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Síndrome Do Arrancamento de Penas - Psitacídeos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE VETERINÁRIA
METODOLOGIA APLICADA À CONCLUSÃO DE CURSO

NATÁLIA FAGUNDES

SÍNDROME DO ARRANCAMENTO DE PENAS EM PSITACÍDEOS –


REVISÃO DE LITERATURA

PORTO ALEGRE
2013/1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE VETERINÁRIA
METODOLOGIA APLICADA À CONCLUSÃO DE CURSO

SÍNDROME DO ARRANCAMENTO DE PENAS EM PSITACÍDEOS –


REVISÃO DE LITERATURA

Autor: Natália Fagundes

Trabalho apresentado como


requisito parcial para
graduação em Medicina
Veterinária

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Meller Alievi

Co-orientadora: Marcela Elisa Pearson

PORTO ALEGRE
2013/1
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a minha família que sempre me apoiou em todos esses


anos de estudo, em especial aos meus pais que sempre estiveram ao meu lado.
Aos colegas e amigos que tornaram esses anos os melhores e mais divertidos,
em especial as colegas Alegria Matsuko Werlang, Alessandra Ahenradt Eidt, Vanessa
Souza Müller, Priscila Medina da Costa, Juliana Querino Goulart e Elissandra da
Silveira.
A grande amiga que, apesar de distante, sempre esteve ao meu lado Marianne
Swirski de Souza.
A toda a equipe da Clínica Toca dos Bichos que me fez crescer muito pessoal e
profissionalmente, em especial a proprietária da clínica Msc. Gleide Marsicano, sempre
disposta a resolver minhas dúvidas e sempre acessível; a veterinária, amiga e co-
orientadora Marcela Elisa Pearson, sempre disposta a ajudar e a quem devo muito do
meu aprendizado.
A toda a equipe do Núcleo de Preservação e Conservação de Animais Silvestres
– PRESERVAS, onde aprendi muito com cada um dos veterinários e colegas que
convivi, em especial ao meu orientador e coordenador do grupo Dr. Marcelo Meller
Alievi e a médica veterinária residente Miuriel de Aquino Goulart, por todo o
aprendizado e amizade.
A professora, amiga e, por dois anos, orientadora, Marcia Bohrer Mentz, por
esse período de aprendizado, de apoio e de amizade.
A todos os profissionais médicos veterinários que me auxiliaram, de alguma
forma, a chegar até esta etapa; a todos os amigos que tornaram esses anos mais fáceis; e
a toda a minha família pelo suporte.

Muito obrigada.
“Todos os argumentos para provar a superioridade do homem não podem quebrar essa
dura realidade: no sofrimento, os animais são nossos iguais”.

Peter Singer
RESUMO

A síndrome do arrancamento de penas é uma afecção comum dentro da clínica aviária,


atingindo principalmente os psitacídeos, devido a sua alta capacidade cognitiva e
comportamento social bem desenvolvido. Caracteriza-se pelo arrancamento das próprias
penas causando danos e podendo chegar a automutilação. Esta síndrome pode estar
relacionada com diversas etiologias, desde erros de manejo nutricional, falha nos
cuidados neonatais, falta de estimulo cognitivo, presença de ectoparasitas, entre outras.
Neste trabalho, serão analisadas as diversas causas desta síndrome, permitindo assim
uma melhor avaliação de casos, formas de prevenção e tratamentos disponíveis.
Palavras-chave: estresse; aves; antidepressivos; enriquecimento ambiental; psitacídeos.
ABSTRACT

The feather plucking syndrome it’s a common disorder in the avian clinic, affecting
mainly parrots, due to their high cognitive ability and well-developed social behavior.
It’s characterized by the pullout from their own feathers damaging them and reaching
self-mutilation.This syndrome may be related to several etiologies, since nutritional
management mistakes, failure in neonatal care, lack of cognitive stimulation, presence
of ectoparasites, among others.This paper will analyze the various causes of this
syndrome, allowing a better evaluation of cases, prevention methods and available
treatments.
Keywords: stress; birds; antidepressive; environmental enrichment; parrots.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 8

2 BIOLOGIA E OCORRÊNCIA DA ORDEM PSITTACIFORMES ........... 8

3 COMPORTAMENTOS NATURAIS …………………………………….... 10

3.1 Neonato, neófito, jovem ................................................................................... 11

3.2 Comportamento social ..................................................................................... 13

4 CRIAÇÃO DE PSITACÍDEOS E COMPORTAMENTO

EM CATIVEIRO ............................................................................................. 14

5 NUTRIÇÃO ..................................................................................................... 17

6 ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL .......................................................... 18

7 PENAS E MUDA ............................................................................................ 19

8 SÍNDROME DO ARRANCAMENTO DE PENAS .................................... 20

8.1 Etiologias .......................................................................................................... 22

8.2 Abordagem do paciente ................................................................................... 24

8.2.1 Histórico e exame físico .................................................................................... 24

8.3 Exames Complementares e Diagnóstico ........................................................ 25

8.4 Tratamento ....................................................................................................... 26

8.4.1 Terapias Complementares ................................................................................. 29

8.4.1.1 Acupuntura ....................................................................................................... 29

9 CONCLUSÕES ................................................................................................ 30
7

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 31
8

1 INTRODUÇÃO

Psitacídeos em cativeiro tem tendência a desenvolver problemas comportamentais


como automutilação, fobias, agressividade e comportamento estereotipado. Esses
comportamentos podem ser interpretados como expansões exageradas de comportamentos
naturais que podem surgir devido ao isolamento social, desmame precoce e falta de estimulo
ambiental.

A síndrome do arrancamento de penas é frequentemente comparada ao transtorno


obsessivo compulsivo em humanos. É um problema comum na clínica veterinária com uma
incidência de aproximadamente 10% das aves em cativeiro. Em casos mais severos, pode
haver hipotermia e imunossupressão.

2 BIOLOGIA DA ORDEM PSITACIFORMES

A ordem psittaciformes é dividida em três famílias: Loridae, Cacatidae e psittacidae,


compostas, ao todo, por aproximadamente de 78 gêneros e 332 espécies.

A família Loridae é representada pelos loris (55 espécies); na Cacatuidae há as


catatuas (18 espécies); a família Psittacidae é dos papagaios e periquitos (257 espécies)
(GUEDES et al, 2001; LAMBERSKI, 2003). Atualmente, foi proposta uma nova
classificação em que apenas ocorria a divisão em duas famílias: Cacatuidae e Psittacidae
(FORSHAW, 2006).

Animais da ordem psitaciformes são facilmente reconhecidos por seu bico curvo em
que a ponta da maxila se projeta além da mandíbula, seus pés zigodáctilos, em que o segundo
e terceiro dedo são voltados cranialmente e o primeiro e quarto caudalmente
(HOMBERGUER, 2006). Outras características desta ordem são sua plumagem geralmente
colorida, cérebro avantajado, grande capacidade de aprendizagem, comportamento social
complexo entre outras.

Os pés zigodáctilos são especialmente adaptados para escalar troncos de árvores. Esta
estrutura, juntamente com o forte bico, que funciona como uma terceira mão,torna estas aves
excelentes e ágeis trepadoras de árvores, facilitando-lhes a manipulação das frutas e sementes.
9

Isso possibilita que possam ficar suspensas, enquanto se alimentam (COLES, 2005;
HOMBERGER, 2006; LAMBERSKI, 2003).

