Vigotski Uma Síntese - Editora Papirus
Vigotski Uma Síntese - Editora Papirus
Vigotski Uma Síntese - Editora Papirus
UMA SÍNTESE
René van der Veer
Jaan Valsiner
VYGOTSKY
UMA SÍNTESE
TRADUÇÃO:
CECÍLIA C. BARTALOTTI
Título original:
Understanding Vygotsky — a Quest for Synthesis
© René van der Veer and Jaan Valsiner 1991
O direito de René van der Veer e Jaan Valsiner a ser identificados como
autores desta obra foi definido em acordo com o Copyright, Designs and
Patents Act 1988.
ISBN 0-631-16528-2
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Edição de Texto
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ISBN: 85-5-01275-8
© EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 1996.
Sumário
Prefácio ..................................................................................... 7
Introdução ................................................................................ 13
1 Lev Vygotsky ..................................................................... 17
2 Literatura e arte ............................................................... 31
PARTE I
OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU 1924-1928
Introdução ................................................................................ 51
3 Psicologia pedagógica ........................................................ 61
4 Defectologia ....................................................................... 73
5 O papel da psicanálise ..................................................... 93
6 Konstantin Kornilov e sua reactologia ............................. 127
7 Crise na psicologia ........................................................... 157
8 Vygotsky e a psicologia da Gestalt .................................. 173
PARTE II
A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL 1928-1932
Introdução ................................................................................ 203
9 Teoria histórico-cultural ................................................... 207
10 As expedições à Ásia central ............................................ 267
11 O universo das palavras: a visão de Vygotsky sobre a
formação de conceitos ...................................................... 281
PARTE III
MOSCOU, KHARKOV E LENINGRADO 1932-1934
Introdução ................................................................................ 313
12 Vygotsky, o pedólogo ........................................................ 319
13 Educação e desenvolvimento ............................................ 355
14 Emoções: em busca de uma nova abordagem ................. 377
15 Uma palavra final ............................................................. 389
16 A crítica ............................................................................ 403
Epílogo ...................................................................................... 421
Referências bibliográficas ......................................................... 431
Índice de nomes ....................................................................... 469
Índice de assuntos ................................................................... 477
Prefácio
Introdução
Infância e juventude
1. Lev Vygodsky mudou seu nome para Vygotsky porque acreditava — de-
pois de algumas pesquisas pessoais — que sua família tivesse vindo origina-
riamente de uma aldeia chamada Vygotovo. Os autores não conseguiram esta-
belecer sua localização.
18 LEV VYGOTSKY
Instrução
Anos de formação
O fim
2
Literatura e arte
Nessa hora, que pode durar apenas uma fração de segundo, tudo, todos
os objetos e pessoas, têm algo como duas existências diferentes ou uma
única existência desunida, noturna e diurna, na manhã e na noite
(Vygotsky, 1925l/1986, pp. 356-7, grifo acrescentado).
A unidade dos opostos — a inação e ação de Hamlet, sua hesita-
ção e impulsividade, “loucura” e “premeditação” etc. — estava muito
presente na mente do jovem Vygotsky quando ele escreveu sua análise
subjetiva da tragédia. A unidade dialética de opostos podia ser encon-
trada entre as formas externa (dialógica) e interna (monológica) do
discurso: “Em paralelo com o drama externo real, um outro drama
interno profundo acontece, que prossegue nos silêncios (o primeiro, o
externo, prossegue em palavras) e para o qual o drama externo serve
de moldura. Por trás do diálogo externo audível, pode-se sentir um
outro, interno e silencioso” (Vygotsky, 1925l/1986, p. 359).
A análise de Vygotsky em 1916 é cheia de exclamações juvenis
de fascínio quanto a diferentes aspectos da tragédia (p. ex., “essa
ligação é tão profunda que nos deixa tontos”; Vygotsky, 1925l/1986,
p. 439). Ao mesmo tempo, o desenvolvimento inevitável da tragédia
para sua conclusão foi analisado por Vygotsky em termos hegelianos
de “restauração da unidade distinta, a disjunção é superada” (Vygots-
ky, 1925l/1986, p. 488) com referência às facetas opostas de vida
e morte, dia e noite, fala e silêncio e ação e inação.
Nessa análise, Vygotsky afirmou explicitamente que estava ten-
tando entender o sentido da tragédia como um mito (Vygotsky,
1925m/1987, p. 347). Desse ponto de vista subjetivo, a compreen-
são de tal mito incluía um momento misterioso que, porém, podia
ser captado pelo receptor humano do mito (p. ex., ver Vygotsky,
1925l/1986, pp. 365-6). Já em 1916, em sua análise de Hamlet, a
ênfase de Vygotsky no aspecto pragmático dos textos literários (a
maneira como esses textos são interpretados pelos receptores) esta-
va presente. Como veremos abaixo, em 1925 essa abordagem tor-
nou-se o centro de sua análise literária, o que o levou à psicologia.
Hamlet, obviamente, é uma tragédia altamente sofisticada que
sempre intrigara os críticos e que continuaria a intrigá-los muito
depois de o jovem Vygotsky ter escrito sua análise apaixonada. Um
dos aspectos míticos da tragédia é o aparecimento do Fantasma.
Vygotsky apreciava a realidade do aparecimento do Fantasma na
tragédia — como o mensageiro do mundo da vida após a morte,
ligando os dois lados opostos do mesmo todo (vida e morte; ver
Vygotsky, 1925l/1986, p. 375). É interessante notar que a idéia da
interdependência de vida e morte como opostos dialéticos, que es-
tava presente em 1916, ressurgiu em sua análise da obra de Freud
em meados da década de 1920. Nessa ocasião, ele afirmou que o
instinto de Tânatos de Freud devia merecer alguma credibilidade,
uma vez que vida e morte deviam ser vistas como lados biologica-
LITERATURA E ARTE 35
Pode ser observado que a ligação das palavras de Olya com esse
“céu nublado” e esse “vento de primavera” cria um salto dialético a
partir do significado da história, da forma como ela havia se desen-
volvido antes, para um estado de complexidade emocional e filosó-
fica que não se rende a uma análise racional. Vygotsky analisou
explicitamente o papel de “essa” ao fazer a generalização:
“Legkoe dykhanie! A ved’ ono u menya est’, — ty poslushai, kak ya
uzdykhaiu — ved’ pravda, est’?” É como se ouvíssemos a própria
inspiração [vzdokh] e, nesta história que parece cômica e que é escrita
em um estilo divertido, de repente descobrimos um sentido muito
diferente quando lemos as palavras catastróficas finais do autor: “Hoje,
esse respirar tranqüilo espalha-se novamente pelo mundo, nesse céu
nublado, nesse vento frio de primavera...” Estas palavras fecham o
círculo, fazem o fim encontrar-se com o começo. Quanto uma pequena
palavra pode significar e que imensa plangência ela pode trazer para
LITERATURA E ARTE 41
OS PRIMEIROS ANOS EM
MOSCOU
1924-1928
Introdução
va-se “Como temos que ensinar psicologia hoje” e o outro foi apresen-
tado alguns dias depois (10 de janeiro de 1924) como “Os resultados
de um levantamento sobre o estado de espírito dos alunos nas últimas
aulas das escolas de Gomel em 1923” (comunicação pessoal de Gita
Vygodskaja, 5 de abril de 1989). Podemos ver, assim, que dois dos
trabalhos de Vygotsky baseavam-se em suas experiências como profes-
sor em Gomel. Infelizmente, ao que sabemos, não há nenhum registro
impresso dessas apresentações (veja também Dajan, 1924).
A terceira apresentação foi publicada e merece nossa cuidadosa
atenção, já que pode oferecer alguma pista quanto ao motivo de
Vygotsky ter sido convidado para trabalhar no Instituto de Kornilov
(ver capítulo 6). A principal meta estratégica de Vygotsky nesse
trabalho era mostrar que a reflexologia conforme concebida por
Bekhterev e Pavlov não tinha o direito de assumir o status de uma
escola de pensamento independente dentro da psicologia. Ela demons-
trara resultados no estudo de organismos e processos inferiores,
mas falhara em criar qualquer coisa interessante no que se referia
a seres humanos (na conferência, muitos seguidores de Bekhterev e
Pavlov apresentaram suas descobertas e Vygotsky falou polemica-
mente da “pobreza de seus resultados neste congresso”; ver Vygotsky,
1926b, p. 38). Como resultado, as afirmações categóricas da refle-
xologia de que toda a conduta humana podia ser concebida em
termos de combinações de reflexos condicionados permanecia pouco
convincente. Vygotsky argumentou que a principal deficiência da
reflexologia era o fato de que ela fugia do estudo da consciência
devido à sua concepção inadequada de métodos de pesquisa aceitá-
veis. Apresentando citações de vários trabalhos de Bekhterev e Pavlov,
ele mostrou que estes pesquisadores reconheciam o papel importan-
te da “experiência subjetiva” (consciência) na vida diária, mas consi-
deravam que o estudo científico desse papel era impossível. Prosse-
guiu argumentando que os reflexologistas que desejassem ser coeren-
tes deveriam estudar esses processos, mas com um método de pesqui-
sa adaptado. Porém, se decidissem fazer isso, seus métodos refleti-
riam os métodos da psicologia objetiva e, portanto, a necessidade de
uma disciplina reflexológica separada estaria desfeita. Em suma, a
palestra de Vygotsky combinou um ataque incisivo aos reflexologistas
e uma defesa de um estudo objetivo da consciência.
Até o momento, Vygotsky afirmou, os reflexologistas haviam
evitado o estudo da consciência, porque esse estudo implicava que
se confiasse nos relatos introspectivos dos sujeitos a respeito de
suas experiências subjetivas. Em sua visão, porém, esse receio era
infundado: era possível considerar as respostas dos sujeitos às per-
guntas do investigador como reflexos em si mesmas, como expres-
sões verbais objetivas que refletiam outros reflexos não observáveis
(ou seja, o pensamento ou consciência). Afinal, os reflexologistas
54 OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU
lado por Graham (1987, pp. 8-9), quando observa que as reformas
institucionais com freqüência traziam a demissão trágica de pessoas
que, geralmente, eram substituídas por jovens comunistas ansiosos
por obter progressos pessoais. Além disso, ele sugere que tais subs-
tituições introduziam freqüentemente pessoas com nível intelectual
inferior, escolhidas em função de seu entusiasmo pela reconstrução
social. Claro que é difícil determinar se foi isso que ocorreu no Ins-
tituto. Deve ser dito que parte dos homens relativamente inexperientes
convidados por Kornilov vieram a se tornar membros proeminentes
da psicologia soviética. É difícil determinar também quais pessoas
Kornilov quis convidar por sua própria iniciativa. Luria, por exemplo,
foi convidado no final de 1923, junto com alguns de seus colegas
psicanalistas de Kazan. Na época, ele era basicamente um psicana-
lista com uma orientação para estudos objetivos da mente (ver capí-
tulo 4). Outros podem ter sido convidados porque — como Vygotsky
— pareciam compartilhar a abordagem reactológica de Kornilov.
O programa de pesquisa do Instituto era explicitamente
reactologista e a maioria dos tópicos de pesquisa era expressa em
termos reactológicos. Em anos posteriores, Luria esboçou a ingenui-
dade da abordagem como um todo:
Se a memória não me falha, a percepção era chamada de “recepção de um
sinal para reação”; memória era “retenção com reprodução de reação”;
atenção, “restrição de reação”; emoções, “reações emocionais”; em resumo,
inseríamos a palavra “reação” onde podíamos, acreditando sinceramente
que estávamos fazendo algo importante e sério (Levitin, 1982, p. 154).
Defectologia
A Psicologia da Arte
Educação
A plasticidade do homem
Freud
Fala
Uma vez que Vygotsky iria se tornar famoso mais tarde por sua
maneira de considerar a fala, entre outras coisas, é de algum inte-
resse examinar o tratamento que ele dá a esse assunto em Psicologia
70 OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU
Testes mentais
Conclusões
4
Defectologia
!
