— Esse primeiro bolo é feito de pasta de chocolate belga e trufas, na
segunda camada tem um creme de chocolate branco e morango.
— Admito que é como um pedaço do céu.
— Concordo.
— Se gostaram dele, acredito que irão gostar ainda mais do próximo
sabor. — Marina acrescenta animada. — Ele tem um creme de chocolate com
geleia de morango, na próxima camada tem uma mousse branca.
— Gosto deste, mas o primeiro é melhor. — Ally comenta.
— Tenho que concordar, não quero provar mais nenhum. — Penso
na massa. — Talvez se tivesse um pouco de nozes na massa, eu amaria um
pouco mais.
— Você é um gênio. — Allyssa está muito animada com esse bolo.
— Pode fazer isso? Olha com expectativa para Marina.
— Tudo o que quiserem. — Diz. — A única coisa que me preocupa é
o tempo.
— Tempo é equivalente a dinheiro, tenho certeza que pelo valor certo
vai acontecer,
Marina dá um sorriso não muito convencido para Allyssa. É claro que
ela não tem ideia do problema que a pobre mulher vai ter para que tudo
aconteça do jeito que ela deseja.
— Próximo assunto?
— Isso seria os pratos, pensei em usar os mesmos do seu casamento.
— Oferece. — Carne e frutos-do-mar.
— Por mim, é ótimo. — Concordo. — Não preciso provar e nos
poupa tempo.
— Agora vamos aos arranjos.
— Quero que sejam simples. — Peço. — Pequenos que não tomem
muito espaço nas mesas.
— Marina é uma ótima organizadora, vamos deixar tudo isso com
ela.
Allyssa olha para os outros bolos, ansiosa para voltar ao seu
“trabalho” de provar bolos.
— Por mim tudo bem. — Concordo.
— Tem certeza?
— Claro ex futura sogra. - Fala Ally.
— Não quero falar sobre Miguel.
Ally bufa, e se levanta, ela anda até Marina e abraça, um gesto
simples com a outra mulher em prantos.
— Ele te magoou, né? — Pergunta.
— Tudo com Miguel é complicado.
— Marina, uma coisa que você tem que aprender sobre os homens
dessa família, todos eles são idiotas na primeira vez. E eles nos deixam
grávidas e em todas às vezes ele nem sequer sabia, de um tempo e logo ele
vem atrás de você.
— Tenho que concordar com isso.
— Obrigado pelo apoio, e por favor não comentem nada com ele. —
Limpa o rosto. — Não quero que Miguel saiba que tem esse poder sobre
mim.
A porta da estufa se abre e um homem todo tatuado que parece uma
versão mais velha de Dimitri entra. Tenho que admitir a genética dessa
família é ótima. Todas às vezes que estive perto dele, não consegui apreciar
sua aparência.
— Podemos conversar? — Ele não tira os olhos de Marina.
— Não tenho nada para falar com você. — Marina é decidida.
Allyssa está em pé, observando a cena toda sem dar sinal de sair para
os deixar conversar a sós.
— Por favor.
— Não há nada para conversarmos. — Marina diz em um tom frio.
Por cinco segundos me sinto mal por Miguel, mas não o suficiente
para ficar do seu lado.
— Por quê?
— Percebi que está na hora de seguir com a minha vida, as coisas que
aconteceram entre nós, é passado.
Quando Marina sai da estufa, Ally se aproxima do Miguel e coloca a
mão em seu ombro, tentando confortá-lo. Não me sinto confortável para
tentar consolá-lo, muito menos comovida.
— Dê um tempo a ela. — Aconselha.
— Obrigado.
— Não me agradeça, sinto que tenho que te ajudar, afinal sou mulher
e bem mais esperta. — Se gaba. — E um conselho? Faça valer a pena.
Miguel abaixa a cabeça, sem parecer se importar muito com o que
Allyssa disse.
— Não penso que Marina vai ceder.
— Miguel não é uma pessoa ruim, Duda.
— Os filhos dele não concordam.
Allyssa faz uma careta, muda de assunto.
— Temos uma maquiadora para encontrar e um padre para conversar.
Para alguém que usa saltos tão altos, Allyssa caminha muito rápido.
Passamos pela entrada da casa e vejo um carro esportivo.
— Que carro é esse? — É um carro típico de homem solteiro que
grita dinheiro.
— Deve ser do Alberto. — Ally murmura.
— Alberto?
— O advogado, e amigo dos meninos, o homem é um deus grego
ruivo. — Acrescenta. — No entanto, não se engane pela aparência, ele pode
facilmente foder com a sua vida em um tribunal.
A porta da estufa se abre e um homem todo tatuado que parece uma
versão mais velha de Dimitri entra. Tenho que admitir a genética dessa
família é ótima. Todas às vezes que estive perto dele, não consegui apreciar
sua aparência.
— Podemos conversar? — Ele não tira os olhos de Marina.
— Não tenho nada para falar com você. — Marina é decidida.
Allyssa está em pé, observando a cena toda sem dar sinal de sair para
os deixar conversar a sós.
— Por favor.
— Não há nada para conversarmos. — Marina diz em um tom frio.
Por cinco segundos me sinto mal por Miguel, mas não o suficiente
para ficar do seu lado.
— Por quê?
— Percebi que está na hora de seguir com a minha vida, as coisas que
aconteceram entre nós, é passado.
Quando Marina sai da estufa, Ally se aproxima do Miguel e coloca a
mão em seu ombro, tentando confortá-lo. Não me sinto confortável para
tentar consolá-lo, muito menos comovida.
— Dê um tempo a ela. — Aconselha.
— Obrigado.
— Não me agradeça, sinto que tenho que te ajudar, afinal sou mulher
e bem mais esperta. — Se gaba. — E um conselho? Faça valer a pena.
Miguel abaixa a cabeça, sem parecer se importar muito com o que
Allyssa disse.
— Não penso que Marina vai ceder.
— Miguel não é uma pessoa ruim, Duda.
— Os filhos dele não concordam.
Allyssa faz uma careta, muda de assunto.
— Temos uma maquiadora para encontrar e um padre para conversar.
Para alguém que usa saltos tão altos, Allyssa caminha muito rápido.
Passamos pela entrada da casa e vejo um carro esportivo.
— Que carro é esse? — É um carro típico de homem solteiro que
grita dinheiro.
— Deve ser do Alberto. — Ally murmura.
— Alberto?
— O advogado, e amigo dos meninos, o homem é um deus grego
ruivo. — Acrescenta. — No entanto, não se engane pela aparência, ele pode
facilmente foder com a sua vida em um tribunal.
— Vamos conhecer esse homem.
— Está mais para tigre.
Capítulo 24
Dominic
Alberto não poderia ter chegado em um horário melhor, após me
arrumar, desço as escadas e o encontro na sala, conversando com meu irmão,
enquanto as mulheres estão sentadas do outro lado, rindo e conversando.
— Finalmente levantou a bunda da cama e veio me receber. —
Zomba, vindo me cumprimentar.
— Não me aborrece, Betina. — Provoco, lembrando da mensagem
do seu primo.
— Falou com meu primo, foi? — Pergunta mal-humorado.
— O que você acha? — Dou risada.
— Vou levar os papéis do casamento comigo.
— Nem pense! Vamos assinar essas merdas hoje.
— Pensei que se casaria amanhã. — Franze a testa.
— Eu acreditava que loiro era burro, só não sabia que os ruivos
também. — Brinco.
— Suas irmãs são loiras seu idiota. — Alberto me bate na cabeça.
— Mas você é o único ruivo aqui. — Lembro.
— Chega de ser idiota, e vamos logo assinar essas merdas.
— Eduarda. — Chamo e ela vem.
— Vamos senhor, educação. — Revira os olhos ao passar por mim.
Entramos no escritório e Alberto tira os papéis que pedi para ele
trazer. O primeiro que ele coloca sobre a mesa é um papel de reconhecimento
de paternidade, minha filha não vai ficar sem o nome do pai dela.
— Esse aqui é o papel de reconhecimento de paternidade. — Alberto
explica e mostra onde Eduarda deve assinar.
Depois de um segundo, ela assina.
Finalmente minha filha tem meu nome.
— Feliz? — Ela pergunta.
— Muito. — Respondo no mesmo tom.
Alberto parece desconfortável com toda essa cena.
— Esse papel aqui é o que vocês precisam assinar para dar entrada
nos papéis do casamento. Esse processo leva alguns dias para ser aceito, no
entanto, o juiz é um amigo meu e vai liberar amanhã. — Entrega o papel e eu
sou o primeiro a assinar, logo Eduarda toma a caneta da minha mão e assina.
— Meu trabalho aqui está concluído, nos vemos amanhã.
Sozinhos no escritório, dou a volta na mesa e puxo Eduarda para os
meus braços, feliz por tudo finalmente estar entrando em ordem.
— Você é maluco. Ainda não acredito que jogou a bomba do
casamento em mim hoje de manhã.
— Não há necessidade de ficar adiando uma coisa que cedo ou tarde
aconteceria? Não vou te dar a chance de fugir.
— Um casamento de um dia para o outro foi de mais.
— O que posso dizer em minha defesa se não um, eu te amo e não
quero viver sem você? — Pergunto. — Tive medo que mudasse de ideia.
— Falando em mudar de ideia, quero se prepare para a nossa lua de
mel. — Sorri. — Estarei no comando.
— Não tenho problemas com você decidindo para aonde vamos
viajar. — Falo sorrindo.
— Quando digo que estarei no comando, me refiro a cama. —
Responde de forma maliciosa.
Por um momento me perco em pensamentos e o quão foda nossa lua
de mel será se ela cumprir com suas promessas.
— Ótimo, agora vou ter um pau duro pelo resto da noite. — Penso
em voz alta.
— Você merece.
Uma batida na porta me impede de falar para Eduarda exatamente o
tipo de coisa que eu mereço e que acredito que deveria me dar.
— Entre. — Mando, abraçando Eduarda.
Meu irmão e minha cunhada entram no escritório e pelo olhar tenso
entre eles sei que vem bomba por aí.
— O que foi? — Pergunto.