A articulação da mandíbula é moldada exclusivamente para permitir movimentos


laterais da mandíbula em relação à maxila.

A cor branca dos ovos indica que a nidificação ocorre em local escondido, longe da
visibilidade de predadores, não necessitando de camuflagem.

Devido ao seu cérebro avantajado os psittaciformes ganharam o apelido de “primatas


aviários”, correlaciona-se com sua capacidade de aprendizagem ao longo da vida e grande
curiosidade.

Esse grau de aprendizagem suporta a ideia de que esta ordem se originou a partir de
ancestrais que buscavam alimentos escondidos, como sementes dentro de frutos: alimentos
que precisavam ser localizados a partir de evidências indiretas e aprendizado
(HOMBERGER, 2006).

A maioria das espécies desta família é monogâmica, vivendo rigorosamente aos casais
que permanecem unidos por toda a vida. Entre os papagaios do gênero Amazona, macho e
fêmea voam tão juntos um do outro que o casal parece ser uma grande e fabulosa ave de
quatro asas, o que se observa inclusive quando estão em bando (SICK, 1997; GUEDES;
SEIXAS, 2002; JUNIPER; PARR, 1998; SNYDER et al, 1987).
Psittaciformes estão concentrados nos continentes e ilhas do hemisfério sul, apenas
com expansões limitadas no adjacente e regiões do norte. Ao contrário das impressões gerais,
a ordem psittaciformes não está restrita às regiões tropicais. Várias espécies ocorrem em
regiões frias da China, Nova Zelândia, Nova Guiné, Tasmânia, e América do Sul (Homberger,
2006).

Os psittaciformes parecem ser mais comuns ao longo de bordos florestais, em margens


de cursos de rios ou em áreas próximas às clareiras (MARQUES, 2012).
As espécies que margeiam cursos d’agua possuem forte associação com a presença de
árvores, porém, as espécies que vivem em áreas abertas tendem a ser mais tolerantes em
diferentes habitats em relação às espécies florestais (FORSHAW, 2006).
O Brasil possui a maior diversidade de Psitacidae do mundo, tendo 85 espécies
catalogadas. Os maiores representantes são as araras, podendo chegar a 1,5kg; e os menores
os tuins, pesando aproximadamente de 25g. Desse total, a floresta amazônica brasileira
10

apresenta 52 espécies; principalmente, do gênero amazona com três espécies em extinção


(SICK, 1997; GALETTI et al, 2002).
Nas regiões tropicais, a maioria das populações de psitacídeos está em grande perigo de
extinção ou diminuindo, devido a combinação de caça, perda de habitat, coleta para o
comércio ilegal de animais silvestres em tráficos internacionais, carência de uma política
educacional voltada para a educação ambiental, fiscalização efetiva e, também, ausência de
recursos destinados à investigação e estudos para a conservação do ambiente como um todo
(SICK, 1997; JUNIPER; PARR, 1998; WRIGHT et al, 2001).
O tráfico internacional de aves e de animais silvestres é uma atividade forte no Brasil
(LAÇAVA, 2000; RENCTAS, 2002). A arara-azul-pequena (nome científico) e a ararinha-
azul (Cyanopsitta spixii) são consideradas extintas, em grande parte, devido ao tráfico ilegal.
Os periquitos, papagaios e outras araras são, também, muito comercializados (GUIX et al,
1997; WRIGHT et al, 2001).
Tem-se documentado, nos Estados Unidos, que desde 1900 foram importados
aproximadamente 30 milhões de pássaros vivos. Papagaios começaram a se tornar animais de
estimação populares na década de 60 (WCI, 1992). Mais de 1,8 milhões de psitacídeos foram
exportados da região neotropical entre 1982 e 1998 (THOMSEN; MULLIKEN, 1992).

3 COMPORTAMENTOS NATURAIS

Etologia é o campo da ciência do comportamento que estuda características


comportamentais de diferentes espécies animais e como elas ocorrem em seus ambientes
naturais. Etólogos chamam essas cadeias de comportamento espécie-específicas de "padrões
fixos de ação". Esses padrões são exibidos por quase todos os membros de uma espécie em
condições ambientais similares com pouca variabilidade na maneira em que ocorrem entre os
indivíduos (GRAY, 1999).
Comportamento é tudo que um animal faz que possa ser observado e medido. Isso
inclui comportamentos ostensivos que podem ser observados diretamente por outros (como
comer), bem como comportamentos encobertos que só podem ser observados diretamente
pelo indivíduo como pensar e sentir (FRIEDMAN, 2006).
O comportamento é a ferramenta mais direta que uma ave selvagem possui para
responder ao ambiente e determina, ainda, a sua sobrevivência no ambiente natural. Há duas
categorias funcionais gerais em termos comportamentais nas aves: comportamentos de
11

automanutenção dirigidos para alcançar algumas tarefas específicas, de forma a manter a


condição física do indivíduo, e comportamentos sociais destinados à comunicação de
informações entre os indivíduos (SPEER, 2007a).
Os comportamentos de manutenção diários, realizados pela maioria das aves, são
comportamentos de automanutenção, levados a cabo ao longo de todo o ano, e essenciais à
conservação das suas vidas (SPEER, 2007a). Estes comportamentos, o voo, a procura pelo
alimento, o cuidado das penas e a vocalização com os seus parceiros, realizados em meio
selvagem (HARRISON, 1994), podem ser categorizados e quantificados tendo em conta todo
o tempo em que as aves não se encontram no ninho, como mostrado na figura 01.
Os psitacídeos são animais que se encontram muito bem adaptados a um meio
ambiente de vida livre. A fisiologia das asas, do bico e as estruturas vocais os preparam para o
comportamento natural do voo, para a construção dos ninhos e para o estabelecimento de
contato, através de chamamentos de longa distância. (HOMENBERGER, 2006)
Hereditariedade e aprendizado estão intimamente ligados. No entanto, o conhecimento
dos padrões de comportamento dos psitacídeos de vida livre, bem como as condições
ambientais que os provocam, aumenta muito nossa capacidade de prever, interpretar e
gerenciar muitos comportamentos destes animais em cativeiro.
Por estas razões, o conhecimento do comportamento de psitacídeos no ambiente natural é
importante para melhorar o atendimento de aves em cativeiro (HOMENBERGER, 2006).

Figura 01 – Quantificação dos comportamentos naturais de psitacídeos de vida livre


Higiene 20-66%
Forrageamento 40-60%

Vocalização 2-5%

Interação social 10-40%

Fonte: Bays; Lightfoot; Nacewicz, (2006).

