Proeb RP LP 3em
Proeb RP LP 3em
Proeb RP LP 3em
PROEB 2012
Revista Pedagógica
Língua Portuguesa
3º ano do Ensino Médio
ISSN 1983-0157
Revista Pedagógica
Língua Portuguesa
3º ano do Ensino Médio
CHEfE dE gABinETE
MARIA CLÁUDIA PEIXOTO ALMEIDA
Esta publicação objetiva o conhecimento e apropriação dos resultados da avaliação de sua escola por
toda a equipe escolar. os resultados das avaliações do Proeb permitem o diagnóstico das escolas, bem
como conhecer as reais necessidades por parte dos gestores públicos para realizarem políticas mais
pontuais e eficazes. nessa dimensão, a avaliação visa à tomada de decisão para aprimorar o que já existe
na escola e no sistema e corrigir as possíveis distorções detectadas.
A análise dos resultados do Proeb, ao longo das edições realizadas, sinaliza a evolução do desempenho
dos alunos da rede pública na escola, no município, nas regionais e no estado, o que possibilita a definição
de ações e metas plausíveis com objetivo de melhorar a qualidade do ensino.
Examinando os resultados obtidos, a escola poderá redirecionar o planejamento das ações pedagógicas,
visando melhorias necessárias para o alcance das metas de aprendizagem dos alunos, estabelecidas por
etapa de escolaridade.
Professor, nessa análise você tem um papel relevante, que juntamente com os gestores das escolas irão
buscar novas diretrizes e/ou o aperfeiçoamento daquelas já existentes para que nossos alunos tenham
um ensino de qualidade.
Cordialmente,
EXPERIÊNCIA
EM FOCO
página 14
1. avaliação: 2. interpretação
o ensino-aprendizagem de resultados e
como desafio análises pedagógicas
página 10 página 18
3. OS RESULTADOS EXPERIÊNCIA
DESTA ESCOLA EM FOCO
página 51 página 62
4. desenvolvimento
de habilidades
página 53
1
avaliação:
o ensino-aprendizagem como desafio
Revista Pedagógica 11
o PRoEB
O Sistema Mineiro de Avaliação da Educação O Proeb avaliou os alunos do 5° e 9º anos do
Pública - Simave foi criado em 2000 e tem seguido Ensino Fundamental e do 3° ano do Ensino Médio
o propósito de fomentar mudanças em busca das escolas municipais e estaduais de Minas gerais
de uma educação de qualidade. Inicialmente, o nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
sistema contou com o Programa de Avaliação da Na linha do tempo a seguir, pode-se verificar a
Rede Pública de Educação básica – Proeb, mas, ao trajetória do Proeb e, ainda, perceber como tem
longo dos anos, foram incorporados o Programa se consolidado diante das informações que são
de Avaliação da Aprendizagem – PAAE (2005) apresentadas sobre o desempenho dos alunos.
e o Programa de Avaliação da Alfabetização –
Proalfa (2006), tornando o diagnóstico produzido
pelo Simave mais completo.
PRoEB TRAjETóRiA
Número de alunos previstos
500 .000
400.000
300.000
200 .000
100.000
2000 2001 2002 2003 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
486.552 453.739 467.272 459.253 458.890 448.289 444.532 443.483 439.105 422.542 416.053
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
2000 2001 2002 2003 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
4.737 28.613 77.290 60.088 183.793 224.742 217.534 231.746 237.274 238.455 229.510
Revista Pedagógica 13
EXPERIÊNCIA EM FOCO
ENTREVISTA DIRETORA DA SRE DE CAXAMBU
A avaliação externa é o instrumento que resultados na sociedade organizada, famílias,
possibilita à Rede Pública identificar necessidades, corpo docente e discente, acreditando sempre
problemas e demanda de todo o sistema escolar. que a educação é dever de todos.
É através dela que reconhecemos e analisamos
as dimensões do sistema educacional. Seja Existe também uma ação coesa das equipes do
em sala de aula, na ação docente ou na gestão ATC E CBC. Que analisam os dados e propõem
escolar. Propondo intervenções para melhoria da intervenções monitoradas junto aos alunos de
qualidade do ensino. baixo desempenho sem perder de vista o avanço
e crescimento dos alunos de nível intermediário
De posse dos dados obtidos damos início ao e recomendável. É importante que todos tenham
processo de conscientização a comunidade escolar oportunidades de aprendizado e crescimento
divulgando os resultados e desafios. Trabalho com qualidade. Nossa regional aposta no trabalho
na mobilização de todos dando visibilidade aos realizado em campo, não somente pela equipe
Revista Pedagógica 15
A AVALIAÇÃO EDUCACIONAL EM LARGA ESCALA
O diagrama a seguir apresenta, passo a passo, a lógica do sistema de avaliação de forma sintética,
indicando as páginas onde podem ser buscados maiores detalhes sobre os conceitos apresentados.