— Matteo está aqui. — Diz. — Parece que os italianos estão
invadindo a Rússia.
— Sempre supus que preto e vermelho combinavam. — Responde
Allyssa com um sorriso fazendo Dimitri olhar para ela surpreso. — O que
foi? Não vou tratar mal aquele garoto.
— Resolveremos isso mais tarde.
Em nossa sala de estar, Matteo está sentado nos esperando, com uma
mulher loira com uma cara de puta ao seu lado. A forma descontraída que ele
está, não é um indicativo de guerra ou de problemas.
— Matteo, o que está fazendo aqui? - Pergunta Dimitri.
— Tinha alguns negócios para resolver na cidade e fiquei surpreso
quando ouvi que o segundo Petrov estava se amarrando.
— Enquanto uns se casam outros continuam perdendo tempo com
lixo.
— O que posso dizer? Sou um espírito livre. — Diz divertido.
— Pensei que Lucca estaria aqui para resolver qualquer problema
com os carregamentos. — Fala meu irmão.
Matteo é um filho da puta com rosto bonito e uma reputação de
menino mau, escondendo o tipo de coisa que é capaz de fazer com seus
inimigos, e a extensa ficha de mortes.
— Lucca descobriu que tem uma filha e foi atrás dela. — Responde.
— Sabe como é, ele levou uma chave de boceta há anos atrás e só agora a
encontrou.
— Não fale assim na frente das mulheres. — Dimitri avisa.
— Peço perdão para as senhoras.
— Deveria pedir para sua namorada também. — Ally aponta para a
mulher ao seu lado.
— Ela não é a minha namorada, é apenas uma das putas de um dos
clubes da minha família. — Responde.
— Ainda assim, não deveria tratá-la assim. — Eduarda acrescenta.
— Não pensariam assim se soubessem que ela daria em cima dos
homens de vocês se eu não estivesse aqui.
— Nesse caso... — Allyssa interrompe o que Eduarda estava prestes
a dizer.
— Cada um faz o que quer da vida, Dimitri me explicou como isso
funciona e ela está sendo tratada assim porque quer. — Ally explica.
Eduarda parece chocada com a resposta da Allyssa e pela cara sei que
vai falar uma coisa que não devia.
— Ela poderia estar lá contra sua vontade.
— Eduarda, deixa eu te explicar uma coisa as famílias italianas e
russas não lidam com o tráfico de mulheres. — Responde Allyssa, não
falando tudo o que sabe. — Você é nova vou te explicar tudo depois.
Nossas mulheres sempre nos colocam em nossos lugares, mas nunca
na frente de desconhecidos. Se elas nos questionam na frente das outras
famílias, passam a ideia de que somos fracos e isso colocaria a todos em
perigo.
— Sua amiga não disse tudo, deve estar guardando o pior para o
final. — Matteo tenta ser gentil. — Ela faz isso porque quer. Essas mulheres
vão até os clubes porque querem entrar para a família de certa forma, e
liberando a boceta é a única forma que pensam.
— É melhor a irmos jantar. — Eduarda se dá conta de que a mulher
sentada ao seu lado é realmente uma puta.
O jantar é tranquilo e todos conversam de forma amigável. Allyssa e
Eduarda tentam colocar a mulher na conversa delas, mas a puta está mais
interessada em tentar flertar com todos os homens da mesa e atrair a atenção
do meu irmão.
Dimitri a ignora, mas Allyssa não, e pela forma como olha, essa
mulher vai acabar morta.
— Matteo, posso falar com você por um minuto? — Allyssa chama,
surpreendendo a todos.
Matteo parece confuso por um momento e então se levanta e espera
Allyssa.
— Alguém aqui quer uma conversa comigo no banheiro? — A
mulher oferece, tentando soar sedutora.
— Não costumo desovar cadáveres no meu banheiro. — Dimitri diz.
— Você leva essa coisa de ser uma puta sério demais. — Duda
comenta. — Sua buceta deve ser do tamanho de um buraco negro.
— Quem você pensa que é para falar assim comigo? — A mulher
grita com a voz aguda.
— Eu sou a noiva de um desses homens e exijo respeito.
Nesse momento a Allyssa entra na sala e Matteo está sorrindo atrás
dela. Ele se senta na cadeira e observa quando Allyssa anda até a puta e a
arranca pelos cabelos da cadeira.
— O que você está fazendo? Matteo socorro. — Pede chorando.
É tão engraçado ver a minha cunhada grávida arrastando uma mulher
pela casa. Meu irmão se levanta e pensa em se aproximar, mas sei que ele
lembra o efeito dos hormônios da gravidez.
— Ally, amor? Você vai acabar se machucando.
— Não começa Dimitri, essa cadela tá me provocando o jantar todo e
agora ela vai ter o merece. — Dá um soco na mulher.
Matteo parece estar se divertindo muito, tanto que não para de
gargalhar e dar algumas batidas na mesa.
— Foi isso o que ela pediu? — Me viro em sua direção.
— Pediu? A mulher praticamente disse que eu tinha que deixá-la
fazer isso ou seriam dois corpos na sala. — Murmura. — Sem falar que, ela
disse que o bebê nasceria com a cara de uma mão fechada, de tanta vontade
de dar um soco na cara dessa "puta maldita".
— Garoto sábio. — Elogio.
— Eu amo visitá-los! Esse é o tipo de diversão que só os Petrov
podem proporcionar.
— Aposto que sim.
Allyssa está agora levando a puta em direção à porta de saída da casa
e meu irmão atrás dela cuidando para Ally não se ferir.
— Dimitri faz o favor de abrir a porta. — Escuto Ally pedir, e
Dimitri obedecer.
A mulher é jogada para fora e quando tenta entrar de novo, a porta é
batida em seu rosto.
— Será que vou ficar assim quando me tornar uma Petrov? —
Eduarda me encara.
— Provavelmente gata, esse nome deve ter alguma maldição. —
Matteo ri.
— Não chame minha mulher de gata.
— Por que não? A não ser que você a ache feia. — Provoca.
— É Dominic, você me acha feia? — Eduarda coloca as mãos na
cintura.
— Claro que não. — Me defendo.
— Não foi o que pareceu. — Ally piora minha situação.
Essa noite vai ser longa!
Capítulo 25
Eduarda
Com toda a experiência que Dominic tem com as mulheres, você
poderia dizer que ele é inteligente e que não abriria a boca para falar besteira.
Mas, ao que parece, ele não é tão inteligente assim, e é por esse motivo que
decidi infernizar sua vida.
— Por mais divertido que tenha sido, preciso ir embora. — Matteo se
levanta.
— Por que não passa a noite aqui? — Ally oferece.
— Meu irmão está voltando com a mulher e a filha, quero estar em
casa quando eles chegarem. — Explica.
— Ele vai lutar pela guarda? — Pergunto.
Matteo ri.
— Do jeito que meu irmão é? Não vai ter luta, apenas...
— Ambos ficando juntos. — Allyssa bufa, tendo conhecimento de
causa. — Ele as arrastou para a Itália?
— Não, seu plano era dar tempo, mas temos um problema com um
dos nossos negócios. — Explica.
— Podemos ajudar? — Dimitri pergunta.
— Não acredito que possa, exceto se saiba como eliminar cadelas
problemáticas.
— Dalilah ainda está causando problemas? — Dominic pergunta,
entendo o tipo de “negócios” a qual o outro homem se refere.
— Como sempre, meu irmão estava louco quando aceitou a cadela
em sua vida. — Reclama. — Aquela puta sempre dá um jeito de causar
problemas.
— Lamento por ele. — Murmuro.
— Ele não lamenta tanto, do contrário não estaria com sua mulher e
filha.
— Isso não faz sentido. — Dimitri diz.
— A mulher que meu irmão se apaixonou é filha da Dalilah. —
Explica, e todos ficam em silêncio.
— Seu irmão fodeu com a enteada?
Matteo bufa e acena com a cabeça.
— Eles nunca tinham se visto antes, a mulher não tem um bom
relacionamento com a mãe, o que não é uma grande novidade. — Revira os
olhos. — Dalilah nunca os apresentou e como ninguém gosta dela, não
pensamos em nos aprofundar em sua vida de merda.
— Espero que a filha não seja parecida com a mãe. — Declaro,
percebendo que Dalilah deve ser uma verdadeira vadia.
— Meu irmão não é tão idiota para se casar duas vezes com o mesmo
tipo de mulher. — Continua a falar, enquanto caminhamos em direção a
porta.
Matteo deve ser o oposto de seu irmão, pela forma como contou as
histórias de sua família, fica claro o motivo de existir um abismo enorme de
diferença entre as personalidades dos homens Petrov.
— Pensei que todas as máfias ou “famílias” fossem inimigas, e toda
aquela coisa de casamento arranjado para selar a paz. — Digo, assim que
voltamos para a sala.
Dimitri e Dominic dão risada, o estilo de risada que diz que sou uma
idiota por pensar essas coisas.
— Costumamos manter a paz, é melhor para os negócios e mantém a
polícia longe de nós. — Dominic explica. — Não que nós vamos ter
problemas se eles baterem na nossa porta, dinheiro é uma palavra mágica.
Reviro os olhos para sua explicação. Teria sido mais fácil acreditar
no que ele está dizendo, se eu não tivesse presenciado o que aconteceu com
os mexicanos, e a forma “amigável” que lidaram com os japoneses.
— O que foi essa revirada de olhos? — Dimitri pergunta.
— E o que aconteceu com os mexicanos e japoneses?
— Um pequeno atrito, coisa básica. — Dominic continua. — Tanto
que nosso amigo japonês voltou para sua terra moderna, e os mexicanos estão
descansando.
— Eles morreram! — Rebato.
— Descanso eterno.
É estranho com o quão frio Dominic pode ser às vezes, mas não me
importo com o que aconteceu com aqueles homens. Bem e mal depende do
lado em que estamos, e para mim, aqueles caras eram maus e mereceram o
que aconteceu.
— Estou cansada, vou dormir. — Me despeço de Allyssa e Dimitri.
Dominic coloca um sorriso feliz no rosto e começa a me seguir,
convencido de que irá se dar bem esta noite. Allyssa entra em sua frente,
acenando com o dedo de forma negativa, e o empurrando para trás.