3.1 Neonato, neófito, jovem

Os psitacídeos são altriciais e nidicolas, incapazes de controlar sua temperatura. São


considerados neonatos desde a eclosão até a abertura dos olhos e, durante este tempo, suas
necessidades são simples, porém, fundamentais: ambiente e comida quentes
(HOMENBERGER, 2006).
12

Mesmo antes da eclosão, parece ocorrer comunicação entre o progenitor e o embrião


(HARRISON, 1994). Este se move, gira, pia, empurra o ovo, vocaliza (LINDEN;
LUESCHER, 2006). Existem estudos que mostram que a eclosão poderá ser sincronizada e o
piar pode, realmente, estimular a eclosão de outros filhotes (HARRISON, 1994).
Os neonatos são sensíveis à luz. Biologicamente projetados para começar a vida em
um local escuro (cavidades de árvores), reagem negativamente a uma luz forte recuando,
escondendo-se ou tremendo. Como consequência, a prática popular de manter os bebês em
aquários de vidro sob luzes fluorescentes não só é potencialmente prejudicial para os olhos
dos recém-nascidos em desenvolvimento, mas também pode criar insegurança em filhotes
mais velhos (HARRISON, 1994; LINDEN, 1999).
À medida que o neonato se desenvolve fisicamente, torna-se cada vez mais receptivo à
interação verbal e tátil (LINDEN, 1999). A presença da progenitora junto do ninho representa
um estímulo à produção de sons de pedido, primeiro assobiando e depois chorando
(HARRISON, 1994). O reconhecimento vocal mútuo entre os filhotes e os progenitores é
universal: progenitores equidistantes dos seus jovens descendentes e de outros animais da
própria espécie reagem freneticamente a chamamentos de socorro das suas crias, ignorando os
apelos de outros (LIGHTFOOT; NACEWICZ, 2006).
Após a abertura dos olhos, vários autores categorizam o filhote numa nova fase de
desenvolvimento (WILSON et al, 2006a; LINDEN; LUESCHER, 2006; LINDEN, 1999).
Nesta fase, além do desenvolvimento corporal, ocorre a expansão dos comportamentos,
acompanhados pelo desenvolvimento visual e pela maior interatividade da ave (LINDEN;
LUESCHER, 2006). O filhote precisa de maior estimulação visual. Intimamente associado ao
desenvolvimento da área visual surge desenvolvimento das penas (HARRISON, 1994) e há
uma diminuição na quantidade de tempo em que permanecem escondidos ou dormindo
(LINDEN; LUESCHER, 2006). O animal percebe mais o ambiente ao seu redor, toca objetos
com o bico e aumenta significativamente seus exercícios. Os psitacídeos passam boa parte do
tempo próximos de suas crias estabelecendo contato visual íntimo face-a-face e olhos-nos-
olhos que rapidamente se expande para um campo de interações vocais (WILSON et al,
2006a). Essa vontade de exercício é incitada pelos progenitores que começam a ignorar os
apelos dos filhotes por alimento, resultando numa perda de peso e tonificação dos músculos
para a preparação do voo sustentado (HARRISON, 1994).
Nesta fase o animal aprende com seus progenitores como interagir, socializar e
encontrar alimento. Esta é a fase crítica no desenvolvimento do comportamento, onde pode
ocorrer o imprinting, seja com relação filial ou sexual. (HARRISON, 1994; WELLE, 2005).
13

A ave é considerada jovem no momento em que deixa o ninho. Neste momento, a ave
acabou de se emplumar e está com sua musculatura melhor desenvolvida. Já há uma melhor
coordenação para o voo e capacidade respiratória. O psitacídeo também desenvolve
características como hábitos alimentares, força, capacidade de escalar e apreender alimento.
Esses eventos lhe trazem confiança psicológica (LINDEN, 1999, LINDEN; LUESCHER,
2006).
Neste momento, eles estão aprendendo a socializar e interagir com o bando,
entendendo seu funcionamento e estruturação. Também estão mais independentes e
começando a desenvolver vontades próprias (HARRISON, 1994; LINDEN; LUESCHER,
2006; WELLE, 2005).
É neste período que ocorre o desmame. Os progenitores começam a levar para a cria
alimentos cada vez mais parecidos com o que irão encontrar na natureza. Esta fase vai desde o
início da aprendizagem de voo até o desmame da ave. Este período pode variar muito
individualmente (LINDEN; LUESCHER, 2006 ; HARRISON, 1994).
Na natureza, o aprendizado do voo acontece antes do desmame, o que é lógico quando
se percebe que um bebê papagaio deve desenvolver força física e destreza para aprender a
controlar a jornada antes que ele siga seus pais para diversas e distantes fontes de alimentos.
Só então estará suficientemente desenvolvido para conseguir a destreza manual necessária
para comer sozinho. Consequentemente, a competência do voo precede o desmame em
psitacídeos (HOMENBERGER, 2006).
Logo antes do primeiro voo ocorre uma diminuição no apetite das aves e, por outro
lado, o aumento na atividade e curiosidade: o filhote foca sua atenção na procura do
alimento.As primeiras experiências de voo ocorrem em bando e as aves aprendem a seguir e
obedecer seus pares. O desmame é o processo pelo qual os pássaros aprendem a comer por
conta própria, sem a ajuda de seus pais. Uma vez que a ave atinge seu peso máximo, ela
começa a comer por conta própria, empoleirar-se, voar e, finalmente, o desmamam
(ABRAMSON et al, 1995).

3.2 Comportamento social

A vida em bando é importante para a detecção e prevenção de predadores, acesso aos


companheiros, defesa de territórios e eficiência de forrageamento (WILSON,
1975). Esse comportamento é devido a recursos alimentares instáveis (fontes distribuídas de
14

forma irregular, imprevisíveis ao longo do ano) e áreas vulneráveis. Alimentar-se em bandos


pode ser vantajoso para o indivíduo que é capaz de se beneficiar do conhecimento coletivo do
grupo. O indivíduo tem maiores chances de localizar o alimento, além de conseguir excluir
espécies competidoras mais eficientemente (SEIBERT, 2006A; WILSON, 1975).
A estabilidade dos grupos sociais exige o reconhecimento mútuo dos membros e um
sistema de distribuição dos recursos limitados do grupo.
Uma relação de dominância existe quando respostas previsíveis entre dominante e submissos
ocorrerem entre membros de um grupo social estável com base no resultado das interacções
entre os indivíduos. Uma vez que as relações são estabelecidas, há consistência nas interações
sociais, resultando em menor número, ou menos intensas, afirmações agressivas de
dominância (BERNSTEIN, 1981). Relações de dominância funcionam para reduzir a
ocorrência de conflitos gerados pela concorrência entre os membros de um grupo social
(SEIBERT, 2006a).
Indivíduos submissos respondem a comportamentos agressivos realizados por
indivíduos de nível superior com sinais de apaziguamento. Posturas submissas permitem
evitar o combate. Esse padrão de comunicação funciona para encerrar uma agressão e é
rotulado de submisso (BERNSTEIN, 1981).
Estudos de outras populações de aves têm mostrado que o status social está diretamente
relacionado ao tamanho, idade e sexo (GILL, 1995). No entanto, Hardy (1965) não encontrou
correlação entre a hierarquia de dominância e atributos físicos no grupo de papagaios que
estudou.