82 OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU
Vygotsky. Ele achava que, pelo menos, poderia haver uma integra-
ção. Assim, observou que Adler estava em atividade no movimento
socialista e havia se referido regularmente aos escritos de Marx e
Engels. Repetindo as linhas de Adler citadas acima no breve resumo
de sua teoria, ele argumentou que a psicologia individual era dialé-
tica, por sua afirmação de que os defeitos resultariam em seus
opostos e por sua ênfase no desenvolvimento contínuo na direção de
uma meta futura (Vygotsky, 1928v, p. 157). A teoria de Adler tam-
bém era decididamente social em sua ênfase no sentimento social de
inferioridade e na luta por uma posição social satisfatória. Além
disso, Adler sublinhou uma idéia de luta social que Vygotsky con-
siderou compatível com o pensamento de Darwin e Marx. Ele achou
que a idéia de que um organismo totalmente adaptado a seu am-
biente não teria necessidade de se desenvolver era característica
tanto de Adler como de Darwin. É precisamente a condição de não
estar adaptado que faz com que espécies ou indivíduos desenvol-
vam-se e deixa o potencial para o desenvolvimento e educação (1927c,
p. 37-8; 1928a, p. 96; 1928v, p. 162). Em 1928, porém, a posição
de Vygotsky havia mudado ligeiramente. Embora ainda apresentas-
se a teoria de Adler com entusiasmo, ele agora acrescentava que as
principais posições filosóficas de Adler eram prejudicadas por seus
elementos metafísicos e que apenas a sua prática era interessante
(Vygotsky, 1928v, p. 156). Teoricamente falando, ele agora conside-
rava a psicologia individual de Adler uma curiosa mistura da abor-
dagem natural-científica de um lado e da abordagem idealista de
outro lado (Vygotsky, 1928v, pp. 164-5; ver também capítulo 7).
A aceitação das visões teóricas gerais de Adler não alteraram
todas as visões de Vygotsky sobre problemas defectológicos mais
específicos. Ele continuava a ver a fala como o fator libertador na
vida de crianças cegas, afirmando que “a cegueira seria superada
pela palavra” (1928a, p. 95; 1928ae, p. 184), e ainda insistia que
exercícios de fala deveriam ser tornados interessantes para crianças
surdas, criando assim uma necessidade interior de falar oralmente
(Vygotsky, 1927c, p. 47). Sua retórica também continuava presente
e levou-o a evocar a imagem ligeiramente grotesca do “novo homem
cego” na nova sociedade (1928a, p. 100).
Porém, vários conceitos haviam mudado definitivamente no pen-
samento de Vygotsky. Por exemplo, sua adoção de uma visão mais
estrutural da personalidade. Anteriormente, Vygotsky havia afirmado
que a cegueira não era nada mais do que a perda de um instrumento
que poderia facilmente ser substituído por outro, mas agora percebia
que a essa verdade “horizontal” deveria ser acrescentada uma verdade
“vertical”, e declarou que “a cegueira não é apenas a falta de visão...
ela causa uma profunda reestruturação de todas as forças do organis-
mo e da personalidade” (1928a, p. 86/89). Acreditava agora que uma
DEFECTOLOGIA 83
A abordagem histórico-cultural
humana era bem diferente, não havia uma fusão fácil das linhas na-
tural e cultural de desenvolvimento. Usando uma idéia de Krünegel
(1926), Vygotsky afirmou que a criança defeituosa não apresentava
uma relação de harmonia com a estrutura das formas culturais exis-
tentes. Isto era compreensível, porque a cultura humana foi criada sob
as condições de um tipo biológico mais ou menos estável e, portanto,
seus instrumentos materiais e ajustamentos, seus aparatos e institu-
tos sociopsicológicos foram adaptados à sua organização psicofisiológica
normal (1928ab, p. 170; 1929m, p. 22). O defeito, exigindo uma reor-
ganização mais ou menos completa da mente da criança, arruinava o
processo de assimilação na cultura humana. Vygotsky raciocinou que
o cego e o surdo-mudo constituíam um experimento da natureza que
mostrava que o desenvolvimento cultural do comportamento não esta-
va necessariamente ligado a uma ou a outra função orgânica (1928ab,
p. 171; 1929j, p. 334). Este experimento natural possibilitou que vís-
semos a convencionalidade e a flexibilidade das formas culturais de
comportamento (1928ab, p. 172).
Se a distinção entre primitivismo como subdesenvolvimento
cultural e disfunção como resultado de um defeito orgânico for váli-
da, então precisamos de instrumentos adaptados para fazer o diagnós-
tico correto. Vygotsky considerava os métodos quantitativos, como o
de Binet, insuficientes (Vygotsky, 1928ah, p. 175; 1929y, pp. 144-8),
mas estava muito interessado em vários estudos dessa época que
investigavam a capacidade de uso de instrumentos pelas crianças.
Mencionou de maneira favorável o trabalho feito por Bacher (1925),
que, usando o método de formação de conceitos de Ach (ver abaixo;
ver capítulo 11), havia investigado a capacidade de crianças usarem
palavras como instrumentos para a elaboração de conceitos (Vygotsky,
1928ah, p. 176), e o trabalho de Lippman e Bogen (1923), que
aplicava o método de Köhler (ver capítulo 9) ao estudo de crianças
retardadas (Vygotsky, 1929y, p. 146).
As conseqüências dessas novas idéias para o tratamento dado
por Vygotsky a questões defectológicas mais específicas foram, na
verdade, bastante modestas. Ele agora afirmava que o potencial de
desenvolvimento para crianças defeituosas deveria ser buscado na
área de funções psicológicas superiores (1931f, pp. 4-6), argumen-
tando que as funções inferiores eram menos educáveis, porque de-
pendiam mais diretamente de fatores orgânicos. Como as funções
superiores desenvolvem-se na ação mútua social por meio do uso de
meios culturais, devemos concentrar nossos esforços em ajustar
esses meios às diferentes necessidades das crianças defeituosas.
Um defeito não leva automaticamente a uma disfunção psicológica
superior, mas isto ocorre através dos intermediários do coletivo (ins-
trumentos) que podemos manipular. O primitivismo pode, portanto,
ser corrigido ensinando-se às crianças o uso de meios especialmente
88 OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU
Conclusão
tada nos arquivos de Luria —, uma vez que no final desse ano Luria
e vários de seus colegas mais ativos haviam se mudado para Moscou.
Isto, porém, não significou o fim das atividades de Luria no movi-
mento psicanalítico. Ele foi trabalhar no Instituto de Psicologia Ex-
perimental de Kornilov e não tardou a ocupar exatamente a mesma
função organizacional na Sociedade Psicanalítica Russa, em Moscou.
pode ter sido convidado por Luria, que, é claro, estava bem ciente
das idéias de seus colegas, mas isto não é confirmado. Em geral,
deve-se lembrar que havia uma sobreposição considerável entre as
pessoas que trabalhavam no Instituto de Psicologia Experimental de
Kornilov e as que participavam da Sociedade Psicanalítica Russa e
do Instituto Psicanalítico. Examinando os nomes das pessoas que
trabalhavam no Instituto de Kornilov em 1924 (ver Luria em Korni-
lov, 1926a), por exemplo, descobre-se que pelo menos oito deles
haviam sido membros da Sociedade Psicanalítica Russa em algum
momento. É importante notar, porém, que na época de sua primeira
apresentação (ver Luria, 1925d) Vygotsky não era um membro, mas
um convidado.
Em 1925, Luria fez três exposições. Em 26 de março, discutiu
“O afeto como uma reação sem ab-reação”, em 16 de abril falou
sobre o “Estudo experimental das fantasias de um menino” (Luria,
1926b) e, em 12 de novembro, sobre “O uso de experimentos para
alcançar metas psicanalíticas” (Luria, 1926c).
Em 1926, participou ativamente das discussões, executou suas
funções como secretário científico, mas não fez nenhuma exposição.
Foi provavelmente no final desse ano que Lev Vygotsky tornou-se
membro regular da Sociedade Psicanalítica Russa, a julgar pela lista
de membros publicada no Internationale Zeitschrift für Psychoanalyse
em 1927 (ver Luria, 1927a), que incluía pela primeira vez o nome
Lev Vygotsky, Rua Serpukhovskaya, 17, Moscou.
Em 1927, então, tanto Luria como Vygotsky eram participantes
da Sociedade. A exposição de Luria em 23 de fevereiro de 1927
sobre “O estudo experimental do pensamento primitivo de crianças”
foi seguida pela apresentação de Vygotsky sobre “A psicologia da
arte nos escritos de Freud”, em 10 de março do mesmo ano. Na
semana seguinte, 17 de março, Luria prosseguiu com uma discus-
são do livro de Bykhovsky sobre a metapsicologia de Freud. Um mês
depois, porém, pediu para ser dispensado de sua função de secre-
tário, sendo substituído por Vera Schmidt (Schmidt, 1927). De acor-
do com Cole (em Luria, 1979, pp. 210-11), esta decisão foi resultado
da atitude cada vez mais crítica em relação a Freud em artigos tanto
no Pravda como em periódicos teóricos. Esta interpretação, porém,
é questionável. Em primeiro lugar, Luria continuou a ser um mem-
bro regular da sociedade até 1920 ou 1930. Segundo, as pressões
ideológicas e políticas realmente fortes só começaram por volta de
1930. Artigos e livros com críticas à teoria freudiana publicados
antes desse ano (p. ex., Jurinets, 1925; Sapir, 1926; Bakhtin, 1927/
1983) faziam parte do discurso científico normal. Terceiro, o fato de
Vygotsky ter entrado como membro da sociedade mais ou menos na
mesma época em que Luria afastou-se do cargo de secretário parece
lançar dúvidas sobre a avaliação de Cole a respeito da situação.
102 OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU
claros. O autor usou vários recursos retóricos — nem todos muito sutis
— para apoiar a sua afirmação de que a origem da psicanálise era mais
um símbolo da contínua desintegração da sociedade burguesa ociden-
tal. Assim, lemos que “Nascida em Viena e Budapeste, em um país...
que está prosperando sem muito esforço à custa dos camponeses
croatas, eslovenos, dálmatas e sérvios, que são sugados até a medula
de seus ossos, a teoria freudiana absorveu muito do espírito desse
capitalismo” (Jurinets, 1924, p. 52). Jurinets observou que essa dou-
trina perniciosa estava se infiltrando no “campo marxista” e suspeitava
que sua cada vez maior popularidade se devesse a uma falta de conhe-
cimento e insuficiente compreensão de suas idéias fundamentais. A
partir desse pressuposto, começou a explicar e criticar os princípios
básicos da teoria freudiana (1924, p. 53).
Em primeiro lugar, Jurinets argumenta, a teoria freudiana não
é materialista. Apesar de suas freqüentes referências ao sistema
nervoso, Freud não dava à matéria o seu devido papel no sistema.
Como exemplo, Jurinets citou a declaração de Freud em Além do
princípio do prazer sobre os resultados psicológicos de experiências
traumáticas graves (por exemplo, concussões mecânicas, guerras).
Na visão de Freud, o estado mental resultante, chamado por ele de
neurose traumática, com freqüência não podia ser atribuído a lesões
orgânicas do sistema nervoso provocadas pela força mecânica (Freud,
1920/1984, pp. 281-3). Para Jurinets, isto significava que Freud via
os processos mentais como independentes das estruturas cerebrais,
o que ele não podia aceitar, uma vez que essa idéia parecia contra-
dizer uma concepção materialista da mente. Além disso, ele tentou
argumentar que a idéia de Freud sobre a psique — uma psique que
existia além do tempo e do espaço — era semelhante à de Bergson,
o que, por associação, tornava Freud culpado de idealismo filosófico.