— Nem pense nisso, temos uma tradição e a noiva não pode ver o
noivo no dia do casamento.
Dominic revira os olhos e ri.
— Caso tenha se esquecido, Eduarda é brasileira.
— Pode até não ter essa tradição no meu país, mas não estou no
Brasil e me sinto obrigada a seguir as tradições da única mulher que está me
ajudando. — Sorrio. — Isso significa que não vamos dormir juntos esta noite.
Disfarço a que estou sentindo em vê-lo irritado com isso, mas é a
minha forma de me vingar da bomba “vamos nos casar amanhã”.
— Vou dormir no quarto de hóspedes. — Diz emburrado.
— Não vai, pensa que não te conheço? Vai dormir na casa de
hóspedes. — Manda Allyssa.
Dimitri ri atrás de Dominic, e atrai a atenção do irmão.
— Vai deixar sua mulher me expulsar de casa?
— Mano, apenas aceite. — Aconselha o mais velho, abraçando o
irmão e o levando até a porta. — Boa noite! — Diz, logo em seguida bate a
porta em sua cara.
Divertida com o mau-humor de Dominic, subo para o quarto e decido
preparar um banho relaxante. Enquanto encho a banheira, meu novo celular
apita no quarto e vou pegá-lo, sabendo ser Dom.
Dominic: Estou pensando em você.
Junto de sua mensagem, vem um anexo com uma foto de seu pau.
Eduarda: Toma um banho frio que passa.
Dominic: Já tomei e não adianta. Preciso de você, da sua boca.
Fico muda com o tom safado das mensagens dele.
Meu garoto está sendo malvado.
Dominic: Me contendo até com a sua mão.
Não quero passar a minha última noite como solteira pensando no
pau do meu futuro marido, então decido ignorar a mensagem, e relaxar na
banheira. Tiro a minha roupa e desligo a água, após despejar um pouco de
sais de banho na água, entro e fecho os olhos.
Minha paz dura pouco tempo já que meu celular apita mais uma vez.
Dominic: Tudo bem, me manda uma foto da sua boceta que eu cuido
disso sozinho.
Dou risada.
Eduarda: Acha que vou facilitar as coisas para você?
Dominic: Eu preciso de você aqui, mas já que não quer me ouvir vou
te falar tudo o que vou fazer com você amanhã.
Eduarda: Estou esperando, mas poupe detalhes. Não quero que você
fique sem nada para usar amanhã.
Gosto de provocá-lo, e sexo por mensagem é uma coisa que nunca
fiz. Dominic vai ser o meu primeiro, será que existe virgindade por
mensagem? Se existir, vou perder a minha agora.
Dominic: Você anda muito metida a esperta, devo calar a sua boca
com o quê?
Eduarda: Que tal com o seu pau? Adoraria brincar com seu
piercing.
Dominic: Porra mulher, não me tente. Infelizmente para você hoje
estou do contra e só vai chupar meu pau se for uma boa menina.
Eduarda: Eu sempre sou uma boa menina, mas você não é um bom
menino. Talvez eu deva te amarra e fazer você sofrer um pouco.
Dominic: Pode me amarrar só se sentar na minha cara e me deixar
chupar essa sua bocetinha toda.
Só o pensamento de ter a língua de Dominic na minha boceta me
deixa molhada e pronta para gozar.
Eduarda: Fiquei molhada só de pensar.
Dominic: Acho que estamos em sintonia.
Eduarda: Você está se masturbando?
Dominic: Por quê? Você tá?
Eduarda: Estou prestes a começar! Mas preciso de algo para me
inspirar.
Dominic: Não seja por isso.
Fico sem entender o que ele quis dizer, então ele me manda uma
mensagem de voz. É uma mensagem de alguns minutos e estou muito curiosa
para saber o que diz. No momento em que toco o play, meu coração para.
— Fecha os olhos. — Mesmo sendo uma mensagem gravada
obedeço. — Agora imagina que você está em pé no meio do nosso quarto e
eu chego por trás de você. Fico ali parado, mas não te toco, pelo menos não
imediatamente. — Pausa. — Quando chego por trás de você e começo a
abrir sua roupa, sua pele se arrepia e seu corpo reage. Sua boceta está
encharcada e louca para ter meu pau dentro dela. Solto seu vestido, ele
desliza pelo seu corpo e a sensação dele em sua pele te deixa mais excitada.
Seus pelos do braço se arrepiam com o beijo que dou em sua nuca, e seus
mamilos ficam duros quando os toco e belisco entre meus dedos. Enquanto
brinco com seu mamilo, passo a minha outra mão pelo seu corpo e vou
descendo até entre as suas pernas. Paro para brincar com o seu clitóris
molhado e gostoso e então meto um dedo dentro de você. Está gostando? —
Dominic é tão safado, ele sabe que está me deixando louca. — Brinco com
você até que sinto sua boceta apertar meus dedos. Pensa que vai gozar
agora? — O bastardo pergunta enquanto isso vou me tocando em baixo da
água. — Não gatinha, quando você está quase gozando tiro meus dedos de
dentro de você e os, levo até a minha boca. Hummm... Seu gosto é ótimo.
Você fica brava e sei que vai tentar se tocar, mas não te deixo. Na verdade,
te jogo na cama e mando você abrir as pernas. Vai me obedecer? —
Dominic está passando dos limites com todas essas perguntas, será que ele
não entende que mesmo não estando aqui me deixa louca? — Aposto que
sim, por isso mergulho a minha cabeça entre as suas pernas e começo a
mordiscar e prender seu clitóris. Quero você doida de tanto tesão, para
quando meu pau entrar nessa sua bocetinha deliciosa. Mas se pensa que
vou te deixar gozar, está enganada. — A sensação que tenho é de que
Dominic está aqui, fazendo as coisas que diz com o meu corpo, mas sei que é
tudo culpa da sua voz sexy, me prometendo coisas gostosas. — Não vai
gozar sem estar com o meu pau dentro de você. — Espero por mais detalhes
no áudio e quando olho para a tela, o áudio acabou.
Eduarda: Por que você parou?
É a única coisa que consigo pensar em digitar, estou tremendo de
tesão reprimido por causa desse bastardo.
Dominic: Não pensou que seria a única má aqui, né? Agora vou
dormir. Antes que eu me esqueça: gozei só de pensar em fazer isso com você!
Eduarda: Bastardo, filho da puta. Só para você saber eu gozei
também.
Minto, afinal é muito mais fácil mentir do que confessar que meu
corpo acatou suas ordens.
Dominic: Sei que não gozou, sua boceta é viciada em mim.
Depois dessa, largo meu celular em um canto e me levanto da
banheira. Cansei de toda essa frustração sexual que o bastardo me envolveu.
Seco-me e coloco uma camisola, sei que se dormir pelada Allyssa ou as
crianças podem entrar aqui e seria um filme terror.
Após me deitar meu celular apita de novo e por mais que queira
mandar Dominic a merda eu sorrio e abro, mas a mensagem não é dele e sim
de José.
José: Achei que seria falta de educação não desejar boa noite, e um
feliz noivado. Mas talvez o seu casamento amanhã não venha acontecer.
Eduarda: Vai acontecer e se eu te ver lá amanhã, vou te matar na
frente de todos.
José: Adoro quando você mostra as garras tigresa, talvez eu deva te
foder na frente do seu marido, seria um espetáculo é tanto.
Eduarda: O único espetáculo que Dominic vai ver, vai ser você
engolindo suas próprias bolas.
Desligo meu celular, não quero continuar recebendo essas mensagens
dele, sei o tipo de pessoa que José é e também sei que ele não vai me deixar
em paz.
A única coisa é, que agora não quero ele me deixe em paz. Estou
esperando-o aparecer e assim vou dar um fim a tudo isso. Ninguém vai ficar
me ameaçando e me assombrando, não quando a minha filha e meu futuro
marido estão por perto.
Levanto-me e viu até o quarto de Dimitri e Allyssa, se tem alguém
que pode me ajudar e, ao mesmo tempo, manter Dom no escuro, é ele.
— Preciso da sua ajuda.
Capítulo 26
Eduarda
Casamentos por si só deixam todos a sua volta nervosos,
considerando o tempo que o meu levou para ser planejado e todos os planos
ocultos que Dimitri e eu passamos boa parte da noite organizando, isso
dobrou meu nervosismo.
Allyssa e Abby decidiram que deveríamos ter um dia de SPA, é por
isso que me levanto cedo, coloco uma roupa simples, e desço para a sala de
jantar. Allyssa e Abby estão acordadas tomando café da manhã.
— Onde estão as crianças? — Pergunto, estranhando Dimitri estar
longe da esposa.
— Dimitri levou Zack para se arrumar com Dom, e Charlie quis ir
com eles, então permiti que fosse. — Ally responde.
— Ela vai ficar bem?
— Dimitri é um bom pai e vai morrer antes que algo aconteça com as
crianças. — Responde. — E sei disso por que a mataria se algo acontecer
com nossos filhos.
Abby que estava quieta observando começa a rir.
— Fiquei sabendo da surra na prostituta. — Explica Abby, no meio
de sua crise de risos.
— Ela mereceu. — Ally dá de ombros.
Às duas param de falar, focando seu olhar em mim, e me deixando
desconfortável.
— O que foi? — Limpo meu rosto.
— Você é mais de observar. — Comenta Abby. — Isso me lembra o
Dom.
— Não faço isso.
— Faz sim, você sempre fica quieta observa todos falarem e Dom faz
a mesma coisa. — Diz. — Ele é mais da ação do que de falar.
— É mais fácil ficar quieta e observar. — Pego uma xícara de café.
— Sei quando atacar e também sei quando as pessoas estão mentindo. —
Continuo a explicar. — Aprendi isso na polícia.
Às duas me deixam em paz com sua implicância, e depois que tomo
meu café, pegamos nossas bolsas e vamos para o SPA. Dimitri não queria
que Allyssa viesse junto comigo, para ser sincera, nem eu queria Abby e Ally
aqui. Colocar as duas em risco por minha causa é uma grande bobagem.