(Matriz de Referência)
Página 20
(Escala de Proficiência)
(Itens)
Página 24
Página 42
Os resultados da avaliação
As informações disponíveis oferecem um diagnóstico do
nesta Revista devem ser ensino e servem de subsídio
interpretadas e usadas como para a melhoria da qualidade
instrumento pedagógico. da educação.
MATRIZ DE REFERÊNCIA
Para realizar uma avaliação, é necessário definir o Diante da autonomia garantida legalmente
conteúdo que se deseja avaliar. Em uma avaliação em nosso país, as orientações curriculares
em larga escala, essa definição é dada pela de Minas Gerais apresentam conteúdos com
construção de uma MATRIZ DE REFERÊNCIA, características próprias, como concepções e
que é um recorte do currículo e apresenta as objetivos educacionais compartilhados. Desta
habilidades definidas para serem avaliadas. No forma, o Estado visa a desenvolver o processo de
Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais ensino-aprendizagem em seu sistema educacional
(PCN) para o Ensino Fundamental e para o Ensino com qualidade, atendendo às particularidades de
Médio, publicados, respectivamente, em 1997 e seus alunos. Pensando nisso, foi criada uma Matriz
em 2000, visam à garantia de que todos tenham, de Referência específica para a realização da
mesmo em lugares e condições diferentes, acesso avaliação em larga escala do Proeb.
a conhecimentos considerados essenciais para o
exercício da cidadania. Cada estado, município e A Matriz de Referência tem, entre seus fundamentos,
escola tem autonomia para elaborar seu próprio os conceitos de competência e habilidade. A
currículo, desde que atenda a essa premissa. COMPETÊNCIA corresponde a um grupo de
acelerador etc.
Revista Pedagógica 19
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE Língua Portuguesa
3º ano do Ensino Médio
I. Procedimentos de Leitura
D18 Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.
D20 Reconhecer diferentes formas de abordar uma informação ao comparar textos que tratam do mesmo tema.
D11 Reconhecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.
D28 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
Revista Pedagógica 21
TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (TRI)
A Teoria de Resposta ao Item (TRI) é, em termos gerais, uma forma de analisar e avaliar
os resultados obtidos pelos alunos nos testes, levando em consideração as habilidades
demonstradas e os graus de dificuldade dos itens, permitindo a comparação entre testes
realizados em diferentes anos.
A TRI é uma forma de calcular a proficiência alcançada, com base em um modelo estatístico
capaz de determinar um valor diferenciado para cada item que o aluno respondeu em um
teste padronizado de múltipla escolha. Essa teoria leva em conta três parâmetros:
• Parâmetro "A"
A capacidade de um item de discriminar, entre os alunos avaliados, aqueles que
desenvolveram as habilidades avaliadas daqueles que não as desenvolveram.
• Parâmetro "B"
O grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. Os itens estão distribuídos
de forma equânime entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de
diversos cadernos com o mesmo grau de dificuldade.
• Parâmetro "C"
A análise das respostas do aluno para verificar aleatoriedade nas respostas: se for
constatado que ele errou muitos itens de baixo grau de dificuldade e acertou outros de
grau elevado – o que é estatisticamente improvável, o modelo deduz que ele respondeu
aleatoriamente às questões.
O Proeb utiliza a TRI para o cálculo de acerto do aluno. No final, a proficiência não depende
apenas do valor absoluto de acertos, depende também da dificuldade e da capacidade de
discriminação das questões que o aluno acertou e/ou errou. O valor absoluto de acertos
permitiria, em tese, que um aluno que respondeu aleatoriamente tivesse o mesmo resultado
que outro que tenha respondido com base em suas habilidades. O modelo da TRI evita
essa situação e gera um balanceamento de graus de dificuldade entre as questões que
compõem os diferentes cadernos e as habilidades avaliadas em relação ao contexto escolar.