Jurinets prosseguia afirmando que a teoria de Freud não era
monista. Infelizmente, ele não usou este termo em seu sentido filo-
sófico habitual e, em vez disso, parece ter entendido como “monismo”
algo semelhante a consistência ou coerência. Em conseqüência,
entregou-se à tarefa bastante trivial de apontar inconsistências e
contradições no pensamento freudiano através da comparação de
livros de diferentes períodos e textos escritos por diferentes autores
psicanalíticos. Sem dúvida seria bastante legítimo questionar como
Freud ou freudianos conciliariam pontos de vista anteriores com as
revisões posteriores, e Jurinets levantou algumas boas perguntas,
mas estas eram irrelevantes para a questão do monismo. O mesmo
poderia ser dito da afirmação de Jurinets de que Freud havia pro-
posto uma teoria dualista. Seria possível tentar demonstrar que ele
de fato o fez, mas os argumentos de Jurinets foram, em grande
medida, irrelevantes. Entre outras coisas, ele (Jurinets, 1924, p. 69)
afirmou que Freud distinguia impulsos do ego e impulsos sexuais,
108 OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU
Embora tenha ficado cada vez mais crítico quanto a muitos dos
conceitos de Freud, Vygotsky ainda valorizava profundamente seu tra-
balho. Seu antigo interesse por Hamlet, enfatizando os aspectos mís-
ticos e religiosos do drama, seu fascínio por As variedades de experiên-
cia religiosa, de James, suas amplas leituras de pensadores especula-
tivos “não materialistas”, tudo isso mostra que Vygotsky preferia con-
cepções originais (mesmo sendo especulativas) a idéias gastas que se
conformavam à visão de mundo aceita. Seu interesse por Freud enqua-
dra-se nessa característica básica de seu pensamento e os autores
deste livro estão inclinados a ver seu interesse na teoria freudiana
como perfeitamente coerente com seu antigo fascínio pelos motivos
ocultos que explicavam o comportamento de Hamlet (ver capítulo 2).
O fato de que Vygotsky continuava a apreciar o lado original e
especulativo das obras de Freud fica claro em uma passagem curio-
sa de seu estudo da crise da psicologia (Vygotsky, 1926m/1982, pp.
335-6). Referindo-se ao prefácio seu e de Luria para Além do prin-
cípio do prazer, ele repetiu sua opinião de que, embora as teses de
Freud tenham definitivamente uma natureza especulativa e a corro-
boração empírica dos fatos afirmados seja pouco convincente, e
embora suas idéias apresentem surpreendentes contradições e pa-
radoxos, a idéia de impulso da morte (Thanatos) era válida para a
ciência biológica da época. A ciência esclarecia a idéia da vida em
grande medida, Vygotsky acrescentou, mas não pode ainda explicar
o conceito de morte. A morte geralmente é compreendida como a
negação da vida, mas, de acordo com Vygotsky,
a morte é um fato que também tem seu sentido positivo. Ela é um tipo
especial de ser e não apenas um não-ser... é impossível imaginar que
este fenômeno não seja representado de maneira nenhuma no organis-
mo, isto é, nos processos da vida. É difícil acreditar que a morte não
118 OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU
A resposta de Sapir
A idéia utópica de Reich não era partilhada por Sapir, que negava
categoricamente a validade científica da teoria psicanalítica como um
todo e sua compatibilidade com a visão de mundo marxista. Para
começar, Sapir não aceitava a afirmação conciliadora do “camarada
Reich” de que a psicanálise não era nada mais do que um método
psicológico para a descrição e explicação do homem social individual,
O PAPEL DA PSICANÁLISE 123
Conclusões gerais
6
Konstantin Kornilov
e sua reactologia
O significado de “reação”
Estes sete tipos de reação cobrem toda a gama, desde o mais sim-
ples (1) até o altamente complexo (7). Por meio desta gama de reações
estudada por Kornilov, fica evidente como o behaviorismo orientado
para a consciência — o que a “reactologia” de Kornilov na década de
20 era, em contraste com o reducionismo reflexológico de Pavlov e
Bekhterev — pôde emergir sob sua liderança. Os tipos de reação
podem ser vistos como qualitativamente diferentes uns dos outros e,
assim, Kornilov não teve que fazer acomodações em seu pensamento
para incorporar o marxismo dialético nele em 1922-23, quando
começou sua briga feroz para que a “psicologia marxista” fosse acei-
ta. A gama de tipos de reações era considerada como um perfil das
reações do sujeito, o que levou Kornilov à formulação da “lei geral”
do comportamento humano: o “princípio do gasto monofásico de
energia” (printsip odnopoliusnyi traty energii). Por outro lado, os perfis
de reação de diferentes sujeitos associaram-se à especulação de
Kornilov sobre a natureza dos hábitos de trabalho, os quais, por sua
vez, foram usados na crítica violenta a suas idéias pelos críticos
ideológicos do início da década de 1930 (ver abaixo).
(2) Psicologia social. Esta seção era dirigida pelo “membro efe-
tivo do Instituto”, Professor Mikhail A. Reisner (nascido em 1868,
morto em 1928; 56 anos em 1924). Reisner, que tinha sido professor
de direito em São Petersburgo nos anos anteriores a 1917 (foi um
dos primeiros professores indicados para o Instituto Psiconeurológi-
co de Bekhterev, onde lecionou direito governamental desde 1907;
Gerver, 1912), havia declarado seu apoio ao regime bolchevique no
final de 1917 (Fitzpatrick, 1970, p. 318), fora um dos fundadores da
Academia Socialista em outubro de 1918 (Chagin e Klushin, 1975,
p. 50) e trabalhou no Narkompros (Comissariado de Educação) de
Lunacharsky nos anos seguintes. Sua seção não incluía nenhum
colaborador designado como de primeira ordem e apenas dois de
segunda ordem (M. I. Ginzburg-Dajan e Sudeikin). Não havia ne-
nhum tópico experimental em andamento listado para esta Seção;
portanto, pode-se pressupor que a maioria de suas atividades em
1924 foram de natureza teórica, e alinhadas com o trabalho publica-
KORNILOV E REACTOLOGIA 145
cirurgia sangrenta deve acontecer; muitos manuais têm que ser ras-
gados ao meio... muitas frases irão perder a cabeça ou os pés, outras
teorias sofrerão um corte bem no estômago. Só estaremos garantidos
pelo corte, a linha de ruptura, a linha desenhada pela faca do futuro
(1926m/1982, p. 411).
A crise
Contra o ecletismo
O papel da práxis
A bifurcação da psicologia
por uma psicologia inspirada pelas ciências naturais que também es-
tudasse os processos superiores (1926m/1982, p. 417). A escolha de
Vygotsky foi feita segundo bases metodológicas: ele preferia a psicolo-
gia objetiva causal por causa de seus métodos melhores, ao mesmo
tempo que reconhecia a preocupação dos psicólogos descritivos com os
processos psicológicos superiores. Concomitantemente, fazia uma liga-
ção com a noção de partijnost’ (partidarismo) de Lenin (1909). Uma
conseqüência da idéia de partijnost’ era que, em última instância, na
filosofia da ciência apenas duas posições eram possíveis: a escolha, no
fim, era entre ser um materialista ou um idealista (Boeselager, 1975,
p. 30). Todas as posições intermediárias poderiam ser reduzidas a um
desses dois extremos, de acordo com Lenin. Na época, porém, não
estava claro o que representaria essa abordagem científica natural dos
processos psicológicos superiores. Na verdade, Vygotsky expressou
algumas dúvidas quanto ao fato de a psicologia poder ser uma ciência
natural no sentido estrito da palavra:
deixamos também uma outra questão em aberto — se a psicologia real-
mente é uma ciência natural no sentido estrito... Mas isto é um problema
particular e muito profundo — mostrar que a psicologia é possível como
uma ciência materialista — que não faz parte do problema da significância
da crise psicológica como um todo (1926m/1982, p. 384).
Conclusões
Uma das teorias pelas quais Vygotsky ficou famoso é seu tra-
tamento da “fala interior”, suas funções no pensamento e suas ori-
gens sociais, colocando essas funções em contraste com a noção de
“fala egocêntrica” de Piaget (Vygotsky, 1934a, capítulo 7). A questão
da fala interior remonta à filosofia da linguagem de Wilhelm von
Humboldt (ver também capítulo 15) e foi bastante discutida por uma
série de neurologistas alemães interessados na fala (Wernicke, Storch)
na virada do século. O tratamento dado por Vygotsky à questão da
fala interior como uma forma transformada especial da fala exterior
seguiu a tradição de Kurt Goldstein (1933) ao ver paralelos entre o
colapso da fala interior em pacientes afásicos e o desenvolvimento
da fala em crianças. Goldstein, um neurologista, proporcionou evi-
dências relevantes do colapso de funções superiores (na afasia),
porém a relação que ele fez entre os casos neurológicos e o desenvol-
198 OS PRIMEIROS ANOS EM MOSCOU
PARTE II
A TEORIA HISTÓRICO-
CULTURAL
1928-1932
Introdução
9
Teoria histórico-cultural
1. Os primeiros planos para este livro datam do início de 1927. Nele, Vygotsky
pretendia elaborar suas idéias sobre o desenvolvimento do homem desde o
macaco até o super-homem (cf. capítulo 3). Depois de completá-lo, ele receberia
208 A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL
175 rublos da Casa Editorial Estatal. Mais tarde, Luria entrou no projeto. Uma
das razões de a publicação ter sido postergada foi que Vygotsky estava muito
insatisfeito com as primeiras versões do capítulo de seu co-autor sobre desen-
volvimento infantil. Elas continham um número demasiado grande para o seu
gosto de referências (não críticas) ao trabalho feito por psicanalistas como Vera
Schmidt, Melanie Klein e outros (Vygotsky em cartas para Luria, datada de 26
de julho de 1927, e Leontiev, datada de 23 de julho de 1929).
TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL 209
A teoria
Reflexo
Instinto Intelecto
vistas como escada, uma vez que um outro chimpanzé estava usando
uma delas como cadeira. Tal uso impróprio das caixas aparentemente
alterou toda a Gestalt das caixas, tornando, assim, impossível seu uso
como instrumento. É bastante claro que Vygotsky ficou muito impres-
sionado com as demonstrações experimentais das leis da Gestalt por
Köhler. Ele relatou de forma entusiástica os experimentos com gali-
nhas (Köhler, 1921, p. 10), mostrando que esses animais podem apren-
der a escolher o tom mais claro em qualquer conjunto de duas tona-
lidades de cinza. Em sua opinião, esta era “uma prova experimental
magnífica” do papel da Gestalt no comportamento animal (Vygotsky e
Luria, 1930a, pp. 27-8).
Vygotsky também aceitava a conclusão de Köhler de que os
chimpanzés exibiam um insight genuíno. Como se sabe, Köhler (1921,
pp. 133-62) empenhou-se para rebater a idéia de que o comporta-
mento de Sultão especificamente resultasse da lenta formação de
associações, apontando, entre outras coisas, a súbita solução de um
problema pelos chimpanzés depois de muitas tentativas infrutíferas.
Vygotsky concordava com esta análise e tendia a concordar com
Bühler que os chimpanzés são confrontados com novas situações e
experimentam uma espécie de “Aha Erlebnis”.
Por fim, Vygotsky aceitava as evidências (Köhler, 1921, p. 26) de
que as soluções encontradas pelos chimpanzés não são dependentes
da situação concreta específica e, assim, podem ser generalizadas
para outras situações. Diferentes objetos adquirem o valor funcional
(Funktionswert) de um instrumento (Vygotsky e Luria, 1930a, p. 43).
Chimpanzés, portanto, pareciam demonstrar um comportamen-
to surpreendentemente inteligente, e nenhuma diferença qualitativa
entre animal e homem havia sido comprovada. Porém, Köhler e
Bühler já haviam destacado várias limitações nos desempenhos dos
chimpanzés. Assim, Köhler (1921, p. 192), nos últimos parágrafos
de seu livro, havia afirmado que, aos chimpanzés, “falta o inestimá-
vel instrumento técnico” da fala, e que eles são muito limitados em
seu “mais importante material da inteligência, as chamadas repre-
sentações”. Estes fatores confinavam os chimpanzés à situação
imediata e impediam “mesmo o mais tênue início de desenvolvimen-
to cultural”. Chimpanzés não criam instrumentos para o amanhã,
porque não possuem a linguagem, e têm um poder imaginativo li-
mitado quanto ao tempo, conclui Köhler.