— Vai começa a falar, o que vai acontecer? — Pergunta Allyssa.
— Já disse que não sei se algo vau acontecer. — Admito. — Não
tenho bola de cristal.
— Hahaha muito engraçada. — Zomba Ally. — Estou apenas
esperando que você me diga o que esperar.
— Se José aparecer vou dar um jeito. — É o máximo que falo.
— É por isso que estamos com segurança no spa e também nos
seguindo?
— Sim.
— Olha, gosto de vocês e tudo mais, mas eu quero ter uma tarde
tranquila. — Diz Abby, olhando pela janela e parecendo entediada. — Sem
falar que Low está vindo para o seu casamento e eu quero estar linda para ver
minha irmã.
— Quando ela disse que chegaria? — Agradeço pela mudança de
assunto.
— Hoje perto da hora do casamento. Ela está toda animada com a
nova cede da empresa nos Estados Unidos.
— Era o sonho dela cuidar das coisas por lá. — Ally complementa.
— Sim, mas ela está cuidando dos meninos do clube, o que parece
deixá-la feliz.
— Erick não deve estar muito feliz em deixar o clube.
— Ele não é o maior fã do meu pai. — Explica.
— Tudo vai ficar bem. — Murmuro, não sei se tentando convencê-
las ou a mim.
— É, tudo vai ficar bem. — Ally concorda, nervosa.
O carro logo para na porta do spa e todas pulamos animadas. Preciso
de uma massagem e antes do casamento, ainda estou lembrando das
mensagens e do áudio que Dominic me mandou ontem.
— Vamos nos separar? — Pergunto.
— Não, Dimitri disse para ficarmos juntas. — Ally protesta. — E
como você é a noiva, vamos te acompanhar.
— Se é assim, preciso de uma massagem.
A entrada no spa foi uma verdadeira comoção, eu não tinha ideia que
Allyssa e Abby eram celebridades do tipo que tem direito a entrada vip e
acompanhante.
— Senhora Petrov, por onde desejam começar? — A mulher
designada para nos acompanhar pergunta.
— Não sou eu quem está no comando e sim a minha cunhada. —
Aponta para mim. — Não sei se meu marido falou, mas Dominic vai se casar.
— Me desculpe. — Pede.
— Tudo bem, vamos começar pela massagem.
— Temos os melhores massagistas da cidade. — Diz convencida. —
Espero que a senhorita goste.
— Tenho certeza que vou gostar. — Falo sendo simpática.
A mulher nos leva até uma sala onde tiramos nossas roupas e
colocamos roupões. Após prender os cabelos, vamos para a sala de
massagem, no canto dela tem uma, jacuzzi enorme.
Deitamos os massagistas imediatamente começam seu trabalho, devo
admitir que eles são ótimos em seu serviço e logo estou quase dormindo, até
que um deles coloca uma pedra quente no meio das minhas costas.
— Será que pode tirar isso das minhas costas? — Peço, quando
começa a me queimar.
— Desculpe senhora, achei que...
— Está tudo bem, só por favor tire isso.
— Claro. — As pedras são removidas e posso respirar sem estar
sendo queimada.
Depois da massagem entro na jacuzzi, acompanhada da Abby, já que
devido à gravidez Ally não pode entrar, então se sentou ao nosso lado e
passamos mais tempo rindo e conversando.
— Viu o massagista? - Pergunta Abby para mim.
— Não, por quê? — Pergunto.
— Ele era um gostoso, na verdade, estou pensando em ir atrás dele.
— Abby segure esse seu fogo por hoje. — Pede Ally. — O foco aqui
é a Eduarda.
— Chata. — Abby mostra a língua.
Depois do banho de jacuzzi é hora da esfoliação, um presente
especial para Dominic.
— Meu Deus! Suas mãos são mágicas. — Abby cantã para a mulher.
— Se eu não fosse tão obcecada por pau eu estaria te propondo casamento.
A mulher cora e todas nós rimos.
— Pare de constranger a mulher. — Aviso.
— É verdade. — Faz beicinho. — Também é verdade que prefiro
pau.
— Safada. — Allyssa ri.
— Vai dizer que não gosta de um pau avantajado?
— Seu irmão me fez andar de perna aberta por um tempo.
— Eca, informação de mais. — Abby reclama.
— Sem falar que se ele pegar como Dom pega... — Lembro de uma
conversa nossa e logo a curiosidade me pega. — Aquele dia, quando
falávamos sobre piercing no pau, Dimitri entrou e vocês ficaram lá. —
Lembro. — O que ele fez com você?
— Disse que iria me foder até eu esquecer sobre o cara com pau
furado. — Fala. — E ele cumpriu a promessa, nunca tive uma foda tão boa e
tão intensa como aquela.
— Muita informação e obrigado por avisar, nunca mais treino tiro lá.
— Abby faz careta.
— Puritana. — Provoco.
— Não sou, me apaixonei antes e depois da merda que aconteceu
pulei fora de relacionamentos e agora só fodo. — Diz.
— Culpa do homem casado. — Ally me explica.
— Nathan acabou comigo e com a confiança que tinha nele.
— Você ao menos ouviu o que ele tinha a dizer antes de fugir? —
Pergunto.
— Não tinha o que ouvir.
— Toda história tem dois lados. — Fala Ally.
— Agora é tarde demais, para qualquer coisa.
— Talvez não. — Allyssa murmura.
Acho estranha a reação da Ally, mas não sei de tudo o que acontece
por aqui, muito menos sobre a vida da Allyssa e da Abby. Depois que
terminamos a massagem decidimos que chega de ser paparicada por hoje.
— Tem certeza que não faz mal irmos embora? — Pergunto, não
querendo estragar a diversão das meninas.
— A massagem fez tudo valer a pena, só lamento não ter tomado um
banho de jacuzzi.
Nos trocamos e estamos saindo do vestiário quando a porta se abre.
— Eduarda. — O homem na porta sorri ao dizer meu nome.
— José.
Capítulo 27
Eduarda
José continua do mesmo jeito, seu corpo musculoso e cheio de
tatuagens, o sorriso mal no rosto. A lembrança do meu pior pesadelo, e a
chama para inflamar ainda mais a raiva e o nojo que sinto por ele.
— Quanto tempo, Eduarda. — Caminha lentamente na minha
direção, a arma apontada. — Senti sua falta, mensagens não são meu estilo.
— Não posso dizer o mesmo, a única coisa que sinto é vontade de te
matar.
Seus olhos vão para Allyssa e Abby, correndo pelo corpo de ambas,
da mesma forma que fez comigo no passado.
— Não tente me irritar, Eduarda, posso te matar sabendo que tenho
essas duas para me divertir.
— Vai ser divertido assistir você morrer. — Allyssa sorri.
— Gosto. — José diz, satisfeito.
— Engraçado, eu não vejo a hora do meu marido te matar. — Allyssa
não demonstra medo.
— Vai ser divertido ver ele tentar. — José fala.
— Não sabe o quão bom eu sou. — Dimitri sai de trás de um dos
armários, sua arma apontada para a cabeça de José. — Ouvi que achou a
minha esposa gostosa? Bom saber.
José fica pálido ao perceber que caiu em uma armadilha.
Acho que nunca passou por sua cabeça que ele estaria indo para uma
armadilha, suas pesquisas não devem ser tão boas, se ele não sabe o tipo de
família que os Petrov são, e até onde seu poder se estende.
— Você é tão estúpido. — Zombo. — Quando ameaçou acabar com
meu casamento eu sabia que viria até aqui para me pegar.
— Sua vagabunda. — Aponta a arma para a minha cabeça.
— Não faria isso se fosse você. — Dimitri aconselha. — Não vim até
aqui para deixar um merda como você fazer meu irmão ficar viúvo antes do
casamento.
— Não pode me matar aqui. — Pelo tom de sua voz, nem ele acredita
no que está dizendo.
— Você não entende? Eu posso fazer o que quiser, essa cidade me
pertence.
— Isso é impossível!
— Só no seu caso. — Dimitri o avalia de cima a baixo. — Aqui o
dinheiro manda e eu tenho isso de sobra. Agora largue a arma.
Nunca ouvi esse tom de voz vindo de Dimitri, é um pouco
assustador.
José também sente medo, obedecendo à ordem, mas antes de pôr a
arma no chão, ele atira em nossa direção. Fecho os olhos, esperando sentir o
impacto da bala, mas nunca chega. José errou o disparo, e Dimitri se
aproveitou do momento para derrubá-lo no chão e dar uma surra no outro
homem.
— Filho de uma puta. — Ally e passa a mão pela bunda. — Levei um
tiro de raspão na bunda.
Abby é a primeira a dar risada, ignorando completamente seu irmão
furioso espancando José, ela cai na gargalhada, aliviando a tensão e nos
fazendo rir com ela.
— Ainda bem que você é equipada com esse airbag. — Provoca.
— Foda-se vadia. — Ally mostra a língua como se fosse uma criança
e Abby ri.
— O bebê está bem? — Pergunto.
— Sim, foi só um tiro de raspão. — Responde e se volta para
Dimitri. — Amor, deixe a diversão para depois do casamento.
Allyssa sempre tem um jeito com as palavras.
— Ele atirou em você. — Dimitri rosna, sua voz rouca saindo sexy.
— Foi só um tiro de raspão na bunda e não quero que fique todo sujo
de sangue no casamento. Peça para um dos rapazes levar ele para o porão da
diversão e vamos logo embora.
— Tudo bem, mas depois do casamento vou matá-lo.
— Não, você não vai matar ele! — Protesto. — Essa é a minha
função e se bem me lembro, prometi que o faria engolir o próprio pau.
— Bom, se é assim quando você vai fazer o serviço?
— Agora, vamos direto para o seu porão. Não vou começar a minha
vida de casada com esse verme pesando em minhas costas.
Dimitri concorda, gostando da minha intervenção. Com um aceno de
cabeça, seus homens entram e arrastam José para fora, saindo pela porta dos
fundos.
Quando entramos no carro, Allyssa senta de lado.
— Vou pedir que alguém mostre as coisas para Eduarda, e nós vamos
para o hospital. — Avisa Dimitri, os olhos fixos em Allyssa.