Esse balanceamento permite a comparação dos resultados dos alunos ao longo do tempo
e entre diferentes escolas.
i i iiiiiiiiiiiii i i i i i i i i i i i i i
i i i i i i i i i i i i i
i
iii ii iiiiiiiiiiiiii ii
i
iii
i i i i i i i i i i i i i
iii
i i i i i i i i i i i i i
iiii
i i iiiiiiiiiiiii
iii iiiiiiiii iiiiiiiiiiii
iii ii ii
i
iii ii iiiiiiiiiiiiii ii
iiiii iiii
i
i
iii
iiiii
iiii
iiiiiiiiii CADERNO
iiiiiiiiii iiii
iii
Revista Pedagógica 23
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES
Identifica letras *
Lê palavras *
Localiza informação D2
Identifica tema D1
Estratégias de
leitura D3, D5, D8, D21, D23, D25 e D28
Realiza inferência
Processamento
Estabelece relações entre textos D20
do texto
D10, D14, D18 e D26
Distingue posicionamentos
uma mesma Escala de Proficiência. Por alunos, bem como aquelas que ainda A gradação das cores
indica a complexidade
permitirem ordenar os resultados de precisam ser trabalhadas em sala de aula, da tarefa.
desempenho, as Escalas são importantes em cada etapa de escolaridade avaliada.
ferramentas para a interpretação dos Com isso, os educadores podem atuar
resultados da avaliação. com maior precisão na detecção das
dificuldades dos alunos, possibilitando o
A partir da interpretação dos intervalos da planejamento e a execução de novas ações
Escala, os professores, em parceria com a para o processo de ensino-aprendizagem. Baixo
equipe pedagógica, podem diagnosticar A seguir é apresentada a estrutura da Intermediário
as habilidades já desenvolvidas pelos Escala de Proficiência. Recomendado
Revista Pedagógica 25
A Estrutura da Escala de Proficiência
Na primeira coluna da Escala são apresentados Para compreender as informações presentes na
os grandes Domínios do conhecimento em Escala de Proficiência, pode-se interpretá-la de
Língua Portuguesa para toda a Educação três maneiras:
Básica. Esses Domínios são agrupamentos de
competências que, por sua vez, agregam as • Primeira
habilidades presentes na Matriz de Referência.
Nas colunas seguintes são apresentadas, Perceber, a partir de um determinado Domínio,
respectivamente, as competências presentes na o grau de complexidade das competências a ele
Escala de Proficiência e os descritores da Matriz associadas, através da gradação de cores ao
de Referência a elas relacionados. longo da Escala. Desse modo, é possível analisar
como os alunos desenvolvem as habilidades
As competências estão dispostas nas várias linhas
relacionadas a cada competência e realizar uma
da Escala. Para cada competência há diferentes
interpretação que contribua para o planejamento
graus de complexidade representados por uma
do professor, bem como para as intervenções
gradação de cores, que vai do amarelo-claro ao
pedagógicas em sala de aula.
vermelho. Assim, a cor amarelo-claro indica o
primeiro nível de complexidade da competência,
• Segunda
passando pelo amarelo-escuro, laranja-claro,
laranja-escuro e chegando ao nível mais complexo,
Ler a Escala por meio dos Padrões de
representado pela cor vermelha.
Desempenho, que apresentam um panorama do
desenvolvimento dos alunos em um determinado
Na primeira linha da Escala de Proficiência,
podem ser observados, numa escala numérica, intervalo. Dessa forma, é possível relacionar as
Para auxiliar na tarefa de acompanhar o desempenho dos alunos, na seção Desenvolvimento de habilidades, há uma
análise representativa das habilidades relacionadas ao Processamento do texto, abordando a perspectiva do seu ensino
para esta etapa e sugestões de atividades e recursos pedagógicos que podem ser utilizados pelo professor. A escolha
desse exemplo foi baseada em um diagnóstico que identificou algumas habilidades que apresentaram baixo índice de
acerto no 3º ano do Ensino Médio nas avaliações educacionais realizadas em anos anteriores.