Este raciocínio deu a Vygotsky a primeira pista empírica sobre a
distinção qualitativa entre chimpanzés e seres humanos: os chimpan-
zés não dispunham do “inestimável instrumento técnico” da fala. Será
visto que Vygotsky considerava da maior importância o papel da fala
no comportamento inteligente. As descobertas de Köhler também de-
monstravam que, filogeneticamente falando, fala e intelecto eram fenô-
TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL 225
Durkheim
Lévy-Bruhl
ter usado as idéias de Lévy-Bruhl não significa que ele tenha aceitado
sua teoria como um todo. Fazendo referência a vários críticos, ele
sugeriu que a caracterização de Lévy-Bruhl para as representações
coletivas primitivas como pré-lógicas havia sido infeliz: vista do ângulo
subjetivo dessas representações, elas eram completamente lógicas.
Vygotsky acrescentou como um ponto crítico adicional que as ações do
homem primitivo em sua vida cotidiana tinham que ser lógicas no
sentido objetivo da palavra: caso contrário, elas simplesmente não
sobreviveriam. Esta crítica, repetida por Luria (1976, p. 8), não foi,
porém, muito convincente, de vez que o próprio Lévy-Bruhl (1922/
1976, p. 141) reconhecia esse ponto e fazia uma distinção explícita
entre o pensamento prático na vida cotidiana e o pensamento místico
sobre parentesco, história etc.
A idéia fundamental de Durkheim e Lévy-Bruhl de que as dife-
renças de mentalidade entre pessoas que viviam em diferentes cul-
turas não era atribuível a suas capacidades individuais tinha um
outro lado. Ela implicava que pessoas que viviam em culturas pri-
mitivas ou “inferiores” não eram, necessariamente, intelectualmente
inferiores a pessoas do mundo ocidental. Lévy-Bruhl, em particular,
enfatizou várias vezes que os primitivos não sofriam de indolência
intelectual (torpeur intellectuelle) ou de fraqueza de espírito (faiblesse
d’esprit) (Lévy-Bruhl, 1922/1976, p. 67). Se eles às vezes pareciam
estúpidos, essa era uma “estupidez aparente”, arraigada no fato de
que nossas perguntas simplesmente não faziam sentido para eles
(Lévy-Bruhl, 1922/1976, p. 39). Uma vez que as representações
coletivas constituíam o mundo dos primitivos, eles estavam, por
assim dizer, vivendo em um outro mundo, um mundo que, em vá-
rios sentidos, não coincidia com o nosso. Como conseqüência, muitas
das questões que o homem ocidental colocava para si próprio sim-
plesmente não se aplicavam a eles (Lévy-Bruhl, 1922/1976, p. 67).
A implicação deste ponto de vista era que não se devia confrontar
pessoas de outras culturas com tarefas tiradas de nossa própria
cultura e, depois, tirar conclusões a partir de seu desempenho pos-
sivelmente fraco. Pois isto seria julgá-los por nossos padrões ociden-
tais e ver seu pensamento como uma forma rudimentar do nosso,
abordagem esta explicitamente condenada por Lévy-Bruhl. Pode-se
notar, portanto, que a abordagem de Lévy-Bruhl, apesar de certas
deficiências (Bunzel, 1966; Thomas, 1976), levava a conclusões que
eram muito valiosas para Vygotsky. Na verdade, dizer que pessoas
de diversas culturas têm diferentes capacidades mentais superiores
mas não diferem essencialmente quanto às suas capacidades bási-
cas está a apenas um passo da declaração de Vygotsky de que seus
processos mentais superiores diferem, mas os processos inferiores
são idênticos. Este era, a propósito, um ponto de vista que contra-
dizia muitos dos contemporâneos de Lévy-Bruhl, que se inclinavam
freqüentemente a atribuir diferenças mentais a capacidades inatas.
230 A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL
Thurnwald
ter sido a única evidência dada por Vygotsky de sua afirmação de que
os processos psicológicos inferiores — presumivelmente ligados de for-
ma íntima à constituição biológica — eram idênticos para todos os
seres humanos em diferentes culturas e épocas.
Foi muito diferente da de Thurnwald, porém, a seleção que Vygotsky
fez dos fenômenos culturais ao discutir as diferenças entre as várias
culturas. Ele abordou significativamente o conceito de cultura de
Thurnwald, concentrando-se nos fenômenos da linguagem, sistemas
de contagem e escrita, ignorando seus outros assuntos, como os dife-
rentes sistemas de leis, pensamento moral, arte, religião, etc. Pode ter
havido três razões relacionadas entre si para esta seleção específica de
fenômenos culturais relevantes. Em primeiro lugar, pode-se fazer uma
distinção entre evolução cultural social (“soft”) — e tecnológica (“hard”)
(Barash, 1986, p. 41). A evolução social inclui as mudanças em formas
de leis e governo, economia, família, música, arte e religião. A tecno-
logia é a descoberta e implementação de métodos por meio dos quais
os seres humanos podem atuar sobre seu ambiente. Ela descobre as
leis da natureza e tenta manipulá-las. Tendo-se esta distinção em
vista, percebe-se imediatamente que Vygotsky ignorou todos os fenô-
menos pertencentes à evolução social. A razão para esta seleção parece
clara: há muito pouca evidência de progresso neste domínio da cultura
(Barash, 1986, p. 42). Baghwan claramente não é um homem mais
sábio do que foi Cristo, e as criações de Homero evidentemente não são
inferiores às de Kundera, Nabokov ou Frisch. O caso parece diferente
para os tópicos que Vygotsky selecionou: sistemas de escrita, sistemas
de contagem e linguagem. Pelo menos para Vygotsky e seus contem-
porâneos parecia óbvio que, por exemplo, contar usando partes do
corpo era mais limitado do que contar com o uso de números escritos.
Além disso, evidências reunidas por Lévy-Bruhl e outros antropólogos
pareciam indicar que as linguagens dos nativos eram definitivamente
inferiores com relação à formação e uso de conceitos abstratos. Assim,
Vygotsky selecionou os aspectos de cultura que eram marcos na his-
tória humana e em relação aos quais a idéia de progresso cultural era,
intuitivamente, mais plausível. Em segundo lugar, os sistemas de fala
e escrita e os sistemas de contagem podiam ser considerados como
sistemas de signos que serviam a uma dupla função. Sistemas de
contagem e a linguagem escrita e falada não serviam apenas a uma
função definida no mundo exterior — digamos, a preservação da tra-
dição em textos escritos —, mas serviam também como instrumentos
para o crescente controle do comportamento humano. Eram sistemas
de signos que transformavam nosso funcionamento mental, como ins-
trumentos transformavam o universo inanimado (Vygotsky e Luria,
1930a, p. 54). Esta dupla função dos sistemas de signos e a compa-
ração com instrumentos serão discutidas abaixo. Em terceiro, a sele-
ção de procedimentos culturais que poderiam ser considerados como
instrumentos foi, naturalmente, muito afetada pela explicação de Marx
TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL 235
nos iniciais “eram usados não tanto para si próprio quanto para os
outros, com metas sociais... só mais tarde tornaram-se também signos
privativos” (Vygotsky e Luria, 1930a, p. 86). Esta direção de processos
externos para internos estava fortemente conectada com a crescente
convicção de Vygotsky de que muitos procedimentos culturais podiam
ser vistos como análogos a instrumentos.
Instrumento e signo
A B
Em sua opinião, “A cultura em geral não cria nada novo acima do que
é dado pela natureza, mas transforma a natureza de acordo com os
objetivos do homem” (1928p, p. 61), e os atos instrumentais envolviam
o “uso ativo de propriedades naturais do tecido cerebral” (1930aa/
1982, p. 104). Este ponto de vista viu-se confirmado no trabalho do
psicólogo dinamarquês Høffding (1892, p. 198), cuja declaração, “o
pensamento, no sentido real da palavra, não pode libertar-se dessas
leis [de associação], assim como é impossível tornar inoperantes as leis
da natureza externa por meio de qualquer máquina artificial; mas,
como acontece com as leis físicas, podemos direcionar as leis psicoló-
gicas para servirem aos nossos objetivos”, Vygotsky citou de forma
aprovadora.
Ao enfatizar a natureza reflexa dos componentes dos atos instru-
mentais, Vygotsky tentava dar uma base científica natural sólida para
as funções superiores. Fica claro que, desde o começo, ele procurou
oferecer uma explicação dos processos culturais que estivesse de acor-
do com uma abordagem científico-natural (na verdade, em alguns
aspectos, praticamente behaviorista) e tentou evitar construções espi-
ritualistas pouco fundamentadas. Esta atitude permaneceu a mesma
ao longo de suas várias análises da teoria histórico-cultural, como
torna-se evidente na citação a seguir, da última versão dessa teoria.
Como é bem sabido, a lei fundamental de nosso comportamento diz que
o comportamento é determinado por situações, que a reação é induzida
por estímulos e, portanto, que a chave para a domínio do comporta-
mento está no domínio dos estímulos. Não podemos dominar nosso
comportamento de outra maneira a não ser por meio dos estímulos
correspondentes... Neste aspecto, o comportamento do homem não
constitui uma exceção às leis gerais da natureza... (Vygotsky, 1931n/
1983, p. 278)
Rearmamento
Séries
Idade A B C D
4-5 0,2 2,2 2,9 1,7
5-7 1,5 4,7 8,1 5,8
7-12 1,8 6,3 11,4 8,5
10-14 1,9 7,3 11,4 10,7
12-16 3,2 7,9 13,1 11,9
22-28 4,4 10,1 14,3 13,5
15
14 x
13 x
12
11 x x
10
Número médio de acertos
09 •
8 xx
7
•
6 •
5 •
4 •
3 x
2
•
1 x = série C (com figuras)
0
• = série B (sem figuras)
4-5 5-7 7-12 10- 14 12- 16 22 - 28
Idade
FIGURA 9.2 Memória direta e mediada nos diferentes grupos etários
(de Leontiev, 1931/1983, p. 55)
256 A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL
10
As expedições à Ásia central
estudado foi de transição, pudemos fazer com que nosso estudo fosse, em
certa medida, comparativo (Luria, 1976, pp. 13-14).
Ilusões ópticas
A classificação de objetos
Classificação
Em termos de
características Em termos de
Número de Falha de Nomes gráficas categorias
Grupo indivíduos classificação objeto-orientado individuais geométricas
11
O universo das palavras:
a visão de Vygotsky sobre
a formação de conceitos
1. Uma Comissão tinha que investigar o caso. Em uma carta para a viúva
de Sakharov um mês depois da morte de seu marido, Vygotsky menciona que
a Comissão, aparentemente, ainda não havia sido formada. Nessa mesma carta,
muito afetuosa e sensível, ele menciona também que, devido à sua grande
tristeza, ainda não havia conseguido retomar o trabalho de Sakharov (Vygotsky
em carta para Sakharova, datada de 17 de julho de 1928).
284 A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL
Resultados empíricos
Conclusões
Replicando Piaget
tos espontâneos da criança e, como tal, seu estudo não pode revelar
nada a respeito dos modos de pensamento particulares da criança.
É preciso conhecer o pensamento espontâneo da criança para se
poder lutar contra ele. Vygotsky discordava fundamentalmente de
todas essas idéias, e as muitas investigações que supervisionou nesse
período foram montadas para refutá-las. Um dos mais conhecidos é
o estudo de Shif (1935) sobre conceitos cotidianos e científicos.