— Estou bem, se quiser deixo você ver a minha bunda em casa.
— Está me provocando?
— Longe de mim, fazer isso. — Ri.
O resto do caminho é feito em silêncio, Dimitri está preocupado com
Ally, que está fazendo o seu melhor para não reclamar de dor, enquanto Abby
está mexendo no celular, ignorando todo o drama.
— Quer que eu chame Dominic? — Dimitri pergunta, quando
chegamos a casa e eu começo a seguir os homens que estão carregando José.
— Não, preciso fazer isso sozinha, José é um problema meu e cabe a
eu resolver.
— Somos uma família e como uma família o problema de um é o
problema de todos.
Abby me dá um beijo na bochecha e entra na casa, enquanto Allyssa
está parada na minha frente me avaliando. Quando cheguei na Rússia não
esperava encontrar Dominic e muito menos ganhar uma nova família.
Que bom que tomei a decisão de vir.
— Estou bem e ele não vai me prejudicar. — Garanto.
— Tudo bem. — Cede. — Qualquer coisa grite e eu venho correndo.
— Pode deixar.
— Vou pedir para alguns dos homens ficarem do lado de fora, não
quero que você se machuque. — Dimitri se aproxima.
— Não precisa.
— Estou fazendo isso pelo meu irmão. — Diz de forma brusca e se
afasta andando atrás da Ally.
Ergo a minha cabeça e sigo o guarda que ficou aqui para me guiar até
o porão.
— Fique aqui, não quero ser interrompida enquanto estou lá dentro.
— O guarda acena com a cabeça.
Os homens de Dimitri são rápidos, quando entro no porão José já está
preso em um gancho, com os braços para cima. Caminho até perto dele,
parando em sua frente, e me sentindo poderosa.
— Está gostando de ser amarrado? — Pergunto dando um, tapa em
sua cara.
— Está gostando de me ter assim, não é? Sempre foi uma puta, só
não sabia gostar de amarrar a ser amarrada.
— Vai gostar de me ter no comando, ou não. — Dou risada.
Pego a tesoura na mesa ao lado e corto sua roupa.
— Sabia que você me queria pelado. — Provoca.
— Como vou cortar o seu pau, se estiver vestido? — José vacila e o
sorriso some de seu rosto. — Não pensou que as coisas seriam fáceis, achou?
— Sua vagabunda. — Luta para se soltar das amarras.
— Espero que goste da surpresa que reservei para você.
— Por favor Eduarda. — Implora.
— Estou me divertindo. — Repito suas palavras de anos atrás.
— Te odeio sua vagabunda. — Grita mais uma vez tentando se soltar.
Devo admitir que por um momento, precisei parar e pensar em como
começaria a torturá-lo. Com uma faca, corto seu mamilo fora admirando
quando o sangue começa a correr por seu peito e barriga.
— Quanto mais gritar, mais vou te torturar. — Me dirijo para seu
outro lado.
— Por favor não, eu te imploro. — Chora.
Jogando o outro mamilo no chão, volto para a mesa, escolhendo a
próxima ferramenta que irei usar. Escolho um alicate e me lembro de algo
que ele disse quando eu estava presa.
— Sabe, quando você me manteve presa dividiu comigo muitas
informações. — O lembro. — Um dos maiores erros de idiotas como você é
falar demais.
— O... Quê?
— Você me contou como fazia para não descobrirem a quem
pertenciam os corpos. — Lembro. — Estou muito interessada em fazer essas
coisas com você.
Começo a arrancar seus dentes, jogando todos no chão, José não
aguenta a dor e se urina.
— Gostando da dor? — Zombo.
Ele não consegue falar, sua boca está cheia de sangue.
Nunca me diverti vendo o sofrimento de alguém antes, mas sempre
há uma exceção, fui uma de suas vítimas, e não quero pensar em quantas
outras mulheres passaram pelo mesmo que eu.
Terminando com seus dentes, olho para suas mãos.
— As unhas podem ser um problema na hora de identificar o corpo.
— Começo a arrancá-las.
— Por favor. — Implora.
— Pensei que tivesse dito gostar de ver suas mulheres implorando.
Vou até à mesa e vejo um martelo, esse cabo dele vai me ser de
grande ajuda. Ando até a parte de trás dele e enfio o cabo com tudo em sua
bunda. Começo a meter dentro e fora da bunda dele o fazendo chorar ainda
mais.
— Lembra quando eu te disse que iria te fazer pagar por tudo o que
fez? Lembra que te disse que faria engolir seu pau? É exatamente isso o que
eu irei fazer.
Largo o martelo dentro dele e pego uma tesoura de jardim que está
em cima da mesa. Não quero prolongar mais esse momento, afinal, tenho um
casamento para me preparar.
Com um movimento seu pênis cai no chão e sangue começa a se
esvair do lugar a onde antes ele estava preso. Volto até a mesa e então coloco
uma luva, me abaixo e pego o pau dele e forço em sua boca.
— Acho que te fiz um favor arrancando seus dentes, assim você não
vai morder.
Cansada disso e satisfeita com o meu trabalho, assisto ele sofrer por
mais alguns instantes, e dou um tiro em sua cabeça.
Saio da sala.
— O corpo é com vocês, mas não tirem o que está na boca dele.
Capítulo 28
Dominic
Dimitri entra cedo no meu quarto com as crianças.
— Papai, por que Tio Dom é tão preguiçoso? — Zack pergunta e fica
esperando a resposta.
— Porquê ele é uma alma velha e almas velhas precisam de
descanso. — Me seguro para não rir de sua resposta.
— Charlie também é uma alma velha? Ela sempre está dormindo
quando quero brincar com ela. — Reclama.
Dou risada da situação e jogo as cobertas para o lado, com uma calça
de moletom e sem camisa ando até o banheiro para dar uma mijada. Estou
quase terminando quando Zack e Dimitri aparecem na porta e os olhos de
Zack se arregalam olhando para o meu pau.
— Papai, eu não quero ter aquilo no meu pipi. — Diz se referindo ao
meu piercing.
— Isso ali é colocado no pipi dos homens que fazem bagunça e não
respeitam a mamãe e o papai. — Dimitri se aproveita da situação.
— Juro que não vou mais fazer bagunça. — Zack está prestes a
chorar. — Vou recolher os meus brinquedos e ajudar a mamãe.
— Acredito em você. — Dimitri alisa a cabeça do filho.
A felicidade do meu irmão dura pouco, segundos depois ele encara o
meu irmão e diz:
— O seu pipi não é furado papai.
— Eu sou um bom garoto. — Meu irmão fala sorrindo, todo
convencido de que se livrou do pior.
— A mamãe disse que você é um bastardo que só sabe aprontar e
deixar ela louca. — Zack fala. — Quando vai receber seu castigo?
Dimitri geme em frustração e pega o filho no colo, me seguro para
não rir da cara do meu irmão e a única alternativa que vejo para evitar rir, é
escovar os dentes.
— Sua mãe merece umas boas palmadas.
— Não pode bater em mulher. — Zack parece ofendido com a ideia
de sua mãe apanhar.
— Sua mãe gosta.
— Há bom, se é assim...
— Que tal, nós darmos uma volta e tomar café da manhã na rua? —
Proponho. — Sei que as mulheres estão cuidando para que eu não entre na
casa.
— Já tomei café, mas aceito a oferta. — Concorda.
— Mamãe está brava com o papai. — Zack diz. — Ela disse para ele
cuidar bem da gente ou ele não teria mais suas partes de homem. — Dá uma
pausa e então se vira. — Que partes de homem?
Viro para o meu irmão, esperando que o filho da puta abra a boca e
me ajude a explicar as coisas que Ally fala perto das crianças. Mas o bastardo
fica pálido e não abre a boca.
— Os cabelos. — Falo a primeira merda que vem na minha cabeça.
— As mulheres também tem cabelos.
— O nosso é diferente, tem poder. — Minto.
— Só se for a idiotice nas pontas. — Fala uma voz vinda da porta,
minha mãe está parada de braços cruzados.
— Vovó. — Zack corre para ela.
Ainda não entendo meu sobrinho, ele tem a habilidade de se apegar a
uma pessoa com pouco tempo de convivência.
— Oi, querido. — Acaricia a cabeça dele. — Suas esposas saíram e
Dimitri acredito que tenha aquele compromisso.
Dimitri concorda com a cabeça e sem dizer tchau, sai e me deixa
sozinho com a mulher que nos abandonou e com uma criança, sem falar que a
minha filha está dormindo e eu tenho que pegá-la.
— Estou tão feliz por você estar se casando. — Dalilah diz. — Meu
terceiro bebê esta prestes a se casar.
— Não sou um bebê, e posso ter aceitado você em nossas vidas, mas
não force as coisas. — Passo por ela. — Zack, vamos pegar a Charlie.
Zack se solta da minha mãe e vem perto de mim, na saída do quarto,
Zack se vira e diz:
— Agora sei porque tio Dom tem um negócio no pipi. — Minha mãe
abre a boca e eu arrasto meu sobrinho para longe dela.
Zack fica quieto durante o caminho até a casa grande e assim que
entramos, vejo Charlie descendo as escadas enquanto coça os olhos. Zack se
debate para soltar as mãos da minha e eu acabo soltando-o.
— Charlie vamos sair. — Diz Zack.
— Aonde vamos? — Meu bebê preguiçoso pergunta.
— Achei que seria legal dar uma volta enquanto esperamos a mamãe
e suas tias. — Explico.
— Tudo bem.
Dou um beijo na testa dela, e subimos para seu quarto para ela se
trocar.
Pego-me gostando de ajudá-la, é uma experiência única ter uma filha,
nunca pensei que esse tipo de amor existisse, mas Charlie é uma parte de
mim, uma tão importante que não conseguiria viver sem.
— Será que podemos passar no parque? — Zack sempre quer ir ao
parque. — Estou entediado hoje. — Olho para meu sobrinho e tento entender
o significado de entediado para uma criança.
— Claro. — Concordo.
Ajudo Charlie com seu cabelo prendendo em um rabo torto, mas é o
melhor que consigo fazer.
— Tio você é vesgo? — Zack pergunta e Charlie se vira esperando
uma resposta.