4 CRIAÇÃO DE PSITACÍDEOS E COMPORTAMENTO EM CATIVEIRO

Uma das mais importantes influências de um proprietário na saúde e bem-estar de uma


ave é exercida na organização do seu ambiente. Um ambiente que promove o bem-estar
psicológico conduz a uma ave feliz, saudável e reprodutivamente ativa (TULLY, 2009). O
manejo inadequado das espécies exóticas constitui uma questão extremamente importante
para o bem-estar, contribuindo para o sofrimento mental e físico (SEIBERT, 2007).
Para os jovens psitacídeos se adaptarem corretamente ao habitat humano, os
cuidadores devem ensiná-los limites e controle sobre seus comportamentos. A melhor
maneira para alcançar este objetivo é através de reforço positivo de comportamentos
apropriados (HARRISON, 1994).
15

A maioria das espécies de psitacídeos domésticos é apenas a primeira ou talvez a


segunda geração a partir do animal selvagem e eles nascem mal equipados para a
sobrevivência no habitat humano. Como consequência, a formação benevolente e pouco
agressiva é uma necessidade e, quanto mais cedo for iniciada, melhor (LUESCHER;
WILSON, 2006).
Sem treinamento, papagaios podem se comportar com uma total falta de ordem social
dentro daquilo que o "bando" humano considera aceitável. Na verdade, muitos acham que a
falta de ordem social provoca comportamentos aberrantes em psitacídeos de companhia. A
ordem social instável pode levar a estereotipias em alguns animais. A espécie mais propensa à
destruição de penas e automutilação na vida doméstica, muitas vezes, são as que em vida
selvagem habitam grandes bandos e esses mesmos animais podem, portanto, ter evoluído para
estar de acordo com uma rigorosa ordem social.(HARRISON, 1994)
Estima-se que a jornada diária do papagaio pode ser dividida assim: 50% das horas de
vigília (luz do dia) são gastas na localização e consumo de alimentos; 25% passaram a
interagir com um companheiro ou outros membros do bando; e 25% do tempo é gasto em
vaidade. Em contrapartida, existem poucos desafios no habitat humano. Sozinho, em uma
gaiola, enquanto os seres humanos estão no trabalho, existem poucas interações com o bando
para a maioria dos animais de estimação. Além disso, tigelas de alimentos completos são
colocadas onde podem ser facilmente acessadas pelo papagaio. A monotonia é esmagadora
(MEEHAN; MENCH, 2002).
A gaiola deverá ser tão grande quanto possível, de modo a permitir à ave abrir as asas
em todas as direções sem tocar nas grades laterais e impedir que, estando esta empoleirada, a
cauda não contate com o fundo da gaiola nem com outros objetos (EVANS, 2001; JONES,
2005; LIGHTFOOT; NACEWICZ,, 2006; PERRY, 1994; STANFORD, 2002; SCHULTE et
al, 2004; WILSON, 1999).
A colocação da gaiola é importante e a localização ideal depende da personalidade da
ave em questão. A maioria dos papagaios gosta de estar no centro da atividade humana, mas
cuidados devem ser tomados para permitir o comportamento natural de se esconder. Colocar-
la contra uma parede sólida proporciona bem-estar fundamental, mas muitos papagaios
gostam de desfrutar de uma vista da janela. Se for o caso, a gaiola deve ser colocada contra
uma parte da janela e, em parte, contra uma parede sólida. Isto permite que a ave escolha ser
ou não visível, o que parece fundamental para diminuir o estresse (FOUSHEE, 1995).
Papagaios extrovertidos que são enjaulados afastados das atividades humanas, muitas
vezes, gritam excessivamente; animais ansiosos e nervosos podem começar a mostrar
16

comportamentos de automutilação se enjaulado no meio de uma área de alto tráfego,


especialmente se a gaiola compartilha a parede com uma porta (HARRISON, 1994).
Se a gaiola fica muito baixa um papagaio inseguro pode ficar seriamente assustado. Se
a gaiola fica muito alta, os indivíduos teimosos podem ser mais difíceis de manusear
(HARRISON, 1994).
Variar a localização da própria gaiola pode ser benéfico para algumas aves (SEIBERT,
2007a). É importante adquirir gaiolas que não sejam feitas de arame galvanizado, fonte de
zinco ou outros metais pesados, devido ao risco de intoxicação por estes metais (EVANS,
2001; JONES, 2005; KALMAR et al, 2007; LIGHTFOOT; NACEWICZ, 2006; LUESCHER
et al, 2006; STANFORD, 2003; TULLY, 2009).
Os poleiros devem estar presentes em número e tamanhos variados (SCHULTE et al,
2004), em diversos diâmetros e texturas (LIGHTFOOT; NACEWICZ, 2006), localizados de
modo a permitir o fácil acesso a um brinquedo, a um prêmio, ao alimento e à água, sem que
haja risco de contaminação com dejetos (SCHULTE et al., 2004).
Os ramos de origem natural têm a vantagem de proporcionarem uma boa superfície de
aderência, a oportunidade da ave destruir com o bico o material (atividade bastante apreciada)
e a sua flexibilidade estimula o equilíbrio (HARRISON, 1994; CARDOSO, 2010).
O sono é outra consideração importante, especialmente com um papagaio jovem. As
reais necessidades de sono e a presença de ativo (REM) e sono de ondas lentas não foram
determinadas em várias espécies de psitacídeos (HARRISON, 1994).
Como espécies tropicais e neotropicais, a maioria dos papagaios de companhia evoluiu
em um ambiente que proporcionou um empate de 12 horas de escuridão e luz do dia, durante
todo o ano (HARRISON, 1994).
Durante o período de sono, deveria ser proporcionado ao papagaio um ambiente calmo
e escuro (BERGMAN, 2006; EVANS, 2001; LIGHTFOOT; NACEWICZ, 2006; PERRY,
1994), sendo desejável que a gaiola seja deslocada para um local diferente do seu local de
convivência diurna ou, alternativamente, mudar a ave para uma segunda gaiola, destinada
para este fim, numa outra divisão da casa (BERGMAN, 2006; EVANS, 2001; SEIBERT,
2007a; WILSON, 2000; WILSON et al, 2006).
Os papagaios de estimação devem se beneficiar de períodos de exposição à luz solar
natural e ao ar exterior (EVANS, 2001; PERRY, 1994; SCHULTE et al, 2004). A luz natural
representa um papel importante na síntese de precursores da vitamina D, permitindo a
regulação da absorção de cálcio e exerce também efeito no sistema glandular das aves cuja
regulação é estimulada por fotoperíodos normais de luz (SCHULTE et al, 2004).
17

As manifestações comportamentais da privação do sono em papagaios incluem a


hiperatividade, agressividade excessiva gritando (especialmente depois do sol) e os
comportamentos de automutilação, principalmente arrancamento de penas (HARRISON,
1994).
Os banhos regulares são do agrado dos papagaios e, além disso, contribuem para a
qualidade das suas penas, estimulam comportamentos de limpeza e tratamento e mantêm a
plumagem em boas condições (PERRY, 1994; SEIBERT, 2007a; STANFORD, 2002).

5 NUTRIÇÃO

A maioria das aves da ordem Psittaciformes consome uma dieta à base de plantas,
sendo, por isso, classificadas como florívoras (KOUTSOS et al, 2001; MATSON et al, 2006).
Dentro desta categoria geral, há subclassificações - granívoros, frugívoros e nectaríferos - de
acordo com as partes das plantas ingeridas (KOUTSOS et al, 2001; MATSON et al, 2006),
sendo a alimentação à base de frutos e sementes a mais comum (HAWKINS, 2001;
MATSON et al, 2006).
Quando em cativeiro ou como animais de estimação, os papagaios não deverão ter
permanentemente comida nas suas gaiolas, uma vez que isso resulta em aborrecimento, falta
ou diminuição da curiosidade natural e preferências cada vez mais exigentes na alimentação
(EVANS, 2001).
Estão disponíveis misturas de sementes para papagaios que são o tipo de alimento
mais frequentemente oferecido pelos proprietários às suas aves de estimação. Estas misturas,
com um desequilíbrio nutricional inerente em termos de sementes, geralmente, são
constituídas por girassol, nozes e amendoins (HAWKINS, 2001; KALMAR et al, 2007), com
elevados níveis de gordura (HAWKINS, 2001; HARRISON et al, 2006; STANFORD, 2005),
razão cálcio: fósforo extremamente baixa e baixas concentrações de iodo, selênio, vitaminas
lipossolúveis (A, D, E e K) e vitamina B12, na sua parte comestível (HARRISON et al, 2006;
KALMAR et al, 2007; KOUTSOS et al, 2001; STANFORD, 2005).
As dietas à base de ração granulada atualmente se encontram bem estudadas e parecem
ser nutricionalmente equilibradas e adequadas para a alimentação dos psitacídeos
(HAWKINS, 2001; TULLY, 2009; KALMAR et al, 2007; KOUTSOS et al, 2001;
STANFORD, 2005).
O enriquecimento e estimulação do comportamento de procura pelo alimento podem
ser realizados recorrendo a uma dieta à base de ração granulada complementada com legumes
18