2
“porque” 59 80
2
“embora” 16 21
4 “porque” 81 82
4
“embora” 66 80
Conclusões
Conclusões
PARTE III
MOSCOU, KHARKOV E
LENINGRADO
1932-1934
Introdução
Podemos ver nesta carta que Vygotsky sentia que suas posições
haviam divergido tanto a ponto de ameaçar sua “causa comum” (ob-
serve-se novamente o tom quase messiânico da carta). Vemos também
que algumas dificuldades não especificadas haviam surgido entre Luria
e Vygotsky. Puzyrej, cujas anotações à edição soviética não publicada
das cartas de Vygotsky nós utilizamos ao longo deste livro, sugeriu que
esta passagem pudesse se referir ao fato de Luria, em algum ponto, ter
se unido ao grupo de Kharkov e assumido a chefia da Seção de Psi-
cologia do Instituto Psiconeurológico Ucraniano, que Leontiev viria a
chefiar mais tarde. Pode-se compreender bem essa decisão de Luria,
porque as condições oferecidas a ele em Kharkov eram excelentes. Na
Seção de Psicologia, que dentro de poucos anos viria a desenvolver-se
INTRODUÇÃO 317
... se síntese não é uma palavra vazia, mas denota um fato realmente
existente na natureza do desenvolvimento infantil, então a pedologia
adquire no reconhecimento desse fato sua base sólida, eternamente
objetiva...
Vygotsky, “Pedologija i smezhnyes neju nauki”
não como entidades aditivas (ou separáveis), mas como opostos ine-
rentemente ligados em oposição dialética.
A série de estudos de gêmeos envolveu várias tentativas de con-
trastar funções psicológicas superiores e inferiores. No trabalho de N.
Morozova (mencionado em Luria, 1936, pp. 363-4), aproximadamente
150 pares de gêmeos mono e dizigóticos (com idade entre 6 e 14 anos)
foram estudados usando os experimentos de memória “histórico-cultu-
rais” (mediados por estímulos-meios) (semelhante a Leontiev, 1931,
1932). Uma versão mediada do experimento da memória foi contrasta-
da com a memória de reconhecimento de figuras geométricas simples
(uso de processos de memória “inferiores”). Usando os meios tradicio-
nais para estabelecer a extensão de “controle” genético sobre funções
psicológicas (diferença no coeficiente de correlação entre amostras de
gêmeos mono e dizigóticos em uma determinada função), foi mostrado
que a correlação para processos de memória inferiores no grupo
monozigótico era alta, e para os gêmeos dizigóticos era baixa. Este
resultado foi considerado como uma prova da ligação das funções
elementares de memória com o “controle genético”. Ao mesmo tempo,
para as tarefas de memória mediada, a diferença entre os coeficientes
de correlação de grupos mono e dizigóticos ficou ausente, o que indi-
cava a relativa independência da forma superior de memorização em
relação ao “controle genético” direto.
É interessante observar aqui que Luria (assim como Vygotsky)
defendeu a “liberdade relativa” das funções psicológicas superiores em
relação ao “controle genético”, e isto constitui uma mistura interessante
de metodologia de pesquisa tradicional (comparação de correlações) e
da perspectiva dialética no que concerne à relação gene-ambiente. Se
hereditariedade e ambiente são dois lados opostos do mesmo todo em
desenvolvimento dialético, então, em princípio, é impossível especificar
se um ou outro dos dois opostos estava, de alguma forma quantitativa-
mente mensurável, “mais” ou “menos” no controle da função específica.
Porém, é exatamente essa estimativa quantitativa que foi usada por
Luria e Vygotsky para demonstrar a unidade de genes e ambiente. Em
resumo, Vygotsky não conseguiu aplicar seu esquema dialético de sín-
tese à genética humana.
Em vez disso, a questão empírica relevante enfatizada por Vygotsky
e Luria nos estudos de gêmeos foi a diferença ligada à idade no impacto
relativo tradicionalmente medido de genes-ambiente sobre diferentes
funções psicológicas. Assim, Luria (1936, pp. 365-6) reportou que,
entre 12 e 14 anos, os papéis relativos de genótipo e ambiente alteram-
se, uma vez que as crianças utilizam funções psicológicas mediadas, ao
passo que, em idades menores (cinco a sete anos), a memorização
mediada não foi demonstrada, o que estava de acordo com a demons-
tração da dominância do genótipo sobre o ambiente do modo como foi
medida por meio da técnica de correlação-comparação.
VYGOTSKY, O PEDÓLOGO 341
13
Educação e desenvolvimento
outra pessoa com a qual estamos falando e de que a criança com fre-
qüência não tem um objetivo motivador para escrever o texto. Wundt já
havia comentado que a escrita está relacionada a processos conscientes
e voluntários. Vygotsky concordava completamente e propunha a idéia
de que a criança experimenta dificuldades para escrever porque tem
que se conscientizar de sua própria fala. Ao falar, a atenção da criança
está concentrada naquilo que ela está falando, e não nas estruturas
gramaticais de sua fala. Estas últimas, ele tem à sua disposição como
um fato implícito. O principal problema da escrita, portanto, é tornar-
-se consciente de seus próprios atos. Uma complicação extra para a
criança é que ela tem que partir da fala interior, que é condensada e
de uma natureza telegráfica. Referindo-se implicitamente a Hegel,
Vygotsky concluiu que a criança tem que partir da fala “para si mes-
ma” e transformá-la em fala “para outros” (ver também capítulo 15).
Qual era a relevância disso para a problema que Vygotsky levan-
tou em sua palestra, ou seja, o problema da relação entre a aprendiza-
gem e o desenvolvimento cognitivo? Em primeiro lugar, as capacidades
que a criança tem que adquirir para aprender a escrever, por exemplo
(ou seja, para tornar-se consciente de seus próprios atos, para repre-
sentar objetos que não estão presentes), não são de forma alguma
ensinadas diretamente pelo professor. O mesmo exemplo mostrava que
o desenvolvimento cognitivo não é o paralelo direto ou a sombra do
processo educacional. Vygotsky concluiu, portanto, que a aprendizagem
capacita uma série de processos de desenvolvimento que sofrem seu
desenvolvimento próprio, e que os pedólogos deveriam analisar atenta-
mente esses desenvolvimentos.
Isto levou Vygotsky à sua hipótese principal: o ensino só é efetivo
quando aponta para o caminho do desenvolvimento. A criança que
freqüenta escola, disse ele, empregando uma vez mais termos hegelianos,
tem que aprender a transformar uma capacidade “em si” em uma
capacidade “para si”. O processo de escrever exige funções que ainda
estão mal desenvolvidas na criança pré-escolar. As funções desenvol-
vem-se no processo da aprendizagem de como escrever — no processo
da educação. O professor, portanto, cria basicamente as condições
para que determinados processos cognitivos se desenvolvam, sem
implantá-los (privit) diretamente na criança:
Implantar [algo] na criança... é impossível... só é possível treiná-la para
alguma atividade exterior como, por exemplo, escrever à máquina. Para
criar uma zona de desenvolvimento proximal, isto é, para engendrar
uma série de processos de desenvolvimento interior, precisamos dos
processos corretamente construídos de aprendizagem escolar (Vygotsky,
1933d/1935, p. 134).
de dois anos de idade mental, então a idade mental de sua classe deve
ser dois anos acima da idade mental da criança, medida independen-
temente:
Desta forma, a análise da zona de desenvolvimento proximal torna-se
não só um meio magnífico para o prognóstico do futuro do desenvol-
vimento intelectual e da dinâmica do sucesso relativo [da criança] na
escola, mas também um ótimo meio para a composição de classes... o
nível de desenvolvimento intelectual da criança, sua zona de desenvol-
vimento proximal, a idade [mental] ideal da classe e a relação entre a
idade [mental] ideal da classe e a zona de desenvolvimento proximal...
[formam] a melhor maneira de solucionar o problema de composição de
classes (Vygotsky, 1933c/1935, p. 49).
7,0
• • • • • •X
6,5 X
6,0 X
Idade mental
5,5 X
5,0 X Chave
X = A
4,5 X •
X = B
O papel da imitação
nos últimos anos de sua vida (p. ex., Vygotsky, 1933n/1984; 1934a;
1935n). Para respondê-la, ele fez referência a uma concepção comu-
mente aceita, embora mal fundamentada, do processo de imitação. O
mal-entendido comum, segundo Vygotsky, era a crença de que as
crianças eram capazes de imitar qualquer coisa, como se a imitação
não fosse nada mais do que um processo mecânico e automático que
não revelava nada da mente do imitador (Vygotsky, 1933n/1984). Para
contrapor-se a essa concepção, ele poderia ter feito referência aos
estudos detalhados da imitação realizados por Baldwin e Guillaume,
entre outros. Em vez disso, surpreendentemente, Vygotsky referiu-se
aos experimentos de Köhler (1921) com chimpanzés. Essas investiga-
ções haviam demonstrado que chimpanzés só conseguem imitar ações
que façam parte de seu próprio repertório de ações independentemente
executadas (Vygotsky, 1933n/1984, p. 263). A afirmação geral de que
organismos podem imitar qualquer atividade é, portanto, infundada.
Vygotsky pressupôs que a capacidade de imitação das crianças fosse
limitada no mesmo sentido, mas, ao mesmo tempo, enfatizou uma
diferença fundamental entre humanos e animais neste aspecto. “A
principal diferença na imitação da criança é que ela pode imitar uma
série de ações que se encontram bem além dos limites de suas próprias
possibilidades mas que não são, porém, infinitamente amplas” (Vygotsky,
1934i/1935, p. 13).
Na opinião de Vygotsky, portanto, as crianças podem chegar além
de seu potencial pessoal, ao passo que os animais estão limitados à
zona de desenvolvimento real. Em várias ocasiões, ele tentou explicar
as causas dessa diferença fundamental. Embora reconhecendo o fato
de que é possível ensinar para animais vários comportamentos que não
se encontram em seu repertório normal, Vygotsky negou que isto
pudesse sugerir que eles possuíam uma zona de desenvolvimento
proximal, em qualquer sentido significativo da palavra:
neste caso, a operação seria executada simplesmente de uma forma
automática e mecânica, como um hábito sem significado, e não como
uma decisão inteligente e sensata... o animal, mesmo o mais inteligen-
te, não pode desenvolver suas possibilidades intelectuais por meio de
imitação ou instrução. Ele não pode adquirir nada essencialmente
novo em relação ao que ele já tem à sua disposição... Neste sentido,
pode ser dito que o animal não é capaz de aprender de fato, se enten-
dermos aprendizagem no sentido especificamente humano... O animal
só pode ser treinado. Ele só pode adquirir novos hábitos. Ele pode
aperfeiçoar seu intelecto por meio de exercícios e combinações, mas
não é capaz de obter desenvolvimento mental por meio de instrução no
verdadeiro sentido da palavra (Vygotsky, 1934a, pp. 219, 220, 263).
tarefas que ela não possa executar de forma independente, mas que
ela consiga realizar em cooperação com outras pessoas. Vygotsky
também alertou contra a tentação de se fazer uma analogia biológica
direta entre as descobertas de De Vries com animais inferiores e os
processos superiores, como aprender a escrever. Ele afirmou que
“Nossas investigações demonstraram que estamos lidando, nesses
períodos, com processos do desenvolvimento de funções psicológicas
superiores de uma natureza puramente social, que evoluem a partir
do desenvolvimento cultural da criança e têm a cooperação e a
instrução como fonte” (Vygotsky, 1934a, p. 223). É evidente, portan-
to, que Vygotsky tinha conhecimento das descobertas biológicas da
época (ver também capítulo 9) e tentava estabelecer ligações entre
elas. Ao mesmo tempo, porém, sua formação filosófica tornava-o
sensível para as diferenças que havia entre humanos e as outras
espécies. As discussões atuais quanto à validade de descobertas
etológicas para o estudo do desenvolvimento infantil (p. ex., Hinde,
1982; Tinbergen e Tinbergen, 1983; Wilson, 1976) mostram que esta
questão não perdeu sua atualidade.
Conclusão
14
Emoções: em busca de
uma nova abordagem
1. Dois dos livros de Spinoza haviam sido traduzidos para o russo nessa época,
ambos antes da revolução de 1917: Ética e Tratado da correção do intelecto.
EMOÇÕES 385
Conclusões
15
Uma palavra final
que daí resulta pode ser mais bem estudado por meio do conceito de
significado de palavras. Vygotsky considerava que significado de pala-
vras incorporava “a unidade de palavra e pensamento” (1934, p. 262).
Em sua pesquisa de formação de conceitos, ele havia mostrado que, no
desenvolvimento das crianças, os significados das palavras passam por
uma longa série de transformações (ver capítulo 11).