— Por quê?
— Isso está torto. — Charlie me responde. — Mamãe nunca, faria
algo assim.
Me surpreendendo quando Charlie pega o pente e arruma o próprio
cabelo.
As mulheres são bizarras desde pequenas.
— Ok minha pequena mutante que faz rabos de cavalo perfeitos,
vamos tomar café da manhã e ir ao parque ou não? — Pergunto.
Revirando os olhos Charlie dá à mão para Zack e os dois saem
andando na frente.
— Crianças estranhas. — Murmuro os seguindo.
O carro estava nos esperando e como todos estavam muito ocupados,
dirigi com as crianças no banco de trás cantando músicas infantis.
As crianças merecem o melhor, e isso significa a padaria que fica
perto de casa.
— Que lugar é esse papai? — Charlie pede.
— Esse é um dos meus lugares favoritos e é secreto.
— Incrível. — Ambos falam ao mesmo tempo.
Entramos e as crianças pedem doces, deixo que comam tudo o que
querem e quando terminam parecem estar ligadas no 220.
Açúcar da porra!
— Vamos para o parque, vamos... Vamos...Vamos... — Saltam em
volta de mim.
Largo o dinheiro da conta sobre a mesa e saio com as crianças.
O Parque fica quase em frente ao lugar e menos de dois minutos
estamos lá. Para um dia de semana e no meio da manhã, tem muitas crianças.
Um menino meio gordinho está sentado brincando e Charlie e Zack vão fazer
companhia a ele, o chamando para brincar.
— Seus filhos são uns amores. — A mãe do garoto, uma senhora
com um sorriso doce, puxa conversa.
— Eu sou pai da garotinha, o outro é meu sobrinho. — Explico. —
Mas não deixe os olhares doces lhe confundirem, os dois podem ser maus
quando querem.
Como se eu estivesse prevendo tudo o que ia acontecer, poucos
minutos depois outro garoto chega. O moleque tinha cara de criança possuída
e logo quis puxar briga com o garoto gordinho, mas ao contrário de outras
crianças as minhas se levantaram em defesa do garoto e o moleque
demoníaco foi empurrado no chão.
Bem as minhas crianças derrotaram o demônio!
Queria dar pulos de alegria e abanar as mãos, mas pensei que isso
seria muito emocionado, então peguei as crianças e nos afastamos.
— Esse aqui é meu número, quando puder, leve seu filho brincar com
eles na minha casa. — Entrego o cartão para a mulher.
— Claro, deixe-me lhe dar o meu.
No caminho para casa, as crianças estão mais quietas.
— Vai contar para o papai? — Pergunta Zack.
— Não, por quê?
— Não quero por aquele negócio no meu... — Zack para de falar
olhando para Charlie.
— Fique tranquilo, isso não vai acontecer com você. — Meu irmão
vai traumatizar esse garoto.
Graças a Deus eu tenho uma menina, doce e inocente!
Sabias últimas palavras.
O resto do caminho para casa é tranquilo e assim que passamos noto
um monte de pessoas correndo de um lado para outro com os arranjos. Desço
do carro e vejo que Ally e Abby já estão em casa.
— Cadê a Eduarda? — Pergunto.
Ally e a minha irmã se olham e então minha cunhada abre a boca.
— Ela está lá em baixo. Fomos atacadas hoje no spa e ela está
resolvendo as coisas com...
Não dou tempo para Allyssa terminar de falar, começo a ir andando
em direção ao porão da minha casa.
— Cuide de Charlie para mim. — Peço.
Eu desço as escadas em direção ao porão e observo o que está
acontecendo na sala. Eduarda não faz ideia de que estou aqui. Vejo ela
arrancar as unhas do filho da puta e sinto um arrepio correr pelo meu corpo.
A cada palavra, cada vez que ela toca e deixa ele ferido, sinto como se a
minha garota estivesse exorcizando todo o passado e a dor que ele causou-
lhe.
Fico ali até o momento que ela puxa o gatilho, quando vejo ela
largar a arma e caminhar para a porta, saio de onde estou e corro para o andar
de cima.
É hora de me preparar para o casamento.
Capítulo 29
Eduarda
Estou quase pronta para o casamento, minha maquiagem está feita e
meu cabelo está preso em um coque. Não sabia que encontraria um vestido
feito para o frio que faz aqui, mas também não esperava estar em um jardim
de inverno aquecido.
Allyssa me falou sobre o casamento dela que foi realizado na capela,
e adorei o lugar, mas o jardim de inverno é sem dúvidas a escolha perfeita.
— Você está linda. — Ally me elogia.
— Eu sei. — Respondo me olhando no espelho.
— O que Dominic fez quando te encontrou lá em baixo?
Fico parada, olhando o reflexo dela no espelho.
— Como assim? Não vi ele.
— Devo ter me enganado. — Diz Ally, recebendo uma cutucada da
Abby.
— Sei que não se enganou, ele deve ter ido checar se estava tudo bem
e então subiu.
— Deve ter sido isso, não entendo muito a mente do Dominic, ele é
estranho.
— Ele não é estranho. — Defendo.
— É sim, ainda mais depois de todas às vezes que o vi agir sem dizer
uma palavra. Ele tem poderes? — Pergunta Ally.
Como ela faz a pergunta me lembra uma das crianças e não consigo
evitar querer sorrir.
— Só se me dar orgasmos múltiplos for um poder. — Provoco.
— Deve ser coisa de família. — Dá de ombros.
— Loucas, não preciso saber essas merdas sobre os meus irmãos. —
Abby tampa os ouvidos.
Uma batida na porta me faz saltar, uma mulher que ainda não conheci
entra. Ela é loira e com um corpo todo delineado e bonita, pela aparência sei
que é a irmã mais velha do Dominic.
— Finalmente achei vocês! Isso aqui está uma loucura, tem pessoas
saindo de todos os lados.
— É um casamento, o que esperava? — Pergunta Abby.
A mulher revira os olhos e vem na minha direção.
— Você é tão bonita, é um prazer te conhecer Eduarda. — Me
envolve em um abraço cuidadoso. — Me chamo Willow.
— É um prazer te conhecer também.
Quando Willow me solta e vai para Allyssa, as duas se abraçam e ela
coloca as mãos na barriga da Ally.
— Não vejo a hora de pegar minha sobrinha no colo.
— Nem eu, essa garota vai me matar com tantos chutes. Dimitri está
todo feliz dizendo que a garotinha dele vai ser uma chutadora de bolas.
— Aposto que sim. — Willow ri.
— Por que você demorou? — Abby, puxa Willow para um abraço.
Low cora.
— Erick e eu decidimos ser sustentáveis e tomar banho junto e uma
coisa levou a outra e...
— Tudo bem. — Abby fala levantando a mão. — Não preciso pensar
em você pelada.
— Bem pode não querer pensar em mim, mas alguns dos convidados
são lindos.
— Preciso de nomes. — Abby murmura.
Willow revira os olhos e ignora a irmã.
Sei que a mulher não está morando no país.
— Quem diria que o meu irmão bebê se casaria. — Willow elogia.
— Por falar em irmão bebê, já foi ver Dom? — Abby empurra a irmã
para a porta.
Observo as duas saírem, me deixando sozinha com Allyssa.
— Willow e Dimitri são a figura paterna que Abby e Dom tiveram ao
longo da vida, Miguel nunca foi presente, além de ensiná-los como comandar
a máfia. — Explica. — Por isso é importante para eles os irmãos mais velhos
estar presente. Mesmo que isso signifique arrastar o bad boy de Willow para
cá.
— Me parece o homem dos sonhos.
— Sim.— Concorda.
Finalmente pronta, não consigo parar de me admirar no espelho, acho
que estou tentando memorizar cada detalhe de hoje. Nunca me senti
nostálgica, ou com vontade de me lembrar do passado e de tudo o que me
aconteceu, hoje as coisas são diferentes, tenho certeza que tudo o que passei
me trouxe até aqui, e me fez a mulher, mãe e futura esposa que sou.
— Eduarda, está na hora.
— Quem vai me acompanhar até...
— Eu. — Olho para a porta e vejo Apolo, o irmão da Allyssa. —
Expresso Apolo pronto para partir rumo ao altar. Se quiser desistir eu seguro
eles para dar tempo de você correr. — Murmura a última parte, ganhando
um, tapa no peito.
— Não me faça chutar sua bunda. — Ameaça Allyssa.
O olhar divertido de Apolo vai para a barriga da irmã, e ele a puxa
para um abraço.
— Como está meu sobrinho?
— Sobrinha. — Corrige Allyssa.
— Coitada dessa garota, é bom começar a ver um convento.
— Nem venha com essa conversa perto do Dimitri.
Pigarreio para chamar a atenção deles.
— Estamos atrasados.
— Há sim, isso. — Ela bate palmas, animada. — Vamos.
Descemos as escadas da casa e na porta tem uma carruagem, branca
com cavalos negros. Entro na carruagem acompanhada de Ally, Abby e
Apolo. Charlie disse que iria me esperar na porta com o Zack
— Está lindo. — Seguro a mão de Apolo, quando descemos da
carruagem.
— Marina fez um grande trabalho. — Concorda Allyssa.
Assim que nos vê, Charlie vem correndo em nossa direção com Zack.
— Vocês se comportem e façam como ensinei, vou entrar e avisar
que a cerimônia vai começar. — Allyssa avisa as crianças.
Pergunto-me quando ela teve tempo para ensinar algo as crianças.
Allyssa é uma das minhas madrinhas e está ao lado do Dimitri, Abby
me dá um sinal com os polegares para cima e entra. Pouco tempo depois a
música começa a tocar. Escolhi essa música por transmitir como me sinto.
Charlie vai jogando pétalas de rosas-vermelhas por todo o chão onde
passo, ela está uma verdadeira mocinha. Enquanto isso, Zack está andando
todo confiante, cuidando das alianças como se a qualquer momento uma
pessoa pudesse arrancar de suas mãos.