OS DOMÍNIOS E COMPETÊNCIAS
DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA
Revista Pedagógica 27
Identifica letras
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Uma das primeiras hipóteses que a criança formula com relação à língua escrita é a de que escrita e
desenho são uma mesma coisa. Sendo assim, quando solicitada a escrever, por exemplo, “casa”, a criança
pode simplesmente desenhar uma casa. Quando começa a ter contato mais sistemático com textos
escritos, a criança observa o uso feito por outras pessoas e começa a perceber que escrita e desenho são
coisas diferentes, reconhecendo as letras como os sinais que se deve utilizar para escrever. Para chegar a
essa percepção, a criança deverá, inicialmente, diferenciar as letras de outros símbolos gráficos, como os
números, por exemplo. Uma vez percebendo essa diferenciação, um próximo passo será o de identificar as
letras do alfabeto, nomeando-as e sabendo identificá-las mesmo quando escritas em diferentes padrões.
cinza 0 a 75 pontos
Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as
habilidades relacionadas a esta competência.
Mesmo quando ainda bem pequenas, muitas crianças que têm contatos frequentes com situações de leitura
imitam gestos leitores dos adultos. Fazem de conta, por exemplo, que leem um livro, folheando-o e olhando
suas páginas. Esse é um primeiro indício de reconhecimento das convenções gráficas. Essas convenções
incluem saber que a leitura se faz da esquerda para a direita e de cima para baixo ou, ainda, que, diferentemente
da fala, se apresenta num fluxo contínuo e na escrita é necessário deixar espaços entre as palavras.
A consciência fonológica se desenvolve quando o sujeito percebe que a palavra é composta de
unidades menores que ela própria. Essas unidades podem ser a sílaba ou o fonema. As habilidades
relacionadas a essa competência são importantes para que o aluno seja capaz de compreender que
existe correspondência entre o que se fala e o que se escreve.
cinza 0 a 75 pontos
Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as
habilidades relacionadas a esta competência.
Revista Pedagógica 29
Lê palavras
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Para ler palavras com compreensão, o alfabetizando precisa desenvolver algumas habilidades. Uma delas,
bastante elementar, é a de identificar as direções da escrita: de cima para baixo e da esquerda para direita. Em
geral, ao iniciar o processo de alfabetização, o alfabetizando lê com maior facilidade as palavras formadas por
sílabas no padrão consoante/vogal, isso porque, quando estão se apropriando da base alfabética, as crianças
constroem uma hipótese inicial de que todas as sílabas são formadas por esse padrão. Posteriormente, em
função de sua exposição a um vocabulário mais amplo e a atividades nas quais são solicitadas a refletir sobre
a língua escrita, tornam-se hábeis na leitura de palavras compostas por outros padrões silábicos.
cinza 0 a 75 pontos
Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as
habilidades relacionadas a esta competência.
Estratégias de leitura
A competência de localizar informação explícita em textos pode ser considerada uma das mais
elementares. Com o seu desenvolvimento o leitor pode recorrer a textos de diversos gêneros, buscando
neles informações de que possa necessitar. Essa competência pode apresentar diferentes níveis de
complexidade - desde localizar informações em frases, por exemplo, até fazer essa localização em textos
mais extensos - e se consolida a partir do desenvolvimento de um conjunto de habilidades que devem
ser objeto de trabalho do professor em cada período de escolarização. Isso está indicado, na Escala de
Proficiência, pela gradação de cores.
Revista Pedagógica 31
identifica tema
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
A competência de identificar tema se constrói pelo desenvolvimento de um conjunto de habilidades que
permitem ao leitor perceber o texto como um todo significativo pela articulação entre suas partes.
Fazer inferências é uma competência bastante ampla e que caracteriza leitores mais experientes, que
conseguem ir além daquelas informações que se encontram na superfície textual, atingindo camadas
mais profundas de significação. Para realizar inferências, o leitor deve conjugar, no processo de
produção de sentidos para o que lê, as pistas oferecidas pelo texto aos seus conhecimentos prévios,
à sua experiência de mundo. Estão envolvidas na construção da competência de fazer inferências as
habilidades de: inferir o sentido de uma palavra ou expressão a partir do contexto no qual ela aparece;
inferir o sentido de sinais de pontuação ou outros recursos morfossintáticos; inferir uma informação a
partir de outras que o texto apresenta ou, ainda, o efeito de humor ou ironia em um texto.