É interessante observar que Vygotsky agora descartava a visão
da Gestalt para a relação entre palavras e pensamento que ele havia
aceitado com alguma indiferença anteriormente. Em 1934, ele afir-
mou que era fundamentalmente enganoso comparar palavras às
varas usadas pelos primatas de Köhler (ver capítulo 9), de vez que
isso comparava palavras com objetos comuns e não ajudava em
nada para explicar (o desenvolvimento de) significados de palavras
(Vygotsky, 1934a, p. 266-7).
Depois de fazer esse comentário bastante geral sobre as diferen-
tes origens de pensamento e fala, Vygotsky começou a elaborar
melhor as várias distinções entre diferentes níveis de pensamento e
fala que haviam sido feitas na literatura existente. Sua meta era
demonstrar as diferenças entre pensamento e as várias formas de
fala. Mais especificamente, queria postular o papel fundamental da
fala interior e mostrar seu curso de desenvolvimento.
A primeira distinção feita por Vygotsky foi entre o plano semântico
interior da fala e o plano exterior audível, pois, embora eles formem
uma unidade, podem ser distinguidos. Piaget (1924), por exemplo,
havia demonstrado que até crianças mais velhas podem usar uma fala
exterior perfeita mesmo sem compreender inteiramente o lado semân-
tico de suas palavras. Vygotsky também afirmou que o desenvolvimen-
to da linguagem em crianças apresentava um desenvolvimento diferen-
cial para os planos interior e exterior da fala. O desenvolvimento do
plano semântico seguia de todos para partes, uma vez que os primeiros
pensamentos das crianças são muito globais e difusos e apenas gra-
dualmente vão se tornando diferenciados. A fala exterior, por outro
lado, teria um desenvolvimento de partes para todos, em que a criança
primeiro forma sentenças de uma só palavra e depois passa a formular
frases mais longas (Vygotsky, 1934a, p. 270). Mesmo sem aceitar estes
conceitos um tanto dúbios de todo e parte, tem-se que aceitar que
palavra e pensamento não são imagens especulares um do outro. Na
fala do adulto, pode-se distinguir também entre um plano interior
semântico e um plano exterior vocal. Vygotsky explicou que a diferença
pode ser percebida com muita clareza quando o sujeito e o predicado
psicológicos e gramaticais não coincidem. Assim, na sentença “O reló-
gio caiu”, o sujeito, gramaticalmente falando, é “o relógio” e o predicado
é “caiu”. Psicologicamente, porém, tanto “o relógio” como “caiu” podem
ser o sujeito da frase, dependendo do contexto envolvido. A sentença
poderia responder tanto à pergunta “Que objeto caiu?” como a “O que
392 MOSCOU, KHARKOV E LENINGRADO
interior. Para ele, este era o fenômeno que estava “por trás” do plano
da fala semântica. Não está claro, porém, o que significa “por trás”
neste contexto, e os autores deste livro julgam que as várias distin-
ções conceituais feitas no capítulo de Vygotsky não podem ser aco-
modadas com facilidade em um único todo hierarquicamente
estruturado. Em vez disso, sugeriríamos que as várias distinções
sobrepõem-se parcialmente e, na verdade, às vezes expressam mais
ou menos a mesma idéia. Mais especificamente, parece-nos que o
fenômeno da fala interior pode ser visto como parte do plano semân-
tico da fala e não necessariamente como um fenômeno “mais pro-
fundo”, no sentido de estar mais próximo dos pensamentos. No que
se segue, vamos ver que outros conceitos também se sobrepõem.
Como o fenômeno da fala interior deveria ser investigado? E o que
ele realmente significava? Esta última questão pode ser respondida
apenas de forma muito vaga neste estágio: para Vygotsky, a fala inte-
rior não era simplesmente fala sem som, como Watson afirmava, nem
era tudo o que precede o ato motor (ou seja, o ponto de vista de
Goldstein). Em essência, Vygotsky acreditava que ela era a fala para si
mesmo e não a fala para os outros. E este aspecto funcional acarretava
uma série de propriedades estruturais que faziam com que outras
definições de fala interior fossem insustentáveis.
Como o método adequado para investigar a fala interior, Vygotsky
propôs que se partisse do estudo da fala egocêntrica e se inferisse as
propriedades da fala interior por extrapolação. É claro que esta abor-
dagem pressupunha que estes fenômenos estivessem relacionados entre
si de uma maneira significativa. Conseqüentemente, Vygotsky dedicou
um bom espaço aos argumentos de que a fala egocêntrica (1) serve à
mesma função que a fala interior, ou seja, planejar o comportamento,
(2) tem uma estrutura semelhante à da fala interior, e (3) é, genetica-
mente falando, transformada em fala interior. Uma vez que essas afir-
mações fossem substanciadas, seria possível usar as propriedades
objetivamente observáveis da fala egocêntrica para deduzir as proprie-
dades da fala interior. Desta maneira, seguindo uma rota indireta,
poderíamos desvendar as peculiaridades da fala interior, ou seja, ob-
servar o não-observável, ou, nas palavras da Vygotsky (1934a, p. 316),
“o lado escuro da lua”.
O problema era, obviamente, que a interpretação de Piaget (1923)
para fala egocêntrica era muito diferente da de Vygotsky e não falava
nada de uma possível relação genética com a fala interior. Na leitura
de Vygotsky, a proposição de Piaget poderia ser resumida como se
segue: (1) a fala egocêntrica não serve a nenhuma função; ela simples-
mente acompanha a ação em andamento da criança, (2) a estrutura da
fala egocêntrica de uma criança difere da fala do adulto porque ainda
não está suficientemente socializada, e (3) a fala egocêntrica não se
transforma em fala interior; ela simplesmente desaparece. Vygotsky
394 MOSCOU, KHARKOV E LENINGRADO
observou que, se (2) fosse verdade, seria possível esperar que a estru-
tura da fala egocêntrica fosse se tornando menos diferenciada da fala
socializada comunicativa à medida que a criança cresce. Por fim, ela
desapareceria completamente, porque teria se tornado estruturalmente
equivalente à fala comunicativa. Vygotsky afirmou ter feito investiga-
ções que refutavam essa teoria. Analisando as propriedades estruturais
da fala egocêntrica de crianças na faixa de idade de três a sete anos,
ele descobriu que a fala egocêntrica não se torna mais abrangente
conforme a criança cresce. Além disso, Vygotsky declarou que, na
idade de três anos, a fala egocêntrica não diferia da fala comunicativa,
ao passo que na idade de sete anos ela diferia em 100 por cento. Estes
seriam resultados intrigantes (é curioso que nenhum pesquisador pa-
reça ter reinvestigado esta questão), difíceis de serem combinados com
as asserções de Piaget. Eles concordavam com a idéia de Vygotsky de
uma crescente diferenciação de dois planos de fala, um dos quais, a
fala egocêntrica, seria suplantado e transformado em fala interior,
enquanto o outro, a fala social, permaneceria manifesto e serviria a
uma função de comunicação.
O passo seguinte de Vygotsky foi afirmar — como Grünbaum
(1927) — que a fala egocêntrica, embora estruturalmente cada vez mais
difícil de entender, ainda era fala social, ou seja, uma fala que visava
a ser escutada por outros. Ele ressaltou que a descrição de fala
egocêntrica do próprio Piaget parecia implicar esta idéia, pois Piaget
havia observado que (1) a fala egocêntrica freqüentemente ocorre na
forma de monólogos coletivos, ou seja, em um coletivo de crianças, (2)
a fala egocêntrica é acompanhada com freqüência da ilusão de com-
preensão por parte do receptor, e (3) a fala egocêntrica é uma fala
exterior, audível. Para corroborar sua interpretação alternativa dessas
descobertas, Vygotsky executou uma série de pequenos experimentos.
Como no caso das investigações mencionadas acima, estas provavel-
mente foram realizadas por volta de 1929 na Academia Krupskaja de
Educação; porém, como naqueles experimentos, não nos são apresen-
tados os dados em si, mas apenas as estatísticas finais de Vygotsky.
A primeira coisa que Vygotsky fez foi tentar eliminar a idéia da
criança de que os outros a estavam compreendendo. Se isto levasse a
uma diminuição no número de elocuções egocêntricas, estaria confir-
mada a idéia de que a criança está de fato se dirigindo aos outros com
a intenção de ser compreendida. A colocação da criança em (1) um
grupo de surdos-mudos ou (2) um grupo de crianças que falavam uma
língua estrangeira de fato levou a uma considerável diminuição da fala
egocêntrica. Vygotsky reportou que a proporção de elocuções egocêntricas
antes e depois da intervenção experimental foi de 8 : 1. A segunda
intervenção experimental apresentada por Vygotsky visava a perturbar
o desenvolvimento de um monólogo coletivo. Para realizar isto, a crian-
ça foi (1) colocada em um grupo de crianças desconhecidas para ela,
UMA PALAVRA FINAL 395
uma pergunta e (2) o caso mais geral de uma situação em que o sujeito
é conhecido tanto pelo falante quanto pelo ouvinte. É evidente que, ao
responder a uma pergunta, nem sempre repetimos integralmente todas
as informações que a pergunta continha: respostas monossilábicas são
abundantes em conversas. Para ilustrar o caso mais geral de contexto
compartilhado, Vygotsky citou a declaração de amor de Levin para
Kitty em Anna Karenina, de Tolstoi. Levin e Kitty conduziram sua
conversa escrevendo apenas as iniciais das palavras, e Vygotsky enfatizou
a importância desse fragmento literário referindo-se ao fato de que ele
baseou-se em uma conversa histórica ocorrida na vida do próprio Tolstoi,
embora, em uma biografia recente de Tolstoi, a credibilidade dessa
história, relatada pelo escritor e sua esposa, tenha sido considerada
bastante duvidosa (Wilson, 1988, p. 194). Seja como for, é claro que
casos de fala abreviada são freqüentes nas conversações cotidianas e
que elas se apóiam no conhecimento comum do falante e do ouvinte.
A partir desses exemplos, Vygotsky concluiu que é lógico esperar uma
fala abreviada na fala interior, uma vez que o falante e o ouvinte são
a mesma pessoa e todo o conhecimento contextual está disponível.
Neste aspecto, ele afirmou, a fala interior é diametralmente oposta ao
discurso escrito.
Um outro fator que permite ao falante usar uma fala abreviada
é a entonação: a entonação pode dar a uma mesma palavra várias
nuanças de significado. Para ilustrar este fato, Vygotsky (1934a, p.
298) referiu-se novamente a uma fonte literária. Dostoiévski, em seu
Diário de um escritor, contou a história de um grupo de bêbados que
se comunicavam com a ajuda de apenas uma palavra, bastante
indecente, pronunciada de variadas maneiras. Referindo-se a essa
história extremamente improvável, Vygotsky argumentou que a fala
dialógica normal pode ser muito mais abreviada do que o discurso
escrito. Assim, parecia que seria possível, seguindo Humboldt, dis-
tinguir entre vários gêneros de fala — fala interior, fala dialógica e
“fala” escrita — que diferiam em várias dimensões. A estratégia de
Vygotsky era argumentar que a fala escrita era diametralmente oposta
à fala interior e extrapolar várias tendências presentes na fala nor-
mal e egocêntrica para a fala interior. Ele afirmou, por exemplo, que
o caráter predicativo da fala egocêntrica era mais marcante em si-
tuações onde ela servia mais claramente a uma função intelectual,
ou seja, quando a criança era confrontada com um problema ines-
perado. A sugestão era que a fala interior, supostamente servindo a
uma função exclusivamente intelectual, seria inteiramente predicativa.
Uma vez mais, porém, não foram apresentados ao leitor fragmentos
de protocolos para ilustrar esta descoberta. Também parece estra-
nho que Vygotsky tenha introduzido a questão da entonação. As
possibilidades de entonação distinguem a fala normal do discurso
escrito, mas não podem ter alguma função na fala interior. A intro-
UMA PALAVRA FINAL 397
Pensamentos e motivos
ferentes mas agem entre si; que há mais do que o significado das
palavras; que se pode distinguir sujeitos e predicados gramaticais e
psicológicos etc.) não são originais. Mostramos como seu raciocínio
foi inteiramente baseado nas obras de Vossler (1923), Jakubinsky
(1923/1988) e Paulhan (1928), e é evidente para os autores deste
livro que boa parte dos argumentos de Vygotsky era comum nos
círculos lingüísticos nas décadas de 1920 e 1930.