Like I'm Gonna Lose You
I found myself dreaming
In silver and gold
Like a scene from a movie
That every broken heart knows
we were walking on moonlight
And you pulled me close
Split second and you disappeared and then
I was all alone
***
So I'm gonna love you
Like I'm gonna lose you
I'm gonna hold you
Like I'm saying goodbye
Wherever we're standing
I won't take you for granted 'cause we'll never know when
When we'll run out of time so I'm gonna love you
Like I'm gonna lose you
I'm gonna love you like I'm gonna lose you
A cada verso estou mais perto do altar improvisado, mais perto do
homem a qual me apaixonei e fez sentir viva, disposta a lutar por ele, por
nossa filha, e principalmente por mim. Finalmente chegamos no altar e Apolo
me entrega para Dominic, que me dá um beijo casto nos lábios.
As crianças se sentam na primeira fila, ao lado da nossa família.
— Senhoras e senhores... — Paro de ouvir o que o homem diz,
perdida em meio a lágrimas a ao amor que sinto pelo Dominic. — Eduarda
Emerson, você aceita Dominic Petrov como seu legítimo esposo?
— Sim.
— Dominic Petrov...
— Sim. — Responde, sem deixar o homem completar a frase.
— Vocês podem dizer seus votos agora. — Fala o homem, com um
aceno de mão. — Dominic, você primeiro.
Allyssa sinaliza para que Zack se aproxime com as alianças, sorrindo,
Dom se abaixa e pega, elogiando o pequeno. Segurando a aliança, ele me
encara por um momento, antes de proferir seus votos.
— Nunca fez parte dos meus planos casar, ou me prender uma
mulher. — Começa, me fazendo desejar dar um tapa na sua cabeça. —Graças
a Deus não sou o dono do destino e você entrou na minha vida. Odeio a ideia
de nunca ter te conhecido, não ter tido a chance de ver seu sorriso, ou a careta
que faz quando está irritada. Você me deu o melhor presente que um homem
pode receber, me deu a si mesma, o seu amor e o mais importante, nossa
filha. A vida sem você seria chata, por isso eu quero que seja minha esposa
para sempre, não só em momentos bons, mas nos maus, por toda a
eternidade. Eu te amo. — Desliza a aliança no meu dedo.
Aceno, não dando a mínima por estar chorando na frente de tantos
desconhecidos.
— Sua vez. — Murmura Dominic.
— A primeira vez que te vi, não tinha ideia que estava olhando para o
amor da minha vida. No tempo que passamos juntos, me fez rir mais do que
qualquer outra pessoa, muito mais que isso, fez com que me sentisse segura,
amada e desejada. A vida é engraçada, ela nos aproximou anos atrás, e nos
afastou logo em seguida. Quando pensei que estava perdida, você foi a luz
nos meus piores momentos, sou grata por ter te encontrado novamente, e
mais grata ainda por saber valorizar o tipo de amor que temos e nunca mais
permitir que algo nos afaste. Eu te amo e não posso mais viver sem o meu
coração. — Coloco a aliança em seu dedo e pronto, somos oficialmente um
do outro.
Posso ouvir alguns convidados fungando.
— Com o poder a mim investido, eu os declaro marido e mulher. —
Antes que o homem possa terminar, Dominic me puxa e me beija.
— Agora é a hora da Festa. — Grita Abby e todos se animam.
Somos os primeiros a sair, passando pelos convidados animados,
jogando pétalas de rosa em nós.
— Não vamos ficar muito tempo, né? — Dominic murmura, ansioso.
— Tempo suficiente.
Capítulo 30
Dominic
A festa está animada, todos os convidados estão com bebidas nas
mãos e conversando entre si. Tanto Eduarda quanto eu, estamos loucos para
sair daqui. Com o quão rápido foi nosso casamento, pensei que teria poucas
pessoas, mas estava enganado, embora alguns convidados não conseguiram
chegar a tempo da cerimônia devido à distância, outros chegaram cedo até
demais.
Olho para o meu lado e vejo que Eduarda está sorrindo e conversando
com os meus irmãos. Mesmo com o sorriso feliz, sei que ela sente falta do pai
e dos irmãos.
Aleksey aparece na porta e faz um sinal, alertando que os convidados
que faltavam chegar, estão aqui.
— Eduarda, quero que veja algumas pessoas. — Chamo.
— Estou conversando com a sua irmã, precisa ser agora?
— Sim. — Arrasto ela em direção à entrada do salão.
Assim que as portas se abrem quero voltar para dentro, o pai e os dois
irmãos mais velhos da Eduarda são enormes e sem dúvida não vão com a
minha cara.
— Papai. — Pula nos braços do homem que a abraça com um sorriso.
— Meu anjo, não sabia estar prestes a se casar, não sabe o quanto
fiquei surpreso quando recebi uma ligação do Douglas.
Quem diabos é Douglas?
— Ele se chama Dominic. — Eduarda corrige e então cai a ficha, o
homem vai pegar no meu pé pela eternidade.
— Tanto faz o nome dele, como pode não ter me contato antes sobre
esse mocorongo tatuado? E para piorar ele nem me pediu a sua mão.
Eduarda se afasta dele e vem para o meu lado, segurando a minha
mão, enfrenta o pai e os irmãos.
— Ele é o pai da Charlie.
Penso que isso vai trazer algum alívio para o homem, afinal ela está
com o pai da filha dela, um homem que vai fazer de tudo por ambas.
— E ainda para piorar você volta com o filho da puta que te
abandonou grávida!
Quando você ouve as mulheres cariocas falando, seu pau fica duro,
agora quando um homem fala com o sotaque eu, sinceramente tenho vontade
de rir.
— Não a abandonei grávida. — Rosno.
— Como explica anos longe dela e da minha neta? No meu tempo os
homens honravam as calças e se engravidavam uma mulher, eles casavam.
Olho para ele com os olhos cerrados, que babaca.
— Deve ter sido por isso que índice de traição e divórcio eram tão
grandes. — Digo, o pegando de surpresa. — Quando se casa tem que ser por
amor.
— E quem disse que não é por amor a criança? — Rebate o velho.
— Filho estando perto ou longe se ama igual, não precisa casar para
amar. — Lembro. — Casei com a sua filha por que a amo desde sempre. E o
único motivo pelo qual não fiz isso antes foi porque ela saiu da minha vida
sem me dizer adeus.
O homem continua me avaliando.
— Você é um filho da puta corajoso, gostei de você.
Depois disso todos os homens me dão tapas nos ombros, me
ameaçam com danos sérios ao meu corpo caso eu magoe a irmã deles.
— Nunca irei magoá-la. — Asseguro.
— Bom. — Diz o irmão mais velho.
O irmão do meio me puxa para um abraço também.
— Bem-vindo a família.
Entramos no salão e os homens, ao contrário da maioria das pessoas
que estão aqui não ficam deslumbrados com o lugar.
— Quem é aquela mulher? — Pergunta o irmão do meio, que se
chama Guilherme.
Sigo seu olhar, e vejo que ele está de olho na Allyssa. O filho da puta
tem bom gosto, mas também tem uma vontade enorme de morrer.
— Aquela é a minha cunhada, Allyssa. E se você tem amor a vida
não de em cima dela.
— Por quê?
— Meu irmão vai te matar.
— Ok, e aquela? — Dessa vez ele aponta para a minha irmã mais
velha Willow.
— Aquela é minha irmã mais velha Willow, e o namorado dela vai
matar você se tentar qualquer coisa.
— E aquela…
Mais uma vez ele aponta para outra das minhas irmãs, quando vou
abrir a boca para falar algo, um homem aparece do nada atrás de nós e se
mete na conversa.
— Abby é minha, no seu lugar ficaria longe dela, ou eu irei ter que te
matar.
Olho para esse homem, curioso para saber quem é. Minha irmã não
está saindo com ninguém no momento, pelo menos não que eu saiba.
Quando se trata de sair com pessoas aleatórias e não se envolver,
minha irmã gêmea é a rainha. Abby é tão impulsiva e determinada, que
muitas vezes se torna um problema. O único homem que marcou a minha
irmã, não está por perto, nunca apareceu.
— Quem é você? — Cruzo os braços.
— Nathan Black. — Esse é o filho da puta que machucou minha
irmã.
— Pensa que pode chegar aqui e dizer que a minha irmã é sua? Você
fodeu com a vida dela.
— Eu estou aqui para consertar as coisas e no seu lugar, aproveitaria
a festa. Não quero ninguém me atrapalhando hoje.
— Vou chamar Dimitri.
— Pode chamar, não vai adiantar nada. Já falei com seu irmão e ele
está do meu lado. Agora se me dão licença.
Nathan se afasta e eu fico ali, ao lado de Guilherme, os dois idiotas
olhando com cara de bobo para o ex amante da minha irmã.
— Aquele cara é aterrorizante. — Murmuro.
— Se ele machucar minha irmã, vou matá-lo.
— Você precisa esfriar a cabeça um pouco. — Murmura. — Nem
tudo se resolve com morte.
Encaro o irmão da minha esposa, me perguntando se Eduarda foi
adotada.
— Eduarda foi adotada? — Pergunto.
— Não, ela é estranha né? — Pergunta e eu abro a minha boca para
falar alguma coisa, mas decido ficar quieto.
Afasto-me dele e vou para perto de Eduarda, que está conversando
com minha mãe e seu marido.
— Aí está ele. — Eduarda estende a mão e eu a pego, puxando-a
contra mim. — Gustavo queria te conhecer.
— Este é o meu marido, Gustavo. — Estendo a mão para
cumprimentar o homem.
— É um prazer. — Fala. — Sua família é muito bonita.
— Obrigado, você não tem filhos? — Pergunto.
— Eu tenho uma menina, Scarlett é o nome dela. — Responde. — A
minha garota é geniosa.
— Querido, Scarlett é um doce. — Minha mãe protesta.
— Isso porque você não viu de mau humor.
— Aí estão vocês. — Allyssa chama e vem em nossa direção. —
Estão esperando vocês para as fotos. — Vendo que estamos em uma
conversa, Ally abraça Dalilah e cumprimenta Gustavo. — Prazer em
conhecê-lo.
— Algum problema? — Pergunto, ignorando Dalilah e seu marido.
— É hora das fotos. — Responde.
