Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Análise Conto o Ovo e A Galinha de Clarice Lispector - Caroline, Júlia e Letícia

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 2

ANÁLISE DO OVO E GALINHA

Entendemos o ovo e a galinha como uma referência ao ancestral, por


diversas falas “Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver
um ovo nunca se mantém no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto um
ovo há três milênios.” Trazendo isso para a representação humana entendemos os
diversos processos que se tem na criação de uma pessoa, das influências que os
mais antigos proporcionam para esse indivíduo da análise. Assim, um ovo veio de
uma galinha que veio de outro ovo que seguiu esse ciclo por milênios desde o ovo
ou a galinha inicial, nos levando para a famosa pergunta: “quem veio primeiro o ovo
ou a galinha”. Quando trata a frase “ovo visto, ovo perdido”, podemos entender que
a hereditariedade de costumes e crenças age fortemente sobre sobre o ser, ficando
incrivelmente difícil de ver uma pessoa, ou um ovo, sem que seja atingido pela
ancestralidade de ideologias. Reforçamos essa nossa ideia com a fala “O ovo não
tem um si-mesmo. Individualmente ele não existe.” da autora.
“Quando eu era antiga fui depositária do ovo e caminhei de leve para não
entornar o silêncio do ovo. Quando morri, tiraram de mim o ovo com cuidado. Ainda
estava vivo. – Só quem visse o mundo veria o ovo. Como o mundo, o ovo é óbvio.”
Mesmo com a morte do corpo a hereditariedade dos costumes continuará sendo
passada, ou como dito no conto, o ovo continua vivo.
Além disso, Clarice Lispector menciona, na sua visão, que devemos ter
cuidado com o ovo. Por mais que ideias, passadas de geração em geração, sejam
abstratas, qualquer má interpretação delas pode resultar em uma mudança
significativa da cultura de um povo. Assim como visto no trovadorismo em Portugal.
As mensagens eram passadas em forma de música e corriam o risco de serem
alteradas sem nem mesmo que a pessoa responsável por divulgar percebesse.
Dessa mesma forma acontece com os costumes.
Percebemos o ovo tanto como o aglomerado de tradições que formam a
cultura, como um fruto que está puro, afastado da sociedade e assim longe das
penetrantes ideias de como viver no mundo. O ovo é o novo ser, um projeto límpido,
uma grandiosa nova tentativa.
Ainda, a galinha é a protetora do ovo, a grande responsável por produzir esse
ovo. Ou seja, decidir o que passar de tradição para o ovo branco, bem como uma
tela de pintura nova em folha.” Como Clarice propõe: “A galinha que não queria
sacrificar a sua vida. A que optou por querer ser “feliz””. Essa galinha não quis
pensar por si própria, não manifestou o interesse de se sobressair da ideia da
sociedade e enfrentá-la para pensar sozinha. Entendemos que a palavra “feliz” está
entre aspas porque ninguém nunca será verdadeiramente realizado sem entender a
origem dos seus pensamentos e expressar a sua própria essência. Sem realizações
não existe a felicidade.

ANÁLISE ESTRUTURAL

O conto foge em parte da estrutura corriqueiramente vista por outros autores,


assemelhando-se a uma discussão filosófica, trazendo características de filósofos
da antiga era, os quais propunham reflexões sobre a criação do pensamento
comum, das tradições.
A autora promove uma sucessão de pensamentos diferentes, renovando as
escritas anteriormente colocadas. Além de que o conto de Clarice Lispector não
segue durante todas as páginas, a orientação de tempo, início, meio e fim.
Acontecendo somente no final, quando Clarice traz a sua característica primordial
de seus escritos que é falar sobre si mesma, com a presença de um personagem
humano fritando o ovo.

Você também pode gostar