É claro que nosso exame dos antecedentes lingüísticos do pen-
samento de Vygotsky só pode ser considerado um primeiro passo, e
uma investigação mais completa das fontes de Vygotsky seria muito
proveitosa. Neste aspecto, Radzikhovsky, o autor dos comentários à
edição russa de Pensamento e linguagem, fez algumas observações
interessantes. Assim como fizemos aqui, Radzikhovsky observou que,
no sétimo capítulo de Pensamento e linguagem, Vygotsky citou algu-
mas obras literárias por intermédio de outros autores (1982, pp.
488-9). Ele afirmou — sem dar suas razões — que Vygotsky tirou
o fragmento de Diário de um escritor, de Dostoiévski, da obra de
Gornfel (1906) (Radzikhovsky, 1982, p. 488; n. 87). Como vimos,
isto certamente está errado: o fragmento foi citado por intermédio de
Jakubinsky (1923/1988). Radzikhovsky também fez várias afirma-
ções referentes aos dois fragmentos poéticos reproduzidos a seguir,
citados por Vygotsky em seu sétimo capítulo (1934a, p. 314):
Como pode o coração se expressar?
Como um outro pode te compreender?...
e
Ah, se a alma pudesse se expressar sem a palavra!
O primeiro fragmento foi atribuído por Radzikhovsky a Fet e ele
afirmou (Radzikhovsky, 1982, p. 489; n. 92), novamente sem apre-
sentar nenhuma razão, que os versos foram citados por Vygotsky via
Marxismo e a filosofia da linguagem, de Bakhtin (Bakhtin, 1930/
1972). Se for verdade, isto provaria que Vygotsky conhecia a obra de
Bakhtin. Radzikhovsky (1982, p. 489; n. 93) atribuiu o segundo
fragmento ao poema “A Palavra”, de Gumilyov. Infelizmente, isto é
um engano. Pois o primeiro fragmento não foi escrito por Fet, mas
vem do famoso poema “Silentium!”, de Tyutchev (Tyutchev, 1836/
1976, pp. 132-3), ao passo que o segundo fragmento não foi escrito
por Gumilyov, mas é parte de um poema escrito por Fet (Fet, 1844/
1979, pp. 64-5).
De qualquer forma, Radzikhovsky pode ter estado certo ao indi-
car Bakhtin como uma das possíveis fontes de inspiração para
Vygotsky. Uma razão para supor que Vygotsky leu Bakhtin (1930/
1972) é que o fragmento poético de Fet citado acima pode ser encon-
trado em Bakhtin (1930/1972, p. 86), além de um outro verso de
“Silentium!”, de Tyutchev. Esses versos foram citados por Bakhtin no
UMA PALAVRA FINAL 401
Conclusões
16
A crítica
O debate público
2. Sua intenção era escrever “eclético”. Foi Talankin (1931b) quem primeiro
usou a palavra “eclético” com relação à abordagem de Vygotsky. Todos os
críticos posteriores repetiram essa crítica.
A CRÍTICA 409
Ataques póstumos
A história da psicologia soviética está repleta de eventos e de-
senvolvimentos bizarros, mas mesmo nessa atmosfera é digno de
nota que as críticas ativas a Vygotsky e suas teorias tenham pros-
seguido por vários anos depois de sua morte.
É verdade que as críticas de Razmyslov, Anan’ev e outros não
haviam convencido os amigos e colegas de Vygotsky de seus supos-
tos crimes e que eles continuaram a promover ativamente suas
idéias. Kolbanovsky, o chefe do Instituto de Psicologia Experimental,
merece uma atenção especial em relação a isto. Ele parece ter defen-
dido Vygotsky em reuniões do Partido e, em seu sensível necrológico
(Kolbanovsky, 1934c, p. 393), tentou rebater as acusações de que
Vygotsky havia sido um pensador eclético. Seu prefácio e artigo in-
trodutório em Pensamento e linguagem também podem ser considera-
dos (apesar da crítica que Kolbanovsky formulou) uma tentativa de
tornar o livro de Vygotsky mais possível de ser apreciado para os
ideólogos do Partido e tornar sua publicação possível (Kolbanovsky,
Conclusões
que cada nível dessa hierarquia pode precisar ser estudada em seus
pontos específicos; daí a ênfase na “análise em unidades”, que deveria
reter as características relevantes do fenômeno em seu todo (isto é, a
análise em “Gestalts mínimas”). Esta é uma perspectiva para a qual a
psicologia contemporânea da década de 1990 precisa retornar. É ver-
dade que Vygotsky não elaborou muito bem essa idéia, e isto teria que
ser feito para que ela se tornasse aplicável nas pesquisas atuais. Na
realidade, a recusa de Vygotsky em considerar os processos tanto de
análise como de síntese (concentrando-se apenas nestes últimos) na
mente e na conduta humanas pode ter bloqueado qualquer elaboração
produtiva da idéia em seu pensamento. A criatividade de Vygotsky,
como a de qualquer outro intelectual produtivo em qualquer época,
também tinha suas surpreendentes limitações.
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454 BIBLIOGRAFIA
Índice de Nomes
A
Abel’skaja 174, 410, 411 Basov 185, 204, 320, 321, 324, 327,
Abraham 93, 100 330, 333, 334, 338, 339, 341, 342,
Ach 87, 89, 205, 281, 282, 283, 345, 346, 348, 349, 410
284, 285, 286, 287, 288, 290, Bastian 244
292, 293, 295, 305, 306, 427 Bejn 73, 74, 76
Achmanova 20 Bekhterev 52, 53, 54, 96, 130,
Adams 258, 403 135, 137, 138, 141, 144, 148,
Adler 78, 79, 80, 81, 82, 83, 94, 150, 152, 155, 216, 320, 321,
102, 122, 367, 390, 430 324, 378, 407
Agol, 184, 350 Beliaev 129, 146
Aikhenwald 24 Belyj 17, 32
Akhmatova 390 Berg, 281, 403
Alá 113 Bergson 107, 108, 109, 383
Alzheimer 89, 196 Beringer 357
Anan’ev 406, 407, 411, 414 Bernshtein 97, 129, 143, 333
Andreev 96 Berry 232, 278
Angelini 93 Bezukhov 263
Anweiler 322, 333, 334, 335 Binet 87, 167, 238, 252, 260, 262,
Ariamov 331 263, 321, 372, 378, 379, 427
Arian’ 320 Binet-Simon 71
Aristóteles 262, 313 Binswanger 158, 162, 164
Arkin 331 Birenbaum 89, 196, 314
Arsen’eva 355, 362 Birilev 77
Artemeva 337 Bjorn 258
Artemov 143, 153, 183 Bloch 235
Ashrafi 270 Blonsky 15, 42, 51, 68, 73, 77,
Averbakh 102 78, 107, 149, 153, 155, 197, 215,
Averbukh 95, 98, 137 332, 339, 340, 341, 342, 343,
Averill 382 347, 356, 363, 375, 426, 429
Boeselager 167, 169, 171
Bogdanov 184, 329
B
Bogen 87, 248, 249, 250, 251,
Bacher 87, 285 252, 261
Bachofen 122 Bogojavlensky 144
Bacon 211, 235, 430 Bolles 308
Baghwan 234 Borovsky 146, 155
Bakhtin 100, 101, 109, 110, 111, Bozhovich 26, 315
112, 113, 399, 400, 401 Brainard 249, 250
Baldwin 71, 77, 151, 213, 214, Brill 57
321, 336, 344, 346, 347, 371, Brown 403
372, 427 Bruner 248, 309
Barash 221, 233, 234 Brushlinsky 281, 375, 403
470 ÍNDICE DE NOMES
D F
Dajan 53, 144, 145, 148, 176 Faddeev 144
Danjushevsky 23, 57, 414 Fedin 19
Dante 262 Fejgina 22
Darwin 63, 64, 82, 114, 209, 211, Feltsmann 93
212, 213, 219, 221, 222, 223, Feofanov 346, 408, 409, 410, 411, 413
240, 241, 242, 350, 386, 428 Ferrara 403
Dasen 232, 278 Fet 398, 400
David 18, 19, 20, 22, 23 Feyerabend 171
De L’Epeé 90 Filosofova 320
ÍNDICE DE NOMES 471
Jaroshevsky 30, 33, 59, 61, 81, 175, 177, 204, 324, 326, 329, 330,
158, 377, 386 353, 405, 407, 408, 426, 427
Jones 121 Kotelova 282, 287, 294
Joravsky 21, 52, 55, 59, 135, 140, Kozulin 13, 66, 125, 126, 145,
174, 326, 329, 405 195, 314
Judin 205 Kozyrev 375, 414, 415, 416, 417
Judovich 345 Krasussky 88
Jung 93, 94, 98, 102, 122 Kreppner 8, 342
Jurinets 101, 106, 107, 108, 119 Kretschmer 89, 210, 211, 212, 410
Krol’ 418
K Krop 262
Krueger 283
Kafka 231 Krünegel 87
Kant 114 Krupskaja 207, 253, 325, 326,
Kanushina 355, 362 332, 394
Karev 326 Kuhn 161, 171
Kasanin 304, 305, 306, 307, 308, 309 Kundera 234
Katz 313 Kuper 122
Kätzel 93, 103, 104, 106 Kurazov 408
Kendler 157, 380
Kevles 68, 69
Khachiturjan 145
L
Kirov 418 La Mettrie 221, 386
Kitty 396 Laird 308, 309
Klausen 244 Lakatos 171
Klein 208 Lamarck 209, 428
Kloos 274 Lane 91
Klushin 141, 144 Lange 327, 377, 378, 379, 380,
Koffka 149, 158, 174, 176, 182, 191, 381, 382, 383, 384, 387
192, 193, 198, 210, 211, 222, 223, Lapidus 322
238, 270, 271, 272, 273, 274, 275, Lashley 54
307, 357, 360, 361, 376 Latysheva 297
Kohlberg 399, 403 Lavrenev 19
Köhler 8, 87, 174, 175, 178, 179, Lazursky 151, 320, 348, 349
180, 181, 182, 184, 185, 198, 208, Le Bon 108
211, 214, 216, 217, 219, 223, 224, Leakey 218
225, 238, 249, 250, 251, 252, 270, Learned 226
271, 273, 275, 285, 314, 317, 372, Lebedinsky 339
373, 391, 407, 408, 427 Lehmann 128
Kolbanovsky 23, 27, 203, 271, Lenin 120, 123, 135, 140, 141,
282, 283, 332, 354, 413, 414, 167, 169, 171, 177, 268, 269,
415, 416 324, 330, 332, 413, 418
Kolnaj 108, 119 Leontiev 26, 27, 28, 51, 56, 59, 131,
Konnikova 313, 355, 414, 416, 417 144, 203, 204, 205, 207, 253, 256,
Konorov 320 257, 258, 259, 261, 264, 270, 295,
Korniloff 127 297, 315, 316, 317, 327, 340, 349,
Kornilov 25, 26, 43, 44, 47, 51, 52, 405, 418
53, 54, 55, 56, 59, 62, 63, 72, 73, Lessing 37
97, 98, 100, 101, 114, 127, 128, 129, Leventuev 270
130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, Lévi-Strauss 244
137, 138, 139, 141, 142, 143, 144, Levin 26, 28, 29, 73, 74, 76, 118,
145, 146, 147, 148, 149, 150, 151, 313, 314, 315, 334, 355, 396,
152, 153, 154, 155, 168, 173, 174, 414, 417
ÍNDICE DE NOMES 473
Levina 26, 28, 29, 73, 74, 76, 118, 123, 134, 150, 154, 164, 168, 170,
313, 314, 315, 334, 355, 414, 417 171, 175, 176, 211, 215, 217, 218,
Levit 18, 20, 24, 55, 56, 57, 142, 219, 221, 222, 223, 234, 235, 238,
339, 405 327, 330, 334, 407, 411, 416, 418
Levitin 18, 20, 24, 55, 56, 57, 142, 405 Maximov 23
Lévy-Bruhl 85, 208, 211, 220, McCarthy 345, 365, 366, 369,
227, 228, 229, 230, 234, 235, 370, 375
236, 238, 263, 267, 278, 292, McDougall 378
411, 412, 427 M’Comisky 308, 309, 310
Lewin 89, 174, 187, 188, 189, 190, Mecacci 8, 103
191, 198, 270, 271, 313, 314, 337 Medvedev 19
Lifanova 8, 17, 21 Merezhkovskii 32
Lindworsky 180 Meshcherskaja 40, 41
Linné 428 Meumann 131, 319, 321, 346,
Lipmann 248, 249, 250, 251, 252, 261 356, 359, 363, 375, 427
Lipps 151 Meyerson 219, 249, 250
Lopatin 141 Michelangelo 116
Luchkov 73, 74 Miller 93, 94, 97, 98, 99, 119,
Lunacharsky 57, 144, 325, 326 125, 144
Luppol 326 Mirenova 339, 341
Luria 8, 25, 26, 27, 51, 52, 55, 56, 58, Mitin 411
73, 83, 85, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, Mitjushin 20
100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 109, Mjasishchev 174
112, 113, 114, 115, 117, 118, 125, Molière 114
126, 137, 139, 142, 143, 144, 146, Molozhavaja 350
147, 150, 158, 159, 164, 174, 175, Molozhavyj 325, 326, 327, 329,
178, 181, 184, 186, 187, 194, 197, 330, 331, 332, 333, 341, 348,
203, 204, 205, 207, 208, 215, 220, 349, 350, 353, 354
223, 224, 225, 228, 229, 230, 233, Montessori 374, 415, 427
234, 235, 236, 237, 238, 241, 245, Mordkovich 270
246, 247, 248, 249, 250, 251, 253, Morgan 108, 122, 213, 222
256, 257, 260, 267, 268, 269, 270, Morozova 26, 28, 73, 74, 76, 314,
271, 272, 273, 274, 275, 276, 278, 315, 340
279, 280, 284, 290, 304, 313, 314, Müller-Lyer 273, 274
315, 316, 317, 327, 329, 330, 333, Münsterberg 62, 158, 168
337, 339, 340, 341, 345, 348, 357, Murchison 127, 208
377, 395, 405, 406, 407, 408, 410,
411, 412, 413, 417, 418, 419, 422 N
Lysenko 339, 416 Nabokov 234
Napoleão 63
M Natorp 77, 151, 323
Necker 274
Maiakovaki 23
Nejfec 355, 362
Mach 274
Nekrich 268, 269
Malinowski 121
Neopikhanova 174
Mandel’shtam, N. Ja.