e frutas frescas variadas (KALMAR et al, 2007; KOUTSOS et al, 2001), sobretudo frutas
tropicais com proteína e fibra de melhor qualidade e legumes de variedade pigmentada
(KALMAR et al, 2007; STANFORD, 2005).
A nutrição é um assunto intimamente ligado à saúde física e emocional de uma ave de
estimação (LIGHTFOOT; NACEWICZ, 2006; TULLY Jr, 2009) e uma deficiência ou
excesso nutricional pode afetar o comportamento animal de vários modos (MATSON et al,
2006). Primeiro, uma grave deficiência de nutrientes pode alterar o comportamento de um
animal em termos de nível de atividade. Em ratos, por exemplo, deficiências de proteína,
vitamina D, vitamina A, tiamina, riboflavina, magnésio, causam reduções na actividade
(HUGHES; WOOD-GUSH 1973).
Pintos com deficiência de cálcio aumentaram o movimento e comportamento de bicar,
enquanto galinhas com deficiência de sódio aumentaram a frequência de bicamentos
(HUGHES; WOOD-GUSH 1973). Em segundo lugar, algumas deficiências nutricionais
resultaram em um "apetite específico" para determinado nutriente. Este termo refere-se à
capacidade de um animal identificar a proporção de um determinado nutriente numa ração, e
ajustar o consumo de ração em relação as suas necessidades de nutrientes (MURPHY, 1994).

6 ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

Psitacídeos em zoológicos, laboratórios e casas particulares são frequentemente


expostos a imprevistos benignos com alterações ambientais, tais como: adições ao zoológico,
exposições, introdução de novos brinquedos ou itens de alimentos, mudança de pessoal e
cuidados com os animais (MEEHAN; MENCH, 2002).
Apesar de enriquecimento ambiental ser uma estratégia potencialmente promissora
para reduzir as respostas ao medo de psitacídeos de cativeiro e de companhia, pouco se sabe
sobre os elementos necessários para o enriquecimento ambiental eficaz para espécies de aves
em geral e, particularmente, papagaios (BIRCHALL, 1990; SHEPHERDSON, 1992; KING,
1993).
O enriquecimento ambiental envolve, além de atividades de procura pelo alimento, as
interações sociais, treino ou estimulação intelectual, atividade física e enriquecimento com
brinquedos (JONES, 2007; KALMAR, 2007; MEEHAN et al, 2003a; SEIBERT, 2007a).
Deste modo, um ambiente fisicamente interativo e complexo contribui substancialmente para
o bem-estar psicológico do animal (JONES, 2007).
19

Duas das classes mais severamente restritas do comportamento psitacídeos de


cativeiro são forrageamento e locomoção. Na natureza, gastam entre quatro e seis horas por
dia forrageando (SNYDER et al, 1987).
Em contrapartida, muitos métodos de alimentação em cativeiro de psitacídeos
permitem a interação ambiental mínima e reduzem consideravelmente a quantidade de
trabalho e custo energético envolvido em atividades de alimentação. Assim, papagaios cativos
(Amazona amazonica) gastar entre 30 e 72 minutos por dia em comportamentos de
alimentação, quando alimentados com uma ração peletizada (OVIATT; MILLAM, 1997).
Em cativeiro, os papagaios raramente são capazes de voar, e geralmente são severamente
limitados a outros comportamentos locomotores que podem desempenhar devido ao design do
seu ambiente de gaiola.
O exercício é uma forma de enriquecimento que deve ser proporcionada ao papagaio
com o intuito de consumir a energia criada pelo alimento e constitui uma das formas mais
importantes de estimulo físico. O exercício que inclui atividades como correr, pendurar-se,
trepar, caminhar, balançar e, mesmo, banhar-se deve possibilitar a oportunidade de bater as
asas de forma vigorosa, rápida e tantas vezes quanto possível (JOSEPH, 2008).
O objetivo do enriquecimento não é elevar os níveis de stress, mas sim estimular o
animal e evidenciar o seu comportamento natural (JOSEPH, 2008; SHEWOKIS, 2008), e
melhorar a sua qualidade de vida aumentando a atividade física, as suas capacidades
cognitivas, prevenindo ou reduzindo os problemas comportamentais (JOSEPH, 2008), de
modo a proporcionar um ambiente de cativeiro dinâmico (MEEHAN; MENCH, 2006).

7 PENAS E MUDA

As penas não são estruturas permanentes no corpo de uma ave e num processo cíclico
normal, o crescimento de uma nova pena resulta na queda de uma pena velha que é assim
substituída (COOPER; HARRISON, 1994; NETT; TULLY, 2003). Este processo inicia-se
entre os três e os 10 meses de idade (Hartcourt-Brown, 2005).
Tipicamente está associada à completa regressão dos órgãos reprodutivos (CANNY et
al, 2000, VAN SANT, 2006) e a um frequente aumento marcado nos níveis da LH,
testosterona, estrogênio e hormônios da tireoide (CANNY et al, 2000).
Uma vez iniciada a muda, fatores locais desconhecidos são segregados pelas penas em
crescimento e provocam o desencadeamento da muda nas penas adjacentes, num processo
sequencial (HARTCOURT-BROWN, 2005) e puramente mecânico (COOPER; HARRISON,
20

1994). Os fatores externos podem incluir a dieta (restrição de água e comida), condições de
luminosidade (diminuição da duração do dia) (NETT; TULLY, 2003; VAN SANT, 2006),
condições ambientais como stress, tamanho da gaiola, reprodução, estação do ano,
temperatura, umidade, influências hormonais, espécie e sexo (CARDOSO, 2010).
Na natureza, aves jovens são ajudadas por outros membros do bando durante a
experiência da primeira muda. Para aves criadas à mão, em particular, a primeira muda pode
ser um pouco atemorizadora e a ausência de aprendizagem do correto comportamento de
cuidar das penas pode conduzir ao desenvolvimento de picacismo (EVANS, 2001).