Allyssa arrasta todos para uma cessão de fotos e quando as fotos
acabam o DJ anuncia nossa primeira dança como casal.
Tomo Eduarda em meus braços a vamos para a pista, a música
começa a tocar e por um momento esqueço que estamos em um salão cheio
de pessoas, no meu mundo, somos apenas eu e ela.
Heaven
Love's my religion but he was my faith
Something so sacred so hard to replace
Fallin' for him was like fallin' from grace
All wrapped in one he was so many sins
Would have done anything everything for him
And if you ask me I would do it again
No need to imagine
'Cause I know it's true
They say "all good boys go to heaven"
But bad boys bring heaven to you
It's automatic

Quando a música chega ao fim, os convidados nos aplaudem e se


juntam a nós na pista de dança. Aproveitando o momento, agarro a mão de
Eduarda e a levo em direção a saída, ansioso por um tempo a sós com minha
esposa.
— Para aonde vamos?
— Longe desta festa, quero você só para mim.
— Você é louco. - Diz rindo.
— Sou louco por você.
Capítulo 31
Eduarda
Dominic me leva para a casa de hóspedes, decorada para nossa lua de
mel.
— Ficou lindo. — Elogio.
— Pensei que gostaria. — Parado atrás de mim, ele abre o zíper do
meu vestido.
Sinto o tecido suave deslizar contra a minha pele enquanto cai,
revelando a calcinha de renda branca, com uma cinta liga e meias que vão até
o topo das minhas pernas. Saio do vestido, permitindo que Dominic tenha a
visão completa.
— Você vai me matar.
— Espero que não, de forma alguma quero ficar viúva na minha lua
de mel. — Respondo dando uns passos para trás.
Dominic percebe minha intenção e se aproxima, me movimento de
forma que ele acabe de costas para a cama.
— Eu quero tocar em você.
— Te avisei que essa noite eu estava no comando. — Lembro. —
Deite na cama e aprecie o show.
Curioso faz o que mandei, enquanto ele se arruma, vou até o som e
coloco uma música para tocar, Break a Sweat, irrompe pelo alto-falante.
Break a Sweat
Baby break a sweat, break a sweat
Baby break a sweat
Don't get tired yet, tired yet
Don't get tired yet
Baby break a sweat, break a sweat
Baby break a sweat
Keep on doing it, doing it
Keep on doing it
Dominic está deitado com os braços atrás da cabeça, a caminha de
botões abertas, sua ereção evidente através do tecido de sua calça.
Alright, alright
If you wanna get my body, better blow my mind
Okay, okay
Boy you better put in work if you wanna play
Alright, alright
I see you've been looking at it all night, all night
Okay, okay
Saying that you got that game, baby demonstrate
Danço na cama, permitindo que ele toque minhas pernas, enquanto
solto meu cabelo. Tudo certo, tudo certo
Can you take me places I've never been
Never been before?
Give me love until I just can't take it
Take it any more

Baby break a sweat, break a sweat


Baby break a sweat
Don't get tired yet, tired yet
Don't get tired yet
Baby break a sweat, break a sweat
Baby break a sweat
Keep on doing it, doing it
Keep on doing it

Let's go, let's go


You've been talking all damn night, now it's time to show
A letra da música me dá mais coragem para provocar Dominic,
rebolo perto do rosto dele, que como sempre se aproveita e dá algumas
mordidas. A música está afentando nós dois, e por mais que seja para soar
como uma brincadeira Dominic é o único capaz de me levar a lugares que
nunca fui antes.
Can you take me places I've never been
Never been before?
Give me love until I just can't take it
Take it any more

Sento em Dominic, minha buceta em cima do seu pau, enquanto me


esfrego nele por cima da calça. Suas mãos vão para o meu quadril, guiando o
meu quadril com força sob seu pau.
Baby break a sweat, break a sweat
Baby break a sweat
Don't get tired yet, tired yet
Don't get tired yet
Baby break a sweat, break a sweat
Baby break a sweat
Keep on doing it, doing it
Keep on doing it

Sem conseguir se aguentar Dominic me puxa para seu peito e me


deita na cama, subindo em cima de mim e me prendendo contra a cama.
— Você quer que eu mostre? — Pergunta sorrindo com um brilho de
excitação no olhar.
— Sim. — Falo ofegante.
Minha calcinha é rasgada e arremessada no chão, seus dedos
deslizam na minha buceta.
Keep it coming
Don't stop until the morning
Keep it coming
All or nothing
That's just the way I want it
All or nothing
Baby, baby, baby

Baby break a sweat, break a sweat


Baby break a sweat
Don't get tired yet, tired yet
Don't get tired yet
Baby break a sweat, break a sweat
Baby break a sweat
Keep on doing it, doing it
Keep on doing it
Dominic sabe exatamente como deixar na borda. Estou prestes a
gozar quando ele substitui seus dedos pela sua boca.
— Por favor Dominic.
— Você me provocou e agora é a minha vez.
— Eu vou gozar.
— Não, você não vai gozar agora. — Diz, parando de me chupar.
Dominic sai de entre as minhas pernas e vem até o meu rosto, me
beija com força. Estou aproveitando o momento, mas cedo demais Dominic
se afasta e ficando de pé na cama abre o zíper da calça. Sua ereção salta para
fora, passo a língua pelos meus lábios.
Seu pau molhado chama minha atenção, não consigo desviar os olhos
de seu piercing.
— Olha essa cara de safada. — Diz sorrindo. — Louca para ter o
meu pau nessa sua boquinha. — Dominic aproxima a ereção dele do meu
rosto e ponho a minha mão sobre ela.
Lambo da base até a ponta, deixando-o lubrificado com a minha
saliva. Quando o tenho do jeito que quero, começo a masturbá-lo, enquanto
dou toda atenção a cabeça do seu pau inchada, passo a língua em volta e
então sigo em direção às suas bolas.
— Desse jeito vou gozar. — Avisa.
Nossos olhares se encontram, estamos ligados e essa coisa maluca
que nos une está pairando pelo ar, como uma bomba prestes a explodir.
Dominic agarra a minha cabeça e começa a foder a minha boca,
descontrolado. Sinto os jatos de porra atingirem a minha garganta e engulo
tudo.
Quando ele acaba de gozar, se afasta e me deita na cama. Dominic se
arruma entre as minhas pernas e esfrega seu pau em meu clitóris. Seus
piercings me leva a loucura e toda a minha excitação me atinge com mais
força.
— Eu vou te foder e não vou parar até que esteja desmaiada de tanto
gozar. — Promete e então entra em mim com força.
Suas estocadas são fortes, rápidas e não demora muito para minha
buceta se apertar em volta do seu pau e eu gozar.
Ao longo da noite, Dominic me faz gozar mais seis vezes, por um
minuto pensei que morreria.
— A próxima coisa que vou comer é essa bunda gostosa. — Seu tom
de voz me deixa arrepiada.
— Nem pense em chegar perto da minha bunda, não estou pronta
para isso.
— Não vai ser agora, um dia vou foder sua bunda e você vai implorar
por mais.
Estamos abraçados em silêncio ouvindo Dayun Baby.
O nosso mundo está longe de ser perfeito, mas em seus braços,
mesmo a coisa mais feia se torna perfeita.
Dominic é o meu perfeito imperfeito, e eu amo isso!
Epílogo
Dominic
Casamento de Charlie
Eu não sei onde estava com a cabeça quando pensei que ter uma filha
seria mais fácil do que ter apenas meninos. Em algum momento ao longo dos
anos, Charlie deixou de ser minha doce garotinha passou a ser um tornado.
— Não acredito que sua filha teve coragem de fazer isso! — Kaleo, o
noivo abandonado grita na frente de todos.
Bufo e encubro o meu sorriso satisfeito.
Quando Charlie disse que se casaria com esse idiota eu fui contra,
mas ela bateu o pé e disse que o faria de qualquer forma. Felizmente, ela
recuperou o juízo antes de dizer o sim, o único problema é que ela fez isso na
igreja, na frente de todos os convidados e da imprensa.
— Controle-se garoto, ficar gritando não vai mudar nada. —
Respondo.
— Ela vai se arrepender disso, e vai voltar rastejando.
Reviro os olhos.
Esse idiota não tem a mínima ideia das coisas que minha filha pode
fazer com ele, voltar rastejando? É provável que ela incendeie sua casa com
ele dentro, apenas para garantir que o filho da puta não saia vivo.
— Vamos explicar as coisas para a imprensa. — Duda murmura,
dando um aperto na minha mão e se afastando.
Não me importo com avisar esse bando de urubus, não é como se
fosse mudar sua opinião a respeito dos acontecimentos. Kaleo quer ser uma
vítima nessa situação, tenho certeza que Charlie vai permitir.
Saio da igreja e encontro os meus irmãos, reunidos em uma sala
privada.
— Aquela garota não me decepciona nunca. — É a primeira coisa
que falo quando eles notam minha presença.
— O lado bom é que já temos uma festa pronta para comemorar. —
Dimitri ri.
— Ana e Zack tinham comentado que ela estava estranha, devemos
ouvir mais aqueles dois.
— Por falar nisso, acho que você vai ser o único avô por um tempo.
— Ahmar dá um, tapa no Dimitri.
Dimitri está animado com a gravidez de seu primeiro neto, e tem
sufocado Ana, sua nora, com todos os cuidados. Não ajuda que a garota
esteja cuidando da empresa da nossa família para dar a ele um tempo.
— Ainda vou ser um avô jovem.
— E talvez, não demore tanto assim até você ser um avô. — Ahmar
me encara. — Sua filha saiu com um cara.
— Charlie não vai sair de um relacionamento e entrar em outro na
mesma semana. — Bufo, divertido com a ideia.
— Tem certeza?
Toda minha confiança vai embora, e começo a ter um mau
pressentimento. Só espero que desta vez, ela faça uma escolha melhor e
arrume alguém digno de seu coração.
Agradecimento
Olá! Obrigado por acompanhar a família Petrov em mais um livro, o
próximo já está a caminho. E se ficou curioso com a história da Charlie, fique
tranquilo, os herdeiros Petrov estão a caminho.

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