Revista Pedagógica 33
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
A competência de identificar gênero, função ou destinatário de um texto envolve habilidades cujo
desenvolvimento permite ao leitor uma participação mais ativa em situações sociais diversas, nas quais
o texto escrito é utilizado com funções comunicativas reais. Essas habilidades vão desde a identificação
da finalidade com que um texto foi produzido até a percepção de a quem ele se dirige. O nível de
complexidade que esta competência pode apresentar dependerá da familiaridade do leitor com o gênero
textual, portanto, quanto mais amplo for o repertório de gêneros de que o aluno dispuser, maiores suas
possibilidades de perceber a finalidade dos textos que lê. É importante destacar que o repertório de
gêneros textuais se amplia à medida que os alunos têm possibilidades de participar de situações variadas,
nas quais a leitura e a escrita tenham funções reais e atendam a propósitos comunicativos concretos.
A competência de estabelecer relações lógico-discursivas envolve habilidades necessárias para que
o leitor estabeleça relações que contribuem para a continuidade, progressão do texto, garantindo sua
coesão e coerência. Essas habilidades relacionam-se, por exemplo, ao reconhecimento de relações
semânticas indicadas por conjunções, preposições, advérbios ou verbos. Ainda podemos indicar a
capacidade de o aluno reconhecer as relações anafóricas marcadas pelos diversos tipos de pronome.
O grau de complexidade das habilidades associadas a essa competência está diretamente associado
a dois fatores: a presença dos elementos linguísticos que estabelecem a relação e o posicionamento
desses elementos dentro do texto, por exemplo, se um pronome está mais próximo ou mais distante do
termo a que ele se refere.
Revista Pedagógica 35
mista, além de perceberem aquelas relações expressas por meio de advérbios ou locuções adverbiais
como, por exemplo, de tempo, lugar e modo.
Os textos com sequências narrativas são os primeiros com os quais todos nós entramos em contato
tanto na oralidade quanto na escrita. Daí, observarmos o desenvolvimento das habilidades associadas
a essa competência em níveis mais baixos da Escala de Proficiência, ao contrário do que foi visto na
competência anterior. Identificar os elementos estruturadores de uma narrativa significa conseguir dizer
onde, quando e com quem os fatos ocorrem, bem como sob que ponto de vista a história é narrada.
Essa competência envolve, ainda, a habilidade de reconhecer o fato que deu origem à história (conflito
ou fato gerador), o clímax e o desfecho da narrativa. Esses elementos dizem respeito tanto às narrativas
literárias (contos, fábulas, crônicas, romances...) como às narrativas de caráter não literário, uma notícia,
por exemplo.
Esta competência diz respeito ao estabelecimento de relações intertextuais, as quais podem ocorrer
dentro de um texto ou entre textos diferentes. É importante lembrar, também, que a intertextualidade é
um fator importante para o estabelecimento dos tipos e dos gêneros, na medida em que os relaciona
e os distingue. As habilidades envolvidas nessa competência começam a ser desenvolvidas em níveis
mais altos da Escala de Proficiência, revelando, portanto, tratar-se de habilidades mais complexas, que
exigem do leitor uma maior experiência de leitura.
Revista Pedagógica 37
vermelho acima de 325 pontos
A partir de 325 pontos, temos o vermelho que indica o desenvolvimento das habilidades relacionadas
a esta competência. Os alunos que ultrapassam esse nível na Escala de Proficiência são considerados
leitores proficientes.
Distingue posicionamentos
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Distinguir posicionamentos está diretamente associado a uma relação mais dinâmica entre o leitor e
o texto.
Esta competência relaciona-se ao reconhecimento de que a língua não é imutável e faz parte do
patrimônio social e cultural de uma sociedade. Assim, identificar marcas linguísticas significa reconhecer
as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e
históricas em que é utilizada. Esta competência envolve as habilidades de reconhecer, por exemplo,
marcas de coloquialidade ou formalidade de uma forma linguística e identificar o locutor ou interlocutor
por meio de marcas linguísticas.
Revista Pedagógica 39
Baixo Intermediário Recomendado
Além disso, as competências e habilidades agrupadas nos Padrões não esgotam tudo aquilo que os alunos
desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que as habilidades avaliadas são aquelas consideradas essenciais
em cada etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas num teste de múltipla escolha. Cabe aos
docentes, através de instrumentos de observação e registro utilizados em sua prática cotidiana, identificarem outras
características apresentadas por seus alunos que não são contempladas pelos Padrões. Isso porque, a despeito dos
traços comuns a alunos que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças individuais
que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica.
