1 Samuel 16
1 Samuel 16
1 Samuel 16
1 –
Desde bem cedo na carreira de Saul (antes mesmo de suas grandes vitórias militares),
foi predito que seu reinado seria substituído e nenhum de seus filhos ocuparia o trono
de Israel (ver I Sam. 13.13,14).
E mesmo nessa passagem temos uma alusão a Davi, o homem “segundo o coração de
Deus". Isso significava que o reinado passaria para a linhagem de Davi e ali
permaneceria para sempre, visto que o Rei Messias é descendente de Davi. Samuel,
tendo-se desfeito de um rei, teve de substitui-lo por outro. A monarquia precisava
continuar, e agora em mãos melhores. Israel precisava ser libertado de todos os
inimigos internos, para que a monarquia fosse bem-sucedida. Essa tarefa foi entregue a
Davi. “A rejeição de Saul não forçou o Senhor a um novo curso de ação. Antes, o ato
de Deus seguiu Seu plano onisciente de tal modo que a desobediência de Saul foi a
ocasião terrena para a implementação desse plano superior... Deus provou a
superioridade de Sua própria sabedoria ao levantar um rei que agiria em cumprimento
à Sua perfeita vontade” (Eugene M. Merrill).
16.1 - Disse o Senhor a Samuel. Talvez em um sonho, uma visão, uma inspiração
intuitiva. E assim Deus tornou Sua vontade conhecida a Samuel. Primeiro, Deus
repreendeu Samuel por reclamar excessivamente. Saul tinha terminado seu tempo de
reinado. Ele havia cumprido a essência de sua missão; era inútil tê-lo no poder,
quando, de fato, já havia sido rejeitado e logo seria substituído. Os psicólogos
advertem-nos contra as lamentações excessivas, quaisquer que sejam as causas. A
alma perturbada arruína os propósitos, e devemos sempre dar continuidade às
nossas missões. “Há ocasiões em que os juízos decisivos, por mais que firam (por
mais que doam), são mais sábios que as evasões (saídas) sentimentais" (John C.
Shroeder). “É MELHOR ACEITAR UMA DECISÃO CORRETA, A FICAR
LAMBENDO AS FERIDAS.”
Enche um chifre de azeite. Os reis deveriam ser ungidos mediante o óleo santo,
tirado do tabernáculo. Mas não há indicio de que Samuel tenha usado esse óleo. Ele
possuía autoridade para usar um azeite diferente sem incorrer em infração.
A Jessé. Ele foi pai de Davi. Um de seus filhos seria levantado à alta posição que Saul
perdera. “Daquele dia em diante, a aldeia de Belém obteve estranha notoriedade. Davi
amava a aldeia onde seu pai, muito provavelmente, era o cabeça.
16.2 - Samuel Temia Saul. A última vez que vimos Saul (capítulo 15), ele era um
homem humilhado. Mas agora sua humildade havia dado lugar à hostilidade e ao ódio,
tanto que Samuel acreditava que Saul seria capaz até mesmo de assassinar o profeta do
Senhor, e por isso o temia. Saul era um homem selvagem, uma máquina de matar.
Algumas poucas vítimas a mais não fariam diferença para ele. Certos estudiosos
supõem que a mente de Saul havia sido afetada e alguma estranha desordem
mental começara a persegui-lo por causa das constantes guerras, matanças e
perigos que ele teve de enfrentar. Se seus caminhos se cruzassem, o idoso profeta
seria uma vítima fácil para Saul.
Yahweh tentou aliviar os temores de Samuel, mostrando-lhe que nenhuma unção
pública de Davi seria efetuada, o que certamente faria Saul enraivecer-se,
tornando-se mais perigoso do que nunca. A unção (capacitação) seria uma questão
privada, doméstica, que não chamaria a atenção de ninguém, pelo menos no presente.
Samuel deveria tomar um novilho para ser oferecido como sacrifício, mas não deveria
fazer propaganda do fato de que, juntamente com o sacrifício, também ocorreria a
unção de um novo rei. Não havia nada de errado em agir secretamente. Samuel não
devia explicação a Saul por suas ações. Samuel “não era obrigado a contar toda a
verdade “(Adam Clarke).
16.3 - Convidarás Jessé ao sacrifício. O sacrifício reuniria Jessé e seus familiares
para uma espécie de culto de adoração particular. No meio disso, algo mais importante
ocorreria. Deus mostraria a Samuel qual dos filhos de Jessé seria o novo rei ungido.
Esse ato apanharia todos de surpresa, ao mesmo tempo que tudo seria ocultado pelo
sacrifício, pois todos pensavam que essa fosse a única razão pela qual Samuel visitava
a família de Jessé.