Nestjuk 324, 325
Mandel’shtam, O.
Nietzsche 29, 69, 108
Marcuse 105
Margaraiz 295
Markarianz 320
O
Markov 404 Osborne 213
Marr 416 Osipov 93, 321, 327
Marx 65, 67, 81, 82, 114, 119, 120, Osipova 321, 327
474 ÍNDICE DE NOMES
P Reymert 378
Ribot 238, 257
Parkhurst 322
Richards 218
Parkinson 89
Rignano 175
Pashkovskaya 282, 287, 294, 295
Rimat 285
Pasternak 18, 269
Rissom 281, 403
Paul 151, 323, 392, 397, 398,
Rivers 272
400, 402
Rogoff 375
Paulhan 397, 398, 400, 402,
Romanes 222, 223
Pavlov 45, 52, 53, 54, 61, 62, 63,
Rossello 295
64, 71, 81, 114, 124, 130, 135,
Rossolimo 71, 320
141, 148, 150, 152, 153, 155, 159,
Rozanov 96
160, 161, 163, 183, 215, 216, 240,
Rubinstein 144, 355, 403
241, 262, 422
Rudneva 375, 414, 417, 418
Pearson 212
Russell 104
Peterson 291
Ruth 250
Petrova 83, 85, 86, 186, 236
Ryabushinsky 99
Petrovsky 139, 140, 141, 143, 147
Rybnikov 139, 145, 146, 321, 333, 345
Pevzner 73, 74
Piaget 98, 109, 197, 203, 246, 281,
282, 288, 293, 294, 295, 296, 297, S
298, 300, 302, 306, 315, 346, 348, Sacks 90, 91, 276
349, 356, 359, 360, 376, 391, 393, Sakharov 25, 45, 144, 149, 282,
394, 399, 402, 414, 422, 427 283, 284, 285, 286, 287, 289,
Pick 89, 196, 313 292, 293, 294, 308
Pikas 309 Samukhin 89, 196
Pinkevitch 324 Santayana 42
Pinkus 18 Sapir 101, 118, 119, 122, 123,
Planck 165 124, 125
Platão 90, 383 Scheerer 157, 174, 308
Plekhanov 123, 153, 170, 225 Scheler 109
Poggendorf 273, 274 Schmidt 97, 98, 99, 100, 101,
Politzer 105
125, 246
Polivanov 397
Schopenhauer 108, 262
Popper 171
Schröder 274
Potebnja 18
Schrötter 103
Povarnin 320
Schwaben 392
Prince 378
Protopopov 148 Sciortino-Brudzynski 258
Pushkin 18, 23 Scribner 232, 278, 304, 362, 403
Puzyrej 8, 208, 316, 403 Sechenov 54, 62, 64
Seidel 323
Semeonoff 308, 309
R
Semon 237, 252
Radzikhovsky 8, 20, 110, 400, 401 Serafimovich 23
Rank 100, 122 Serebrovsky 348
Ravkin 144 Sergeeva 143
Razmyslov 278, 279, 280, 411, Severtson 339, 346
412, 413, 418 Shaginjan 19
Reed 23 Shakespeare 20, 23, 32, 33, 47
Reich 105, 118, 119, 120, 121, Shapiro 185
122, 123, 124, 125 Shatsky 97, 322
Rejsner 106 Shaw 68, 69
ÍNDICE DE NOMES 475
28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, W
38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47,
Wagner 214
51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 61,
Walker 219, 222, 223
62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71,
Wallon 73, 249
72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81,
Washburn 378
82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91,
Washoe 226
97, 100, 101, 103, 104, 106, 110, 113,
Watson 54, 64, 110, 159, 393, 395
114, 115, 116, 117, 118, 125, 126,
Weigl 308
127, 129, 130, 138, 139, 143, 144,
Werner 210, 213, 267, 293, 410, 427
147, 148, 149, 150, 151, 152, 153,
Wernicke 197
154, 155, 157, 158, 159, 160, 161,
Wertheimer 182, 191
162, 163, 164, 165, 166, 167, 168,
Wertsch 221, 375, 403
169, 170, 171, 173, 174, 175, 176,
Wilson 375, 396
177, 178, 179, 180, 181, 182, 183,
Wittgenstein 230
184, 185, 186, 187, 188, 189, 190,
Woolfson 218
191, 192, 193, 194, 195, 196, 197,
Worsley 308, 309, 310
198, 199, 203, 204, 205, 206, 207,
Wulff 93, 97, 98, 100, 106, 115,
208, 209, 211, 212, 213, 214, 215,
125, 168
216, 217, 218, 219, 220, 221, 222,
Wundt 105, 110, 358
223, 224, 225, 226, 227, 228, 229,
230, 231, 232, 233, 234, 235, 236,
237, 238, 239, 240, 241, 242, 243, Y
244, 245, 246, 247, 248, 249, 250, Yaeger 399, 403
251, 252, 253, 254, 256, 257, 258, Yates
259, 260, 261, 262, 263, 264, 265, Yerkes 219, 223, 226, 235
267, 268, 271, 272, 275, 278, 279,
281, 282, 283, 284, 285, 286, 287,
288, 289, 290, 291, 292, 293, 294,
Z
295, 296, 297, 299, 300, 301, 302, Zabolotnova 355, 362
303, 304, 305, 306, 307, 308, 309, Zaks 324
310, 313, 314, 315, 316, 317, 319, Zalkind 56, 105, 106, 109, 125,
320, 324, 325, 327, 329, 330, 331, 145, 146, 147, 204, 324, 325,
332, 333, 334, 335, 336, 337, 338, 326, 327, 329, 330, 331, 332,
339, 340, 341, 342, 343, 344, 345, 333, 345, 346, 347, 404, 406
346, 347, 348, 349, 351, 352, 353, Zalmanzon 145
354, 355, 356, 357, 358, 359, 360, Zaluzhnyj 327, 330, 331, 333
361, 362, 363, 364, 365, 366, 367, Zankov 26, 45, 74, 144, 149, 223,
368, 369, 370, 371, 372, 373, 374, 327, 414, 416, 417
375, 376, 377, 378, 379, 380, 381, Zaporozhec 26, 205
382, 383, 384, 385, 386, 387, 388, Zeigarnik 30, 89, 190, 313, 314
389, 390, 391, 392, 393, 394, 395, Zen’kovsky 322
396, 397, 398, 399, 400, 401, 402, Zhdanov 418
403, 404, 405, 406, 407, 408, 409, Zinaida 20, 377
410, 411, 412, 413, 414, 415, 416, Zinoviev 135
417, 418, 419, 421, 422, 423, 424, Zivin 399, 403
425, 426, 427, 428, 429, 430 Zoshchenko 19
477
Índice de Assuntos
ambiente, 341-345 Hamlet, 20, 32-36
arte ilusões, 272-274
fábula, 37-39 imitação, 371-373
autores simbolistas, 32
interesse de Vygotsky por, 31, infância, anos da, 17-19
46-47, 58-59, 100, 152, 389-390 interdependência intelectual, 13-14,
asno (de Buridan), 262-265 421-422, 426-427
Ásia Central, expedições à, 267-280 morte, 117-118
classificação, 274-278, 292-293 marxismo
e psicanálise, 103-117, 119-126
comportamento, 63-66, 207-209,
e a teoria de Vygotsky, 217-221
221-226
coletivização, 268-270 mediação
na atenção, 257-260
consciência, 109-110, 301-303 e memória, 252-256
conto, 39-44, 430 como rearmamento, 247-248
crítica no discurso científico, 422-423 por signos (semiótica), 238-242,
desenvolvimento 250-252
princípios gerais do, 334-338, por instrumentos, 238-242, 249-
346-348, 359-361, 385-387 252, 255-256, 262-265
teorias de estágios do, 260-262 método da dupla estimulação, 185-
dialética, 133-139 187, 257-260, 429
dominante, princípio do (Ukhtomsky), metodologia, 164-166, 169-170, 180,
44, 46 336-337
emoções, 377-388 natureza/criação, controvérsia, 338-
341
educação
formação de Vygotsky, 19-21, 89-91 pedologia, 319-354
concepções em, 66-67, 355-376 pedagogia
ensino/aprendizagem, 191-193, 356- e pedologia, 322-328
361 e psicanálise, 97-101
etnográficas, evidências, 226-238 e psicologia, 61-63, 132-133
evolutivo, pensamento, 209-214, período sensível, 374-375
242-245 pensamento, 187-188
experiência [perezhivanie], 36 em complexos, 305-309
significado pessoal da, 342-345 plasticidade, 67-69
fala, 69-71, 197-198, 245-246, 281- processos mentais superiores, 227,
283, 295, 315, 390-398 242-245, 338-341
formação de conceitos, 283-310 práxis, 166-168
“científicos” x “cotidianos”, 296- primitiva (criança ou cultura), 186-
303, 313-315
187, 227-238, 267-268, 274,
estágios na, 289-291
418-419
Gestalt, 160
psicologia
psicologia, 149, 173-199, 223-226
crise na, 154-155, 157-171, 177-179
generalização em psicologia, 46-47 perspectiva histórico-cultural, 83-
gêmeos, pesquisa com, 338-341 88, 203-205, 207-265
478
Os autores