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Com relação às operações inferenciais, esses Percebe-se, ainda, que esses alunos estão em
alunos depreendem informações implícitas, o
contato mais intenso com eventos de letramento,
sentido de palavras ou expressões, o efeito do uso
pois conseguem identificar a finalidade de alguns
de pontuação e de situações de humor.
textos que circulam em uma sociedade letrada.
expressa pela retomada de informações, por meio de desenvolvimento de habilidades, após 12 anos de
pronomes pessoais retos, por substituição lexical e escolaridade, estão muito aquém da competência
por reconhecimento de relações lógico-discursivas, leitora esperada. Seu desempenho corresponde
indicadas por advérbios e locuções adverbiais e por ao que seria considerado recomendado ao final de
marcadores de causa e consequência. apenas cinco anos de escolaridade.
Revista Pedagógica 41
Leia o texto abaixo.
Nos Correios
O cidadão entra na agência dos correios, pega uma senha e 15 minutos depois, quando faltavam
apenas duas pessoas para ele ser atendido, desiste e sai da agência.
Após uma hora retorna, pega outra senha e, novamente, 15 minutos depois, desiste e sai da
fila. Intrigado, eu perguntei:
– Por que você sai da fila quando falta pouco para ser atendido?
– Porque naquele aviso ali na parede diz: “Tempo máximo de permanência na fila – 15 minutos”.
PUGLIESE, Luiz Augusto. Seleções Reader’s Digest. Salvador (BA). ago. 2009. (P090061B1_SUP)
80+20
exigindo do aluno a capacidade de construir uma representação
coerente do texto e perceber que o humor se estabelece pela
quebra de uma expectativa.
Para avaliar essa habilidade, foi utilizada uma anedota, gênero percentual
de acerto
textual que se caracteriza pela exploração desse recurso.
80%
O pai da Aviação talvez não imaginasse que o relógio de pulso seria tão popular quanto é hoje.
Ele o inventou porque pretendia medir o tempo de voo de suas aeronaves. Como não podia tirar
a mão do manche para tirar o relógio do bolso, encomendou ao joalheiro Cartier um modelo que
ficasse fixo em seu pulso.
VELLOSO, Priscila Arida. Oh, dúvida cruel. Rio de Janeiro, Record, 2001. p. 146. (P091041ES_SUP)
70+30
a humor ou à justificação de certos segmentos.
Revista Pedagógica 43
Intermediário
de 250 a 300 pontos
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
(P120402B1)No trecho “Quero vivê-lo em cada vão momento” (v. 5), o pronome destacado
refere-se a
A) amor.
B) zelo.
C) encanto.
D) pensamento.
E) momento.
68+32
pronome pessoal do caso reto. Essa habilidade relaciona-se diretamente
com a realização de anáforas, identificação de uma marca linguística
que retoma um termo citado anteriormente no discurso, mantendo-se,
assim o nexo do texto. Nesse caso, solicita-se a identificação de um
pronome oblíquo.
Revista Pedagógica 45
Leia o texto abaixo.
68+32
se se os alunos conseguem reconhecer a causa do fato expresso no
comando do item. Para avaliar essa habilidade, foi utilizado o fragmento
de uma reportagem que aborda a adoção pelos brasileiros de um hábito
estrangeiro: a siesta.
Revista Pedagógica 47
Recomendado
acima de 300 pontos
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
A tirania adolescente
Até meados dos anos 60, as regras dentro de casa eram impostas implacavelmente aos
jovens. Hoje, é prática corrente estabelecê-las de comum acordo entre pais e filhos. Antes, os pais
davam broncas, punham os filhos de castigo e cortavam regalias porque era assim que as coisas
funcionavam, e ponto final. Hoje, cada sanção precisa ser acompanhada de boas justificativas –
e haja suor e lábia para dar 200 explicações. Um dos motivos disso é que os jovens atuais são
muito bem informados. Outro dado é que eles nasceram num ambiente já bastante marcado pela
educação liberal – seus próprios pais gozaram de boa dose de liberdade quando adolescentes.
Nessas condições, é natural que estabelecer limites de conduta se transforme numa tarefa difícil.
O que Tânia defende não é uma volta à educação rígida de antigamente, e sim a busca de um
ponto de equilíbrio que se perdeu em algum momento entre o fim dos anos 70 e a atualidade.
Veja. 18 fev. 2004.(P090274A9_SUP)
(P090274A9) Um dos argumentos que apoia a tese de que “Hoje, cada sanção precisa ser acompanhada de
boas justificativas” é
A) “Antes, os pais davam broncas, punham os filhos de castigo”.