8 SÍNDROME DO ARRANCAMENTO DE PENAS

Existem muitas causas documentadas ou fatores que contribuem para o arrancamento


de penas. O picacismo deve ser descrito como uma síndrome e não como um diagnóstico
(CHITTY, 2003a), sendo descrito como um sinal clínico de um problema subjacente ou
processo patológico (LAMBERSKI, 1995; NETT; TULLY, 2003; WILSON et al, 2006).
Algumas das principais etiologias estão citadas na figura 02. Define-se como uma condição
em que a ave arranca ou danifica as suas penas ou pele, afeta o normal crescimento das penas,
estando associado ao triturar ou arrancar das penas com ou sem comportamento de
automutilação, em múltiplas áreas do corpo (COOPER; HARRISON 1994; NETT; TULLY,
2003; SEIBERT, 2004a; SEIBERT, 2006b). Muitas vezes, um único fator não é suficiente
para desencadear a síndrome por si só, mas pode contribuir para o estresse da ave, o que
eventualmente resulta em um comportamento anormal ou estereotipado como arrancamento
de penas (CHITTY,2003a).
Estima-se que um em cada dez psitacídeos de cativeiro apresentam a síndrome. As
penas são arrancadas, principalmente nas regiões de fácil acesso do pescoço, tórax, flanco,
coxa e asa (HARISSON, 1986; VAN HOEK E KING, 1997). A maioria dos autores refere
que as aves têm preferência por arrancar penas de área do peito (ROSENTHAL, 1993; VAN
HOEK; KING, 1997; NETT; TULLY, 2003). Além disso, a área ventral da asa (NETT;
TULLY, 2003) ou a parte interna das coxas (ROSENTHAL, 1993) são regiões
predominantemente acometidas.
As penas podem ser arrancadas ou mesmo bicadas e “mastigadas” ficando neste
último caso com um aspecto irregular e esfarrapado (NETT; TULLY, 2003). As penas de
contorno e as down feather são normalmente o alvo principal do picacismo (VAN ZEELAND
21

et al, 2009), mas as retrizes (penas da cauda) e as penas de voo são também afetadas (NETT;
TULLY, 2003).
O arrancamento de penas de origem puramente comportamental ocorre induzido por
um ou mais estressores. A atividade normal de cuidados com as penas se torna aumentada em
duração, intensidade ou ambos em razão de fatores psicológicos (GARNER et al, 2003;
MEEHAN et al, 2003, 2004; LIGHTFOOT; NACEWICZ, 2006; SCHMID et al, 2006).

Figura 02 – Possiveis etilogias da SAP

Causas orgânicas Causas Comportamentais Causas socias


Alergia Busca por atenção Falta de socialização
Endoparasitas/Ectoparasitas Ansiedade de separação Falta de aprendizado (de
comportamentos naturais
como a limpeza diária das
penas)
Irritações na pele Tédio Exaustão devido à
fotoperíodo inadequado
Pele ressecada Síndrome obsessivo
compulsiva
Hipotireoidismo Ansiedade
Dor Genética
Síndrome da dilatação proventricular Hábito
Cólica Relacionado à reprodução
Clamidiose
Aerosaculite
Intoxicação por metal pesado
Foliculite bacteriana/ fúngica
Mal formação genética
Desnutrição
Neoplasia
Fonte: Welle, (1999); Jenkins (2001); Forbes (2002); Chitty (2003a).

Geralmente o arrancamento é autoinfligido, mas, quando os animais são alojados em


grupos, às vezes pode ser direcionado para companheiros de gaiola ou filhotes. Nesses casos,
a área principal parece ser a cabeça e a face (WEDEL, 1999; FOX; MILLAM, 2004;
LIGHTFOOT; NACEWICZ, 2006).
Embora o arrancamento possa ser observado em todos os psitacídeos, é
particularmente comum em papagaios cinzentos (Psittacus erithacus), cacatuas (Cacatua
spp.) e papagaios de Eclectus (Eclectus roratus). É menos frequente em papagaios (Amazona
spp.), caturras (Nymphicus hollandicus) e periquitos (Melopsittacus undulatus) (CHITTY,
2003a; SEIBERT, 2006b). Papagaios cinzentos aparecem como uma das espécies mais
predispostas (BRISCOE et al, 2001), embora isto possa ser devido ao fato deste papagaio ser
uma das espécies mais comuns em cativeiro (DANDLIKER, 1992).
22

Quando as aves em cativeiro não são capazes de realizar os comportamentos


específicos da espécie ou não lhes são proporcionados estímulos-alvo destes comportamentos,
pode-se gerar uma situação propícia ao desenvolvimento do picacismo (Jenkins, 2001). Há,
ainda, sugestões de que o picacismo seja um mero hábito comportamental (OWEN; LANE,
2006; VAN ZEELAND et al, 2009), comparável ao roer as unhas nos humanos; um
comportamento exagerado de cuidado das penas resultantes de estímulos ambientais
inadequados; ou, ainda, um comportamento disfuncional resultante de um desenvolvimento
anormal do cérebro e de alterações neuroquímicas (VAN ZEELAND et al., 2009).

8.1 Etiologias

SAP é geralmente atribuída a uma variedade de causas sociais que podem incluir
problemas de socialização e ausência dos pais durante o período de criação (posteriormente
resultando em falha em aprender comportamentos naturais de rotina). Vários estudos têm-se
centrado sobre a importância de métodos de criação (selvagens capturados, criados pelos pais,
criados na mão) (SCHMID, 2004; LUESCHER; SHEEHAN, 2005; SCHMID et al, 2006).
Privação materna, com imprinting simultâneo em papagaios criados à mão, pode resultar em
uma falha no aprendizado de padrões de comportamento espécie-específicos (WEDEL, 1999).
Alterações no desenvolvimento do cérebro pode também ser uma consequência dessas
privações nos primeiros estágios de vida (GARNER, 2006). Um destes comportamentos
refere-se ao cuidar das penas, à capacidade e à intensidade com que é realizado e à rotina do
animal (CHITTY, 2003b; VAN ZEELAND et al., 2009; WILSON, 2000b; WILSON, 2005).
Por estarem isoladas de aves adultas da mesma espécie, o comportamento aprendido pode ser
inadequado: pode ser excessivo ou pode mesmo haver incapacidade de cuidar das penas
(Chitty, 2003b; Cooper; Harrison, 1994; WILSON, 2000; WILSON, 2005).

Privação de um parceiro social ou sexual (especialmente em animais reprodutivamente


ativos) pode levar a ansiedade de separação, 'solidão', 'tédio', 'frustração' sexual e/ou
comportamento que "busca de atenção” (ZEELAND et al., 2009).

Ausência de complexidade ambiental e enriquecimento, oportunidades especialmente


de forrageamento, são elementos que parecem influenciar no aparecimento da SAP
(MEEHAN et al, 2003a,b). 'Tédio' pode também resultar de uma falta de atividade ou
brinquedos, ou ser o resultado de um tamanho impróprio de gaiola (SEIBERT, 2006b). Assim
como outros animais, privação ambiental sob condições de criação podem resultar em estresse
23

sob novas circunstâncias, bem como o desenvolvam de fobias e redução da motivação para a
exploração (NICOL; POPE, 1993; MEEHAN et al, 2003b; LUESCHER; SHEEHAN, 2005;
SEIBERT, 2006b).
Os laços sociais formados são muito fortes, ao passo que estes animais permanecem
com um parceiro por toda a vida (SEIBERT, 2006a). Por esta razão foi levantada a hipótese
de que o desaparecimento repentino de um parceiro (ave ou humano) pode levar ao estresse e
ser associado a SAP (SEIBERT, 2006b). Outras alterações súbitas no ambiente podem
também provocar SAP.

O picacismo também pode ocorrer por ansiedade de separação e tédio; ocorre


geralmente na ausência do proprietário, quando a ave é deixada sozinha (CHITTY, 2003b;
FORBES, 2002; SEIBERT, 2006b; WELLE, 1999; WELLE, 2005). No primeiro caso, em
particular, o proprietário poderá estar ausente de casa, e provavelmente o comportamento
ocorrerá no momento imediatamente após a sua saída (CHITTY, 2003b; FORBES, 2002); ou
poderá se encontrar em casa, mas fora do alcance visual do papagaio ou sem interagir com ele
(por exemplo, durante a noite).