“Grandes homens sempre despertam agitação. Não significa que sejam
perturbadores da boa ordem. Mas todos os grandes homens são pontos focais de
grandes mudanças, e isso desperta tribulações. O papel da religião não é dar paz
mental às pessoas (John C. Shroeder). O avanço na fé religiosa e na espiritualidade
esmagam as ortodoxias confortáveis. O pioneiro é sempre considerado um herege.
Assim, Samuel tinha algo novo para anunciar, algo que causaria tribulação em Israel
até que a transição de Saul para Davi estivesse terminada.
16.4 - Samuel Obedeceu a Yahweh. Samuel foi homem poderoso. Grandes coisas
aconteciam em sua presença. Ele conhecia a vida de maneira especial. Possuía pré-
conhecimento e poderes proféticos e sacerdotais. O povo o temia. Eles sabiam de seu
conflito com Saul e pensavam que sua visita a Belém poderia fazer Saul extinguir
a cidade inteira. Por isso, ansiavam saber se sua missão era de paz e que eles não
seriam perturbados.
O nome e o aparecimento do idoso profeta eram bem conhecidos em todo o território
de Israel. Mas, por que ele surgiu de repente entre eles? Estaria ali para castigar algum
pecado desconhecido? Por que tão grande homem iria à pequena aldeia de Belém?
Belém ficava a cerca de 24 quilômetros de Ramá (onde Samuel residia). Se Samuel fez
uma viagem tão longa, e na idade dele, alguma razão importante havia.
16.5 - O Sacrifício Foi Efetuado. A missão de Samuel em Belém era de paz.
Nenhuma infração precisava ser corrigida. Ele não atrairia os homens selvagens de
Saul ao lugarejo.
Samuel, apenas foi instruído por Yahweh a oferecer ali um sacrifício (vs. 2). Os
habitantes do lugar, e especialmente Jessé e sua família, tinham de estar
presentes, as ordens de Samuel eram nesse sentido. Todos os sacrifícios eram
acompanhados por algum banquete, exceto os holocaustos, nos quais as vítimas
sacrificadas eram inteiramente queimadas. Todos os demais sacrifícios permitiam que
se comessem partes dos animais, exceto o sangue e a gordura, que eram oferecidos a
Yahweh, o companheiro invisível de cada sacrifício feito em Israel. Portanto, o
sacrifício que Samuel estava prestes a oferecer seria também um tempo de banquete e
regozijo. Haveria uma pequena festividade comunitária associada.
O sacrifício também serviria ao propósito de remover qualquer contaminação de
ordem cerimonial e moral, a fim de que a unção pudesse ocorrer na atmosfera
apropriada. Portanto, o sacrifício não era meramente um pretexto para a visita de
Samuel. Faria parte integral da questão relacionada à unção.
Santificai-vos. As pessoas teriam que, lavar suas vestes; elas precisavam estar
cerimonialmente limpas mediante o banho. Conf. Lv 14.8,15,16; 17.15; Nm 8.7;
19.7,19.
16.6 - Os Filhos de Jessé Estavam Presentes. As ordens de Samuel foram
obedecidas. Samuel observava cada um e tentava imaginar a qual dos filhos de Jessé
Yahweh teria escolhido. “Por certo deve ser Eliabe", disse Samuel a si mesmo. Ele era
um belo homem, à semelhança de Saul. Eliabe era o irmão mais velho de Davi (ver I
Crô. 2.13), o filho mais velho de Jessé. Seria a escolha natural, mas não a escolha
divina.
16.7 - Não se impressione com a aparência. Saul era homem de elevada estatura,
algo muito apreciado pelos antigos. Samuel estava caindo no erro de julgar um homem
por sua aparência física. Samuel não estava olhando para o interior, mas Yahweh era
observador dos corações.
Há a aparência e há a realidade. O homem vê a aparência de uma pessoa ou coisa, e
assim faz julgamentos precipitados. Mas Deus vê a realidade do homem, e faz um
juízo verdadeiro. Samuel tinha de ajustar-se à maneira divina de avaliar pessoas e
coisas. É frequentemente verdadeiro que as aparências enganam. Os homens são
facilmente enganados e atos tolos ocorrem por causa de decepções. A questão da
escolha do segundo rei de Israel era muito importante para ser feita de acordo com sua
aparência física. Por isso mesmo, Yahweh teve de intervir desde o começo,
certificando-se de que Davi fosse ungido. O coração de Eliabe não era tão bom quanto
a sua aparência física. Ele não era um candidato apropriado.