B) “Hoje, é prática corrente estabelecê-las[...] entre pais e filhos.”.
C) “O que Tânia defende não é uma volta à educação rígida...”.
D) “eles nasceram num ambiente [...] marcado pela educação liberal”.
38+62
estabelecer limites a eles.
percentual
A tese é exposta no comando do item e pede-se que os alunos
de acerto
identifiquem um argumento que a sustente. Retomando o texto, os alunos 38,2%
deverão ser capazes de reconhecer na sequência de exposição da tese
as justificativas para tal afirmação.
Os alunos que optaram pela letra A, 23,7%, não tomaram um fato que
contrasta com a tese do texto..
Revista Pedagógica 49
Leia o texto abaixo.
Na verdade, o Dia das Mães não tem uma origem comercial. Desde a Grécia antiga, havia
celebrações na entrada da primavera, em homenagem a Reia, mãe de Zeus e considerada
matriarca de todos os deuses. Mas essa festa ancestral se perdeu, e o Dia das Mães atual só
surgiu no início do século passado, nos Estados Unidos, como homenagem às mulheres que
haviam perdido os filhos na Guerra Civil Americana. A americana Anna Jarvis conseguiu oficializar
primeiro o feriado em sua cidade, Webster, depois no estado de Virgínia Ocidental e, em 1914,
o feriado se tornou nacional em todo o país. No Brasil, a data começou a ser comemorada sob
influência americana – foi introduzida pela Associação Cristã de Moços (ACM) em 1918 – e, em
1932, foi oficializada pelo presidente Getúlio Vargas. Só em 1949, a data ficou mais comercial,
quando rolaram propagandas para aumentar as vendas. Outros feriados, que têm uma origem
“nobre” fora do Brasil e aqui ganharam caráter mais comercial, são o Dia dos Namorados, Dia da
Criança e o Dia dos Pais.
Mundo Estranho. São Paulo: Abril, ed. 87, p. 34. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P120077A9_SUP)
(P120079A9) No trecho “... o feriado se tornou nacional em todo o país.”, o termo destacado expressa
A) alteração de estado.
B) continuidade de estado.
C) manutenção de estado.
D) repetição de estado.
E) valorização de estado.
Este item avalia a habilidade de reconhecer o efeito de distantes do desenvolvimento da habilidade avaliada,
sentido provocado pela escolha de uma determinada o que não seria esperado para alunos ao final do
palavra. Neste caso, especificamente, solicita-se aos ensino médio.
alunos que reconheçam o efeito provocado pelo
emprego da forma verbal “se tornou”, flexão do verbo Já os alunos que assinalaram a alternativa E parecem
de ligação “tornar-se”. ter entendido que pelo fato de o feriado ser nacional
teria havido, assim, uma valorização de estado. Essa
Para avaliar essa habilidade, foi utilizado um texto escolha sugere que esses alunos desconsideraram o
informativo, com característica de curiosidade, termo em destaque no comando.
veiculado em revista voltada para o público jovem.
gabarito, conseguiram perceber que essa forma 39% 19,6% 7,1% 4,1% 30%
verbal indica que sofreu uma transformação, ou seja,
40+60
sofreu “alteração de estado”.
Revista Pedagógica 51
Resultados impressos nesta
revista e disponíveis no
Portal da Avaliação
• Proficiência média
Apresenta a proficiência média desta escola, sendo possível compará-la com as médias
do estado, da sua Superintendência Regional de Ensino (SRE) e do seu município. O
objetivo é proporcionar uma visão das proficiências médias e posicionar sua escola em
relação a essas médias.
• Participação
Apresenta a distribuição dos alunos ao longo dos intervalos de proficiência no estado, na SRE
e na sua escola. Os gráficos permitem identificar o percentual de alunos para cada nível de
proficiência em cada um dos Padrões de Desempenho. Isso será fundamental para planejar
intervenções pedagógicas, voltadas à melhoria do processo de ensino e à promoção da
equidade escolar.
desenvolvimento de habilidades
O artigo a seguir apresenta uma sugestão para o trabalho de determinadas habilidades em sala de aula. A proposta
é que o caminho percorrido nessa análise seja aplicado para outras habilidades. Com isso, é possível adaptar as
estratégias de intervenção pedagógica ao contexto escolar no qual atua para promover uma ação focada nas
necessidades dos alunos.