Se a ave repentinamente, em meio a uma atividade favorita, começa a se picar e a


arrancar penas é muito sugestiva uma situação muito pruriginosa ou a possibilidade de
padecer de uma desordem obsessiva compulsiva. Causas médicas para o prurido deverão ser
eliminadas antes de se estabelecer este diagnóstico (FORBES, 2002).

Além das etiologias comportamentais pode haver também causas genéticas. Em


papagaios Amazonas foi estimada uma elevada herdabilidade de animais com picacismo,
provando a existência de uma base genética, sem, contudo, ser descartada a possibilidade de
aprendizagem deste comportamento a partir dos seus progenitores (GARNER et al, 2006).

Segundo diversos autores, podem ocorrer também causas orgânicas que incluem:
alergias (contato/inalação/alimentos), endoparasitas, ectoparasitas, irritação da pele (por
exemplo, substâncias tóxicas, os baixos níveis de umidade), ressecamento da pele,
hipotireoidismo, obesidade, dor, doença reprodutiva, doenças sistêmicas (em especial
hepatopatias e nefropatias), hipocalcemia, síndrome da dilatação proventricular, cólicas,
giardíase, psitacose, aerosaculite, intoxicação por metais pesados, foliculite bacteriana ou
fúngica, anormalidades genéticas das penas, deficiências nutricionais (em particular vitamina
A) ou desequilíbrios nutricionais e neoplasia (DAVIS, 1991; ROSENTHAL, 1993; JUPPIEN,
1996; GYLSTORFF; GRIMM, 1998; WELLE, 1999; SEIBERT, 2006b).
24

8.2 Abordagem do paciente

A abordagem diagnosticada ao problema deve ser realizada de uma forma sistemática


para que as probabilidades de resolução sejam maiores (COOPER; HARRISON, 1994;
NETT; TULLY, 2003; WELLE, 1999; WELLE, 2005).

A história completa da ave deve ser tomada. É ideal fazer isto observando o
comportamento do animal em sua gaiola. Isso permite observar a ave em um novo ambiente,
em condição de estresse e como ela gradualmente se acalma. Analisar o ato de arrancar e
mastigar as penas, neste momento, pode ser muito significativo.

8.2.1 Histórico e exame fisico

Segundo Chitty (2003a), os seguintes pontos devem ser considerados:

 Espécie, idade, sexo (se conhecida) e origem;


 História de doença anterior;
 Detalhes das investigações anteriores, terapias e respostas a estas;
 Dieta, incluindo suplementos e blocos minerais. A proporção de cada parte da dieta
consumida e dada pela ave devem ser estimados. É fornecido grão?
 Ambiente, incluindo detalhes da gaiola, poleiros e brinquedos fornecidos. Será que os
donos fumam ou usam purificadores de ar/sprays perto do pássaro? A ave é exposta à
fumaça de cozinha?
 Regime diário. Quanto tempo o pássaro passa dentro e fora da gaiola? Quando o
pássaro dorme, em que ambiente? Por quanto tempo o proprietário interage com o
pássaro? Quanto tempo esse animal fica sozinho? Existem outras aves na casa?
 Quando teve início e há quanto tempo se prolonga o problema?
 Quais as penas mais afetadas e a progressão dos sinais?
 Qual o modo como a ave exerce o picacismo, se arranca as penas, se as macera de um
modo mais ou menos agressivo e, ainda, se também dirige este comportamento aos
dedos dos membros posteriores?
 O proprietário observa a ave coçar-se ou esfregar-se na própria gaiola ou nos poleiros;
25

 Qual é horário do dia em que o picacismo é mais intenso, se o proprietário está ou não
presente e, quando presente, qual é a sua resposta; identificar também se a ave
interrompe outro comportamento ou atividade para manifestar o arrancamento;
 Questionar sobre as condições em que a ave foi criada, se pelos progenitores, se criada
à mão, pelo homem;
 Descrever se há algum padrão sazonal visível;

O passo que segue é um exame físico completo. Ainda antes de proceder à contenção
do animal, aproximação frontal suave com toalha (WILSON, 2007), pode observar-se a
atitude, postura e comportamento da ave (LAMBERSKI, 1995; OROSZ, 2006).

A distribuição das penas danificadas deve ser descrita detalhadamente (Lamberski,


1995; Orosz, 2006; Welle, 1999) e, se possível, fotografada (OROSZ, 2006; WELLE, 1999).
Pode ser útil recolher algumas penas para posterior avaliação mais rigorosa, por exemplo,
com a utilização de uma lupa (LAMBERSKI, 1995; NETT; TULLY, 2003; OROSZ, 2006).

8.3 Exames complementares e diagnóstico

Uma base de dados mínima inclui um perfil hematológico (hematócrito, hemograma) e


um painel bioquímico mínimo: proteínas totais, albumina, globulina, AST, CK, ácido úrico,
colesterol, cálcio (total e ionizado) e os ácidos biliares (Cardoso, 2010).

As culturas bacteriológicas, junto com teste de sensibilidade, e fúngicas são úteis em


áreas de pele lesionada cuja apresentação clínica assim o determine (FORBES, 2002;
OROSZ, 2006; ROSENTHAL, 2005).

A pesquisa de Chamydophila psittaci é realizada através da técnica de PCR ou


sorologia (vários métodos) e assume alguma importância dado o seu potencial zoonótico
(CHITTY, 2003a; FORBES, 2002; KOSKI, 2002).

Outros testes de diagnóstico podem englobar a realização de uma citologia ou biopsia


de pele ou das penas (FORBES, 2002; KOSKI, 2002; NETT; TULLY, 2003; OROSZ, 2006;
26

WELLE, 1999), e a mensuração dos hormônios da tireóide (FORBES, 2002; KOSKI, 2002;
WELLE, 1999). Alguns exames e suas aplicações estão expostos na figura 03.

Figura 03 – Principais exames complementares a serem realizados no paciente com SAP

Hemograma Leucocitose pode indicar infecção/


inflamação.
Anemia pode estar associada com debilidade
do animal, estresse e nutrição inadequada.
Analise bioquímica Principalmente funções renal e hepática,
proteínas totais e níveis de cálcio. Podem
indicar a presença de inflamação e
desnutrição
Metais pesados Verificar possível intoxicação por Zinco
Sexagem Importante no diagnóstico de SAP
relacionada a reprodução.
Amostra fecal Alteração de flora intestinal pode ocorrer em
alguns tipos de infecção e pode indicar uma
dieta deficiente.
Fonte: Chitty, (2003)

8.4 Tratamento

O protocolo terapêutico pode variar de acordo com os seguintes critérios:


características do animal, estilo de vida e horário do proprietário, gravidade das lesões de pele
e estado de destruição das penas, necessidade de hospitalização para tratar doenças
concomitantes, aceitação do colar por parte do animal, aceitação do colar por parte do
proprietário, rejeição ou solicitação do proprietário para o uso de moduladores de
comportamento e sedativos (ALMEIDA; HENRIQUES; BERNARDINO,2010).
A alimentação constitui um ponto crucial (DAVIS, 1999; HARRISON, 1994) e deve
ser corrigida imediatamente (FORBES, 2002; HARRISON, 1994), balanceando corretamente
todos os nutrientes, minerais, proteína e gordura (HARRISON, 1994). Quanto maior o
período de tempo no qual a alimentação da ave foi deficitária, mais demorados serão os
resultados positivos demonstrados perante uma mudança para uma dieta melhorada (DAVIS,
1999).
27