Revista Pedagógica 53
A tese, o tema e a leitura
no Ensino Médio
Os resultados das últimas avaliações realizadas em diversos estados
permitem uma série de análises sobre como vimos formando os
jovens no Ensino Médio. O desempenho dos alunos na área de
Língua Portuguesa, por exemplo, merece nossa atenção. Que textos
nossos jovens que se formam nesse nível de ensino são capazes
de compreender e de produzir? Que habilidades de leitura esses
alunos já deveriam ter desenvolvido, ao longo de seus anos de
escolaridade? De que forma tópicos como, por exemplo, Coerência
e Coesão no Processamento de Textos vêm sendo abordados na
sala de aula?
debate, da resposta e
Conforme apontam dados das últimas avaliações para o Ensino
Médio, a habilidade de identificar a tese de um texto tem sido da reação. "
54 Proeb 2012
demonstrada, em geral, por menos da metade dos jovens que
participaram dessas avaliações. Que dificuldades esses alunos
encontram para perceber de que trata um texto ou, melhor dizendo,
o que um texto defende? Dessa dificuldade, provavelmente, decorre
uma outra: a de identificar os argumentos que sustentam essa tese.
No entanto, ao que parece, os jovens encontram menos problemas
para idenficar os argumentos do que para apontar a tese do texto.
Como isso pode ocorrer?
Revista Pedagógica 55
argumentos, mas não reconhecem, com a mesma acurácia, a tese do
texto, algo parece indicar uma leitura dos fragmentos (ou das partes)
melhor do que a do todo.
Revista Pedagógica 57
os relativos, os possessivos, etc. Em sua maioria, são palavras que
aprendemos cedo, como falantes nativos de nossa língua. No entanto,
a análise e a sistematização de como eles funcionam em um texto são
aprendidas na escola (ou deveriam ser). O estudo dos mecanismos
que empregamos, com essas palavras, para a construção de nossas
mensagens, orais e escritas, devem ser abordados em sala de aula,
muito preferencialmente com textos reais, que de fato circulam em
nossa sociedade. Revistas, jornais, livros (impressos ou digitais, para
todos os casos) são materiais fáceis e nos oferecem insumo para a
reflexão sobre a textualidade.
Revista Pedagógica 59
leitura fazem com que algumas partes se tornem mais relevantes do
que outras para determinado grupo.
Revista Pedagógica 61
EXPERIÊNCIA EM FOCO
Criatividade e Dedicação para
um Ensino de Qualidade
Professora busca manter os bons resultados da escola
ajudando os alunos a descobrir o prazer da leitura
“A instituição é reconhecida, admirada e tratada com mostrar as habilidades e competências ainda não
zelo pela comunidade local, pelo corpo docente consolidadas pela turma e passíveis de melhoria;
e administrativo. Todos lutam para assegurar tão terceiro, por permitir a comparação dos resultados
grande patrimônio: escola de qualidade para os entre as escolas da região e do Estado. No
filhos dessa Terra”, são as palavras da professora entanto, Juraci Arlinda ressalta que “não bastam
Juraci Arlinda Magalhães Borges que faz parte da os resultados, só é possível vencer os desafios,
Escola Estadual Dona Reparata Dias de Oliveira. A realizando intervenções pedagógicas adequadas”.
Instituição, que conta com aproximadamente 370
alunos matriculados no Ensino Fundamental (1º ao Com Licenciatura em Letras e Pós em Metodologia
9ºano) e 20 professores, tem apresentado ótimos do Ensino Superior, Juraci Arlinda, que possui
resultados nas avaliações externas. experiência de 24 anos como professora, afirma
que o maior desafio para o ensino da Língua
Para Juraci Arlinda a avaliação externa é Portuguesa é a falta do hábito de ler. A educadora
uma ferramenta eficaz para intervenção na considera ser importante desenvolver esse hábito
aprendizagem. Primeiro por ajudar a conhecer desde os primeiros anos de vida e explica que
o nível de leitura dos alunos; segundo, por “quando se deixa de ser criança, sem aprender
adequadas
Revista Pedagógica 63
DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCACIONAIS – DAVE
EQUIPE TÉCNICA
EQUIPE TÉCNICA
ARAÚJO, Carolina Pires; MELO, Manuel Fernando Palácios da Cunha e; OLIVEIRA, Lina Kátia Mesquita
de; REZENDE, Wagner Silveira.
CDU 373.3+373.5:371.26(05)