A gaiola e a sua localização, os poleiros e a sua disposição no interior da gaiola


constituem pontos críticos do ambiente físico e devem atenderas necessidades da ave e
proporcionar estímulos adequados e uma sensação de segurança (SEIBERT, 2006b; WELLE,
1999; WELLE, 2005).
Sempre que possível, a todas as aves deve ser dada a oportunidade de passar um tempo
supervisionado, fora da gaiola (FORBES, 2002; SEIBERT, 2006b).
As necessidades diárias de descanso devem ser obedecidas. Estabelecer uma rotina de
tarefas diárias é benéfico (SEIBERT, 2006b). Estratégias de enriquecimento ambiental
envolvem o aumento da complexidade física do ambiente, ao proporcionar substratos para
procura de alimento e o contato social (SEIBERT, 2004a; VAN ZEELAND et al, 2009). Em
particular, o enriquecimento com materiais de forrageamento demonstrou melhorar a
condição de pena (LUMEIJ; HOMMERS, 2008), como foi proposto por Coulton et al, (1997)
e Meehan et al. (2003a). Tanto a "concorrência para o tempo 'e' satisfação das necessidades
comportamentais 'pode explicar estes efeitos” (MEEHAN et al, 2003a;. LUMEIJ;
HOMMERS, 2008).
O enriquecimento pode ser através de poleiros de madeiras macias não tóxicas, ramos
de árvores, cubos de alfafa, papel ou cartão (CHITTY, 2003b; FORBES, 2002; JENKINS,
2001; SEIBERT, 2006b; WELLE, 2005), cordas de algodão, fibras naturais de vassouras,
alimentos que exigem tempo e perícia para serem consumidos (milho em espiga, romãs),
quebra-cabeças montados com comida (CHITTY, 2003b; FORBES, 2002; JENKINS, 2001;
WELLE, 2005), redes de plástico ou escadas (CHITTY, 2003b; FORBES, 2002). Podem ser
usados dispositivos que proporcionem às aves o cumprimento de uma tarefa para acessar à
comida (FORBES, 2002; SEIBERT, 2006b), como destruir barreiras, abrir recipientes
(SEIBERT, 2006b).
Os banhos regulares devem fazer parte da rotina da vida da ave para estimular o
comportamento de cuidar das penas (FORBES, 2002; SEIBERT, 2006b; WELLE, 1999;
WELLE, 2005).
28

Figura 04 – Medicamentos utilizados na SAP


Classe do medicamento Mecanismo de Doses Sugestões de uso Efeitos
ação colaterais

Benzodiazepinicos Inibe dopamina e Diazepam (0-5 mg /kg) Ansiedade Sedação


potencializa bid, po relaxamento
GABA, causa certa muscular. Pode
sedação central. reduzir a
capacidade de
aprendizado.

Butirofenonas Inibe dopamina. Haloperidol (0,1 – 02 Ansiedade, Sedação, pode


mg/ kg) bid, po automutilação ser menos
efetivo no
tratamento para
arrancamento do
que no
tratamento da
automutilação.

Progestagenos Potencializa Medroxiprogesterona SAP relacionada a Pode causar


GABA. (5-25 mg/kg) sid, po problemas diabetes mellitus
reprodutivos e problemas o
fígado, não é
recomendado
para terapias
longas.

Inibidores da Monoamino Inibe o Ressocialização, Não foram bem


oxidase metabolismo da aprendizado avaliados em
dopamina. Selegiline aves.

Antidepressivos triciclicos Inibe a receptação Clomipramina (0,5 – 1 Ansiedade, fobia Pode causar
de serotonina, anti- mg/kg) sid ou bid sonolência e
histamínico, arritmias.
sedativo e
anticolinérgico.
Doxepin (0,5 – 1
mg/kg) bid, po

Inibidores específicos da Flouxetina (1 mg/kg) Ansiedade, fobia,


recaptação de serotonina sid, po transtorno
obsessivo
compulsivo

Antagonistas opiódes Bloqueia Naltrexona (1-5 mg/kg) Inibe o Será mais


receptores de bid po comportamento efetivo quando
endorfina. compulsivo através houver dor.
da liberação de
endorfina.

Fonte: Chitty(2003b); Welle (1998, 1999a)


29

As drogas psicotrópicas têm sido frequentemente utilizadas em aves que arrancam ou


mastigam suas penas, como mostrado na figura 4. A seleção destes fármacos foi baseada no
seu sucesso terapêutico no comportamento compulsivo em seres humanos e outros animais,
os quais estão associados com uma diminuição da serotonina e um aumento do tónus
dopaminérgico (RIDLEY, 1994; AOUIZERATE et al, 2005). As endorfinas também têm sido
implicadas no comportamento compulsivo, particularmente, o comportamento de auto-lesão
(SANDMAN; HETRICK, 1995).

Exemplos de medicamentos considerados benéficos no tratamento da SAP em casos


individuais são serotoninérgicos da recaptação da serotonina tais como paroxetina e fluoxetina
(MERTENS, 1997; SEIBERT, 2007), o antagonista de dopamina, haloperidol (IGLAUER;
RASIM, 1993; LENNOX; VANDER HEIJDEN, 1993), e o antagonista opióide, a naltrexona
(TURNER, 1993).

As respostas são muitas vezes pobres, às vezes devido a uma dependência da terapia
medicamentosa ou devido a uma falha para selecionar o medicamento correto. Esta última
situação tem melhorado, como o diagnóstico tornou-se mais específico e os veterinários são
capazes de reconhecer as diferentes respostas de diferentes espécies a diferentes drogas. A
terapia medicamentosa deve, assim, ser sempre encarada como um adjuvante de outras
terapias para proporcionar apoio de curto a médio prazo.

8.4.1 Terapias complementares

8.4.1.1 Acupuntura

A acupuntura constitui uma parte do sistema holístico de saúde conhecido como


Medicina Tradicional Chinesa (TCM). A acupuntura tem sido usada com algum sucesso no
tratamento da SAP (LIGHTFOOT; NACEWICZ, 2006; SEIBERT, 2006b; WELLE, 1999).
Certos pontos são utilizados rotineiramente na abordagem a síndrome, no entanto, a seleção
final dos pontos é feita com base numa avaliação completa do paciente num diagnóstico
inserido na Medicina Veterinária Tradicional Chinesa (TCVM). A determinação das causas
do problema da bicagem e os fatores emocionais envolvidos influenciam diretamente na
escolha dos pontos.
30

9 CONCLUSÕES

Devido à sua complexidade e falta de trabalhos científicos a respeito, a SAP em


psitacídeos é um dos problemas comportamentais mais desafiadores para o médico
veterinário. A comparação com a síndrome obsessiva compulvisa em humanos e o
arrancamento de penas em galinhas poedeiras permite uma visão mais ampla da doença e
fomenta novas pesquisas.
Ainda é necessário muito estudo e pesquisa na área. Pouco se sabe sobre o efeito das
drogas psicotrópicas nestes pacientes.
A prevenção da síndrome através de um manejo correto em cativeiro e aumento da
complexidade do ambiente é um ideal a ser buscado.
31

REFERÊNCIAS
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Bragg, CA:. p. 177-204. 1995.

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